Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Adultos
Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena
Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
2013
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena
Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
374
I98e Anzorena, Denise Izaguirreo
Educação de jovens e adultos / Denise Izaguirre Anzorena,
Zilma Mônica Sansão Benevenutti. Indaial : Uniasselvi, 2013.
197 p. : il
ISBN 978-85-7830-821-6
Impresso por:
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a)! Iniciaremos agora a
disciplina de Educação de Jovens e Adultos. Você já venceu algumas etapas
de seu curso e chegou até aqui. Parabéns!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
UNI
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS ...... 1
VII
2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES Nº 9.394/96 . ................................................................................ 44
2.3.1 Pareceres e resoluções ............................................................................................................ 45
3 POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................................... 47
3.1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) E A EJA ............................................ 48
3.2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS (PNE) ............................................................................................................................. 49
3.3 CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CONAE) ..................................................... 50
4 FINANCIAMENTO DA EJA .............................................................................................................. 51
5 ENCONTROS DA EJA ........................................................................................................................ 52
5.1 FÓRUNS DE EJA ............................................................................................................................. 53
5.2 ENCONTROS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
(ENEJAS) ............................................................................................................................................ 54
5.3 ENCONTROS REGIONAIS DE EJA (EREJAS) ........................................................................... 55
5.4 MOVAS . ............................................................................................................................................ 56
5.5 CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS
(CONFINTEAS) ................................................................................................................................ 57
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62
VIII
2 REFLEXÕES SOBRE CURRÍCULO EM EJA ................................................................................... 105
2.1 PROMOVENDO A CIDADANIA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS ......................................... 106
2.2 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) . ............................................................................. 106
2.3 IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DIFERENCIADOS ................................................................ 107
3 EJA E INCLUSÃO DIGITAL .............................................................................................................. 109
4 EJA E O MUNDO DO TRABALHO ................................................................................................. 111
5 ECONOMIA SOLIDÁRIA .................................................................................................................. 113
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 114
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 118
IX
3.3 EXAMES SUPLETIVOS PARA BRASILEIROS RESIDENTES NO EXTERIOR . .................... 179
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 181
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 185
X
UNIDADE 1
EJA: CONCEPÇÕES,
HISTORICIDADE,
LEGISLAÇÃO E
POLÍTICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você
encontrará atividades visando à compreensão dos diversos conteúdos
apresentados.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
CONCEPÇÕES EM EJA
1 INTRODUÇÃO
3
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
NOTA
2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS
Em âmbito internacional, a Unesco, uma das agências das Nações Unidas,
criada para promover a paz e os direitos humanos, abalados após a 2ª Guerra
Mundial, promoveu uma discussão sobre a Educação de Adultos incluindo
delegações de todos os países.
NOTA
4
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
NOTA
5
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
NOTA
O curso de licenciatura que você está cursando é uma referência para entender
o que vem a ser educação formal: o curso tem um currículo próprio, uma metodologia
estabelecida, um projeto pedagógico e acontece dentro de uma organização e de uma
programação estruturada.
2.2 TERMINOLOGIA
Na literatura sobre Educação de Adultos nos deparamos com um rol
de termos que, por vezes, parecem sinônimos, veja: educação permanente,
aprendizagem ao longo da vida, andragogia, educação de jovens e adultos e
educação popular. Para que você se aproprie das especificidades que constituem
estes termos, apresentamos o entendimento de alguns autores que os definem
e aclaram seu teor.
6
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
E
IMPORTANT
7
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
Para Ludojoski (1972, p. 10), a andragogia “[...] surge entonces como ciencia
nueva impuesta por la presión de las circunstancias históricas de la época, que nos obligan
a preocuparnos de la educación del adulto de modo especial y planificado”.
NOTA
TUROS
ESTUDOS FU
8
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
NOTA
Gadotti (2007, p. 30) coaduna com Paiva (2003) quando também faz
distinção: “A educação popular como uma concepção geral da educação, via de
regra, se opõe à educação de adultos impulsionada pela educação estatal e tem
ocupado os espaços que a educação de adultos oficial não levou muito a sério.”
Essas são, entre outras, as diversas expressões utilizadas que marcam território
no espaço educacional e identificam a educação voltada aos adultos em âmbito geral.
3 A CONFIGURAÇÃO DA EJA
Como veremos nos próximos tópicos, a EJA ao longo dos anos esteve à
margem do sistema educacional vigente. Quando era oferecida, caracterizava-
se por programas pontuais sem um compromisso maior com a demanda de
adultos existente que, por sua vez, encontrava-se desprovida de seu direito de
acesso à educação.
9
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
10
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
11
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
TUROS
ESTUDOS FU
• limita o acesso ao Ensino Fundamental e Médio aos jovens com mais de 14 anos
e 17 anos, respectivamente;
12
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
DICAS
Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
content&vACcatid=323:orgaos-vinculados>. Acesso em: 6 mar. 2011.
13
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
4.1 PROEJA
FIGURA 6 – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA SÃO PAULO/ SERTÃOZINHO
DICAS
14
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
UNI
O Proeja Formação Inicial e Continuada (FIC) é realizado com os estudantes da EJA que
estão cursando o Ensino Fundamental ou Médio. A carga horária dos cursos Proeja FIC é de
1400, sendo 1200 da EJA e 200 h da Formação Inicial e Continuada.
O Proeja Técnico é realizado com os estudantes da EJA que estão cursando apenas o Ensino
Médio. A carga horária dos cursos Proeja Técnico é de 2400 h, sendo 1200 h da EJA e 1200
h da parte técnica, totalizando 2400 h. O Proeja Técnico deve seguir as regulamentações
específicas de oferta de cursos técnicos.
ATENCAO
15
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
DICAS
4.2 PROJOVEM
O Programa Nacional de Inclusão do Jovem (ProJovem) foi instituído
em 2005 pela Lei nº 11.129, juntamente com a criação do Conselho Nacional da
Juventude (CNJ) e a Secretaria Nacional de Juventude. Em 2008 o programa começa
a ser regido pela Lei nº 11.692, ampliando a oferta para jovens de 15 a 29 anos.
16
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
AUTOATIVIDADE
O PROJOVEM, que integra a EJA, atende aos jovens que estão desprovidos
da formação básica e, ao mesmo tempo, torna possível sua introdução e/ou a
permanência no campo de trabalho.
4.3 PRONERA
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) foi
criado em 1988 pelos movimentos sociais que tinham ligação com os assentados
da reforma agrária. A sociedade civil conseguiu inserir na pauta governamental
esse programa social.
E
IMPORTANT
17
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
O censo escolar de 2009 mapeou 338 mil educadores que atuam nas escolas
rurais; destes, 138 mil têm formação superior, os demais educadores possuem
formação em nível médio. O MEC elaborou várias ações educativas, salientamos
entre elas o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação
no Campo (PROCAMPO). Leia mais sobre o assunto em: <http://portal.mec.gov.br/
index.php?Itemid=86&catid=208&id=16002:decreto-organiza-politicas-publicas-
educacionais-no-campo&option=com_content&view=article>.
NOTA
18
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
NOTA
DICAS
19
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
DICAS
Ainda assim, nem tudo está em vias de ser resolvido. Soares (2005a), ao ser
entrevistado sobre o Brasill Alfabetizado, afirma que
20
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
21
AUTOATIVIDADE
Lista de siglas
EJA Educação de Jovens e Adultos
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica
PROEJA
na modalidade de Educação de Jovens e Adultos
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
22
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico você estudará um pouco da historicidade da Educação
de Adultos no mundo e incursionará por diversos caminhos e descaminhos
percorridos pela Educação de Adultos no Brasil. O foco está direcionado para
alfabetização, embora saibamos que o tema não se encerra aí.
23
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
DICAS
Como você pode constatar, esses são apenas alguns países que elencamos
quanto à Educação de Adultos, cada um carrega em si uma intencionalidade,
todos convergem para a importância dessa educação no quesito sustentabilidade,
24
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
2.1 PORTUGAL
Você lembra que, no Tópico 1, aprendemos que Portugal utiliza o termo
Aprendizagem ao Longo da Vida? Então, agora saberemos como se estrutura a
Educação de Adultos na esfera formal.
25
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
NOTA
26
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
27
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
28
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
ATENCAO
29
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
30
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
ATENCAO
31
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
32
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
DICAS
33
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
34
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
FIGURA 10 – RADIOCARTILHA
35
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
4.3 MOBRAL
A Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 1967, autorizou a criação do
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), dirigido às pessoas com
idade entre 15 e 30 anos. Centrado na aquisição de leitura, escrita e cálculo,
o movimento tinha o objetivo de instrumentalizar o cidadão para atuar na
sociedade.
36
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
NOTA
37
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
39
AUTOATIVIDADE
Lista de siglas
“A gente tem vergonha também das pessoas. [...] Todo mundo pediu
para levar a Bíblia na igreja, aí eu peguei e eu levei, mas na hora de ler, em vez
de eu ler de cabeça para cima, eu peguei de cabeça para baixo: “A sua Bíblia
está de cabeça para baixo”. Eu estava no meio da leitura...” (BRASIL, 2003 apud
GALVÃO; DI PIERRO, 2007, p. 21).
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
40
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O direito à educação é tema recorrente na Educação de Adultos, logo
não esgotado. Historicamente contemplada na Constituição de 1988, na LDB nº
5.692/71, na LDB nº 9.394/96 e por meio de pareceres e resoluções (a exemplo do
Parecer nº 11/2000), a EJA adquiriu uma nova concepção para além da suplência,
isto é, passou a ser uma modalidade de ensino vinculada à educação básica.
Vale lembrar que somente nos últimos anos o direito subjetivo à educação
passou a ter um espaço específico nas políticas públicas em nosso país, de forma
efetiva e sistemática; em decorrência disto, recebeu uma série de regulamentações
como meio de garantir a sua oferta para aqueles que em idade própria, por alguma
razão, não a usufruíram.
Você conhece seus direitos de estudante? Se trabalha, até que ponto conhece
os seus direitos trabalhistas? Se não conhece, sabe onde procurá-los?
Lembramos a você que é para isso que existem as leis cujas normas regem
a sociedade, representando e garantindo os seus direitos. Conhecê-las pode revelar
o quão preparado(a) está como profissional, bem como para propagar esse e outros
direitos aos seus educandos, mas para isso é preciso ler, discutir, compreender o
que por vezes está subentendido. Ter acesso à leitura é um passo incontestável na
evolução do ser humano.
41
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
AUTOATIVIDADE
42
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
43
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
TUROS
ESTUDOS FU
E
IMPORTANT
44
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
AUTOATIVIDADE
45
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
Machado (2010) alertou que o uso do artigo “o” pode ocorrer quando nos
referirmos aos exames supletivos, termo esse que se mantém na LDB nº 9.394/96,
mas que, via de regra, quando nos referirmos à modalidade EJA ou à EJA, o uso
correto e adequado é do artigo a.
E
IMPORTANT
Diga a EJA e não o EJA ao referir-se à Educação de Jovens e Adultos em nosso país.
46
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
3 POLÍTICAS PÚBLICAS
Antecipando questões que serão tratadas ao longo dessa unidade, convém
mencionar que, em se tratando de políticas educacionais, o destaque é conferido
à Conferência Internacional da Educação de Adultos – CONFINTEA –, que nos
permite ampliar a compreensão desse tema.
We need to align our actions with our words, by creating the conditions
for young people and adults to benefit from relevant and empowering
learning programmes. This calls for more sensitivity to learners’ needs,
language and culture, better trained educators and an all round culture
of quality (CONFINTEA, 2009).
E
IMPORTANT
47
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
Diante do exposto fica claro que traçar planos, metas e criar leis são
intenções e projeções muito importantes, mas ao mesmo tempo torna-se
emergencial concretizá-las. Vejamos a seguir o que está posto nos Parâmetros
Curriculares Nacionais.
DICAS
48
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
FIGURA 12 – PNE
49
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
50
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
4 FINANCIAMENTO DA EJA
A EJA vinculada à educação básica por meio da Lei nº 9.394/96 (BRASIL,
1996) possibilitou sua inclusão no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB),
conforme Emenda Constitucional nº 53/2006 e a Lei nº 11.494/2007, sendo, a partir
disso, contabilizada nos recursos.
51
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
E
IMPORTANT
5 ENCONTROS DA EJA
Com o propósito de intensificar proposições e ações voltadas à EJA, a
pedido da Unesco, reuniões locais e nacionais foram organizadas, por exemplo, os
encontros que tiveram como finalidade a preparação de um documento para a V
Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA).
52
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
53
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
AUTOATIVIDADE
54
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
DICAS
Os livros que compõem o I, II e III SNFs estão disponíveis no site do Portal Fórum
EJA. Também é possível encontrar no YouTube o diálogo dos coordenadores Leôncio Soares
(I SNF), Maria Margarida Machado (II SNF) e Liana Borges (III SNF), em que analisam os três
seminários e apontam os desafios para o IV SNF. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=fHV7zci1p9A>. Acesso em: 8 set. 2010.
55
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
ano, a região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) congregou o EREJA/
Sul com o painel: Balanço Crítico sobre a Política Pública de EJA: EREJAs, ENEJAs,
SNFs, PNE e VI CONFINTEA.
5.4 MOVAS
O Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA) surgiu
em 1989, em São Paulo, no período em que o educador Paulo Freire atuou
na Secretaria de Educação de São Paulo. Foi um movimento que ele criou
reunindo o Estado e as organizações da sociedade civil, visando combater o
analfabetismo entre jovens e adultos.
56
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
Nesse movimento as salas de aula são instaladas onde existem poucas escolas
e grande demanda por educação básica, como em igrejas, creches, associações e
empresas, lugares em que há espaço e necessidade. O objetivo é assegurar a todos
os jovens e adultos a escolaridade, promovendo a universalização da alfabetização.
FIGURA 16 – CONFINTEAS
57
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
[...] não há qualidade se o professor não foi formado para fazer o que
tem que fazer, é necessária a formação dos formadores. Os professores
foram reconhecidos como um dos elementos importantes na qualidade
da educação de adultos e também se disse que em muitos casos há
profissionais e educadores não capacitados, muitos dos quais trabalham
como voluntários que são apenas treinados para agir como professores.
Estamos buscando uma maneira de melhorar a capacitação, a formação
profissional desses educadores, para que eles eduquem adultos. É
necessário que haja uma maior consciência dos dados existentes e tudo
que se possa utilizar para que se tenha êxito na educação de adultos
(WEBTV, 2009, grifo nosso).
58
TÓPICO 3 | LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
59
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
60
RESUMO DO TÓPICO 3
• O financiamento por meio do FUNDEB, ainda que insuficiente, tem uma parcela
contemplada à EJA.
61
AUTOATIVIDADE
EREJA
ENEJA
CONFINTEA
62
UNIDADE 2
DIVERSIDADE DOS
SUJEITOS DA EJA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você estará apto(a) a:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você
encontrará atividades que o(a) auxiliarão a refletir sobre os temas apresen-
tados.
63
64
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), na reflexão aqui apresentada traremos à tona
questões que envolvem as especificidades que caracterizam a Educação de Jovens
e Adultos, tendo como intenção primeira identificar quem são os sujeitos que
buscam essa modalidade de formação e, como tal, vão ao seu encontro
A trajetória histórica da EJA nos faz perceber esta intrínseca ligação da busca
do tempo perdido, deixando de questionar os motivos reais destes sujeitos que
foram excluídos da educação regular, ocultando pontos cruciais como: o fracasso
da escola básica; o sistema social que os obriga a ir para o mercado de trabalho
(muitas vezes precocemente); políticas públicas ineficientes e o despreparo dos
professores que atendem essa demanda.
65
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
66
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
Os sujeitos da EJA são pessoas adultas ou jovens que, pelas mais diversas
razões, têm como objetivo uma realização pessoal, sentem a ameaça do desemprego,
a necessidade de contribuir com maior eficiência na formação dos filhos, buscam
novas respostas para seus conflitos e dificuldades. Esses são alguns dos fatores que
resultam em uma tomada de decisão, ou seja, voltar à escola.
67
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
Seja você quem for. Sou uma mulher. Orgulho-me de ser eu mesma.
Você também pode se orgulhar de ser quem é. Não pense nunca que
não somos ninguém. Mas nós, mulheres, somos mais bonitas por dentro
e por fora porque somos sempre úteis às nossas famílias e aos outros.
Pense em você como alguém capaz de tudo.
68
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
DICAS
69
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
DICAS
É por meio do artigo de Maffezoli e Góes (2004, p. 11) que, de forma mais
direta, temos acesso aos dizeres de jovens e adultos com deficiência mental, entre
os quais destacam que, ao se referirem (os alunos da EJA) à instituição, mencionam
“a gente faz lição e continha”. Doni, sexo masculino, com 22 anos, frequenta a
EJA (na ocasião da entrevista), é um dos sujeitos de sua pesquisa. Quando lhe
perguntam sobre como ele namora, responde: “Ah, nóis abraça, beija, né.”
70
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
Embora se perceba, por meio dos dizeres desse jovem, que ele tem atitudes
próprias de sua idade (como namorar), as autoras fazem alusão à infantilização
desses sujeitos em seus comentários finais:
Liduenha (2009, p. 20), por sua vez, analisa o dizer de um aluno da EJA, de
19 anos, com deficiência, que menciona que a classe especial (em que estava) era
muito fraca e ele queria coisas mais difíceis; a autora constata que “os conteúdos
não eram desafiadores, ou seja, não havia a preocupação por parte do docente em
aplicar atividades de acordo com o nível e necessidade de seus alunos”.
DICAS
71
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
DICAS
72
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
Vale ressaltar que, ainda que não tenhamos uma orientação legal para
incorporar uma disciplina de EJA nas licenciaturas que preparam professores
para atuar na educação básica e, por consequência, na EJA, estão postas algumas
iniciativas quanto aos povos indígenas.
73
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
DICAS
E
IMPORTANT
74
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
75
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
E
IMPORTANT
Produção aquícola: refere-se aos peixes que vivem em cativeiro nos criadouros
ou em tanques especiais para criação e reprodução em condições controladas pelo homem.
Produção pesqueira: refere-se aos peixes silvestres, que vivem em liberdade na natureza até
serem capturados pelos pescadores com suas redes, anzóis ou arpões.
NOTA
76
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
em terra podem ser boas ocasiões para que as aulas aconteçam. Para
isso, os educadores dessas localidades deveriam consultar os alunos e
combinar essas aulas de forma que elas nunca deixem de acontecer, e
que o cumprimento deste calendário seja um compromisso de todos
(BRASIL, 2005, p. 18).
77
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
Vimos, por meio do artigo 11, que faz-se necessária uma formação, um
saber mais específico que contemple os também sujeitos da EJA em questão.
Você já pensou em atuar nesse ambiente educacional? Que elementos, além dos
conteúdos, poderiam ser trabalhados quanto à formação humana?
78
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
AUTOATIVIDADE
Leia e destaque quais as palavras que aparecem repetidas nos dois poemas.
Converse com seus colegas sobre como seria ministrar aulas para privados de
liberdade com base no que escrevem.
79
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
80
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
81
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
Haddad (2007) explica que desde a década de 1990 a EJA vem passando
por um processo de juvenilização em função da dinâmica escolar brasileira e das
pressões oriundas do mundo do trabalho.
ATENCAO
Di Pierro (2005) destaca que “[...] a identidade da EJA não foi construída
com referência às características psicológicas ou cognitivas da juventude, da
maturidade e da velhice, mas em torno de uma representação social enraizada”.
Dayrell (2003, p. 43) afirma que esses jovens que buscam o ensino na
EJA “[...] são seres humanos, amam, sofrem, divertem-se, pensam a respeito de
suas condições e de suas experiências de vida, posicionam-se, possuem desejos e
propostas de melhoria de vida”.
82
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
Passado algum tempo, esse mesmo aluno vai para a EJA, modalidade
na qual você também atua como professor(a), na turma dele. Como seria o seu
proceder com esse aluno? Utilizaria outra metodologia? Conseguiria se distanciar
do perfil já conhecido dele e acreditaria em uma nova mudança de postura?
83
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
Mas por que isso ocorre? Será por que na graduação não foram contemplados
estudos voltados à educação de jovens e adultos? Residirá nesse ponto a diferença
entre teoria e prática?
4 O IDOSO NA EJA
A perspectiva de ter uma vida longeva modificou o comportamento
das pessoas, ressignificando suas atitudes. O direito à educação, já previsto na
Constituição, passou a ser endossado aos idosos por meio do Estatuto do Idoso,
conforme a Lei nº 10.741, instituída em 2003.
84
TÓPICO 1 | SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO
85
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
NOTA
86
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
87
AUTOATIVIDADE
2 Pesquise os cinco equívocos que pairam sobre os índios brasileiros e faça uma
breve síntese sobre cada um deles. Além de ampliar seus conhecimentos,
isso certamente deixará você preparado(a) para a realização das práticas
avaliativas que integram essa disciplina.
88
UNIDADE 2 TÓPICO 2
ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE
INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
1 INTRODUÇÃO
As relações que acontecem entre as pessoas de diferentes faixas etárias,
ou seja, de gerações distantes, repercutem na existência humana. A experiência
vivenciada por algumas pessoas pode auxiliar outras, menos experientes, a
desenvolverem-se em situações que pouco conhecem e a repensarem suas
atitudes. Da mesma forma, a visão de alguém mais jovem pode influenciar ou
mesmo provocar alterações em determinados conhecimentos que uma pessoa
idosa obteve anteriormente.
89
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
NOTA
2 SALA DE AULA
FIGURA 25 – AULA EM CÍRCULO
90
TÓPICO 2 | ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
AUTOATIVIDADE
91
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
ATENCAO
92
TÓPICO 2 | ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
93
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
94
TÓPICO 2 | ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
Isso pode ser percebido na prática de Anzorena (2010, p. 20), quando relata
sua experiência profissional com uma turma de EJA:
95
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
E
IMPORTANT
96
TÓPICO 2 | ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
NOTA
FIGURA 27 – AUTOESTIMA
Fonte: http://www.cellus.com.br
97
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
[...] foi uma barra muito grande, na época meu marido falou que...
Quando eu comecei a estudar, meu marido falou que ia me largar: Aí eu
falei: “Pois pode me largar! [...] Você pode ir porque você é um homem,
você é uma pessoa que não tem ambição. [...] Porque ele acha que eu
sou ambiciosa [...] Eu bati o pé, falei que ia estudar [...] enfrentei brigas
dentro de casa [...] Mas quando ele viu mesmo que eu não arredei meu
pé... ele tá lá até hoje! (SANTOS, 2005, p. 30).
[...] (sua esposa) não viu com bons olhos não, que ela é muito ciumenta,
entendeu, ela estava achando que eu estava querendo era aprontar
alguma coisa. No início ela não gostou muito não. Ficou de cara feia
[...] jogava uns pontinhos, entendeu, umas indiretas, mas nunca passou
disso! (SANTOS, 2005, p. 31).
[...] com 80 anos ele resolveu voltar pra escola [...], e ele gostava muito,
adorava as aulas, mas ele teve que parar, ele não conseguia se concentrar
nas aulas, ele disse que, na escola tipo supletivo, as pessoas não levavam
a sério, ele tava lá disposto a aprender, a ler em casa, realmente fazer um
curso sério, e o que ele via eram jovens repetentes, oriundos de diversas
escolas, onde eles não tiveram sucesso, colocados juntos numa sala, mas
com alguns adultos, e ele acabou abandonando, [...].
[...] ele entrou desde o primeiro dia anotando tudo, fazendo tudo
certinho, assim a pessoa ideal, digamos o aluno ideal, fazendo perguntas
do que ele não entendia, e no fim das contas ele sentiu muita tristeza
de ver que ele não tinha condições, que não havia um ambiente pra
ele, ele desistiu por desânimo, uma desilusão de ver que aquilo ali não
funcionava [...] e que não estavam lá [os jovens] pra aprender nada, eles
queriam um certificado (ANZORENA, 2010, p. 95).
98
TÓPICO 2 | ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
99
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
Dado 2: o almoço é às 12h. Pergunta: a que horas você deve tomar o remédio?
De cada quatro pessoas submetidas a um teste escrito no HC (Hospital
das Clínicas) de São Paulo, uma foi incapaz de escrever a resposta certa a
perguntas tão corriqueiras como essa.
NOTA
100
TÓPICO 2 | ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
101
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
• A evasão do aluno pode ocorrer por fatores relacionados à sua baixa autoestima,
às relações familiares, relações profissionais, prática pedagógica inadequada.
Saber o porquê de estudar determinado conteúdo e qual a finalidade no seu dia
a dia contribui para a permanência do aluno na EJA.
102
AUTOATIVIDADE
103
104
UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Ao refletirmos sobre uma oferta de ensino de qualidade nas instituições
que oferecem a EJA, sem dúvida cogitamos um currículo específico que atenda
as pessoas que buscam a escola para retomar sua trajetória escolar, muitas vezes
motivadas pela necessidade de um nível de escolaridade cada vez maior, para
inserção no mundo do trabalho e da cultura e na própria sociedade.
105
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
106
TÓPICO 3 | ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA
107
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
NOTA
Assim, por meio do exposto, chamamos sua atenção para o educador que
atua nesses programas; relevante se faz que ele esteja ciente do envolvimento
e do interesse dos setores, do contexto em que o sujeito da EJA está inserido, a
fim de usar estratégias didático-pedagógicas para envolver o educando em seu
próprio aprendizado.
NOTA
Biojoias: é o termo utilizado para as joias que têm como diferencial a matéria-
prima vegetal, como sementes, fibras, conchas, casca de coco. O material é retirado da
natureza de forma legalizada e sem causar danos.
108
TÓPICO 3 | ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA
109
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
DICAS
Saiba mais sobre o Programa de Alfabetização na Língua Materna, disponível em: <http://
www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/print.php?id=11159>. Acesso em: 28 set. 2011.
AUTOATIVIDADE
PELA INTERNET
Gilberto Gil
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleja... (2x)
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut acessar
110
TÓPICO 3 | ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA
111
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
112
TÓPICO 3 | ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA
5 ECONOMIA SOLIDÁRIA
As associações ou cooperativas visam promover a comercialização dos
produtos de seus cooperados considerando a qualidade dos produtos e a garantia
de chegar ao mercado. Essa associação autônoma de pessoas resulta da união
voluntária em torno de um interesse comum.
113
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
LEITURA COMPLEMENTAR
PROCURA-SE TRABALHO
Como os jovens enfrentam o desafio de um mundo que exige formação escolar cada
vez melhor e, ainda, espírito empreendedor
Iniciativa precoce
E a experiência?
“O Brasil tem poucos com muita chance e muitos sem nenhuma”, avalia
o carioca William Sebastião dos Santos Oliveira, 22 anos, que só pôde estudar até
a 6ª série, porque precisou trabalhar cedo para ajudar em casa. Agora parece que
encontrou sua vocação. Por meio da Incubadora Afro-Brasileira, que promove o
empreendedorismo entre jovens afrodescendentes, desenvolveu sua empresa de
grafismo e já vive de estampar camisetas e faixas.
114
TÓPICO 3 | ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA
Vocação elástica
Escolha o caminho
Em São Paulo, o projeto Cidade Escola Aprendiz também está dando muito
certo. Participante da primeira turma do Aprendiz, a paulistana Mônica Alves, de
23 anos, formou-se em Arquitetura e trabalha na restauração de prédios no centro
de São Paulo: “O Aprendiz me fez acreditar que eu poderia conseguir fazer o que
gostava. O problema de alunos de escolas públicas, como era o meu caso, é não
saber como concretizar os seus sonhos”.
Difícil acesso
115
UNIDADE 2 | DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
116
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:
117
AUTOATIVIDADE
118
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, esperamos que você consiga:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você en-
contrará atividades que o(a) auxiliarão a refletir sobre os temas apresentados.
119
120
UNIDADE 3
TÓPICO 1
ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
1 INTRODUÇÃO
121
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
NOTA
122
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
Holton III e Swanson (apud KNOWLES et al., 2009, p. 41) afirmam que
no início da Segunda Guerra Mundial “[...] os educadores de adultos já tinham
evidências científicas de que os adultos podiam aprender e que eles tinham
interesses e habilidades diferentes dos das crianças”. Em paralelo à corrente
científica, Eduard C. Lindeman, professor americano, figura como expoente da
corrente artística sob a influência das ideias de John Dewey, ao publicar “The
Meaning of Adult Education”, em 1926, cujo foco era “a maneira como os adultos
aprendem”.
123
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
[..] o professor encontra uma nova função. Ele não é mais o oráculo que
fala a partir do palco de autoridade e sim o guia, aquele que aponta
o caminho e também participa da aprendizagem de acordo com a
vitalidade e a relevância de seus fatos e experiências.
NOTA
Tábula rasa é uma expressão latina que significa literalmente “tábua raspada”
e tem o sentido de “folha em branco”. [...] Como metáfora, o conceito de tábula rasa foi
utilizado por Aristóteles (em oposição a Platão) [...] para indicar uma condição em que
a consciência é desprovida de qualquer conhecimento inato – tal como uma folha em
branco, a ser preenchida.
124
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
125
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
que decide o que será aprendido, como e de que forma isso ocorrerá, pois é o
professor quem define os objetivos a serem alcançados e como o cumprimento
desses objetivos será avaliado.
E
IMPORTANT
NOTA
126
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
Nesse sentido, vale constar que é possível que uma criança, sendo nativa
digital, possa se adequar melhor à andragogia, pelas experiências que possui
com a tecnologia, e um adulto, na condição de imigrante digital, esteja ainda em
um processo pedagógico. Ao trilhar desde cedo pelos caminhos da tecnologia, a
criança, sendo bem direcionada, poderá tornar-se um adulto heutagógico.
NOTA
Nativo digital: é aquele que nasceu a partir da década de 1970 e cresceu com as
tecnologias digitais presentes em sua vivência.
Imigrante digital: é a pessoa que nasceu em um período anterior ou no início do surgimento
das novas tecnologias.
Knowles (1984, p. 418 apud KNOWLES et al., 2009, p. 156, grifos nossos),
após duas décadas de estudos sobre a andragogia, concluiu que:
ATENCAO
127
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
Essa educação foi passada por seus professores e ele, por sua vez, tinha
a incumbência de dar continuidade tal qual recebera. Sentia-se satisfeito com as
notas das avaliações aplicadas aos seus alunos. Num seminário de orientação
psicológica, ministrado por um professor fundamentado em Carl Rogers, explica
que passou por uma situação muito adversa:
Fiquei chocado com o que aconteceu na primeira palestra. Quinze
alunos sentaram-se à mesa do seminário e jogaram conversa fora
durante 20 minutos. Finalmente, alguém perguntou se sabiam onde
o professor estava. Um deles respondeu que seu nome era Art e que
ele fora designado pelo Depto. de Psicologia para reunir-se conosco.
Então, outra pessoa perguntou se existia um programa do curso. E o
Art respondeu: ‘Você gostaria de ter o programa do curso?’ Houve
um silêncio por alguns minutos. Outro aluno quebrou o silêncio
dizendo: ‘Gostaria de saber por que todos estão aqui - o que vocês
vieram aprender?’ Então, ficamos lá, falando sobre nossas metas e
expectativas. Quando chegou a vez de Art, ele disse: ‘Espero que
vocês me ajudem a me tornar um melhor facilitador de aprendizagem’
(KNOWLES et al., 2009, p. 276).
Essas e outras questões merecem um olhar mais atento. Knowles viu seu
autoconceito de aprendiz mudar. Embora pouco conhecida no meio acadêmico,
a andragogia há muito tempo encontra guarida na educação corporativa. Prova
está no livro “Aprendizagem de Resultados”, o qual estamos utilizando como
referência por conter, ainda que associado à temática dos Recursos Humanos, a
tradução de alguns livros de Knowles.
128
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
DICAS
Alguns artigos, dissertações e teses sobre a EJA já estão tendo como embasamento
teórico a andragogia. Leia sobre o tema em: Para uma Andragogia do Esporte: discutindo
as diretrizes e a formação profissional para a educação física de jovens e adultos, de Chacon
Filho (2007); A Andragogia: que Contributos para a Prática Educativa? (NOGUEIRA, 2004); A
Andragogia no Limiar da Relação entre Velhice, Trabalho e Educação (PERES, 2006).
Você já ouviu falar no “efeito Pigmalião”? Ele ilustra com clareza a situação
do envolvimento do educador. Da mitologia, surge o escultor Pigmalião que, após
várias tentativas sem êxito com as mulheres, decidiu viver só. Para transpor esse
problema, idealizou e esculpiu o que para ele seria a mulher ideal, delineou com
perfeição cada detalhe e, de tão perfeita, acabou apaixonando-se por sua própria
obra (BONINO, 2009, p. 42).
129
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
Você já havia pensado sobre isso? Acredita que as expectativas que forem
lançadas pelo educador podem, em maior ou menor grau, influenciar o desempenho
dos educandos? Pense a respeito e troque ideias no fórum com seus colegas.
130
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
2.3 HABILIDADES
DeAquino (2009, p. 71) conceitua a aprendizagem como “[...] um conjunto
de habilidades e, como toda habilidade, esse conjunto pode ser melhorado e
desenvolvido com o passar do tempo”.
Que habilidades serão essas? Você tem domínio verbal maior que o escrito?
Aprende algo com mais facilidade se for pela manhã ou à noite? Pinta melhor
do que dramatiza? Aprecia tarefas em grupo ou prefere fazer sozinho(a)? Você já
identificou seus pontos fracos? Sabe ouvir críticas ou já se antecipa em sua própria
defesa? Pense: quais são suas habilidades?
131
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
132
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
1. experiência concreta (EC): aprender sobre um tema por meio de uma vivência
e não apenas receber o conhecimento sem experienciá-lo, ou seja, aprende-se
sentindo. Estratégia sugerida: estudo de caso, visita de estudo;
4. experimentação ativa (EA): estar apto a aplicar aquilo que foi aprendido em
novas situações e desafios reais, ou seja, aprende-se fazendo. Estratégia sugerida:
dramatização e/ou uso de vídeos.
Sob essa ótica, mais especificamente nos anos 60, buscou a criação de
um método de alfabetização que transcendesse o método baseado em cartilhas
preparadas para o universo infantil. Conforme Brandão (2005, p. 63), o que
133
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
Freire buscava era um método para “[...] formar pessoas educadas e conscientes,
exigia uma outra compreensão do processo ensino-aprendizagem, do educador-
alfabetizador para o educando-alfabetizado”.
Garcia (2005) enfatiza que o adulto não retorna à escola com a intenção de
recuperar um tempo perdido ou para aprender algo que não aprendeu quando
criança. O que ele busca é um aprendizado para as suas necessidades atuais.
134
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
DICAS
135
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
136
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
4 PRÁTICA PEDAGÓGICA
Acabamos de relatar a prática pedagógica proposta e efetivada por Paulo
Freire. Pelandré (2005, p. 34) alerta:
DICAS
137
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
138
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
NOTA
139
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
140
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
a par do que sabem estes jovens sobre certos temas, reunir as informações e
dialogar com eles, fazendo-os refletir; a complementação deve ser feita de
modo não impositivo, mas com a intenção de desfazer mitos e inverdades que
possivelmente apareçam em suas falas.
DICAS
Que tal escutar um pouco de música e refletir sobre a letra de Cio da Terra e
a Pedagogia da Alternância? Acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=u5M6dH_Ftq0>.
141
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
AUTOATIVIDADE
Projeto:______________________________________________________
Intervenção:__________________________________________________
Local:________________________________________________________
2º Agora pense sobre as três palavras juntas e construa a sua concepção de PIL:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
142
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
AUTOATIVIDADE
1º ____________________________________
Trata-se de um projeto de educação para saúde e motivação para o planeamento
familiar, integrado com outras atividades de desenvolvimento numa pequena
comunidade rural.
2º ____________________________________
Enquanto projeto de intervenção na comunidade:
Que a população da aldeia adote novas atitudes e práticas em relação à saúde e
ao planeamento familiar. [...]
3º ____________________________________
Integrou animadores de formações profissionais diferentes (entre outros,
professores, enfermeiros de saúde pública, assistentes sociais) [...]
4º ____________________________________
Decorreu em Farreginhas, uma aldeia do concelho de Castro Daire (distrito de
Viseu) com cerca de 350 habitantes e baixos indicadores socioeconômicos e de
saúde.
5º _____________________________________
Cerca de quatro anos, de outubro de 1978 a janeiro de 1983, incluindo as fases de
preparação, implementação e avaliação do projeto. O trabalho de intervenção
propriamente dito na aldeia ocorreu entre finais de 1979 e meados de 1982,
durante aproximadamente dois anos.
6º _____________________________________
A animação da comunidade foi baseada em princípios de educação não formal
participativa.
143
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
7º ______________________________________
Novos conhecimentos e novas práticas sobre a saúde.
Mudança de atitudes sobre planejamento familiar e a sexualidade.
Interesse das mulheres pela saúde da comunidade.
Constituição de novos grupos na aldeia: grupo de alfabetização, grupo das
senhoras, grupo de jovens [...]
Novos hábitos e atitudes: de reunião, de cooperação, de maior apreciação de si
e dos outros.
Valorização da tradição cultural.
Modelo de intervenção comunitária, com base na metodologia de animação
não formal participativa.
FONTE: Gomes (1986, adaptado para o português do Brasil). Disponível em: <http://analisesocial.
ics.ul.pt/documentos/1223553577H1vXM7xw8Gq59ZC0.pdf>. Acesso em: 25 out. 2011.
• Você olhou a estrutura dada e depois localizou no texto?, que pena! Você
queimou uma etapa importante (a descoberta).
144
TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS
1 Tema (descrição)
2 Problema
3 Hipóteses
4 Objetivos
5 Justificativa
6 Referencial teórico
7 Metodologia
8 Recursos
9 Cronograma
10 Referências
DICAS
Projeto de Intervenção Local: que tal dar uma olhada na orientação para
elaboração do PIL? Disponível em: <forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/Doc_
Orientador_PIL.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2011.
Apresentação do Projeto de Intervenção Local, que aconteceu durante o IV Encontro
Presencial de Apresentação dos Projetos de Intervenção Local (PIL) e avaliação pelas bancas
examinadoras, em 2010. É uma parceria entre a Universidade de Brasília - UnB/Faculdade de
Educação e Universidade Aberta do Brasil - UAB/UnB.
145
RESUMO DO TÓPICO 1
146
AUTOATIVIDADE
147
148
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 38 – FOCO
149
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
150
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
FIGURA 39 – DESAFIOS
151
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
152
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
EDUCADOR PROFESSOR
Reconhece o outro como um sujeito pleno Está numa posição diferenciada e de poder
(“um igual”). diante do aluno.
Assume posição crítica/recusa à educação
Reproduz a educação tradicional (bancária).
tradicional.
Busca a organização política dos envolvidos, Separa a educação da política e vê o sucesso
reconhecendo que educação é política. como fruto do esforço individual.
153
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
DICAS
3 PERCURSO FORMATIVO
Morin (2004, p. 10) destaca que “[...] a formação possui conotação de
moldagem e conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é
encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a autonomia
do espírito”.
Nesse aspecto, concordamos que o professor não pode ficar com seu saber
estagnado nem transmiti-lo da mesma forma como lhe foi ensinado. Contudo,
antes convém perguntar: como aperfeiçoar algo que não foi dado? Como ter uma
formação continuada, se não teve uma formação inicial, considerando que estamos
falando da Educação de Adultos?
154
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
[...] que nós tenhamos formação voltada para lidar com tais situações.
Porque eu simplesmente não sei fazer. É difícil conter nervosismo, é difícil... eu
não sei nem de que forma falar com eles para que eles contenham os ânimos. É
meu primeiro ano de magistério mesmo, de Educação de Jovens e Adultos, então
eu não sei lidar com esse tipo de situação de fato (CASTRO et al., 2006, p. 87).
155
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
156
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
157
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
DICAS
158
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
DICAS
159
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
O porquê do saber implica estar a par das discussões que envolvem o sujeito
educando: realidades díspares, práticas pedagógicas mais assertivas, políticas
apropriadas à EJA. Nesse sentido, Pinto (2007, p. 113) menciona que:
É nesse sentido que Piconez (2009, p. 109) sugere: “É preciso insuflar novos
ares de atualização e adaptação ao trabalho dos professores.”
NOTA
Pesquisa não tem manual; você desenvolve seu próprio estilo. Algumas
dicas podem ser bem-vindas. Comece rastreando temas de seu interesse na
internet. Vejamos as palavras-chave: alfabetização de jovens e adultos, isso pode
conduzir você a um link. Veja a figura.
160
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
161
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
E não se esqueça de conferir as referências, que podem lhe propiciar outros passeios
pela internet. Outra fonte importante de subsídios para pesquisa é o Portal Fórum
EJA, como já estudamos. Que tal outro passeio?
AUTOATIVIDADE
Acesse o portal: <www.forumeja.org.br>. Clique na bandeira do RS e leia os slides
da prof.ª Jane Paiva (UFRJ), em apresentação realizada no I EREJA SUL, em Porto
Alegre, 2011. Agora responda: quem também faz parte dos sujeitos da EJA?
162
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
4 AUTONOMIA
FIGURA 45 – POEMA DE MARINA COLASANTI
Você concorda? “Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.” Isso
não ocorre só na vida pessoal, mas na profissional também. São tantas coisas que
deixamos de lado, tanta correria, que não sobra tempo. Que tempo? Cadê o tempo,
não é mesmo?! Ele passa tão rápido que mal o vemos. Tantos sonhos se perdem
no tempo. Deixamos cursos para fazer depois; livros para ler depois; tarefas para
cumprir depois; dinâmicas para aplicar com os educandos depois; ideias criativas
que ficam para depois; visitas a lugares interessantes para depois; filmes para
assistir depois.
Então, agora que tudo ficou para depois, já não lembramos mais o que
era mesmo que queríamos fazer. Ah! Não importa, passou. E, porque passou,
não buscamos mais, não nos interessamos mais. Vamos nos acostumando.
Esquecemos...
163
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
164
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
165
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
LEITURA COMPLEMENTAR
7. Propõe-se que a pesquisa sobre a (e na) prática seja tomada como princípio e
166
TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA
167
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
168
RESUMO DO TÓPICO 2
• Autonomia é um dos quesitos que precisa ser revisto nas práticas pedagógicas e
na formação do educador de EJA. O interesse pela qualidade da educação passa
pela autonomia.
169
AUTOATIVIDADE
AS SEGUINTES REGRAS DEVEM SER MUITO BEM, PATETA NEWTON! LEMBRE-SE DISSO: NA
RESPEITADAS: VOCÊS ALUNOS, NÃO MINHA AULA VOCÊS DEVEM APRENDER E NÃO FICAR
SABEM NADA! NÓS, PROFESSORES, FUÇANDO UM LIVRO QUALQUER. ENTENDIDO?
SABEMOS DE TUDO E ESTAMOS SEMPRE
CERTOS!
DEVO
FAZER UMA
INTERRUPÇÃO,
PROFESSOR!
170
AS SEGUINTES REGRAS DEVEM SER ... E NETUNO! ANTES DE JÚPITER, TEM MARTE,
RESPEITADAS: VOCÊS ALUNOS, NÃO TERRA, VÊNUS E MERCÚRIO
SABEM NADA! NÓS, PROFESSORES,
SABEMOS DE TUDO E ESTAMOS SEMPRE
CERTOS!
171
172
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O indivíduo, ao buscar a modalidade EJA, passa por uma avaliação, que
tem a função de realizar um levantamento prévio para localizar o aluno no processo
educacional. Conforme o programa de EJA oferecido, que tem como orientação
considerar o contexto social do aluno, a sua promoção dentro do programa se
realiza com apoio no processo de avaliação desenvolvido e, por conseguinte, nos
avanços que o aluno vai apresentando em sua aprendizagem.
A avaliação deve ser contínua para que possa cumprir sua função de
auxílio ao processo ensino-aprendizagem. A avaliação que importa
é aquela que é feita no processo, quando o professor pode estar
acompanhando a construção do conhecimento pelo educando; avaliar
na hora que precisa ser avaliado, para ajudar o aluno a construir o seu
conhecimento, verificando os vários estágios do desenvolvimento dos
alunos e não os julgando apenas num determinado momento.
Um mero exercício repetitivo, em que o aluno tem que ser capaz de devolver
ao professor o que ele passou ou verbalizou, pode não ser atrativo, especialmente
ao aluno da EJA. Considerando que a avaliação faz parte do processo, ela está
diretamente ligada à construção de conhecimentos significativos para os alunos.
Realizar a avaliação de forma tradicional recorda, muitas vezes, histórias já
vivenciadas por muitos desses alunos, o que pode não somar para sua promoção,
mas, sim, para uma nova exclusão e abandono da escola.
173
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
Para que a avaliação alcance seu lugar e atinja a sua finalidade é esperado
o cumprimento dos objetivos, aliados aos instrumentos adequados.
174
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA
Para uma melhor compreensão, vejamos o que pontua Hoffmann (2003, p. 18):
175
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
instrumentos de avaliação que podem ser usados pelo professor e pelo coletivo
da escola, com o intuito de envolver o aluno no processo avaliativo e ampliar a
sua aprendizagem. Entre os mais usuais encontramos: registros diversos, mapa
conceitual, portfólio, autoavaliação, discussão coletiva, o conselho de classe,
produções textuais, sem esquecer a observação, que se constitui um considerável
instrumento em se tratando de avaliação.
A função formativa tem como utilidade primeira dar visibilidade aos erros
e acertos tanto de alunos como de professores no decorrer do processo didático-
pedagógico. Por meio desta função é possível identificar deficiências e reorganizar
os trabalhos, visando aperfeiçoá-los.
176
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA
177
UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA?
É uma formação que, conforme Haddad (2002, p. 16), considera que “[...]
os conhecimentos e as habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão
aferidos e reconhecidos mediante exames”. Isto pode ser conferido e analisado por
meio da oferta do ENCCEJA e do ENEM, de que trataremos a seguir.
3.1 ENCCEJA
O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e
Adultos (ENCCEJA) é o exame realizado pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que permite diagnosticar a
educação básica brasileira e desta forma construir uma referência nacional de
Educação para Jovens e Adultos.
E
IMPORTANT
ENCCEJA
Em 2017, o Ministério da Educação (MEC) decidiu adotar novamente o Encceja
para a certificação do ensino médio. O motivo é que o Enem se tornou uma porta de
entrada para a universidade, não sendo o melhor meio de avaliar os conhecimentos dos
participantes que desejam concluir a educação básica.
E
IMPORTANT
178
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA
3.2 ENEM
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado pelo Ministério da
Educação em 1998. A intenção inicial era avaliar anualmente o aprendizado dos
alunos do Ensino Médio em todo o país e com isto auxiliar o Ministério da Educação
na elaboração de políticas pontuais e estruturais de melhoria do ensino brasileiro.
A partir de 2009, também passou a ser feito por pessoas com interesse,
por meio do ProUni – Programa Universidade para Todos –, em certificação de
conclusão do Ensino Médio em cursos de EJA.
DICAS
179
RESUMO DO TÓPICO 3
180
AUTOATIVIDADE
181
Hoje um irmão que não falava comigo me ligou para saber como eu estava
fiquei alegre cada pessoa que me liga eu fico contente a gente sabe que se
importa com a gente. Aqui no hospital a gente aprende muitas coisas.
Depressão é uma coisa que eu não desejo para ninguém, muitas pessoas não
entendem o que é uma depressão: é tu querer fazer as coisas e não conseguir.
182
Em casa, marido pergunta do porque tu não conseguiu fazer as coisas da casa
e tu não conseguires pode porque tenho muitos motivos os braços doem e a
depressão não deixa fazer.
O meu Deus, me de força para sair desse buraco. Preciso sair dele porque quero
me formar em advogada, tenho prazer de mostrar para muitas pessoas que eu
posso e consigo vencer as minhas batalhas.
183
184
REFERÊNCIAS
______.; SOUZA, Fernanda; SANTOS, Ivan Álvaro dos. A utilização dos recursos
tecnológicos na EJA à luz dos princípios andragógicos. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 6., 2009, São Leopoldo. Anais... São
Leopoldo: UNISINOS, 2009. v. 1.
185
BARCELOS, Valdo. Educação de jovens e adultos: currículo e práticas
pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2010.
BONINO, Rachel. O poder do olhar. Revista Educação, São Paulo, ano 13, n. 149,
set. 2009.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, educar para transformar. São Paulo:
Mercado Cultural, 2005.
186
______. Decreto nº. 7.611, de 17 de dezembro de 2011. Dispõe sobre a educação
especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/
Decreto/D7611.htm> Acesso em: 10 nov. 2013.
187
______. Ministério da Educação. Orientações sobre o programa Brasil
alfabetizado. Atualização: julho/2011. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_content&view=article&id=17457&Itemid=817>. Acesso
em: 18 ago. 2011.
188
CATAPAN, Araci Hack. Pedagogia e tecnologia: a comunicação digital no
processo pedagógico. ABED, 2002. Disponível em: <http://www.abed.org.
br/congresso2003/docs/anais/TC46.htm;mas tenho salvo com outro dado de
publicação>. Acesso em: 10 nov. 2013.
189
Educação: avaliação, desafios e perspectivas. Revista Educação e Sociedade,
Campinas, v. 31, n. 112, p. 939-959, jul./set. 2010. Disponível em: <http://www.
cedes.unicamp.br>. Acesso em: 19 mar. 2011.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1967.
______. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
191
KERKA, Sandra. Teaching adults: is it different? Myths and realities. ERIC/
ACVE. 2002. Disponível em: <http://www.thetrainingworld.com/wp/training-wis
dom-or-traini ng-foolishness/teaching-adults-is-it-different-research-on-the-topic-
astd-trdev/>. Acesso em: 22 dez. 2011.
MAFFEZOLI, Roberta Roncali; GÓES, Maria Cecília Rafael de. Jovens e adultos
com deficiência mental: seus dizeres sobre o cenário cotidiano de suas relações
pessoais e atividades. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 27., 2004, Caxambu.
Anais... Caxambu: ANPED, 2004. Disponível em: <http://www.anped.org.br/
reunioes/27/gt15/t159.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2011.
192
MENEZES, Cristiane Souza de; MACHADO, Charliton José dos Santos; NUNES,
Maria Lúcia da Silva. Mulher e educação na República Velha: transitando entre o
discurso histórico e o literário. Revista Educação Unisinos. Vol.13 Nº1, p. 43-50,
jan-abr 2009.
______ . Profissão: docente. Revista Educação, São Paulo, ano 13, n. 154, p. 6-9,
2010.
193
______. Educação: um tesouro a descobrir; relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Brasília: UNESCO,
2010a.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 15. ed. São Paulo:
Cortez, 2007.
PORCARO, Rosa. Fórum EJA - IIISNF Painel 1 Parte 1. Disponível em: <http://
www. youtube.com/watch?v=8LkjElVqi1w/>. Acesso em: 20 abr. 2011.
194
RELATÓRIO II Seminário Nacional de Formação de Educadores de Jovens
e Adultos – II SNF. Relatório final do seminário. Universidade Federal de
Goiás, 2007. Disponível em: <http://www.forumeja.org.br/go/?q=2%C2%B0%20
seminario>. Acesso em: 20 jan. 2010.
195
SANTOS, Geovania Lúcia dos. Quando adultos voltam para a escola: o delicado
equilíbrio para obter êxito na tentativa de elevação da escolaridade. In: SOARES,
Leôncio. Aprendendo com a diferença – estudos e pesquisas em educação de
jovens e adultos.1ª.edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
SILVA, Fausta Calado et al. Educação para a inclusão: Programa Pescando Letras.
2008. Artigo disponível em <http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST64/Leitao-
Silva-Silva-Silva_64.pdf> Acesso em: 10 nov. 2011.
197