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E LEGISLAÇÃO
DA EDUCAÇÃO
Introdução
As práticas educacionais precisam ser organizadas visando atender ao
tipo de aluno que se deseja formar. Para isso, obviamente, devem ser
considerados os preceitos legais da educação, que propõem o desen-
volvimento do educando e o seu preparo para a cidadania e o mundo
do trabalho. Todas essas ações envolvem o conceito de currículo escolar.
Neste capítulo, você vai ler sobre a evolução histórica do conceito
de currículo escolar. Também vai conhecer e contrastar os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)
e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vigentes. Além disso, vai
analisar a relação existente entre o currículo e o resultado das avaliações
educacionais realizadas no interior das escolas.
Currículo escolar
O conceito de currículo escolar muda com o passar do tempo, acompanhando
a transformação social e os sentidos atribuídos para a educação e escolariza-
ção. Dessa forma, precisamos entender as condições (políticas, econômicas e
culturais) que possibilitam a construção do conceito de currículo na atualidade,
mapeando as ressignificações pelas quais o tema passou nas últimas décadas.
2 Currículo e legislação educacional
Os autores das teorias tradicionais do currículo, sejam eles mais técnicos ou com
uma visão mais progressista, eram contra as ideias do currículo clássico humanista,
que pressupõe uma educação de uma elite dominante a partir das melhores obras e
associada aos conceitos de uma cultura letrada e erudita.
defesa dos negros, das mulheres, dos homossexuais, entre outros, manifestados
por meio do rock e do movimento hippie. Com isso, os aspectos curriculares
também foram revistos, promovendo a discussão dessas desigualdades e da
reprodução desse tipo de sociedade a partir dos currículos escolares. Esses
foram os fatores que impulsionaram a teoria crítica dos currículos.
A teoria crítica dos currículos encontrou inspiração nos escritos de Kant,
Hegel e Marx, trazendo, nas suas discussões, assuntos atrelados à ideia do
estruturalismo corrente na época, como (SILVA, 2015):
classe;
poder;
cultura;
ideologia;
hegemonia;
Estado.
[...] carrega marcas indeléveis das relações sociais de poder. O currículo é ca-
pitalista. O currículo reproduz culturalmente as estruturas sociais. O currículo
tem um papel decisivo na reprodução das estruturas da classe capitalista. O
currículo é um aparelho ideológico do estado. O currículo transmite a ideologia
dominante. O currículo é em suma, um território político (SILVA, 2015, p. 147).
Theodor Adorno;
Max Horkheimer;
Friedrich Pollock;
Erich Fromm;
Herbert Marcuse.
Currículo e legislação educacional 5
A esse respeito, Silva (2015, p. 149) comenta que “[...] a visão do poder
tomada pelas teorias pós-críticas é de um poder descentralizador, multiforme
e multifacetado, não mais centrado no Estado, talvez meio invisível pela sua
dispersão em toda a rede social”.
As teorias pós-críticas dão base para os estudos pós-coloniais, que anali-
sam as múltiplas relações entre os colonizados e seus colonizadores e que se
encontram implicadas nos currículos escolares. Em outras palavras, existe
uma relação de saber e poder, quando o colonizador seleciona e impõe o que
deve ser ensinado aos colonizados, os quais produzem as suas identidades
também a partir do que aprendem na escola.
Propondo que os docentes procurem ampliar a sua visão sobre o currículo
escolar, dentro de uma perspectiva pós-crítica, Moreira e Candau (2007,
p. 24) sugerem os seguintes questionamentos:
Com base nesses movimentos culturais, surge com caráter obrigatório, por
exemplo, no interior dos currículos escolares, o ensino das histórias e culturas
afro-brasileira e indígena.
O Quadro 1 apresenta algumas diferenças entre as teorias estudadas.
Dentro das teorias críticas do currículo, surge uma expressão chamada de currículo
oculto para demonstrar que existem muitos outros elementos que podem ser aprendi-
dos no interior da escola e que não fazem parte do planejamento dos professores. Esse
currículo oculto se dá a partir das trocas, das interações realizadas nas relações sociais
e dos momentos dentro e fora da sala de aula. Um bom exemplo são as atividades do
recreio escolar, que são tão interessantes e prazerosas aos alunos.
Os PCNs são referências à equipe pedagógica das escolas para elaboração dos cur-
rículos e do projeto pedagógico das instituições, não sendo de caráter obrigatório e
normativo. É importante destacar que, durante o processo de elaboração dos PCNs,
foi homologada a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional de 1996, que
organiza o sistema educacional brasileiro na atualidade.
língua portuguesa;
matemática;
ciências naturais;
história;
geografia;
arte,
educação física;
língua estrangeira.
Currículo e legislação educacional 9
ética;
saúde;
meio ambiente;
orientação sexual;
pluralidade cultural.
Os temas transversais surgem para que “[...] questões sociais sejam apre-
sentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos” (BRASIL, 1997, p.
25), compreendendo que, para que se exerça a cidadania de fato, somente os
conhecimentos das áreas propostas não são suficientes. Os PCNs também
trazem menção à organização da escola por ciclos, com suas particularidades.
Com a LDB de 1996, a educação infantil passou a ser considerada a primeira etapa da
educação básica. Assim, o Ministério da Educação elaborou, em 1998, os Referenciais
Curriculares Nacionais (RCNs) para a Educação Infantil, de forma a integrar e completar
a série de documentos dos PCNs para essa etapa anteriormente não contemplada.
Esses referenciais são compostos por três volumes:
introdução;
formação pessoal e social;
conhecimento de mundo.
Segundo Bujes (2002, p. 97), “[...] são 468 páginas, no conjunto dos três volumes,
que têm por finalidade orientar as práticas, as discussões e a elaboração dos projetos
curriculares voltados para as infâncias nas instituições educacionais a ela destinadas”.
Destacamos, mais uma vez, o caráter referencial e didático tanto dos PCNs quanto
dos RCNs da educação infantil, servindo de guia e orientador, não sendo, contudo,
compulsório.
Art. 9º [...]
IV — estabelecer, em colaboração com os Estados, Distrito Federal e os
Municípios, competências e Diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos
mínimos de modo a assegurar a formação básica comum.
Para conhecer como são organizadas as DCNs dentro de uma modalidade específica,
acesse o link:
https://goo.gl/SslkNi
Art. 24 [...]
V — a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência
dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao
período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disci-
plinados pelas instituições de ensino em seus regimentos (BRASIL, 1996,
documento on-line).
Currículo e legislação educacional 15
Dessa forma, a LDB disciplina a avaliação escolar, que vai muito além de
simplesmente prever provas e testes, devendo envolver os aspectos qualitativos,
propor estudos de recuperação e aceleração para os que necessitem, bem como
possibilitar o avanço de séries para aqueles que já possuírem os aprendizados
necessários. A avaliação é um processo que envolve questões técnicas rela-
tivas ao cumprimento das prescrições curriculares pelo professor junto aos
seus alunos, bem como deve contemplar os aspectos políticos estabelecidos
de forma democrática no projeto político-pedagógico da escola. Fernandes e
Freitas (2007, p. 17) comentam que:
(2007, p. 20) reforçam que “[...] uma não é nem pior, nem melhor que a outra,
elas apenas têm objetivos diferenciados”.
Para que possamos medir com maior eficiência o rendimento escolar,
devemos considerar três esferas de avaliação:
O Inep, para o ano de 2019, propõe como novidade a inclusão da educação infantil nas
avaliações realizadas pelo Saeb e sua relação com a BNCC. Para conhecer um pouco
mais sobre as avaliações propostas pelo Ministério da Educação e desenvolvidas pelo
Inep, acesse o seguinte link:
https://goo.gl/u36sd3
18 Currículo e legislação educacional
MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. (Org.). Currículo, cultura e sociedade. 5. ed. São Paulo: Cortez,
2001.
OECD. Education at a Glance 2016: OECD indicators. Paris: OECD, 2016. Disponível
em:<http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/eag/documentos/2016/re-
latorio_education_at_a_glance2016.PDF>. Acesso em: 25 nov. 2018.
OECD. Pisa 2015. Disponível em: <http://www.compareyourcountry.org/pisa/country/
bra?lg=en>. Acesso em: 25 nov. 2018.
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2015
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