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DISFAGIA E ODINOFAGIA

A deglutição normal apresenta quatro fases: oral, preparatória, faríngea e


esofágica. A disfagia é qualquer dificuldade na deglutição, resultante de qualquer
interferência na precisão e sincronia dos movimentos de músculos e estruturas
associadas à deglutição, que resultam em inabilidade, seja por debilidade no controle
pelo sistema nervoso central (SNC) ou disfunção mecânica (CUPPARI, 2014).

As disfagias não são consideradas uma doença, mas sintoma de alguma doença
de base. Estão associadas ao aumento de morbimortalidade, podendo conduzir a uma
variedade de complicações clinicas e nutricionais como: desidratação, desnutrição e
pneumonia aspirativa. Assim sendo, uma descoberta precoce da disfagia feita por um
fonoaudiólogo é fundamental para prevenir futuras complicações clinicas.

É classificada em orofaríngea e esofágica, sendo a orofaríngea decorrente de


anormalidades que afetam o mecanismo neuromuscular de controle do movimento do
palato, faringe e esfíncter esofágico superior. A dificuldade está em iniciar o ato de
deglutição, podendo ocorrer engasgos, mas é comum a ocorrência de forma silenciosa,
isto é, sem engasgos que é diagnosticada com avaliação do fonoaudiólogo. A ocorrência
pode estar relacionada a problemas no SNC (acidente vascular encefálico, doença de
Parkinson, esclerose múltipla, neoplasias) ou a distúrbios neuromusculares (miastenia
grave, poliomielite bulbar) (CUPPARI, 2014).

A disfagia esofágica é decorrente de distúrbios que afetam o esôfago, resultando


em dificuldade na propulsão através do esôfago. Esse processo pode ser alterado por
diversas causas, como obstruções que invadam a luz do órgão (neoplasias, divertículos,
etc.), alterações manométricas, espasmos difusos, distúrbios não específicos de
motilidade, ou, ainda, por aquelas secundárias a processos de degeneração crônica dos
tecidos (esclerose e escleroderma) (CUPPARI, 2014).

A odinofagia (dor ao engolir) pode interferir na ingestão alimentar em alguns


pacientes com câncer de boca ou esôfago (MAHAM et al., 2013).

DESNUTRIÇÃO

O desenvolvimento e crescimento do tumor produzem uma série de alterações


metabólicas no metabolismo energético e no metabolismo de carboidratos, proteínas e
lipídios, compatíveis com o estresse metabólico causado pelo câncer. No início do
desenvolvimento do tumor, a maioria dos pacientes não apresenta nenhum sintoma ou
alteração, porém dependendo da localização e da taxa de crescimento, a presença do
tumor pode causar anorexia e aumentar o gasto energético do organismo, por causa do
aumento da utilização de nutrientes essenciais para o seu crescimento e a produção de
substâncias químicas, chamadas citocinas (CUPPARI, 2014).

O grau e a prevalência da desnutrição dependem do tipo, localização e do estágio


do tumor, dos órgãos envolvidos, dos tipos de terapia antitumoral utilizada e da resposta
do paciente. Dependendo da localização do tumor, as consequências no estado
nutricional podem ser agravadas.

A desnutrição proteica - energética em pacientes com carcinoma esofágico é


comum e preocupante. Eles apresentam problemas nutricionais preexistentes, devido à
disfagia, tumoração e associação frequente com o tabagismo e o etilismo.

A avaliação nutricional proporciona estimativas da composição corpórea em


gordura, proteína muscular esquelética e proteína visceral, o que contribui à
identificação de pacientes sob risco de desnutrição causada pelo câncer e à avaliação
quantitativa da depleção nutricional dos pacientes já desnutridos (GALLON et al.,
2010).

CÂNCER DE ESÔFAGO

O câncer de esôfago é uma neoplasia com incidência crescente, com taxas de


mortalidade próximas às taxas de incidência, sendo o carcinoma de células escamosas o
mais comum e fortemente relacionado ao tabagismo e etilismo. O risco de desenvolver
esse tumor é maior em pessoas que ingerem alimentos e bebidas quentes (mate) e que
possuem nutrição deficiente (hipovitaminose A, C e E). Manifestações clínicas dessa
doença são: disfagia, odinofagia, desconforto retroesternal, vômitos e emagrecimento
(MONTEIRO et al., 2009).

O câncer de esôfago é considerado como a terceira neoplasia mais comum do


trato gastrintestinal, situando-se entre as dez neoplasias mais prevalentes no mundo.
Assim como ocorre com os outros tumores, o diagnóstico precoce e a conduta
terapêutica adequada constituem parte fundamental do sucesso terapêutico (PINTO et
al., 2007).
O tipo escamocelular ou carcinoma de células escamosas (CCE) é o mais
frequente, entretanto, estudos em países ocidentais evidenciam um declínio modesto na
frequência desse tumor, e uma elevação dramática na frequência do tipo
adenocarcinoma (AC). O diagnóstico do câncer de esôfago frequentemente é tardio,
uma vez que, o principal sintoma, disfagia, não ocorre até que o tumor tenha crescido o
suficiente para causar sintomas obstrutivos. Os pacientes se ajustam à sua maior
dificuldade de deglutição, alterando progressivamente sua dieta de alimentos sólidos
para líquidos. Com a progressão da obstrução, dor e salivação excessivas ocorrem
habitualmente, juntas com perda ponderal progressiva, sangramento, dor torácica e
vômitos (MONTEIRO et al., 2009).

FIRME, Lisandra Eifer; GALLON, Carin Weirich. Perfil Nutricional de Pacientes com Carcinoma
Esofágico de um Hospital Público de Caxias do Sul. Revista Brasileira de Cancerologia, 56(4): p.
443-451, 2010. Disponível em: <http://www.inca.gov.br
/rbc/n_56/v04/pdf/06_artigo_perfil_nutricional_pacientes_ carcinoma_esofagico_hospital
_publico_caxias_sul.pdf >. Acesso em: 21 de Maio de 2019.

MONTEIRO, Nonato Mendonça Lott et al. Câncer de Esôfago: perfil das manifestações clínicas,
histologia, localização e comportamento metastático em pacientes submetidos a tratamento
oncológico em um Centro de Referência em Minas Gerais. Revista brasileira de cancerologia,
v. 55, n. 1, p. 27-32, 2009. Disponível em: <http://scholar.google.com.br/scholar?
q=tabagismo+e+cancer+de+esofago&btnG=&hl=pt-BR&as_ sdt=0%2C5>. Acesso em: 22 de
Maio de 2019.

CUPPARI, Lílian. Nutrição Clinica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar -


Nutrição - Nutrição Clínica no Adulto - 3ª Ed. 2014 - Lilian Cuppari

MAHAM, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª edição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2012.

PINTO, Carlos Eduardo et al. Tratamento Cirúrgico do Câncer de esôfago.


Disponível em: http://www1.inca.gov.br/rbc/n_53/v04/pdf/artigo4.pdf. Acesso em: 22 de
Maio de 2019.

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