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Elaborar um bom resumo não é tão fácil quanto parece. É uma competência que deve ser
aprendida e praticada. Para concretizar essa tarefa deve ter-se em consideração o seguinte (idem,
2001):
O texto deve ser lido por inteiro e ininterruptamente, sempre com a preocupação de responder à
seguinte pergunta: de que se trata o texto? É preciso compreender o texto e ter uma noção do
conjunto antes de iniciar o resumo;
Deve sempre fazer-se uma segunda leitura do texto, tentando compreender melhor o significado
das palavras difíceis. As frases mais complexas devem ser identificadas e deve-se procurar perceber
o seu sentido. Nalguns casos, quando a linguagem é muito técnica ou erudita, deve elaborar-se um
glossário do texto de modo a agilizar a leitura;
Ler para resumir é segmentar o texto, agrupando as ideias que tenham alguma unidade de
significação. Se o texto for pequeno, o parágrafos pode ser adoptado como unidade de leitura (cada
parágrafo encerra uma ideia ou um aspecto de uma ideia).
Se o texto for maior é aconselhável adoptar um critério de segmentação mais funcional, a partir de
subtítulos ou capítulos, por exemplo.
A leitura de um documento, para ser eficaz, exige atenção e concentração. O objectivo da pesquisa
documental é: a) compreender o sentido da mensagem do autor; b) registar as informações que
são pertinentes no contexto da pesquisa que se está a levar a cabo; e c) reter as noções e as ideias
importantes de modo a permitir aumentar os conhecimentos sobre o campo que se analisa.
Uma técnica eficaz de leitura compreende três momentos. Num primeiro momento, convém fazer
uma leitura geral para reter a ideia/mensagem central do texto. Trata-se apenas e exclusivamente
de ler sem se ter a preocupação de sublinhar o texto ou de tirar notas. Num segundo momento,
deve reler-se o texto de modo a isolar e a compreender os conceitos, a procurar os significados dos
parágrafos, as ideias que se relacionam e o modo como se relacionam com outras, destacar as
passagens mais significativas e as informações que complementam o argumento central, identificar
os principais autores citados e as respetivas ideias, dar conta da contribuição do autor do texto para
o tema que ele aborda e verificar se o pensamento do autor está vinculado a alguma escola ou
paradigma. Num terceiro momento, procede-se a uma re-leitura do texto com o objetivo de o
resumir e de o criticar.
Nestes três momentos faz-se um percurso de um ato simples, perceber o que está escrito, para um
ato mais complexo, que é compreender criticamente o autor lido através de uma interpretação
autónoma e da confrontação com outros autores e ideias.
Uma pesquisa documental para ser produtiva exige que se faça uma leitura ativa do documento.
Fazer uma leitura ativa de qualquer documento passa por: a) referenciar no documento as ideias
principais e as ideias secundárias em que se apoiam as ideias primárias; b) identificar as passagens
importantes e os números das páginas correspondentes; c) conferir uma atenção especial às
partículas de transição que acrescentam uma ideia (por exemplo: além disso, por outro lado, de
considerar ainda, etc.), que marcam uma restrição (por exemplo: mas, contudo, porém, etc.), que
originam uma reflexão (por exemplo: atendendo a que, considerando que, etc.) ou que anunciam
um exemplo (por exemplo: assim, tal como, etc.); d) discutir o que se leu com outras pessoas; e)
resumir pelas próprias palavras as ideias essenciais, os capítulos importantes ou as teses e
argumentos relevantes; e f) fazer ligações e estabelecer confrontos com outras leituras. A leitura
deixa de ser ativa e produtiva sempre que perde interesse por se afastar do objetivo perseguido.
Neste caso ela deve ser abandonada. Saber deixar cair leituras é uma virtude de uma boa pesquisa
documental. Por outro lado, todas as publicações que obriguem a conhecimentos preliminares
impossíveis de obter no âmbito da pesquisa devem ser postas de parte. Além disso, a não ser que
se trate de livros pessoais, nunca se deve sublinhar ou anotar os documentos consultados. Muitas
vezes este estratagema é utilizado para fazer fichas de leitura ou para não as fazer, dado que se
substitui a ficha pelos sublinhados, mas esta estratégia de preguiça é pouco efetiva, além de ser
altamente reprovável, em termos de conduta de pesquisa, sublinhar livros de fundos de bibliotecas.
A redação é um texto escrito que assenta na perícia individual para organizar as ideias e na
capacidade de síntese. Existem, porém, várias formas de textos escritos. A página eletrónica da
Educae (2001a) [entretanto extinta] distingue três tipos de redação: a narração, a descrição e a
dissertação, sendo que é a última destas três formas que caracterisa redação que confere
identidade aos relatórios de pesquisa. A narração é “o tipo de redação que usamos para contar um
ou mais fatos que acontecem em determinado lugar e tempo com um ou mais personagens.” A
descrição é “o tipo de redação que usamos para apontar as características de um determinado
objeto; uma pessoa, um lugar (ambiente ou paisagem)”. Por sua vez, a dissertação “é o tipo de
redação na qual o autor do texto expõe suas ideias gerais e apresenta argumentos que sustentem
seu ponto de vista”. As preocupações a ter em conta quando se redige uma dissertação é apostar
na simplicidade, escrevendo um texto objetivo, coerente entre as várias partes que o compõem e
munido de conteúdo. Saber escrever de forma simples e correta constitui um dos critérios mais
comuns de avaliação das dissertações. Deve ter-se a preocupação de evitar repetições, revelar
grande capacidade argumentativa e mostrar que se sabe sobre o que se está a escrever.
As técnicas de redação incluem a realização de resumos, fichas de leitura e de recensões. Os
resumos ou sínteses de textos são trabalhos de natureza didática de obras ou de parte delas. O
resumo serve para extrair as ideias principais do texto tendo-se por preocupação principal manter
as ideias que o autor quis comunicar. O resumo não abre espaço para a interpretação e para a
crítica. O resumo tende a confundir-se com a ficha de leitura e esta com as recensões, embora a
ficha de leitura remeta para uma dimensão crítica da análise que o resumo, geralmente, não
comporta e a recensão para um nível de profundidade e de oficialidade (o seu objetivo é ser
publicada em periódicos) que a ficha de leitura não adquire. Um resumo, mais do que ser um
exercício de escrita, é um exercício de leitura que sintetiza as ideias, e não as palavras, de um texto.
Não se trata de uma miniaturização do texto. Resumindo um texto com as próprias palavras, o
estudante mantém-se fiel às ideias do autor sintetizado (Severino, 2000:130). O resumo, consoante
o objetivo que lhe está subjacente, pode ter diferentes níveis de profundidade. Em todo o caso, a
elaboração de resumos assenta na análise temática do texto.
As fichas de leitura não deixam de ser resumos dos textos lidos. Mais do que uma técnica de leitura,
elas convertem-se em instrumento de pesquisa bibliográfica, funcionando como recursos de
memória imprescindíveis sempre que se está a elaborar uma monografia científica. As principais
funções das fichas de leitura são: i) permitir o registo da referência bibliográfica completa, para uso
posterior na redação do relatório final; ii) referenciar elementos do texto, de modo a que,
posteriormente, e sempre que necessário, seja possível, de um modo fácil e rápido localizar essa
informação no texto; iii) Registar a informação de modo a que ela possa ser facilmente localizada
quando necessitarmos dela (através de temáticas ou palavras-chave, por exemplo); iv) sintetizar o
trabalho de modo a podermos utilizar essa informação na redação do estado da arte (revisão da
bibliografia).
Ler com o objetivo de elaborar uma ficha de leitura pressupõe a capacidade de combinar diferentes
tipos de leitura. De acordo com Labate (2002), em função do objectivo da leitura, a leitura pode ser
denotativa, interpretativa, crítica ou problematizante. Denotar significa “compreender o sentido
mais literal, direto e superficial" (idem, 2002) do texto. Implica proceder a um levantamento dos
diversos aspetos do texto (caracterização do vocabulário, dados sobre o autor, finalidade do texto,
contextualização temporal e espacial, autores referidos no texto, teorias mencionadas, factos
relatados, etc.). Consiste, em segundo lugar, em referenciar a ideia central do texto (de que trata o
texto? Qual o assunto central?). Finalmente, denotar passa por analisar o modo como o raciocínio
do autor se desenvolve (como é que o autor trata a ideia central?). Interpretar é, acima de tudo,
procurar os significados não explícitos. O que é que o autor pretende demonstrar ou mostrar com o
texto? Como é que o texto, o seu argumento e pontos de vista se ligam ao contexto em que ele é
escrito? Interpretar é aprofundar a análise, referenciando os vários elementos do texto e
examinando as relações que mantêm entre si. A leitura crítica passa por avaliar se o autor cumpre
ou não os objetivos a que se propõe. O autor é claro? É coerente? Os seus argumentos são
contraditórios? A abordagem do tema é original? O autor traz alguma contribuição nova para o
tema que aborda? A leitura crítica deve ser objetiva, fundamentando-se em aspetos do texto. A
leitura crítica envolve, por isso, uma avaliação global do texto. Deve notar-se que, como muita
frequência, as leituras críticas são divergentes entre si. A leitura voltada para a problematização
obriga-nos a efetuar um distanciamento do texto, de modo a refletirmos sobre assuntos ou
abordagens de assuntos que, embora referidos no texto lido, podem ter uma abordagem mais
intensiva. Esta problematização pode consistir em sair do espaço e do tempo da obra lida,
perguntando se noutro contexto os argumentos e conclusões continuam as ser válidos.
Fontes bibliográficas
Educae – Centro de apoio do estudante (2001a), “Técnicas de redação”. Pesquisado em 22 de
novembro de 2002, http://cae.freeservers.com/monografia.html.
Educae – Centro de apoio do estudante (2001b), “Resumo”. Pesquisado em 22 de Novembro de
2002, http://www.educae.hpg.ig.com.br/resumotec.html.
Labate, Teresa (2002), “Aprendendo a ler um texto escrito”. Pesquisado em 10 de Dezembro de
2002, .
Lakatos, Eva Maria e Marconi, Marina de Andrade (2003), Fundamentos de metodologia científica.
5. ed. São Paulo: Atlas.
Neves, Patrícia F. (2001), “Pró Reitoria de graduação”. Pesquisado em 23 de outubro de 2002,
http://www.ufscar.br/~prograd/saa/21.html.
Severino, Antônio Joaquim (2000), Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez.