A pulsoterapia é um tipo de terapia que utiliza a via endovenosa para a
administração de altas doses de corticosteroides, por três ou mais dias, em dias alternados, com o objetivo de causar um certo nível de imunossupressão no organismo humano a fim de diminuir o processo inflamatório de doenças que atingem o tecido conjuntivo, tais como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Esclerose Múltipla, rejeição de transplante de órgãos, entre outras.
Os corticoesteróides são um grupo de hormônios esteróides que podem
ser naturalmente produzidos pelas glândulas suprarrenais ou derivados sintéticos, sendo considerados uma das classes farmacológicas mais importantes com funções imunossupressoras, antiinflamatórias, antiprofilerativas e anti-alérgicas. Seu principal mecanismo de ação é a inibição da cascata do ácido araquidônico, que é um componente natural do organismo humano sendo liberado após alguma lesão ou estímulo celular e que, por conseguinte, serve como substrato para a liberação de outros mediadores inflamatórios como as prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos (eicosanóides) através das vias lipoxigenase e cliclooxigenase. Assim, desequilíbrios na homeostase desses fatores podem resultar em distúrbios respiratórios (como a asma e rinite alérgica), artrite, doenças cardiovasculares e renais.
Os esteróides mais utilizados na pulsoterapia são a prednisolona,
dexametasona e metilprednisolona , podendo haver a associação com agentes antineoplásicos como a ciclofosfamida. Como a terapia possui um grande efeito anti-inflamatório e imunossupressor, pode haver diversos efeitos colaterais como distúrbios metabólicos e supressão do eixo hipófise- hipotálamo-adrenal, por isso há a necessidade de administrar essa terapia em ambiente hospitalar. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão o rash cutâneo, alteração temporária do humor, distúrbio de sono, hiperglicemia, arritmias, bradicardia sinusal, hipertensão arterial e o alto risco de infecção devido a imunossupressão. Dentre as patologias para as quais a pulsoterapia é mais indicada está o LES, artrite reumatóide e esclerose múltipla. Sobre o LES sabemos que ele é uma doença de caráter auto-imune, sem etiologia definida, que atinge múltiplos orgãos, promovendo a exarcebação de manifestações clínicas localizadas (lesões vasculares, renais, musculo esqueléticas, pulmonares e hematológicas) e sistêmicas/gerais (fadiga, febre, perda de peso, linfadenopatia), e afeta, marjoritariamente, mulheres jovens, na faixa etária de 20 a 40 anos. Já a esclerose múltipla é uma doença neurodegenerativa e inflamatória crônica que afeta o sistema nervoso central, em que há epsódios de exarcerbação de sintomas a partir da presença de células inflamatórias que causam a desminielização e lesionam o SNC. Em ambos os casos, a terapia com corticoesteróides vai objetivar controlar o processo inflamatório, buscando neutralizar os efeitos da doença, a fim de estabilizar as crises, e segundo estudos, pacientes tratados com imunomoduladores podem retardar em até 03 anos as incapacidades geradas pela EM.
Antes de preescrever e administrar um corticoestéroide é preciso entender
seus efeitos clínicos e que eles dependem de dois aspectos: farmacocinética e farmacodinâmica. Ou seja, sabe-se que esses corticoesteróides possuem um tempo de meia-vida, isto é, tempo pelo qual vão continuar fazendo efeito no organismo de acordo com a quantidade administrada, e que após isso são metabolizados pelo fígado e em seguida excretados pelos rins. Logo, a dosagem e a frequência de administração da pulsoterapia vão depender da situação clínica de cada indivíduo, assim como os possíveis efeitos colaterais e reações adversas, levando-se em conta que quanto maior o tempo de meia vida, mais tempo o medicamento permanecerá fazendo efeito no organismo visto que leva mais tempo para se degradar.
Em virtude de os profissionais de enfermagem serem os responsáveis pela
administração da pulsoterapia, é imprescindível o planejamento da assistência de enfermagem direcionada definição de objetivos, cuidados, prescrição e manejo das possíveis intercorrências. Por isso, é míster que o enfermeiro conheça a farmacologia da medicação, sobretudo seu tempo de meia-vida, bem como seus principais efeitos colaterais. Assim como, defina a rotina de aferição dos sinais vitais, verificação da glicemia, pressão arterial, sódio e potássio sérico e realização de ECG.
Entre os diagnósticos de enfermagem mais comuns em pessoas
submetidas a pulsoterapia estão: adaptação prejudicada, déficit de conhecimento, déficit de lazer, excesso de volume de líquidos e distúrbio de autoestima. E entre os cuidados de enfermagem aplicados estão: avaliar estado geral, nutricional e nível de dependência, realizar exame físico dirigido antes, durante e após cada sessão, realizar punção com catéter de média duração em veia calibrosa, proporcionar condições para sono e repouso e incentivar o autocuidado.
REFERÊNCIAS
REIS, M. G.; LOUREIRO, M. D. R.; DA SILVA, M. G. Aplicação da metodologia
da assistência a pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico em pulsoterapia:uma experiencia docente. Revista Brasileira de Enfermagem, abril/2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-71672007000200020. ROZENCWAIG, D. et al. Assistência de enfermagem ao paciente em pulsoterapia com corticosteroide. Einstein, São Paulo, out/2008
COUTINHO, I. A. et al. Hipersensibilidade a corticoesteróides – Uma
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