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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

DISCIPLINA: LEITURA E ESCRITA NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA


PROFª.: MS. SAMIRA DALL AGNOL (sdagnol@ucs.br)

ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO TEXTUAL

ESQUEMA

O esquema é um esqueleto ou plano de um texto em palavras-chave ou tópicos, ou seja, não se constitui


como um texto organizado em parágrafos. Embora permanecendo fiel ao texto original, é uma versão que omite
detalhes, apresentando somente as características principais ou os princípios gerais do assunto abordado. Os tópicos
são apresentados numa certa ordem (lista, classificação hierárquica, subdivisão, rede), o que auxilia na compreensão
das relações entre as diferentes facetas do assunto. Esquematizar, pois, corresponde a reduzir o texto a um pequeno
conjunto de itens ou palavras-chave, permitindo a rápida apreensão das ideias centrais do texto-fonte. Por outro
lado, também, pode servir de apoio para o desenvolvimento de um texto oral ou escrito, constituindo um roteiro
resumido do plano do texto.
Nem todos os textos se prestam para anotações em forma de esquema; uma obra literária, por exemplo,
presta-se mais ao resumo e à interpretação, muitas vezes simbólica. Alguns livros didáticos, como os de Ciências
Físicas ou Exatas, são frequentemente apresentados de forma quase esquemática, o que dispensa a elaboração de
esquemas.

a) Propósito de comunicação: Ao esquematizarmos, procuramos reconstruir o plano do autor. Quando se consulta


um material complexo, por exemplo, a redução do texto a um esquema leva à melhor compreensão da estrutura
total e da relação entre as partes. O hábito de elaborar esquemas apresenta duas vantagens: leva a uma observação
mais cuidadosa daquilo que o autor está apresentando no texto e fornece uma compilação do conteúdo básico do
texto. Tanto como recurso de redução como de expansão textual, o principal propósito do esquema é informar
sucintamente.
b) Contexto de produção e circulação: O esquema circula tanto em ambientes educacionais como profissionais.
Pode ser produzido tanto por estudantes, com o objetivo de compreensão/planificação de um texto, como por
professores, para sistematizar um tópico, resumir uma exposição, apoiar uma apresentação oral ou dar início à
planificação de um texto escrito. Seu uso no meio profissional também é comum, principalmente como apoio de
apresentações orais em reuniões, seminários e palestras.
c) Aspectos a serem observados na elaboração de esquemas: Podemos esquematizar um texto de diversas formas:
usando símbolos, palavras abreviadas, diagramas, desenhos, chaves, flechas, maiúsculas e outros recursos que
contribuam para a eficiência e compreensão do esquema e da sequência de ideias nele contidas. Para a execução de
um esquema de leitura, recomenda-se obedecer aos seguintes passos:

i) Ler o texto para ter uma visão geral de seu objetivo e estrutura. Deve-se prestar atenção especial a todos os títulos
que podem dar a chave da unidade de organização e à abertura de parágrafos;
ii) Estabelecer as divisões principais e numerá-las (com I, II, III, etc.). Caso o texto esteja bem estruturado, cada uma
dessas partes constituirá uma grande unidade de esquema;
iii) Intitular cada divisão. A seguir, deve-se testar os títulos escolhidos, verificando se desenvolvem logicamente o
objetivo geral estabelecido;
iv) Observar, depois desses passos, se os títulos propostos em (c) podem ser subdivididos. Em caso afirmativo,
subdividir cada um deles em suas partes e assinalá-las, utilizando A, B, C, etc. Se posteriores subdivisões forem
necessárias, elas devem ser numeradas com 1, 2, 3, etc.

Duas convenções devem ser observadas na elaboração de um esquema:


i) Destacar convenientemente diferentes níveis de funções. Tratar títulos como subtítulos, ou vice-versa, compromete
a divisão lógica do material e pode levar à confusão na elaboração do trabalho final;
ii) Usar estruturas linguísticas paralelas. O emprego de construções gramaticais paralelas em esquemas contribui
para verificar sua sequência lógica. Um esquema não deve, em princípio, ser do tipo misto, isto é, fazer uso
indiscriminado de tópicos e períodos.
Observe como o esquema apresentado na coluna da esquerda obscurece o encadeamento e a clareza dos
tópicos. Já a sua reestruturação na coluna da direita respeita um paralelismo, que contribui inclusive para que
compreendamos melhor a sequência que ele reproduz.

ESQUEMA INADEQUADO ESQUEMA ADEQUADO


COMO CONSEGUIR UM EMPREGO COMO CONSEGUIR UM EMPREGO
1. À procura de perspectivas i. Procurando perspectivas
A. Falando com os amigos A. Falar com amigos
B. Através de agências B. Investigar em agências
C. Procurar o contato C. Procurar fazer contatos
ii. Fazendo o contato ii. Fazendo o contato
iii. Realizando a entrevista iii. Realizando a entrevista
A. Cuidar da aparência A. Cuidar da aparência
b. Atitude adequada B. Ter atitude adequada
c. Credenciais C. Apresentar credenciais

d) Exemplos de esquemas: São apresentadas três formas comuns de esquematizar textos. Fica a seu critério
escolher uma ou outra. Procure verificar com qual delas você se identifica e utilize-a sempre que se defrontar com
um texto mais complexo, cuja compreensão pode ser facilitada com a utilização desse recurso.
i) Por tópicos: o esquema apresentado anteriormente é um bom exemplo;
ii) Por períodos:
• Devemos preservar o meio ambiente.
• Uma das ações é a economia de água.
• Sem água não há vida.
• Há muitas reservas naturais de água, mas elas são esgotáveis.
iii) Por diagrama:
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
* economizar no consumo * evitar a emissão de poluentes
* não poluir
* não desmatar
* plantar árvores

RESUMO

Resumo é um texto derivado de outro texto, do qual se mantém o conteúdo central, porém em extensão
reduzida. Por isso, o resumo pressupõe também generalização ou globalização dos sentidos expressos no texto-
fonte. Quando se pretende desenvolver essa habilidade, é importante compreender que resumir não é apenas
condensar; é reorganizar o conteúdo do texto, preservando o sentido essencial. Portanto, não basta apagar certas
partes do texto e copiar outras: é preciso recriar o texto, focalizando o conteúdo central.
a) Propósito de comunicação: O principal propósito é o de reduzir as informações contidas num texto, levando em
conta o receptor. Por essa razão, o mesmo texto pode resultar em diferentes resumos. Assim, resumir um artigo
para apresentar um trabalho em sala de aula para os colegas é bem diferente de resumir para publicar no jornal do
curso ou para informar um público leigo e com baixo grau de instrução.
b) Contexto de produção e circulação: Resumos de várias espécies circulam nas instituições educacionais de todos
os níveis, em especial no meio acadêmico, na imprensa, na internet e em setores profissionais.
c) Regras para resumir: Para facilitar a construção do resumo, são conhecidas algumas estratégias para resumir. São
elas:

1ª – Omita tudo o que for repetição (palavras, orações, períodos, ideias,...).


2ª – Omita tudo o que não for importante ou indispensável para a compreensão do tema
central (detalhes, exemplos, explicações adicionais, ...).
3ª – Reduza as listas, substituindo-as por um termo geral que abranja todos os itens.
4ª – Use o tópico frasal de cada parágrafo, se houver um.
5ª – Crie um tópico frasal, se não houver um, a partir da leitura cuidadosa do parágrafo.
Na textualização de um resumo são essenciais cuidados como: respeitar o tópico central e articular o
desenvolvimento do tema de modo a compor uma unidade, parafrasear ideias e informações, estruturar de forma
adequada parágrafos e frases, usando conectores e os referenciadores cabíveis, entre outras estratégias textuais. É
muito importante também proceder a uma revisão e fazer todas as adequações linguísticas exigidas num bom texto
(ortografia, pontuação, etc.). Nesse sentido, pode-se pensar em passos para elaborar o resumo:

1ª – primeira leitura para identificar o plano geral do texto e seu desenvolvimento/ obter uma visão de conjunto;
2ª – segunda leitura para identificar o tema e o propósito do texto;
3ª – terceira leitura para identificar as partes principais/ segmentos do texto em unidades de sentido;
4ª – quarta leitura para compreender as partes e anotar as palavras-chave; visa também à análise de estruturas frasais
complexas, de conectores e de itens lexicais desconhecidos – aqui você pode elaborar um esquema do texto-fonte;
5ª – redação do resumo, a partir da ideia central de cada fragmento, encadeando-os e relacionando-os na ordem em que
estão apresentados no texto original e com base no esquema;
6ª – comparação do resumo com o texto original e com o esquema, procedendo à revisão e aperfeiçoamentos, se
necessário.

Para chegar à construção de um bom resumo, é aconselhável ainda observar alguns requisitos:
i) não há necessidade de se fazer um parágrafo introdutório. Você pode numa primeira frase já iniciar a
apresentação das ideias do original;
ii) você deve seguir a ordem original de apresentação das informações contidas no texto-fonte;
iii) não inclua no resumo a sua opinião acerca do que é abordado, apenas mencione, se for o caso, opiniões contidas
no original e consideradas importantes na seleção de informações. Você não deve tampouco incluir em seu resumo
suas apreciações sobre o texto-fonte ou sobre outros aspectos. Para isso existe a resenha crítica, que também se
presta à redução de informação, mas que admite a inserção de opiniões do resenhador;
iv) redija o resumo de forma que pareça que você mesmo elaborou o original, ou seja, não inclua nele verbos de
dizer (o autor afirmou, disse, considera,...) nem expressões que façam remissão ao autor do texto-fonte ou ao
próprio texto (segundo o autor, conforme o texto,...).

A seguir é apresentado um exemplo de resumo e, ao mesmo tempo, a diferença entre ele e a resenha, tendo
como base o mesmo artigo:
Adaptado de: FONTANA, N.M; PAVIAIN, N.M.S.; PRESSANTO, I.M.P. Práticas de linguagem: gêneros discursivos e interação. Caxias do Sul:
EDUCS, 2009.

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