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1 INTRODUÇÃO

A Educação Inclusiva, na sua teoria, tem-se mostrado como um projeto que


atende às particularidades específicas dos alunos com necessidades educativas
especiais e supri de uma maneira diferente as deficiências que os mesmos possam
porventura apresentar.
Então, por ser uma educação fora dos padrões normais, a literatura coloca
que esse aluno deve ter um processo de desenvolvimento de abrangência normal,
total, isto é, uma necessidade de ser incluso, de saltar para uma realidade de
aperfeiçoamento integral e que, nesse novo conhecimento adquirido, ele possa
preencher com êxito as deficiências potencialmente necessárias.
A sociedade possui uma visão de homem padronizado e classifica os
indivíduos, de acordo com esta visão. Estamos acostumados à um padrão de
normalidade, e todos aqueles que fogem à este padrão de beleza, de inteligência, de
capacidade são considerados acima ou abaixo deste padrão. No nível intelectual, os
que apresentam uma inteligência supostamente acima da média são considerados
superdotados enquanto que aqueles que apresentam uma inteligência abaixo deste
padrão são, geralmente, considerados infradotados ou deficientes mentais.
Para superar esta visão é necessário:
- Entender que a sociedade se compõem de homens diversos, ela se constitui
na diversidade, assumindo-se de um outro modo as diferenças.
- Conceber as diferenças numa perspectiva qualitativa e não quantitativa
evitando classificações hierárquicas entre as pessoas. A escola tem
reproduzido uma visão determinista de sociedade, classificando seus alunos
em mais inteligentes e menos inteligentes, mais capazes e menos capazes.
Não é difícil encontrar turmas onde os alunos são dispostos em fileiras
separando-se alunos fortes, médios e fracos.
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Esta classificação acarreta sérios problemas para a vida escolar dos alunos,
principalmente daqueles considerados fracos pois desde o início existe uma baixa
expectativa em relação à eles e, em conseqüência, pouco investimento. Em alguns
casos, o professor chega a limitar o conteúdo para estes alunos por acreditar que
não têm condição de aprender mais do que o que foi determinado previamente para
eles.
Os problemas de comportamento, raciocínio lento, dificuldades de
concentração e os problemas de aprendizagem são motivos constantes de
encaminhamento para a educação especial.
É necessário fazer um trabalho com os professores de modo que possam
rever a sua prática pedagógica, no caso das dificuldades que decorrem desta
prática. No caso dos alunos que apresentam os problemas citados realmente é
necessário pensar num processo de interação que permita a reversão dos
problemas. Para tanto, deve ser dado ao professor o apoio que se faz necessário.
Os alunos mesmos acabam por formar uma auto-imagem muito negativa,
baseada na incapacidade, e esta percepção os acompanha ao longo de suas vidas,
gerando na própria família a idéia de que são incapazes, problemáticos, deficientes.
Visto que capacitar, incluir são verbos que fazem parte do processo
educativo, de que a criança está pronta a aplicar suas energias e forças em
aprendizagem formal e memória, vive a etapa em que o ser humano deve ser
construir a idéia de que o mundo é bom, de que se movimenta o tempo todo e
aprende imitando, observa e incorpora o modo como os adultos tratam uns aos
outros a já conquistou o espaço (anda), venceu a superação (deu nome as coisas),
domina o tempo (vai do passado ao futuro), devemos cada vez mais incluir em: eu
sou capaz, todos, considerando-se todo letra mento e experiências já adquiridas
pala criança especial ou não.
Ser especial não impossibilita ninguém de conquistar seu espaço. O processo
educativo ampliou seus horizontes, atendendo a um grande número de crianças
especiais.
Partindo do principio auto-estima, elevamos a categoria de capaz todo ser,
contando com avanços medicinais, tecnológicos e educativos.
A educação desempenha papel fundamental no enquadramento destas
crianças especiais Adaptadas a gerir recursos humanos, adaptar espaços físicos,
rever avaliações, a nós educadores cabe o papel de inserir na sociedade crianças
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especiais, com condição de conquistar seu espaço sócio-econômico, fazendo com


que todos respeitem as diferenças, aceitando-as e convivendo com as mesmas.
O tema escolhido “Inclusão Dentro do Processo de Escolar” é por demais
desafiador, uma vez que a Constituição assegura o direito à educação a todos,
independente de gênero, etnia, idade ou classe–social. A escola, como os próprios
Parâmetros Curriculares Nacionais colocam-se que devem ter o compromisso não
apenas com a produção e a difusão do saber culturalmente construído, mas com a
formação de cidadãos críticos, participativos e criativos para fazer face às demandas
cada vez mais complexas da sociedade moderna englobando desta forma as
crianças com necessidades educativas especiais, considerando que o processo de
ensino-aprendizagem pressupõe atender a diversificação da necessidade dos
alunos na escola.
Entre os pressupostos norteadores desta pesquisa, destacam-se:
 - Escolas e professores dizem não estar preparados para receber alunos com
deficiência e dificuldades de aprendizagem;
 - Muitas famílias desistem da escolarização para seus filhos ou buscam
escolas especiais ou privadas.
 - Muitas famílias alegam falta de segurança, discriminação nas escolas
regulares e não atendimento às necessidades dos alunos;
 - A educação ofertada é, no geral, de pouca qualidade, mantendo-se no
âmbito de atividades da educação infantil;
- Muitas crianças com deficiência são incluídas com sucesso nas escolas de
ensino regular
À medida que se desenvolver o tema, os problemas relacionados á inclusão
se abrirão, e ao final, por certo, ver-se-á que muito há a acrescentar.
Por isso, ao se procurar saber mais sobre inclusão, surge à necessidade de
se entender e compreender as situações que decorrem quando a Inclusão não se
refere apenas aos alunos com deficiência, mas a todos, em suas diversidades e este
é o desafio enfrentado por alunos, por educadores e pela escola, em desenvolver e
praticar um trabalho, coletivo, sem fragmentações, para melhor atender as diferentes
necessidades dos alunos.
Com a superação de novos paradigmas educacionais e diante de novas
exigências sociais, a educação passa por uma reestruturação educacional inclusive,
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visando à inclusão de alunos portadores de necessidades educativas especiais na


rede regular de ensino.
Diante deste quadro, que visualiza uma grande reforma na educação
englobando o portador de necessidades especiais, surge na legislação, a
legalização, assegurando a permanência das crianças com necessidades educativas
especiais no ensino regular, possibilitando o convívio com a diversidade, que está
centrada no direito ao acesso à escola nos aspectos biopsicossociais.
Para melhor compreensão, desse complexo, que envolve a inclusão, fez-se
necessário um aprofundamento teórico, dentro deste campo, desde o conceito de
inclusão, até os tipos de deficiência e suas especificações, para poder então verificar
como está ocorrendo tal processo na realidade de uma escola.
Centrando-se nos aspectos ensino aprendizagem dos alunos portadores de
necessidades educativas especiais, cujo intuito é analisar tal processo em
comparação aos demais alunos, como também analisar a integração e a interação
destes, que implica em um processo de reciprocidade.
Acredita-se que o trabalho possa, mesmo que modestamente, contribuir para
a melhoria da proposta no trabalho pedagógico com o objetivo de atender as
necessidades educativas especiais, bem como reestruturar a política educacional e
conseqüentemente uma renovação nas instituições escolares.
As informações a serem trazidas ao longo da monografia foram obtidas através de
pesquisas bibliográficas, que abrangem os aspectos de inclusão dentro do processo
ensino aprendizagem, a fim de que a problemática se amenize qualitativa e
quantitativamente. É necessário viabilizar aos educandos portadores de
necessidades especiais, freqüentar e fazer parte do ensino regular.
Esta monografia destina-se a todos os profissionais de educação e também
aos demais interessados na problemática da inclusão, abrindo um leque de
inúmeras questões que podem ser refletidas, analisadas e aprofundadas, dentro dos
interesses e necessidades de outras realidades escolares.
Com esta pesquisa objetivou-se partir para o seguinte questionamento:
A partir deste questionamento, realizou-se uma pesquisa bibliográfica a fim de
investigar desta forma, o processo ensino aprendizagem de alunos com
necessidades educativas especiais, inclusos na rede escolar de ensino.
Pois quando se trata de inclusão, é de extrema importância que o
envolvimento nesta causa, não seja somente dentro do processo de integração, mas
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também no processo de aprendizagem abrangendo toda a sociedade, formando


parceria na construção de uma educação igualitária.
Sendo assim, a educação assume um papel mais amplo, que além de
promover a socialização dos alunos será a mediadora de conhecimentos,
promovendo o acesso ao currículo daqueles que apresentam necessidades
educativas especiais.
Espera-se com a elaboração deste trabalho, ajudar, analisar e reorganizar
conceitos sobre inclusão, conscientizando de maneira geral as unidades de ensino,
á procurar entender que a intensificação de necessidades especiais do indivíduo é
de extrema importância quando uma necessidade não é satisfeita, ela interfere na
qualidade de vida.
Desta maneira, busca-se uma escola, para todos, que ofereça igualdade,
possibilidade do aluno portador de necessidades educativas especiais a aprender e
desenvolver suas potencialidades formando um cidadão que possa exercer seus
direitos como trabalhar, ter laser, estudar, enfim fazer parte do grupo social.
Muito se tem falado e escrito acerca da Inclusão.Vários fatores excluem do
grupo social as pessoas portadoras de necessidades especiais.
Ao se discutir o papel da Inclusão no ato educativo, necessita-se saber qual o
espaço que ele abrange dentro do processo ensino –aprendizagem, o quanto é
estimulado o trabalho pedagógico, como é diversificado e adaptado à maneira de
envolver o ato de aprender, respeitando suas limitações e valorizando o aluno
portador de necessidades educativas especiais, a fim de garantir a igualdade de
seus direitos e deveres.
A importância dos necessários esclarecimentos e conhecimentos e
conscientização em relação á inclusão evitará que as pessoas com necessidades
educativas especiais percam o espaço de terem acesso ás escolas comuns, e
que estas deverão integrá-las numa pedagogia centralizadas criança, capaz de
atender a essas necessidades educativas.
A pergunta norteadora desta monografia tem como enunciado: como as
escolas de ensino regular recebem e trabalham com alunos portadores de
necessidades educativas especiais?
Por sua vez, elaborou-se questões de pesquisa a partir do enunciado
acima:
 o que se entende por inclusão?
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 qual seria a sua importância dentro do processo ensino-aprendizagem?


 o que alguns autores falam sobre a inclusão no processo de ensino?
 o que a escola pode fazer para incluir e satisfazer as necessidades
educativas desses alunos inclusos?
 é possível realizar adaptação de conteúdos interdisciplinares na prática
educacional inclusiva?
 a falta de informação da sociedade, que desconhece o verdadeiro
significado da inclusão, pode vir a atrapalhar a interação e a integração do
aluno incluso na unidade escolar e social?
Entre os objetivos da pesquisa destacam-se:
- Verificar a partir de estudos teóricos como se dá o processo de
inclusão escolar.
- Analisar a importância da adaptação curricular, frente ao processo de
inclusão escolar;
- Refletir, e considerar sobre o significado de inclusão;
- Comparar os processos de integração, interação e inclusão escolar;
- Identificar, algumas modalidades de deficiência que freqüentam a rede
de ensino;
- Diferenciar, necessidades educativas especiais e necessidades
especiais.
Considera-se a pesquisa como uma atividade científica pela qual descobre-se
a realidade, sempre com intuito de resolver problemas de ordem teórico e prático.
Para Demo (1991, p. 16) “[...] pesquisa não é um ato isolado, intermitente,
especial, mas atitude processual de investigação diante do desconhecido e dos
limites que a natureza e a sociedade nos impõe”.
Pois, considera-se pesquisa como uma mesma atividade científica, sendo
resultado de uma atitude do ser humano diante do mundo que o cerca, do qual ele
mesmo é parte integrante, para entendê-lo, reconstruí-lo e, conseqüentemente,
torná-lo inteligível. Através de novas descobertas, visa contribuir para o
aperfeiçoamento e progresso da humanidade.
Portanto, pretende-se através deste relatório descritivo, é a apresentação, o
levantamento dos dados referentes a pesquisa, que busca demonstrar a
incapacidade que o professor sente frente ao problema, traz uma insegurança
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preocupante em relação aos portadores de necessidades especiais, pois são seres


humanos que merecem todo o respeito e o direito a socialização, que nem sempre é
propiciado dentro da sala de aula, levando em conta a realidade de cada escola que
foi realizada a pesquisa.
Esta pesquisa será uma pesquisa bibliográfica, ou seja, a que tem por fonte
primária o livro. Pesquisa bibliográfica envolve sob seu campo de ação toda
informação escrita. Portanto, o nosso campo de ação serão as fontes de
informações escritas, donde pretendemos redescobrir e aprofundar nosso
conhecimento, buscando o novo a partir do já escrito.
Este documento está organizado em seções, descrevendo as teorias estudadas, o
desenvolvimento da pesquisa e as principais reflexões a partir do fichamento de textos.
Na primeira seção, apresento a problemática de pesquisa, justificativa e objetivos
norteadores.
Na segunda seção, inicia-se a fundamentação teórica, fazendo uma revisão histórica
da educação especial e as tendências históricas que influenciaram novos conceitos.
Na terceira seção, fiz um estudo comparativo entre inclusão e integração e aspectos
sociais da inclusão.
Na quarta seção, são retomados os conceitos pertinentes às educação inclusiva.
Na quinta seção, retoma-se a discussão da inclusão sob o prisma educacional,
políticas públicas de inclusão.
Finaliza-se a monografia com a sexta seção, apresentando as considerações sobre todo
o trabalho realizado.
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2 REVISANDO O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

No Brasil, até os anos 50, não se falava em educação especial, mas sim, na
educação de deficientes. As escassas instituições que existiam e a restrita literatura
disponível direcionavam-se às deficiências específicas, não se configurando como
sistema e definindo sua clientela como pessoas excepcionais, isto é, “aquelas que
em virtude de características intrínsecas, diferentes da maioria da população,
necessitavam de processos especiais de educação”. Não se pode negar que, nesta
década, a educação especial sofreu um processo mais intenso de atuação, incluindo
distúrbios, desajustes e inadaptações de diferentes origens, culminando por volta
dos anos 70 com a instalação de um subsistema educacional, com a disseminação
de instituições públicas e privadas de atendimento ao excepcional e com a criação
de órgãos normativos, nas esferas estadual e federal. (BUENO, 1993)
A despeito de figurar, na política educacional brasileira, desde o final da
década de cinqüenta do século passado até os dias atuais, a educação especial tem
sido, com grande freqüência, interpretada como um apêndice indesejável, pois,
segundo Mazzotta (1996, apud Mantoan e cols., 1997), numerosos são os
educadores e legisladores que a vêem como meritória obra de alguns “abnegados”
que se dispõem a tratar de crianças e jovens deficientes físicos ou mentais. O
sentido a ela atribuído é, ainda hoje, muitas vezes, o de assistência aos deficientes e
não o de educação de alunos que apresentam necessidades educacionais
especiais.
Ao longo da história da Psicologia, a Educação Inclusiva, vem se mostrando
como um desafio, pois durante muito tempo, os portadores de deficiências físicas,
ficavam segregados em instituições, para estudar e se tratar. Essa prática de
exclusão social, servia apenas para reforçar os já marginalizados pela sociedade.
Mas, atualmente, o que está acontecendo, é a Educação Especial decorrendo pela
mesma via da Educação Regular. Hoje, privilegia-se a Educação Inclusiva numa
escola, onde os professores possam buscar práticas de educar com êxito todas as
crianças portadoras de necessidades educativas especiais. E também os
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educadores que atuam como professores de apoio, os quais consistem na tarefa de


proporcionar a essas crianças, reforço pedagógico necessário para assim,
concluírem com êxito o seu processo educativo.

2.1 MOVIMENTOS CÍCLICOS DE INCLUSÃO

A Educação Inclusiva não surgiu por acaso, ela é um produto histórico de


uma época e realidade contemporânea. As origens históricas do paradigma da
Educação Inclusiva, os seus eixos básicos se constituíram a partir do encontro de
quatro fontes básicas: a Psicanálise, a Luta pelos Direitos Humanos, a Psicologia
Institucional e o Movimento de Desinstitucionalização Manicomial. Primeiramente a
emergência da Psicanálise, através das contribuições de Sigmund Freud e Jacques
Lacan, trouxe uma nova forma de se conceber os seres humanos. A Psicanálise,
revelou a importância da linguagem do inconsciente e da sexualidade nos processos
de constituição dos sujeitos, ou seja, através dos ensinamentos de Freud e Lacan foi
possível identificar que havia em relação à sociedade e aos sujeitos, uma leitura
inocente do mundo, uma crença na intencionalidade direta e linear das ações dos
sujeitos e da sociedade. Freud, revelou que o sujeito e a sociedade podem ir contra
si mesmo. Os sujeitos não criam apenas através das suas ações. Eles podem
também se destruir ou destruir o outro, um processo bastante sofisticado que Freud
denominou Pulsão de morte. Com isso, foi se tornando cada vez mais evidente que
a sexualidade, a inteligência e a afetividade dos seres humanos não eram apenas
produtos já dados, mas construções sociais e individuais. Segundo MRECH (1999),
para Freud e Lacan, a ênfase estava nas relações e não em processos biológicos
previamente concebidos e estruturados.
Mais tarde, a luta pelos direitos humanos veio ampliar ainda mais esta
proposta.
Ela delineou uma outra passagem que é a luta pelos direitos políticos.
Segundo MRECH (1999), de 1964 a 1968, no meio universitário e fora dele,
emergiu, no mundo todo, a defesa pelos direitos humanos aplicados a todos os
sujeitos. Independente do fato de se pertencer a uma dada raça, cor, religião,
situação financeira, etc. o objetivo era que todos os sujeitos tivessem acesso e
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direito garantido aos mesmos parâmetros de ingresso nos processos sociais e


educativos. Estes movimentos sociais foram a retomada, na prática, da luta pela
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, quando eles revelaram o papel
estratégico que a Educação vem ocupando na manutenção, ao longo de décadas,
de processos estigmatizadores.
Em decorrência, não foi ao acaso que emergiu, na França, na década de 60,
a Pedagogia Institucional ou Pedagogia Revolucionária, aquela cujas raízes se
encontram, sobretudo, nos grupos dos Situacionistas internacionais que foram um
dos grupos mais importantes na base da composição da Revolução de Maio de
1968, os quais desencadearam no mundo todo, uma nova forma de ver a cultura e a
Educação.
Assim, a partir do conceito de situação, se evidenciou que, para o sujeito, a
sua ligação com o ambiente é de tal ordem que não há nem dentro e nem fora,
dificuldade de separar onde o sujeito começa e o ambiente termina.
Dessa forma, não é por acaso que o conceito nuclear em Educação Inclusiva
seja o ambiente menos restritivo. A evolução do sujeito depende do ambiente ou da
situação em que se encontra. São eles que criam ou não as condições necessárias
para o seu desenvolvimento.
No entanto, o Movimento de Desinstitucionalização Manicomial, foi o
movimento mais transformador da cultura na década de 60 e 70, foi o movimento
que determinou a quebra das cadeias manicomiais, como lugares de atendimento e
tratamento excludentes dos doentes mentais.
Esses movimentos propiciaram novas luzes aos processos de atendimento e
tratamento dos doentes mentais. Eles revelaram a importância de situações
saudáveis para o bom andamento dos sujeitos. Situações, em que os doentes
mentais não ficassem excluídos dos ambientes comuns, em que a eles fossem
dados o direito de participar de uma nova forma mais ampla e digna dos contextos
sociais comuns. Entretanto, para o paradigma da Inclusão, não são os deficientes
que têm que se adaptar aos normais, mas os normais que têm que aprender a
conviver com os deficientes, porque o convívio com diferentes crianças, fazendo
com que as com necessidades especiais se desenvolvam com mais rapidez.
Atualmente, segundo Mittler (2002), milhares de professores trabalham para
oferecer educação de alta qualidade a crianças com todos os níveis de deficiência,
tanto em escolas tradicionais quanto especiais.
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Ainda, o autor ressalta que já existem diversas experiências positivas em


andamento, muitas das quais tomadas como óbvias e não-relatadas. Vários
professores já estão ensinando de maneira inclusiva. No entanto, é preciso ressaltar
o quanto necessitam de treinamento adicional.
Como afirmam Coll, Marchesi e Palacios (1995, p. 23):

A predisposição de professores para a integração de alunos com problemas


de aprendizagem, especialmente se esses problemas são graves e têm um
caráter permanente, é um fator normalmente condicionante dos resultados
que se obtém. Uma atitude positiva é já um primeiro passo importante que
facilita a educação desses alunos em uma escola integradora .

Este pensamento, nos remete ao fato de que são os professores que têm o
papel preponderante na atuação com o Aluno com Necessidades Educativas
Especiais (ANEEs). Entendê-los também, pode nos ajudar na compreensão de uma
possível Educação para todos, mais flexível, produtiva e, especialmente, voltada
para a justiça social. Para podermos aprofundar nessa linha de raciocínio e de
conhecimento, temos de conhecer a história, na qual a exclusão, o preconceito e a
rejeição foram constantemente invocados e presentes e, por esse caminho, chegar
ao que hoje desejamos e propomos.
A constatação da problemática e o dilema da Educação Inclusiva colocam,
como prioridade, a necessidade de formação de professores, que deveriam centrar-
se em saber como trabalhar na aula e que inclua, portanto, a aprendizagem de todas
aquelas habilidades e estratégias para planejar convenientemente o trabalho em
aula: programações gerais e específicas; adaptações curriculares; metodologia(s);
organização de tempo e espaço em sala de aula; processos de avaliação; técnicas
de trabalho diversificadas; e diferentes estratégias de intervenção em função dos
problemas de aprendizagem.
Enfim, a confiança e a motivação do professor em sua tarefa é uma variável
fundamental que favorece as atitudes e manifestações positivas, ao defrontar-se
com a integração e a inclusão, que levem a repercussões em todo processo
educativo dos seus alunos.
De acordo com Stainback (1999), os educadores precisam ter uma visão
crítica do que está sendo exigido de cada aluno.
Embora os objetivos educacionais básicos, para todos os alunos, possam
continuar sendo os mesmos, os objetivos específicos da aprendizagem curricular
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podem precisar ser individualizados para serem adequados às necessidades, às


habilidades, aos interesses e às competências singulares de cada aluno.
A autora afirma também, que os professores das salas inclusivas podem
precisar aumentar suas habilidades no manejo dos relacionamentos entre professor
e aluno.
Compreendemos que essas habilidades de comunicação não são fáceis de
desenvolver. Elas se dão somente através da aprendizagem autodirigida. Também,
a capacitação dos colegas e a capacitação formal são recomendadas para aqueles
professores que têm dificuldades quanto à aquisição das habilidades para construir
relacionamentos entre aluno e professor através de abordagens de comunicação,
pois os relacionamentos entre os alunos representam uma área adicional que os
professores precisam desenvolver nas classes inclusivas.
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3 PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS VERSUS PORTADOR DE NE-


CESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

A escola inclusiva consiste na aprendizagem em conjunto, trabalhando as


dificuldades ou diferenças que possa haver entre os educadores.

Baseando-se nesta linha de raciocínio, faz-se necessário esclarecer essas


diferenças que normalmente classifica o indivíduo como Portador de Necessidades
Especiais e Portadores de Necessidades Educativas Especiais.Ambas são
abrangentes.
Segundo Carvalho, necessidades especiais podem ser consideradas como
exigências de um indivíduo, em decorrência da falta ou da privação nas condições
orgânicas ou psicológicas, estruturais ou funcionais, que se manifestam no cotidiano
(1998 p.105). Ao referir a escolarização, “utiliza-se o termo Pessoa Portadora de
Necessidades Educativas Especiais”, pois indica que elas se manifestam no âmbito
da educação, apresentam problemas na aprendizagem.
Sassaki coloca a expressão (termo) necessidades especiais, num sentido
mais amplo para substituir o modo pejorativo das palavras (termo) Portadores de
Deficiência, pois as Necessidades Especiais não devem ser sinônimos de
Deficiências (mentais, aditivas...) (1997.p.15).
Deve-se procurar entender que a intensificação de Necessidades Especiais
do Indivíduo é de extrema importância quando uma necessidade não é satisfeita, ela
interfere na qualidade de vida. Quer-se uma escola para todos devemos analisar,
compreender e saber trabalhar em conjunto de maneira flexível, respeitando, o
tempo e as diferenças que cada pessoa possui.

3.1 CONCEITUANDO INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO

Baseando-se em algumas referências bibliográficas pode-se obter uma base


sob o conceito de Integração e Interação na Educação Inclusiva.
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Escolas regulares com orientação inclusiva constituem os meios mais


eficazes de combater atitudes discriminatórias criando comunidades acolhedoras,
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos.
Os principais desafios para uma Educação Inclusiva de qualidade:
Compromisso; Responsabilidade; Desejo; Sensibilidade; Acreditar; Respeito;
Solidariedade; Transformação; Conhecimento; Interação; Criatividade; Parceria;
Democracia; Descentralização; Ideologia; Sentimento; Acolhimento; Aprendizagem;
Participação; Recursos; Organização; Formação; Reflexão; Ousadia; Ações
Uma sociedade ou escola inclusiva não prepara para a vida. Ela é a própria
vida... Que flui devendo possibilitar, do ponto de vista político, ético e estético, o
desenvolvimento da sensibilidade e da capacidade crítica e construtiva dos
alunos/cidadãos que nela estão, em qualquer das etapas do fluxo escolar ou das
modalidades de atendimento oferecidos.
Segundo Carvalho,

[...] integração é um processo dinâmico de participação das pessoas num


contexto relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais (...) A
integração implica em reciprocidade. E sob o enfoque escolar é processo
gradual e dinâmico que pode tomar distintas formas de acordo com as
necessidades e habilidades dos alunos (1998 p.18).

As pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais, também


podem desempenhar seus papéis na sociedade (estudar, trabalhar, viajar), inserir-se
na sociedade das pessoas ditas “normais”, neste caso a comunidade deve andar
lado a lado com as pessoas com necessidades especiais.
Fonseca (1995, p. 210) mostra que a..

[...] integração visa programar para cada objetivos pedagógicos


concomitantes com as suas necessidades e desejos, eliminando rótulos e
individualizando os seus problemas (...)“(...) integração é falar em novas
alternativas e em novas vias, falar em desenvolvimento (1995, p. 210).

Uma sociedade que visa à cidadania deve possibilitar a integração da pessoa


com necessidades especiais na comunidade, na escola, enfim adaptando-se as
necessidades que esta pessoa precisa.
De acordo com a Revista Integração-Ministério da Educação e do Desporto/
Secretaria de Ed. Fundamental-Jan/fev/Mar/92 – Ano 4- n o 8:
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Integração é [...] possibilidade de que a pessoa com necessidades especiais


devido à deficiência ou problemas em seu desenvolvimento vivo e conviva
com as demais pessoas de sua comunidade. A integração deve desenvolver
todas as potencialidades da pessoa portadora de necessidades especiais
educacionais assim como as de qualquer outra pessoa que não seja
portadora de deficiência, tanto na escola como na comunidade. (1992,
p.13).

Para Sassaki, integração significa “(...) inserção da pessoa deficiente


preparada para conviver na sociedade(...)e inclusão (...) modificação da sociedade
como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu
desenvolvimento e exercer a cidadania.” (1997, p.43)
Considerando as referências bibliográficas aqui pesquisadas, pode-se dizer
que a diferença entre a Inclusão, Integração e Interação é que:
- Inclusão: a escola e a sociedade estão adaptadas, interadas às
necessidades das pessoas portadoras de deficiência;
- Integração: é a pessoa portadora de necessidades educacionais especiais
estando adaptada, interada à escola e a sociedade;
- Interação é a relação que este indivíduo tem com o grupo social ao qual está
inserido, integrado, incluído.
Então o processo educacional deve prever as diversidades do grupo que irá
integrar o espaço escolar como também prever as interações sociais deste grupo.

3.2 INCLUSÃO SOCIAL

A inclusão social é o processo pelo qual a sociedade e o portador de


deficiência procuram adaptar-se mutuamente, tendo em vista a equiparação de
oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para todos. A inclusão significa
que a sociedade deve adaptar-se às necessidades da pessoa com deficiência para
que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos de sua vida. A Educação
Inclusiva faz parte de um contexto maior que é o da própria sociedade. É por isso
que ela não pode ser reduzida apenas à quebra dos processos de exclusão e de
marginalização dos sujeitos, na escola.
O ser humano é aquilo que ele vive, a sua forma de vida depende de como os
outros seres em conjunto se organizam, este conjunto é chamado de sociedade.
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Toda pessoa com necessidades especiais encontra barreiras na sociedade,


não são tratados igualmente como os demais, apesar de terem as necessidades
comuns de todos os seres humanos. De tudo que o portador de deficiência tem
direito na sociedade, como: lazer, esporte, vestuário, educação, moradia, transporte,
alimentação, deve ser acessível a este, para que possa alcançar uma qualidade de
vida igual ao de outras pessoas ditas normais.
Para Sassaki, por volta dos anos 80, “[...] não se conhecia a inclusão e sim a
integração, ambas caminham para a mesma idéia, mas são realmente diferentes na
sua forma de organização” (1997, p.22).
As primeiras tentativas sobre a inclusão social aconteceram há muito tempo,
nos anos 80, aconteceu em países mais desenvolvidos, na década de 90 em países
em desenvolvimento, agora, no século XXI, desenvolve-se em quase todas as
partes do mundo, sendo aplicado em todo o sistema social. Com a idéia de que tudo
que existe é para e é de todos não importando o ambiente em que se encontra. E
quando todas as sociedades realmente adotarem a inclusão acontecerá à sociedade
de todos a sociedade inclusiva.
Portanto, percebe-se que a inclusão é modelo de outros países que, devagar
foi sendo aplicada no Brasil.
A referência do conceito de sociedade Inclusiva a respeito dos assuntos de
deficiência vem crescendo diariamente, no início, os textos foram traduzidos no
português, por exemplo, Werneck, que colaborou muito com este trabalho.
As escolas, por sua vez, devem buscar formas de educar as crianças,
bemsucedidamente, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas, embora
já exista um consenso emergente de que crianças e jovens com necessidades
educacionais especiais devam ser incluídas em arranjos educacionais feitos para a
maioria delas, que é a escola inclusiva. Porém, o desafio que confronta a escola
inclusiva se embasa, no que diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia
centrada na criança, incluindo, como já foi ressaltado, aquelas que possuem
desvantagens severas.
O mérito dessas escolas não reside somente no fato de que elas sejam
capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas as crianças, e sim de
estabelecer um passo crucial no sentido de modificar atitudes discriminatórias, de
criar comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva.
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A Organização das Nações Unidas –ONU-foi à primeira em expressar uma


sociedade para todos, este assunto está registrado na resolução 45/91 da
assembléia Geral das Nações Unidas, onde a meta é uma sociedade para todos e
até de 2010, será conhecido como sociedade inclusiva, em média isto deverá ser
desenvolvido em prazo de 20 anos, neste caso, estamos na metade. Assim,
segundo, a ONU, citada por Sassaki, diz que:

[...] sociedade inclusive precisa ser baseada no respeito de todos os


direitos humanos e liberdades fundamentais, diversidade cultural e religiosa,
justiça social e as necessidades especiais de grupos vulneráveis e
marginalizados, participação democrática e a vigência do direito (1997,
p.166-167).

A ordem para se chegar a essa sociedade inclusiva não se deu por acaso, é
resultado de fatores e tendências irreversíveis. A trajetória, dentro das deficiências,
teve início com a exclusão social total, passando para o atendimento especializado
segregado e depois para a integração social.
Portanto, Sassaki conceitua a inclusão social:

Como processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus
sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas preparam para assumir seus papéis na sociedade,
A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas,
ainda excluídas, e a sociedades buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidade
para todos. (1997, p.41).

A inclusão social parte do princípio de que a sociedade é para todos, no


qual se respeite a diversidade da raça humana, atender as necessidades da maioria
e minoria, na qual caberá a educação, e mediação desse processo.
A sociedade inclusiva traz implícita a idéia de mobilização de todos os
segmentos na busca do bem-estar amplo das pessoas consideradas deficientes.
São necessárias transformações íntimas, quebrando barreiras cristalizadas,
censuradas em torno dos grupos.
Portanto, a mobilização da sociedade como um todo, ao estabelecer um
real processo de inclusão social, definirá claramente o direito das pessoas
portadoras de deficiência a viver tão normal quanto lhes seja possível, sem que a
segregação provenha de nenhum aspecto relativo ao sistema social.
Por isso, é que a sociedade inclusiva além de garantir espaço para todos os
indivíduos, sem prejudicar ninguém, permite que se viva bem, dentro das
18

possibilidades couber a cada um. Além de garantir este espaço adequado para
todos, ela valoriza que a diversidade humana é cheia de diferenças e se destaca na
importância de pertencer, de conviver, e de cooperar para que viva melhor e com
satisfação.
As primeiras tentativas sobre a inclusão social aconteceram há muito tempo,
nos anos 80, aconteceu em países mais desenvolvidos, na década de 90 em países
em desenvolvimento, agora, no século XXI, desenvolve-se em quase todas as
partes do mundo, sendo aplicado em todo o sistema social. Com a idéia de que
tudo que existe é para e é de todos não importando o ambiente em que se encontra.
E quando todas as sociedades realmente adotarem a inclusão acontecerá à
sociedade de todos a sociedade inclusiva.
Portanto, percebe-se que a inclusão é modelo de outros países que, devagar
foi sendo aplicada no Brasil.
A referência do conceito de sociedade Inclusiva a respeito dos assuntos de
deficiência vem crescendo diariamente, no início, os textos foram traduzidos no
português, por exemplo, Werneck, que colaborou muito com este trabalho.
A Organização das Nações Unidas –ONU- foi a primeira em expressar uma
sociedade para todos, este assunto está registrado na resolução 45/91 da
assembléia Geral das Nações Unidas, onde a meta é uma sociedade para todos e
até de 2010, será conhecido como sociedade inclusiva, em média isto deverá ser
desenvolvido em prazo de 20 anos, neste caso, estamos na metade.
Assim, segundo, a ONU, citada por Sassaki, diz que:

[...] sociedade inclusive precisa ser baseada no respeito de todos os direitos


humanos e liberdades fundamentais, diversidade cultural e religiosa, justiça
social e as necessidades especiais de grupos vulneráveis e marginalizados,
participação democrática e a vigência do direito (1997, p.166-167).

A ordem para se chegar a essa sociedade inclusiva não se deu por acaso, é
resultado de fatores e tendências irreversíveis. A trajetória, dentro das deficiências,
teve início com a exclusão social total, passando para o atendimento especializado
segregado e depois para a integração social.
Portanto, Sassaki conceitua a inclusão social:

Como processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus
sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas preparam para assumir seus papéis na sociedade,
19

A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas,


ainda excluídas, e a sociedades buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidade
para todos. (1997, p.41).

A inclusão social parte do princípio de que a sociedade é para todos, no qual


se respeite a diversidade da raça humana, atender as necessidades da maioria e
minoria, na qual caberá a educação, e mediação desse processo.
A sociedade inclusiva traz implícita a idéia de mobilização de todos os
segmentos na busca do bem-estar amplo das pessoas consideradas deficientes.
São necessárias transformações íntimas, quebrando barreiras cristalizadas,
censuradas em torno dos grupos.
Pois, deveríamos ver a deficiência pela bengala, as muletas, as cadeiras de
rodas, os aparelhos \auditivos, enfim pelos instrumentos que o portador de
deficiência precisa, mas não pela pessoa, que às vezes, com alguma deficiência
adapta-se mais em atividades por determinadas habilidades que as pessoas ditas
normais, centralizá-las e ajudar a desenvolver ainda mais as suas capacidades e
habilidades e não, jamais, suas limitações.
Portanto, a mobilização da sociedade como um todo, ao estabelecer um real
processo de inclusão social, definirá claramente o direito das pessoas portadoras de
deficiência a viver tão normal quanto lhes seja possível, sem que a segregação
provenha de nenhum aspecto relativo ao sistema social.
Por isso, é que a sociedade inclusiva além de garantir espaço para todos os
indivíduos, sem prejudicar ninguém, permite que se viva bem, dentro das
possibilidades couber a cada um. Além de garantir este espaço adequado para
todos, ela valoriza que a diversidade humana é cheia de diferenças e se destaca na
importância de pertencer, de conviver, e de cooperar para que viva melhor e com
satisfação.
20

4 CONCEITOS INCLUSIVOS

Para Jiménez (1997), a priori, uma educação especial integrada, bem


planificada, com programas e serviços adequados, deverá oferecer um conjunto de
vantagens para todos os membros implicados: às crianças com necessidades
educativas especiais, porque lhes possibilita um maior desenvolvimento intelectual e
progressos nas aprendizagens; aos alunos normais, porque os torna mais tolerantes
e sensíveis ao proporciona-lhes experiências positivas de convivência; para os
professores, a integração pode também trazer vantagens, na medida em que
significa uma troca e renovação que atualizará e melhorará a sua formação; à
escola, também a integração pode representar um benefício, pois supõe uma
melhoria e enriquecimento no âmbito escolar em geral; aos pais das crianças
normais, assim como aos pais das crianças deficientes que se beneficiam da
integração ao torná-los participantes de um processo educativo que enriquece a
todos, tornando-os mais tolerantes, informados e colaboradores; à sociedade, que
com sua atitude, favorece a integração escolar, convertendo-se numa sociedade
aberta em que é possível a convivência e onde todos os membros encontram um
lugar para participar na resolução dos seus problemas e na sua própria evolução.
Quais são os alunos portadores de necessidades educativas especiais? São
os portadores de deficiência física, mental, auditiva e visual, os portadores de altas
habilidades, e os portadores de condutas típicas de síndromes.
Alguns especialistas alegam que o termo portadores de necessidades
educativas especiais por ser muito amplo permite a introdução de todo e qualquer
aluno neste grupamento visto que todos apresentam necessidades a serem
atendidas.
Entende-se, no entanto, que esta terminologia traz para a Educação Especial
uma mudança de enfoque de ordem conceitual. Quando se fala em aluno deficiente,
enfatiza-se somente a problemática do aluno em si, o mesmo não acontecendo
quando se emprega o termo necessidades educativas especiais. Neste caso, além
21

de se deslocar o olhar da deficiência para a possibilidade existe a preocupação com


a resposta educativa que visa atender às necessidades existentes.

4.1 CONCEITOS: ROMPENDO COM OS ESTEREÓTIPOS

O modelo de Deficiência Médica segundo a Cooperativa de vida,


Independente de Estocolmo (STIL) da Suécia, citada por Sassaki (1997, p.28),
afirma que: Uma das razões pelas quais a pessoa deficiente está exposta á
discriminação é que os diferentes são freqüentemente declarados doentes. Este
modelo médico da deficiência nos designa o papel desamparado e passivo de
pacientes, no qual são considerados dependentes do cuidado de outras pessoas,
incapazes de trabalhar, isento de deveres normais, levando vidas inúteis, como está
evidenciado na palavra ainda comum “inválido” (sem valor)  em latim (STIL, 1990,
p.30).
Este pensamento era comum antigamente, nos dias atuais, em novos tempos
à realidade é diferente, quase que ao contrário, se toda sociedade acreditar no
potencial, valorizar e reconhecer a pessoa portadora de algum tipo de deficiência,
será efetivada seu conhecimento enquanto pessoa.
Pois, a deficiência não é considerada como doença, seja ela qualquer
categoria. Dependendo da situação podem-se procurar especialistas para
habilitação ou reabilitação.
O portador de deficiência deve levar uma vida normal e deve ter controle
sobre ela, para que possa atender suas necessidades pelas suas habilidades
existentes dentro de suas capacidades.
A integração social surge para derrubar a prática da exclusão social que
acontecia de maneira total, onde todas as pessoas deficientes eram excluídas da
sociedade como no modelo médico, já citado pela STIL. Casas de abrigos para
idosos e doentes acolhiam as pessoas deficientes e lhes forneciam o que era
necessário para tal momento. Até a década de 60, onde aconteceu o boom e no
meio final desta década começou a inserir os deficientes nos sistemas sociais
gerais, oferecendo tudo o que a sociedade negava anos atrás, surgindo também a
especialização de profissionais na área.
22

Programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de


considerar a vasta diversidade de tais características e necessidades,
sendo que aqueles com necessidades especiais devem ter acesso à escola
regular, a qual deveria acomodá-lo dentro de uma pedagogia centrada na
criança, capaz de satisfazer a tais necessidades (MENDES, 2002, p. 21)

O objetivo da integração social é utilizar a plenitude da sociedade, que


significa o acesso à educação e as condições para ela permanecer e produzir
culturalmente, de ingressar no mercado de trabalho e participar de atividades
recreativas, esportivas, culturais, comunitárias e sociais, que permita à pessoa a
vivência na rotina da corrente normal de vida.
No processo de inserção das pessoas com deficiência no ambiente social ao
longo da história, surgiu o termo normalização.
A normalização, segundo Mendes, citado por Sassaki (1997, p.31), tinha o
princípio “o pressuposto básico, a idéia de que toda pessoa portadora de deficiência,
principalmente as portadoras de deficiência mental tem o direito de experimentar um
estilo de padrão de vida que seria comum ou normal a sua própria cultura”.
No princípio da década de 80, a educação especial desenvolveu o princípio
de Mainstreaming, que significa levar os alunos o mais possível para os serviços
educacionais disponíveis na corrente principal da comunidade.

Nesta tentativa de integração, o aluno nunca estudava e nunca pertencia à


mesma turma, mas pelo menos ele estudava numa escola comum, embora
se tratasse de uma simples colocação física dele em várias salas comuns. E
sabemos que a prática do mainstreaming correspondia ao que hoje
consideramos integração de crianças e jovens que conseguem acompanhar
aulas comuns sem que a escolas tenha uma atitude inclusiva. De certa
forma, esta prática estava associada ao movimento de
desinstitucionalização (SASSAKI, 1997, p.33).

Neste caso, Mainstreaming e Normalização em seus conhecimentos e


experiências de integração é que surgiu a idéia de inclusão e da equiparação de
oportunidades, igualdade das oportunidades e de cada um, dando acesso a todos,
nos serviços sociais disponíveis para todos os cidadãos.

4.1.1 Autonomia, Independência, Empowerment (Emponderamento)

Os significados de autonomia e independência, por ser de igual valor tem


significados diferentes dentro de movimentos dos portadores de deficiência.
23

Segundo Guimarães, citado por Sassaki (1997, p.36), a definição de


autonomia foi adaptada por ele de um conceito “Autonomia é a condição de domínio
no ambiente físico e social, preservando o máximo a privacidade e dignidade da
pessoa que exerce”.
A pessoa deficiente tendo ou não autonomia, possuindo maior ou menor
controle em diversos ambientes físicos e sociais que ela queira e/ou necessite
freqüentar para atingir seus objetivos. Assim o grau de autonomia resulta pelo
interesse e necessidade que a deficiente precisa de acordo com cada ambiente.
Tudo por ser modificado e desenvolvido. “A independência é a faculdade de decidir
sem depender de outras pessoas”. (SASSAKI, 1997, p.36).
A quantidade e a qualidade de informações de uma pessoa deficiente podem
torná-la mais ou menos independente. Também na tomada de decisão sua
autodeterminação e ou a prontidão para desenvolver situações de seu interesse,
podendo estes ser sociais ou econômicos. Tal comportamento diante das situações
da vida deve ser desenvolvido o mais cedo possível.
Portanto, uma pessoa deficiente pode não ter autonomia sob um determinado
ambiente, devido as suas limitações, necessidades e ajuda, mas pode ser
independente na tomada de decisão para resolver o seu problema.
O Empowerment é um termo em inglês que foi mantido sem tradução e, em
Portugal se traduz emponderamento, que quer dizer: fortalecimento, potencialização,
está energização. Esta palavra se torna comum, diariamente, na literatura mundial.
Para Sassaki (1997, p.38) Empowerment significa “processo pelo qual uma
pessoa, ou grupo de pessoas, usa poder inerente a sua condição - por exemplo:
deficiência, gênero, idade, cor - para fazer escolhas e tomar decisões, assumindo
assim o controle de sua vida”.
Todos nós, mesmo com ou sem deficiência, já nascemos com os poderes
pessoais, essenciais a cada condição de vida e que nos acompanha a cada dia, só
que a sociedade não tem consciência disso e em conseqüência faz escolhas,
assume decisões de vida dos deficientes, tirando-lhe a autonomia e independência
sobre si mesmo.
24

4.1.2 Equiparação de Oportunidade

Existem várias definições para a equiparação de oportunidades, mas todas


têm seu teor implícito  o princípio “a igualdade e a plena participação” do indivíduo
na sociedade. (PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL PARA AS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA, 1997, p.117).
Em algumas sociedades os portadores de deficiência são deixados de lado,
como se não existissem, só são “valorizados” os indivíduos que estão em pleno
gozo de todas as suas faculdades físicas e mentais. Mas é preciso que os
reconheça, pois:

[...] o princípio da igualdade de direito entre pessoas com ou sem


deficiência”, significa que as necessidades de todo o indivíduo são da
mesma importância, que as necessidades devem constituir a base do
planejamento social e que todos os recursos devem ser empregados de
maneira que garantam igual oportunidade de participação de todo indivíduo.
Todas as políticas relativas à deficiência devem assegurar o acesso das
pessoas com deficiência a todos os serviços da comunidade (PROGRAMA
DE AÇÃO MUNDIAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, 1997), p. (18).

Sendo que todo indivíduo, diferente ou não, possui direitos iguais a todos,
deveres, as obrigações também são iguais.
Os indivíduos portadores de deficiência devem fazer parte, sempre que
possível dos serviços gerais dentro do próprio país ou de outros países, desde que
seja acessível a sua deficiência. Não é necessário ser exclusivamente do governo,
mas em entidades públicas de diversos níveis, as organizações não governamentais
ou as empresas. Recebendo assim, oportunidades de trabalho e de formação
profissional com remuneração e não pensões de aposentadorias, pagas pelo
governo, isso só em último caso.
Para Sassaki (1997 p.41),

[...] é fundamental a equiparação de oportunidades para todas as pessoas,


incluindo as portadoras de deficiência, para que possam ter acesso a todos
os serviços, ambientes naturais, em busca de realização de seus sonhos e
objetivos.

Portanto o ensino deve ser fornecido no sistema normal. O trabalho deve ser
proporcionado mediante o emprego aberto e a moradia facilitada, da mesma forma
que a população geral.
25

5 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

Os alunos com necessidades educativas especiais aprendem através dos


mesmos recursos metodológicos empregados com os demais alunos embora, em
alguns casos, adequações destes recursos sejam necessárias com o objetivo de
atender às necessidades especiais dos alunos.
É bem verdade que no trabalho com portadores de deficiência auditiva vários
métodos foram elaborados - orais, gestuais, mistos - mas com o objetivo apenas de
desenvolver linguagem. Mesmo assim, atualmente, para atender a este objetivo
específico a tendência é superar o emprego de métodos, por se acreditar que se
torna muito restritivo.
No trabalho escolar, portanto, não existem métodos de atuação com alunos
cegos, surdos, portadores de deficiência mental, etc. O que os alunos portadores de
necessidades educativas especiais necessitam, tanto quanto os demais alunos, é
que tenham acesso a uma aprendizagem significativa, vivenciando um processo de
interação dialógica, com professores que assumam o papel de mediadores deste
processo e propiciem espaços de mediação constantes, permitindo que as
necessidades sejam atendidas.
Os alunos portadores de necessidades educativas especiais utilizam,
geralmente, os mesmos recursos materiais que os demais alunos.
Existem, no entanto, alguns recursos materiais que auxiliam os alunos
portadores de necessidades educativas especiais, tais como: as próteses auditivas e
os aparelhos de amplificação sonora para os portadores de deficiência auditiva; a
máquina Perkins para imprimir o código Braille e o sorobã (ábaco) para a contagem
matemática para portadores de deficiência visual, assim como as mesas, cadeiras e
outras adaptações elaboradas para os portadores de deficiência física. Tais
adaptações devem ser pensadas a partir das necessidades especiais de cada um
dos alunos pois um portador de deficiência física nem sempre apresenta as mesmas
necessidades de um outro aluno que aparentemente apresenta necessidades
semelhantes.
26

5.1 AS POLITICAS EDUCACIONAIS VOLTADAS A EDUCAÇÃO ESPECIAL

Por Educação Especial entende-se como um processo educacional,


proposta pedagógica, assegurando recursos e serviços educacionais
especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar,
suplementar, e/ ou substituir os serviços educacionais comuns, de modo a
garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais
especiais, em todos os níveis, etapas e modalidades da educação (BRASIL,
2001).

A Educação Especial tem sido concebida, tradicionalmente, como destinada


apenas ao atendimento de alunos com deficiências; condutas típicas de síndromes e
quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos, bem como de alunos que
apresentam altas habilidades/ superdotação.
Com a adoção do conceito de necessidades educacionais especiais,
atualmente, é afirmado o compromisso com uma nova abordagem que vislumbra a
inclusão.
A deficiência é representada por um adjetivo, a incapacidade por um verbo no
infinitivo e a desvantagem pelo papel de sobrevivência no meio social: Deficiência:
da visão; física; Incapacidade: de ver; de locomoção; Desvantagem: de
orientação; independência/mobilidade.
Segundo a LDB – Lei de Diretrizes de Base da Educação, Resolução 2/2001-
SNE/CEB e parecer17/2201-CNE-CEB, em seu art. 58 diz: ‘’Entende-se por
Educação Especial, para os efeitos desta lei, modalidade de educação escolar,
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores
de necessidades especiais.
A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem ínicio na
faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59 Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
27

II- terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiência, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para super dotado;
IV- educação especial para o trabalho, visando sua efetiva integração na vida
em sociedade, inclusive condições adequada para os que não revelarem
capacidade de inserção no trabalho competitivo,mediante articulação com órgãos
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
áreas artística, intelectual ou psicomotor;

Por educação especial modalidade de educação escolar – conforme


especificado na LDBEN e no Decreto n° 3.298, de 20 de dezembro de
1999, art. 24, & 1°- entende-se um processo educacional definido em uma
proposta pedagógica , assegurando um conjunto de recursos e serviços
educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar,
completamente, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços
educacionais comuns de modo a garantir a educação escolar e promover o
desenvolvimento das potencialidades dos educando que apresentam
necessidades especiais,em todos os níveis, etapas e modalidade da
educação (MAZZOTTA, 1998, p. 56).

A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais


especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física
desses alunos junto aos demais educandos. Mas representa a ousadia de rever
concepções e paradigmas, bem como desenvolver potencial dessas pessoas,
respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades.
Assim, a escola deve assumir o papel de propiciar ações que favoreçam
determinados tipos de interações sociais, definindo em seu currículo, uma opção por
práticas heterogêneas e inclusivas... Dessa forma não é o aluno que se amolda ou
adapta a escola, mas, ela que, conscientiza de sua função, coloca-se a disposição
do aluno, tornando-se um espaço inclusivo.
Torna-se realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se efetuará por
decreto, sem que se avaliem as reais condições que possibilitem a inclusão
planejada, gradativa e contínua de alunos com necessidades especiais nos
sistemas de ensino. Deve ser gradativa, por ser necessário que tanto a educação
especial com o ensino regular possam ir se adequando à nova realidade
educacional, construindo políticas, práticas institucionais e pedagógicas que
garantam o incremento da qualidade do ensino, que envolva alunos com ou sem
necessidades educacionais especiais...
28

5.2 LDB

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394,


promulgada em 20/12/96 institui a Educação Especial no capítulo V, este se compõe
de três artigos.
No artigo 58, Demerval Saviani coloca o seguinte: “este artigo apresenta o
entendimento dessa área como uma modalidade de educação escolar que deve
situar-se preferencialmente na rede regular de ensino (caput), determina a
existência, quando necessário, de serviços de apoio especializado (parágrafo
primeiro), prevê o recurso a classes, escolas ou serviços especializados quando não
for possível a integração nas classes comuns (parágrafo segundo) e estabelece que
sua oferta lhe dará já a partir da educação infantil (parágrafo terceiro” Livro: Nova Lei
da Educação. p.217-218.
O artigo 59 determina que os sistemas de ensino devem assegurar a forma
adequada a organização de trabalho pedagógico com o objetivo de atender as
necessidades específicas previstas nestes incisos.
Ainda segundo Saviani, o artigo 60 refere-se aos atributos dos órgãos
normativos dos sistemas de ensino a definição de critérios para apoio técnico e
financeiro do Poder Público as entidades sem fins lucrativos exclusivamente
dedicados a Educação Especial, porém, que, qualquer caso, a alternativa
preferencial será a ampliação do atendimento na própria rede regular de ensino.
Texto da Lei nº 9394/96  
Artigo 58 - Entende-se por educação especial, para efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos com necessidades especiais.
§ 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º - O atendimento educacional será feito em classes, escolas e serviços
especializados, sempre que, em função das específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º - A oferta de educação especial, dever constitucional de Estado, tem
início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
29

Artigo 59 - Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com


necessidades especiais.
I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender as suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderam atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, a aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para
os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino médio regular
capacitados para educação desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando sua efetiva integração na
vida social, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade
de inserção, trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
bem como para aqueles que apresentam habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível de ensino regular.
Artigo 60 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão
critérios de caracterização de instituições privadas, sem fins lucrativos,
especializadas e com atuação exclusiva especial, para fins de apoio técnico e
financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo Único - O poder público adotará, como alternativa principal, a
ampliação ao atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria
rede pública regular de ensino, independentemente do apoio as instituições
previstas neste artigo.

5.3 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

Esta declaração foi aprovada a partir de uma conferência em Salamanca, na


Espanha, entre 07 e 10 de junho de 1994, onde reuniram-se mais de 300
representantes de 92 governos e de 25 organizações internacionais, todos com o
mesmo ideal: “promover a educação para todos”, partem do princípio de integração,
30

em que as instituições incluem todo mundo, reconhecendo suas diferenças,


atendendo as necessidades de cada um e conseqüentemente promovendo
aprendizagem.
Tal documento traz várias recomendações para educadores e a sociedade
em geral (cujo intuito é promover a inclusão na educação):

Cremos e proclamamos que as pessoas com necessidades educativas


especiais devem ter acesso as escolas comuns que deverão integrá-las
numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas
necessidades; As escolas comuns, com essa orientação integradora
representam o meio mais eficaz de combater atitudes descriminatórias, de
criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e de
dar educação para todos, além disso, proporcionam uma educação efetiva a
maioria das crianças e melhoram a eficiência e certamente a relação custo
benefício de todo sistema educativo” (p.10).

O item nº 15 desta declaração coloca que:

[...] a Educação integrada e a reabilitação apoiada pela comunidade


representam dois métodos complementares de administrar o ensino a
pessoas com necessidades educativas especiais. Ambas se baseiam no
princípio da integração e participação e representam modelos bem
comprovados e muito eficazes em termos de custo para fomentar a
igualdade de acesso das pessoas com necessidades educativas especiais,
que faz parte de uma estratégia nacional, cujo objetivo é conseguir
educação para todos (p.29).

Quanto à questão do conhecimento o item nº 30 estabelece que “a aquisição


de conhecimento não é apenas uma simples questão de instrução formal e retórica.
O conteúdo do ensino deve atender as necessidades do indivíduo, a fim de
poderem participar plenamente no desenvolvimento. A instrução deve ser
relacionada com a própria experiência dos alunos e com seus interesses concretos,
para que assim se sinta, mais motivados” (p.34).

5.4 RENOVAÇÃO DA ESCOLA

Amparados por lei, os educandos portadores de necessidades educativas


especiais devem freqüentar e fazer parte do ensino regular, da escola. Para tanto,
há muitas pessoas preocupadas na inclusão desses educandos e exigem do ensino
uma reforma, uma reestruturação e conseqüentemente uma renovação nas escolas.
31

A reforma abrangente da escola envolve dois componentes. O primeiro é


uma visão firme de como as escolas poderiam e deveriam ser. A exigência
primordial é conseguir imaginar as escolas de outra maneira - não -
estratificadas pela capacidade, não apegada a um currículo fixo, bem
equipadas, com professores inovadores e engajados, bem apoiados. Mas o
segundo componente essencial de uma ampla reforma escolar, em
oposição a uma inovação do programa ou a alguma improvisação da
escola, e uma agenda compartilhada, o entendimento de que o ajuste da
escola, a algumas crianças, deve significar o ajuste da escola para todas as
crianças  (SAPON-SHEVIN, 1995, apud SCHAFFNER; BUSWELL, 1997, p.
69).

A inclusão não se refere apenas aos alunos com deficiência, mas a todos, e
este é o desafio enfrentado por alunos, por educadores e pela escola, em
desenvolver e praticar um trabalho coletivo, sem fragmentação, para melhor atender
as diferentes necessidades dos alunos.
Para atingir o sucesso da inclusão as escolas devem transformar-se em
comunidades conscientes. Sergiovanini (1994), descreveu a importância da
comunidade para o ensino.

A comunidade é o vínculo que une os alunos aos professores de maneira


especial, há algo mais importante do que eles próprios: Valores e ideais
compartilhados. Eleva tanto os professores quanto os alunos a níveis mais
elevados de auto conhecimento, de compromisso e de desempenho - além
do alcance dos fracassos e das dificuldades que enfrentam em suas vidas
cotidianas. A sua comunidade pode ajudar os professores e os alunos a
serem transformados de uma coleção de "eus", em um "nós" coletivo,
proporcionando-lhes assim um sentido singular de identidade, de pertencer
ao grupo e a comunidade”. Desta forma o trabalho coletivo proporciona
oportunidades de convivência, de amizade, de aprender maneiras
prazerosas, de estar juntos e crescer academicamente.

Na renovação da escola “todos” possuem o seu papel de contribuir para a


educação, alunos, professores, zeladores, diretores, etc, enfim todos que fazem
parte da escola, pois a “educação acontece no contato com os outros, e as
potencialidades e facilidades das pessoas moldam a extensão e a textura do
crescimento de cada um de nós”.
Numa avaliação sobre o Tratado de Salamanca, pode-se resumir: A EI Ajuda
a quebrar o ciclo da exclusão; Permite a permanência das crianças nas suas
comunidades; Melhora a qualidade do ensino para todos; Supera a discriminação;
Promove uma inclusão mais ampla; Quem incluir? Como incluir? Qual o tipo de
clientela que nos espera? Quais as potencialidades com que vamos trabalhar?
Deficiências X Síndromes; Quais deficiências afetam a cognição? Toda síndrome
implica em dificuldade de aprendizado?
32

A busca de uma definição sobre inclusão tem sido objeto de investigação


entre os estudiosos que se preocupam com o tema. Entretanto, por ser uma área de
interesse de vários profissionais parece ser uma tarefa complexa.

5.5 ESCOLA INCLUSIVA

A escola inclusiva é um espaço para todos, ou seja, exige um sistema


educacional que reconheça e se prepare para atender as diferenças
individuais, respeitando as necessidades de todos os alunos, sejam elas
físicas, psíquicas, emocionais, econômicas e sociais. Deve-se pensar não
somente em incluir o aluno nas classes regulares, e sim ajudá-lo aos
demais, bem como os professores, principalmente integrá-los no processo
de aprendizagem. (CARVALHO, 1998, p.170)

A função social da escola vai muito além da transmissão de conhecimentos


ou conteúdos, desta forma o conhecimento da escola deve sofrer um salto
qualitativo frente as reais exigências da sociedade.
O conceito de escola inclusiva, segundo Blanco (1998, p.10) “está ligado a
modificações da estrutura, do funcionamento e da resposta educativa, de modo que
se tenha lugar para todas as diferenças individuais, inclusive aquelas associadas a
algumas diferenças”.
A escola deve desenvolver um trabalho eficiente e comprometido com a
inclusão, numa perspectiva de que cada ser humano pode e tem direitos de viver
sua cidadania.
O educador tem papel fundamental, tendo seu contato direto com o aluno,
deve assumir uma postura democrática, comprometida com uma educação solidária,
cumprindo seu papel de sujeito histórico na transformação da realidade social.
Segundo Fonseca, “[...] o sistema de ensino terá de equacionar o deficiente
como um ser humano possuidor de um potencial de aprendiz de um perfil intra-
individual e de um repertório de comportamento que tem de ser maximizado e
otimizado pelo próprio processo educacional” (1995, p.202)
A integração não está restrita apenas à classe regular. Existe uma outra
modalidade de integração a classe especial onde os alunos convivem na escola
33

regular com os demais alunos em atividades gerais da escola, como recreio,


merenda e festas.

A integração dos alunos portadores de necessidades educativas especiais nas


escolas regulares é importante porque lhes permite conviver com outros alunos,
estabelecendo trocas importantes para o seu desenvolvimento e vivenciando um
processo semelhante aquele que sempre terá oportunidade de vivenciar
socialmente.
Ao mesmo tempo, a possibilidade de vivenciar a educação de forma integrada
permite que a sociedade perceba de uma outra maneira, mais positivas, estes
alunos o que contribui para que percebam a importância da discriminação.
A integração é um direito conquistado, garantido por lei e referendado pela
Declaração de Salamanca de 1994, onde os delegados da Conferência Mundial de
Educação Especial justificaram a sua importância.
Tão logo seja percebido que a criança necessita de atendimento especial é
necessário que ele se inicie, de modo que, desde cedo, a criança tenha apoio em
seu processo escolar, tendo atendidas suas necessidades.
Não se tratada de um atendimento terapêutico ou de reabilitação de algum
órgão que apresente deficiência. O trabalho está voltado para o desenvolvimento
global do aluno, existindo a preocupação de se desenvolver estratégias que
permitam superar as dificuldades decorrentes do problema especifico que
apresenta. Um aluno surdo, por exemplo, necessitará de um trabalho auditivo e do
desenvolvimento de formas de comunicação que lhe permitam a interação com as
outras pessoas e favorecem ao mesmo tempo o seu desenvolvimento cognitivo
afetivo a formação de estruturas afetivo cognitivas.
Para que o desenvolvimento global do aluno ocorra é necessário que se dê
atenção às suas necessidades especiais sem que este trabalho tenha que ser
realizado isoladamente.

5.5.1 Espaço Escolar


34

Conforme Carvalho (1998, p.179 a 186), quando falamos em espaço escolar,


devemos considerar todo o espaço físico, como sala e demais dependências e
também as atitudes que transitam cotidianamente no interior da escola.
Este é um espaço muito complexo, pois envolvem toda a equipe de infra-
estrutura administrativa, pedagógica, alunos e outros que participam diretamente ou
indiretamente da escola como uma esfera municipal, estadual e federal.
No momento enfocaremos o espaço escolar físico quando se pensa em
propostas inclusivas, logo vemos que para concretizá-las, precisamos de um espaço
adequado para tal.
Não basta colocar o aluno com necessidades educativas especiais na rede
regular de ensino, quando esta não lhe oferece as condições básicas para a sua
permanência e acessibilidade, como rampas bom calçamento, dimensões das
portas, banheiros, sinalizações, etc, estes e vários outros aspectos físicos dificultam
bastante o êxito destas propostas, bem como a presença de um profissional como
facilitador   do incluso para dar suporte ao processo.
Quanto à dimensão atitudinal, esta é responsável pela condução de
processos decisórios relativos à educação escolar de todos os alunos. Ainda hoje
muitos gestores e docentes, olham o aluno portador de necessidade educativas
especiais, com uma visão reducionista e mecanista e que por decisões superiores,
eles devem estar fisicamente incluídos na escola comum, por isso acham que
somente colocando-os no mesmo espaço, estarão atendendo as suas propostas de
inclusão, um erro, eles precisam estar também no espaço atitudinal.
Os próprios professores que atuam na educação especial, sentem-se
excluídos do processo pedagógico, não são solicitados para reuniões que
acontecem nas escolas e na Secretaria de Educação, persistentes ainda em separar
os professores da rede regular de ensino e os da Educação Especial, pois os do
ensino regular também não são solicitados a participar, passando por cima de uma
situação real que envolve não só o espaço escolar especial, e sim toda a sociedade.
Ambos precisam caminhar juntos, formando parcerias.

5.5.2 Quem são os Atores e Autores desse Espaço Escolar?

Os atores que participam do espaço escolar são muitos, alguns do lado de


fora, outros do lado de dentro da escola, enquanto apenas uma minoria se
35

pode dizer que são os autores deste processo. Considerando-se os


principais atores, os alunos, os professores, enfim todo o corpo de
funcionários existentes dentro da escola. A denominação de autores e
atores é dada, devido a um pequeno grupo somente ter o; poder; de decidir
o sistema de ensino da escola toda Dificilmente encontra-se nos intramuros
da organização escolar uma união onde discutem, opinam e decidem juntos
qual o rumo a seguir para fazer uma melhoria na educação de todos, sem
distinção. (CARVALHO, 1998, p.189-190)

5.5.3 Fundamentos do Ensino Inclusivo

O ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos, independentemente de


seu talento, deficiência, origem sócio-econômico, ou origem cultural em
escolas e salas de aulas provedoras, onde todas as necessidades dos
alunos são satisfeitas (STAINBACK, 1999, p.21).

Conforme o autor, as crianças com deficiência, terão uma chance de


preparar-se para a vida social e até profissional com mais facilidades e menos
preconceitos.
Os benefícios do ensino inclusivo são muitos pois envolve os alunos, os
professores e a sociedade em geral, enfim todos que participam direta ou
indiretamente da escola. Nos ambientes integrados as crianças portadoras de
deficiência desenvolvem com ajuda dos demais, a amizade, a compreensão e o
respeito, as diferenças individuais, além de ganharem habilidades acadêmicas e
sociais através da interação professor e aluno, aluno professor.
Geralmente, alcançam preparação para viver em comunidade e não isoladas
como nas turmas segregadas. Para os professores, os benefícios vêm do
aperfeiçoamento e do desenvolvimento das suas habilidades profissionais.
Sem dúvida a razão mais importante para o ensino inclusivo é o valor social
da igualdade, apesar das diferenças individuais, todos nós temos direitos iguais ao
contrário da idéia que passa a segregação. Devido a isto, a sociedade é beneficiada
por várias formas, pelas propostas da inclusão, ou seja, cria-se um pensamento
mais avançado de aceitação social, paz, cooperação e respeito entre todos.

5.5.4 Adaptações Curriculares


36

Quando se fala em adaptações curriculares está se propondo que o professor


estabeleça os recursos necessários a cada um dos alunos visando a constituição de
conceitos. Trata-se da construção das vias de acesso ao currículo, apontadas por
Vygotsky como um meio de construção de caminhos alternativos que permitirão ao
aluno constituir conhecimentos escolares.
As adaptações tanto podem ser materiais mesas e cadeiras para portadores
de deficiência física, aparelhos de amplificação sonora para surdos, materiais em
relevo e maquetes para cegos, são alguns exemplos destas adaptações materiais
como adequações que se fazem nos recursos metodológicos, na forma de ensinar
adaptações curriculares própriamente ditas que permitem que os alunos se
apropriem dos conteúdos que estão sendo desenvolvidos.
Somente nos casos em que o comprometimento é muito grande é que se
poderá pensar numa redução deste currículo, a núcleo de complexidade. Entretanto,
é necessário conhecer profundamente as necessidades especiais do aluno. Não é
possível determinar estas adaptações sem conhecer tais necessidades nem prever
antecipadamente até onde o aluno conseguirá chegar.

5.5.5 Avaliação

O direito à educação inclusiva está assegurado através da legislação aos


portadores de necessidades educativas especiais e na prática é possível verificar
experiências bem sucedidas de integração.
A integração pressupõe direito iguais e também deveres. Deste modo a
avaliação deve ser feita sem paternalismo pois o aluno portador de necessidades
especiais não necessita ser beneficiado no momento da avaliação. Deve-se,
entretanto, perceber que existem adaptações a serem feitas não somente durante o
processo ensino/aprendizagem mas também no momento da avaliação.
Um aluno, por exemplo, que possui dificuldades motoras e não tem
possibilidade de escrever deve realizar provas orais, onde o professor irá redigindo
suas respostas. A prova de múltiplas escolha também pode ser uma opção neste
caso, onde o aluno estará apontando a resposta correta.
Na verdade, a cultura da prática avaliativa de toda a turma é que deve ser
repensada pois não se avalia apenas ao final do processo, visando obter um
resultado.
37

Durante todo o processo ensino/aprendizagem o professor deve estar


preocupado em avaliar não somente o seu aluno mas também o seu próprio
trabalho.

5.5.6 Dificuldade de Aprendizagem Intrínseca e Extrínseca ao Aluno

É necessário fazer uma distinção entre as dificuldades de aprendizagem que


são intrínsecas ao aluno e as dificuldades que decorrem de uma prática pedagógica
que necessita ser redefinida.
A criança que apresenta uma dificuldade de aprendizagem deve permanecer
freqüentando turma regular, entendendo-se que o alunado de qualquer turma não é
homogêneo, tendo cada aluno seu ritmo próprio que pode vir a aumentar diante de
atividades diversificadas e prazeirosas.
Também o aluno com dificuldades de aprendizagem se encontra nesta
situação e estará se beneficiando deste trabalho, se o professor estiver atento ao
seu processo de desenvolvimento, oferecendo-lhe ajuda, realizando com ele as
atividades em que tiver maior dificuldade, promovendo trabalhos de grupos em que
alunos mais experientes podem auxiliar os menos experientes.
Salas de apoio, em horário alternativo aos das classes regulares, são
indicadas pelo MEC para estes alunos não se trata de uma sala de estudo dirigido
mas sim de um trabalho baseado em múltiplas linguagens.
Estas salas de apoio não devem pertencer à Educação Especial pois o aluno
com dificuldades de aprendizagem não é um aluno portador de deficiência. Devem
ser organizadas pela Educação Regular, embora a Educação Especial possa ajudar
nesta organização caso seja necessário.
Nos casos em que seja necessário que o aluno receba um atendimento
clínico, a escola deverá providenciar este encaminhamento, entendendo-se, porém,
que o trabalho pedagógico deve ser feito pela escola.
38

Muitos professores que encaminham alunos para a educação especial não


conseguem reconhecer a diversidade de alunos que chega à sua sala de aula.
Diante de alunos diferentes, que não compõem o grupo homogêneo que imaginava
receber e que aprendeu a conceber durante sua formação, o professor atribui
deficiências àqueles que não acompanham o grupo médio de sua turma.
Isto ocorre, também, porque os professores, em geral, não têm noção de que
tipo de aluno compõe verdadeiramente o grupamento da Educação Espacial.
A experiência tem comprovado que não basta devolver os alunos para a
Educação Regular. É necessário discutir e refletir sobre o assunto com o professor
que encaminha alunos para a educação especial e o diretor da escola
39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo principal, analisar o processo ensino-


aprendizagem de alunos portadores de necessidades educativas especiais inclusas
na rede regular de ensino em comparação aos alunos sem necessidades especiais.
Para que os alunos portadores de necessidades educativas especiais
vivenciem a educação integrada é necessário que a escola reconheça que este é
um direito destes alunos e que eles apresentam possibilidades para tal. A escola
deve buscar soluções para o aluno se desenvolver e aprender.
Neste sentido, o apoio da família é imprescindível do mesmo modo que os
profissionais especializados da Secretaria de Educação devem se dispor a orientar a
escola, sempre que necessário.
A integração do aluno portador de necessidades educativas especiais diz
respeito à toda a escola e não apenas aos professores que atuam diretamente com
estes alunos.
Quando a família ainda não acredita nesta possibilidade é necessário trazê-la
para a escola, buscando construir este processo também com a sua participação.
O retorno é gratificante. Quando a família se vê aceita, quando o portador de
necessidades educativas especiais evidencia sinais de socialização, se apropria dos
conhecimentos veiculados pela escola e mais tarde consegue se integrar no
mercado de trabalho, participando da vida em sociedade a escola percebe ter
cumprido o seu papel social.
Em realidade, é a partir da construção, pela escola, de um projeto pedagógico
voltado para a diversidade que a proposta de integração começa a se tornar
realidade.
A educação está precisando urgentemente reestruturar seus programas
democratizar suas ações, onde a “educação para todos” não se torne uma “escola”
para alguns, mas sim, uma escola inclusiva eficiente.
40

A proposta de inclusão ainda gera polêmicas nas discussões realizadas sobre


inclusão de alunos, com necessidades educacionais especiais, na rede regular de
ensino.
A grande preocupação é que a escola normal hipertrofiou como resultado de
sua herança, as aquisições, acadêmicas, esquecendo em grande parte, da formação
afetiva, social e comportamental.
Deu ênfase a educação tradicional onde se priorizava a transmissão de
conteúdos prontos e o professor neste contexto era apenas um mero repassador
destes conteúdos.
Romper com esta educação, que aliena, vem sendo o grande desafio de uma
educação que objetiva um ensino democrático ao qual todos podem ter acesso em
igualdade de condições.
Sabe-se que o professor é o principal agente desta transformação, se ele for
instrumentado, talvez isso lhe permita perceber o quanto o preconceito serve para
justificar um fracasso que ele ainda que não queira, acaba compartilhando.
Visando atualizar as práticas educacionais, muitas discussões são
evidentes entre os educadores deste novo século.
A inclusão é um processo lento e gradual que apesar de assustar no início
pelo próprio medo do novo, deveria ser desmistificada a medida que fossem
oferecidos meios de desenvolver de forma eficiente os trabalhos pedagógicos.
Torna-se necessário, que ofereça ao educando um ambiente escolar
disposto a contribuir as suas necessidades educacionais, que atendam e respeitam
a diversidade, garantindo a sua participação e sua efetivação no processo de ensino
aprendizagem.
Para que isto aconteça, surge a necessidade de adaptação curricular, com
base numa fundamentação sócio-histórica-política e econômica que visa a
transformação social de seus educandos.
Além disso, surge a necessidade de adaptar o ambiente físico da escola, por
exemplo, materiais adequados aos educandos com deficiência visual: lupas, livros
ampliados, para os que têm deficiência auditiva o uso da linguagem de sinais
(LIBRAS) e aos com deficiência física, que a escola tenha um ambiente propício
para sua locomoção.
Ressalta-se ainda que os profissionais devem estar preparados para atender
a diversidade na sala de aula, de modo que supere o preconceito com relação ao
41

aluno com necessidades educacionais especiais, seja perante a sociedade ou na


própria escola.
A partir do momento em que o educador tomar consciência de seu verdadeiro
papel de “transformador” os conhecimentos, a escola passará a ser um espaço
realmente inclusivo. Cabe a ele oferecer a seus educandos oportunidades de ir em
busca de seus conhecimentos, sempre desviando, provocando nos educandos a
necessidade de ir além de seus conhecimentos, de ser crítico e observador,
apropriando seus conhecimentos.
Neste momento, percebe-se que ao possibilitar um ambiente que favoreça a
troca mútua de novos conhecimentos entre os educando, sejam eles “deficientes” ou
não, deixa-se de lado o preconceito pré-estabelecido pela sociedade e parte-se para
respeitar a individualidade humana, oportunizando igualdade de direitos.
Busca-se a valorização do indivíduo com necessidades educacionais
especiais, para que ele possa desempenhar seu papel como cidadão, sendo um
sujeito participativo e principalmente sendo capaz de contribuir nesse processo de
transformação social.
Para tanto necessitou-se primeiramente resgatar o significado de
inclusão/integração que segundo Sassaki, integração significa “[...] inserção da
pessoa deficiente preparada para conviver na sociedade”, já inclusão “é a
modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades
especiais buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania” (1997, p.43)
Após análise do conceito de inclusão chegou-se a conclusão de que a escola
precisa se reestruturar na sua política educacional para trabalhar as diversidades de
seus alunos com ou sem deficiência. Fato que não era exigido no movimento
integracionista. Portanto o conceito e extensão do significado de inclusão deve ser
mais explorada pelos profissionais da educação.
É importante ressaltar a diferença entre a necessidade especial e
necessidade educativas especiais, pois elas marcam, uma diversidade entre o
alunado a ser respeitado e trabalhado.
Necessidade Especial segundo Carvalho “[...] podem ser considerados como
exigências de um indivíduo, em decorrência da falta ou da privação nas condições
orgânicas ou psicológicas, estruturais ou funcionais, que manifesta-se no cotidiano”
(1998, p.105).
42

Ao se referir a escolarização, utiliza-se o termo pessoa portadora de


necessidades educativas especiais, onde indica que elas se manifestam no âmbito
da educação, apresentam problemas na aprendizagem. Ou seja, nem toda pessoa
com necessidades especiais apresenta uma necessidade educativa especial, e
quando apresentar precisa ser analisado sob o ponto de vista do ensino
aprendizagem e não clínico / médico como consta na história.
Constata-se em pesquisa bibliográfica as categorias das deficiências, onde
cada uma provoca uma particulariedade em especial, ou seja, uma necessidade
especial que pode exigir uma necessidade educativa especial. A escola recebe a
todos e deve prever no seu plano político pedagógico quais as diretrizes que deve
tomar com esses alunos em todos os sentidos.
Para isto necessita-se que a escola seja inclusiva, onde haja um espaço para
todos exigindo um sistema educacional que reconheça e se preocupe para atender
as diferenças individuais respeitando as necessidades de todos os alunos, tanto
físicas, psíquicas,emocional,econômica e social.
A escola deve portanto, incluir o aluno não somente na s classes regulares,
fisicamente isso seria integração, mas incluí-lo e integrá-lo junto aos demais no
processo das relações sociais e no processo de aprendizagem, promovendo uma
interação nas relações do indivíduo com o grupo social que esta inserido, bem como
uma interação adequada com o objeto de aprendizagem.
Cabe então, um novo pensar, aos professores que atuam com educandos
que apresentam necessidades educacionais especiais, nas escolas, pois muitas
dificuldades são encontradas, principalmente quando a homogeneidade sonhada é,
de certa forma quebrada com a evidência de alguma deficiência. A inclusão da
pessoa com deficiência tem que ocorrer, não por força das leis, puramente física,
mas através de um movimento muito mais amplo de inclusão total, em todos os
movimentos de suas vidas.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido, pois, persistem
muitas polêmicas com relação ao significado da “inclusão”, na qual existem
dificuldades por parte dos educadores em mudar suas atitudes.
A inclusão escolar não acontece num processo rápido e fácil. Ela apresenta,
também, um desafio a ser enfrentado no âmbito escolar regular.
43

É necessário desmitificar a visão tecnicista de que é necessário ser


especialista para realizar o trabalho com o aluno portador de necessidades
educativas especiais.
É necessário, entretanto, que profissionais especializados orientem o
professor para que ele possa promover estratégias que favorecem o
desenvolvimento e a aprendizagem de alunos portadores de necessidades
educativas especiais.
Neste sentido, é de fundamental, importância o planejamento integrado do
professor de turma regular com o professor da sala de recursos o professor
itinerante. As estratégicas de ação devem sempre ser traçadas a partir das
necessidades especiais do aluno e das adaptações curriculares que precisam ser
feitas. Na grande maioria das vezes, as estratégias pensadas para estes alunos
servem parra todos os outros alunos da sala de aula em estes que se encontram.
Não basta ter um aluno inserido na classe para caracterizá-lo incluído, para
que aconteça a inclusão de forma mais ampla, envolvendo questões que vão desde
mudanças da política educacional, recursos humanos, financeiros e materiais, até a
transformação de atitudes e valorização em relação às diferenças por parte dos
professores.
Finalizando, defende-se: uma escola pública, comum, competente, aberta,
parceira na construção da educação inclusiva; uma escola especial adequada aos
preceitos normativos atuais e adequada ao atendimento das necessidades
educacionais especiais dos alunos que dela necessitam; a existência de salas de
recursos em espaços dignos, suficientes, em sua estrutura física e de recursos
materiais; o investimento na formação dos professores em sua formação continuada
e especialização; a aplicação de recursos financeiros suficientes para a manutenção
das escolas comuns e especiais em todas as suas necessidades e, ainda, sua
reformulação; a construção de um espaço educacional alicerçado nas bases
democráticas e de liberdade; a valorização, o envolvimento e o respeito às famílias
em suas escolhas e decisões; e defendemos o direito de ser Diferente das pessoas
com deficiência mental, que estas também sejam respeitadas em suas preferências
e escolhas e sejam de fato incluídas na corrente principal de educação.
44

7 REFERÊNCIAS

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______. Um amigo diferente? Rio de Janeiro: WVA,1996.


46

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
2 REVISANDO O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL......................................8
2.1 MOVIMENTOS CÍCLICOS DE INCLUSÃO...........................................................9
3 PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS VERSUS PORTADOR DE NE-
CESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS................................................................13
3.1 CONCEITUANDO INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO..............................................13
3.2 INCLUSÃO SOCIAL............................................................................................ 15
4 CONCEITOS INCLUSIVOS.....................................................................................20
4.1 CONCEITOS: ROMPENDO COM OS ESTEREÓTIPOS....................................21
4.1.1 Autonomia, Independência, Empowerment (Emponderamento).......................22
4.1.2 Equiparação de Oportunidade...........................................................................24
5 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO..................................................................................25
5.1 AS POLITICAS EDUCACIONAIS VOLTADAS A EDUCAÇÃO ESPECIAL.........26
5.2 LDB......................................................................................................................28
5.3 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA.......................................................................29
5.4 RENOVAÇÃO DA ESCOLA................................................................................30
5.5 ESCOLA INCLUSIVA.......................................................................................... 32
5.5.1 Espaço Escolar..................................................................................................33
5.5.2 Quem são os Atores e Autores desse Espaço Escolar?...................................34
5.5.3 Fundamentos do Ensino Inclusivo.....................................................................35
5.5.4 Adaptações Curriculares...................................................................................35
5.5.5 Avaliação............................................................................................................36
5.5.6 Dificuldade de Aprendizagem Intrínseca e Extrínseca ao Aluno......................37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................39
7 REFERÊNCIAS........................................................................................................44
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