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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS


DA EDUCAÇÃO

Aula 9 - As Contribuições de Bourdieu, Gramsci e Mannheim

Prof. Dr. Mauro Leão

AULA 9
ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

Nesta aula vamos refletir sobre:

• As contribuições de pierre
bourdieu, antonio gramsci e
karl mannheim para a sociologia
da educação, no século XX;

• As influências exercidas pelos


clássicos sobre esses autores.

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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

As Contribuições de
Antonio Gramsci, Pierre Bourdieu
e Karl Mannheim para a
Sociologia da Educação

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ANTONIO GRAMSCI

Antonio Gramsci
(1891-1937)

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ALGUMAS INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS


Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do
pensamento marxista no século XX. Foi um dos fundadores
do partido comunista italiano em 1921, sendo preso em
1926 sob o regime fascista de Mussolini. Escreveu vários
artigos durante a sua prisão, que ficaram conhecidos
como Cadernos do Cárcere. Em sua reflexões atribuía
grande importância a sociedade civil e ao papel dos
intelectuais na processo de mudança histórica.

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A ATUALIZAÇÃO DO
PENSAMENTO MARXISTA
Gramsci promoveu uma atualização do pensamento
marxista afirmando que não bastava eliminar a
propriedade privada dos meios de produção, uma vez que
esta medida isoladamente, não seria suficiente. Ele
afirmava que os trabalhadores precisariam lutar também
contra a “apropriação privada, ou elitista, do saber e da
cultura”.

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O PAPEL DOS INTELECTUAIS


Na visão de Gramsci, o intelectual não se vincula a uma
formação acadêmica específica, mas a um tipo de ação
social. Eles seriam aqueles capazes de fazer a ligação
entre a “superestrutura”, ou seja, a base ideológica de
uma sociedade (as crenças, o direito, a política, a moral,
as ideias, a religião, a arte) e sua “infra-estrutura” (as
relações materiais de produção).
No processo da hegemonia pelo poder político, os
intelectuais têm um papel muito importante, pois são eles
que organizam a cultura.

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O PRINCÍPIO DA HEGEMONIA
De acordo com Gramsci, era necessário desfazer a
separação entre “intelectuais” e “pessoas simples”,
porque apenas aqueles tidos como intelectuais ocupavam
postos de administração do Estado e da sociedade civil,
concentrando mais poder.
Para este autor, a luta pela hegemonia, ou seja, o
processo lento e complexo pelo poder político nas
sociedades complexas, não é vencida através do golpe de
Estado ou pelo êxito nas eleições. É necessário convencer
as pessoas, conseguir um consenso social em torno de suas
concepções. Nesses termos, ele considerava o
convencimento mais adequado do que a força.

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INTELECTUAIS ORGÂNICOS

Todo grupo social, ao nascer do terreno originário de uma


função essencial no mundo da produção econômica, cria
também, organicamente, uma ou mais camadas de
intelectuais que conferem homogeneidade e consciência
da própria função não apenas no campo econômico, como
também no social e político: o empresário capitalista gera
junto consigo o técnico da indústria, o cientista da
economia política, o organizador de uma nova cultura, de
um novo direito etc. (GRAMSCI, A. Quaderni del carcere.
Turim: Einaudi, 1975, p. 113).

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GRAMSCI E O SISTEMA ESCOLAR

A escola profissional não deve tornar-se uma


incubadora de pequenos monstros aridamente
instruídos num ofício, sem ideias gerais, sem
cultura geral, sem alma, mas apenas com olhos
infalíveis e uma mão firme (...) é também
através da cultura profissional que se pode
fazer com que do menino brote o homem,
desde que essa seja uma cultura educativa e
não apenas informativa (Gramsci, Scritti
Giovanni, apud Manacorda, 2008, p. 37)

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EDUCAÇÃO E CLASSES SOCIAIS

A tendência atual é de abolir qualquer tipo de


escola desinteressada (não imediatamente
interessada) e formativa, ou de conservar apenas
um seu reduzido exemplar, destinado a uma
pequena elite de senhores e de mulheres que não
devem pensar em preparar-se para um futuro
profissional, bem como a de difundir cada vez
mais as escolas profissionais especializadas, nas
quais o destino do aluno e sua futura atividade
são predeterminados” (Gramsci, 2006, C12, p.33)

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A ESCOLA UNITÁRIA
“[Seria a] escola única inicial de cultura geral,
humanista, formativa, que equilibre
equanimente o desenvolvimento da capacidade
de trabalhar manualmente (tecnicamente,
industrialmente) e o desenvolvimento das
capacidades de trabalho intelectual."
(GRAMSCI, A . (1978c). Cadernos do Cárcere.
Rio de Janeiro, Civilização Brasileira., p. 118)

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PIERRE BOURDIEU

(1930 – 2002)

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O CONCEITO DE HABITUS

O conceito de habitus foi desenvolvido por Pierre


Bourdieu com o objetivo de pôr fim à oposição
indivíduo/sociedade em alguns setores do pensamento
sociológico. Ele relaciona-se à capacidade dos agentes
de incorporarem uma determinada estrutura social, por
meio de suas maneiras de sentir, agir e pensar. Para
Bourdieu as sociedades se estruturam a partir de um
sistema de relações de força material entre grupos e
classes.

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AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO

Para Bourdieu a herança cultural é a grande


responsável, logo de início, pela diferença inicial da
criança na escola, uma vez que cada família transmite
aos seus filhos, certo capital cultural e certos valores
que contribuiriam para definir, dentre outras coisas, as
atitudes face ao capital cultural, relacionado à
instituição escolar.

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A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

Para Pierre Bourdieu a violência simbólica é uma


imposição arbitrária que é apresentada àquele a sofre, de
modo dissimulado, ocultando as relações de força que
estão na base de seu poder. Segundo o autor, o sistema
escolar seria um dos fatores mais eficazes de conservação
social, pois forneceria a aparência de legitimidade às
desigualdades sociais, e sancionaria a herança cultural,
presente na sociedade

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KARL MANNHEIM

Karl Mannheim
(1893-1947)

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Karl Mannheim também recebeu influências dos


clássicos, em particular de Max Weber. Eles retoma os
princípios da sociologia weberiana da pedagogia do
cultivo e da pedagogia do treinamento, a partir de uma
perspectiva de mudança para a sociedade e para as
próprias práticas de educação.

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UMA EDUCAÇÃO
SAUDÁVEL E INTEGRAL

Na sua concepção, era necessário regenerar a sociedade e


o homem através de uma educação saudável. Para tanto,
era preciso criar uma pedagogia, a partir da compreensão
dos diferentes tipos históricos de educação (construídos
por Weber), que educasse o homem moderno sem tirar
dele as possibilidades oferecidas por uma educação mais
integral.

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EDUCAÇÃO E SOCIOLOGIA
De acordo com Mannheim, a sociedade regenerada estava
ligada ao advento da democracia moderna. A
modernidade, para ele, não tinha apenas custos ou
ameaças à liberdade, mas trazia também esperanças e
valores sociais solidários, abertos. A principal ajuda que a
moderna democracia era capaz de oferecer consistia na
possibilidade de que todas as camadas sociais viessem a
contribuir com o processo educacional. Nesse sentido,
duas ciências são fundamentais: a sociologia e a
psicanálise.

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