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Conhecimentos Pedagógicos

Sociologia da Educação

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

Segundo Luckesi, ao longo da história a educação e a escola tem se constituído de 3


funções sociais.

Correntes sociológicas na educação

Candido Alberto Gomes (A Educação em Novas Perspectivas Sociológicas )

Funcionalismo

Emile Durkheim

"a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais
eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a
escola esteja inserida.”

É ligada a sociedade capitalista e a tendência liberal.

A sociedade e comparada a um organismo na qual busca sempre um equilíbrio


(homeostase), que se exemplifica no consenso para a convivência harmoniosa.

A estratitificação social é necessária para o bem social Mantendo o status Quo.


Conhecimentos Pedagógicos

PENSAMENTO POSITIVISTA

Auguste Comte: Uma civilização pacífica, racional e científica. Seu objetivo era formar
um sistema de pensamento racional que atuasse como uma “doutrina” para
transformação evolutiva do ser humano.

Essa evolução só irá ocorrer através de uma reorganização moral e política da


sociedade.

“Comte era contrário ao contratualismo e ao liberalismo econômico, para ele levariam


a anarquia, por conceber a existência de indivíduos autônomos, dedicados
exclusivamente à realização de seus objetivos egoístas.” ( Piletti 2010)

Transformação evolutiva do ser humano

“O Homem deveria, assim, elaborar suas ideias e organizar sua vida em sociedade
apoiado em conhecimentos científicos, criados com base na observação pura e neutra
da realidade, com objetividade e rigor, os quais por isso levariam a um consenso sobre
a forma mais adequada de organizar a sociedade urbano industrial da época,
possibilitando o planejamento racional de seu desenvolvimento.” (Piletti 2010).

PENSAMENTO POSITIVISTA

Durkheim ( A Sociologia e os fins da educação)

Nasceu na França, de uma família de rabinos. É mais conhecido como sociólogo, mas
também foi pedagogo e filósofo.
Conhecimentos Pedagógicos

Durkheim foi o sucessor de Comte na França. Pai do realismo sociológico, explica o


social pelo social, como realidade autônoma. Tratou em especial dos problemas
morais: o papel que desempenham, como se formam e se desenvolvem. Concluiu que
a moral começa ao mesmo tempo que a vinculação com o grupo. Ele via a educação
como um esforço contínuo para preparar as crianças para a vida em comum. Por
isso, era necessário impor a elas maneiras adequadas de ver, sentir e agir, às quais elas
não chegariam espontaneamente.

“Durkheim incluiu na sua sociologia o que ele denominou de estudo dos Fatos
Sociais, ou seja aquelas formas de agir e de pensar, passageiras ou duradouras, que
podem influenciar as condutas individuais de forma coercitiva, impondo-se aos
indivíduos muitas vezes sem que estes percebam as origens coletivas dessas
concepções práticas ou costumes.” (Piletti 2010).

“Fato Social, leva o ser social ao ser individual, ou o ser moral ao animal, levando
indivíduos a desenvolver certas maneiras de pensar, de sentir ou de agir que não
teriam se viessem em outros grupos humanos.” (Piletti 2010).

Ficha

Redenção + Funcionalismo + Positivismo

Manter Status Quo

Marxismo

Prioriza a lutas de classe.

A análise marxiana é de que na sociedade dividida em classes, a educação não é igual


para todas as classes, visto que os interesses das mesmas são antagônicos.

A educação reprodutora é a transmissora da ideologia capitalista que prioriza o saber


fazer, a dominação e o controle dos modos de produção.
Conhecimentos Pedagógicos

PEDAGOGIA SOCIALISTA

Pensamento de Karl Marx

“Para Marx a Educação não é algo pronto, algo a ser imposto para as cabeças vazias
das novas gerações. Assim ele é contrário ao pensamento positivista.” (Piletti 2010 )

“Assim, a perspectiva Marxiana considera a educação uma relação social que se


estabelece entre sujeitos de uma sociedade. Como a sociedade é encarada como um
processo social em mutação constante, a educação é um elemento que também deve
ser considerado também em permanente transformação.” (Piletti 2010)

“A ação Humana influencia os processos de Transformação da sociedade.” (Piletti


2010)

Surge aí o Materialismo Histórico Dialético

Neomarxismo:

Gramsci: mantém os mesmos conceitos do Marxismo com os valores ideológicos,


porém começa a contestar os fatores materiais e seu pessimismo, ou seja, A pessoa
pode reagir aos pensamentos da ideologia.

Não são mais meros receptáculos.

A transformação da sociedade irá acontecer a partir da divulgação de pensamentos


contrários aos da burguesia, de intelectuais advindos da classe trabalhadora.

Pedagogia Socialista de Gramsci

“Seria possível dizer que todos os Homens são intelectuais, mas nem todos os Homens
tem na sociedade a função intelectual”. ( Piletti 2010)

“ Gramsci valorizava a escola humanista tradicional, mas ele também valorizava o


ensino profissionalizante das escolas técnicas, propondo uma unificação entre elas”. (
Piletti 2010)

• Classes dominantes x Subalternas , Educação, “ Guerra de posições”

“Gramsci ,enfim, concebe uma educação escolar que não se transforma numa forma
de domesticação da mão de obra para empresas capitalistas. A educação das novas
gerações envolveria segundo seu entendimento, uma formação disciplinar, ao mesmo
tempo técnica e voltada para o cultivo de valores do conhecimento mais amplo
possível, difundindo uma cultura humanística. Para tanto seria necessária a formação
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pedagógica tanto dos alunos como dos próprios educadores para que tivessem uma
preparação adequada a essa conexão entre educação e vida social” (Piletti 2010)

Ficha
Reprodução + Marxismo + Neomarxismo

Começar a contestar a manutenção do status quo.

Multiculturalismo

Tem como princípios básicos a diversidade, o pluralismo, o respeito e igualdade social


e formação de um cidadão crítico.

Saviani e Paulo freire

“De forma que a educação é um fenômeno relacional, não só porque o aprendizado


se dá a partir da interação, mas porque esta deve dar condições ao homem para se
relacionar consigo mesmo, com outros seres humanos e com a natureza. Portanto, a
educação é parte integrante da práxis, já que tem por finalidade capacitar o homem
para intervir e modificar o mundo.”

Paulo Freire

Concepções de Multiculturalismo na atualidade segundo Stuart Hall

• Multiculturalismo Conservador: Os dominantes tentam assimilar as minorias


diferentes às tradições e aos costumes da maioria.

• Multiculturalismo Liberal: Os diferentes devem ser integrados como iguais na


sociedade dominante. A cidadania deve ser universal e igualitária, mas no
domínio privado os diferentes podem adotar práticas específicas.

• Multiculturalismo Pluralista: Os diferentes grupos devem viver


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separadamente dentro de uma ordem política federativa.

• Multiculturalismo Comercial: as diferenças entre os indivíduos e os grupos


deve ser resolvidas nas relações de mercado e no consumo privado, sem que
sejam questionados as desigualdades, poder e riqueza.

• Multiculturalismo Corporativo (público ou privado): A diferença deve ser


administrada, de modo que os interesses culturais e econômicos das minorias
subalternas não incomodem os interesses dos dominantes .

• Multiculturalismo Crítico: Questiona a origem das diferenças, criticando a


exclusão social, a exclusão política, as formas de privilégio e hierarquia
existentes nas sociedades contemporâneas. Apoia os movimentos de
resistência e rebelião dos dominados.

QUESTÕES RACIAIS E O EUROCENTRISMO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

O EUROCENTRISMO é um tipo de preconceito que suscita a tendência de avaliar a


aparência física dos indivíduos, as ideias, os costumes, os comportamentos, as
religiões e as formas de conhecimento de literatura, artes, filosofia e ciências, próprias
das sociedades europeias como superiores em relação aos seres humanos, às culturas
e às civilizações das outras regiões do mundo.

“Para superar o eurocentrismo, de início, é necessário o estudo crítico dos problemas


provocados pelos choques entre as diversas formas de vida coletivas e culturas dos
grupos humanos da América, África e Ásia com os colonizadores europeus, uma vez
que após tais choques ocorreram a destruição das condições materiais de vida dos
primeiros, seu desenraizamento espacial e a mestiçagem cultural que acabaram por
provocar sua marginalização e a dominação pelas potências coloniais”. ( Piletti 2010,
pág 135).

“As cotas são consideradas por seus defensores um instrumento a ser utilizado pela
sociedade brasileira para compensar as deficiências de aprendizagens constatadas
entre os alunos negros e acelerar o fim da barragem racista que sofrem. Para tanto o
sistema universitário deve continuar a formular e a desenvolver políticas institucionais
de investimento em recursos materiais e intelectuais que ataquem os problemas de
formação decorrentes das condições socioeconômicas, educacionais e culturais dos
alunos negros”. (Piletti, 2010 pág 146)
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Ficha
Transformação + Multiculturalismo

Romper com status quo.

Paulo Freire

Educador da tendência pedagógica libertadora.

Foi um dos principais educadores que influenciaram a pedagogia crítica.

A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o


objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em
contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o
educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não
seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o
educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a
escolarização como para a formação da consciência política.

Método de Paulo Freire

Consiste em 3 etapas

Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas
mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da
comunidade onde ele vive.

Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da


análise dos significados sociais dos temas e palavras. Codificação e decodificação da
etapa anterior, Contextualizando-os.

Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia o aluno por


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experiências concretas e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo,


para uma postura conscientizada.

Obs.: Importante

O método nasceu em 1962 quando Freire era diretor do Departamento de Extensões


Culturais da Universidade do Recife onde formou um grupo para testar o método na
cidade de Angicos, RN onde alfabetizou 300 cortadores de cana em apenas 45 dias,
isso porque o processo se deu em apenas 40 (quarenta) horas de aula e sem cartilha.

Freire criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta


central da didática para o ensino da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo
método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, que
comumente se denomina como linguagem de cartilha, por exemplo Eva viu a uva, o
boi baba, a ave voa, dentre outros.

Em Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire discorre sobre como os professores devem


ensinar os alunos, criando uma ação transformadora. Para isso, explica sobre a ética
crítica, a competência científica e a amorosidade autêntica, com base em engajamento
político. Depois de ler o livro, você saberá sobre como deve ser a formação de um
educador e como uma boa relação com o educando é importante.

Freire acreditava que se os alunos forem orientados por meio de um diálogo político-
pedagógico, há uma possibilidade de aproximação crítica do conhecimento e sua
recreação.

O livro é divido em três partes. São elas:

1. Prática docente: primeira reflexão

2. Ensinar não é transferir conhecimento

3. Ensinar é uma especificidade humana

1. Ensinar exige rigorosidade metódica

O escritor enfatiza que o professor não deve somente ensinar os conteúdos exigidos,
mas também mostrar como pensar certo. Os educandos vão se transformando ao lado
dos educadores, a partir de um pensamento crítico apresentado em sala de aula.

2. Ensinar exige pesquisa


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Não existe ensino sem pesquisa ou pesquisa sem ensino. Por isso, um educador deve
ter curiosidade para se aprofundar em assuntos diferentes, de forma que não eduque
somente outras pessoas, mas também a si mesmo.

3. Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos

Neste capítulo, é recomendado que o professor e a escola respeitem os saberes e os


conhecimentos do educandos, principalmente, de classes populares. É possível
aproveitar a experiência de quem vive em áreas descuidadas pelo poder público para
discutir os problemas enfrentados por lá.

Para Freire, os assuntos abordados em sala não podem ser somente os saberes
curriculares fundamentais, mas considerar também a experiência individual de cada
aluno.

4. Ensinar exige criticidade

O autor acredita que entre a ingenuidade e a criticidade há uma superação. Por meio
do exercício crítico da capacidade de aprender, a curiosidade para de ser ingênua e
passa a ser epistemológica.

5. Ensinar exige estética e ética

A promoção da ingenuidade é necessária, mas não deve ser feita sem uma rigorosa
formação ética e estética. Sendo assim, a estética da aprendizagem não pode ser
deixada de lado e os educadores devem conhecer os recursos para estimular a
criticidade e a curiosidade dos estudantes.

6. Ensinar exige a corporificação das palavras pelo exemplo

Sabe aquela frase “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”? Deixe-a de lado.
Um educador precisa não só pensar certo, mas também fazer certo. Alunos não têm
boa impressão de quem uma hora fala uma coisa e na outra, faz o oposto.

Ensinar não é transferir conhecimento

1. Ensinar exige consciência do inacabamento

Um profissional precisa entender que o ser humano não é completo, é inacabado. Mas
o inacabamento de um ser é próprio da experiência vital.

De acordo com Freire, a invenção da existência a partir dos materiais que a vida
oferecia levou as pessoas a criarem um espaço onde se prender afetivamente para
resistir, chamado de suporte. E esse suporte faz os seres se tornarem conscientes,
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transformadores e não um “espaço vazio a ser preenchido por conteúdos”.

2. Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado

O autor explica que somos condicionados, mas nossa consciência sobre o


inacabamento nos faz ir além. A construção de quem somos é feita a partir de
genética, dos meios em que estamos inseridos e da história.

3. Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando

O respeito a autonomia e dignidade do outro é obrigatório. Quando acontece este


tipo de desvio ético, há transgressão. Alguns exemplos disso são:

Quando um professor ironiza um aluno mandando que ele “se ponha em seu lugar”

Ou quando o professor desrespeita a curiosidade do aluno

O professor não aceita o gosto estético ou linguagem

Um professor autoritário acaba com a liberdade de um aluno, porque ele não pode
ser curioso para aprender. E isso, quando acontece, não pode ser visto como uma
virtude, mas como ruptura com a decência.

4. Ensinar exige bom senso

É preciso ter bom senso e ética a todo o momento. E isso deve ser levado em conta,
principalmente, durante uma tomada de decisão, já que é preciso sempre respeitar a
autonomia, dignidade e identidade do outro.

Um exemplo usado foi em momento de apresentação de dissertação de mestrado ou


tese de doutoramento. Caso algo seja criticado, a postura ética que deve ser tomada
pelo orientador do trabalho é solidarizar-se com o acontecido e se responsabilizar-se
pelo erro igualmente.

5. Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos


educadores

Um professor precisa aprender a lidar com as diferenças, desenvolver amorosidade


aos educandos e cultivar a humildade e a tolerância. Além disso, deve entender que a
luta pelos seus direitos é um momento importante enquanto a prática ética. Não é
algo de fora, é algo que faz parte. Não pode aceitar o discurso cansado de “não há o
que fazer”. É preciso lutar por respeito e por melhores condições de trabalho.

6. Ensinar exige apreensão da realidade

Mulheres e homens são os únicos seres capazes de aprender. E isso os permite


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construir, reconstruir, constatar para mudar. A capacidade de aprender pode


transformar a realidade.

Segundo autor, toda a prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que,


ensinando, aprende outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a
existência de conteúdos a serem ensinados, envolve o uso de métodos e técnicas;
implica objetivos, sonhos, utopias, ideia. A politicidade não pode ser neutra. Por isso,
o professor precisa ter uma competência geral, de sua natureza e saberes especiais,
ligados à atividade como docente.

7. Ensinar exige alegria e esperança

A esperança de que professores e alunos podem aprender, ensinar, produzir juntos e


resistir de tudo que tente tirar a alegria. A esperança faz parte da natureza humana, é
um condimento indispensável para a experiência histórica. Ou seja, sem ela não
haveria história, porque seria puro determinismo.

8. Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível

O mundo não é, ele está sendo. Sendo assim, as pessoas não mais só constatam o que
ocorre, elas também intervém como sujeito de ocorrências. Por exemplo, o
conhecimento sobre os terremotos não foi o suficiente para “acabar com ele”, mas
ajuda a amenizar as consequências. Somos capazes de intervir na realidade.

9. Ensinar exige curiosidade

Sem a curiosidade, um educador não pode aprender e nem ensinar. Por isso, é preciso
estimular a pergunta, a reflexão crítica, pensar o que se pretende fazendo aquela
pergunta, quais perguntas e respostas ainda não foram feitas. Os alunos e professores
devem ter uma postura aberta, curiosa, indagadora e não apassivada.

Pedagogia da Autonomia

1. Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade

A segurança de um docente se funda na sua competência profissional. Um professor


que não se leva a sério, que não estuda e se esforça para estar a altura da tarefa que
desempenha, não apresenta competências para coordenar as atividades exigidas em
sala de aula. Incompetência profissional desqualifica a autoridade.

O educador também não deve agir com mesquinhez, porque isso inferioriza a tarefa
formadora de autoridade. Portanto, deve dar liberdade para os educandos, já que isso
constrói o real clima de disciplina e estimula a curiosidade e o aprendizado.
Conhecimentos Pedagógicos

2. Ensinar exige comprometimento

Não é possível exercer a atividade do magistério como se fosse algo sem importância.
O professor precisa se por na frente dos alunos e revelar sua intencionalidade
educativa. Isso criará nos alunos a afeição, o que é muito importante no desempenho
profissional.

A aproximação entre educador e educando deve ser uma das preocupações centrais,
porém o docente não deve perguntar diretamente o que pensam de si, deve fazer
uma leitura das atividades apresentadas em sala.

3. Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no


mundo

A educação tem como objetivo formar pessoas capazes de atuar positivamente na


mudança do mundo. A educação é uma forma de intervenção no mundo e o professor
deve transferir o conhecimento da ideologia vigente, e desmascara-la, o educador
precisa ter posição bem definida, pois a educação nunca foi neutra, e escola é sempre
um palco de disputas políticas para modificação da sociedade. Porém acreditar que a
educação é uma tarefa apenas reprodutora de ideologia dominante é errado, assim
como defini-la como uma força de desocultação da realidade. Ter uma visão errada
pode implicar diretamente nas visões defeituosas da História e da sua consciência.

4. Ensinar exige liberdade e autoridade

Há uma linha muito tênue que separa a liberdade saudável e a que viola a autoridade.
Por isso, é preciso estabelecer um limite. Quanto mais criticamente a liberdade assuma
o limite necessário, mais autoridade tem ela. Ou seja, a partir do momento que você
tem uma convivência boa com seus alunos, dando liberdade para que eles opinem e
se abram com você, desde que sem causar desconforto ou desrespeito, mais
autoridade você terá.

5. Ensinar exige tomada consciente de decisões

Como dito anteriormente, a educação é um ato de intervenção no mundo. Essa


intervenção é usada sem nenhuma restrição semântica. Por isso, deve ser vista como
fator que propõe mudanças radicais na sociedade, na economia, nas relações
humanas e de propriedade, do direito, do trabalho.

A educação é política e quem pensa que isso acontece por causa de um ou outro
educador, não pode esconder a forma depreciativa como vê a política.

A única maneira da educação ser neutra é se parasse de haver discordância entre as


Conhecimentos Pedagógicos

pessoas com relação aos modos de vida social e individual, com relação ao estilo
político a ser posto em prática, aos valores a serem encarnados. Portanto, o que deve-
se exigir do educador não é a neutralidade, mas o respeito.

6. Ensinar exige saber escutar

Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele. Mesmo que, em
certas condições, precise falar a ele. É preciso aprender a escutar para falar. O
educador que escuta transforma seu discurso.

7. Ensinar exige reconhecer que a educação é uma ideologia

A ideologia tem que ver com a ocultação da verdade dos fatos, com uso da linguagem
para penumbrar ou “opacizar” a realidade, ao mesmo tempo que nos torna míopes.
Essa miopia faz muitas pessoas aceitarem discursos cinicamente fatalistas neoliberais
que proclama ser o desemprego no mundo um desgraça do fim do século.

A ideologia pode nos fazer acreditar que a globalização da economia é uma invenção
dela mesma ou de um destino que não pode ser evitado. Se a globalização implica a
superação de fronteiras, a abertura sem restrições ao livre comércio, não seria
realmente possível resistir. Não será indagado que antigamente, as sociedades eram
radiciais quanto a abertura e hoje, veem como algo indispensável.

8. Ensinar exige disponibilidade para diálogo

Um professor não deve deixar de lado a oportunidade de testemunhar aos alunos a


segurança com que se comporta ao discutir um tema, ao analisar um fato, ao expor a
posição em face de uma decisão governamental. Testemunhar a abertura aos outros,
a disponibilidade curiosa à vida, a seus desafios, são saberes necessários a prática
educativa.

9. Ensinar exige querer bem aos educandos

É importante entender que querer bem aos educandos não significa gostar
igualmente de todos. Na verdade, só quer dizer que um educando precisa estar aberto
a afetividade. Entretanto, é preciso tomar cuidado para que esse carinho com os
alunos não afete o cumprimento ético do saber.

Mesmo agindo amorosamente, o professor deve continuar lutando politicamente para


o respeito da dignidade das tarefas e pelos direitos, assim como ter zelo pelo espaço
pedagógico em que atua com os alunos.
Conhecimentos Pedagógicos

PALAVRAS DE PAULO FREIRE (1921/1997)

EDUCAÇÃO BANCÁRIA, OPRIMIDO, E OPRESSOR,

POLITICIDADE, MUNDO VIVIDO, AUTONOMIA. DIÁLOGO,

EXTRA ESCOLAR, DIALÉTICA, EJA, DEMOCRACIA,

PALAVRAS GERADORAS, INVESTIGAÇÃO, TEMATIZAÇÃO ,

PROBLEMATIZAÇÃO, EMANCIPAÇÃO

GESTÃO DEMOCRÁTICA E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

BASES LEGAIS

• DIRETRIZ CURRICULAR NACIONAL DO ENSINO FUNDAMENTAL

• LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

I - Em linhas gerais pode-se afirmar que a prática pedagógica na escola deve-se


nortear por diretrizes que contemplem:

• Os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e


do respeito ao bem comum;

• Os princípios dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criticidade


e do respeito à ordem democrática;

• Os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de


manifestações artísticas e culturais;

II - Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o


reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros
profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos
sistemas de ensino.

V – As escolas deverão explicitar, em suas propostas curriculares, processos de ensino


voltados para as relações com sua comunidade local, regional e planetária, visando à
interação entre a Educação Fundamental e a Vida Cidadã; os alunos, ao aprender os
conhecimentos e valores da Base Nacional Comum e da Parte Diversificada, estarão
também constituindo suas identidades como cidadãos em processo, capazes de ser
Conhecimentos Pedagógicos

protagonistas de ações responsáveis, solidárias e autônomas em relação a si próprios,


às suas famílias e às comunidades

ARTIGO 3 DA LDB

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o
saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos
sistemas de ensino;

ARTIGO 14 DA LDB

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público


na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA

Ilma Passos Alencastro Veiga

O QUE É O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO???

O projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de


ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida
arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento
de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por
todos os envolvidos com o processo educativo da escola.

Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho


pedagógico em dois níveis: como organização da escola como um todo e como
organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato,
procurando preservar a visão de totalidade. Assim como a autonomia da escola.
Conhecimentos Pedagógicos

PRINCIPIOS NORTEADORES DO PPP

A) IGUALDADE DE CONDIÇÕES PARA ACESSO E PERMANÊNCIA NA ESCOLA

B) QUALIDADE QUE NÃO PODE SER PRIVILÉGIO DE MINORIAS ECONÔMICAS


SOCIAIS.

(QUALIDADE TÉCNICA E POLÍTICA)

C) GESTÃO DEMOCRÁTICA

D) LIBERDADE

E) VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO E SUA FORMAÇÃO CONTINUADA

Como construir o PPP?

• FINALIDADES:

• ESTRUTURA ORGANIZACIONAL : (ADMINISTRATIVA E PEDAGÓGICA)

• CURRÍCULO: (FORMAL, OCULTO, EM AÇÃO)

• TEMPO ESCOLAR

• PROCESSO DE DECISÃO

• RELAÇÕES DE TRABALHO

• AVALIAÇÃO
Conhecimentos Pedagógicos

PPP (GADOTTI)

A palavra projeto traz imiscuída a ideia de futuro, de vir a ser, que tem como ponto
de partida o presente (daí a expressão “projetar o futuro”). É extensão, ampliação,
recriação, inovação, do presente já construído e, sendo histórico, pode ser
transformado: “um projeto necessita rever o instituído para, a partir dele, instituir
outra coisa. Tornar-se instituinte”.

Não se constrói um projeto sem objetivos, sem direção; é uma ação orientada pela
intencionalidade, tem um sentido explícito, de um compromisso, e no caso da escola,
de um compromisso coletivamente firmado.

(GADOTTI, 2000).

Compreender o caráter político e pedagógico do PPP nos leva a considerar dois outros
aspectos:

1) a função social da educação e da escola em uma sociedade cada vez mais


excludente, compreendendo que a educação, como campo de mediações sociais,
define-se sempre por seu caráter intencional e político. Pode, assim,
contraditoriamente, tanto reforçar, manter, reproduzir formas de dominação e de
exclusão como constituir-se em espaço emancipatório, de construção de um novo
projeto social, que atenda às necessidades da grande maioria da população.

2) a necessária organicidade entre o PPP e os anseios da comunidade escolar,


implicando a efetiva participação de todos em todos os seus momentos (elaboração,
implementação, acompanhamento, avaliação). Dessa perspectiva, o projeto se
expressa como uma totalidade (presente-futuro), englobando todas as dimensões da
vida escolar; não se reduz a uma somatória de planos ou de sugestões, não é
transposição ou cópia de projetos elaborados em outras realidades escolares; não é
documento “esquecido em gavetas”.

É esse compromisso do PPP com os interesses reais e coletivos da escola que


materializa seu caráter político e pedagógico, posto que essas duas dimensões são
indissociáveis, como destaca Saviani (1983, p. 93), ao afirmar que a “dimensão política
se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente
pedagógica”.

Assim, é na ação pedagógica da escola que se torna possível a efetivação de práticas


sociais emancipatórias, da formação de um sujeito social crítico, solidário,
compromissado, criativo, participativo. É nessa ação que se cumpre, se realiza, a
intencionalidade orientadora do projeto construído.
Conhecimentos Pedagógicos

PPP (GADOTTI)

PPP apoia-se

- No desenvolvimento de uma consciência crítica e cidadã.

- No envolvimento da comunidade

- Na participação e cooperação das esferas de governo.

- Na autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e produto no projeto.

Elementos facilitadores do PPP

• Comunicação e adesão voluntária,

• Ambiente favorável,

• Suporte institucional e financeiro,

• Acompanhamento e avaliação constante,

• Credibilidade

• Referencial teórico.

Obstáculos do PPP

Pouca experiência democrática.

Governo que considera o povo incapaz de governar.

As formas de liderança na estrutura do sistema educacional.

COLEGIADO ESCOLAR

É um espaço institucional para o diálogo e a troca de experiência entre o diretor e os


representantes dos diferentes segmentos da comunidade escolar;

Um órgão Deliberativo, Consultivo, Fiscalizador e Mobilizador das questões


técnico-pedagógicas e administrativo-financeiras. Também resguarda os princípios
legais e constitucionais;

É o caminho para a construção de uma escola pública participativa e democrática;


Conhecimentos Pedagógicos

Função Mobilizadora

Refere-se às ações que visam promover a mediação entre o poder público (escola e
governo) com a sociedade em geral, de forma integrada, com vistas à ampliação dos
horizontes da democracia representativa.

Função Consultiva

Diz respeito ao caráter de assessoramento, à medida que examina e avalia os


problemas da escola, encaminhados pelos vários segmentos, além de interpretar a
legislação e de apresentar sugestões para o encaminhamento das questões
levantadas.

Função Deliberativa

Corresponde às decisões relativas às grandes linhas do projeto político pedagógico


da escola, bem como à aprovação, à definição de normas internas e ao cumprimento
destas mesmas normas e de outras no âmbito do sistema de ensino.

Função Fiscalizadora

Decorre do fato de ser revestido de competência legal para acompanhar e avaliar a


execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras da escola, objetivando
garantir a qualidade da educação oferecida à comunidade.

É um órgão coletivo de análise, que busca a solução dos problemas, superando


práticas autoritárias e centralizadoras, possibilitando a gestão participativa da escola
que contribuem para o aprimoramento do projeto pedagógico e a melhoria da
qualidade da educação.

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