Você está na página 1de 19

1.

INTRODUÇÃO

Pretende-se com esta pesquisa refletir sobre os aspectos que


influenciam a Indisciplina do Educando, que está presente no cotidiano escolar,
onde a professora pesquisadora ocupa o cargo de Diretora desde fevereiro de
2005.

É relevante este estudo por se tratar da indisciplina escolar, uma


problemática em evidencia no cotidiano da escola, por ter como “lócus” a
escola municipal da cidade de Rio Negrinho – SC.

Esta pesquisa dará embasamento que possam definir e informar aos


educadores partes e superação da indisciplina na escola.

Para a sociedade da qual se está inserida, será de ajuda e benefícios,


onde a sociedade sentirá protegida, principalmente seus filhos menores.

Dentro da Unidade Escolar, será de grande valia, pois estar-se-á


ajudando a encontrar aspectos relevantes que possam beneficiar os
professores e demais educadores.

Ao educando que apresenta problemas de indisciplina tornará de fácil


identificação, procurando alternativas para poder ajudá-lo.

Quanto aos educadores, este poderá recorrer ao contexto desta


pesquisa, procurando alternativas que poderão ser benéficas aos seus
problemas de indisciplina que surgirem no decorrer de suas atividades
pedagógicas.

A indisciplina na sala de aula é constante em todos os meios do Ensino,


mas isso muitas vezes são colocados pelos educadores como: educando
indisciplinado, mas uma coisa que muitas vezes não é percebida pelo educador
que, o educando necessita conversar, por este motivo é justo que o educador
saiba aproveitar as conversas dos educandos, e tirando de toda essa conversa
a essência desta e trabalhá-la de forma diversificada.

3
Conversar é uma atividade fácil e gostosa, se faz útil, necessário e
essencial para o ser humano, é impossível ficar quieto ao lado dos amigos sem
conversar.
Se pensarmos em quem gostamos, em alguém que pense como a nós,
que confiamos e que também nos depositam essa confiança, e que temos que
ficar quietos por cerca de cinqüenta minutos sem conversar, como seria difícil!
Temos que ter consciência que os educadores também não conseguem
ficar ao lado de outro educador sem conversar, então, se nos colocarmos no
lugar deste educando. Será que conseguimos ficar sem conversar?
Estes educandos são muitas vezes colocados como indisciplinados.
Será que são mesmo?
Portanto, a existência da indisciplina na escola deve constar no Projeto
Político Pedagógico, e nestes não deve constar apenas horários, calendário,
quadro de funcionários entre outros, mas sim, como filosofia da escola,
detalhar as ações quanto às normas disciplinares, à compensação de
ausência, aos objetivos da escola, ao currículo, aos critérios de avaliação, os
critérios para retenção e aprovação ao final de cada série.
Procedendo desta forma, cada Unidade Escolar terá maior desempenho
em suas funções, onde poderão ser desenvolvidos: o ser, o saber, o fazer de
cada Educando, e a partir do momento que cada educando tiver desenvolvido
estes conceitos, eles estarão prontos para viverem em sociedade.
Como se manifesta a indisciplina no contexto escolar?

Como o professor poderá trazer junto de si o aluno com problemas

disciplinares?

De que forma o professor deve proceder perante o aluno indisciplinado?

As manifestações indisciplinares ocorrem muitas vezes devido ao

processo de transformações da realidade, vindo a afetar diretamente a

educação dos educandos. A indisciplina no contexto escolar se manifesta

através do comportamento agressivo, falta de respeito para com o outro,

irresponsabilidade, bem como dificultam o estabelecimento das relações intra e

interpessoais.

4
O professor pode trazer junto de si o aluno indisciplinado, a partir do

momento que este passa a perceber quais são os problemas que o afligem,

procurando saber quais são seus medos, seus objetivos, suas expectativas e

quais metas, que pretende atingir, devendo conferir junto ao educando como

está sua auto-estima, auxiliando-o na descoberta de suas potencialidades e de

seu valor enquanto ser humano.

Primeiramente o educador deve aproximar-se do educando, impondo-se

perante ele, em contra-partida, o educando precisa de atribuições, de limites,

ouvindo de vez em quando um “Não”, como uma palavra firme, com segurança.

Dessa forma se possibilita a noção de que existem normas e regras a serem

seguidas e devem ser respeitadas, o que contribui para uma boa convivência

no cotidiano escolar.

Dentro desta pesquisa, há a necessidade de serem visto várias

temáticas que é de suma importância, sendo elas:

- Definindo a indisciplina e disciplina.


- As manifestações de indisciplina no contexto escolar e causas
- Maneiras diferenciadas para a escola trazer junto de si o aluno
indisciplinado.
- A escola como instituição responsável pela educação dos filhos.
- Superando impasses da indisciplina escolar.

CONHECER os diversos problemas que geram a indisciplina dos

educandos no âmbito escolar, refletindo sobre como a escola poderá intervir

nesse processo.

DIFERENCIAR a indisciplina e disciplina

IDENTIFICAR as manifestações de indisciplina no contexto escolar

5
PROPOR maneiras para a escola trazer junto de si o educando

indisciplinado

CARACTERIZAR a escola como instituição responsável pela educação,

identificando os fatores que dificultam esse processo.

SUPERAR os impasses da indisciplina.

EDUCAÇÃO: Processo pelo qual uma pessoa ou grupo de pessoas adquire


conhecimentos, gerais ou especializados, com o objetivo de desenvolver
capacidade e aptidões. A Educação começa na família, continua na escola e se
prolonga por toda a vida. (Enc. Barsa – Vol 05 – pg 298).
PEDAGOGIA GESTORA: O conceito de é gestão em beneficio em funções
administrativas quanto pedagógicas da escola, onde o gestor tem por função
analisar, identificar e fazer com que toda a parte administrativa e pedagógica
da escola transcorra da melhor maneira possível.
INDISCIPLINA: O conceito de indisciplina é susceptível de múltiplas
interpretações. Um aluno ou professor  indisciplinado é em princípio alguém
que possui um comportamento desviante em relação a uma norma explicita ou
implícita sancionada em termos escolares e sociais.
EDUCADOR: É o transmissor de conhecimentos, mas também o receptor
deste, pois o educador também aprende com seus educandos, sendo uma
troca mutua, onde há uma transmissão de ambas as partes.
DISCIPLINA: Na psicologia aplicada à educação, o conceito de disciplina não
está mais ligado a idéia de punição. Dentro dessa nova perspectiva, o que se
procura é o incentivo à liberação das forças produtivas que constituem o
potencial do ser humano. Chama-se disciplina o regime de ordem e contenção
implantado com o intuito de proporcionar funcionamento regular5 a
organizações militares, eclesiásticas e escolares. (Enc. Barsa – Vol 05 – pg
204).
PROCESSO: É um conjunto de normas, forma de garantir solução justa e
eficaz para as numerosas disputas que surgem numa sociedade educativa, em
sentido amplo, é uma seqüência de atos que se estabelece entre partes e
órgãos da Educação, ou seja, dentro dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

6
INSTITUIÇÃO: A instituição escolar não pode ser vista apenas como reflexo
da opressão, da violência, dos conflitos que acontecem na sociedade. É
importante argumentar que as escolas também produzem sua própria violência
e sua própria indisciplina.

IMPASSES:

CONCEITOS: Em filosofia da ciência, com várias acepções, a representação


de um objeto pelo pensamento, por meio de suas características gerais, pode-
se dizer que os conceitos e a realidade apresentam uma multidão de seres,
que o homem busca aprender e nomear com bases, em suas características,
estas são inumeráveis, o trata de agrupa-las em categorias, de acordo com as
analogias e diferenças que guardam entre si, categoria é a classe que dizem
respeito a um sujeito determinado, são, portanto gêneros, pelos quais se
distribuem todos os seres ou realidades do mundo criado. (Enc. Barsa – Vol 04
– pg 17, 18).
FAMÍLIA:
SISTEMA ECONOMICO:
RESPEITO:
A pesquisa será de natureza qualitativa, devido ao seu trabalho com

informações teóricas a respeito do tema.

De acordo com os objetivos a pesquisa se classifica como explicativa,

porque busca uma compreensão do que foi sistematizado sobre o assunto

relevante.

Também conforme o modelo apresenta-se como gráficos por ser dado

embasamentos teóricos de autores consagrados dentro do tema específicos.

Visando adquirir conhecimentos sobre a questão da indisciplina escolar,

é importante investigar as áreas: Psicologia, Pedagogia e Sociologia.

Dado ao problema levantado, fez-se necessário a busca na pesquisa da

Indisciplina Escolar, para chegar a uma conclusão.

Os procedimentos adotados no decorrer da investigação constituíram-se

de:

7
- Seleção do tema;

- Análise das fontes de pesquisa;

- Elaboração da pesquisa;

- Leitura exploratória ou reflexiva; ou

- Consultas e anotações de artigos eletrônicos.

- Redação dos textos relativos aos capítulos e sub-capítulos da

monografia;

- Elaboração das partes complementares da monografia;

- Revisão geral e procedimento das correções;

- Encaminhamento para digitação;

- Entrega da monografia junto ao Setor do Centro Universitário

Diocesano do Paraná.

Humanos: - Monografia de Professores e Orientador

Ambientais: - Colégio Cenecista São José – Rio Negrinho - SC

- Biblioteca Universitária da Unics

- Internet

Materiais: - Livros, Revistas, Disquete, CDs, Papel, Computador.

PERÍODO - 2005
Novembro
Dezembro
Setembro
Outubro
Agosto
Junho

ETAPAS
Março

Julho
Maio
Abril

Opção pela problemática da pesquisa


Leituras
Elaboração do projeto
Desenvolvimento da pesquisa
Análise das informações
Conclusões finais
Encontros e discussões com o professor orientador

8
Organização e sistematização da monografia
Entrega da monografia

2. REFERENCIAL TEÓRICO

9
A indisciplina é definida no dicionário como: ”s.f., procedimento, ato ou
dito contrário à disciplina; desobediência; desordem; rebelião” (Ferreira,
1988:358). Essa indisciplina, conforme já dissemos, é resultado do mesmo
mecanismo que produz o “poder disciplinar”, ou seja, o poder gera indisciplina,
pois o controle e a vigilância vão, por sua própria prática, incitar aquilo que
pretende eliminar.
O conceito (termo) de indisciplina faz parte do reino das palavras cuja
colocação é preciso definir, especificar bem como os seus limites. É
susceptível de múltiplas interpretações. Um aluno ou professor  indisciplinado é
em princípio alguém que possui um comportamento desviante em relação a
uma norma explicita ou implícita sancionada em termos escolares e sociais.
Estes desvios são, todavia denominados de forma diferente conforme se trate
de alunos ou de professores. Os primeiros são apelidados de indisciplinados,
os segundos de incompetentes. Nestas notas vamos apenas abordar os
comportamentos desviantes dos primeiros.
Esses conceitos de (in) disciplina estão presentes na concepção de
educação denominada por Paulo Freire como “bancaria” presente na maioria
das escolas ainda hoje.
Sua função, assim como nos séculos anteriores, é a de domesticação e
de controle social, objetivando a permanência da ideologia liberal, também
presentes em nossos dias.
A indisciplina manifesta-se de diversas formas na vida de um
estudante, e apesar da bagunça e do barulho não serem as únicas
formas, são elas as formas que mais se destacam na sala de aula.
Pois, quase sempre, a indisciplina passa a ser vista como um
problema quando a sala começa “a pegar fogo”, ou seja, quando a
indisciplina influencia o comportamento dos alunos e é percebida na
“bagunça”, no “barulho”, na “falta de atenção” e de forma mais
agravante na agressividade. Nessas horas, é que realmente a
preocupação do professor cresce e o faz pensar sobre a indisciplina
do aluno.
Na verdade, a indisciplina poderia ser percebida muito antes de
tornar-se um problema de comportamento como a bagunça ou a

10
agressividade, que são formas de expressão da total falta de respeito
com os estudos. O não acompanhamento das aulas já é um forte
indício de indisciplina. Se os professores partirem do princípio que
todo aprendiz quer aprender (mesmo quando esta vontade está
escondida no consciente), então, pode concluir que o mínimo de
organização e disciplina o aluno apresente para alcançar o
aprendizado. A ausência de disciplina e a falta de organização nos
estudos começam a aparecer quando o aluno começa a perder essa
vontade intrínseca de querer aprender, e com o passar do tempo
torná-se um enfado, ou seja, deixa de ser vontade e passa a ser
quase um sacrifício. O comportamento é fundamental para o bom
desenvolvimento das aulas, portanto, não pode ser desconsiderado
pelos educadores, principalmente quando passa a ser um
comportamento indisciplinado. Até porque, muitas vezes, a
indisciplina pode ser um indício de alguma carência do aluno como,
por exemplo, a falta de compreensão do conteúdo, que por falta de
interesse por estudar e continuar prestando atenção. Sendo assim,
este assunto, indisciplina, é muito relevante, pois, interfere
diretamente no processo de ensino-aprendizagem. A indisciplina dos
estudantes pode, posteriormente, ter conseqüências graves para a
sociedade, entre elas, a violência, a criminalidade e até mesmo
envolvimento com drogas.
Por isso, faremos algumas considerações sobre essa prática que,
infelizmente, tanto tem contribuído para uma sociedade individualista,
excludente e silenciadora, e por que não dizer, para o agravamento da
indisciplina social e escolar.
A (in) disciplina na concepção bancária, criticada por Freire, é de
educação tem a função de transmitir ao aluno, de forma mecânica,
conhecimentos historicamente construídos por meio de seu principal agente: o
professor.
Assim, a relação entre ele e o aluno se dá de forma vertical, portanto,
numa relação de poder na qual o professor, considerado o único detentor do

11
saber no processo de ensino/aprendizagem e em poder da palavra, ocupa
posição superior em relação ao aluno que espera, passivamente, receber todos
os ensinamentos.
“Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os
educandos são os depósitos e o educador o depositante” (Freire, 1998:58), por
isso, denominada “bancaria”.
A “educação bancária” é classificada também como domesticadora,
porque leva o aluno à memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o
desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo
educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma
sociedade excludente.
Segundo o dicionário, disciplina significa: s. f. 1. Regime de ordem
imposta ou livremente consentida. 2. ordem que convém ao funcionamento
regular de uma organização (militar, escolar, etc.). 3. relações de subordinação
do aluno ao mestre ou instrutor. 4. observância de preceitos ou normas. 5.
submissão a um regulamento [...] (Ferreira, 1988:224).
Para Foucault, disciplina são métodos que permitem o controle
minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas
forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade. [...] a disciplina
aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui
essas mesmas forças (em termos políticos de obediência) (1997:126-127).
Complementado,
A disciplina é uma técnica de exercício de poder, não inteiramente
inventada, mas elaborada em seus princípios fundamentais durante o século
XVII e XVIII, quando o poder disciplinar foi aperfeiçoado como uma nova
técnica de gestão dos homens (Foucault, 1998:105).
Portanto, é durante o século XVIII que se enfatiza o corpo como alvo do
poder por ele ser moldável, manipulável, obediente, hábil, dócil e controlável.
Esse controle disciplinar que surge com a nova sociedade burguesa industrial
favorece o modo de produção capitalista da época.

[...] Para mim, toda disciplina envolve autodisciplina. Não


há indisciplina que não gere ao mesmo tempo o
movimento de dentro para fora, como não há uma

12
disciplina verdadeira se não há a capacidade. O sujeito
da disciplina tem de se disciplinar. Eu diria há duas
disciplinas, que marcam a diferença com a indisciplina.
Que dizer, na indisciplina, tu não tens autodisciplina nem
disciplina. Que dizer, a indisciplina é a licenciosidade, é
o fazer o que quero, porque quero.
A disciplina é fazer o que posso, o que devo e o que
preciso fazer. Fazer o que é possível na disciplina, tornar
possível o que é impossível diz respeito
necessariamente à vida interior da pessoa. É assim que
vejo o movimento interno e externo da indisciplina. E
assim acho que a presença da autoridade é
absolutamente indispensável (Freire in D’ Antola,
1989:12).
Segundo Foucault, o sucesso desse controle disciplinar se deve ao uso
de alguns instrumentos como:
- Olhar hierárquico – instrumento de vigilância que é favorecido
pela organização, separação e distanciamento do individuo no
espaço físico, permitindo o acompanhamento perfeito daquele
que domina sobre os movimentos corporais e a produtividade do
dominado, numa relação de poder;
- Sanção normatizadora – com a função de reduzir os desvios,
esse tipo de prática utiliza-se do castigo para a ordenação dos
indivíduos conforme as normas estabelecidas;
- Exame – é uma ação normalizante, uma vigilância que permite
qualificar, classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma
visibilidade por meio da qual eles são diferenciados e
sancionados.
Neste contexto e utilizando-se desses instrumentos, a disciplina aparece
como forma de dominação nas diversas instituições, por meio da distribuição
do homem num espaço individualizado e classificatório. Essa distribuição é
denominada por Foucault como “principio de quadrulamento” (1997:131), na
qual cada indivíduo, ocupando o seu lugar, facilita a vigilância de um sobre o
comportamento de todos.
A disciplina é também o controle do individuo no tempo, a qual tem
como objetivo atingir com rapidez e eficiência o Maximo da produção.

13
Assim, a partir do século XVIII, a disciplina é imposta não mais de forma
violenta, mas, segundo Foucault, pelo principio “suavidade-produção-lucros”
(1997:192), para garantir o bom andamento da sociedade burguesa e a
manutenção dos seus ideais; ela acaba propositadamente individualizando os
corpos, contribuindo para o sucesso dos resultados exigidos pela classe
dominante.
Com o surgimento das idéias modernas do homem como ser moldável
modifica-se também a concepção da infância. Assim, a instituição escolar,
atendendo às necessidades da sociedade disciplinar, propõe, desde cedo, o
controle e domesticação da criança.
Portanto, a disciplina escolar servia para manter a ordem e para, desde
cedo, controlar a criança, preparando-a para servir docilmente às idéias
difundidas no século XVIII e para protege-la das maldades da natureza
humana, mesmo por meio de métodos violentos, mas considerados normais na
época.
Não é fácil fazer o inventário das causas da indisciplina nas escolas. O
seu número não pára de aumentar, quase sempre suportada nos dias que
correm numa sólida argumentação científica.
As causas familiares da indisciplina estão à cabeça. É aí que os alunos
adquirem os modelos de comportamento que exteriorizam nas aulas. Em
tempos a pobreza, violência doméstica e o alcoolismo foram apontados como
as principais causas que minavam o ambiente familiar. Hoje aponta-se o dedo
também à desagregação dos casais, droga, ausência de valores,
permissividade, demissão dos país da educação dos filhos, etc. Quase sempre
os alunos com maiores problemas de indisciplina provém de famílias onde
estes existem.
A novidade está contudo na participação direta dos país na violência que
ocorre nas escolas. Impotentes para lidarem com a violência dos próprios
filhos, muitos pais apontam o dedo aos professores que acusam de não os
saberem "domesticar". Freqüentemente estimulam e legitimam a sua
indisciplina nas escolas. Alguns vão mais longe e agridem professores e
funcionários. 
O que faz com que um aluno seja indisciplinado? É preciso dizer que
muitas vezes as razões de fundo não são do foro da educação. Em muitos

14
casos tratam-se de questões que deveriam ser tratadas no âmbito da saúde
mental infantil e adolescente, da proteção social ou até do foro jurídico. O
grande problema é que muitas vezes as escolas não conseguem fazer esta
triagem. Tentam resolver problemas para os quais não estão preparadas ou
nem sequer são da sua competência. 
Todos os alunos são potencialmente indisciplinados, porque a escola é
sempre sentida como uma imposição por parte do Estado ou da família. É por
isso que as aulas são locais de constrangimentos e de repressão de desejos.
Freud e depois Foucault dissecaram este problema. Nesta perspectiva o que
acaba por diferenciar os alunos entre si é a atitude que assumem perante estas
obrigações. Numa classificação de inspiração weberiana são distinguidos três
tipos de alunos:
- Obrigados-satisfeitos: uma minoria que se conforma às exigências que
a escola lhes impõe.
- Obrigados-resignados: A maioria que se adapta ao sistema procurando
tirar partido da situação, atingindo dois objetivos supremos: "gozar a vida" e
"passar de ano".
-Obrigados-revoltados: uma minoria inconformada (ou maioria conforme
as circunstâncias socioeconômicas do meio). Da família à escola e desta à
sociedade colocam tudo em causa: valores, normas estabelecidas, autoridade,
etc. 
Não é fácil explicar as razões que levam uns a assumirem-se como
"conformistas" e outros como "revoltados". A "falta de afeto" ou a "vontade de
poder" são, por exemplo, duas destas motivações. Há quem aponte também as
tendências próprias de cada idade que transforma uns em "revoltados" e outros
em"conformistas".
O grupo, enquanto conjunto estruturado de pessoas, tem uma enorme
importância nos processos de socialização e de aprendizagem dos
adolescentes. A sua influência acaba por ser decisiva para explicar certos
comportamentos que os jovens demonstram e que são  resultado de processos
de imitação de outros membros do grupo. Certas manifestações de indisciplina,
não passam muitas vezes de meras manifestações públicas de identificação
com modelos de comportamento característicos de certos grupos. Através
delas os jovens procuram obter a segurança e a força que lhes é dada pelos

15
respectivos grupos, adquirindo certo prestígio no seio da comunidade escolar.
Nada que qualquer professor não conheça. A turma é também um grupo, sem
que, todavia faça desaparecer todos os outros aos quais os alunos se
encontram ligados dentro e fora da escola. Numa sociedade em que os grupos
familiares estão desagregados, o seu espaço é cada vez mais preenchido por
estes grupos formados a partir de interesses e motivações muito diversas. 
As escolas públicas são hoje freqüentadas por populações escolares
muito heterogêneas, contando no seu seio com um crescente número de
alunos que provém de grupos sociais onde subsistem freqüentemente graves
problemas de integração social (ciganos, negros, etc.). Apesar da
especificidade dos problemas destes alunos, a escola recusa-se, por uma
questão ideológica a tratá-los de um modo diferenciado. A democraticidade do
tratamento não elimina os problemas de socialização. Resultado: os problemas
são transportados para dentro da sala de aula.  

Outras causas da indisciplina na sala de aula e na escola são diversas e


pode levar um aluno à não se comportar de forma adequada em atividades que
necessitem de uma integração funcional com outras pessoas.
As principais causas são:
- Distúrbios de ordem pessoal: psiquiátricos; neurológicos;
deficiência mental; distúrbios de personalidade; distúrbios
neuróticos; etapas do desenvolvimento: confusão pubertária;
onipotência pubertária; estirão; menarca/mutação; onipotência
juvenil; síndrome da quinta série; distúrbios “normóticos”;
distúrbios leves de comportamento; uso e abuso de drogas.
- Distúrbios relacionais: educativos; entre os próprios colegas;
por influencia de amigos; distorções de auto-estima.
- Distúrbios e desmandos de professores.

Na presença de distúrbios psiquiátricos, os comportamentos provem de


uma psicose (maníaco-depressiva, esquizofrenia, etc.) e independem do meio.
O psicótico elabora qualquer estimulo recebido conforme sua patologia e reage
de maneira inadequada. Por exemplo: se o professor pede silencio à classe
toda, o psicótico interpreta o pedido como uma perseguição exclusiva à sua

16
pessoa e reage (às vezes até com agressões físicas). Os maníacos não
conseguem ficar em silencio porque estão submetidos a uma agitação
psicomotora que não tem como ser controlada.
Tais distúrbios decorrem de alterações incontroláveis. São mais fortes
que as normas ditadas pelo ambiente. Surgem de modo abrupto ou insidioso,
em qualquer lugar e de maneira inesperada, transformando totalmente a
personalidade da pessoa afetada e surpreendendo as demais.

O próprio sujeito não consegue avaliar as dimensões de sua


inadequação. Pelo contrario, tem plena convicção (delirante) de que está
absolutamente certo. No exemplo acima, o psicótico percebeu, assim como
seus colegas o pedido de silencio do professor; entretanto, suas reações foram
inadequadas. Pouco adianta o professor tentar disciplinar esse aluno. O melhor
é encaminhar o problema à orientação ou à direção da escola para que a
família seja convocada e esclarecida quanto à necessidade de um tratamento
psiquiátrico para aquele aluno.

Distúrbios neurológicos são sintomas decorrentes de epilepsia ou de


outras doenças, como a disfunção cerebral mínima (DCM). Seus portadores
são, tradicionalmente, agitados, apressados, briguentos, inquietos. Inteligentes,
terminam as tarefas antes dos outros e, como não agüentam esperar, acabam
tumultuando a aula. Essas pessoas são assim em qualquer lugar; portanto, é
fácil identificar o problema. Basta observa-las no recreio, na fila, na classe, em
casa. Às vezes, até seu sono é agitado. O próprio hipercinético sofre com
tamanha agitação, sem que consiga ter o mínimo controle sobre ela. Um
tratamento bem orientado e com medicação adequada pode controlar tais
distúrbios. Aqui também estão os hiperativos de causa neurológica e os déficits
de atenção.

Os portadores de deficiência mental apresentam menor capacidade de


entender as regras e de suportar frustrações, além controlar menos as reações
primitivas da agressividade e da impulsividade. Quando o problema é leve, em
geral conseguem acompanhar o curso até a quinta série. A partir daí, como
demoram mais tempo para desenvolver o pensamento abstrato, tendem a
prosseguir mais devagar. Dependendo do grau de deficiência, o aluno pode ir

17
bem até a terceira série. Nas situações mais severas, a alfabetização é
impossibilitada. Broncas, castigos ou expectativas excessivas só servem para
deixa-los tensos. Os deficientes mentais merecem uma educação
especializada; no entanto, deve-se levar em consideração o fato de que a
maioria deles é bastante dócil.

O distúrbio de personalidade mais grave é a chamada personalidade


psicopática. Seu portador não respeita as outras pessoas nem as regras
sociais. O que importa é atender às próprias necessidades. Não se incomoda
em prejudicar seja quem for (pais, amigos, professores, colegas, estranhos)
para saciar seus desejos. Mente, apossa se do que lhe foi emprestado, rouba.
É como se não conseguisse estabelecer critérios internos e valores, de tal
modo que todos os meios são válidos para conseguir o que quer. São
delinqüentes graves.

Professores, assim como psiquiatras, psicólogos ou outra pessoa


qualquer, não estão livres de sofrer distúrbios psiquiátricos ou neurológicos.
Portanto, cuidemo-nos uns dos outros.

Resultantes de traumas pessoais, os distúrbios neuróticos são


comportamentos bastante inadequados na qualidade e na quantidade.
Surpreendem o interlocutor porque dependem muito mais do mundo interno
pessoal que da adequação social e ambiental. O neurótico projeta seu
problemático mundo interior sobre o outro, sem que este o saiba.

Quando o professor pede à classe “Silencio, por favor”, o aluno


neurótico pode reagir: “você não é meu pai para mandar em mim”. Uma das
explicações para essa resposta é que o aluno não viu o professor à sua frente,
mas o pai projetado nele; assim sendo, respondeu ao pai. A figura projetada é
a que ele traz dentro de si, um pai autoritário que lhe causou muitos traumas.
Esse aluno tem problemas com o pai, não com o professor em si, e, enquanto
não os resolver, continuará utilizando o mecanismo neurótico de projetar a
figura internalizada do pai em qualquer pessoa que o faça lembrar-se dele.

Isso pode acontecer, também, com o professor: ele pode ver o aluno
insubordinado o filho desobediente. Então, passa a agir como um pai tentando

18
fazer o filho obedecer-lh a qualquer custo, e não como um professor tentando
estabelecer a ordem na classe.

A adolescência é um segundo parto: nascer da família para andar


sozinho na sociedade. Trata-se de um parto as avessas porque são os filhos
que expulsam os pais de seu mundo psicossocial, apesar de continuarem
dependendo deles em relação a moradia, comida, roupas, dinheiro,
responsabilidade (os) pais tem que assinar os boletins escolares.

Assim como a infância, a adolescência também tem varias etapas,


delimitadas, sobretudo, por modificações hormonais e psicossociais. Ciente
delas, os educadores terão mais elementos para compreender o aluno e saber
o que se pode esperar dele.

Um mesmo adolescente pode agir de maneiras distintas, conforme a


fase que estiver atravessando, sendo cinco as etapas: confusão pubertária,
onipotência pubertária, estirão, menarca/mutação e onipotência juvenil. Nas
meninas, essas fases têm início entre nove e dez anos: a menarca ocorre aos
onze ou doze anos e daí sucede a onipotência juvenil. Nos meninos, a
puberdade é mais longa e começa mais tarde, entre dez e onze anos; eles
chegam à mutação aos quinze ou dezesseis anos, e sua onipotência juvenil
pode estender-se até os dezoito ou vinte anos.

A confusão pubertária é o período em que a hipófise começa a estimular


todo o organismo a amadurecer, principalmente os ovários e os testículos.
Essas transformações independem totalmente da vontade e seguem o
determinismo genético biológico, gerando comportamentos característicos
conforme o sexo. É nesta etapa que surge o pensamento abstrato. A confusão
estabelece-se porque partes suas funcionam como criança e outras já como
púberes, com os hormônios sexuais. Internamente atrapalhados, externamente
precisam da ajuda dos educadores para se organizar.

A onipotência pubertária é muito mais evidente nos rapazes, que são


inundados pela presença da testosterona, o “hormônio de brigação”. Seus pés
e mãos desenvolvem-se muito, embora cresçam pouco em altura. O pênis
ainda conserva as características infantis. Mas já há produção de

19
espermatozóides. É a semenarca, que ocorre entre doze e treze anos. Chamo
de testosterona de “hormônio de brigação” (em contraste com o estrogênio o
“hormônio de ligação”). Com a testosterona, o púbere torna-se territorial,
agressivo, irritável, não pede ajuda, mas também não a oferece, não fala de si,
tranca-se com seus pensamentos, sentimentos e sofrimentos, buscando a
auto-afirmação a todo custo. Faz oposição, contestação e “birras”, agride, tem
crises de mau humor.

Nas meninas, essa onipotência não é muito evidente e expressa-se,


sobretudo, por meio da revolta nos momentos em que se sente injustiçada,
incompreendida ou rejeitada. Sensível, sofre também pelos outros injustiçados.
Embora possa ficar agressiva, respondona e resmungona, não chega ao nível
de mau humor e de agressividade dos rapazes. As amigas adquirem muita
importância em sua vida.

Ciente do que esta acontecendo com seus educandos, o educador deve


evitar atritos, tomando um cuidado extremo para não dar ordens que favoreçam
a oposição, o enfrentamento e o questionamento.

O estirão também é mais evidente nos rapazes. Eles aumentam muito


de altura, em conseqüência do alongamento do fêmur. O rosto e o pênis ainda
são de criança. Perdem o esquema corporal, ficam envergonhados, sofrem
ataques de timidez social, mas são loquazes em casa. Não acertam a postura,
muito menos as roupas. Nem eles mesmos entendem. As meninas engordam,
antecipando o arredondamento das formas e o crescimento dos seios. Ficam
também bastante envergonhadas.

Dois importantes acontecimentos biológicos marcam o início da próxima


fase: a menarca (primeira menstruação) nas garotas e a mutação (mudança de
voz) nos rapazes. As meninas aproximam-se das mães para tocar
“confidências ginecológicas” e aprender a higiene apropriada para os dias em
que estão menstruadas. Amadurecem bastante psicologicamente e começam a
lutar por sua independência, tentando livrar-se da proteção familiar.

Os rapazes sentem-se mais feios do que nunca: o nariz e as orelhas


crescem mais rápido que o restante do rosto, adquirindo formatos adultos e

20
desequilibrando a harmonia facial. O pênis, finalmente, também se desenvolve,
para intima satisfação deles.

A etapa seguinte é a onipotência juvenil, pode aparecer em ambos os


sexos, embora tenda a ser mais acentuada no masculino. A “mania de Deus”
do jove,: ousado, arrogante, impetuoso, impulsivo, apaixonado, sexualmente

21

Você também pode gostar