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É importante, nas turmas de EJA, construir um currículo que propicie ao aluno, que teve
sua oportunidade de aprender comprometida por diversas razões, práticas que
promovam mudanças em sua realidade.
Porém, ainda encontramos na EJA práticas tradicionais, com padrões limitadores, uma
metodologia que tem como princípio a transmissão dos conhecimentos e uma aula
normalmente expositiva do professor, além de conteúdos e livros didáticos pouco
eficazes, que levam o aluno a assumir uma posição secundária e passiva, em que apenas
executa as orientações que lhes são transmitidas.
Essa prática acaba por fazer com que os alunos internalizem o paradigma de que
não tem nada a oferecer, pois sua opinião não é levada em consideração, e as
atividades de sala de aula são impostas, em vez de instigar e desafiar o alunado, o
que acaba por provocar um sentimento de incapacidade, inferioridade e até
mesmo acarretando a evasão escolar.
Paula (2012, p. 76) nos traz a reflexão de Oliveira (2007, p. 96), que nos provoca a
repensar a respeito da organização curricular sob a lógica de tessitura em rede. Segundo
a autora:
“Um mesmo saber faz parte de diferentes campos significativos, tanto disciplinares
quanto não disciplinares, na medida em que os enredamentos entre os diversos
saberes atravessam mutuamente, sem uma forma ou processo organizável de fora
ou de acordo com os critérios ‘científicos’.”
Sendo assim, surge uma nova questão sobre a qual devemos refletir: quais os desafios
das metodologias para a EJA?
Quando falamos de educação de adultos, estamos nos referindo a indivíduos com uma
bagagem de vida e um conhecimento construído socialmente. Nesse sentido, é
necessário desenvolver uma metodologia para a EJA com atividades diferenciadas e
instigantes, que levem o aluno a dar continuidade na busca do conhecimento,
principalmente porque o aluno da EJA carrega o estigma, de maneira geral, como uma
pessoa que aprende menos do que as outras.
Na EJA, o método deve se relacionar com o social, com o que o aluno traz consigo de
suas experiências de vida. Nesse sentido, a EJA deve estar além da educação formal,
incorporando as práticas e os saberes construídos no cotidiano dessa clientela com uma
visão construtivista.
Para essa construção, as atividades pedagógicas para a EJA precisam ter sentido e
necessitam ser desenvolvidas de modo interdisciplinar, promovendo uma maior
interação entre educandos/educandos e educandos/educadores, de forma a instigar o
aluno à busca e à investigação, além de criar a autonomia do aprendizado por meio da
troca, do debate, da dúvida, do processo de reflexão sobre o que aprendeu.
Você sabe o que é interdisciplinaridade?
É a união de disciplinas com objetivos pedagógicos em comum.
É um método globalizador de ensino que consiste no desenvolvimento de atividades em
torno da representação concreta de um tema central.
É o enlace das atividades que associam os problemas da vida, de assuntos diferentes a
um mesmo ponto, a um mesmo centro.
Ou seja, cada professor tratará o assunto a partir do que a sua disciplina pode oferecer
para explorá-lo. Dessa forma, os interesses próprios de cada disciplina são preservados,
e uma enriquece a outra, ocorrendo uma relação de reciprocidade entre as diversas áreas
do saber.
A partir do tema escolhido, por exemplo, o meio ambiente, o professor de português
trabalhará seus conteúdos com textos sobre esse tema. Já o de biologia abordará o solo,
o clima, a água, e assim por diante.
Isso com o intuito de levar o aluno a abstrair e confrontar seu problema com uma teoria,
despertando nele o pensamento reflexivo.
É o significado do que é aprendido pelo aluno que desenvolve nele o interesse pela aula.
Sendo assim, devemos estabelecer uma metodologia que respeite o indivíduo adulto nas
suas especificidades, baseada nos princípios da andragogia, fazendo com que desperte
neles o desejo de conhecer.
Coelho (2012, p. 8) nos traz a referência que Knowles apresentou a andragogia e a ideia
que os adultos aprendem de maneiras diferentes, pois eles são responsáveis pelas suas
vidas e decisões. Dessa forma, os princípios em que a EJA se baseia são outros.
Conheça a seguir os seis sentidos que Knowles nos apresentou.
Princípio 1 – Necessidade de saber (o porquê, o que, como)
Para pensar: como o meio escolar pode facilitar a aprendizagem dos alunos de
EJA?
AULA 2
Aula 2 A avaliação na EJA
A avaliação ainda é considerada por muitos educadores como a forma de medição dos
conhecimentos de seus alunos por meio de um conceito ou nota. E na EJA não é
diferente. Porém, é necessária uma discussão sobre esses processos avaliativos, de
forma a atender às especificidades dessa modalidade de ensino.
Convido você a refletir sobre o modo como essa avaliação deverá ser
realizada.
E na EJA?
Os professores da EJA conhecem bem os resultados de um processo avaliativo baseado
em notas, pois, dependendo da forma como o processo avaliativo é estruturado, ele pode
contribuir para aumentar a baixa autoestima dos alunos de EJA, que, ao retornar à
escola, chegam cheios de inseguranças e incertezas.
Devido à diversidade dos alunos de EJA, muitas escolas optam por realizar algumas
avaliações iniciais. Utilizam-se testes, entrevistas com os interessados e outras formas
para conhecer o nível de escolaridade de seus alunos, aproveitando para conhecer as
experiências escolares e profissionais já vividas, sua origem e família, expectativas e
sonhos, bem como as características pessoais de cada um, definindo, assim, sua ação.
A coleção do MEC (BRASIL, 2006, p. 19) ressalta que toda a atividade de aula pode
servir de avaliação. Independentemente do instrumento (prova, jogo, exposição oral,
uma dissertação), o que é necessário ocorrer “é o uso dos resultados para pensar sobre a
prática”. Em seguida, o documento apresenta quando a avaliação é uma aliada e quando
ela pouco contribui:
Reconhece e valoriza os progressos do aluno. O aluno acaba sem entender o que errou.
Nesse sentido, o aluno deixa de repetir respostas preestabelecidas como certas, para
realizar um exercício mental como processo de aprendizagem no processo avaliativo.
Piconez (2002, p. 124) conclui que:
“quanto mais integrado for o trabalho do professor com seus alunos,
maior é a chance que se tem de observar o grau de conhecimento de
aproveitamento realizado.”
AULA 3
Aula 3 Uso de novas tecnologias na EJA
Ao planejar suas aulas, o professor estabelece como irá realizar sua ação educativa de
forma a torná-la mais fácil e estimulante para o seu aluno aprender. Nesse processo, é
necessário utilizar técnicas e recursos que propiciem o alcance dos objetivos
educacionais. Na Aula 1, abordamos as metodologias utilizadas na EJA; agora, vamos
analisar os diversos recursos educacionais que dão suporte às estratégias do ensino,
principalmente com relação à utilização da tecnologia, uma vez que cada vez mais ela
atinge todos os espaços da vida do indivíduo, e a escola não pode ficar fora dessa, não é
mesmo?
Os filmes/vídeos/clips
DESCRIÇÃO NO CADERNO
Cada vez mais surgem investimentos em tecnologia para a educação. Mas Moran (2015,
p. 8) nos lembra que existem alguns pontos críticos e cruciais. Segundo o autor, existe a
expectativa de que essa ênfase na questão tecnológica trará a solução para mudar a
educação, transformando-se em um remédio para todos os males, mas podendo
“não trazer um resultado significativo para o desenvolvimento educacional e
cidadão de nossa geração.’
Um ponto positivo que a era digital nos traz é fazer com que saiamos do paradigma
tradicional e nos levando a experimentar novas formas de aulas. Moran (2015, p. 30)
nos diz que a tecnologia permite a aprendizagem de forma mais flexível e adequada
para cada aluno e que, nesse sentido:
“[...] a escola precisa entender que uma parte cada vez maior da aprendizagem
pode ser feita sem estarmos em sala de aula e sem a supervisão direta do
professor [...]. Por que obrigar os alunos a irem à escola todos os dias e
repetirem os mesmos rituais nos mesmos lugares? Isso não faz mais sentido.”
ENCERRAMENTO
Encerramento
Quais são os caminhos para desenvolver conteúdos na EJA?
DESCRIÇÃO NO CADERNO
Resumo da Unidade
Vimos em nossos estudos que precisamos estabelecer nossas estratégias educacionais com muita
responsabilidade, dentre elas a de estar preparado para utilizá-las e fazer a diferença em nossa atuação
pedagógica. Independentemente do recurso a ser utilizado, é necessário pensar e articular essas
ferramentas cada vez mais com cada aluno por meio de atividades bem planejadas e executadas por um
professor orientador, que acompanha o percurso de seu aluno e o leva ao aprendizado. Também vimos
que a avaliação faz parte do processo pedagógico.