O documento discute as principais teorias do currículo desde o início do século XX, incluindo teorias tradicionais como as de Bobbitt e Dewey, teorias críticas influenciadas por Marx e a Escola de Frankfurt, e teorias pós-críticas influenciadas pelo pós-estruturalismo e multiculturalismo. Também aborda pensadores como Freire, Giroux e os Estudos Culturais, que enfatizam a diversidade cultural e questões de gênero e raça no currículo.
O documento discute as principais teorias do currículo desde o início do século XX, incluindo teorias tradicionais como as de Bobbitt e Dewey, teorias críticas influenciadas por Marx e a Escola de Frankfurt, e teorias pós-críticas influenciadas pelo pós-estruturalismo e multiculturalismo. Também aborda pensadores como Freire, Giroux e os Estudos Culturais, que enfatizam a diversidade cultural e questões de gênero e raça no currículo.
O documento discute as principais teorias do currículo desde o início do século XX, incluindo teorias tradicionais como as de Bobbitt e Dewey, teorias críticas influenciadas por Marx e a Escola de Frankfurt, e teorias pós-críticas influenciadas pelo pós-estruturalismo e multiculturalismo. Também aborda pensadores como Freire, Giroux e os Estudos Culturais, que enfatizam a diversidade cultural e questões de gênero e raça no currículo.
O campo de estudos do currículo nasce atrelado à existência de teorias sobre o
currículo, de teóricos e estudos especializados. O Campo do Currículo emergiu no início do século XX tentando encontrar respostas para os problemas educacionais na época. Nesta área há teorias tradicionais, as críticas e as pós- modernas. As teorias tradicionais do currículo reúnem produções que tratam especificadamente sobre o tema. Isto é, relacionava as disciplinas curriculares a uma questão puramente mecânica. O teórico a abordar primeiramente sobre, será John Franklin Bobbitt. No contexto da época, os desafios e conflitos impostos pelas diferentes forças (econômicas, políticas, culturais e sociais) da sociedade necessitavam ser mediados, visando uma unidade cultural e a qualificação de mão de obra para a indústria nascente. O que estava em jogo era definir como se daria a escolarização das massas, seus principais objetivos e finalidades. A proposta de Bobbit centrava-se em um modelo educacional voltado para o desenvolvimento de habilidades básicas, como ler, escrever e contar, e de habilidades que favorecessem a inserção no mercado de trabalho (LOPES; MACEDO, 2011; SILVA, 2015). Bobbit queria que o sistema educacional fosse tão eficiente quanto uma empresa privada, e definia que seu funcionamento fosse baseado em objetivos claros, criando-se métodos para colocá-los em prática e estabelecendo-se parâmetros de mensuração dos resultados. Padronizar métodos e desempenhos era um ponto importante de sua proposta curricular. O principal representante das vertentes mais progressistas de currículo, John Dewey, que também abordava questões relativas à elaboração curricular, porém, tendo como preocupação central a construção da democracia (SILVA, 2015). Para Dewey, a escola deveria ser um local de vivência prática dos valores democráticos. Outro teórico considerado tradicional no campo foi Ralph Tyler, ele foi responsável por consolidar o modelo de currículo proposto por Bobbit. Novamente, uma escola e um currículo voltados para a eficiência e a eficácia seriam fundamentais. As teorias curriculares críticas basearam o seu plano teórico nas concepções marxistas e também nos ideários da chamada Teoria Crítica, vinculada a autores da
Escola de Frankfurt, notadamente Max Horkheimer e Theodor Adorno . Aqui a função
do currículo, mais do que um conjunto coordenado e ordenado de matérias, seria também a de conter uma estrutura crítica que permitisse uma perspectiva libertadora e conceitualmente crítica em favorecimento das massas populares. As práticas curriculares, nesse sentido, eram vistas como um espaço de defesa das lutas no campo cultural e social. A Nova Sociologia da Educação (NSE), surgida na Inglaterra, e o Movimento de Reconceptualização do Currículo, nos Estados Unidos, muitas vezes chamado de Sociologia Crítica do Currículo, tornam-se cerne desta teoria. A NSE procurou demonstrar como a construção e a distribuição do conhecimento seguiam a lógica das estruturas sociais e econômicas, demonstrando como as escolas reproduziam formas de exclusão presentes em outras instituições sociais, como no mundo do trabalho. Essa sociologia do currículo buscou desnaturalizar as práticas escolares, demonstrando seu caráter arbitrário, contextual e ideológico (SILVA, 2015). O currículo passou a ser entendido como uma construção social, que materializa lutas e conflitos em torno dos conhecimentos considerados adequados a serem ensinados. Outro teórico importante na Sociologia Crítica do Currículo é Henry Giroux. Segundo Silva (2015), as contribuições de Giroux ao pensamento crítico estão localizadas mais na esfera da política cultural. Giroux se preocupou, especialmente, em apontar como a cultura popular é menosprezada e sistematicamente excluída do currículo. Seu pensamento foi influenciado tanto pelos Estudos Culturais quanto por Paulo Freire, sendo um defensor da educação emancipadora ou libertadora. Nessa concepção, existem três conceitos muito importantes: esfera pública, intelectual transformador e voz. “A Pedagogia do Oprimido”, livro escrito no final da década de 1960, por Paulo Freire, representa um movimento de mudança no cenário educacional, conhecido como Educação Popular. Em seus trabalhos, Freire não se concentrou em analisar o currículo especificamente, mas refletiu sobre as consequências do processo de dominação econômica na educação e sobre as relações de força entre grupos opressores e oprimidos. O teórico mais enfaticamente, para os problemas do analfabetismo de pessoas adultas, alijadas dos processos de escolarização por conta de suas condições sociais, cujo “destino” seria o trabalho, quase sempre braçal e desqualificado. As teorias curriculares pós-críticas emergiram a partir das décadas de 1970 e 1980, partindo dos princípios da fenomenologia, do pós-estruturalismo e dos ideais multiculturais. Assim como as teorias críticas, a perspectiva pós-crítica criticou duramente as teorias tradicionais, mas elevaram as suas condições para além da questão das classes sociais, indo direto ao foco principal: o sujeito. Desse modo, mais do que a realidade social dos indivíduos, era preciso compreender também os estigmas étnicos e culturais, tais como a racialidade, o gênero, a orientação sexual e todos os elementos próprios das diferenças entre as pessoas. Nesse sentido, era preciso estabelecer o combate à opressão de grupos semanticamente marginalizados e lutar por sua inclusão no meio social. O multiculturalismo tem como eixo central a diversidade cultural, ainda que seus usos e significados sejam distintos (GONÇALVES; SILVA, 2006). Ou seja, o multiculturalismo reconhece a existência de diferenças culturais e/ou raciais, mas pode ser utilizado com fins inclusivos ou para fins segregacionistas (separatistas). Na dimensão política, o multiculturalismo aparece caracterizado pela necessidade de rever e ressignificar os conceitos de direitos humanos, democracia e cidadania. A discussão multicultural tem por objetivo articularas múltiplas reivindicações indenitárias, de diferentes grupos, à afirmação de padrões culturais particulares e à garantia da existência de uma representação política. Questionam-se injustiças provenientes do discurso universalista, presente nas políticas públicas, nas quais, em geral, não são consideradas as singularidades e as necessidades de determinados grupos culturais. Os estudos pós-coloniais se caracterizam por interrogar os efeitos do colonialismo presentes nas relações sociais e nos espaços institucionais situados nas antigas colônias. Esses estudos se propõem a criticar a modernidade ocidental, que se constituiu a partir da lógica capitalista, patriarcal e racista. Eles partem da ideia de que o colonialismo europeu gerou sistemas de opressão variados, operados eficientemente por uma noção de colonialidade presente no sistema-mundo capitalista. As dicotomias são um traço marcante do colonialismo, bem como da modernidade, e as práticas sociais e culturais no interior dessa realidade colonial geraram uma disposição para entender o mundo nessa lógica binária. Essa visão pode nos auxiliar a compreender mais sobre as motivações, disposições e tendências a se incorporar certos discursos, legitimar certos conhecimentos e validar certos modelos curriculares, enquanto outros discursos, outros conhecimentos e outros modelos curriculares são negligenciados ou negados pelas escolas. Já os Estudos Culturais são um campo de teorização e investigação de natureza interdisciplinar, que combina as chamadas Humanidades. Na atualidade, os Estudos Culturais possuem várias vertentes distintas. Suas perspectivas teóricas seguem a mesma lógica de diversidade, com influências de vários campos disciplinares. Alguns estudos se mantêm nas vertentes marxistas, enquanto outros se amparam no Pós-Estruturalismo, no Pós-Modernismo ou no Pós-Colonialismo, o que faz com que o campo seja muito heterogêneo. Nas temáticas abordadas podemos perceber essa diversidade. Silva (2015) afirma que o que distingue os Estudos Culturais de outras correntes pós-críticas é a ênfase em uma análise da cultura, entendendo cultura em um sentido amplo, “[...] como forma global de vida ou como experiência vivida de um grupo social” (SILVA, 2015, p. 133). Nos trabalhos dos Estudos Culturais, procura-se destacar, entre outras coisas, que ênfase é dada nas propostas curriculares das escolas sobre a questão da diversidade, o que caracteriza o trabalho docente e, principalmente, que formas de conhecimento são corporificadas no currículo. O currículo é entendido como um artefato cultural e social, que contribui para a produção de identidades culturais e sociais.