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Notas compiladas por ERNESTO JÚNIOR, docente da UP/ FCLCA - Maputo

Sebenta de MIC. 2007.

1. Programa da cadeira de MIC


(i) Conhecimento científico e outros tipos de conhecimento;
(ii) Ciência e método;
(iii) Etapas de Pesquisa;
(iv) Tipos de pesquisa;
(v) Relatório da Pesquisa;
(vi) Exigências éticas da pesquisa;
(vii) Defesa do trabalho científico.

2. Bibliografia Básica (vide anexo ao programa da disciplina)

3. Metodologia básica
 Aulas expositivas + interactivas (temas 1 &2); aulas teórico-práticas (temas 3, 4,
5); leitura e sistematização, trabalho de grupo, temas 6 e 7.
 Exposição do material; prática do projecto; exercícios/fichas de leitura; produção
do projecto (faseado).

4. Metodologia de avaliação
(1) Iª frequência: Excerto Dissertativo e Projecto de pesquisa: tema, problema,
objectivo, hipóteses variáveis, Revisão da Literatura (sumária);
(2) IIª frequência projecto de pesquisa reformulação aspectos avaliados +
Metodologia de Pesquisa; cronograma de pesquisa, conclusão.
(3) Exame final: Projecto; Recorrência reformulação projecto.
(4) Avaliação formativa - avaliação do percurso/processo.
 Escolher desde já um problema de E/A do LP e descrevê-lo.
2

Notas de Leitura
A organização da vida Universitária (Severino-2002)
No Ensino Superior
 Estudante dá-se conta de que está perante novas exigências;
 Novas posturas ser-lhe-ão exigidas;
 Necessidade de tomar mediadas apropriadas para o sucesso;
 Exigência de novos métodos de estudo.
a
É necessário que o estudante (se):
 Consciencialize de que o sucesso depende do si próprio;
 Tenha cada vez uma maior autonomia;
 Desenvolva a postura de auto-actividade didáctica (crítica e rigorosa);
 Empenhe num projecto de trabalho altamente individualizado (apoiado no
manuseamento de instrumentos variados: enciclopé
dias/dicionários/livros/artigos/ revistas, etc.);
 Assimile as matérias de forma activa e dinâmica (não basta a presença física
nas aulas e o cumprimento forçado das tarefas).

Os instrumentos de trabalho
Ao iniciar os estudos universitários, é importante que o estudante:
 Começar a formar a sua biblioteca pessoal- especializada e qualificada-
(adquirindo de forma metódica e sistemática, livros, fundamentais para o seu
estudo);
 Criar um quadro teórico geral (pela selecção e aquisição de bibliografia
específicas-estes livros exercem a função propedêutica + maturação do
pensamento);
3
 Munir-se, criteriosamente de textos básicos/introdutórios da área específica,
dicionários de especialidade, uma tese, …, revistas especializadas, artigos,
monografias. Estes textos criam um quadro teórico a partir do qual se
desenvolvem as aprendizagens; são fontes de consulta.
 Munir-se, mais tarde de dissertações, teses, e outras obras de especialidade;
 Reunir textos complementares (revistas científicas permitem acompanhar o
evoluir da ciência) outros recursos eletrónicos.

Disciplina de Estudos: O Fluxograma de Estudos


Métodos de Estudo
27.03.13
Sublinhar , tirar apontamentos e fazer esquemas
1. Técnica de sublinhar
Regras Práticas
a) Sublinhar pouco, saltando as frases secundárias e os vocábulos supérfluos;
b) Sublinhar frases afirmativas; sempre que possível sublinhar fases negativas é
obrigatório destacar também a negação;
c) Reescrever à margem, por palavras pp, os conceitos expressos no texto,
quando não for possível destacar vocábulos que poe si sintetizem o conteúdo;
d) Se o texto for constituído por uma numeração de ideias, causas,
consequências, ou outro tipo de elementos, deve numerá-los, isto é, passar
de uma enumeração à uma sequência;
e) Quando num texto o sublinhado recai sobre uma definição, deve evidenciá-la
à margem por uma seta;
f) Além dos sublinhados, usar outros sinais gráficos que chamem a atenção e
facilitem a compreensão;
g) Quando há muitos exemplos, destacar o mais representativo/típico por uma
seta;
h) Destacar os comentários pessoais com parenteses rectos de modo a
distingui-los do restante texto;
i) Não usar demasiadas canetas ou lápis de cores diferentes para distinguir os
sublinhados;
j) Deve, sim, alternar dois modos diferentes de sublinhar com uma única
caneta/lápis (ex: usar uma linha contínua para as informações de maior relevo
e tracejado para as outras);
4
k) Dar prioridade a definições, fórmulas, esquemas, termos técnicos, e pala
vras/ou expressões que sejam a chave do texto.

2. Tirar apontamentos
2.1. Formas de apontamentos
Destacam –se quatro formas diferentes de tirar apontamentos:
a) Apontamentos por palavras-chave
 faz uma lista de palavras nucleares do texto não articuladas por
conectores; relação é dada pelo contexto;
 o risco é horas/dias depois não conseguirmos c fidelidade
reproduzir o essencial do texto lido;
 Usa-se igualmente setas, traços, sublinhados, círculos, etc. para
esquematizar o raciocínio expresso pelo texto;
b) Apontamentos por pequenas frases
 Usam-se frases de estrutura elementar mas completa;
 Prestam-se a um estudo de longo prazo.

c) Apontamentos sob forma de quadros e mapas


 Usam palavras-chave dispostas no papel de modo a evidenciar as
relações hierárquicas entre as informações;
 São de difícil elaboração, mas favorecem a memorização;

d) Apontamentos por resumos


 Usados quando se trata de assuntos complexos;
 Trata-se de um texto complexo (parágrafos) entretanto mais breve
que o texto de partida;
 Usa técnicas de economia textual próprias de uma síntese;
 Resulta num texto muito fácil de memorizar.

2.2. Quando tirar apontamentos


 Deve ter lugar durante a leitura analítica do texto;
 Aconselharmos a ler uma ampla parte do texto antes de começar a
tirar apontamentos;
 Redigir os apontamentos “propriamente ditos” unidade por unidade,
depois do sublinhado.

2.3. Como tirar apontamentos


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 Dividir a página com um traço vertical, ou formato de ficha de
leitura, à direita do traço ou no espaço respectivo (na ficha),
escrevem-se os apontamentos normais, por
frases/palavras-chave/pequenos resumos; à esquerda, registam-se
algumas perguntas que permitam uma autoavaliação em fases
subsequentes.
Ou
 Dividimos a página em três partes: na 1ª – escrevem-se os
conceitos, e outras ideias nucleares; na 2ª – os exemplos; na 3ª
comentários (uma variante deste técnica implica usar três cores
diferentes).

Conselhos práticos para tirar apontamentos


a) Percorrer uma ampla parte antes de começar a tirar apontamentos, unidade por
unidade, de forma a perceber a sua estrutura;
b) alinhamentos/números/alínas,etc);
c) Explicar os conteúdos do texto por palavras próprias, excepto, nas citações;
d) Reler para conferir a fidelidade, a clareza e ligações explícitas e implícitas entre
os conteúdos tratados.

3. Elaboração de Mapas
3.1. Como se elabora um mapa?
 É um processo interactivo em que a cada passo se escolhe um
conceito um conceito para expandir, se determinam outros
conceitos que estão subordinados àquele, e se apresentam tais
conceitos em forma de palavras-chave;
 É um processo que termina quando os conceitos de periferia
estiverem descritoS a um nível de pormenor considerado suficiente.
3.2. Tipos de Mapas

Destacam-se: mapa em árvore e mapa em estrela. (cf: Serafin


(1996:67 e 68)
3.3. Fases da elaboração de um mapa
 Definir a ideia mais importante ou conceito fundamental do texto, e
colocar centro da raiz ou da estrela;
 Escolher um/vários conceito(s) da periferia;
 Decidir se este e/ou aquele conceito deve(m) ser expandido(s);
 Identificar para cada ideia ou conceito as palavras-chave ou frases
breves;
6
 Organizar o mapa de modo agradável, destacando claramente a
hierarquia entre os conceitos.
Trabalho Independente

Texto 7, Gonçalves (2001) “Memorização “p.37-41

O Que é Pesquisa?
 Muito do chamamos de pesquisa não passa de simples compilação ou
determinado assunto, o que é pior, não referenciamos devidamente as
 “Pesquisa é o processo de fabricação do conhecimento, q uanto como o
procedimento de aprendizagem (principio cientifico e educativo), sendo
parte integrante de todo o processo reconstrutivo de conhecimento) ”.
Demos.2000
 A finalidade da pesquisa é “ resolver problemas e solução problemas
dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos”. Barros,&
Lehfeld, (2000:14)
 Assim: a pesquisa científica é a realização de um estudo planificado, sendo
o método de abordagem do problema o que caracteriza o aspecto
científico da investigação.
 A pesquisa parte de um problema, levanta hipóteses, baseia-se teorias,
pode gerar novas teorias e/ou a resolução de problemas práticos.
 No sentido restrito, pesquisa é busca de conhecimento apoiando-nos em
procedimentos capazes de dar confiabilidade aos resultados alcançados.
 Segundo Lakatos e Marconi (2007:157) “pesquisa cientifica é um
procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um
tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a
realidade ou sistematizar verdades parciais.”
 Para Gil (2008:26), a pesquisa tem um caracter pragmático, é um processo
formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objectivo
7
fundamental da pesquisa e descobrir respostas para problemas
mediante o emprego de procedimentos científicos.
Aspectos éticos da pesquisa
E necessário destacar alguns princípios éticos que devem ser observados na produção
e na elaboração de trabalhos acadêmicos, como monografias, dissertações, teses,
artigos, ensaios etc. Vejamos alguns desses princípios e suas implicações:
a. quando se pratica pesquisa, é indispensável pensar na responsabilidade do
pesquisador no processo de suas investigações e de seus produtos. Nesse
sentido, a honestidade intelectual é factor indispensável aos pesquisadores,
tornando-os cidadãos íntegros, éticos, justos e respeitosos consigo e com
aprópria sociedade;
b. a apropriação indevida de obras intelectuais de terceiros é acto antiético e
qualificado como crime de violação do direito autoral, assim como pela
legislação de muitos países;
c. o pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, da sua pesquisa, com
autonomia e com respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes
bibliográficas utilizadas no estudo;
d. é considerado plágio a reprodução integral de um texto, sem a autorização do
autor, constituindo assim “crime de violação de direitos autorais”;
e. as Normas para a Produção e Publicação de Trabalhos Científicos na UP
orientam a escrita e informam como proceder na apresentação dos trabalhos
acadêmicos e científicos, sendo suas regras recomendadas a todo
pesquisador, para ter seu trabalho reconhecido como original.

Tema I: As diferentes formas de abordagem de realidade

O camponês, o cozinheiro, o jardineiro; o engenheiro, o médico veterinário e o


professor, todos possuem conhecimentos válidos para o exercício de suas profissões
8
/ para a abordagem da realidade, todavia há uma grande diferença do
conhecimento dos três primeiros (camponês, cozinheiro, jardineiro) em relação aos
últimos (engenheiro, médico e professor) " o que os distingue é a forma, o modo ou o
método, os instrumentos e as motivações, do ' conhecer'.
 as diferentes formas de abordagem da realidade (visando compreendê-la,
descrevê-la, explicá-la, etc.) determinam a existência de diferentes tipos de
conhecimento: do tipo de (a) senso comum; (b) artístico; (c) filosófico, teológico;
(d) científico.
 Entretanto, esses tipos de conhecimentos não são exclusivos ou incompatíveis
Aapaixonado pela pintura e filosofia, etc.

Correlação entre conh'to Científico e conh'to Popular


1.1 Conhecimento de senso comum (conh'to popular).
 Imediatista, no geral, o conhecimento de senso comum produz informações
que se prendem com a resolução de problemas imediatos do dia a dia;
 Superficial, não se preocupa com a essência dos fenómenos, não busca
descrever os elementos específicos e causas dos fenómenos, bastando a
satisfação de necessidades imediatas;
 Subjectivo, o sujeito do conh'to adquire-o por vivências próprias, tanto 'por
ouvir dizer';
 Não necessita enquadrar suas descobertas num princípio mais geral, i.é, não
se preocupa com a generalidade do conhecimento que obtém;
 Assistemático, esta organização de experiências não visa uma
sistematização das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de
validá-las;

 Não carece de uma divulgação específica (salvo raras excepções como as


receitas de culinária);
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 Sensitivo, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida;
 Empírico, transmitido de geração em geração por meio de educação informal (
baseado na imitação e experiência pessoal;
 Acrítico, verdadeiro ou não, a pretensão de que esse conhecimento seja
rigorosamente verdadeiro não se manifesta sempre de uma forma crítica.
Limitações:
 Apesar de as informações produzidas por este tipo de conhecimento
parecerem racionais, e de evitarem especulações sem controlo, o que lhes
confere objectividade, não "utilizam" teorias (sistematizadas e coerentes) e,
igualmente, a sua objectividade é afectada pela visão antropocêntrica (olhar a
realidade/ formular hipóteses; olhar os fenómenos apenas com base na nossa
percepção e limitados pelos nossos sentidos).

1.2. Conhecimento científico


O conhecimento científico surge no séc. XVII, com a constituição histórica da
Modernidade no Ocidente; antes não existia separação Filosofia vs Ciência, aliás essa
relação, e com a arte, nunca deixou de existir, pois ambos visam questionar a
realidade, mas existem características que delimitam o campo da ciência:
 A ciência não é imediatista, não se contenta com informações superficiais, sobre
um aspecto da realidade;
 Pretende ser crítica, i.é, busca estar sempre julgando a correcção das suas próprias
produções;
 Constitui uma constante busca da compreensão, descrição e explicação das
possíveis causas dos fenómenos;
 Garante a generalização do conhecimento que obtém, ou seja, sua validade em
outras situações;
 Caracteriza-se Tb pela divulgação sistemática dos resultados de suas descobertas,
ou melhor, trata-se do exercício da intersubjectividade, a garantia de que o conh'to
está sendo colocado à disposição e à discussão da comunidade científica.
10

1.3 Sistematização das diferenças entre o conhecimento científico e os outros


tipos de conhecimento.
A constatação de que o conh'to popular se diferencia do cientifico mais pelo contexto metodológico do que nos
conteúdos é aplicável também aos conhecimentos Religioso e Filosófico, senão vejamos:
Conhecimento Conhecimento Conhecimento Conhecimento
popular científico filosófico religioso
- Valorativo; - Real(factual); - Valorativo; - Valorativo;
- Reflexivo; - Contigente; - Racional; - Inspiracional;
- Assistemático; - Sistemático; - Sistemático; - Sistemático;
- Verificável; Falível - Verificável; Falível; - Não verificável; - Não verificável;
- Falível; Inexacto. - Aproximadamente / - Infalível; Exacto - Infalível; exacto.
exacto.

APLICAÇÃO - Teste dissertativo


1. Leia com atenção o extracto a baixo e construa um texto dissertativo em torno dos
quatro tipos de conhecimento estudados.
"(…) apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento filosófico,
religioso, popular e científico, no processo de apreensão da realidade do objecto, o
sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por
exemplo, pode tirar uma série de conclusões sobre a sua actuação na sociedade,
baseada no senso comum, ou na experiência quotidiana; pode-se analisá-lo como um ser
biológico, verificando, através da inspiração experimental, as relações existentes entre
determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e
destino assim como quanto à sua liberdade; finalmente pode-se observá-lo, como ser
criado pela divindade, à sua imagem e semelhança e meditar sobre o que dele dizem os
textos sagrados."
11
In: LAKATOS & MARCONI, M. A. Metodologia Científica. 2ed. S. Paulo,
1991, p.18
2. Pense num fenómeno e apresente a interpretação que esse mesmo fenómeno
recebe de acordo com os quatro tipos de conhecimento tratados.

Ciência como uma relação entre o sujeito e o objecto

A partir do sec. XVII constitui-se a epistemologia , ramo da filosofia que vem discutindo
e formulando os diferentes fundamentos para a ciência.
A epistemologia, a partir de I. Kant, utiliza os termos sujeito e objecto, para fazer
referência aos dois pólos envolvidos na produção do conh'to: sujeito - o homem que se
propõe a conhecer algo; objecto - o aspecto da realidade a ser conhecido;
Na história da epistemologia surgiram três perspectivas a este respeito: empirismo,
racionalismo, Interacionismo.
 Empirismo - supõe a primazia do objecto em relação ao sujeito, i.é, o conh'to
deve ser produzido a partir da forma como a realidade se apresenta ao
cientista; o sujeito assume papel passivo já que a fonte principal é o objecto.
 Racionalismo - aponta a primazia do sujeito ou a actividade em relação
objecto, uma vez que toma a razão, i.é, a capacidade humana de pensar,
avaliar e estabelecer relações entre determinados elementos como a fonte
principal de acesso ao conhecimento.

Estas duas correntes têm em comum o facto de pressuporem uma separação


entre o sujeito e o objecto, ou seja, partem do postulado de que existe uma
realidade que é independente do ponto de vista do pesquisador e que deve
ser por este alcançada, quer seja tomado como via principal ou secundária.
Em todo o caso o sujeito participa da produção do conhecimento.
12
 Interacionismo - perspectiva que assume que o conhecimento é
produzido a partir da interacção do sujeito com o objecto, assim, o
conhecimento científico seria o produto das inter-relações que mantemos
com a realidade, a partir de nossas práticas sociais.

Nesta perspectiva as verdades da ciência seriam influenciadas pelos seguintes


factores: práticas sociais, a cultura, a ideologia predominante num dado período
histórico, condições económicas, sociopolíticas.
A ideia da neutralidade científica não se enquadra na perspectiva interaccionista, já
que se pressupõe um cientista purificado, descomprometido com as condições que
determinam a sua própria existência como homem e pesquisador.

Do conceito de Ciência
Um conceito abrangente é proposto por ANDER-EGG ( 1978:15), para quem "ciência é
um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos
metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objectos de
uma natureza."

Desta definição destacam-se as seguintes características:


 Conhecimento racional; certo ou provável;
 Conhecimento obtido metodicamente;
 Conhecimentos sistematizados (ordenados logicamente0;
 Conhecimentos relativos a objectos de uma mesma natureza;
 Implica uso de quadro teórico;
 Não produz verdades estáticas/ atemporais.

As três Verdades científicas:


Ideal da Racionalidade e a Verdade Sintáctica
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 O Ideal da racionalidade esta em atingir uma sistematização coerente
do conhecimento presente em todas as suas leis e teorias;
 O princípio da não contradição requer que se corrija ou se eliminem as
contradições que eventual/ existam entre diferentes explicações que
constituem a ciência. Assim busca-se a harmonização das teorias,
procurando uni-las, estabelecendo relações entre enunciados, teorias e
campos das ciências, de forma que tal se possa atingir, através de uma
visão global, corrigindo as inconsistências;
 Em suma, no plano sintáctico verifica-se o grau de logicidade interna ou
externa que possui e até que ponto os enunciados são
concordantes/desconcordantes principalmente com o paradigma
dominante.

Ideal da Objectividade e a Verdade Semântica


 Este ideal pretende que as teorias científicas, como modelos teóricos de
representação do real, sejam construções conceptuais que representem
com fidelidade o mundo real: sejam "verdadeiras", evidentes,
impessoais, passíveis de serem submetidos a testes experimentais e
aceites pela comunidade científica;
 A objectividade fundamenta-se em dois factores: (a) a possibilidade de
um enunciado ser testado através de provas factuais; (b) a testagem e
os resultados poderem passar pela avaliação, crítica intersubjectiva, feita
pela comunidade científica.

A Verdade Pragmática
 Apesar das verdades sintáctica e semântica, a ciência exige a
possibilidade de a comunidade científica ajuizar consensualmente sobre
a investigação, seus resultados e métodos utilizados = a
intersubjectividade que proporciona a verdade pragmática.
14
 Os enunciados poderem ser contrastados com a manifestação de
fenómenos da realidade (plano semântico), poderem ser testados em
qualquer época e lugar e por qualquer sujeito (a verdade pragmática);
 A investigação científica é assim estimulada a criar fundamentos mais
sólidos e a testar suas hipóteses de forma mais rígida e severa;
 Essa preocupação é constatada através de dois aspectos: o uso de
enunciados com elevado poder de discriminação de testagem e uso de
métodos de investigação confiáveis.

A Linguagem específica da ciência: noção de "constructos"


 Ao contrário da linguagem do "censo comum", a linguagem do conhecimento
científico utiliza enunciados e conceitos com significados bem especificados e
determinados;
 A significação dos conceitos é definida à luz das teorias que servem de
marcos teóricos da investigação proporcionando-lhes um sentido unívoco,
consensual e universal;
 A definição dos conceitos, elaborados à luz das teorias, transforma-os em
"constructos" = conceitos que têm uma significação unívoca
convencionalmente construída e dessa forma universalmente aceite pela
comunidade científica (conjunto de conceitos específicos de uma determinada
área científica, com significados próprios, mas diferentes doutro(s) significados
que a mesma palavra possa ter noutro ramo do saber ou no senso comum).
Ciência e método: diferentes concepções
Não existe uma única concepção de ciência: podemos dividi-la em períodos históricos,
cada um com seus modelos e paradigmas teóricos diferentes a respeito da concepção
do mundo, da ciência e do método. Assim, considere-se a ciência grega (Séc. VIII aC -
Séc. XVI), Ciência moderna (Séc. XVII até o início do século XX, e a ciência
contemporânea (Séc. XX aos nossos dias).
15
Visão Grega (Séc. VIII aC- IV aC)
Fase 1. Mitológica e antropomórfica. Os fenómenos eram desencadeados por forças
espirituais e sobrenaturais comandadas pela vontade dos deuses.
Fases 2.Os pré-socráticos.
 A filosofia inicia uma ruptura epistemológica com a mitologia. Os pré-
socráticos começam a substituir a concepção do mundo caótico concebido
pela mitologia pela ideia de cosmos
 Universo é Cosmos. Existência de ordem natural no universo, ordenado
por princípios e leis fixas e necessárias, inerentes à própria natureza, i. é, os
fenómenos estavam relacionados a causas e forças naturais que podem ser
conhecidas e previstas
 Problema: Saber se por detrás das aparências sensíveis e perenes dos
fenómenos havia uma " natureza", uma essência eterna, universal e imutável
que determinava a existência das coisas: o que são, de que são feitas e de
onde vêm as coisas que são percebidas?
 Distinguem: (i) o que pode ser percebido pelos sentidos - as aparências
mutáveis das coisas que fundamentam as opiniões; (ii) o que pode ser
percebido pela inteligência (razão) - o ser, as essências que definem a
natureza das coisas, seus princípios comuns e imutáveis, que fundamentam o
conhecimento, a ciência e a filosofia.
 corte epistemológico com a mitologia e a superação dos sentidos:
Cabia à inteligência a tarefa de elaboração e esclarecimento da possível ordem
que havia por detrás da aparente desordem dos fenómenos sensíveis e
perceptíveis - a construção do conhecimento é uma tarefa filosófica, racional,
especulativa, de abertura ao inteligível, na compreensão racional do cosmos.

A abordagem platónica
16
 O real não está na empiria, nos factos e fenómenos percebidos pelos
sentidos (aparências). O verdadeiro mundo é o das ideias que contém os
modelos e as essências de como as aparências se devem estruturar.
 Implicações: (i) desvalorização dos sentidos e da experiência - o que nos
fornece o que as coisas são, o seu verdadeiro conhecimento, a ciência, é a
inteligência, o entendimento; (ii) valoriza a intuição racional como mecanismo
para a construção do conhecimento, para a apropriação da essência do real.
 A essência do mundo só é acessível ao entendimento (conhecimento
racional intuitivo), pois as ideias (os modelos de todas as coisas, enquanto
entidades reais e imutáveis, imateriais, perfeitas e insensíveis) estão no mundo
superior e eterno- abstracção / razão (mente).

A abordagem Aristotélica: Entendimento e experiência


 a ciência é produto de uma elaboração do entendimento em íntima
colaboração com a experiência sensível, i.é, resultado da abstracção indutiva
das sensações provenientes dos sentidos e da iluminação do entendimento /
razão (agente que abstrai as particularidades individuais dessas sensações e
constrói a ideia universal que representa a realidade).
 1º passo: (i) observação dos factos percebidos pelos sentidos; (ii)
agrupamento das observações pelo processo de indução, (iii) generalização
que proporciona a forma universal. O objectivo desse processo indutivo é o de
permitir a passagem progressiva dos dados materiais e mutáveis para os
imateriais e imutáveis.
 2º demonstração de que esses efeitos observados derivam de um
princípio mais universal que era sua causa.
 O método aristotélico consiste em analisar a realidade através de suas
partes e princípios que podem ser observados, para em seguida, postular seus
princípios universais, expressos em forma de juízos, encadeados logicamente
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entre si (verdade sintáctica = coerência lógica das afirmações/ argumentos
e sua correspondência com os factos, universalmente aceites).
Visão grega - síntese
 Considera-se de conhecimento científico o demonstrado como certo e
necessário através dos argumentos lógicos, i.é, havia um processo de
demonstração, de justificação dos princípios universais.
 ciência do discurso, o valor de uma explicação estava no seu poder
argumentativo que justificava sua aceitação/plausibilidade; não havia
tratamento do problema que desencadeava a investigação, sim a demonstração
da verdade racional no plano sintáctico.

Abordagem da ciência moderna: Bacon, Galileu, Newton


Com a revolução científica - XVII, e a introdução da experimentação, muda
radicalmente a compreensão e concepção teórica de mundo, de ciência, de
verdade, de conhecimento e de método. Assim, Galileu (1564-1642) e Bacon
(1561-1626) opondo-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso da época,
rejeitaram o modelo aristotélico.

Bacon: Indução e empirismo


 Defende a observação exaustiva, metódica e sistemática dos factos da
natureza, para se proceder às devidas rejeições e exclusões e depois passar-
se às conclusões (generalizações);
 Passos do método científico: (1) experimentação; (2) formulação de
hipóteses; (3) repetição da experiência por outras pessoas; (4) repetição da
experiência para testagem das hipóteses; (5) formulação de generalizações e
leis;
 Adoptou um critério de verdade científica, que consiste na
correspondência dos enunciados com os factos (verdade semântica);
18
 Não deu o salto qualitativo desejado pois, os "experimentos" estavam
destituídos da mensuração e controle quantitativos, todavia sua influência foi
maior até hoje se valoriza a observação dos factos para a fundamentação do
conhecimento.

Galileu: o experimento e a revolução científica


 A certeza da validação da explicação deve ser fornecida pelas provas
construídas e elaboradas de forma matemática com as evidências quantitativas
dos factos produzidos pela experimentação. = o critério de validade para a
ciência moderna passaria a ser o da correspondência entre o conteúdo dos
enunciados e a evidência dos factos (verdade semântica).
 Mérito - Introdução da matemática e geometria como linguagens da
ciência e o teste quantitativo - experimental das suposições teóricas como o
mecanismo necessário para a validação das hipóteses e estipular a chamada
verdade científica.
 Nova ruptura epistemológica. Introdução do método quantitativo-
experimental - desvinculado do fazer filosófico, especulativo-racional. A
linguagem matemática introduz frequências, percentagens, permite medir
numericamente os dados da observação, etc.
 Estabelece o diálogo experimental como o diálogo da razão com a
realidade, do homem e da natureza;
 Visão do mundo: mundo aberto, mecânico, unificado, determinista,
geométrico e quantitativo.
Newton: o método indutivo e o surgimento do positivismo
 O procedimento do experimento científico, como modelo de acesso à
realidade, passa a denominar-se método científico e obteve várias
interpretações: Positivista; Empirista (decorrentes da física newtoniana);
 Recusando a teoria de hipóteses apriorísticas, não aceita nenhuma
hipótese física que não a extraída da experiência pelo processo Indutivo;
19
 Das contribuições de Bacon (empirismo), Galileu (método quantitativo
experimental) e de Newton (indução confirmabilista), estabeleceu-se e ganhou
uma grande popularidade o Método Científico Indutivo-Confirmável, o qual foi
tomado como Padrão e divulgado(aplicado) entre os diferentes campos das
ciências naturais, através dos manuais universitários.
 Representação esquemática do método.
Método científico Indutivo-Confirmável
Observação dos elementos que compõem o fenómeno

Análise de relação quantitativa existente entre os elementos que compõem
o fenómeno

Indução de hipóteses quantitativas

Tese experimental das hipóteses para a verificação confirmabilista

generalização dos resultados em lei

Para Newton e discípulos, as teorias constituídas seriam proposições confiáveis e


destituídas de dúvida ou de arbitrariedades, pois seriam um decalque fiel e objectivo da
realidade.

O dogmatismo e o cientificismo da ciência moderna


 O paradigma newtoniano( indutivismo+ empirismo) gerou uma confiabilidade
cega na ciência, sustentada na certeza e exactidão dos resultados das teorias
obtidas por um procedimento julgado perfeito, sem interferência de ordem
subjectiva, teórica, ou metafísica;
20
 Acreditava-se que o uso do método experimental indutivista e
confirmabilista proporcionava um conhecimento comprovado, confirmativo,
definitivamente inquestionável e desprovido de interferências subjectivas.
Era o modelo que devia ser copiado por todas as áreas de conhecimento =
dogmatismo.
 Entendia-se que na ciência "conhecer" significava experimentar, medir e
comprovar, para se chegar a verdades exactas, verificáveis e confirmadas
pelos factos = cientificismo: a crença de que o único conhecimento válido era o
científico e que tudo poderia ser conhecido pela ciência.

A Visão contemporânea da ciência e método: a incerteza e a ruptura com o


cienticificismo
 Cientistas contemporâneos consideram que a ciência constrói
instrumentos, ferramentas - suas teorias - para se apropriar da realidade,
estabelecendo com ela um diálogo permanente. Por outro, a aceitação da
validade dos instrumentos de observação e quantificação, a selecção das
observações de manifestações empíricas e sua interpretação dependem da
aceitação da validade ou não de suas teorias.
 Para Duhem, os critérios utilizados no campo científico (enquanto
método) devem ser entendidos como condicionados historicamente, i.é, são
convenções articuladas no contexto histórico-cultural, devendo permitir
renovação e progresso das teorias, revelando o carácter dinâmico da ciência e
a historicidade dos princípios epistemológicos do fazer científico.

Do conceito de método científico


 Das várias definições do conceito de método científico propostos (vide Lakatos &
Marconi, 2009:44-45), dir-se-ia resumidamente que a finalidade da actividade
científica é a observação da verdade, através da comprovação de hipóteses, que, por
sua vez são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica, que explica
a realidade. O método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que,
21
com maior ou menor segurança e economia, permite o alcance do objectivo -
conhecimentos válidos e verdadeiros - traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando as decisões do cientista, ou seja:
 Método científico = uma forma crítica de produzir conhecimento científico que
consiste na proposição de hipóteses bem fundamentadas e estruturadas em sua
coerência teórica (verdade sintáctica) e na possibilidade de serem submetidas a uma
testagem crítica severa (verdade semântica) e avaliada pela comunidade científica
(verdade pragmática).
 Espírito científico = curiosidade, disciplina, aceitar o carácter hipotético do
conhecimento; reflexivo e crítico.

Desenvolvimento histórico do método: os vários métodos


Com o passar do tempo, muitas modificações foram sendo feitas nos métodos
existentes, inclusive surgiram outros novos.

Método Indutivo
 Indução. É um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal,
não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos é levar a
conclusões cujo conteúdo é mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam; Parte da observação de alguns fenómenos particulares de determinada
classe, para "todos" daquela mesma classe.
 O argumento indutivo, da mesma maneira que o dedutivo, fundamenta-se sempre
nas premissas, mas, se nos dedutivos, premissas verdadeiras levam a conclusões
inevitavelmente verdadeiras, nos indutivos, conduzem a conclusões prováveis.
 Regras/passos do método: (i)observação dos fenómenos; (ii) descoberta da relação
entre eles; (iii) generalização da relação.
 Ex. (Lakatos, p.49); crítica ao método indutivo (Idem, p.55-56)
22
Em suma: O método indutivo. Cuja aproximação dos fenómenos caminha
geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações particulares
às leis e teorias (conexões ascendente).

Método Dedutivo
 Parte de generalizações aceites, do todo, de leis abrangentes, para os casos
concretos, parte de classes que já se encontram na generalização, de princípios
gerais para a explicitação de casos particulares.
 O argumento dedutivo tem o propósito de explicar o conteúdo das premissas, i.é, o
argumento dedutivo reformula ou enuncia de modo explícito a informação já contida
nas premissas;
 argumento dedutivo vs indutivo. Os dois tipos de argumentos têm finalidades
diversas: o dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo das premissas; o indutivo
tem o desígnio de ampliar o alcance dos conhecimentos. Os argumentos dedutivos ou
estão correctos ou não; ou as premissas sustentam de modo completo a conclusão ou
não a sustentam de forma alguma; portanto não há graduações intermediárias.
Contrariamente aos argumentos indutivos admitem diferentes graus de força,
dependendo da capacidade das premissas de sustentarem a conclusão. Em suma: os
argumentos indutivos aumentam o conteúdo das premissas, com sacrifício da
precisão, ao passo que os argumentos dedutivos sacrificam a ampliação do conteúdo
para atingir a " certeza".(Ver Generalidade e especificidades do método (Lakatos, pp.
62-63)

Método Hipotético-Dedutivo
 Etapas. 1. Problema. 2. Hipóteses preliminares. 3. Factos adicionais.4. Hipótese. 5.
Dedução de consequências. 6. Aplicações.
 Para Bunge. Etapas.1. Colocação do problema; descoberta do problema;
formulação do problema; 2. Construção do modelo teórico. 3. Dedução das
consequências particulares: procura de suportes racionais; procura de suportes
23
empíricos. 4. Teste de hipóteses; 5. Adição ou introdução das conclusões na
teoria. (veja Lakatos.72)
Em resumo: método hipotético dedutivo- inicia pela percepção de uma lacuna nos
conhecimentos, acerca da qual formula hipótese e, pelo processo de inferência
dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela hipótese.

Método Dialéctico
Penetra o mundo dos fenómenos através da sua acção recíproca, da contradição
inerente ao fenómeno e da mudança dialéctica que ocorre na natureza e na sociedade;
 A Dialéctica, fases. (1). A dos filósofos (dialéctica da sucessão); (2) a de
Aristóteles (dialéctica da coexistência é negação da primeira); 3. Hegel (dialéctica
histórica idealista); 4. Marx e Engels (dialéctica materialista).
 As leis da dialéctica. 1. Acção recíproca (tudo se relaciona); 2 mudança dialéctica
(negação da negação); 3. Mudança qualitativa; 4.interpretação de contrários (luta de
contrários).
2.6.5. Fenomenologia - Uma tendência metodológica que surge no início do século
XX; a sistematização dos seus princípios foi feita por Husserl, primeira metade do séc.
 Ao contrário do positivismo, se opõe à separação entre o sujeito e o objecto; a
fenomenologia afirma que toda a consciência é intencional, ou seja, o conhecimento é
o resultado da interacção entre o que o sujeito observa e o sentido que ele fornece à
coisa percebida. Assim não se pode falar de uma observação independente dos
significados que o sujeito atribui à realidade;
 A fenomenologia não admite que existam factos que por si sós garantam
objectividade da ciência;
 Não existe fenómeno que não se dê no plano da intencionalidade da consciência;
ou seja, os fenómenos percebidos pela consciência se referem, da facto à realidade
dos objectos, ao que eles são, no entanto alcançar essas essências (características
universais que representam a generalidade do fenómeno - valorização do
24
pressuposto da permanência dos objectos que pode ser alcançada pela sua
natureza última) requer método, o fenomenológico;
 Para Bicudo (1999:14)" fenomenologia é o estudo que reúne os diferentes modos
de aparecer do fenómeno, ou discurso que expõe a inteligibilidade em que o sentido
do fenómeno é articulado."

Métodos Específicos das ciências sociais


Histórico. Parte do princípio de que as formas actuais de vida social, as instituições e
os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar suas raízes, para
compreender sua natureza e função. O método histórico consiste em investigar
acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência nas
sociedades actuais.
Comparativo. Consiste no estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos
de grupos, sociedades ou povos contribui para melhor compreensão do
comportamento humano, este método realiza comparações com a finalidade de
verificar similitudes e divergências.
Monográfico. Parte do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade
pode ser considerado representativo de muitos outros até de todos os casos
semelhantes, o método consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões,
condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter
generalizações.
Estatístico. Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos,
representações simples e constatar se essas representações simplificadas têm
relações entre si. Assim, o método estatístico significa redução de fenómenos
sociológicos, políticos, económicos, etc., a termos quantitativos e a manipulação
estatística, que permite comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter
generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.
Tipológico. Apresenta algumas semelhanças com o método comparativo. Ao
comparar fenómenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais,
construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenómeno. A característica
25
principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para análise
e compreensão de casos concretos.
Funcionalista. Método interpretativo, leva em consideração que a sociedade é
formada por partes interdependentes, satisfazendo cada uma as funções essenciais da
vida social, e que as partes são mais bem entendidas compreendendo-se a função que
desempenham no todo.
Estruturalista. Parte da investigação de um fenómeno concreto, eleva-se ao seguir, ao
nível abstracto, por intermédio da constituição de um modelo que represente o objecto
de estudo, retornando por fim ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada
e relacionada com a experiência do sujeito social.

APLICAÇÂO - Teste Dissertativo


Leia com atenção o extracto abaixo de KARL POPPER (1902-1994), e disserte
em torno do conteúdo da mesma tendo sempre em atenção o que aprendeu do
evolução histórico dos métodos científicos.

" A visão errónea da ciência se traí a si mesma na ânsia de estar correcta, pois não é a
posse do conhecimento da verdade irrefutável que faz o homem da ciência - o que o faz é
a persistência arrojada e procura crítica da verdade." POPPER (1975).

TEMA III : ETAPAS DE PESQUISA


Fluxograma de pesquisa
Etapa I- Preparação e Delimitação do Tema

Sumário
Fluxograma de pesquisa
Etapa I – Preparação e Delimitação do Tema
Escolha do tema;
Formulação do problema;
Justificativa e objectivos;
26
Revisão da literatura.

Desde a preparação até a apresentação do relatório estão envolvidas diferentes etapas:


I. Primeira etapa: Preparação e delimitação do problema.
 É dedicada à escolha do tema, à delimitação do problema, à revisão da literatura, à
construção do marco teórico e à construção das hipóteses. O objectivo principal desta
fase é a delimitação do problema de pesquisa. Dada a delicadeza desta fase,
recomenda-se que a definição do problema ocorra em simultâneo com a revisão da
literatura, construção do referencial teórico, das hipóteses e o estabelecimento das
variáveis e sua definição empírica.

1.1. Escolha do tema. Escolher o tema é indicar a área e a questão que pretende
investigar (cf:Koche, 1997:128)
Condições a observar: 1. Responder aos interesses do investigador; 2. Propor um
tema que esteja ao alcance do investigador; 3. Existência de material de consulta
que esteja ao alcance do pesquisador.

Passos importantes: (i) fazer o levantamento das publicações sobre o tema; (ii)
consulta de revistas de especialidade que publicam resenhas, comentários, etc. (iii)
outra técnica útil consiste em consultar a bibliografia consultada por outros autores que
abordam o mesmo tema; (iv) consultar estudiosos/ especialistas do mesmo tema. (v) o
recurso à internet; (vi) pesquisa de campo: entrevistar pessoas, visitar os locais onde se
prevê que ocorra a pesquisa, exige também contactos prévios, etc.

1.1.1 Delimitação do problema. Esclarece os limites da dúvida do pesquisador dentro


do tema escolhido; apoiado na revisão da literatura pertinente, o pesquisador delimitará
melhor o problema e as variáveis presentes no tema escolhido. Assim, poderá escolher
com quais irá trabalhar. O problema deve relacionar no mínimo duas variáveis.
 A formulação do problema implica definir: 1. A área de observação; 2. As
unidades da observação: quem e o quê observar, que características deverão ser
27
observadas, o local e o tempo de observação. 3. Deverão ser decididas que
variáveis deverão ser observadas com a respectiva definição empírica, mostrando que
factores mensuráveis serão tratados.
 Ex. 1. “Em que medida a filiação partidária nos centros urbanos, na camada jovem
(18 a 35 anos) depende do sexo, formação académica e origem étnica?” ;
 Ex. 2. “ Será que a idade e o sexo são directamente proporcionais com a
vontade de emigrar do campo para a cidade?”;
 Ex.3. “Até que ponto as condições socioecónomicas são determinantes para o
sucesso da aprendizagem da leitura?”
 EX4. Em que medida a taxas cobradas pelos municípios contribuem para a melhoria
da qualidade de vida dos munícipes?
 Ex.5. Haverá relação significativa entre o sexo, a idade, o nível de escolaridade, o
local de residência e a capacidade de integração dos indivíduos no sector produtivo,
nos centros urbanos?

Um problema de pesquisa é uma questão que pergunta como as variáveis


estão relacionadas. Todo o processo de investigação é a procura de
resposta ao problema de pesquisa. O Problema é o núcleo do tema.

1.2. Revisão da literatura. "Ninguém investiga o que não conhece". A forma mais
fecunda para a obtenção de conhecimento é através da revisão da literatura
pertinente ao tema, com o objectivo de: aumentar o acervo de informação e de
conhecimentos do investigador com as informações já produzidas pela ciência para
que, sustentando-se em alicerces mais sólidos, possa tratar o seu objecto de
investigação de forma mais segura.
 Durante a revisão da literatura. Procedimentos: ver teses, projectos de pesquisa,
títulos de livros, revistas (ter em conta o tema proposto e a sua actualidade), catálogos
das editoras, etc. no trabalho com livros preste atenção aos sumários (índices) que por
sua natureza, contêm referências, conceitos e termos que interessem e enriqueçam
sua visão. Fichar o essencial. Encontrar um critério para a classificação e organização
28
das fichas. Ter o cuidado de anotar todos os dados bibliográficos da fonte
consultada.
 Concluída a documentação, inicia-se a fase da avaliação crítica das fontes.
Confronto das ideias colectadas, examinando sua consistência, o seu nível de
coerência interna e externa e comparando-as entre si. Notar os pontos positivos e
negativos nas teorias analisadas, inter-relacioná-las umas com as outra.
 Toda a crítica tem sempre em vista o problema investigado. É ele que
selecciona o acervo teórico para a montagem posterior do quadro de referência
teórica. Que será usado para a delimitação e análise do problema abordado, bem
como para a sustentação das hipóteses sugeridas; e na construção das definições que
traduzem os conceitos abstractos das variáveis em seus correspondentes empíricos.
 Se a pesquisa for bibliográfica, Constrói-se o quadro de referência teórica que
sustenta as conclusões. Redigir o relatório;
 Se a pesquisa for experimental ou descritiva a fase seguinte comporta a explicitação
de hipóteses, o estabelecimento das variáveis e suas definições empíricas.

Fluxograma de pesquisa
Etapa II- Elaboração do projecto de pesquisa
Sumário
Fluxograma de Pesquisa:
 Etapa II- Elaboração do Projecto:
 Elementos do projecto de pesquisa;
 Problemas, Hipóteses e Variáveis;
 Níveis das Hipótese;
 Justificativa e Objetivos (Gerais e específicos);
 Leitura de Projectos de anos anteriores.

Etapa-II: Elaboração do Projecto


29

Tendo clareza do problema a ser investigado, as variáveis que o compõem, a


fundamentação teórica e as hipóteses para serem testadas, o investigador pode iniciar
a produção do projecto de pesquisa.

 Definição: O projecto de pesquisa é um Plano ou um documento escrito,


sintético e objectivo que apresenta os principais itens que comporão a
investigação, para uma pré-avaliação da sua fiabilidade.

Elementos do projecto. (a) tema, problema e justificativa; (b) objectivos; (c) hipóteses,
variáveis e respectivas definições empíricas;(d) Revisão da Literatura; (e) metodologias:
Tipo de pesquisa; Método de abordagem; método de procedimento; população, a
amostra; instrumentos e plano de colecta, tabulação e (explicitação sobre como será
feita a análise de dados); (f) orçamento e cronograma (Cf: Boaventura, (2007:61-66)
“Etapas da pesquisa” .

Estudo piloto. Pronto o plano/projecto e analisada a viabilidade em termos de custos,


tempo e metodologia, executa-se o estudo piloto com uma amostra que possua
características semelhantes às da população que será estudada. Este estudo pode
fornecer subsídios para o aperfeiçoamento dos instrumentos de pesquisa.

Problemas, Hipóteses e Variáveis


Definição: um problema de investigação bem delimitado expressa a relação que possa
haver entre, no mínimo, duas varáveis conhecidas. Deve ser uma pergunta inteligente,
que indique os possíveis caminhos que devem ser seguidos pelo investigador, para isso, é
necessário que elimine a incógnita e introduza no seu lugar alguma outra variável que a
substitua.
Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como
testáveis. EX: " Em que medida a escolaridade e a origem étnica determinam a filiação
político-partidária?"; " A desnutrição determina o rebaixamento intelectual?"; " Técnicas da
30
dinâmica de grupo facilitam a interacção entre os alunos?" todos estes problemas
envolvem variáveis susceptíveis de observação ou de manipulação. Por ex., é possível
verificar a preferência político partidário de determinado grupo, bem como o seu nível de
escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas.
 Em síntese: o problema de pesquisa é um enunciado interrogativo que questiona sobre
a possível relação que possa haver entre (no mínimo) duas variáveis, pertinentes ao
objecto de estudo investigado e passível de testagem ou observação empírica.

Hipóteses. "a hipótese é a explicação, condição ou princípio, em forma de proposição


declarativa, que relaciona entre si as variáveis que dizem respeito a um determinado fenómeno
ou problema. É a solução provisória proposta como sugestão no processo de investigação de
um problema. A hipótese representa, assim, uma solução - tentativa, como resposta
antecipada, previamente seleccionada, do problema de pesquisa. A sua formulação deve
orientar e "abalizar" a análise de dados, no sentido de aceitar ou rejeitar as soluções - tentativa.
 Em suma: A hipótese consiste em oferecer uma solução possível, através de uma proposição, ou seja, de uma
expressão verbal susceptível de ser declarada verdadeira ou falsa. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode
ser a solução do problema, "as hipóteses são antecipações mentais".
Construção do enunciado das hipóteses
 O enunciado deve ser claro e preciso, em forma de enunciado declarativo;
 Deve relacionar duas ou mais variáveis; que integre expressões estabelecedoras
de relações: " é directa/ proporcional"; " é inversamente proporcional" ;" há relação
significativa entre…" ;"se… então…";
 Deve ter base empírica (evitem-se enunciados que incluem conceitos morais ou
considerações subjectivas, que não podem ser observadas empiricamente. Ex:"os
filhos de operário são melhores que os do camponês.");
 A hipótese deve ter alcance geral, e não se referir a um ou poucos factos da área
em estudo;
 Ser testável, traduzida em consequência empírica (corroboração./ falseamento/
rejeição).
31
Níveis de hipóteses
 As ocorrências. Sem apoio empírico nem fundamentação teórica. Ocorrem em áreas
pouco estudadas pela ciência ( ex. origem da terra:" tudo é água!").
 Hipóteses empíricas. Têm a seu favor algumas evidências empíricas preliminares que
as justificam, contudo não têm consistência teórica.
 Hipóteses plausíveis. São as inter-relacionadas com as teorias existentes de uma
forma consistente, coerente e lógica. São o produto da dedução lógica do conhecimento
corroborado e acumulado pela ciência ou de modificações introduzidas nas teorias
falseadas.
 Hipótese convalidadas. São as que se sustentam em sistema de teorias, como as
plausíveis e, ao mesmo tempo, encontram apoio em evidências empíricas da realidade,
tal e qual as hipóteses empíricas. Salvaguardam os ideais da racionalidade e
objectividade da ciência.
 Exercícios: leitura de extractos de teses;
 Prática formulação do problema e hipóteses.
.
Variáveis : conceitualização e tipos
def. Variáveis. São aspectos, propriedades, características individuais ou factores
mensuráveis ou potencialmente mensuráveis, através dos diferentes valores que
assumem, discerníveis em um objecto de estudo, para testar a relação enunciada pela
proposição.
Ex. "A aprendizagem da matemática, entre alunos do 1º grau, está directamente
relacionada com a sua dedicação ao estudo" (sendo a variável aprendizagem da
matemática pode ser avaliada através de instrumentos e testes que meçam o
desempenho dos alunos, atribuindo-lhes valores numa escala de X a Y); a dedicação ao
estudo pode ser medida pelo número de horas de estudo/dia e a qualidade do
cumprimento das tarefas escolares caseiras.
32
 As variáveis representam classes de objectos, por ex., sexo, idade, grau de
escolaridade, renda mensal, participação política, factores como a alimentação,
condições materiais, "status social", etc.

Nomenclatura de Tuckman(1972,p.36-51).
 Variável Independente. Factor determinante para que ocorra um determinado
resultado. É a condição ou a causa para um determinado efeito ou consequência. É o
estímulo que condiciona uma resposta. A variável independente, em pesquisa
experimental, é aquela que é manipulada pelo investigador, para ver que influência
exerce sobre um possível resultado.
Ex. “As pessoas mais jovens do sexo masculino tendem a emigrar das zonas rurais”.
( sexo, idade = varáveis independentes; vontade de emigrar = variável dependente).
 Variável dependente. Factor ou propriedade que é o efeito, o resultado, a
consequência ou a resposta de algo que foi estimulado. A variável dependente não é
manipulada, mas é o efeito observado como resultado da manipulação da variável
independente. Varia de acordo com as mudanças das variáveis independentes.
Ex. À medida que a idade passa, é manos provável a migração do homem do campo.
(idade = variável independente; vontade de emigrar = variável dependente).
 Variável moderadora. Factor ou propriedade que é também causa, condição, estímulo
ou determinante para que ocorra determinado efeito. Porém, situa-se a um nível
secundário, de menor importância que a variável independente.
 Ex. no exemplo que temos vindo a analisar a influência de amigos, vizinhos, familiares
pode ser tomada como um factor que pode estimular ou desencorajar a emigração em
plano secundário (variável moderadora). Todavia, o sexo e a idade continuam sendo os
factores mais importantes (variáveis independentes).
 Variável de controlo. Factor ou propriedade que poderia afectar a variável dependente
mas que é neutralizada ou anulada, através de sua manipulação deliberada, para não
interferir na relação entre as variáveis independente e dependente.
33
Numa pesquisa, geralmente, a constituição da amostra é aleatória para garantir a
neutralização das possíveis variáveis que poderiam interferir na análise entre a variável
independente e a dependente.
 Variável interveniente. Factor ou propriedade que teoricamente afecta o fenómeno
observado. Esse factor, no entanto, ao contrário das outras variáveis, não pode ser
medido. É um factor hipotético, teórico, não concreto. Ele é inferido a partir da variável
independente e moderadora.
. 12.04.2013
Trabalho prático:
 leitura e análise em grupo de extractos (introdução: tema, problema,
justificativa e variáveis em teses de licenciatura em ensino de português,
previamente seleccionadas pelo professor.
 Estabelecimento das variáveis no projecto em elaboração individual.
 Leitura de projectos de investigação; análise da estrutura.

Justificativa e Objectivos
 O projecto justifica-se de diversos modos. Partindo-se da motivação e do
interesse pessoal pelo tema/objecto de estudo. Pode-se ressaltar a importância
tórica/prática; social/económica da investigação. A justificativa situa o projecto
no quadro da problemática.
 A Justificativa, deve conduzir à definição de Objectivos Gerais e Específicos a
alcançar com a pesquisa.
 O Objectivo Geral deverá explicar de modo preciso, claro e delimitado os fins
pretendidos com a pesquisa, tendo sempre em vista o problema.
Ex.1: “Contribuir para a consciencialização das estratégias de planificação e
revisão/reescrita de textos no PEA da escrita no segundo ciclo do ESG em
Moçambique”.
EX2: Analisar os problemas da escrita no ESG, 1º Ciclo do ESG.
34
 Os Objectivos Específicos derivam do objectivo geral. Apresentam as
distintas acções que devem ser desenvolvidas. Há verbos que ajudam a definir
estes objectivos: identificar, discutir, descrever, comparar, explicar, caracterizar,
sistematizar, propor, avaliar, etc.
Ex.3: Identificar as actividades e estratégias privilegiadas pelos professores no
PEA da escrita;
Ex.4: Avaliar em que medida a explicitação da situação retórica e o ensino das
estratégias de revisão/reescrita de textos contribuem para a melhoria da
expressão escrita dos aprendentes do segundo ciclo do ESG em
Moçambique.

Revisão da Literatura
Uma vez escolhido o tema, formulado o problema, as hipóteses e variáveis,
segue-se, naturalmente, a etapa da fundamentação teórica, pela busca da
literatura concernente. Qual o marco teórico do tema pesquisado? Nesta fase,
buscam-se e desenvolvem-se os pressupostos teóricos que ajudaram a
escolher o tema, a formular o problema, hipóteses e variáveis; através do
resumo das obras, de citações, paráfrases, etc. de autores que lideram o
pensamento na área do projecto de pesquisa. Exemplo:

Etapa III.
Execução do plano
Correcções. . Introduzem-se as correcções, se necessário, e inicia a testagem das
hipóteses, executando-se a recolha de dados - se forem entrevistas há que ensaiá-las
com vista a uniformização dos procedimentos de acção;
Tabulação Segue-se a tabulação, com digitação dos dados, aplicação dos testes e
análise estatística, através da análise descritiva ou testes de hipótese que avaliam a
relação entre variáveis, com vista a confirmação das hipóteses ou rejeição.
35
Etapa-IV
Construção do Relatório de Pesquisa
Serve para relatar à comunidade científica, ou ao destinatário da pesquisa, o que
obteve com a sua investigação, os procedimentos utilizados, as dificuldades, as
limitações e os resultados obtidos.

Metodologia de Pesquisa: Quadro de referência metodológica

A. Métodos de abordagem (revisão).

 METODO INDUTIVO
 Parte da observação de alguns fenómenos particulares de determinada classe, para
"todos" daquela mesma classe.
 Regras/passos do método: (i)observação dos fenómenos; (ii) descoberta da relação
entre eles; (iii) generalização da relação.
 Método Dedutivo. Parte de generalizações aceites, do todo, de leis abrangentes,
para os casos concretos, parte de classes que já se encontram na generalização, de
princípios gerais para a explicitação de casos particulares, i.é, das teorias e leis, na
maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenómenos particulares (conexão
descendente).
 argumento dedutivo vs indutivo. Os dois tipos de argumentos têm finalidades
diversas: o dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo das premissas; o indutivo
tem o desígnio de ampliar o alcance dos conhecimentos.
 Método Hipotético-Dedutivo. Inicia pela percepção de uma lacuna nos
conhecimentos, acerca da qual formula hipótese e, pelo processo de inferência
dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela hipótese.

 Método Dialéctico. Penetra o mundo dos fenómenos através da sua acção


recíproca, da contradição inerente ao fenómeno e da mudança dialéctica que ocorre
na natureza e na sociedade.
36

 As leis da dialéctica. 1. Acção recíproca (tudo se relaciona); 2 mudança dialéctica


(negação da negação); 3. Mudança qualitativa; 4.inrpretação de contrários (luta de
contrários).
 Fenomenologia. Ao contrário do positivismo, se opõe a separação entre o sujeito e o
objecto; a fenomenologia afirma que o conhecimento é o resultado da interacção entre
o que o sujeito que observa e o sentido que ele fornece à coisa percebida. Assim não
se pode falar de uma observação independente dos significados que o sujeito atribui à
realidade; a fenomenologia é o estudo que reúne os diferentes modos de aparecer do
fenómeno.

B. Métodos de Procedimento
 Histórico. Pesquisar raízes. O método histórico consiste em investigar
acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência
nas sociedades actuais. [ex:1975, independência; 1983, SNE; 1987,PRE; 1992,
Rev. Lei SNE; 2003 ,Reforma Curricular.]
 Comparativo. Consiste no estudo das semelhanças e diferenças. Este método
realiza comparações com a finalidade de verificar similitudes e divergências.
 Monográfico. Parte do princípio de que qualquer caso que se estude em
profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros até de todos os
casos semelhantes, emprega-se este método com a finalidade de se obterem
generalizações. Ex. estudar apenas e c/ profundidade o pronome clítico" lhe" com
uma amostra reduzida para generalizar os resultados.
 Estatístico. Significa comparar frequências, achar valores percentuais, desvio
padrão, amostral, etc. para a confirmação ou infirmação das hipóteses.
37
 Tipológico. cria “tipos” modelo a partir do qual analise os diferentes tipos (de
alguma coisa): usa-se na literatura. Ex: análise dos diferentes tipos de
personagem, tipos de focalização, tipos de narrativa/narrador, etc.
 Funcionalista. Método interpretativo. Olha para os fenómenos tendo em conta a
função dos seus elementos constitutivos. Ex. as funções da linguagem de Roman
Jakbson.
 Estruturalista (Lévis Stauss). Parte do pressuposto de que toda a realidade tem
uma estrutura. Ex. F. Saussure e as estruturas linguísticas (sistema).

Algumas aproximações entre métodos de abordagem e os de procedimento


 O Histórico compatibiliza-se mais com o método Dialéctico;
 Positivismo incompatibiliza-se mais com o fenomenológico;
 O positivismo = aspectos reduzidos; o dialéctico amplia o ângulo de abordagem;
 O monográfico compatibiliza-se mais c/ o monográfico e estudo do caso;
 O fenomenológico compatibiliza-se com o histórico;
 Os métodos Indutivos /dedutivos /hipotético-dedutivo compatibilizam-se com
métodos comparativo/estatístico/monográfico.

C. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa


1. Formas e meios de observação
1.1 Observação directa. Contacto directo do pesquisador com a população
observada, para captar/descrever as acções dos actores em seu contexto
natural. Este tipo de observação pode assumir duas formas diferentes:
1.1.1. Observação participante. caracteriza-se pela partilha completa e
intensiva da vida e das actividades dos observados; o pesquisador
participa em interacção constante, espontânea ou formal, acompanhando
e interrogando das razões e significados dos seus actos. Exige cuidados
e registo adequado para garantir fiabilidade dos dados colectados.
38
1.1.2. Observação não participante. Trata-se de ver e registar, sistemática
e fielmente, factos e circunstâncias em situações concretas que foram
definidas de ante mão e que estejam ligados ao problema em estudo,
sem que o pesquisador participe da vida e das acções dos observados.
1.1.3. Quanto ao campo de observação. (a) Molar (de carácter geral. Ex:
observa o PE-A do Português: oralidade, leitura, vocabulário, escrita,
gramática e avaliação.) e (b) Molecular (de carácter mais ínfimo, analisa
apenas um e único aspecto. Ex: no PE-A do Português, o pesquisador
observa apenas a avaliação da leitura oral, que parâmetros são usados,
por quem, como, quando, onde, por quê, etc.)
1.2. Observação Indirecta. Geralmente usa instrumentos como formulários,
questionários, etc.
(a) Questionário. É um conjunto de questões sobre o problema, previamente
elaboradas, para serem respondidas pelos sujeitos de pesquisa
(população alvo) . Pode ter perguntas abertas/fechadas.
(b) Formulário. É uma lista, catálogo ou inventário, destinado a colecta de
dados, resultantes quer da observação quer de interrogatórios cujo
preenchimento é feito próprio pesquisador.
(c) Entrevista. é uma comunicação entre dois/mais interlocutores, o
pesquisador e o(s) informante(s), com a finalidade de esclarecer uma
questão. Pode ser livre (não directivas), o(s) informante(s) discorre(m)
como quiser(em) sobre o assunto; estruturadas, o informante responde a
algumas perguntas específicas. semi-estruturadas, discurso livre
orientado por algumas perguntas-chave.
(d) A conversa. Interacção verbal entre os interlocutores tendo o
pesquisador o cuidado de anotar as estruturas que lhe interessem em
função do tópico da conversa/do objecto de estudo/grava-se na integra a
conversa para expurgo na fase seguinte. Muito usada em pesquisa
linguística, etc. ex. Trabalhos do PPOM.
39
2. Técnicas da pesquisa qualitativa.
2.1. Memória ou História de Vida. É um instrumento de pesquisa que privilegia
a colecta de informações contidas na vida pessoal de um ou vários
informantes. Pode ter a forma biográfica tradicional, como memórias,
crónicas que retratem a vida de pessoas ilustres. Formas de relatos de vida:
autobiografia, psicobiografia (o autor se situa no interior de um trama de
acontecimentos aos quais atribui significação pessoal e diante dos quais
assume uma posição particular).
2.2. Estudo de caso. O caso é tomado como uma unidade significativa do todo
e, por isso, suficiente para fundamentar um julgamento fidedigno quanto
propor uma intervenção. Comporta quatro fases: (i) selecção e delimitação
da unidade-caso; (ii) trabalho de campo/colecta de dados; (iii) análise e
interpretação dos dados; (iv) redacção do relatório.
2.3. Análise de conteúdo. Análise de dados colectados de fontes documentais -
textos escritos / comunicações orais (orais, visuais, gestual) reduzidas a um
documento.
2.4. Pesquisa acção/pesquisa-intervenção. Propõe-se a uma acção deliberada
visando uma mudança no mundo real, comprometida com um campo restrito,
englobado em um projecto mais geral e submetendo-se a uma disciplina
para alcançar os efeitos do conhecimento. Ex: pretende-se melhorar as
técnicas de leitura e escrita inicial. Então, relativamente a esse projecto,
desenham-se técnicas específicas que, em devido tempo, são
experimentadas, pelo próprio pesquisador na turma, a fim de se verificar os
resultados das técnicas e estratégias desenhadas, comparativamente aos
das técnicas anteriormente usadas. Requer muito tempo, pois passa pelo
diagnóstico.
3. Técnicas da pesquisa qualitativa.
3.1. Memória ou História de Vida. É um instrumento de pesquisa que privilegia
a colecta de informações contidas na vida pessoal de um ou vários
informantes. Pode ter a forma biográfica tradicional, como memórias,
40
crónicas que retratem a vida de pessoas ilustres. Formas de relatos de
vida: autobiografia, psicobiografia (o autor se situa no interior de um trama de
acontecimentos aos quais atribui significação pessoal e diante dos quais
assume uma posição particular).
3.2. Estudo de caso. O caso é tomado como uma unidade significativa do todo
e, por isso, suficiente para fundamentar um julgamento fidedigno quanto
propor uma intervenção. Comporta quatro fases: (i) selecção e delimitação
da unidade-caso; (ii) trabalho de campo/colecta de dados; (iii) análise e
interpretação dos dados; (iv) redacção do relatório.
3.3. Análise de conteúdo. Análise de dados colectados de fontes documentais -
textos escritos / comunicações orais (orais, visuais, gestual) reduzidas a um
documento.
3.4. Pesquisa acção/pesquisa-intervenção. Propõe-se a uma acção deliberada
visando uma mudança no mundo real, comprometida com um campo restrito,
englobado em um projecto mais geral e submetendo-se a uma disciplina
para alcançar os efeitos do conhecimento. Ex: pretende-se melhorar as
técnicas de leitura e escrita inicial. Então, relativamente a esse projecto,
desenham-se técnicas específicas que, em devido tempo, são
experimentadas, pelo próprio pesquisador na turma, a fim de se verificar os
resultados das técnicas e estratégias desenhadas, comparativamente aos
das técnicas anteriormente usadas. Requer muito tempo, pois passa pelo
diagnóstico.
3. Área de investigação, delimitação do Universo, População & Amostra

3.1 Área geográfica de investigação. Ex: Escola Primária 3 de Fevereiro; distrito


urbano/ periurbano/suburbano, rural, etc.(por uma questão ética, normalmente colocam-
se nomes fictícios por modo a não ferir susceptibilidades. Todavia, quando autorizados
pela instituição/direcção, podem ser escritos os nomes reais.
3.2 Universo. Conjunto de todos os elementos com que se vai trabalhar, dos quais se
vai definir a população alvo do estudo.
41
3.3 População. Um conjunto de entes portadores de, pelo menos, uma
característica comum, ou seja, define-se população como sendo conjunto de
elementos que possuem determinadas características.
 Cada membro de uma população chama-se elemento. E quando se
toma certo número de elementos para averiguar algo sobre a população
a que pertence chama-se amostra.
3.4 Amostra. É qualquer subconjunto do conjunto da população alvo. O objectivo do
trabalho com a amostra é garantir a representatividade da população, ou seja, a
3.5 amostra estatisticamente obtida deverá corresponder às características da
população alvo. Assim requer-se que o pesquisador conheça as técnicas de
amostragem para que escolha a que mais se apropria à sua pesquisa.
Ex; Universo =6000 crianças da 1a classe duma Cidade;
População =600 " " " " duma escola ;
Amostra =60 " " " " duma turma.
4 Tipos de Amostragem. Distinguem-se dois tipos fundamentais de procedimentos
na construção da amostra: probabilística ou aleatória (garante que cada elemento
tenha a mesma probabilidade de ser representado na amostra); e a não
probabilística/ intencional
A) Amostragem Probabilística.
 Probabilístico. O método de amostragem probabilístico é o que garante
cientificamente a aplicação das técnicas de inferência, somente com base em
amostragem probabilística é que se pode realizar inferências ou induções sobre a
população a partir do conhecimento da amostra.
4.1 Amostra aleatória simples. A amostragem casual ou aleatória simples segue o
princípio de um sorteio ou de uma selecção espontânea dos elementos que
formarão a amostra da população.
Ex. 120 professores = população; proporção da amostra 10%; amostra = 12
professores.
Para a selecção dos 12 professores, poderemos numerá-los em papeletas,
colocados numa urna e retirados aleatoriamente (tiragem à sorte).
42
Usa-se também a tabela de números aleatória.(vide texto de apoio)
4.2 Amostra sistemática. A amostragem sistemática destina-se à escolha da amostra
onde os elementos da população encontram-se ordenados, sendo necessário
conhecer a forma com que estão dispostos os elementos para que seja possível a
definição da amostra.
Ex. 120 professores trabalham em 3 escolas.
Assim, 120/3 = 40 professores por escola.
Se estabelecermos a representatividade da amostra em 10%, teremos então
uma amostra de 4 professores por escola.
4.2 Amostra estratificada. Utiliza-se este tipo de amostra no caso de uma população
heterogénea em que se podem distinguir subpopulações mais ou menos
homogéneas denominadas estratos. Selecciona-se uma amostra aleatória de cada
subpopulação. Este tipo de amostragem pode ser proporcional ou não
proporcional. No primeiro caso, selecciona-se uma amostra aleatória que seja
proporcional à extensão do subgrupo; no segundo caso, a extensão das amostras
dos subgrupos não é proporcional à extensão desses estratos em relação ao
universo. As variáveis de estratificação mais comum são: sexo, idade, línguas, etc.
4.3 Amostra por Cachos. Não são constituídas por unidades individuais, mas sim por
conjuntos de unidades vizinhas, sendo que todos indivíduos de cada cacho serão
representados na amostra. A selecção opera-se ao nível dos cachos e não das
unidades individuais; a sondagem aerolar adopta como ponto de partida para a
formação da amostra uma carta geográfica ou fotografias aéreas. A área pode
assumir superfície e formas variáveis, por ex., quarteirões nas cidades, espaços
definidos por linhas naturais, etc.
B) Amostragem não probabilística.
4.4 Amostra Acidental. Trata-se de uma amostra formada por aqueles
elementos que vão aparecendo que são possíveis de se obter, até completar os
elementos da amostra.
Geralmente utilizada em pesquisas de opinião em que os entrevistados são
acidentalmente escolhidos.
43
4.5 Amostra Intencional ou selecção racional. De acordo com certas
características estabelecidas no plano e nas hipóteses formuladas pelo
pesquisador, é escolhida intencionalmente a amostra com que se procuram
testar as hipóteses que contenha as variáveis estabelecidas nas hipóteses.

Por que razão se aconselham as amostras aleatórias?


A opção pelas amostras aleatórias garante certa transparência ou permitir que
todos os elementos tenham a mesma probabilidade de serem incluídos na
amostra, evitando-se deste modo a manipulação de dados. Por exemplo, no
jornalismo quando se procuram mostrar os efeitos da seca/cheias, etc. buscam-
se os casos extremos, pois o fim último é a manipulação da opinião pública. Fim
este que não perseguido pela ciência.
Levantamento estatístico. Normalmente há testes estatísticos que são aplicados para
confirmação ou infirmação das hipóteses, por exemplo, o cálculo percentual, o
desvio amostral, etc.
5. Expurgo, Tabulação e Codificação de dados.
 Expurgo. Colectados os dados vão se seleccionar os que farão parte do
corpus. ex: Depois de gravadas as leituras, seleccionam-se aquelas que
serão alvos do estudo, i.é, que constituirão o corpus do trabalho.
 Tabulação. Colocação dos dados que constituem o corpus em tabelas.
 Apêndices e anexos
 Referências bibliográficas(normas da UP)
Ex: Tabela do aproveitamento nas cadeiras de línguas "Escola da Ibo"em %. 1ª a
última turmas.
Turmas Port. Ingl. Fran. MÉDIA
A01 78 86 66 76.6

G02 55 44 40 46..3

 Codificação. Codificam-se os informantes por forma a salvaguardar a


identidade das fontes (ex: A01; A02;/ ESJ1; ESJ305; ESJ 23,etc.);
44
Nb: no projecto descreve-se apenas como será feita a tabulação e a codificação dos
informantes, das escolas, empresas, etc. de igual modo, explica-se como será feita a
análise, o agrupamento dos dados que compõem o corpus, etc.

Tipos de Relatório de Pesquisa

Generalidades. As normas para a elaboração de trabalhos científicos são basicamente


iguais, diferindo nos aspectos relativos à extensão, intenção, profundidade e
perspectiva de abordagem 1.

Forma ou Espécies de Trabalho Científicos:

1. Artigos Científicos. Distinguem-se artigos científicos aos pequenos estudos, porém,


completos que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se
constituem em matéria de um livro. Distinguem-se das diferentes espécies de
comunicações científicas pela sua reduzida dimensão e conteúdo, sendo objecto de
publicação em revistas ou periódicos especializados (Lakatos, 1999:84)

2. Ensaio Teórico. É concebido como "um estudo desenvolvido, formal, discursivo e


concludente, consistindo em exposição lógica e reflexiva e em argumentação rigorosa
com alto nível de interpretação e julgamento pessoal." Neste tipo de texto, a fonte frisa
que se observa maior liberdade do autor, no sentido de defender determinada posição
sem que tenha de se apoiar no rigoroso objectivo aparato de documentação empírica e
bibliográfica, como na monografia, dissertação e tese, como veremos a seguir.(cf.
Severino, 2002:152.

3. Resenha Bibliográfica. Resenha, recensão de livros ou análise bibliográfica é uma


síntese ou um comentário dos livros publicados feito por um especialista das áreas da
ciências, das artes e da filosofia. As resenhas têm papel importante na vida científica de
1
O conteúdo do objecto da monografia pode ser o mesmo, mas as perspectivas sob as quais se faz o estudo é que
determinam grandemente o desenvolvimento do trabalho científico, cf. SEVERINO(2002:74)
45
qualquer estudante e dos especialistas, pois é através deles que se toma
conhecimento de prévio do conteúdo e do valor de um livro que acaba de ser publicado.
A resenha permite a triagem na bibliografia a ser seleccionada quando da leitura da
documentação para a elaboração de um trabalho cientifico.

4. Monografia. Designa um tipo especial trabalho científico. Considera-se monográfico


aquele trabalho que reduz sua abordagem a um e único assunto, a um único problema,
com um tratamento específico. São monográficos os trabalhos que resultam de
exigência da especificação, ou seja, da razão directa de tratamento estruturado de um
único tema, devidamente especificado e delimitado. Caracteriza-se mais pela unicidade
e delimitação do tema, pela profundidade do tratamento do que pela sua eventual
vastidão.

5. Dissertação (Destina-se a obtenção do grau de Mestre). Cumpre as exigências da


monografia científica. Trata-se de comunicação dos resultados de uma pesquisa e de
uma reflexão, que versa sobre um tema único e devidamente delimitado. Constituindo
iniciação, ainda uma fase de iniciação à ciência, de um exercício directamente
orientado, primeira manifestação de um trabalho pessoal de pesquisa, não se pode
exigir do dissertante o mesmo nível de originalidade e o mesmo alcance de contribuição
ao progresso e desenvolvimento da ciência em questão, como na tese de
doutoramento.

6. Tese. A tese de doutoramento é considerada o tipo mais representativo do trabalho


científico monográfico. Trata-se da abordagem de um único tema, que exige pesquisa
própria da área científica em que se situa, com os instrumentos metodológicos
específicos. Essa pesquisa pode ser teórica, do campo, documental, experimental,
histórica ou filosófica, mas sempre versando sobre um tema único, específico,
delimitado e restrito.
Notas compiladas por ERNESTO JÚNIOR, docentes da UP/ Faculdade de LÍNGUAS - Maputo
46
Com maior consistência do que nos demais trabalhos científicos, a tese de
doutoramento deve colocar e solucionar um problema demonstrando hipóteses
formuladas e convencendo os leitores mediante a apresentação de razões fundadas na
evidencia dos factos e na coerência do raciocínio lógico.

Para a tese, exige-se contribuição suficientemente original a respeito do tema


pesquisado. Deve representar um progresso para a área científica, deve fazer crescer a
ciência, visa, independentemente das técnicas de pesquisa aplicadas, demonstrar
argumentando a favor de uma contribuição nova relativa ao tema.

Tipos de Pesquisa
I. Pesquisa Experimental/Quantitativa.
1. conceito. Busca conhecimentos rigorosos, impulsionou o método científico-
experimental, apoiado nos postulados do positivismo. Consiste em submeter um
facto à experimentação em condições de controlo e apreciá-lo coerentemente, com
critérios de rigor, mensurando a consistência das incidências e suas excepções.
Admite como científicos somente os conhecimentos passíveis de apreensão em
condições de controlo, legitimados pela experimentação e comprovados pela
mensuração.
2. Pressupostos.
(a) o conhecimento deve ser rigorosamente articulado, submetido ao controle de
verificações e comprovados por meio de técnicas prévias de controlo;
(b) não há relação entre o sujeito que observa e o objecto observado;
(c) os factos ou dados são o produto de observação, da experiência e da
constatação, e devem ser transformados em quantidades, reproduzidos e
reiterados em condições de controle, para serem analisados de modo neutro
com o objectivo de se formularem leis e teorias explicativas dos factos
observados.
47
(d) O pesquisador deve abstrair-se de toda a subjectividade que conduz ao erro,
à precipitação e à irracionalidade, tornando-se um sujeito neutro, lógico e
epistémico.
(e) Supõe que a natureza é uniforme, logicamente organizada e funcionalmente
determinada;
(f) A observação metódica conduz à descoberta das relações constantes em
circunstâncias idênticas e determinar Leis que regem e explicam as relações
causais entre fenómenos observados e predizer factos;
(g) Supõem que o Mundo está definitivamente construído e regido por Leis
invariáveis e constantes que podem ser apreendidas e previstas.
(h) Apoia-se no pressuposto de que a ciência é una e que os factos humanos e
sociais não diferem dos factos das ciências da natureza;
(i) Preconiza o mesmo modelo de pesquisa das ciências naturais para as sociais e
humanas.
Fases e Etapas da Pesquisa Experimental/quantitativa.
Com esses pressupostos criou-se um modelo de pesquisa com muitas variantes que
podem ser condensadas em um modelo-padrão:
 Determinação do problema;
 Formulação de hipóteses e definição de variáveis;
 Organização da pesquisa;
 Execução da pesquisa de campo;
 Recolha de dados quantitativos (técnicas: observação directa, questionário,
entrevista-dirigida e experimentação);
 Análise de dados quantitativos ( tratamento estatístico e sistémico)
 Redacção do relatório de pesquisa.
Técnicas e Instrumentos de Pesquisa
2. Formas e meios de observação
48
2.1 Observação directa. Contacto directo do pesquisador com a população
observada, para captar/descrever as acções dos actores em seu contexto
natural. Este tipo de observação pode assumir duas formas diferentes:
3.4.1. Observação participante. caracteriza-se pela partilha completa e
intensiva da vida e das actividades dos observados; o pesquisador
participa em interacção constante, espontânea ou formal, acompanhando
e interrogando das razões e significados dos seus actos. Exige cuidados
e registo adequado para garantir fiabilidade dos dados colectados.
3.4.2. Observação não participante. Trata-se de ver e registar, sistemática e
fielmente, factos e circunstâncias em situações concretas que foram
definidas de ante mão e que estejam ligados ao problema em estudo,
sem que o pesquisador participe da vida e das acções dos observados.
3.4.3. Quanto ao campo de observação. (a) Molar (de carácter geral. Ex:
observa o PE-A do Português: oralidade, leitura, vocabulário, escrita,
gramática e avaliação.) e (b) Molecular (de carácter mais ínfimo, analisa
apenas um e único aspecto. Ex: no PE-A do Português, o pesquisador
observa apenas a avaliação da leitura oral, que parâmetros são usados,
por quem, como, quando, onde, por quê, etc.)
3.5. Observação Indirecta. Geralmente usa instrumentos como formulários,
questionários, etc.
(e) Questionário. É um conjunto de questões sobre o problema, previamente
elaboradas, para serem respondidas pelos sujeitos de pesquisa
(população alvo) . Pode ter perguntas abertas/fechadas.
(f) Formulário. É uma lista, catálogo ou inventário, destinado a colecta de
dados, resultantes quer da observação quer de interrogatórios cujo
preenchimento é feito próprio pesquisador.
(g) Entrevista. é uma comunicação entre dois/mais interlocutores, o
pesquisador e o(s) informante(s), com a finalidade de esclarecer uma
questão. Pode ser livre (não directivas), o(s) informante(s) discorre(m)
como quiser(em) sobre o assunto; estruturadas, o informante responde a
49
algumas perguntas específicas. semi-estruturadas, discurso livre
orientado por algumas perguntas-chave.
(h) A conversa. Interacção verbal entre os interlocutores tendo o
pesquisador o cuidado de anotar as estruturas que lhe interessem em
função do tópico da conversa/do objecto de estudo/grava-se na integra a
conversa para expurgo na fase seguinte. Muito usada em pesquisa
linguística, etc. ex. Trabalhos do PPOM.
II. Pesquisa Qualitativa
1. Contextualização. O desenvolvimento da física atómica, a teoria da relatividade,
da termodinâmica e da cosmologia - revelam a complexidade e imprevisibilidade
dos fenómenos; a mutabilidade, instabilidade dos eventos naturais = tudo isto
põe em crise o edifício da certezas seguras do cientificismo. Surgem assim as
Pesquisas que valorizam os aspectos qualitativos dos fenómenos (os
significados que os indivíduos atribuem às suas acções).
2. Pressupostos.
 Opõe-se à pesquisa experimental que defende um padrão único de pesquisa
para todas as ciências, calcadas do modelo das ciências naturais;
 as ciências sociais e humanas têm suas especificidades que fazem delas
ciências autónomas com metodologias próprias;
 optam pelos métodos: clínico (descrição do homem em dada cultura); método
histórico-antropológico;
 parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito do conhecimento, i.é, há uma interdependência entre o sujeito e o objecto;
um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito;
 o conhecimento não se reduz a um rol da dados isolados, conectados por uma
teoria explicativa;
 o sujeito observador é parte integrante do processo do conhecimento e interpreta
os fenómenos, atribuindo-lhes significado.
50
2 3
 a pesquisa qualitativa tem subjacente a dialéctica e a fenomenologia como
correntes filosóficas de orientação e fundamentação.
3. Etapas da pesquisa qualitativa.
 Determinação do problema;
 Formulação das hipóteses (opcional);
 Recolha de dados qualitativos (técnicas: observação participante; entrevista não
directiva, história de vida, análise de conteúdo, pesquisa acção e pesquisa-
intervenção, estudo do caso, etnometodologia).
 Análise dos dados qualitativos;
 Redacção do relatório.

Elaboração do Relatório de Pesquisa

1. Leitura e Documentação
Estabelecidos, delimitado o tema do trabalho e formulados o problema e hipótese, o
próximo passo será o levantamento da documentação existente sobre o assunto;
Desencadeia-se uma série de procedimentos para a localização e busca metódica dos
documentos que possam interessar para a abordagem do tema ( livros, artigos);
Terminado o levantamento bibliográfico, é chegado o momento de iniciar o trabalho de
pesquisa pp/ dita: o momento da leitura e documentação.

1.1 O Plano Provisório do Trabalho


 Antes de começar a leitura, o aluno deve estabelecer um roteiro do seu trabalho -
trata-se da primeira estruturação do trabalho, baseada em grandes ideias oriundas
dos vários aspectos que pode ter um problema referente ao assunto estudado; são
essas ideias(roteiro) que nortearão a leitura e a pesquisa que iniciam.

2
Insiste na relação dinâmica entre o sujeito e o objecto, no processo do conhecimento; valoriza a contradição
dinâmica do facto observado e a actividade criadora do sujeito que observa.
3
Defende que é necessário ultrapassar a aparência/ as manifestações imediatas, o pesquisador precisa alcançar a
essência dos fenómenos; rejeita os conceitos de causalidade e rigor mensurável das pesquisas experimentais para
privilegiar o sentido que os actores atribuem ao seus actos.
51
Antes da leitura da bibliografia tenha-se presente na mente as grandes linhas que
serão as colunas mestras do trabalho. São elas que mostram nos textos lidos aqueles
elementos que devem ser retidos para futuro aproveitamento na composição do
trabalho.
Esse roteiro será reformulado no decorrer do trabalho - o plano definitivo só será
estabelecido no final da Pesquisa - positiva.

1.2 Revisão da bibliografia


1.2.1 A Leitura da Documentação
Parte-se para a análise dos documentos em busca dos elementos que se revelem
importantes para o trabalho.
A primeira medida é a triagem do material recolhido - nem tudo será lido - apenas o que
interessa ao estudo; na falta de resenhas teóricas, deve-se: tomar contacto directo c/
o livr` o/obra, lendo o sumário/índice; o prefácio; a introdução; as "orelhas", algumas
passagens do texto - até se ter uma ideia/ opinião (leitura selectiva);
Definidos os documentos a serem pesquisados, procede-se à leitura (integral da
obra/dos capítulos que interessam ao tema) combinando o critério da actualidade
com o da generalidade, para o estabelecimento da Ordem na leitura: inicia-se pelos
textos mais recentes, e mais gerais indo para os mais antigos e mais particulares(as
obras mais recentes retomam as contribuições mais significativas do passado,
dispensando assim uma volta a textos separados);
Quanto à generalidade vs afunilamento atender para as condições do autor:
familiaridade com o tema, nível de formação, área de trabalho, etc.
Quanto aos autores clássicos (portadores de teorias originais), por ex.Chomsky, talvez
seja mais prático para o pesquisador inexperiente ler em primeiro lugar outros autores
que falem das teorias deste autor e, só depois, a fonte primária porque aqueles fazem
uma espécie de tradução, uma "desconstrução" das teorias de base o que facilitará a
leitura/compreensão. No trabalho cite-se além das fontes primárias também as
secundárias.
52
Mesmo nos casos em que se faz a leitura integral, o objectivo deve ser apenas o
aproveitamento directo apenas daqueles elementos que sirvam para articular as ideias
do novo raciocínio. Os elementos recolhidos visam reforçar, apoiar e justificar as
ideias pessoais formuladas pelo autor do trabalho, garantindo, assim, a objectividade
fundada no testemunho de outros pensadores.
1.3 A Documentação
 Documentação = aos apontamentos tomados ao longo da leitura de consulta e
pesquisa; esses apontamentos constituem matéria prima do trabalho - passam-se os
elementos importantes para as fichas de documentação.
Como? Regista-se "alguma passagem completa do texto que se lê(…), colocando-se
tudo entre aspas e citando a fonte" SEVERINO(2004); Em outros casos faz-se apenas
a síntese das ideias em questão, dispensando-se as aspas, mas mantém-se a citação
da fonte.
As fichas de documentação contêm além do corpo da citação e referências
indicadoras da fonte, um título e subtítulo que permitem identificar os conteúdos
tratados e seus níveis de hierarquização (conforme o roteiro/plano provisório).
As fichas de documentação servem também para registar ideias pessoais sobre
algum tópico que correm o risco de se perderem.

Elaboração do relatório de pesquisa:


 A construção lógica do trabalho;
 A redacção do texto: citação; paráfrase; tomada de posição;
notas de rodapé; exercícios de aplicação.

Construção Lógica do Trabalho


É a síntese/coordenação inteligente das ideias conforme as exigências racionais da
sistematização do próprio trabalho;
A Construção Lógica do Trabalho é o arranjo encadeado dos raciocínios utilizados para
a demonstração da hipótese formulada no início.
53
O trabalho deve formar um todo, uma unidade com sentido intrínseco e autónomo
para o leitor que não participou da sua elaboração, ou seja, as partes do trabalhos,
seus capítulos e sub-capítulos, o seu interior e os parágrafos devem ter uma
sequência lógica rigorosa determinada pela estrutura do discurso.
Partes fundamentais do trabalho:
Introdução. Levanta o estado da questão (se for o caso); mostrando o que foi escrito
do tema e assinalando a relevância e o interesse do trabalho; Aponta os objectivos,
enuncia o tema, o problema, sua tese (hipótese) e os procedimentos que serão
adoptados para o desenvolvimento do raciocínio (metodologias do trabalho) "…é a
última parte do trabalho a ser escrita." SEVERINO (2002)
Desenvolvimento. Corpo do trabalho. Estruturado conforme as necessidades do plano
definitivo obra(Cap.; Subcap.; Secções, etc.). tudo deve favorecer a clareza e a
logicidade. Não basta enumerar simetricamente os vários itens: é preciso que haja
subtítulos portadores de sentido. Em trabalhos científicos todos títulos de Cap.
devem ser temáticos e expressivos. Devem dar ideia exacta do conteúdo do sector
que intitulam. A fundamentação lógica do tema deve ser exposta e provada, a
reconstrução racional tem por objectivo explicar, discutir e demonstrar: explicar.
Tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou complexo; descrever, classificar e
definir; discutir. Comprovar as várias posições que se entrechocam dialecticamente;
demonstrar. aplicar a argumentação apropriada = partir de verdades garantidas para
novas verdades.
Conclusão. ( i ) sintética. Síntese para a qual caminha o trabalho. Breve, visará
apresentar apenas os resultados da pesquisa; (ii) analítica. Visará recapitular
sinteticamente os resultados da pesquisa elaborada até então, passando por um
breve inventário do percurso =balanço do empreendimento.
Autor manifestará seu ponto de vista sobre os resultados obtidos e seu alcance.

1.3 A Redacção do Texto


54
Expressão literária do raciocínio desenvolvido no trabalho. Impõe-se um estilo
sóbrio e preciso, importando mais a clareza do que qualquer outra característica
estilística. A terminologia técnica só é usada quando necessária; evitem-se a
pomposidade pretensiosa, o verbalismo vazio, as fórmulas feitas e a linguagem
sentimental

1.3.1 A Construção do Parágrafo


O parágrafo = parte do texto que tem por finalidade expressar as etapas do raciocínio,
consequentemente, a sequência dos parágrafos, o seu tamanho e complexidade
dependem da própria natureza do raciocínio desenvolvido.
Defeitos a evitar: Excesso de parágrafos. Cada frase é tida como um parágrafo;
Ausência dos parágrafos = revela insegurança do redactor.
Mudança de parágrafo. A mudança de parágrafo toda a vez que se avança na
sequência do raciocínio, marca o fim de uma etapa e o começo da outra. A estrutura
do parágrafo reproduz a estrutura do próprio trabalho: constitui-se de introdução( o
tópico); de um desenvolvimento (o corpo) e a conclusão.
Ou seja: a Introdução, anuncia o que se vai dizer (tópico); corpo, desenvolve a ideia
anunciada; a conclusão resume ou sintetiza o que se conseguiu.
1.3.2 Eu ou nós?
No trabalho de pesquisa, há necessidade de introduzir as opiniões pessoais e, mesmo
nesses, é importante considerar que o "noi majestai ", pois dizemos "nós" por presumir
que o que afirmamos possa ser compartilhado pelos leitores. Escrever é um acto
social. Escreve-se para que o leitor aceite aquilo se lhe propõe. Quando muito, deve-
se evitar o pronome pessoal recorrendo a expressões mais impessoais, como " cabe,
pois, concluir que" , " parece acertado que" ; " do exposto conclui-se que"; não é
necessário dizer, por exemplo, "o artigo que anteriormente citei…" mas "o artigo
anteriormente citado…" pois estas frases assim não implicam a personalização do
discurso científico.
Diante nomes próprios (nomes de autores) não se usam artigos;
55
De igual modo não se aportuguesam nomes próprios estrangeiros;
Só se admitem aportuguesar nomes estrangeiros em caso de tradução consagrada, ex.
Lutero, Confúcio, Tomás de Aquino, Maomé.

II. Citação, Paráfrase e Notas de Rodapé.

É lugar comum, em trabalhos académicos, os estudantes fazerem referência a outros


autores ou fontes. Esta referência a outros autores ou fontes pode aparecer na citação
de trechos de outra obra/autor ou somente na menção de alguma ideia de outro
autor(sem usar as palavras dele. Seja como for, deve-se fazer referência à fonte.

2. Há modos básicos de se fazer referência bibliográfica:


2.1 Citação - Nota(citação indirecta). Neste caso a citação é feita no interior do
texto, e, no fim da citação coloca-se o número da chamada. Não se usam
aspas se esta não constitui transcrição integral do discurso do autor. Em
rodapé, a obra de onde a ideia foi extraída, mencionando, o nome do autor, o
título da obra, ano, página, onde será possível verificar a ideia do autor.
Outras referências. (cf. UP, 2003:24) Ex: segundo CARVALHO, os sectores
industriais podem ter seus processos de fluxo contínuo e processo de fluxo
descontínuo.4
2.2 Citação autor-data (citação indirecta). A mais usual, a citação é indicada no
próprio texto, no final do parágrafo, indica-se o Apelido do autor, o ano de
publicação e a página de onde se extraiu a ideia. Informações
complementares constarão da lista de referências bibliográficas. Ex. os
processos produtivos de fluxo contínuo são os que, comumente, atingem o
mais alto grau de automação devido às características intrínsecas de seus
respectivos produtos ( CARVALHO, 1992,p. 37).

4
Cf. CARVALHO, Ruy de Quadros. Projecto de Primeiro Mundo com Conhecimento…1992,p.37
56
2.3 Citação directa curta. A ideia do autor é utilizada com suas próprias
palavras. Sendo assim, deve ser grafada em letra itálica, colocada entre aspas
e identificado, ao final da citação e entre parênteses, o apelido do autor em
letras maiúsculas, o ano de edição e a página. EX: " …quem introduz a AM é
o capital, não os trabalhadores. Consequentemente a decisão não pode ser
técnicas mas interessada em termos económicos e políticos" (FALABELLA,
1988:14).
2.4 Citação de diversas obras do mesmo autor. Obras do mesmo autor e do
mesmo ano são distinguidas pelo acréscimo de letra minúscula (na ordem
crescente do alfabeto) a seguir a data e sem espaçamento. Ex: (REESIDE,
1972a; 1972b).
2.5 Citação de uma obra de mais de do que um autor. (a) Dois autores.
Indicam-se separados pelo "&" a ordem de citação é a da publicação da obra.
ex: PIRES & MEISSNER (1998) consideram que a …..
Ou: coloca-se a indicação dos autores e do ano entre parêntesis no fim do
texto: (PIRES & MEISSNER, 1998).
 A citação textual deve ser materialmente exacta, por isso, se houver lapsos ou
incoerências no texto documental, o pesquisador deverá ou poderá identificá-lo
apondo-lhes a expressão latina (sic!) entre parênteses, mas deve transcrevê-lo
sem adulterá-lo, consequentemente, sem corrigi-lo.

 Quando a transcrição toma apenas parte de um texto maior, deve-se colocar sinal
de reticências entre parênteses, para indicar a ausência da parte do texto que se
quis omitir; da mesma forma, deve-se colocar sinal de reticências, agora sem
parênteses no início e no final da proposição citada, como no exemplo: " …ele se
dirige ao universitário principiante que (…) deve ser esclarecido sobre a natureza da
vida universitária …."

 As reticências no início da citação significam que foi omitida a parte do inicial do


texto; as do interior da citação que foi omitida, no corpo da citação, parte do texto
57
original; as reticências finais significam que a proposição do original não chegou
ao fim onde a citação interrompeu, mas continua.

 Alguns autores recomendam que a citação que ultrapasse três linhas seja colocada
em parágrafo especial, dispensando-se as aspas, já que, colocada recuada e em
corpo menor, teria maior realce.

3. Notas de Rodapé
As notas de rodapé têm tríplice finalidade:

3.1 Indicam a fonte de onde é tirada uma citação, permitem uma eventual
comprovação por parte do leitor e fornecem pistas para uma retomada do assunto,
revelando, por fim, o âmbito de pesquisa do autor.
Aconselha-se que a primeira citação da fonte em rodapé, seja completa, ou seja:
Nome do autor/apelido. o título da obra, página. e que as seguintes usem as
expressões latinas Idem/ Id (significa - o mesmo); ibdem/ Ibid (no mesmo lugar);
Op. cit. (na obra citada), etc. assim:
 Ibid. usa-se quando várias notas se referem a uma mesma obra de um
mesmo autor, variando-se apenas a página.
 4. Lucien GOLDMANN, Ciências humanas e filosofia,p.10.
 5. Ibid., p.165
 6.Idem.,p. 89.
A expressão IDEM substitui só o autor e é em seu lugar que deve aparecer
quando estão sendo citadas obras diferentes de um mesmo autor.
 7. Martin BUBER, Eu e Tu, p. 150.
 8.IDEM, O socialismo utópico p.300.
 9.IDEM, O problema do homem, p.56.

5
Se a citação cair em nova página, deve-se escrever a citação completa.
58
 quando se quer citar passagens não identificadas em determinadas
páginas, mas fazer referência genérica a várias passagens do texto nas
quais um elemento é abordado, em vez de indicar a numeração dessas
páginas, usa-se a expressão latina Passim que significa "em diversas
passagens" do texto referido.
 Martin BUBER, Eu e Tu, passim.

3.2 Inserem no trabalho considerações complementares que, por extenso, onerariam


desnecessariamente o desenvolvimento do texto, mas que podem ser úteis ao leitor
caso queira aprofundar o assunto.
3.3 Transcrição de textos originais. Em caso de citação em língua estranha à do
trabalho, deve o pesquisador traduzir as citações incorporadas ao seu texto e o
texto original poderá ser transcrito nas notas de rodapé.

4. Técnica Bibliográfica
4.1 Apresentação de Notas Bibliográficas e/ou de rodapé
 As notas bibliográficas são postas no fim do texto ou de cada capítulo do livro com o
titulo "Notas"; as de rodapé, são postas no fim de cada página correspondente à
citação a que se referem.
 Nas notas o(s) nome(s) do(s) autor(es) deve(m) ser escrito(s) na sua ordem normal,
i.é, o nome próprio em primeiro lugar seguido de apelido. No caso de haver nomes
interiores bastará a colocação das iniciais; no caso de mais de três indica-se o
primeiro nome seguido de et al. O apelido escreve-se sempre em maiúscula, e o
título sempre em itálico.
4.2 Apresentação de referências e de fontes bibliográficas
 No caso de artigo de revista. Nome do autor." Título do artigo entre aspas". Título
da revista em itálico ou a negrito (bold). Número do volume. Local de publicação, ano
de publicação. Número de página inicial e final que o artigo ocupa.
59
 Capítulos/artigos de livros. Autor do capítulo começando pelo APELIDO (em
maiúsculas) seguido pelo título do capítulo (em itálico); in: APELIDO do responsável
pelo livro seguido do nome. Título do livro. Subtítulo (se for o caso). Edição. Local de
publicação (cidade), editora, número do Volume, ano de publicação; página inicial e
final do capítulo/artigo.
 No caso de um livro. APELIDO, Nome(s) do autor abreviado(s). Título do livro(em
itálico). Edição. Local de publicação( cidade), Editora, Número de Volume, ano de
publicação.
 No caso de uma instituição. Nome da instituição. Título do livro. Local de edição,
Editora, ano de publicação.
 No caso de uma informação verbal. No caso de comunicações pessoais de autores
para outros autores, levam a abreviatura cp (comunicação pessoal).
Ex; " … em função do diâmetro adquirido (PIRES, 2003. cp.)
 Trabalhos apresentados em eventos científicos (congressos, simpósios,
seminários, jornadas, etc.). APELIDO, abreviatura do nome. Título do trabalho. In.
Nome do evento científico. Local da publicação (cidade). Editora. Ano de publicação.
página inicial e final do capítulo.
 Dissertações e Teses. APELIDO, Abreviatura do nome. Título do trabalho. Grau ou
categoria do trabalho. Nome da universidade ou Escola. Local de publicação (cidade),
Editora, Ano da publicação. Número de páginas da obra.
Ex: GUIMINO, JR. E.L. Interacção entre classes aspectuais e adverbias temporo-
aspectuais. Análise de desvios no Português de Maputo. Tese de licenciatura
em ensino de Português. Faculdade de Línguas. Maputo, Universidade
Pedagógica, 2003
 Documentos tirados da internet, / via correio electrónico. Vide páginas (27-32).
 Comunicação pessoal. Incluem-se aqui informações obtidas de conferências,
anotações de aulas, consultas, etc. estas devem ser indicadas em notas de
rodapé seguindo as regras indicadas para tal e mencionando a data e o lugar em
que as anotações foram tomadas.
60

5. Estrutura de um relatório de pesquisa:


1. Apresentação
CAPA
- Entidade
- Título ou subtítulo
- Local e data
FOLHA (página de rosto): repetem-se os dados da capa (ver normas da UP).

2. Sumário (discriminação das divisões e subdivisões do trabalho)


3. Resumo analítico
4. Introdução
 OBJECTIVO
- Tema
- Delimitação
- Objectivo Geral
- Objectivo específico
 JUSTIFICATIVA
 OBJECTO:
- Problema
- Hipóteses
- Variáveis e suas relações

5. Revisão da Bibliografia
6. Metodologia:
- Método de Abordagem
- Método de Procedimento
- Técnicas e meios utilizados
- Delimitação do "universo"
- Tipo de amostragem
- Tratamento estatístico
7. Fundamento(s) Teóricos da Pesquisa
- Teoria básica
- Definição dos termos
- indicadores
8. Apresentação dos Dados, Análise e Interpretação dos resultados
(dividida em capítulos)
9. Conclusões
10. Recomendações e/ou sugestões
11. Apêndice(s)
12. Anexo(s)
13. Bibliografia
61

5.1. Elementos Pré-textuais


(a) A Capa. Contém apenas três elementos: no alto da página, o nome do autor na
ordem normal; no centro da página, o título do trabalho e o grau académico que se
pretende obter, mais abaixo, Universidade Pedagógica, cidade e o ano civil.
 Título. O título deve abarcar o seu conteúdo de forma sumária e concisa, deve ser
escrito na mesma língua do texto. As regras para o título são:
- ser resumo do trabalho;
- se ultrapassar (10) palavras; caso seja necessário, crie-se um subtítulo;
- abreviaturas não oficiais, símbolos particulares e fórmulas não fazem parte de
um título.
(b) Página do rosto. Tem ao alto, o nome completo do autor, no meio, o título completo
do trabalho; mais a baixo, à direita, o Departamento, Faculdade/Delegação/Natureza
do trabalho, seu objectivo académico , seguidamente o(s) nome(s) e Universidade
Pedagógica, local e ano civil.
(c) Sumário. Esquematiza as principais divisões e do trabalho: partes, secções,
capítulos, etc. exactamente como aparecem no corpo do trabalho, indicando ainda a
página em que cada divisão inicia, as listas, tabelas, e bibliografia. Vem logo depois
da folha do rosto.
(d) Lista de tabelas e figuras. São elaboradas listas com o respectivo número, título e
paginação, logo a seguir ao sumário.
(e) Lista de abreviaturas e símbolos. Relação das abreviaturas e símbolos constantes
no texto, acompanhados do seu respectivo significado. Seguem a ordem alfabética.
(f) O resumo. Este deve ser elaborado por forma a permitir a leitura e compreensão da
matéria de investigação, das questões científicas, dos materiais e métodos, dos
resultados, da discussão e das principais conclusões, sem que para tal o leitor tenha
de recorrer ao trabalho inicial. Não deve exceder uma página e deve ser escrito em
Português. O resumo é dactilografado a um espaço.

5.2 Elementos Pós-textuais


62
(g) Apêndice e anexos. Acrescentam-se quando exigidos pela natureza do
trabalho. Os apêndices são geralmente desenvolvimentos autónomos, elaborados
pelo próprio autor, para complementar o próprio raciocínio. Sua vez, os Anexos são
documentos nem sempre do mesmo autor que servem de complemento ao
trabalho e fundamentam a pesquisa.
(h) Bibliografia final. É apresentada segundo ordem alfabética dos autores e deve
conter os seguintes elementos:
 Autor;
 título do documento;
 edição;
 local de publicação;
 editora;
 data;
 número de páginas.

5.2. Apresentação gráfica do trabalho


 todos os textos devem ser dactilografados a 1,5 espaço e escritos num só lado
de folhas A4;
são usadas as seguintes margens:
 Margem superior: 3cm
 Margem inferior: 2cm
 Margem esquerda: 3cm;
 Margem direita: 2cm;

 A numeração começa a partir da página de rosto. O número é colocado no alto


da página, à direita;

 Os capítulos devem ser iniciados numa nova página, mesmo que sobre espaço
suficiente na página que termina o capítulo anterior;
63
 O tamanho da letra é 12, a fonte é Times New Roman ou Arial.

5. Exigência Éticas da Pesquisa


 As pesquisas cumprem exigências éticas gerais de toda a actividade científica e
aquelas ligadas à ética profissional da área de actuação profissional do pesquisador;
 É preciso respeitar os interesses dos sujeitos de pesquisa em sua integridade e
contribuição no desenvolvimento da pesquisa dentro dos padrões éticos.
 A eticidade da pesquisa implica:
1. Autonomia: consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a protecção
a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes, de modo que sejam tratados
com dignidade; respeitando-os em sua autonomia e defendê-los em sua
vulnerabilidade;
2. Beneficência: ponderação entre riscos e benefícios, tanto actuais como
potenciais, individuais ou colectivos, comprometendo-se com o máximo de
benefícios e mínimo de riscos;
3. Não-maleficência: garantir que danos previsíveis serão evitados;
4. Justiça e equidade: fundar-se na relevância social da pesquisa;

Defesa do Trabalho Perante o Júri.


 A entrega da Monografia Científica deve ser acompanhada pelo curriculum Vitae.
 O estudante deve entregar cinco exemplares da Monografia Científica ao chefe
da Delegação/ do Departamento
 A defesa do trabalho/monografia científica é um acto público;
 A defesa realiza-se no período definido no Calendário Académico;
 A defesa é realizada perante um júri proposto pelo chefe do Departamento e
nomeado pelo Director da Delegação/ Faculdade;
 O júri de defesa é constituído no mínimo por três membros, o Presidente, o
arguente e o supervisor;
64
 O supervisor e o arguente devem entregar, por escrito, ao presidente do júri o
seu parecer sobre o trabalho a ser defendido;
 O acto de defesa da Monografia não deve exceder os sessenta minutos,
devendo incluir as seguintes fases:
- apresentação do júri e do candidato pelo Presidente do Júri;
- apreciação do trabalho pelo Supervisor;
- apresentação do trabalho pelo candidato;
- arguição;
- defesa;
- deliberação da nota e preenchimento da acta de defesa;
- leitura da acta.
 A nota da Monografia Científica é dada conhecer ao estudante após a
deliberação do júri, efectuada no fim de defesa.
 Devem ser arquivados na Biblioteca das Delegações da UP duas cópias da
Monografia, após a defesa.

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