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O TRABALHO DA GESTÃO PEDAGOGICA FRENTE A INDISCIPLINA

QUE PERMEIA A ATUALIDADE NO PROCESSO ESCOLAR

Pedro Gadelha de Abreu

RESUMO

A presente pesquisa visa a compreensão de como a educação nos dias de hoje está
em uma busca constante de conceitos, a fim de desmistificar as dificuldades a
serem sanadas na aprendizagem dos indivíduos. O comportamento é um problema
bastante visível, pois o cotidiano escolar mostra-se bastante propenso a indisciplina.
Desta forma o gestor escolar como profissional de intervenção educativa tem um
papel de aluir essa problemática dentro do novo conceito educacional ocasionado
pelo comportamento indisciplinado no cotidiano escolar. Objetivou-se de forma geral
analisar o comportamento indisciplinado norteado dentro do processo de ensino;
objetivou-se ainda de forma especifica compreender os motivos do comportamento
indisciplinado, identificar conceitos e causas da indisciplina nas áreas do
conhecimento bem como descrever estratégias utilizadas pelos educadores para
minimizar a indisciplina no espaço escolar. A pesquisa partiu de uma abordagem
bibliográfica embasando-se teoricamente em autores que explanam a temática clara
e objetivamente. Espera-se a partir desse contexto contribuir para uma reflexão
acerca da temática e a importância de se trabalhar a indisciplina tratando-a como
desafio na prática pedagógica no espaço atual.

Palavras - chave: Educação. Gestão. Indisciplina.

ABSTRACT

This research aims to understand how education nowadays is in a constant search


for concepts, in order to demystify the difficulties to be met in the learning of
individuals. Behavior is a very visible problem, because the daily school is quite
prone to indiscipline. Thus, the school manager as an educational intervention
professional has a role to allude to this problem within the new educational concept
caused by undisciplined behavior in the school routine. The objective was generally
to analyze the undisciplined behavior based within the teaching process; The
objective was also to specifically understand the reasons for undisciplined behavior,
identify concepts and causes of indiscipline in the areas of knowledge, as well as
describe strategies used by educators to minimize indiscipline in the school space.
The research started from a bibliographic approach based theoretically on authors
who explain the theme clearly and objectively. It is expected from this context to
contribute to a reflection on the theme and the importance of working on indiscipline
by treating it as a challenge in pedagogical practice in the current space.

Key words: Education. Management. Indiscipline.


1. INTRODUÇÃO

Vivemos em uma sociedade envolvida pelo egocentrismo o que mais se vê


são crianças indisciplinadas que não respeitam nem as pessoas, tão pouco as
regras que lhe são apresentadas. O conceito de indisciplina traz diferentes sentidos
que nos levam a refletir a fim de criar ideais para contribuir na diminuição dos
problemas acarretados pela indisciplina escolar.
Coloca-se nesse sentido que a indisciplina ocorre, geralmente, em todos os
níveis de aprendizagem, desde a educação infantil até as universidades de hoje tem
se mostrado uma grande dificuldade a ser trabalhada, surge aqui a problemática a
ser desenvolvida, pois quando se fala em comportamento para os estudantes
remete-se a ações que devem ser executadas socialmente pelos mesmos, contudo
esse comportamento está mostrando-se uma verdadeira indisciplina de forma tão
exponencial que dificulta o trabalho seja ele do gestor pedagógico, professor ou da
sociedade em geral.
Objetivou-se de forma geral analisar o comportamento indisciplinado norteado
dentro do processo de ensino; objetivou-se ainda de forma especifica compreender
os motivos do comportamento indisciplinado, identificar conceitos e causas da
indisciplina nas áreas do conhecimento bem como descrever estratégias utilizadas
pelos educadores e gestores para minimizar a indisciplina no espaço escolar.
Tendo como base principal de busca de informação a problemática: como o
gestor escolar pode atuar no desenvolvimento e compreensão da indisciplina
escolar? Todos os textos trabalho envolvem e remetem a essa busca sendo
respondida essa pergunta durante o corpo do trabalho de pesquisa.
Refletir sobre indisciplina escolar é retratar um fenômeno amplo e que não
encontramos subsídios únicos. Esta questão vem se tornando um desafio para todos
que estão envolvidos no processo educacional, desde a base do sistema de ensino.
Todavia tem vindo a assumir grandes extensões e uma gama de irresoluções sobre
quais medidas a serem tomadas para sanar este problema. Nesse contexto propõe-
se um olhar a partir do prisma educacional.
Foi realizada em todo desenvolvimento da pesquisa uma análise com aparato
bibliográfico embasada em teóricos que aprofundaram a temática a fim de
desmistificar as causa e fontes de tal indisciplina até a compreensão plausível sobre
a mesma, ou seja, o trabalho teve o aprofundamento de teóricos como Aquino
(1996), Parrat Dayan (2008), entre outros.

2. INDISCIPLINA NA ESCOLA: CONCEITO HISTÓRICO

O conceito da indisciplina traz diferentes sentidos que nos levam a refletir


como contribuir para diminuir os problemas de indisciplina em sala de aula, práticas
de desrespeito e maus comportamentos dos alunos indisciplinados. A indisciplina é
uma simples palavra, mas que tem um grau de problemática bem elevado, o que se
considera hoje como indisciplina nada mais é que erro cometidos durante o
processo educacional e um indivíduo, dessa forma faz-se necessário procurar meios
para subsidiar essa problemática revertendo esse quadro que vemos
constantemente na educação. Parrat assim conceitua a disciplina:

Em geral o conceito de disciplina é definido em relação ao conceito de


disciplina, que na linguagem correta significa regra de conduta comum a
uma coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a obediência à
regra. Evoca-se também a sanção e o castigo que se impõem quando não
se obedece a regra. Assim, o conceito de disciplina está relacionado com a
existência de regra (PARRAT-DAYAN. 2008, p. 18)

Na ideia de Silva (2004), a palavra indisciplina é habitualmente utilizada para


definir todo e qualquer comportamento que seja contrário às regras, às normas, às
leis estabelecidas por uma instituição, contudo as visões utilizadas para trabalhar
essas dificuldades podem e devem buscar a participação de todos os envolvidos
não apenas do professor ou psicopedagogo atuante. Segundo Wallon:

A disciplina pode ser entendida diferentemente segundo a tarefa do mestre,


é considerada como de puro ensino ou de educação e segundo o aluno, é
considerado como simples inteligência a guarnecer de conhecimentos ou
como um ser a formar para a vida (WALLON 1979, p.367).

A indisciplina é um tema que provém de múltiplas interpretações. Um aluno


ou professor indisciplinado é em principio alguém que não se comporta de acordo
com as normas acordadas no contexto escolar. Estes desvios são, todavia,
denominados de forma diferente conforme se trate de alunos ou professores. Como
nos diz Silva:
A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas
tanto pelos professores quanto pelos alunos para que o aprendizado escolar
tenha êxito. Portanto, é uma qualidade de relacionamento humano entre o
corpo docente e os alunos em uma sala de aula e, consequentemente, na
escola (SILVA 1986, p.117).

Podemos entender com isso que a problemática da indisciplina tem sido um


problema desafiador para os educadores nas escolas, pois além da mesma
influenciar no comportamento dos alunos e no andamento das aulas, ela prejudica o
processo de ensino e aprendizagem e pode também, ser interpretada como uma
resposta ao autoritarismo do professor.
A escola tem mostrado um gradativo ponto de vista perverso ao propiciar a
exclusão social de muitos que nela ingressam (COLLARES; MOYSÉS, 1996; MOLL,
2005; PATTO, 1991). Nos processos de ensino e aprendizagem, aparece
representado por dois fenômenos distintos, mas semelhantes no que se refere às
concepções que os circundam: o fracasso escolar e a indisciplina.
A fase inicial da escolaridade que se refere ao processo de entrada na escola
tem se mostrado um momento de intensa seletividade, ou seja, cada vez mais se
observa um maior número de crianças que, devido às dificuldades acentuadas de
aprendizagem ou problemas de comportamento que dificultam ainda mais sua
formação critico-social.
Vasconcelos (2004) argumenta através de seus estudos que, os alunos têm
necessidade de expressar-se, sentir-se como sujeito no meio em que vive e nesse
sentido, o professor deve mediar a comunicação e a relação interpessoal, de modo a
garantir o respeito às regras, às diferenças, favorecendo experiências e
aprendizados, e permanecer atento quanto à sua prática pedagógica, por isso,

Ter respeito com os alunos é uma das necessidades da postura de um


professor consciente. Deve também exigir respeito dos alunos para com os
colegas e para consigo. O professor não pode exigir que o aluno goste dele
ou dos colegas, mas o respeito ele pode exigir. No caso de ser
desrespeitado, restabelecer os limites (não entrar no círculo vicioso do
desrespeito) (VASCONCELOS, 2004, p. 93).

Arraigando essas questões relacionadas à indisciplina, Rosemberg (1986, P.


50) menciona que há necessidade de se perceber que “a criança indisciplinada está
tentando dizer alguma coisa para a professora. É preciso saber ouvir e compreender
a mensagem que se esconde por trás do comportamento manifesto como
indisciplina”.
O termo “indisciplina” referido neste contexto representa comportamentos em
sala de aula que, conforme relatam muitos professores, perturbam e afetam de
forma prejudicial o ambiente de aprendizagem. De acordo com a literatura da área
(LOBATO, 2006; OLIVEIRA, M., 2002; PAPPA, 2004), os comportamentos que mais
são apontados pelos professores como indisciplinados incluem condutas e atitudes
como agressão física (brigas e empurrões) e agressão verbal (xingamentos, ofensas
e ameaças) entre os alunos.
Nessa compreensão podemos dizer que no Brasil, embora a indisciplina seja
objeto de crescente preocupação, o assunto ainda é superficialmente debatido.
Concordando com Rego (1996), a maior parte das análises, além de mostrar a falta
de clareza ou consenso em relação ao termo indisciplina, expressa um discurso
impregnado de dogmas e mitos do senso comum.
Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com
dificuldades de aprendizagem a indisciplina tem se mostrado bastante alarmante,
dessa forma a escola visa intervir nesse quadro em busca de melhores relações
entre professor e aluno. Pain nos diz neste ponto que:

Cabe diferenciar dos problemas de aprendizagem aquelas perturbações que


se produzem exclusivamente no marco da instituição escolar. Os problemas
escolares se manifestam na resistência às normas disciplinares, na má
integração no grupo de pares, na desqualificação do professor, na inibição
mental ou expressiva, etc., e geralmente aparecem como formações
reativas diante de uma enlutada e mal elaborada transição do grupo familiar
ao grupo social. Em tais casos a orientação se inclina por um tratamento
psicoterapêutico grupal com apoio pedagógico a fim de evitar o iminente
fracasso escolar. (PAIN 1985, p.13).

Neste ponto percebe-se que o desenvolvimento do trabalho de intervenção da


gestão frente as fragilidades comportamentais dos indivíduos dentro do espaço
escolar são bastante adversas e complexas, pois tendem a tomar vertentes distintas
a cada novo olhar, ou seja, sendo cada um individualmente único mesmo que
possuam semelhanças nas ações comportamentais impertinentes, a resolução não
validam para todos de forma igualitária, contudo a orientação ministrada tende a
relevar e criar subsídios para que essa indisciplina possa ser sanada.
A ação mediadora da educação, visa analisar a indisciplina, e constituir a uma
opção valida no intuito de minimizar, ou seja, é função de todos os envolvidos no
processo escolar encontrarem uma visão diretiva, que foque na análise das
inúmeras formas de conhecimento e ação de cada sujeito, tornando-a correta ou
corroborado para uma construção psicossocial de formação educacional alterando o
termo indisciplina e m algo de maior potencial que é a participação e integração
escolar.
O problema de disciplina nas escolas ganhou contornos e dimensões para
além de simples conceitos, sendo necessário um olhar sistêmico que dê conta de
explorar sua origem multicausal. Alves reafirma a complexidade da indisciplina
escolar e a necessidade de repensá-la:

[...] a indisciplina, que é complexa por essência, influi e é influenciada pelas


partes e aspectos que a definem e a constituem, sendo assim, é urgente
repensá-la a partir de uma visão de totalidade, que a torne envolvida com as
partes e os recortes, mas sempre se considerando as partes e um todo uno,
múltiplo e complexo, ao mesmo tempo, bem como a rede de relações
existentes em uma sala de aula. (ALVES, 2002, p. 155).

De certa forma, a indisciplina escolar é um fato que ultrapassou o nível


esporádico, tornando-se, infelizmente, rotineiro e acontece por inúmeras razões,
dentre elas, as desigualdades sociais, a ausência de valores, causas familiares que
são carregadas até o espaço escolar. Na visão de Xavier, há um desacerto no perfil
das escolas atuais:

O que se percebe é que as escolas hoje, pelo menos as comprometidas


com propostas mais democráticas/progressistas, não se vêem como
produtoras de sujeitos disciplinados/ordeiros, como nas propostas
tradicionais, mas também não assumem a construção de sujeitos
autônomos, autodisciplinados, do projeto moderno, como supostamente
seria o defensável. (XAVIER, 2003, p. 14).

Nesse sentido, uma vez que a escola se coloca alheia à discussão de um


problema que ocorre dentro de seu contexto sob o olhar de uma gestão democrática
e comprometida, a palavra de ordem passa a ser o encaminhamento do aluno a
diversas instâncias. Sobre essa questão, a literatura da área, especialmente das
décadas de 1980 e 1990, é bem vasta em estudos que apontam a facilidade e
simplicidade com que os alunos diferentes e ou indisciplinados eram encaminhados
pelos professores para as classes especiais de deficientes mentais. Oliveira explana
que:

[...] apesar da intensidade do processo de disciplinarização sobre os corpos


na escola, pode-se perceber que existem momentos em que os sujeitos
procuram encontrar um meio-termo entre a eficácia total do controle sobre
seus corpos e as atitudes de transgressão de liberdade, que não
contemplam totalmente esta eficácia. (OLIVEIRA, 2002, p. 13).

A autora aponta ainda algumas condutas de indisciplina relacionadas à sala


de aula e à escola, como a “[...] a falta de limites, a desobediência às normas, o não
saber ouvir, o desrespeito ao horário, a bagunça, a rebeldia, os assobios, as
gritarias, brincadeiras, conversas, andar pela sala e agir de má fé”. (OLIVEIRA,
2002, p. 117). Questionar a desobediência, a zombaria, o vandalismo, os insultos, os
gestos ofensivos e a discussão com professores, é uma demonstração de que a
falta de estratégias dialéticas de sala de aula ainda é muito grande, ou seja, existe aí
uma falta de preparação pedagógica para lidar com tais problemas, é neste âmbito
que o trabalho externo a sala de aula mediado pela coordenação pedagógica junto a
todos para encontrar uma solução que seja proveitosa para o andamento do
processo de ensino aprendizagem se faz necessário.

3. O GESTOR NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO À INDICIPLINA

O trabalho pedagógico não é algo que acontece espontaneamente, nem é


adquirido por prazer, de forma natural e espontânea. A colocação de determinada
ordem é fundamental para que o processo educativo realmente se efetive ou seja
coloca-se aqui a necessidade de uma gestão como base. Citando Aquino (1999, p.
134) em toda instituição social há um contrato implícito que entrelaça as relações,
onde cada um ocupa um lugar determinado. Nessa perspectiva não se pode dizer
que alguém detenha o poder ou que alguém esteja isento dele. Vivem‐se relações
de poder, e, pensando na escola, tanto alunos quanto professores exercem poder no
cotidiano escolar. É exercido poder quando tomam atitudes, quando tomam
decisões, quando resistem etc.

O poder está em toda parte; não porque englobe tudo e sim porque provém
de todos os lugares. (...) o poder não é uma instituição e nem uma estrutura,
não é uma certa potência de que alguns sejam dotados: é o nome dado a
uma situação estratégica complexa numa sociedade determinada
( FOUCAULT, 2013, p.102‐103).

Essa relação de autoridade deve ser construída dia após dia, pois não há
possibilidade de estabelecer um vínculo de confiança, senão por meio de atos.
Atualmente, essa questão tem sido motivo de descrença, já que aqueles que
deveriam mostrar seriedade e competência, quando ocupam posições nas
instituições sociais, têm demonstrando que autoridade significa autoritarismo, e
atendem aos interesses particulares e da classe economicamente dominante.
Quando nos reportamos à escola, a posição de autoridade em sala de aula é
inegável a do professor. Porém, essa posição se deve ao fato de que o educador
possui mais tempo de iniciação em determinado campo de conhecimento o que não
significa ser o professor o detentor perene desse conhecimento. No entanto, o
professor “deve ‘saber mais’ a respeito daquilo a que se propõe ensinar do que seus
alunos; isso porque a confiança destes é diretamente proporcional à segurança
daquele...” Aquino (1999, p.139).
O professor é um componente fundamental no processo ensino
aprendizagem, mas estas relações são permeadas por outras situações, em que
posições antagônicas sobre as dificuldades exigentes no ambiente escolar se
confrontam, neste contexto apresentam-se discursos distintos: carência afetiva,
influência da mídia, conforme afirma Vasconcelos.

O professor que quer ser efetivamente professor tem de trabalhar com a


realidade que tem em sala de aula; não adianta ficar se lamuriando, jogando
a culpa aqui e acolá. São estes os alunos que tem e com eles tem que
trabalhar; é esta a escola, é está o país. Este é o ponto de partida. Deve
superar as explicações do novo senso comum pedagógico (de cunho
pseudopsicológico ou pseudosociológico): “São problemas afetivos” “e
problemas de família”, “é problema de carência” “é influência de televisão”,
etc. É claro que tudo isso tem a ver com a (in) disciplina em sala de aula, o
que demanda a atuação dos educadores de maneira organizada e
articulada em todas as frentes. Mas de forma alguma deve servi de álibi
para que o educador não assuma sua responsabilidade em sala de aula.
Simultaneamente pode-se e deve-se trabalhar com os pais, com a formação
mais geral do aluno, com as contradições da escola, com a influência da
sociedade, etc., mas não podemos nos esquivar de um dos focos principais
das lutas que é a sala de aula. O professor tem que ser sujeito da história
pedagógica de sua classe e de sua escola; não pode ficar sonhando com
alunos ideais[...] (VASCONCELOS 2004, p.84).

O que se compreende com isso e que uma conversação franca, a posição de


limites a organização e o autocontrole do decente concretizam as relações no
ambiente escolar. Dessa forma o professor possui a autoridade, e não a usa de
maneira abusiva, mas sim apresenta suas ideias, conhecimentos e experiências,
sempre encorajando a participação, encarando como sujeitos conscientes e
responsáveis pelas suas próprias ações e pela resolução do seu processo de
aprendizagem. Nesse sentido corrobora-se a ideia de que:
Pelo discurso dos professores e diretores, a sensação é de que estamos
diante de um sistema educacional perfeito, desde que as crianças vivam
uma vida artificial, sem nenhum tipo de problemas, enfim, crianças que
provavelmente não precisariam da escola para aprender. Para a criança
concreta, que vive neste mundo real, os professores parecem considerar
muito difícil, senão impossível, ensinar (COLLARES; MOYSÉS,1996, p. 26).

Nesse sentido a escola é considerada uma instituição social concreta,


contudo se apresenta vítima de um público inadequado e indisciplinados que as
tornam inaptas ou incapazes de interagir com o processo concreto de aprendizagem
sistematizado. Santos (2001) alerta para o fato de que analisar o fenômeno da
violência na escola requer considerar a relação professor-aluno, na qual o aluno está
desfavorecido em uma relação de poder. Acrescenta o autor que a compreensão
das relações dentro da escola e as práticas indisciplinadas estão passando pela
reconstrução das complexas relações sociais e interpessoais que estão presentes
no convívio professor e aluno geridos por uma gestão democrática centrada na
solução dos problemas que surgem sem sobreposição ou atribuição aos demais.
A gestão democrática é concretizada, principalmente, em sala de aula onde o
Projeto Político Pedagógico se concretiza e é posto em ação, como menciona
Ferreira:

Fazendo-se em ação na sala de aula, por conter “gérmen” o espírito e


conteúdo do projeto político pedagógico que expressa os compromissos e o
norte da escola por meio da gestão de ensino, da gestão da classe, da
gestão das relações, da gestão do processo de aquisição do conhecimento.
(FERREIRA, 2006, p. 1348)

Percebe-se, então, que a gestão democrática vai além da questão


administrativa e burocrática, expandindo-se a horizontes maiores onde a
participação, o compromisso e o diálogo a respeito das dificuldades, objetivos e
consequências das decisões tomadas permeiam o cotidiano escolar
A concretização dos princípios da gestão democrática acontece quando se
compreende que por meio da participação, do envolvimento e comprometimento
com o Projeto Político Pedagógico estabelecido está-se exercendo o direito a
cidadania, onde, no coletivo, as pessoas responsabilizam-se pelo que se faz, se fez
e o que deve ser feito, superando os interesses individualistas e contribuindo para a
formação do cidadão responsável e também para repensar as estruturas do poder
autoritário que ainda podemos vislumbrar em nossa sociedade capitalista onde a
escola foi colocada a mercê dos interesses de mercado.
Cabe salientar que, a relação educador-educando é de suma importância
para que a indisciplina não ocorra, pois, uma simples atitude errônea do educador
pode contribuir para que a indisciplina aconteça ou pelo fato de o educando não
simpatizar com o educador. Os gestores das escolas, muitas vezes, não sabem que
providências tomar, em relação aos diversos casos de indisciplina que atingem suas
escolas. Estes se sentem incapazes, diante deste problema tão sério, que se
instalou nas escolas, gerando consequências para a vida futura do educando.

Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-


aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio
comportamento: ele não aproveitará que se nada dos conteúdos ministrados
durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer
trabalho reprodutivo (OLIVEIRA, 2005, p. 21).

A indisciplina nas escolas é um fato. Além disso, representa um grande


obstáculo ao processo de ensino e aprendizagem e é notável o prejuízo que esse
comportamento causa à atuação docente. O educando indisciplinado não aceita
ordens nem regras impostas pela sociedade, muito menos admite receber os limites
que escola tenta colocar e, assim, desafiam seus educadores, algumas vezes,
agredindo-os verbalmente ou fisicamente.
Dentro de todas as observações realizadas compreendeu-se que a escola
não pode ignorar que os conflitos e problemas sociais existem, e por isso devem ser
flexíveis no seu enfrentamento. E é precisamente na escola que as crianças
apresentam comportamentos que são diariamente observados, em alguns casos,
proliferam os maus tratos físicos e psicológicos, nos quais as privações, a
promiscuidade, a baixa escolarização, a pobreza andam de mãos dadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As ações que formam um acervo de atividades distintas para lidar com a


criança indisciplinada podem e são uma ótima fonte de aptidões para desenvolver as
habilidades de todas elas colaborando para um bom rendimento tanto das aulas
como na sua participação social, nesse sentido todas as atividades propostas como
forma de compreender a criança indisciplinada em toda a sua potencialidade.
Refletir sobre esse papel da escola no contexto acima é bem difícil, contudo
não impossível, desde que haja um compromisso e determinação em desenvolver
um trabalho objetivando estabelecer ações pedagógicas que envolvam toda uma
instituição na busca de soluções para resolver o problema da indisciplina na sala de
aula, na escola e na vida.
A indisciplina é algo que pode vir de várias vertentes diferentes por isso dizer
um motivo específico para ela se torna quase impossível, podemos dizer apenas
que a cada novo comportamento que a criança tem um novo motivo há em razão
dele, pois sabemos que se a criança age é em razão de uma reação anterior que a
causou.
Dentro de todas as observações realizadas compreendeu-se que a escola
não pode ignorar que os conflitos e problemas sociais existem, e por isso devem ser
flexíveis no seu enfrentamento. E é precisamente na escola que as crianças
apresentam comportamentos que são diariamente observados, em alguns casos,
proliferam os maus tratos físicos e psicológicos, nos quais as privações, a
promiscuidade, a baixa escolarização, a pobreza andam de mãos dadas.
Neste campo, urge uma intervenção conjunta realmente eficaz, fornecendo à
população educativa sob a perspectiva de uma gestão democrática e ativa, modelos
de conduta adequados ao desenvolvimento afetivo, intelectual e moral de todos os
implicados. Somos todos responsáveis pelas consequências educativas ou não das
nossas ações.
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