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Bloco 1

O Estudo do Resumo

Roteiro de Estudos

Neste bloco, encontraremos o seguinte:

vídeos explicativos, vídeo com


documentário e entrevista;

comentários com enfoque teórico-


explicativo sobre resumo;

link para leitura de capítulo de livro;

proposta de atividade sobre resumo;


Figura 1 - <http://eadteste.cnec.br/amon/docs/assets/u
nterberg-345560_6401.jpg> orientação com questões para par ticipação
no Fórum de Discussão.

Bom estudo!

Disparador
Assista ao vídeo

O nosso desafio é intensificar sua compreensão no entendimento de que aprender a resumir implica e
requer aprender a compreender o que leu.

O foco do nosso estudo será o resumo.

Comunicação e Expressão: O Estudo do Resumo 1/8


Apresentação do Bloco
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Algumas Concepções Importantes!


Resumir envolve (por parte de quem irá escrever o resumo) atitudes e princípios cognitivos e comunicativos
que são próprios do texto em sua totalidade: é preciso compreender integralmente o texto a ser resumido e
saber produzir um novo texto, mantendo invariável uma parte do conteúdo original, eliminando os
elementos acessórios (detalhes, explicações, exemplos...).

Ao resumir, também, é preciso considerar as condições de produção e o destino do resumo (onde/para que
será usado este resumo?). A ação de resumir exige competência de sintetizar informações, o que requer a
habilidade de compreender o que leu; produzir outro texto, o que requer a habilidade de escrever com
coerência e coesão. Este gênero textual consiste em difundir as informações contidas em livros, artigos,
monografia, auxiliando, muitas vezes, o estudante nos seus estudos teóricos.

Sugerimos que você preste atenção, como cidadão, no efeito social do saber resumir, por exemplo, na
comunicação em um noticiário radiofônico ou televisivo, nas notícias publicadas em um jornal ou mesmo em
falas públicas de representantes de entidades: se o discurso que transmite não contiver a síntese das
informações e não estiver coerentemente elaborado, com clareza na organização, sequência dos fatos, etc.,
prejudicará a compreensão de quem ouve e de quem lê. Portanto, há um processo cognitivo envolvido no
resumo.

Como parte dessa produção textual – resumo –, depois de ler e compreender o que será resumido, sugere-
se fazer um esquema das informações relevantes a serem apresentadas. Ao esquematizar as informações
consideradas relevantes, precisa-se manter uma ordenação, uma sequência que dê suporte à compreensão
de quem for ler o resumo elaborado. De cada informação selecionada para formar parte do esquema, será
preciso também sintetizar o que é relevante destacar sobre essa informação. O interessante é utilizar
palavras-chave em um esquema e escrever o mínimo possível.

As palavras-chave devem estimular o desenvolvimento de um determinado conteúdo. O esquema não


poderá conter muitas informações, pois, quando um esquema tem muitas informações, ele perde a sua
finalidade, e aí não é um esquema e sim o próprio resumo.

O esquema registrado está concretizando a compreensão do conteúdo que foi lido/ouvido/presenciado; essa
estrutura física corresponde à representação mental do conteúdo; diferentes tipos de textos, com diferentes
conteúdos e para fins diversos irão gerar resumos diferentes.

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Esquema de chavetas Esquema de Flechas

Esquema de Retângulos Esquema Misto

Esquema de subordinação Mapa de ideias


1. mmm
1.1. mmm
1.2. mmm
1.2.1 mmm
2. mmm

Figura 2 - <http://eadteste.cnec.br/amon/docs/assets/Slide1.PNG>

Na produção de um resumo, devemos considerar a sua finalidade: para onde vai e/ou para que será
utilizado o resumo; é relevante destacar um ou outro aspecto.

Ou seja, os resumos são textos com natureza diversa e assumem diferentes configurações em atendimento
às necessidades dos usuários da língua nos variados espaços sociais.

Esse “diálogo”, a ser construído por quem precisa resumir, levará a escolhas e ao uso de articuladores
variados: articuladores aqui compreendidos como expressões que garantam a compreensão da textualidade,
da continuidade e a interdependência sequencial das informações sintetizadas.

Cabe, também, ressaltar que a memória mantém uma estreita relação com a compreensão: ao ler ou escutar,
articulam-se estruturas mentais, chamadas de estruturas cognitivo-semânticas, que constituem a base de
condutas para poder memorizar. Utilizam-se informações antigas, resultantes de vivências/experiências
anteriores e que são recuperadas com a informação atual; um processo dinâmico de dialógico que favorece
ou não o “armazenamento” de novas informações.

Por isso, e como exemplo, para escrever a segunda parte de uma frase, dependemos do que
armazenamos/memorizamos do início do texto; e todo o processo de textualizar depende também de como
estabelecemos a relação com nossos conhecimentos gramaticais para selecionar e organizar as palavras de
modo a resultar em uma informação compreensível. Complexo, não?!

Comunicação e Expressão: O Estudo do Resumo 3/8


Ao resumir, constituímos esquemas mentais que nos permitem saber o que destacar como essencial à
compreensão do todo e como recolocar essa essência em um novo contexto com uma finalidade específica.
Em síntese, compreensão, armazenamento e recuperação de uma informação constituem processos mentais
interativos entre si e com todos os demais processos que constituem o pensamento.

As etapas “mentais” na ação de produzir um resumo compreendem: observar a sequência de proposições


(tipo de texto; conteúdo do texto); construir uma proposição que contenha um conceito derivado da
sequência observada (o que está dito? como
compreender?) e que substitua a sequência original
(como irei recontar?). Ao produzir o resumo, será
necessário selecionar expressões que favorecerão a
compreensão do texto original, as condições e as
finalidades da produção; usar referências de tempo
e de lugar que contextualizem as informações
sintetizadas.

ATENÇÃO!

A organização textual do resumo mostrará, em


Figura 3 - <http://eadteste.cnec.br/amon/docs/assets/face
sequência gramaticalmente compreensível, o que
-658678_6401.jpg>
havia sido escrito, por quem, quando e para quê,
entre outros fatores textuais e discursivos. Assim,
ao resumir, você não poderá simplesmente listar algumas informações sobre o que leu! Terá que
recontar tais informações, de forma organizada e contextualizada, garantindo a compreensão do seu (de
você, autor do resumo!) discurso e do discurso do texto original (do outro autor, sobre quem você fala).

Lembre-se: no resumo não deve conter juízo valorativo ou crítico, pois esta
característica é própria do gênero textual "resenha crítica", conteúdo do
próximo bloco.

Etapas

Leitura atenta do texto a ser resumido, com atenção ao vocabulário e às expressões específicas de uma
área de conhecimento;

Localização das ideias/informações básicas que mantêm a unidade do texto;

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Listagem/esquematização ordenada dessas informações;

Localização das explicações, dos argumentos, dos recursos culturais, etc., que sustentam essas
informações;

Listagem/síntese dessas explicações, etc.;

Localização, no texto original, das expressões que permitem identificar o tempo, o lugar e os
agentes/sujeitos envolvidos na ação;

Listagem das informações contextuais anteriormente localizadas;

Análise atenta das listagens para identificar e eliminar possíveis repetições ou informações não
relevantes à compreensão; ou para acrescentar outras, retomada à leitura integral, consideradas
esclarecedoras;

Composição do texto/resumo: textualização ordenada e com articuladores linguísticos que propiciem a


dupla compreensão – do resumo e do texto resumido;
Releitura do texto resumo com objetivo autoavaliativo.

Para Analisarmos...
Mesmo que você não tenha lido o texto "A cultura da paz", de Leonardo Boff, vamos analisar três resumos
desse texto. Todos eles foram retirados do livro Resumo, de Anna Rachel Machado, Eliane Lousada e Lília
Santos Abreu-Tardelli.

Resumo 1 – insatisfatório

Ele diz que a cultura dominante caracteriza-se pela vontade de dominação da natureza e do outro. É possível
superar a violência? Freud diz que é impossível controlar o instinto de morte. Boff diz que a evolução
humana sempre esteve regida pela violência. Em segundo lugar, a cultura patriarcal instalou a dominação da
mulher pelo homem e que a lógica de nossa cultura é a competição. Veja-se, por exemplo, o número de atos
de violência contra a mulher em São Paulo. Precisamos opor a cultura da paz à cultura da violência.

Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? Somos seres sociais e cooperativos, temos capacidades de
afetividade. O homem pode intervir no processo de evolução. Desde os tempos de César Augusto, os
filósofos acham que o cuidado é a essência do ser humano. Gandhi, Dom Hélder Câmara e Luther King são
figuras que deram exemplo de comportamento humano. Eu acho que todos nós devemos lutar pela paz.

a) O resumo já inicia com problema - o uso do pronome ele. Quem é ele? Não há dados sobre o texto-fonte.

b) Afinal, de que trata o texto-fonte?

c) Qual a relação de Freud com o texto? Quem é Boff?

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d) Para nos referirmos ao que foi dito (aos atos do autor), na produção do resumo, não usamos os verbos
dizer, falar e sim verbos como negar, terminar, realçar, argumentar, descrever, introduzir, justificar,
enfim, verbos adequados ao contexto e à ação linguística produzida pelo autor do texto-fonte.

e) Se há segundo lugar, onde está o primeiro??

f) O autor do resumo usa veja-se, precisamos e, no final, acho. Não podemos misturar as pessoas do
discurso.

g) Evita-se usar exemplos em resumos.

h) Não há conectores para ligar as informações (pois, embora, porque, de acordo com, porém, a fim de, ...).
Há sempre frase-ponto, frase-ponto.

i) Não damos nossas opiniões nos resumos.

Resumo 2 – insatisfatório

No artigo “A cultura da paz”, Leonardo Boff defende a necessidade de construirmos a cultura da paz a
partir de nós mesmos. O autor considera que isso é possível, uma vez que o homem é dotado de
caraterísticas genéticas especiais que lhe permitiriam vencer a violência.

a) O resumidor faz referência ao texto-fonte, cita o autor. Usa o substituidor autor em vez de repetir o
nome do autor. Isso é considerado positivo.

b) O resumo é bastante curto, não enfatizando todas as ideias básicas do texto-fonte.

Resumo 3 – Satisfatório

Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz” apontando o fato de que vivemos em uma cultura que se
caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor levanta a questão da possibilidade de
essa violência poder ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a tese de
que seria impossível, pois as próprias características psicológicas humanas e um conjunto de forças naturais
e sociais reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua superação. Mas, mesmo reconhecendo o
poder dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabelecermos uma cultura da paz
contra a da violência, pois esta estaria nos levando à extinção da vida humana no planeta.

Segundo o autor, seria possível construir essa cultura, pelo fato de que os seres humanos são providos de
componentes genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos
para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor como sendo
uma relação amorosa com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas
constatações, o teólogo conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz,
construindo a cultura da paz a partir de nós mesmos, tomando a paz como projeto pessoal e coletivo.

a) O resumidor faz referências a Leonardo Boff de diferentes formas: o autor, ele, Boff, o teólogo.

b) Há elementos conectores que ligam as orações, havendo sequência no texto: diante disso, inicialmente,
pois, mas, segundo o autor, a partir dessas constatações.

c) Há menção às ações do autor de diferentes formas, ou seja, há variados verbos: inicia, levanta, apresenta,
considera, conclui, incitando-nos. Veja, não houve o uso do diz e fala!

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d) Foram apresentadas as ideias mais relevantes.

Caso você tenha interesse em ler o texto na íntegra, pode procurá-lo na internet.

Leitura Complementar

Como elaborar resumos:

https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/dicas-estudo/4-passos-para-fazer-um-bom- 
resumo/

Considerações Finais

Então, como vimos, o resumo é um texto que reúne e apresenta, de maneira concisa, coerente e
frequentemente seletiva, as informações básicas de um texto preexistente. É uma forma de transformar
um texto em outro.

O resumo, além de desenvolver a habilidade de compreensão acerca do que se leu, de sintetizar e de


retextualizar com articuladores linguístico- discursivos um novo texto, é uma atividade que ensina a
estudar. Daí sua importância social ao ser ensinado e exigido nessa sua etapa de estudante.

Não se esqueça das dicas sobre o resumo:

É uma atividade de compreensão e produção textual;

Como texto, exige coerência e coesão linguístico-discursivas;

Varia conforme o tipo de texto original e a finalidade de sua produção;

Não pode faltar o assunto do texto;

Não pode faltar o objetivo do texto;

Não podem faltar articulações das ideias;

Não podem faltar conclusões do texto resumido.

Referências
HARTMANN, Schirley Horácio de Gois; SANTAROSA, Sebastião Donizete. Práticas de escrita para
letramento no ensino superior. Curitiba: Ibpex, 2011.

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KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Benetti; PAVIANI, Cinara Ferreira. Prática Textual: atividades de leitura
e escrita. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Resumo. São Paulo: Parábola,
2004.

Créditos
Para referenciar este material, utilize:

BARBOSA, Christiane Jaroscki. Comunicação e Expressão [Recurso Eletrônico]. Osório: CNEC EAD, 2014.

Comunicação e Expressão: O Estudo do Resumo 8/8

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