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Neste livro, há uma breve apresentação acerca das teorias do currículo, com

base em vários autores que abordaram sobre a origem do currículo, das teorias
tradicionais, críticas e pós-críticas. O autor apresenta sua visão sobre as
diversas teorias do currículo, enfocando, na maior parte do trabalho, teorias
críticas. Ele ainda traça um programa de concentração em genealogia,
principalmente nos estudos realizados nos Estados Unidos e na Inglaterra.

O livro é dividido em duas partes. A primeira parte do livro, aborda teorias


tradicionais e teorias críticas, apresentando a origem dos estudos sobre
currículo, a gênese das teorias críticas e estudos de vários autores, entre eles:
Michael Apple, Henry Giroux, Paulo Freire, Demerval Saviani, dentre outros.

Silva levanta indagações essenciais sobre o currículo, mas, com a definição


bem clara de que o "currículo é sempre o resultado de uma seleção" e essa
seleção resulta de um processo que reflete os interesses particulares das
classes e grupos dominantes, é necessária uma reflexão radical, na
implementação dos parâmetros escolares. É importante destacar, que esse
debate ocorre no final do século XX, com o caráter da modernidade
desenvolvida pelo capitalismo.

O autor argumenta que o exame dos diferentes conceitos, empregados pelas


teorias, organiza e estrutura a forma de olhar a "realidade", demonstrando uma
tendência à sistematização. Não é apenas uma seleção de conhecimento,
mas, uma operação de poder. Portanto, o currículo é um documento de
identidade.
Iniciando com Bobbitt em 1918 propõe a ideia de escola funcionando
eficientemente como uma empresa econômica, de acordo com os princípios de
Frederick Taylor. Bovet contemporânea e com uma perspectiva teórica
diferente, John Dewey, se preocupou mais com a construção da democracia do
que pelo funcionamento da economia.

Mas foi com Ralph Tyler, quando o modelo industrial foi consolidado na
educação de Bobbitt, o currículo, é essencialmente uma questão técnica,
focado em sua organização e desenvolvimento. Com isso, Silva analisa
referências importantes do pensamento educacional, como Althusser, Bowles e
Gentis, Bordel e Assero. A partir da teoria marxista, esses autores, com
diferente ênfase, investigaram a estreita relação entre a educação e a
produção e disseminação da ideologia, apontando para a escola como um
espaço de reprodução da sociedade capitalista. Na década de 1970, nos
Estados Unidos, o movimento da conceituação do currículo surge como uma
expressão da constante insatisfação dos acadêmicos no campo do currículo
com os parâmetros tecnocráticos estabelecidos pelos modelos Bobbitt e Tyler.

Este movimento partiu de concepções fenomenológicas, hermenêuticas e


autobiográficas. O período de críticas neomarxistas de teorias curriculares
tradicionais e seu papel ideológico começa. Destacando: Michael Apple e
Henry Girou.

Michael Apple começa seu trabalho discutindo os elementos centrais da crítica


marxista da sociedade. Para ele, o campo cultural não é um simples reflexo da
economia: tem sua própria dinâmica. O autor faz uma análise do livro de Apple,
que fala sobre a ideologia e currículo, que está de acordo com o paradigma
marxista, mas não para de se referir a outros empregos depois disso, em que a
Apple aborda as relações de gênero e raça na reprodução. Processo que
exerce o currículo, mantendo uma preocupação com poder em todos os seus
trabalhos.

Já Henry Girou, ajudou a desenvolver uma teorização crítica de currículo. Para


ele, o currículo é um lugar onde os significados sociais são produzidos e
criados, com uma política cultural em jogo.

Na primeira parte do livro, temos ainda os primeiros trabalhos de Paulo Freire,


uma vez que ele influenciou muitos autores mais diretamente relacionados aos
curriculares, embora não tenha desenvolvido uma teoria curricular específica.
Freire é classificado no livro como fenomenológico e precursor de uma
perspectiva pós-colonialista no currículo.
Além de analisar a perspectiva de Freire, o autor coloca Saviani em oposição a
Paulo Freire. O autor, destaca a separação feita pela Saviani entre educação e
política, colocando-a como um dos únicos pensadores críticos a esquecer a
conexão entre conhecimento e poder, cujo relatório é central para os teóricos
críticos do currículo que eles têm, na seleção do conhecimento, uma operação
de alimentação.

Na Inglaterra, a crítica do currículo é baseada na referência à sociologia


"antiga" da educação. No início dos anos 1970, a NSE emerge, com a
liderança de Michael Young. Sua proposta é delinear a base de uma sociologia
do currículo, com o objetivo de destacar o caráter " da natureza socialmente
construída das formas de consciência e conhecimento, bem como suas
relações próximas com estruturas, institucionais e econômicas". Desta forma, a
ideia de currículo inspirada no programa NSE tentaria construir um currículo
que reflete as tradições culturais e epistemológicas dos grupos subordinados e
não apenas dos grupos dominantes.

O autor, cita ainda o trabalho de Basil Bernstein desenvolvido na Inglaterra.


Sua preocupação é saber como o currículo é estruturalmente organizado e
conectado a diferentes princípios de poder e controle. Silva diz haver uma
continuidade entre a perspectiva multicultural e a tradição crítica do currículo. A
tradição crítica inicial atraiu a atenção para as determinações da classe do
currículo.

Em teorias pós-críticas, não basta apenas identificar conflitos de classe


presentes no currículo, conforme feito por teorias críticas, mas acima de tudo
descrever e explicar os complexos inter-relacionados da dinâmica da hierarquia
social. As teorias críticas têm sido inicialmente focadas em questões de acesso
à educação e currículo de crianças e jovens pertencentes a grupos étnicos e
raciais considerados minorias.

Para concluir, percebe a coerência de Silva a teorias pós-críticas, mas, com


contribuições de teorias críticas. Estes não devem ser vistos simplesmente
como superação, mas mutuamente compreensivos para entender os processos
com os quais através de relacionamentos de poder e controle nos tornamos
mulheres e homens. Em teorias pós-críticas, o poder não tem mais um único
centro, é generalizado através da rede social; O poder se torna, mas não
desaparece.

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