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Introdução TCC

INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA RESPIRATORIA NO PÓS OPERATÓRIO DE CIRURGIA DE


REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCARDIO

A cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) é uma das mais


frequentes cirurgias realizadas em todo o mundo. Porém, toda cirurgia cardíaca
(CC) é um procedimento complexo que implica alteração de vários
mecanismos fisiológicos, contato com medicamentos e materiais que podem
ser nocivos ao organismo, além de impor um grande estresse orgânico,
necessitando de cuidados pós-operatórios intensos a fim de preservar uma boa
recuperação do paciente. Além disso, esta cirurgia resulta em importantes
alterações na força e função dos músculos respiratórios e na qualidade de vida
de indivíduos submetidos a tal procedimento (ANONNI et al., 2013; AIKAWA et
al., 2015; BORGES et al., 2016).
A doença coronariana continuará a ser, nas primeiras décadas do século
XXI, a principal causa de mortalidade no mundo. Estudos recentes confirmam
essas previsões, demonstrando que nos dias atuais, trata-se da maior causa
de morbidade e mortalidade em países industrializados da Europa e da
América do Norte. No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis
por cerca de 30% de todos os óbitos, sendo o infarto agudo do miocárdio sua
principal causa.
Apesar das inúmeras alternativas para o tratamento da doença arterial
coronariana, a revascularização do miocárdio é uma opção com indicações
precisas de médio à longo prazo, com bons resultados, proporcionando a
remissão dos sintomas de angina e contribuindo para o aumento da
expectativa e melhoria da qualidade de vida dos pacientes com doença
coronariana [2].
A etiologia da disfunção pulmonar após uma cirurgia cardíaca (CC) de
coração aberto resulta da associação multifatorial entre a anestesia, o trauma
cirúrgico, a circulação extracorpórea (CEC), parada cardíaca, tempo de
cirurgia, tempo de ventilação mecânica e dor, causando, portanto, diminuição
da capacidade funcional residual (CFR), aumento do shunt intrapulmonar e
alargamento da diferença alvéolo-arterial de oxigênio (O2) [3-4].
Pacientes submetidos à CC desenvolvem, em sua maioria, disfunção
pulmonar pós-operatória (PO) com redução importante dos volumes
pulmonares [5-7], prejuízos na mecânica respiratória, diminuição na
complacência pulmonar e aumento do trabalho respiratório. A redução dos
volumes e capacidades pulmonares contribui para alterações nas trocas
gasosas, resultando em hipoxemia e diminuição na capacidade de difusão [3].
A reabilitação cardíaca (RC) promove alguns benefícios na diminuição
da morbidade e mortalidade de pacientes submetidos à cirurgia de
revascularização miocárdica (CRM) e doença aterosclerótica coronariana
(DAC). Programas de reabilitação cardíaca (PRC) promovem a melhora na
qualidade devida, melhora na força muscular, melhora na distância percorrida
no teste de caminhada dos seis minutos e melhora na capacidade funcional
(AIKAWA et al., 2014).
Em um estudo avaliou-se a morbimortalidade de homens e mulheres
submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica isolada e os fatores
relacionados às diferenças eventualmente encontradas, concluindo-se que o
sexo feminino apresentou maior mortalidade operatória, porém, não se mostrou
fator prognóstico independente para óbito; pacientes mais idosos, com
insuficiência renal e em situação emergencial apresentaram maiores índices de
óbito hospitalar.
A cirurgia cardíaca ocasiona reduções dos volumes e das capacidades
pulmonares, assim como redução da força muscular respiratória, o que
contribui para o aumento da incidência de complicações respiratórias. Está
associada com importante decréscimo da função pulmonar pós-operatória, e
que este, apresenta correlações com fatores de riscos clínicos como a doença
pulmonar pregressa, o tabagismo e a idade, além de riscos cirúrgicos, que
incluem o tempo de circulação extracorpórea (CEC), anestesia e tipo de
cirurgia. Refere ainda, que a presença de fatores de riscos como tempo de
CEC, idade e tabagismo influenciam no comportamento da capacidade vital,
com um restabelecimento mais lento no pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Recentemente, ensaios clínicos randomizados relataram a eficácia de
programas de reabilitação cardíaca (PRC) independentemente do formato dos
exercícios: aeróbicos, resistidos ou combinados em pacientes com doenças
coronarianas ainda em outros estudos foram investigados os efeitos do PRC
sobre a função vascular endotelial em pacientes com doença coronariana
estável, doença cardíaca isquêmica, infarto agudo do miocárdio e doença
cardíaca crônica (AIKAWA et al., 2015).

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS-OPERATÓRIO


A fisioterapia é frequentemente utilizada no pós-operatório de cirurgias
cardíacas para o tratamento de complicações pulmonares como atelectasia,
derrame pleural e pneumonia, na tentativa de acelerar o processo de
recuperação da função pulmonar, que ocorre normalmente apenas 15 dias
após o procedimento cirúrgico [16].
Alguns recursos podem ser utilizados para realizar a fisioterapia
respiratória no pós-operatório de cirurgia cardíaca, tais como manobras
fisioterapêuticas, pressão positiva contínua, pressão aérea positiva de dois
níveis, pressão expiratória, respiração intermitente com pressão positiva e
incentivador respiratório, que são seguros, fáceis de aplicar e podem ser
utilizados durante todo período pós-operatório. Existem diferenças técnicas
entre esses recursos, pois cada um tem uma ação específica para a
recuperação da função pulmonar e da mecânica respiratória.
No período pós-operatório o fisioterapeuta tem como objetivos: a
higienização brônquica, evitar colapso e consolidação pulmonares, ajudar o
paciente a manter boa postura, manutenção da mobilidade de ombro, pescoço,
tronco e pernas, evitar trombose venosa profunda tardia, restaurar a confiança
do paciente, aumentar a tolerância aos exercícios. (IRWIN, 1994).
As complicações pulmonares constituem o grupo mais frequente
observado no pós-operatório de cirurgia cardíaca. A instituição de medidas
preventivas e o reconhecimento precoce dos potenciais de complicações
pulmonares, após cirurgia ou trauma de grande porte, trazem como benefícios
uma significativa redução da mortalidade ou morbidade (IRWIN, 1994).
Na anestesia a capacidade residual funcional pode diminuir até 30% nas
primeiras 24 horas de pós-operatório e permanecer reduzida por muitos dias.
Isso está relacionado à disfunção diafragmática que parece estar associada
com o aumento do tônus abdominal decorrente de um espasmo muscular
reflexo e/ou a uma redução do reflexo na atividade do nervo frênico. A redução
no volume pulmonar também diminui a complacência pulmonar, aumenta a
resistência da via aérea provocando atelectasia. (PRYOR, 2002).
Uma intervenção fisioterapêutica corretamente prescrita durante o pós-
operatório de revascularização do miocárdio proporciona numerosos benefícios
para pacientes cardíacos devidamente selecionados, reduzindo
significantemente o número de complicações nesse período. As Complicações
pulmonares são as maiores causas de mortalidade e morbidade após cirurgia
cardíaca. As estatísticas mostram que uma intervenção fisioterapêutica bem
programada com base na análise dos sinais e sintomas do paciente é de
grande ajuda na sua recuperação. (TIDY, 2002).
A aplicação da fisioterapia tem se destacado de forma essencial na
reabilitação de pacientes cirúrgicos cardiovasculares a fim de melhorar o
condicionamento cardiovascular e evitar ocorrências tromboembólicas e
posturas antálgicas, fazendo com que os pacientes acometidos tenham maior
independência física e segurança diante a alta hospitalar e posterior
recuperação das atividades de vida diária (AVD).
A fisioterapia na reabilitação cirurgia de revascularização do miocárdio
atua melhorando a qualidade de vida dos pacientes que foram submetidos a
este procedimento, tanto no pré-operatório, assim como no pós-operatório,
dentro dessa premissa o presente trabalho teve como objetivo realizar uma
revisão bibliográfica sobre a relevância das intervenções fisioterapêuticas
respiratória no pós-operatório da cirurgia de revascularização do miocárdio.

REFERENCIAS
 Feltrim MIZ, Jatene FB, Bernardo WM. Em pacientes de alto risco,
submetidos à revascularização do miocárdio, a fisioterapia respiratória
pré-operatória previne as complicações pulmonares? Rev Assoc Med
Bras.2007;53(1):1-12.
 Leguisamo CP, Freitas MF, Maciel NF, Donato P. Avaliação da dor e da
função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia de
revascularização miocárdica. Fisioterapia Brasil. 2007;8(1):14-8.
 Jerre G, Beraldo MA, Silva TJ, Gastaldi A, Kondo C, Leme F, et al.
Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica. Ver Bras Ter Inten.
2007;19(3):399-407.
 Guizilini S, Gomes WJ, Faresin SM, Bolzan DW, Alves FA, Catani R, et
al. Avaliação da função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia de
revascularização do miocárdio com e sem utilização de circulação
extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2005;20(3):310-6.
 AIKAWA et al. Effects of Physical Training on Endothelium After
Coronary Artery Bypass Graft. RevBrasMed Esporte – Vol. 21, No 6 –
Nov/Dez,2015.

 AIKAWA et al. Reabilitação cardíaca em pacientes submetidos À cirurgia


de revascularização do miocárdio. Rev Bras Med Esporte – Vol. 20, No
1 – Jan/Fev, 2014.

 Almeida KS, Novo AFMP, Carneiro SR, Araújo LNQ. Análise das
variáveis hemodinâmicas em idosos revascularizados após mobilização
precoce no leito. Rev Bras Cardiol. 2014;27(3):165-171.

 Atuação Fisioterapêutica No Pós-Operatório De Revascularização Do


Miocárdio. SABINO et al; 2018. Revista Científica do Centro
Universitário de Jales (Unijales).
 BARBOSA, R.A.G.; CARMONA, M.J.C. Avaliação da função pulmonar
em
pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea.
Revista.
 Brasileira de Anestesiologia. Campinas, v. 52, n. 6, nov./dez. 2002.
IRWIN, S; TECKLIN, J. S. Fisioterapia Cardiopulmonar. 2° Edição. São
Paulo. Ed. Manole 1994.
 PRYOR, J. A. e WEBBER, B. A.. Fisioterapia para problemas
respiratórios e cardíacos. Ed. Guanabara Koogan. 2a edição. Rio de
Janeiro. 2002.
 REGENGA, M. de M. Fisioterapia em cardiologia da UTI à reabilitação.
São Paulo. Ed. Rocca. 2000.
 SAAD. A.B; ZAMBOM.L Variáveis clínicas de risco pré-operatório.
Estudo
realizado na Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Ciências
Médicas, Serviço de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Hospital das
Clínicas. Campinas-SP

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