Você está na página 1de 21

1

CADERNO DE TECNICAS DE EXPRESSÃO EM LINGUA PORTUGUESA

TEMA1. A Tomada de Notas


Um bom leitor, para além de sublinhar, também faz anotações quer no papel
quer no próprio texto de apoio. Estas anotações, principalmente, as feitas no
texto são a prova do seu espírito crítico. Enfim, as anotações são reações ou
comentários pessoais e podem expressar-se através de formas diversificadas:
Ponto de interrogação (?) como sinal de dúvida;
Ponto de exclamação (!) como sinal de surpresa ou entusiasmo;
Letras diversas para fazer uma observação simples como por ex: B -
bom, I - importante ou interessante, N – não, R- rever e outras;
Palavras que resumam o núcleo central de um parágrafo;
Uma nota de referência sobre os assuntos defendidos pelo mesmo autor
ou por autores diferentes (Estanqueiro, 2001).
Nota: Fazer anotações é enriquecer o livro e elas (as anotações) devem ser
claras e breves.
A actividade de tirar apontamento é complexa e constitui um dos processos
fundamentais para a captação e retenção da matéria, pois, por meio dos
apontamentos aprendemos melhor e as nossas informações ficam guardadas
para sempre.
De acordo com Estanqueiro, os apontamentos podem ser de três tipos:
Transcrição, Esquemas e Resumos.
1.A Transcrição consiste em transcrever e copiar uma informação de forma
totalmente igual ao texto original. Porém, é importante referir que esse não é o
processo mais eficaz para estudar um assunto, embora seja útil, pois enquanto
se escreve pensa-se sobre aquilo que se lê. Mais eficaz será fazer esquemas e
resumos.
Regras:
De acordo com o mesmo autor as regras a serem seguidas nos apontamentos
de transcrição são:
• Não copiar longos textos, integralmente. Basta seleccionar as partes
mais significativas;
• Pôr entre aspas os textos copiados;
• Indicar com precisão a fonte, ou seja, registar o nome do autor, o título
do livro ou da revista; o número da edição, o local da edição, o editor, a data e
a página.
2

Se assim estiverem organizados, os apontamentos poderão servir em qualquer


momento.
2.Esquema
Uma técnica importante é passar a esquema todas as informações tidas como
ideias-chave, durante a leitura. Pois eles (os esquemas) são simples
enunciados das palavras-chave, em torno dos quais é possível arrumar
grandes quantidades de conhecimentos. De acordo com Estanqueiro “eles
também representam uma enorme economia de palavras e oferecem a
vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto em análise, podendo
ainda ser facilmente reformulados”.
Tipos de esquemas:
Ainda na mesma abordagem, refere-se que existem os seguintes tipos de
esquema: Índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas e todos estes tipos
de esquema podem ser encontrados nos manuais.
De acordo com Ruiz, as regras do resumo são:
Ser fiel ao texto;
Apanhar o tema do autor;
Ser simples, claro e destacar os títulos e subtítulos;
Subordinar as ideias aos factos;
Manter um sistema uniforme de observação.
Nota: Os esquemas não são aconselháveis pela insuficiência de informações.
3. O Resumo
3.1. Definição
Segundo Estanqueiro (2001: 52-53): Resumir é abreviar, tornar mais curto um
texto. Isto exige capacidade para seleccionar e reformular as ideias essenciais,
usando frases bem articuladas.
O resumo é uma actividade de reformulação que se exerce sobre qualquer tipo
de texto, com o objectivo de o escrever de novo sob a forma mais reduzida,
preservando com o máximo rigor o essencial da informação que ele veicula.
Resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou abreviada, as ideias
principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que fazer uma operação
mental insubstituível: dispensar o que não é significativo. Ao dispensar o que é
secundário, valorizará só o que é fundamental. Por isso, um resumo bem feito
é económico em palavras e rico em significado.
De acordo com Lemaitre (1986: 158), o resumo dá uma visão de conjunto do
conteúdo e acentua a progressão dos pontos principais. Ele respeita a
linearidade do discurso inicial. Não pode retomar todas as ideias expostas, mas
não deverá tão-pouco limitar-se a um sobrevoo abstracto não conservando
senão os conceitos sem explicações.
Em suma, resumir é apresentar, de forma contraída, reduzida ou abreviada, as
ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que fazer uma
3

operação mental insubstituível: dispensar o que não é significativo. Ao


dispensar o que é secundário, valorizará só o que é fundamental. Por isso, um
resumo bem feito é económico em palavras e rico em significado.
O resumo é um texto que apresenta as ideias ou factos fundamentais de um
outro texto, de maneira abreviada.
O resumo trata-se de um processo de extracção de ideias de um determinado
texto ou de uma determinada obra literária. Não se trata de redução do
conteúdo do texto e sim de uma sintetização das ideias usando o vocabulário
do aluno.
Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a
estrutura e o tipo de enunciação, ou seja, os tempos e as pessoas, com ajuda
do vocabulário do aluno. É reter as linhas de um raciocínio, o essencial dos
dados de um problema, as características de uma situação, as conclusões de
uma análise, sem proceder comentários.
Resumir significa criar um novo texto mais condensado, que utiliza as
informações importantes do texto-base, ou seja, o resumo é um texto que
reelabora o escrito de base, reduzindo-lhe o comprimento, mantendo-se o autor
em segundo plano, esforçando-se por ser objectivo, na tentativa de criar uma
síntese coerente e compreensível do texto de partida.
Resumir é apresentar de forma breve, concisa e selectiva um certo conteúdo.
Isto significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema.
Saber fazer um bom resumo é fundamental no percurso académico de um
estudante, em especial, por lhe permitir recuperar rapidamente ideias,
conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.
O acto de resumir textos objectiva instrumentalizá-lo a fim de que você possa,
ao ler, apreender aquilo que realmente é essencial. Ao resumir o texto, você vai
expor, em poucas palavras, o que o autor expressou de uma forma mais longa.
Assim, deve saber discernir do secundário e relacionar as ideias entre si, de
uma forma sintética. Aprendendo a resumir, você terá mais facilidade ao
estudar as diferentes disciplinas, uma vez que saber á encontrar num texto as
ideias mais relevantes.
Portanto, resumir é pegar num texto pelos seus pontos essenciais, pelos seus
dados de conjunto e transmiti-lo, por meio de um outro, que é a redução do
original. Como tal, as qualidades universalmente reconhecidas como
fundamentais para um bom resumo são a fidelidade, a coerência e a clareza.
3.2. Objectivos do Resumo
São múltiplos os objectivos que podem ser atingidos através da prática
sistemática do resumo de texto.
Antes d tudo, é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento intelectual
porque leva a distinguir o essencial do acessório, num texto ou mensagem cujo
discurso é necessário reduzir para utilização posterior (textos informativos-
expositivos, explicativos, de crítica ou análise literária, argumentativos,
descritivos, narrativos, etc.)
4

Depois aquilata a maturidade intelectual e expressiva em determinado


momento de uma aprendizagem, avaliando, simultaneamente, as capacidades
de compreensão de leitura, bem como a talento para exprimir, em discurso
mais conciso, os conteúdos informativos apreendidos em textos lidos.
Desenvolve, ainda, hábitos de leitura e de agilidade mental, criando, em quem
produz o novo texto, o gosto pela correcção e elegância de expressão, ou
seja, pela arte da escrita.
Finalmente, a preocupação pela fidelidade às ideias contidas no texto-fonte
habitua quem resume ao respeito por quem escreve_os seus autores_e,
adicionalmente, a saber adequar o articulado do resumo aos seus destinatários
(em situação de avaliação/exame, os professores/avaliadores).
3.3. Qualidades de um Resumo
As qualidades universalmente reconhecidas como fundamentais para um bom
resumo são a fidelidade à informação e ao sentido global produzidos pelo
autor do texto-fonte, a coerência, a coesão e a clareza do novo texto
elaborado por quem resume.
Para que haja fidelidade, o resumo deve cingir-se exclusivamente às ideias
desenvolvidas pelo autor do texto, ou seja, não pode deixar transparecer a
subjectividade de quem o reescreve, veiculada sob a forma de qualquer
sugestão crítica, impressão ou opinião pessoal.
A coerência do resumo, por seu lado, advém-lhe da obrigatoriedade de manter
a lógica da organização temático-semântica do texto-fonte (estruturas textuais
profundas ou macroestruturas). A sua coesão situa-se a nível do discurso
produzido, da gramaticalidade das frases_ “orações, estruturas de orações e
sequências textualmente configuradas na superfície” (microestruturas). A
coerência e a coesão serão, por sua vez, condições necessárias para que o
resumo seja também claro. Porém, a clareza só será completa se o novo texto
evitar o lugar-comum, a ambiguidade, a imprecisão ou impropriedade
vocabulares, a terminologia vaga e vulgar, a acentuação e a pontuação
negligentes.
3.4. Características
Em geral um bom resumo deve ser:
Breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado
os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários;
Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o
resultado da sua leitura de um texto;
Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases
soltas. Ele deve trazer as ideias centrais (o argumento) daquilo que se está
resumindo. Assim, as ideias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou
seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser
compreensível.
3.5. Procedimentos para elaboração de um bom resumo
5

Preparação
Às pessoas pouco treinadas na técnica do resumo, propomos a seguinte
metodologia:
Compreender o texto, na sua globalidade;
Descobrir a ideia-chave ou tópico de cada parágrafo, ou seja, destacar
as palavras-chave que envolvem as ideias fundamentais;
Registar numa folha de rascunho o conjunto dos vários tópicos,
recolhidos parágrafo a parágrafo; resumir cada parágrafo;
Sublinhar as ideias/informações, distinguindo-as claramente das
secundárias;
Leitura subsequente para seleccionar as ideias principais do texto,
pontuando o que for mais relevante;
Dividir o texto em partes;
Atribuir um título a cada parte;
Verificar se está há coerência e sequência lógica entre os parágrafos
resumidos, para fazer os ajustes necessários (relação de casualidade,
oposição).
Reconstruir o texto, de um modo pessoal, respeitando sempre o plano e
o pensamento do autor. Leitura atenta inicial do texto para entender e
apreender o seu sentido global;
Um bom resumo, tal como um bom esquema, tem quatro características
fundamentais:
Brevidade - os pontos principais da matéria são registados de forma
abreviada. Um bom resumo não ultrapassa um quarto do texto inicial.
Clareza - os factos ou as ideias são apresentados sem qualquer tipo de
confusão ou ambiguidade.
Rigor - o essencial do assunto é reproduzido fielmente, sem erros nem
deformações.
Originalidade - a matéria é traduzida numa linguagem original, própria de
cada leitor, embora transmita apenas o ponto de vista do autor. Resumir
não é comentar!
Fazer resumos é um processo eficaz para compreender e assimilar a matéria.
É também um treino fundamental para a transmissão das nossas ideias, de
forma breve, clara, rigorosa e original.
Nas provas de avaliação, escritas ou orais, e pela vida fora, exigese
capacidade para comunicar, com rapidez e eficiência, o essencial das coisas
que sabemos. Aprender a resumir é aumentar as hipóteses de sucesso:
Nota: quando for convidado a fazer um resumo, não hesite em perguntar qual a
extensão desejada, para não haver defeito nem excesso.
Em síntese: A actividade de tirar apontamento constitui um dos processos
fundamentais para a captação e retenção da matéria, pois, por meio dos
apontamentos aprendemos melhor e as nossas informações ficam guardadas
para sempre. Os apontamentos podem ser de três tipos: transcrição, esquemas
e resumos.
Elaboração
6

1. Eliminar as informações acessórias, as repetições e todas as


expressões enfáticas ou explicativas.
2. Aglutinar as várias ideias particulares em gerais, respeitando a ordem e
a estrutura lógica do texto original.
3. Manter pessoas e tempos verbais.
4. Passar o discurso directo a discurso indirecto.
5. Sempre que possível, substituir frases ou expressões do texto-fonte por
outras mais económicas (exemplo: “Em anos recentes”= “recentemente”) e
suprimir os adjectivos, preferindo o nome e o verbo.
6. Manter a proporcionalidade.
7. Nunca fazer qualquer comentário pessoal.
8. Usar uma linguagem clara e concisa e construir um texto articulado e
coerente.
Qualquer estudante do ensino superior deve ser capaz de resumir textos de
carácter científico ou didáctico, pois, por meio dos resumos, os resultados
adquiridos nos estudos são mais eficazes e mais amplos.
3.6. O método RASERO
Uma das estratégias usadas para a redução de um texto – a técnica de resumo
- especificamente é o método RASERO.
A actividade de resumir um texto destaca-se pelo facto de tornar o texto mais
curto, contraído, condensado ou de abreviá-lo. Porém, não se deve confundir
um plano com um resumo, pois, este é correctamente redigido, claro e
construído. Deve pôr em realce o essencial, sem ser nem uma análise nem um
comentário.
São alguns dos exemplos de resumo: as manchetes, os títulos, as legendas.
Assim, dar títulos, fazer manchetes ou construir legendas é uma actividade que
muitas vezes nos ajuda no domínio significativo de um texto.
Para detectar, referenciar, descobrir, apreender e apontar as ideias de fundo,
directrizes, mestras, essenciais ou centrais é necessário seguir o método
RASERO.
Rapidez da leitura do texto;
Atenção da leitura do texto;
Sublinhado das ideias-chave;
Esquema do essencial;
Resumo das unidades de significação;
Operatividade.
Nestas actividades, a grande dificuldade é de identificar qual é o conteúdo mais
importante, mas é preciso ter em atenção que as ideias principais encontram-
se em constelações de ideias. Ver em Ruiz p. 38-39 como se pode notar a
7

partir do Plano (esquema) traçado se o leitor é capaz de produzir o resumo


considerando os seguintes aspectos:
Eliminar as repetições, as interjeições;
Suprimir pormenores, exemplos isolados, citações, mas sem cair na
generalização esquemática;
Manter os valores mais significativos em abordagens
que apresentam números;
Distinguir as ideias principais das secundárias;
Respeitar a ordem, a estrutura e a proporção do texto, bem como as
articulações lógicas.
Defeitos a evitar:
A utilização de frases ou expressões inteiras do texto que se quer
resumir;
Acrescentamento de comentários pessoais;
A ausência de elos de ligação entre as frases e os parágrafos.

3.7. Tipos de resumo


O resumo tem várias utilizações. Isto significa também que existem vários tipos
de resumo. Você irá encontrar resumos como parte de uma monografia, antes
de um artigo, em catálogos de editoras, em revistas especializadas, em
boletins bibliográficos, etc. Por isso, antes de fazer um resumo você deve saber
a que ele se destina, para saber como ele deve ser feito. Em linhas gerais,
costuma-se dizer que há 3 tipos usuais de resumo: o resumo indicativo, o
resumo informativo e o resumo crítico (ou resenha).

3.7.1. Resumo Indicativo ou Descritivo


Também conhecido como abstract (resumo, em inglês), este tipo de resumo
apenas indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como
exemplos, dados qualitativos ou quantitativos, etc. Um bom exemplo deste tipo
de resumo são as sinopses de filmes publicadas nos jornais. Ali você tem
apenas uma ideia do enredo de que trata o filme.

3.7.2. Resumo Informativo ou Analítico


Também conhecido, em inglês, como summary, este tipo de resumo informa o
leitor sobre outras características do texto. Se o texto é o relatório de uma
pesquisa, por exemplo, um resumo informativo não diz apenas do que trata a
pesquisa (como seria o resumo indicativo), mas informa as finalidades da
pesquisa, a metodologia utilizada e os resultados atingidos. Um bom exemplo
disto são os resumos de trabalhos científicos publicados nos anais de
congressos.

A principal utilidade dos resumos informativos no campo científico é auxiliar o


pesquisador nas suas pesquisas bibliográficas. Imagine-se procurando textos
sobre seu tema de pesquisa.

Quais você deve realmente ler? Para saber isso, procure um resumo
informativo de cada texto. Este é, provavelmente, o tipo de resumo que você
mais terá de fazer.
8

3.7.3. Resumo Crítico ou Resenha


Este é, provavelmente, o tipo de resumo que você mais terá de fazer a pedido
de seus professores ao longo do seu curso. O resumo crítico é uma redacção
técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica ou
literária.

Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas


especializadas, é chamado de Resenha. Ocorre que, por costume, os
professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado pelos
estudantes como exercício didáctico. A rigor, você só escreverá uma resenha
no dia em que seu resumo crítico for publicado numa revista. Até lá, o que você
faz é um resumo crítico. Mas não deixam de estar certos os professores que
dizem que resenha não é resumo. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas
um resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante
de interpretação de texto. Você só fará uma boa resenha se tiver lido um texto
ao menos até a quarta etapa de leitura, na classificação sugerida por António
Severino.

Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se
certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando:
1. Qual o tema tratado pelo autor?
2. Qual o problema que ele coloca?
3. Qual a posição defendida pelo autor com relação a este problema?
4. Quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para
defender sua posição?

Uma vez tendo identificado todos estes pontos, que devem estar retratados no
seu esquema do texto, você já tem material para escrever metade do seu
resumo crítico. Este material já é suficiente para fazer um resumo informativo,
mas, para um resumo crítico, falta a crítica, ou seja, a sua análise sobre o
texto. E o que é esta análise?

A análise é, em síntese, a capacidade de relacionar os elementos do texto lido


com outros textos, autores e ideias sobre o tema em questão, contextualizando
o texto que está sendo analisado.

Para fazer a análise, portanto, certifique-se de ter:


Informações sobre o autor, suas outras obras e sua relação com outros
autores;
Elementos para contribuir para um debate acerca do tema em questão;
Condições de escrever um texto coerente e organizado.
A partir daí você pode escrever um texto que, em linhas gerais, apresente:
a) Nos parágrafos iniciais, uma introdução à obra resenhada, apresentando:
O assunto/ tema;
O problema elaborado pelo autor ;
E a posição do autor diante deste problema;
b) No desenvolvimento, a apresentação do conteúdo da obra, enfatizando:
As ideias centrais do texto;
Os argumentos e ideias secundárias;
9

c) Por fim, uma conclusão apresentado sua crítica pessoal, ou seja:


Uma avaliação das ideias do autor frente a outros textos e autores;
Uma avaliação da qualidade do texto, quanto à sua coerência, validade,
originalidade, profundidade, alcance, etc.

É bom lembrar que estes passos não são uma norma rígida. Esta é a estrutura
usual de resenhas, mas como a resenha é um texto escrito para publicação em
revistas especializadas, cada revista cria suas próprias regras. Questões como
onde escrever o nome do resenhista (se abaixo do título, no final, a quantos
centímetros da margem), quantos parágrafos utilizar, o número mínimo e
máximo de linhas, a utilização de tópicos e subtítulos, etc., tudo isso é definido
pela revista que for publicar a resenha.

TEMA 2. TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO


Definição
O texto expositivo é um tipo de texto que visa a apresentação de um conceito
ou de uma ideia. Muito comum esse tipo de texto ser abordado no contexto
escolar e académico, uma vez que inclui formas de apresentação, tais como:
seminários, artigos académicos, congressos, conferências, palestras,
colóquios, entrevistas, dentre outros.
É próprio de um texto expositivo apresentar uma questão, situação ou
problema, de modo a que os destinatários obtenham um conhecimento tanto
quanto possível sobre o que se explana.
Quem expõe quer ser compreendido. Para alcançar este objectivo, tende usar
os meios que, na circunstância concreta, melhor tornem a mensagem
eficazmente inteligível e aceitável.
Explicar designa uma relação de comunicação entre dois agentes,
relativamente a objecto: o locutor A faz saber ou faz compreender ao seu
interlocutor B o que é um certo objecto, explicando-o, analisando-o diante dele
ou explicando elementos ou aspectos desse mesmo objecto. Este modo de
falar é didáctico e o procedimento em jogo, uma explicação.
O Texto Expositivo/Explicativo é um tipo de texto cujo objectivo se prende
essencialmente com o conhecimento da realidade, a respeito do qual oferece
um saber. A sua finalidade é a de informar, ou seja, de transmitir
conhecimentos ao destinatário, relativos a um referente preciso. Por isso, o
texto expositivo/explicativo é um texto conceptual, visa instruir, transformar o
estado cognitivo do destinatário. Assim, o objectivo central do emissor é
simplesmente transmitir as informações sobre determinado tema, sem grandes
apreciações e, por isso, com o máximo de neutralidade.
O texto expositivo-explicativo dá a conhecer e/ou esclarece determinadas
situações ou factos. É um tipo de texto cujo objectivo se prende
essencialmente com o conhecimento da realidade, a respeito da qual oferece
um saber. O texto expositivo/explicativo é um tipo de texto cuja intenção de
comunicação se prende essencialmente com conhecimento da realidade, a
respeito da qual oferece um saber.
10

A finalidade de acção da linguagem a atingir é a de informar, isto é, de


transmitir conhecimentos ao destinatário relativo a um referente preciso. Por
isso, o texto expositivo/explicativo é um texto conceptual, visa instruir o estado
cognitivo do destinatário.
Podemos pensar numa apresentação sobre os índices de violência no país, de
modo que o conjunto de informações, gráficos e dados sobre o tema,
apresentam informações sobre o problema, sem defesa de opinião.
Em suma, o obectivo do Texto Expositivo/Explicativo é o de comunicar, de
forma clara e pormenorizada, a um leitor determinado, que se supõe detentor
de um saber insatisfatório, o que deve saber de um facto, assunto ou problema.
Características
No texto expositivo, o objectivo central do locutor (emissor) é explanar sobre
determinado assunto, a partir de alguns recursos linguísticos, tais como:
• Conceituação: exposição dos conceitos relacionados a um determinado
tema.
• Definição: explicação e definição sobre os temas relacionados com o
assunto abordado.
• Descrição: análise mais pormenorizada de aspectos referentes ao tema.
• Comparação: relação entre dois ou mais conceitos distintos e que
podem se complementar.
• Informação: inventariação de conhecimentos e dados relacionados com
o tema.
• Enumeração: ordenação dos itens essenciais relacionados com o tema
abordado e especificação de cada um deles.
Organização do texto
A análise de qualquer texto requer o conhecimento das regras do seu
funcionamento, da sua estruturação, isto é, da sua gramática. Da mesma forma
que o campo da linguística desenvolve estudos visando a consciencialização
dos elementos da frase, torna-se imperioso o estudo dos elementos
caracterizadores de cada tipo de texto.
Assim, podemos aferir as fases de construção do texto expositivo/explicativo
em três momentos:
1) A fase de questionar ou colocação do problema1: delimita-se o tema,
fornecem-se os seus antecedentes, apresenta-se o estado da questão. Este
objectivo alcança-se pela denominação, da definição ou composição dos
termos ou elementos. Apresentar a questão ou problema existente, ou que se
1
Num trabalho técnico ou científico, esta introdução deve ser uma clara orientação dos leitores para o
percurso do texto, apresentando sinteticamente: o tema, devidamente delimitado e enquadrado; os
objectivos (gerais e específicos); as justificações, as intenções do autor, a definição de termos ou
conceitos; os métodos e os instrumentos usados. (Nascimento e Pinto, 2006, p. 136)
11

pretende estudar, a sua caracterização ou delimitação, a sua contextualização


no espaço e no tempo.
2) A fase de resolução ou desenvolvimento2: apresentação dos dados numa
cadeia de interligações lógicas concretizando o que foi anunciado na
introdução. é a parte mais longa. Nela avançam-se os dados de forma
sistemática, ligando-os entre si. Costuma ele próprio apresentar várias partes
conforme a exposição. É longa ou curta. É constituído pelo raciocínio lógico,
isto é, a demonstração, o enunciado dos resultados, a sua descrição e
caracterização, as transformações e o processo verificados.
3) A fase de conclusão3: poderá nem sempre existir. A apresentar-se, ela deve
decorrer do que ficou exposto. Frequentemente a conclusão é a síntese das
ideias principais desenvolvidas.
Estes três momentos (introdução, desenvolvimento e conclusão) podem ou não
aparecer explícito na superfície do texto. Todavia, a fase de questionar não
contém necessariamente uma interrogativa directa ou indirecta; poderá, por
exemplo, ser constituída apenas pela explicitação do tema/assunto da
exposição, às vezes, aparece no título do texto.
A ordem de ocorrência destas fases, regra geral, obedece ao seguinte
encadeamento: de questão poder-se-á ir à resolução, ou optar-se pela
antecipação da parte conclusiva.
Exemplo 1:
Introdução – uma reflexão sobre influência da droga no rendimento escolar da
camada juvenil.
Implicitamente temos uma questão: A droga influencia? Porquê? Como?
Desenvolvimento – Expor-se-ão as principais ideias sobre a influência da droga
no rendimento escolar.
Conclusão – Apresentar-se-ão as principais conclusões sobre o objecto
problematizado.
Exemplo 2:
“A droga provoca um fraco rendimento escolar na camada juvenil, o que origina
o abandono dos estudos”.
Desenvolvimento – Apresentam-se enunciados que fazem compreender a
observância do baixo rendimento nos consumidores de estupefacientes.
Quanto ao tipo de enunciados
2
Num trabalho técnico ou científico há habitualmente três partes: explicação (dos objectivos e dosa
processos para alcançar; o que diz a bibliografia consultada, problemas, hipóteses, variáveis),discussão
(argumentos), demonstração, resultados e sua análise. (Nascimento e Pinto, 2006, p. 136)

3
Nalgumas circunstâncias pode não ocorrer a conclusão, como acontece no Curriculum Vitae ou num
Projecto de Investigação. Nalguns trabalhos científicos, a conclusão, embora seja o fecho, é também
uma porta naturalmente deixada aberta a novas questões e dúvidas. (Idem)
12

O texto expositivo/explicativo tem uma própria textura que o distingue das


outras formas de discurso.
Assim, este género textual é composto por três tipos de enunciados:
1.Enunciados de exposição, contendo uma sucessão de informações que
visam fazer saber. Enunciados que transmitem um saber, dão uma informação.
2.Enunciados de explicação que tem como finalidade fazer compreender o
saber transmitido.
3.Enunciados que marcam as articulações do discurso ou enunciados-baliza:
anunciar o que vai ser dito (mediante títulos e subtítulos); resumir o que se
disse; antecipar o que vai ser dito, através de títulos, subtítulos, numerações,
etc., focalizar o que é dito através de sublinhados e de mudanças tipográficas
como sublinhados, negrito, itálico e maiúsculas.
Características Linguísticas (Marcas)
O texto expositivo/explicativo é um discurso de verdade, a sua objectividade
manifesta-se através de formas linguísticas próprias. Ele é emitido por um
locutor ao qual não são contestados nem o poder nem o saber. Quando se põe
em causa esta autoridade, entra-se no domínio da polémica, perdendo, assim o
estatuto de texto de explicação. É objectivo e isento de ataques.
A análise deste tipo de discurso mostra a existência de uma diversidade de
modos de comunicação:
Emprego da passiva;
Nominalizações;
Apagamento do sujeito falante;
Emprego de um presente com valor genérico;
Uso de expressões que explicam os conteúdos veiculados;
Ausência de juízos de valor ou sentimentos de apreciação;
Presença de certas modalidades logicas (possibilidade, probabilidade,
certeza…)
Articuladores;
Uso de orações subordinadas relativas;
Vocabulário técnico (adequação do vocabulário_ que deve ser de nível
cuidado);
Explicação de termos técnicos específicos;
Indicações espaciais;
Indicações temporais.
Uma das características do texto expositivo/explicativo consiste na abstracção
do sujeito entanto que membro duma sociedade determinada; deve neutralizar
tudo o que se possa resultar de uma apreciação pessoal, subjectiva. O
discurso expositivo deverá, por isso, fazer desaparecer do enunciado toda a
referência a um caso particular, a um momento determinado e situar-se no
universal. A forma passiva é um mecanismo para tornar impessoal o discurso
científico; ela é usada como uma estratégia de objectividade, de afastamento
do sujeito enunciador do seu discurso.
13

Em suma, usam-se procedimentos de invisibilidade, mesmo que em alguns


textos apareça um nós, eu, estarão desprovidos do valor individualizante. Por
se tratar de um discurso monológico, observa-se a ausência de tu.
As nominalizações, processo que consiste na transformação de um sintagma
verbal, ou adjectival num nome, permite, em certos casos, condensar o que foi
dito, assegurar uma determinada orientação da reflexão.
Exemplo:
“Quando os animais e as plantas morrem, os corpos apodrecem (SV) e
acabam por desaparecer na terra. O apodrecimento (N) é provocado por
organismos (...)”.
Quanto aos tempos verbais, a forma essencial é o presente com valor genérico
ou estativo que enuncia as propriedades.
Exemplo: “O gato é um animal vertebrado”.
A informação contida nesta frase constitui uma verdade que perdura,
independentemente da sua enunciação.
O presente genérico não pode ser oposto a um passado ou um futuro, trata-se
de uma forma temporal “zero”, Mainguenean (1991: 65). Um presente com
valor deíctico (actual) reenvia ao momento de exposição.
As expressões explicativas têm um papel importante nos textos
expositivos/explicativos, permitindo ao emissor tornar mais clara a sua
comunicação e orientar a compreensão do receptor.
Definidos como elementos que asseguram as relações entre as diversas partes
do texto, quer a nível intrafrásico, interfrásico, quer entre parágrafos, no texto
expositivo/explicativo, estes elementos com frequência são de natureza lógica.
Estes conectores podem marcar laços de adição (também, igualmente)
oposições (mas, ao contrário) laços de consecução ou de causalidade (porque,
visto que, dado que).
Em síntese:
O objectivo do texto expositivo/explicativo é o de comunicar de forma clara e
pormenorizada, a um leitor determinado, que se supõe detentor de um saber
insatisfatório, o que deve saber de um facto, assunto ou de um problema.
A definição deste tipo de texto apresenta-se polémica, pois há estudiosos que
usam variada terminologia, fundamentando as suas posições. Assim, é
frequente encontrar em alguns livros teóricos termos como: texto explicativo,
texto expositivo, texto argumentativo, etc.
Grelha de Descoberta
O conteúdo de um texto explicativo passa pela rede de perguntas abaixo
apresentadas conforme aquilo que se pretende explicar:
Causas (quem? o quê?; a quem?)
14

Circunstâncias (onde?; quando?; como?)


Finalidade (objectivo?; consequência?)
Estilo
O nível de língua usado há-de ser cuidado ou culto, particularmente na
exposição escrita: estruturas sintáticas correctas, léxico adequado. O objectivo
de quem faz uma exposição é ser compreendido com facilidade. Para isso
contribuem de forma determinante, estas qualidades: ordem, clareza e rigor.
1.A ordem_ é o suporte da coerência do texto, isto é, cada nova ideia
relaciona-se com a anterior e como que introduz a seguinte.
2.A clareza_ as expressões linguísticas serão simples, recorrer-se-á a
exemplos, à explicação de uma palavra ou gesto, juntar-se-ão gráficos ou
tabelas, fotografias, mapas, esquemas, subtítulos, numeração, recorrer-se-á à
comparação como forma de aumentar a clareza e melhorar a compreensão do
que se apresenta.
3. Rigor_ Rigor objectivo na identificação e caracterização do que se está a
expor; exatidão na recolha e apresentação dos dados é indispensável para a
verdade de uma exposição, por isso a informação deve estar bem
documentada, citando as fontes.

TEMA 3: TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO


Introdução
Reflectir, pesar os prós e os contras de uma decisão; defender uma tese, uma
ideia, um ponto de vista, apresentando razões; refutar algo contrapondo
argumentos, são actividades quotidianas. A discussão pública de questões
como “Vantagens e Desvantagens do Aborto” ou “O Papel da Imprensa
Privada” é um termómetro que mede a temperatura democrática de uma
sociedade.
O texto argumentativo é um dos textos pertencentes à tipologia de textos
expositivos, no qual o autor apresenta as suas ideias ou opiniões acerca do
que vê, pensa ou sente, ao contrário do que acontece com o explicativo – texto
que apresenta factos sobre uma realidade.
Nesse caso, além de apresentar o tema, o emissor foca nos argumentos
necessários para a explanação de suas ideias. Dessa forma, recorre aos
diversos autores e teorias para comparar, conceituar e defender sua opinião.
Atitudes da mente humana face ao conhecimento
Ignorância, dúvida, opinião, certeza são posições ou atitudes do espírito
humano quando tem de se pronunciar sobre a verdade ou falsidade de uma
afirmação ou acerca dos benefícios ou inconvenientes de alguma coisa.
Na ignorância, a mente humana, porque não dispõe de dados, fica
inibida de pronunciar-se.
15

Na dúvida, a razão hesita, flutua, entre o peso equivalente de


argumentos opostos.
Na opinião, o espírito humano adere a uma das afirmações em
confronto, mas permanece inseguro, porque se fundamenta apenas na
probabilidade.
Na atitude de certeza, o espírito humano adquire a “consciência da
posse da verdade”. Nesta atitude, a verdade surge à pessoa como a
evidente conformidade entre a realidade e a inteligência.
A evidência é o que apresenta à inteligência como incontestável, como
o que todos vêem ou podem ver e verificar. A evidência, o que se impõe
à mente humana como não podendo ser de outra maneira, é o um
critério de verdade e de certeza, a norma ou o critério supremo que
distingue a verdade do erro.
Conceito da Argumentação
A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto mais
polémico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem
argumentativa. Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou
também apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando-se
apenas na conclusão.
Define-se argumentação como o conjunto de procedimentos discursivos de
dedução, de raciocínio, de pseudo-raciocínio e de outras formas que visão a
adesão do ou dos interlocutores e do ou dos leitores.
A palavra argumentar remete-nos para a noção de defesa de uma ideia
mediante a utilização de um conjunto de razões. A ideia que pretende provar
ou defender dá-se o nome de tese; o conjunto de razões que utilizamos na
defesa da tese constitui os argumentos.
Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à
razão supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à
paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo.
Um argumento é uma prova ou um raciocínio destinado a justificar ou a refutar
uma determinada tese ou afirmação.
Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de argumentos
por autoridade e provas concretas, o texto começa a caminhar para uma
direcção coerente, precisa e persuasiva. Somente o facto pode fortalecer o
texto argumentativo. Não podemos confundir facto e opinião. O facto é único e
a opinião é variável. Por isso, quando ocorre generalização dizemos que houve
um “erro de percurso”.
Segundo Rei (1990: 88) “Um argumento é um raciocínio destinado a provar ou
refutar uma afirmação destinada a fazer admitir outra”.
Ainda de acordo com o mesmo autor, a teoria da argumentação estuda as
técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos
espíritos às teses que apresentamos ao seu consentimento. Sem se afastar da
dialéctica, da lógica e da retórica. A argumentação investiu no campo da
psicologia, da sociologia e da teoria geral da informação, indo nestes campos
16

procurar alguma luz sobre como reage o homem, quando exposto às


mensagens persuasivas, como altera as suas convicções e o seu
comportamento.
Argumentos e Provas
Já definimos o argumento como um raciocínio destinado a provar ou refutar
uma afirmação ou, ainda, uma afirmação destinada a fazer admitir outra. Os
argumentos são, portanto, elementos abstractos, cuja disposição no discurso
dependerá da sua força argumentativa, aparecendo, assim, no texto, numa
disposição crescente, decrescente ou dispersa.
Ordens das Provas
As provas têm a função de sustentar os argumentos e são de três ordens
(Jules Verest, 1939: 468-471):
Naturais - incluem os textos das leis, o testemunho das autoridades, as
afirmações das testemunhas e os documentos de qualquer espécie;
Verdades e princípios universais - são reconhecidos, deste modo, por todos e
apresentados sob a forma de raciocínio reduzido.
O Exemplo – é um caso particular, real ou fictício, que tem uma analogia
verdadeira com o caso que nos ocupa. A intenção é, a partir dele, inculcar uma
verdade geral da qual deduzimos uma proposição que queremos estabelecer.
Regras da argumentação
O principal objectivo de um texto argumentativo é persuadir, convencer o
receptor a aceitar o nosso ponto de vista, existindo, para isso, algumas que
auxiliam o emissor a construir a sua argumentação com vista a alcançar o
objectivo, nomeadamente:
a) É necessário despertar o interesse do receptor, conquistar a sua
simpatia, através de um discurso concreto, sem redundâncias, que o
envolva e o faça partilhar dos nossos pontos de vista;
b) Deve-se evidenciar, imediatamente, os aspectos importantes da tese de
um texto;
c) Poucos argumentos de boa qualidade valem mais do que muitos,
quando alguns são dúbios.
Quando se tem muitos argumentos para suportar uma afirmação, usam-se em
primeiro lugar os mais fortes. Aliás, uma argumentação será tanto mais forte
quanto mais apertada e pertinente for a relação entre o argumento e a tese.
Processos da argumentação
Os três tipos de discurso mais comuns são:
O deliberativo, no qual se tenta aconselhar ou levar alguém a decidir-se
sobre um determinado comportamento;
O judiciário, em que se trata de acusar ou defender, julgando um acto ou
uma pessoa;
17

O epidíctico, em que se louva ou reprova, em que se faz um elogio ou se


censura.
Apesar de serem destacados separadamente, estes três tipos de discurso
quase sempre aparecem combinados num só.

Género Acto
Judiciário Acusar, Defender
Deliberativo Aconselhar, Desaconselhar
Epidíctico Louvar, Desfazer

Percurso da Argumentação
Segundo Rei (1990: 90), são caminhos do pensamento para "justificar uma
opinião, desenvolver um ponto de vista, reflectir para chegar a uma decisão".
Bellenger (1988: 16) define que “são processos de organização das ideias,
segundo a natureza dos laços que unem os elementos ou as etapas do edifício
persuasivo: onde operam os argumentos, escolhidos e dispostos, tendo em
vista uma argumentação concreta”.
No processo de argumentação, usam-se, com frequência, os seguintes termos,
de acordo com o contexto, como a seguir se apresentam:
• Adversidade: (oposição, contraste): mas, porém, todavia, contudo,
entretanto, senão, que.
• Alternância: ou; e as locuções ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer...
• Conclusão: logo, portanto, pois.
• Explicação: que, porque, porquanto...
• Causa: que, como, pois, porque, porquanto; e as locuções: por isso que,
pois que, já que, visto que...
• Comparação: que, do que (depois de mais, maior, melhor ou menos,
menor, pior), como; e as locuções: tão...como, tanto...como, mais...do que,
menos...do que, assim como, bem como, que nem...
• Concessão: que, embora, conquanto. Também as locuções: ainda que,
mesmo que, bem que, se bem que, nem que, apesar de que, por mais que, por
menos que...
• Condição: se, caso. Também as locuções: contanto que, desde que,
dado que, a menos que, a não ser que, exceto se...
• Finalidade: As locuções para que, a fim de que, por que...
• Consequência: que (precedido de tão, tanto, tal) e também as locuções:
de modo que, de forma que, de sorte que, de maneira que...
18

Na argumentação é necessário ter-se sempre em atenção os seguintes


aspectos:

A correcta estruturação e ordenação das frases;


O uso correcto dos conectores de discurso;
O respeito pelas regras da concordância;
O uso adequado dos pronomes, que evitam as repetições do nome;
A utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos,
antónimos, hiperónimos e hipónimos.
Estrutura do Texto Argumentativo

O texto argumentativo, oral ou escrito, estrutura-se basicamente num plano


tripartido:

1.Exórdio – é a primeira parte de um discurso, preâmbulo, a introdução do


discurso que consiste em:

a) Exposição do tema; a ideia que se quer afirmar (asserção/tese), que tem


por objecto a formulação das ideias que vamos defender (faz o
enquadramento da tese).

b) Exposição das ideias defendidas (Pode recorrer-se à explicitação de


determinados termos, à apresentação de esquemas da exposição, à
referência de outras opiniões, etc.).

2.Narração/confirmação – é a parte do discurso em que o orador desenvolve


as provas, consiste na utilização de argumentos (citação de factos, de dados
estatísticos, de outros exemplos, de narração de acontecimentos, etc.).
Apresentam-se os dados que suportam a tese (informação/argumentação). O
conjunto argumentativo, que tem como finalidade apresentar os motivos em
que se fundamenta a tese.

3.Peroração/epílogo – é a parte final de um discurso, a sua conclusão, o


remate, síntese, recapitulação. Apresentam-se as considerações para ligar a
asserção e a informação (garantia/exemplos). É uma síntese de todo o
conjunto de argumentos apresentados.

Vias de Argumentação
1. Via Lógica
Trata-se, neste primeiro percurso, de modelos de raciocínios herdados das
disciplinas ligadas ao pensamento: a indução, a dedução, o raciocínio causal.

I. A Indução – é a forma habitual de pensar do singular ao plural, do


particular ao geral. Pode tomar duas formas: totalizante, quando se estabelece
a partir do recenseamento de um todo, adquirindo o estatuto de prova - como
quando, depois da chamada, afirmamos "os alunos estão todos"; generalizante,
quando o recenseamento completo não é possível e o raciocínio indutivo nos
leva de uma parte ao todo, por generalização - por exemplo, quando se afirma:
"Os portugueses são hospitaleiros". Este é o procedimento mais usual, mas o
19

menos rigoroso, pois a generalização implica simplificação, e com ele vem o


engano, o idealismo e a teorização.
II. A Dedução - dois princípios estão na sua base: o da não contradição -
quando duas afirmações se contradizem uma delas é falsa - e o da progressão
do geral para a particular - através de articulação lógica expressa por "assim",
"portanto" ou "logo".
Por exemplo, o silogismo - constituído por três proposições ou afirmações -
chamadas premissas as duas primeiras (apelidada uma de "major" e outra de
"menor"), conforme o termo que contém, e conclusão, a terceira - deve possuir
três termos e combiná-Ios dois a dois. Veja:
Os Homens são mortais Sócrates é um homem Sócrates é mortal.
III. O raciocínio causal - "Asseguremo-nos bem do facto, antes de nos
inquietarmos com a causa" aconselhava Fontenelle (L. Bellenger, 1988: 27), o
papel preponderante do raciocínio causal, na argumentação, assenta em duas
transposiões constantes: da causa para o efeito e do efeito para a causa,
conduzindo ao pressuposto de que "o conhecimento das causas permitirá
remediar o facto constatado" (ibid. 27), quer dizer, suprimamos as causas e o
problema estará resolvido, o que leva as pessoas a preocuparem-se mais com
as razões do presente do que com o modo de melhorar o futuro.

Via Explicativa

A Via Explicativa à semelhança da anterior procura fazer compreender e tornar


inteligível a informação da argumentação. Para Bellenger (ibid.: 36-45), via
explicativa usa as definições, as comparações, a analogia, a descrição e a
narração. O explicar pretende convencer com o máximo de objectividade.
I. A definição - definir é dizer a verdade e responde à necessidade de
compreender. A necessidade de definir aumenta a credibilidade de quem quer
convencer.
II. A comparação - usa-se a comparação para provar a utilidade, a
bondade, o valor de uma coisa, um resultado, uma opinião. A técnica
comparativa é simples, fácil de compreender, inscrita nos nossos hábitos,
levando-nos a usá-la, activa e passivamente, de forma natural e sem disso nos
darmos conta. A comparação procura fazer passar identidades entre factos,
pessoas ou opiniões diferentes e transpor valores de sistemas independentes e
autónomos: estas passagens e transposições são manipuladoras e pretendem
chocar, colocar problemas de consciência, questionar os modelos culturais e as
normas vigentes.
III. A analogia – “é a imaginação em auxílio da vontade de se explicar e de
convencer.” (L. Belllenger, 1988: 41). Trata-se de uma semelhança
estabelecida pela imaginação entre pensamentos, factos, pessoas. Simboliza a
vontade de bem se exprimir e bem se fazer entender. Simplifica a caricatura,
prestando-se, assim, a uma fácil fixação e a uma compreensão imediata, daí o
seu uso frequente na publicidade. Os antigos olhavam-na com alguma reserva,
aconselhando, por isso, a introduzi-la com expressões como: de certo modo,
quase como, uma espécie de…
IV. Descrição e narração - para convencer alguém, podemos descrever ou
narrar uma situação ou um acontecimento. São o ponto de partida da indução
socrática: narra uma história, uma experiência, uma anedota, desencadeia um
processo de inferência que a partir de um facto nos conduz ao princípio ou à
20

regra. É o peso do concreto, do vivido e do testemunho que passa através


delas. Ambos os processos criam a ausência, a falta de um complemento, de
um remate, de um "E depois?" - ouvido sempre que alguém, ao narrar algo,
aparenta parar ou desviar-se do enredo.

Formas Discursivas de Apoio à Argumentação

Para reiterar, reafirmar retomando a questão, penso que, a meu ver,


creio que, estou certo, em nosso entender
Transições passemos à presenca de…, consideremos o caso
de…,antes de passar…é preciso notar que…

para concordar, efectivamente, com efeito


provar, exprimir
Certeza
Fórmulas introdutivas comecemos por, o primeiro aspecto dirá respeito a, é
necessario primeiro lembrar que…
no entanto, mas, todavia, contudo, porém, apesar de,
em sentido contrário, refutando, pelo contrário, ao
para refutar, manifestar
contrário, por outro lado, com a ressalva de
oposição, restringir ideias
Enumeração, para em primeiro lugar, segundo, etc.,antes de tudo, em
indicar ordem seguida, por outro lado, primeiramente, em segundo
lugar, seguidamente, em seguida, começando por,
antes de mais, por último, por fim
Para estabelecer para que, para, com o fim de, a fim de que, com
conexões de fim o intuito de

para estabelecer porque, visto que, dado que, uma vez que
conexões de causa
significa isto que, explicitando melhor, não se
pretende com isto, quer isto dizer, a saber, isto
Para explicitar
é, por outras palavras
Para estabelecer ou, ou então, seja...seja, quer...quer
relações disjuntivas
Para referenciar aqui, ali, lá, acolá, além, naquele lugar, o lugar
espaço onde, ao lado de, à esquerda, à direita, ao
centro, no meio, mais adianta
21

Para expressar do mesmo modo, tal como, pelo mesmo motivo,


semelhança, pela mesma razão, igualmente, assim como
comparação
Para estabelecer e, ora, e também, e ainda
relações Aditivas
Expressões de reserva todavia, mas, contudo, no entanto
Para insistir Não só…mas também, mesmo, com maior razão

Em síntese:
Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à
razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à
paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo.

Bibliografia
ESTEVEZ, Clotilde, Como melhorar minha redacção, Bilbao, Fher, 1986.
GAILLARD, P. e LAUNAY, C., Résumé de Texte, Paris, Hatier, 1979.
MADRAZO, P.G. e MORAGON, C.,Hablar y Escribir, Madrid, Pirâmide, 1989.
NEVES, Dulce Raquel e OLIVEIRA, Vítor Manuel, Sobre o Texto:
Contribuições teóricas para práticas textuais, Colecção Práticas Pedagógicas,
Edições ASA, 2001.
ORTEGA, Wenceslao, Redaction y Composition: Técnicas y Práticas, México e
outras, 1986.
REI, Esteves, Curso de Redação: o Texto, Porto Editora, 2000.
SEBASTIÃO, Lica et al, português, 11ª classe, Maputo, Diname, 1999.

Docente: MA. Januário Alberto. Cabarela


Tete, Abril de 2020

Você também pode gostar