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PREVENTIVA
E PRIMEIROS
SOCORROS
Atuação da
fisioterapia no pré
e pós-cirúrgico
Aline Andressa Matiello
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os profissionais de fisioterapia podem atuar em conjunto com os demais profis-
sionais de saúde na atenção aos pacientes que precisam realizar procedimentos
cirúrgicos. Nesses casos, a fisioterapia pode contribuir com a redução de com-
plicações, a melhoria do processo de reparo tecidual e a prevenção e manejo de
comprometimentos funcionais que podem se instalar em decorrência das cirurgias.
Neste capítulo, você vai ver como os fisioterapeutas podem atuar junto aos
pacientes cirúrgicos nas fases pré e pós-cirurgia. Além disso, vai conhecer os
recursos que costumam ser empregados e as particularidades de cada fase de
intervenção.
2 Atuação da fisioterapia no pré e pós-cirúrgico
saudável. Por exemplo, Mauad et al. (2009) citam que algumas correntes elé-
tricas podem ser empregadas para melhorar a qualidade da pele das mamas
antes da realização de mamoplastias de aumento, proporcionando uma pele
mais hidratada, elástica e com melhor metabolismo, o que contribui para o
resultado estético do procedimento.
As correntes elétricas podem ainda ser utilizadas para estimular a con-
tração muscular, minimizando os efeitos da imobilidade sobre o tecido mus-
cular. Nesse caso, destaca-se a utilização da corrente russa, uma corrente
excitomotora que simula a contração muscular e previne e ameniza as perdas
do tecido muscular no pós operatório tardio. Além disso, essas correntes
excitomotoras podem ser aplicadas em tratamentos pré-operatórios quando
o objetivo for melhorar a qualidade do tecido muscular. Por exemplo, em
pacientes que vão se submeter à cirurgia de lipoaspiração, a cirurgia remove
o tecido adiposo, sem melhorar o funcionamento do tecido muscular. Por
isso, esse procedimento não auxilia no tratamento da flacidez muscular.
Nessas situações, quando o paciente apresenta um quadro de hipotrofia
muscular além de gordura localizada, o profissional pode utilizar as correntes
excitomotoras para estimular a melhora do tônus muscular antes mesmo da
cirurgia; melhorando o resultado estético final.
A fototerapia é outra abordagem voltada aos tratamentos fisioterapêuticos
em cirurgias. Ela inclui o uso do laser de baixa potência e do LED (light-emitting
diode). Esses recursos utilizam a energia luminosa como meio terapêutico.
Silveira et al. (2020) citam que o laser promove efeitos fisiológicos, como a
analgesia e o incremento da microcirculação (reduzindo a isquemia tecidual),
e pode ser utilizado na cicatrização de feridas pós-operatórias por acelerar o
processo de reparo tecidual. Seu uso deve ser evitado em tecidos infectados,
na região anterior do pescoço, sobre as carótidas, em região abdominal e
sobre órgãos reprodutivos. Além disso, é contraindicado para pacientes em
uso de medicamentos fotossensíveis.
O LED também promove esses efeitos fisiológicos, tendo resultados se-
melhantes ao uso do laser. Meyer et al. (2010) sugerem a utilização do LED de
cor vermelha e do verde para os tratamentos pós-operatórios, uma vez que
eles atuam com finalidade anti-inflamatória. Nesse sentido, Borges (2010)
enfatiza o uso do LED nos casos de feridas pós-operatórias abertas por
deiscência, evitando processos infecciosos. O uso dos recursos de fototerapia
permite ainda a formação de uma cicatriz de melhor qualidade, por isso eles
são utilizados no pós-operatório, em diferentes fases. Assim como alguns
recursos de eletroterapia, eles podem ser utilizados na fase pré-operatória,
quando o objetivo for melhorar a qualidade da pele.
Atuação da fisioterapia no pré e pós-cirúrgico 11
Fase pré-operatória
O fisioterapeuta tem um papel importante antes da realização da cirurgia.
A partir da história clínica dos pacientes e da avaliação fisioterapêutica,
o profissional pode identificar condições de risco e estabelecer medidas
preventivas mais efetivas (DELIBERATO, 2017).
Nessa fase, as ações devem estar voltadas para a educação e orientação
do paciente. Também deve-se voltar à preparação dos tecidos para o proce-
dimento cirúrgico e à maximização das funções motoras, cardiovasculares
e respiratórias, minimizando os impactos do procedimento cirúrgico e da
imobilização sobre os tecidos.
Sobre as ações educativas, é primordial que o fisioterapeuta explique
detalhadamente os impactos da cirurgia para os sistemas, as possíveis com-
plicações que podem se instalar e, principalmente, as formas de amenizar
essas situações. Informações sobre cuidados com posicionamento e cuidados
com a cicatriz no pós-operatório são importantes. Além disso, na presença de
fatores de risco para complicações cirúrgicas, como uso de cigarro e bebida,
o paciente deve ser instruído a mudar de hábitos, a fim de contribuir com a
sua recuperação pós-operatória.
Ações voltadas para a melhoria da capacidade cardiorrespiratória são
essenciais. Para isso, é possível adotar o uso de incentivadores respiratórios e
de exercícios terapêuticos. Também deve-se educar o paciente sobre maneiras
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Referências
BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas: dermato-funcional.
2. ed. rev. e amp. São Paulo: Phorte, 2010.
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia preventiva: fundamentos e aplicações. 2. ed. Barueri:
Manole, 2017.
FRUGES, A. L. M.; SILVA, C. A.; LOPES, A. D. Técnicas e recursos em fisioterapia ortopédica. In:
CAVALHEIRO, L. V.; GOBBI, F. C. M. (coord.). Fisioterapia hospitalar. Barueri: Manole, 2012.
p. 97-108. (Coleção Manuais de Especialização Albert Einstein).
GIOVANETTI, E. A. Técnicas e recursos em fisioterapia respiratória. In: CAVALHEIRO,
L. V.; GOBBI, F. C. M. (coord.). Fisioterapia hospitalar. Barueri: Manole, 2012. p. 83-96.
(Coleção Manuais de Especialização Albert Einstein).
MAUAD, R. et al. Cirurgia do contorno corporal. In: MAUAD, R. (org.). Estética e cirurgia
plástica: tratamento no pré e pós-operatório. 3. ed. São Paulo: Senac, 2009. p. 15-44.
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