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Condições dolorosas e

geniturinárias
Prescrever
Roteiro da aula
o Dor e inflamação
 Fisiopatologia e sinais cardinais da inflamação
 AINEs
 Corticoides
 Dor de cabeça
 Dor lombar
o Condições Geniturinárias
 Cistite
 Dismenorreia
 Candidíase vaginal
o Contraceptivos hormonais
Dor e inflamação
DOR

“Uma experiência sensorial e emocional desagradável


associada a um dano real ou potencial de tecidos ou descrita
em termos de tal dano”
MERSKEY; BOGDUK, 2006

Dor Aguda Dor Crônica


Dura curto período de tempo, Persiste mesmo depois que o estímulo
associada a persistência de estímulo desaparece, como uma memória – Dura
doloroso (p.ex. cicatrização) >3 meses (p.ex. dor neuropática)
INFLAMAÇÃO| Fisiopatologia
Estímulo lesivo
(físico, químico ou biológico)

Liberação: Lesão celular e


Ativação do liberação de
histamina, cininas,
sistema enzimas
prostaglandinas,
complemento intracelulares
leucotrienos

Reação Inflamatória Aguda


INFLAMAÇÃO| Fisiopatologia
Estímulo lesivo que resulta em uma série de
eventos relacionados, entre os quais:
 ↑ fluxo sanguíneo
 Maior permeabilidade vascular
 Formação de exsudato
 Acúmulo de leucócitos e proteínas plasmáticas

Essas alterações resultam em sinais e


sintomas característicos da inflamação
 Sinais Cardinais
INFLAMAÇÃO | Sinais cardinais
Calor: ↑ fluxo sanguíneo e ↑
metabolismo celular
Rubor: Hiperemia e vasodilatação
Edema: ↑ permeabilidade vascular
RUBOR CALOR EDEMA Dor: pela liberação de sinalizadores
químicos nas terminações nervosas e pela
compressão mecânica (edema) dos nervos
Perda da função: consequência dos 4
sinais anteriores

PERDA DE
DOR
FUNÇÃO
AINEs
EICOSANOIDES
o Compostos potentes e com amplo espectro de atividades biológicas

Justifica o amplo potencial terapêutico dos eicosanoides,


antagonistas de seus receptores, seus inibidores enzimáticos,
além de precursores presentes em plantas e óleo de peixe.

o O ácido araquidônico é o maior precursor Eicosanoides:


de eicosanoides - Prostaglandinas
- Tromboxanos
- Leucotrienos
Cascata da Inflamação
Fosfolipídeos Eicosanoides:
- Prostaglandinas TXA2
- Tromboxanos
- Leucotrienos
Fosfolipase A2 Tromboxano
Sintetase
Prostaciclina
Ciclooxigenases Peroxidase Sintetase
Ácido Araquidônico PGG2 PGH2 PGI2
COX-1
COX-2

5-lipooxigenase 15-lipooxigenase

PGD2
PGE2 PGF2α
LTA4

LTC4 LTB4 12-lipooxigenase

Lipoxinas
LTD4 LTE4 AeB
12-HETE
Cascata da Inflamação
Fosfolipídeos Eicosanoides:
- Prostaglandinas TXA2
- Tromboxanos
- Leucotrienos

X
Fosfolipase A2 Tromboxano
Sintetase
Prostaciclina
Ciclooxigenases Peroxidase Sintetase
Ácido Araquidônico PGG2 PGH2 PGI2
COX-1
COX-2

5-lipooxigenase 15-lipooxigenase

PGD2
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS
LTA4 PGE2 PGF2α

LTC4 LTB4 12-lipooxigenase


Lipoxinas
LTD LTE AeB
12-HETE
4 4
Ações farmacológicas dos AINES

Efeito anti-
inflamatório

Efeito Efeito
analgésico antipirétic
o
Ácido araquidônico

COX-1 COX-2
É constitutiva É induzível

Prostaglandinas Prostaglandinas

Citoproteção GI Inflamação
Agregação plaquetária Dor
Função renal Febre
Classificação química
Inibidores não-seletivos da
Inibidores seletivos da COX-2
COX

• Ácido acetilsalicílico • Celecoxibe, etoricoxibe,


• Indometacina lumiracoxibe
• Cetorolaco • Etodolaco
• Ibuprofeno • Diclofenaco
• Naproxeno • Nimesulida
• Cetoprofeno • Meloxicam, tenoxicam
• Fenoprofeno
• Piroxicam
• Ácido mefenâmico
• Fenilbutazona
Funções das PGs e efeitos dos AINES
PGs Função Efeitos dos AINES
PGE2 Sensibilização das terminações nervosas das Analgésico
PGI2 fibras nociceptoras; vasodilatação Agregação plaquetária
PGI2: antiagregação
PGE2 Centro termo-regulador (febre) Antipirético

TXA2 Potente agregante plaquetário e vasocontritor Anti-agregante plaquetário

PGI2 na mucosa Citoprotetor da mucosa gastrointestinal Epigastralgia, náuseas, gastrite,


gástrica Diminui secreção de HCl e aumenta a secreção sangramento GI, úlceras pépticas
de muco
PGE2 renal Vasodilatação Retenção de sódio/fluidos
Inibe reabsorção de Na/H20 (edema). Diminuição da TGF
PGE2 e PGF2a – Gravidez: contrações Prolongamento da gestação
útero Não-grávida: dismenorreia Broncoconstrição
Caso Clínico
• Paulo, 66 anos. Foi à farmácia comprar um medicamento para dor
muscular.
- Qual você indicaria?
Caso clínico
• Perguntas que devem ser feitas pelo farmacêutico:
1) Onde dói?
Dói a região lombar
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Quando caminho
3) Há sintomas associados? Quais?
Não
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Começou nesta semana. Piora quando levanto
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Uso enalapril, anlodipino, sinvastatina, metformina e aspirina. Tenho hipertensão e diabetes,
por isso tenho medo de tomar outros medicamentos.
Caso clínico
• Perguntas que devem ser feitas pelo farmacêutico:
1) Onde dói?
Dói a região lombar
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Quando caminho
3) Há sintomas associados? Quais?
Não
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Começou nesta semana. Piora quando levanto
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Tomo aspirina e sinvastatina. Tenho o colesterol alto só. Por enquanto só tomei uma vez o
paracetamol e não melhorou muito...
Caso clínico
• Perguntas que devem ser feitas pelo farmacêutico:
1) Onde dói?
Dói a região lombar
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Quando caminho
3) Há sintomas associados? Quais?
Não
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Começou nesta semana. Piora quando levanto
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Utilizo Seretide® e Aerolin® quando tenho crise de asma. Ainda não tomei nada para esta dor.
Efeitos indesejáveis dos AINEs não seletivos
Maiores riscos com o uso em doses altas e por um período prolongado, mas pode ocorrer no início
da terapia

Distúrbios gastrointestinais:

• Inibição de síntese de PGE2 que atenua a síntese de ácido gástrico e possui ação protetora da
mucosa (secretora de muco)

• Cerca de 40 % dos pacientes que fazem uso crônico de inibidores não seletivos da COX
apresentam: dispepsias, náuseas, vômitos, sangramento gástrico e ulceração
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos

• O risco gastrointestinal é aumentado pela presença de um ou mais dos seguintes fatores:

• História anterior de um evento gastrointestinal (úlcera, hemorragia)


• Idade> 60
• Dose alta de um AINE
• Uso concomitante de glicocorticoides e o uso concomitante de agentes
antiplaquetários (ex: AAS, clopidogrel) e anticoagulantes (por exemplo, antagonistas da
vitamina K, heparina, inibidores diretos da trombina e inibidores diretos do fator Xa)
• Uso crônico, em oposição ao uso de curto prazo
• Infecção por Helicobacter pylori não tratada
• Uso de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS)
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
Critérios para proteção gástrica

Alto risco para problemas gastrointestinais


História de úlcera prévia complicada
Mais de 2 fatores de risco abaixo

Moderado risco (1-2 fatores de risco)


Idade ≥65 anos
Alta dose de AINE
História de úlcera não complicado
Uso concomitante de AAS (mesmo em dose baixa), glicocorticoides ou
anticoagulantes
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
Efeitos renais:

• Doses terapêuticas de AINEs para pacientes sadios oferece baixo risco para a função renal
• Pacientes susceptíveis (pacientes idosos, crianças, doença cardiovascular): reversível com a
suspensão do tratamento com AINEs.
• Inibição da síntese de PGs (PGE2 e PGI2)
• Pacientes com TGF < 30ml/min 🡪 todos os AINES devem ser evitados/contraindicados
• Maiores riscos associados aos coxibes
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos

Diuréticos + IECA/BRA + AINE  aumento


de IRA em 31% (Lapi, 2013)
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
• Efeitos cardiovasculares

- Dose-dependente
- Aumento da PA e exacerbação do ICC: fenômeno dose-dependente e envolve a
inibição de COX-2 nos rins  reduz a excreção de Na+  retenção de líquidos e
edema
- Aspirina na dose antiplaquetária não interfere na PA/ICC
- Os riscos de IAM, AVC e morte CV são pequenos em tratamentos curtos
- Pacientes recém hospitalizados por IAM e ICC não devem utilizar AINES
- Risco de tromboembolismo aumenta em quase 2x
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
• Efeitos cardiovasculares

O mecanismo pelo qual os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) levam a um


aumento nos eventos cardiovasculares, como isquemia miocárdica e acidente
vascular cerebral, está provavelmente relacionado ao seu impacto na inibição da
ciclooxigenase 2 (COX-2), que está associada à redução da prostaglandina I2
(PGI2 ou prostaciclina). A redução relativamente seletiva da atividade da
prostaciclina pode predispor à lesão endotelial e agregação plaquetária.
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
• Pacientes de alto risco cardiovascular:
- DAC
- AVC
- DAOP
- Diabetes
- DRC (TGF <60ml/min)

Calcular o risco
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
• Efeito cardiovascular (ICC, SCA e mortalidade):
- Coxibes estão associados à maiores riscos (*rofecoxibe)
- Diclofenaco (praticamente semelhante aos coxibes)
- Ibuprofeno (porém maior risco de AVC)

Opção mais seguras (efeitos vasculares): naproxeno


Paracetamol/dipirona quando o efeito anti-inflamatório não é necessário

Em julho de 2015 o FDA reforçou a necessidade de alerta advertindo que os AINEs podem aumentar o
risco de IAM ou AVC. Além disso, a FDA alegou que não existem informações suficientes para
determinar se o risco é mais elevado ou mais baixo entre os diferentes AINEs.
Efeitos indesejáveis dos AINEs não
seletivos
Reações cutâneas (hipersensibilidade)
⮚Erupções cutâneas, urticária e reações de fotossensibilidade frequente (10%) com o uso do
ácido mefenânico e AAS

Outros efeitos menos comuns:


 Efeitos no SNC (disfunção cognitiva, psicose)
 Distúrbios na medula óssea
 Alterações hepáticas
 Ação anti-plaquetária:
 Broncoespasmo em indivíduos asmáticos – aspirina / cetorolaco
 Gravidez: retardo no trabalho de parto
Diclofenaco sódico x potássico
• Não apresentam diferenças farmacodinâmicas nem farmacocinéticas significativas, haja visto
ambos serem administrados na mesma dose e absorvidos na forma ácida; ademais, a porção
da molécula que apresenta ação é o diclofenaco, comum a ambos;

• Porém, podem diferir quanto ao tempo de início e biodisponibilidade;

• O aumento da PA envolve a diminuição de PG renais...


Considerações dos AINES não-seletivos

• Efetivos no tratamento da dor aguda e crônica


• Eficácia dos AINES parece ser similar, porém a resposta individual é altamente variável
• Todos os AINES devem ser utilizados na menor dose eficaz e no menor tempo possível
• AINES tópicos representam boas opções para uma ação anti-inflamatória local, além de
possuírem menores ações sistêmicas
• Riscos de eventos gástricos são dose e idade-dependentes
• Piora da função renal
• Evitar em pacientes: com ClCr <60ml/min, sangramento G.I; disfunção plaquetária;
redução do débito cardíaco; hipertensão descontrolada; hipovolemia; asma; cirrose
Paracetamol
• Tem fraca atividade anti-inflamatória (não é considerado AINE), mas
apresenta atividade analgésica e antipirética;
• Efetivo para dor de origem não inflamatória;
• Baixa incidência de efeitos gástricos;
• Hepatotóxica;
• Não altera função plaquetária...
Dose usual:
• 500-750mg a cada 6 horas
Dose máxima:
• 3000mg
• 2000mg em pacientes com risco de hepatotoxicidade
• 4000mg em casos selecionados (por curto tempo)
Paracetamol

Qual é o problema do
paracetamol e álcool?
Inibidores preferenciais da COX-2
• Meloxicam
• Nimesulida
• Etodolaco
Inibidores seletivos da COX-2

• Celecoxib (Celebra): VO
• Etoricoxib (Arcoxia): VO Ação anti-inflamatória “perfeita”: inibe
COX-2 (↓ inflamação) sem afetar a COX-1
• Parecoxib (Bextra): IM, EV (↓toxicidade)

Ação anti-inflamatória e analgésica comparável aos AINES não seletivos


Efeitos adversos dos inibidores seletivos da
COX-2
• Cefaléia, tonturas, rashes cutâneos e edema periférico (retenção hídrica)

• Alterações cardiovasculares e AVCs:


- pequenas mas relevantes para pacientes susceptíveis
- expressão elevada de COX-2 em artérias ateroscleróticas
- inibidores específicos da COX-2 suprimem a produção de PGI2 pelas células
endoteliais (ação vasodilatadora e anti-agregante)
- Retenção de sódio e água
- Dose-dependente

EVITAR em pacientes com doença renal crônica, depleção de volume,


insuficiência hepática, doença CV
Riscos

AINE Risco GI Risco CV


Diclofenaco ++ +++
Ibuprofeno +++ ++
Naproxeno ++++ +
Celecoxibe + +++
Etoricoxibe + ++++
Interações medicamentosas

Fenitoína: Varfarina: Glicocorticóides:


AINES promovem AINES promovem O risco de toxicidade
deslocamento da ligação de deslocamento da ligação de gástrica aumenta
proteínas plasmáticas 🡪 proteínas plasmáticas 🡪 significativamente
aumenta concentração de aumenta concentração de
fenitoína livre 🡪 aumenta sua varfarina livre 🡪 favorece o
toxicidade Metrotexato /
sangramento
ciclosporina:
Antiplaquetários /
AINES diminuem a
Diminuição da eficácia anti- Anticoagulantes:
eliminação renal da
hipertensiva (*diuréticos; Aumento do risco de droga 🡪 aumenta a
iECA/BRA) sangramento toxicidade
Considerações para a escolha

• Considerar a real necessidade de um anti-inflamatório, pois há condições


em que somente um analgésico é necessário (paracetamol/dipirona)

• Pacientes que apresentam indicação formal de um anti-inflamatório e que


possuem alto risco para distúrbios gástricos devem ser tratados com
inibidores seletivos da COX-2 ou AINES não específicos em associação à
protetores gástricos.
Considerações para a escolha

• Para a escolha do AINE deve-se considerar os fatores de risco para


toxicidade de cada paciente:

- AINES com meia vida longa (celecoxibe, meloxicam, piroxicam) = geração


de metabólitos ativos + maior risco de RAM em idosos. Preferir AINES de
meia vida curta (ibuprofeno, diclofenaco, cetoprofeno). Porém, todos os
AINES devem ser evitados, por apresentarem um potencial risco para esta
população.
Considerações para escolha

Revisão, 2014

- Analgésicos na menor dose possível


- Preferir tratamento tópico; evitar AINEs
- Primeira linha: paracetamol 2g; outros estudos: coxibes
- Monitorar RAM: constipação, sedação e encefalopatia hepática
- AINES não são indicados devido à predisposição de dano renal e sangramento gastrointestinal
nesta população
- Cuidar com opioides 🡪 aumento do risco de encefalopatia hepática. Tramadol e metadona
representam uma opções mais seguras.
Corticoides
Eixo hipotalâmico-hipófise-suprarenal

CRH: hormônio de liberação


de Corticotropina

ACTH: Hormônio
adrenocorticotrópico ou
corticotropina
Ciclo Circadiano

Elevada
[cortisol] pela
manhã

Baixa [cortisol]
à noite
Ação dos glicocorticoides
• Metabolismo de carboidratos e proteínas
• Metabolismo de lipídeos
Reações adversas são dose-
• Equilíbrio hidroeletrolítico dependente e tempo-
• Sistema cardiovascular dependente

• Musculatura esquelética
• Ação anti-inflamatória e imunossupressora
Metabolismo de carboidratos e proteínas

• Aumenta a degradação e diminui a síntese de proteínas


atrofia muscular

• Estimula produção de glicose pelo fígado (gliconeogênese)


HIPERGLICEMIA

• Diminui captação de glicose pelas células HIPERGLICEMIA


Metabolismo de lipídeos

• Aumenta a lipólise
• Aumento de ácidos graxos livres
• Redistribuição da gordura
• Síndrome de Cushing ou hipercorticolismo
Outros efeitos
Gastrointestinais
- diminuição da produção da barreira de muco no estômago
- aumenta a produção de ácido clorídrico e pepsina

Metabolismo do Cálcio
- ↓absorção e ↑excreção Ca++
- Interfere na síntese de vitamina D
- Predisposição à osteoporose
Demais efeitos
Redução da
↓da atividade dos
atividade dos Redução da
Redução da função osteoblastos e ↑ da
neutrófilos, secreção de ACTH e
dos fibroblastos atividade dos
macrófagos e CRH
osteoclastos
linfócitos e citocinas

Anti- Menor Atrofia da


Osteoporose
inflamatório cicatrização adrenal
Efeitos em longo prazo
• Equilíbrio hidroeletrolítico
• Reabsorção de Na+
• ↑ excreção de K+ e H+
• Efeito cardiovascular
• Hipertensão
• Aterosclerose
• AVC
• Musculatura esquelética
• Atrofia
• Retardo crescimento
• ↓K+
Cascata de inflamação
Fosfolipídeos Eicosanóides:
- Prostaglandinas TXA2
- Tromboxanos
Fosfolipase A2 - Leucotrienos
Tromboxano
Sintetase
Prostaciclina
Ácido Ciclooxigenases Peroxidase Sintetase
PGG2 PGH2 PGI2
Araquidônico COX-1
COX-2

5-lipooxigenase 15-lipooxigenase

PGD2
LTA4 PGE2 PGF2α

LTC4 LTB4 12-lipooxigenase

Lipoxinas
LTD LTE 12-HETE AeB
4 4
Ação anti-inflamatória
Fosfolipídeos Eicosanóides:
- Prostaglandinas TXA2
- Tromboxanos
Fosfolipase A2 - Leucotrienos
Tromboxano

X
Sintetase
Prostaciclina
Ácido Ciclooxigenases Peroxidase Sintetase
PGG2 PGH2 PGI2
Araquidônico COX-1

X
COX-2

5-lipooxigenase 15-lipooxigenase

PGD2
LTA4 GLICOCORTICOIDES
PGE 2 PGF2α

LTC4 LTB4 12-lipooxigenase

Lipoxinas
LTD LTE 12-HETE AeB
4 4
Efeito dos corticoides
Indicações
• Terapia de reposição para pacientes com insuficiência supra-renal
• Transplante de órgãos
• Doenças neoplásicas (leucemias)
• Edema cerebral em pacientes com tumores cerebrais
• Terapia anti-inflamatória imunossupressora (asma)
• Reações alérgicas
• Doenças autoimunes: (Lúpus eritematoso, Anemia hemolítica, artrite reumatoide)
Indicações
• Prednisona, prednisolona e metilprednisolona
- Primeira escolha para tratamentos anti-inflamatórios e
imunossupressores a longo prazo

• Betametasona e dexametasona
- Usados em terapias anti-inflamatórias agudas (choque
séptico e edema cerebral)
Desmame de corticoide
• Retirada lenta e gradativa do corticoide para que ocorra a readaptação da
glândula supra renal
• Indicado para terapias ≥ 3 semanas
• Não há recomendações formais quanto o modo de desmame
Dose inicial
Redução
Prednisona ou equivalente
40mg ou mais 5-10mg/d a cada 1-2 semanas
40-20mg 5mg/d a cada 1-2 semanas
20-10mg 2,5mg/d a cada 2-3 semanas
10-5mg 1mg/d a cada 2-4 semanas
5mg ou menos 0,5mg a cada 2-4 semanas
Efeitos dos
corticoides
Segurança

Maiores RAM:

Osteoporose; cardiovascular (DAC, hipertensão); infecção


(exposições longas)
Caso clínico
• Luiza, 59 anos, foi à farmácia pedir um medicamento para dor, pois o
medicamento que toma não funciona mais direito. Relata tomar
Tylex® como automedicação há 2 meses.

O que você faria?


Caso clínico
• Perguntas que devem ser feitas pelo farmacêutico:
1) Onde dói?
Dói tudo, mas principalmente mãos e pés
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Nenhum
3) Há sintomas associados? Quais?
Sinto um formigamento na mão também
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Sinto isso há um ano mais ou menos. Melhora um pouco com o Tylex que minha colega
arranjou pra mim
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Uso insulina, sinvastatina e AAS há 10 anos.
Caso clínico
• Perguntas que devem ser feitas pelo farmacêutico:
1) Onde dói?
Eu estou todo dolorido; sinto como se estivesse gripado o tempo todo
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Nenhum
3) Há sintomas associados? Quais?
Sinto uma dormência no corpo e também não durmo direito
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Sinto isso há um ano mais ou menos. Melhora um pouco com o Tylex que minha colega
arranjou pra mim
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Uso citalopram 20mg de manhã para ansiedade
Caso Clínico
Maria Fernanda, 25 anos, procurou
a farmácia no fim da tarde trazida
por uma colega de trabalho. Se
queixa de dor de cabeça. Tomou
um comprimido de Tylenol 750mg
há duas horas, porém não
melhorou.
• O que você faria?
Caso clínico
PERGUNTAS QUE DEVEM SER FEITAS PELO FARMACÊUTICO:
1) Onde dói?
Dói tudo, mas principalmente o lado direito da cabeça
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Lux, barulho e cigarro incomodam.
3) Há sintomas associados? Quais?
Náuseas
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Começou há dois meses, geralmente próximo à menstruação.
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Elani® há 4 anos; uso paracetamol e melhora um pouco
Caso clínico
PERGUNTAS QUE DEVEM SER FEITAS PELO FARMACÊUTICO:
1) Onde dói?
Dói principalmente na testa, dos dois lados
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
O trabalho
3) Há sintomas associados? Quais?
Não sinto mais nada
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Começou há dois meses; tenho umas três crises de uns dois dias no mês
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Não utilizo nenhum medicamento contínuo. Uso o paracetamol mesmo. Até
melhora, mas gostaria de ver outra opção
Caso clínico
PERGUNTAS QUE DEVEM SER FEITAS PELO FARMACÊUTICO:
1) Onde dói?
Dói principalmente na testa e ao redor dos olhos
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Nenhum
3) Há sintomas associados? Quais?
Estou com a rinite atacada; nariz escorrendo e espirrando um pouco
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Quando muda este tempo fico assim
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Não utilizo nenhum medicamento contínuo. Uso o paracetamol mesmo, mas não
melhora muito
Caso clínico
PERGUNTAS QUE DEVEM SER FEITAS PELO FARMACÊUTICO:
1) Onde dói?
Dói na região da têmpora. Parece que o coração está batendo ali. É dos dois lados
2) Quais são os fatores que pioram a dor?
Meu trabalho e a claridade
3) Há sintomas associados? Quais?
Sinto às vezes um desconforto no estômago, mas não chego a vomitar
4) Com que frequência e há quanto tempo?
Faz mais ou menos uns 8 meses que começou. Mas tenho estas crises toda semana,
pelo menos 1 vez
5) Faz uso de algum medicamento? O que usa quando esta dor aparece? Melhora?
Não utilizo nenhum medicamento contínuo. Hoje usei o paracetamol, mas
geralmente uso o ibuprofeno e melhora um pouco.
DOR DE CABEÇA
TRANSTORNOS RELACIONADOS À DOR
DE CABEÇA

CEFALEIA CEFALEIA
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA

ENXAQUECA
CAUSA ORGÂNICA
CEFALEIA DO TIPO
TENSIONAL

CEFALEIA EM
SALVAS
Dor de cabeça
• Uma das queixas mais comuns nos estabelecimentos de saúde. Maior prevalência em
mulheres.
• Primárias
• Não há outra condição que causa a dor
• 90% dos casos podem ser classificados em três tipos principais
• Enxaqueca
• Tensional
• Em salvas
• Dor de cabeça diária crônica
• Secundárias
• Cefaleia atribuída à outra condição clínica
CLASSIFICAÇÃO ENXAQUECA TENSIONAL EM SALVAS

Unilateral em 60 a 70% dos casos; Sempre unilateral, geralmente


Localização Bilateral
bifrontal ou global em 30%. começa em torno do olho.

Gradual no início, padrão crescente; A dor começa rapidamente, atinge


pulsante; intensidade moderada a Pressão ou tensão (sensação de padrão crescente dentro de
Característica
grave; agravada por atividade física aperto na cabeça) minutos; a dor é contínua, profunda,
rotineira insuportável, e explosiva.

O paciente pode permanecer


Aspecto do Paciente prefere descansar em um
ativo ou pode necessitar de Paciente permanece ativo
paciente quarto escuro e silencioso.
descanso.

Duração 4 – 72h Variável 30 min – 3h

Náuseas, vômitos, fotofobia, Lacrimejamento e vermelhidão nos


fonofobia; pode ter aura (geralmente olhos; nariz entupido; rinorréia;
Sintomas
visual, mas pode envolver outros Nenhum palidez; sudorese; sintomas
associados
sentidos ou causar déficits motores e neurológicos focais raros;
na fala). sensibilidade ao álcool.
FATORES DESENCADEANTES
Dieta Estímulos sensoriais Mudanças ambientais ou de
hábitos
∙ Álcool ∙ Luzes fortes ou oscilantes ∙ Clima
∙ Chocolate ∙ Odores ∙ Viagem com fusos diferentes
∙ Queijos maturados ∙ Sons e barulhos ∙ Estações
∙ Glutamato monossódico ∙ Dieta ∙ Altitude
∙ Cafeína Stress ∙ Mudança de horários
∙ Aspartame ∙ Períodos depressivos ∙ Mudança no padrão do sono
∙ Oleaginosas ∙ Atividade intensa ∙ Dieta
∙ Nitritos e nitratos ∙ Vivência de perdas ou mudanças ∙ Pular refeições
drásticas
Hormonal ∙ Mudanças ∙ Atividade física irregular
∙ Menstruação ∙ Crises
∙ Ovulação
∙ Terapia de reposição hormonal
(progesterona)
O QUE INVESTIGAR?

Idade Sintomas associados e


anormalidades
Ausência ou presença de aura
Frequência, intensidade e História familiar de enxaqueca
duração dos episódios
Fatores precipitantes e de alívio
Número de dias com episódios
ao mês
Efeito de atividades na dor
Tempo e forma de início
Relação com comida e álcool
Qualidade, local e irradiação da
dor
O QUE INVESTIGAR?
Alterações que afetam o trabalho
Resposta a tratamentos prévios ou estilo de vida
Alterações recentes na visão Mudança do anticoncepcional
Associação com trauma recente Possíveis associações com fatores
ambientais
Mudanças recentes no sono,
exercícios, peso, ou dieta Efeitos do ciclo mesntrual ou
hormônios exógenos
Estado geral de saúde
Iniciou algum tratamento
recentemente
Diagnóstico Diferencial
CARACTERÍSTICAS POSSIBILIDADE
Dor de início súbito com Hemorragia subaracnóide;
intensidade máxima em pouco trombose venosa cerebral; diversos
tempo (segundos a três quadros neurológicos
minutos)

Mudança no padrão da dor Malignidade de doença basal

Associada a febre Infecção local ou sistêmica

Dor facial, congestão nasal,


rinorréia, lacrimejamento Sinusite

Hemorragia intracraniana
Dor após trauma
O QUE PODEMOS FAZER?

EPISÓDIOS AGUDOS

• Tratamento da dor de cabeça tensional


• Tratamento de crises de enxaqueca
• Avaliação das terapias em uso
• Orientações
Tratamento Cefaleia tensional e Enxaqueca
• CRISES LEVES

• Analgésicos
• Aspirina Mais efetivos! TERAPIA ABORTIVA
• AINEs
Primeira
• Paracetamol escolha para Melhora após 2-4
gestantes horas

• CRISES MODERADAS A GRAVES


• Analgésicos + Cafeína
• Mais efetivo que analgésicos isolados
Tratamento
CRISES LEVES

Ibuprofeno Paracetamol Aspirina

Comprimido - 200 Comprimido


Comprimido 500mg: 500mg: 2 cp em
mg: 1-2 cp, 4-6 1-2 cp, 3 a 4 x/dia.
x/dia. Não dose única. Se
Comprimido 750 mg: necessário repetir
exceder dose 1 cp, 3-5 x/dia
máxima de 6 a cada 4-8 horas,
cp/dia não excedendo
8cp/d
Tratamento
Naproxeno
Comprimido 250 mg e 500 mg
Dor de cabeça tensional: 500 mg administrados inicialmente seguidos de 250
mg a intervalos de 6-8h
Crise enxaqueca leve-moderada:
- 750 mg ao primeiro sintoma de crise
- 250-500 mg adicionais podem ser administrados no decorrer do dia, se
necessário, mas não antes de meia hora da dose inicial. A dose diária de 1250
mg não deve ser excedida.

Cetoprofeno
Cápsula 50 mg: 200 mg em dose única
48 h de tratamento
Tratamento
DOR MODERADA

Paracetamol +
Mucato de cafeína (Tylenol DC® Ácido
Isometepteno + / Sonridor Caf®) acetilsalicilico +
Dipirona Sódica + cafeína
Cafeína Anidra 2 comprimidos de
(Cafiaspirina®)
(Neosaldina®) 6/6h enquanto
persistirem os Comprimido
Comprimido (30 mg sintomas. (650mg + 65 mg): 1-
+ 300 mg + 30 mg): 1 Não ingerir mais de 2 cp a cada 6-8 h,
a 2 drágeas, 3 a 4 8 cp/d não excedendo 5
vezes ao dia cp/dia
Tratamento
• Antieméticos

- Terapia antiemética adjuvante é útil para combater náusea e vômitos que


acompanham a enxaqueca e os medicamentos usados ​para tratar ataques agudos
(ex. ergotamina)

- Uma única dose de um antiemético, como a metoclopramida administrada 15 a 30


minutos antes da ingestão de medicamentos abortivos orais para a enxaqueca é
frequentemente suficiente
Terapias abortivas específicas para enxaqueca

• Alcaloides vasoconstritores (prescrição médica)

• Tartarato de ergotamina e diidroergotamina são úteis e podem ser considerados


para o tratamento de crises de enxaqueca moderada a graves

• Estas drogas são agonistas não seletivos do receptor 5-HT1 que constringem os
vasos sanguíneos intracranianos e inibem o desenvolvimento da inflamação
neurogênica no sistema trigêminovascular central
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ENXAQUECA
• As preparações orais contêm cafeína para aumentar a absorção e potencializar a
analgesia
• A ergotamina é mais eficaz quando administrada no início do ataque de enxaqueca
• Triptanos e alcaloides vasoconstritores não devem ser utilizada dentro de 24 horas um
do outro

1-2 comprimidos inicialmente


 caso não haja melhora
ingerir 1 cp a cada 30 min
(máximo 6 cp/d)
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ENXAQUECA
• Agonistas do Receptor de Serotonina (triptanos) - prescrição médica

Alívio da enxaqueca é o resultado de três ações principais:


• Normalização de artérias intracranianas dilatados através do aumento da
vasoconstrição
• Inibição neuronal periférica
• Inibição da transmissão através de neurônios do complexo trigêminocervical

Revisão sistemática (Roberto G et al, 2014): triptano x ergotamina:


- Triptanos parecem ser mais seguros do ponto de vista cardiovascular
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ENXAQUECA
• Os triptanos são a terapia de primeira linha apropriada para pacientes com
enxaqueca moderada a grave e são usados ​para terapia de resgate quando
os medicamentos não-específicos são ineficazes

Contra-indicações triptanos e
ergot:
- Uso como profliaxia
Posologia: 50 – 100mg na
- HAS não controlada crise  caso não
- IAM melhore repetir a dose
- DAOP após 2 horas (não
- Hx de convulsões ultrapassar 200mg em
- AVC 24h)
- Uso concomitante
TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA DA ENXAQUECA
• Aplicação de gelo na cabeça e períodos de descanso ou sono, geralmente em um
ambiente escuro, silencioso

• Identificação e prevenção de fatores que consistentemente provocam ataques de


enxaqueca em indivíduos suscetíveis

• Um diário de dor que registra a frequência, gravidade e duração das crises pode
facilitar a identificação de gatilhos da enxaqueca

• Sono regular, exercício físico e hábitos alimentares, ingestão limitada de cafeína e


diminuir ou cessar o consumo de cigarros

• Intervenções comportamentais, tais como terapia de relaxamento e terapia cognitiva


Quando encaminhar?
• Dor de cabeça associada com lesão / trauma
• Forte dor de cabeça de mais de 4 h de duração
• Reação adversa ao medicamento suspeito
• Sintomas persistem por mais de 24 horas ou quando não houve resposta ao
tratamento
• Dor de cabeça em crianças menores de 12 anos
• Cefaleia occipital
• Sonolência, instabilidade, distúrbios visuais ou vômitos associado
• Rigidez de nuca
• Enxaquecas frequentes que necessitam de tratamento profilático
• Dores de cabeça frequentes e persistentes
ENXAQUECA

A educação do paciente em evitar fatores


desencadeantes

Avaliar a gravidade dor de cabeça e do grau de considerar farmacoterapia


incapacidade associada profilático

Se associada a náuseas ou vômitos, pré-tratamento com antiemético:


considerar via parenteral

sintomas graves
Sintomas leves a moderados

Analgésico simples: paracetamol,


paracetamol/ aspirina / cafeína
AINEs: a aspirina, ibuprofeno, naproxeno

Resposta inadequada
Analgésicos combinados:
Paracetamol, aspirina e cafeína

Resposta inadequada
Resposta inadequada

triptanos Diidroergotamina e
tartarato de ergotamina

Resposta inadequada

Analgésicos combinados de opiáceos


TRATAMENTO PROFILÁTICO DE EXAQUECA

• Beta bloqueadores
• Metoprolol
• Propranolol

Indicado quando há
• Antidepressivos
mais de 4 crises no
• Amitriptilina mês.
• Venlafaxina Tratamento por 3-6
semanas
• Anticonvulsivantes
• Valproato
• Topiramato
DOR LOMBAR
DOR LOMBAR
Aguda
<4 semanas

Subaguda
4-12 semanas

Crônico
≥12 semanas
DOR LOMBAR

<1% representam
15% doenças sérias

Causas médicas primárias


Dor lombar inespecífica
85%
DOR LOMBAR
• Dor <4 semanas geralmente apresentam aspecto benigno, e
raramente estão associadas a condições graves

• Dor lombar que irradia para a virilha, em cólica, que não altera com
mudanças posturais pode indicar problemas renais

• Dor nas articulações pode indicar a doença articular reumatoide ou


gotosa
DOR LOMBAR
• Intensidade da dor

Investigar possíveis fatores etiológicos.


Exercício físico extenuante? Mudança de
colchão, travesseiro?
SINAIS DE ALERTA
• Histórico de câncer
• Idade> 50 anos
• Perda de peso inexplicada
• Duração da dor >1 mês
• Dor noturna
Doença sistêmica
• Ausência de resposta à tratamentos
prévios
• Déficit neurológico
• Uso prolongado de corticosteroides

• Uso de drogas injetáveis


• Infecção bacteriana recente
Infecção coluna
• Febre
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

Analgésicos comuns Opioides


- Paracetamol AINES tópicos ou - Codeína 30mg até Corticoides (??)
500mg até 4/4h sistêmicos (cuidar 6/6 h - Prednisona
- Dipirona 500mg com RAM) Tramadol 50-100mg 10mg/d
até 6/6h até 6/6h
Condições
Geniturinárias
Caso 1
• Beatriz Assunção, chega à farmácia queixando-se de dor ao urinar e aumento da
frequência e urgência urinária. Relata ter tido o mesmo problema há 2 meses,
ocasião em que foi administrado antibióticos. Nega febre, dor lombar e sangue
na urina. Nega uso de cosméticos íntimos. Temperatura corporal medida na
farmácia = 36,5ºC.
CISTITE
CISTITE
• Inflamação da bexiga e uretra
• Pode ocorrer sozinha ou acompanhada de pielonefrite

• A maioria dos casos de cistite são causadas por bactérias


• Outras causas: cistite radica (secundária à radioterapia), cistite química
(origem medicamentosa) e cistite intersticial (associada ao estresse)
CISTITE

• Epidemiologia

• Cerca de 2 milhões de mulheres por ano

• 50% das mulheres têm ao menos um episódio ao longo da vida

• Incomum em crianças e homens jovens


CISTITE
• Causas

• Colonização vaginal de patógenos da flora fecal, seguido de ascensão através


da uretra para a bexiga
• Escherichia coli (75 a 95%), Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae e
Staphylococcus saprophyticus

• Deficiência de estrógeno em mulheres em pós-menopausa (revestimento da


vagina mais fino)
• Relações sexuais / Cistite “lua de mel”
• Desodorantes vaginais (dermatite de contato)
CISTITE
• Acomete mais mulheres que homens

• A uretra feminina é muito curta (cerca de 3 cm) e por isso a transferência de


microrganismos do períneo e ânus para a bexiga é facilitada

• Processo facilitado através das relações sexuais

• Existem evidências de que fluido prostático tem propriedades antibacterianas,


proporcionando um adicional de defesa contra a infecção bacteriana em homens
CISTITE
• Sinais e sintomas

• Início abrupto com prurido na uretra


• Desejo frequente de urinar (poliúria)
• Disúria – ardor ao urinar
• Urina pode ficar escura e turva, com odor desagradável

• Grave!!!
• Pode ser acompanhada por febre (> 38º C 🡪 pielonefrite)
• Pode haver dor na região suprapúbica ou na parte inferior das costas
CISTITE
• Sangue na urina ALERTA!!

• Reação inflamatória intensa na cistite 🡪 Inflamação do revestimento da


bexiga e uretra

• Dor lombar e na virilha 🡪 Pedra nos rins

• Hematúria sem qualquer outra sintoma associado a infecção urinária 🡪


Tumor bexiga e rim
CISTITE
Encaminhamento ao médico

• Qualquer pessoa que se apresenta com os sintomas da cistite requer


encaminhamento médico por causa da possibilidade de condições mais
graves, nos rins, bexiga ou problemas de próstata.

• Crianças. Infecções do trato urinário (ITU) em crianças, podem causar danos


aos rins ou bexiga, em particular após infecções recorrentes.

• Gestante com sintomas da cistite ou bacteriúria (presença de bactérias na


urina) durante a gravidez pode levar a infecção nos rins e complicações para
mãe e feto.
CISTITE
Encaminhamento ao hospital

• Sintomas de acometimento sistêmico: febre, náuseas, vômitos, dor lombar, e


sensibilidade são indicativos de infecção mais grave
CISTITE
• Sinais e sintomas de alarme

• Homens
• Crianças
• Gestante
• Hematúria
• Corrimento vaginal anormal
• Urina com pus, turvação e mal cheiro
• Dor e sensibilidade lombar
• Febre (moderada a alta)
• Náusea e vômito
• Sintomas persistentes por mais de 2 dias (falha da medicação)
• Recorrência
CISTITE| Tratamento
• Agentes alcalinizantes

• Infecções bacterianas acidificam a urina, causando irritação da bexiga (disúria)

• Citrato de sódio ou de potássio ou carbonato de sódio, sachês de dose unitarizada


• Oral: 2 dias, 3x/dia, em um copo grande de água

• Bicarbonato de sódio (3 g – uma colher de chá) em água, a cada 2 horas, até que os
sintomas desapareçam

Tratamento sintomático
CISTITE| Tratamento
• Contraindicações:

• Sais de Sódio - Portadores de doenças cardiovasculares, diabetes,


insuficiência renal ou gravidez

• Sais de Potássio - Diuréticos poupadores de potássio e IECA e em pacientes


com doença cardíaca ou renal (pode causar hiperpotassemia)
CISTITE| Tratamento
Cystex®
• Acriflavina 15mg (bacteriostático)
• Metenamina 250mg (bactericida similar a penicilina)
• Cloreto de metiltionínio 20mg (antisséptico)
• Beladona15mg (antiespasmósdico)

• Indicação: antisséptico de vias urinárias utilizado em ITU agudo (Tratamento


sintomático)
• Ação local na urina
• Posologia: 2 drágeas 8/8hrs
Advertências

• Pacientes sensíveis a penicilina (sensibilidade cruzada)

• Sobredose: bradicardia seguida de taquicardia, cefaleia, disúria e nefrite tóxica

• urina poderá desenvolver coloração azul provocada pelo cloreto de metiltionínio


(azul de metileno)
CISTITE| Tratamento
Fenazopiridina 100mg e 200mg

• Indicação: Tratamento sintomático em ITU


• Adjuvante na terapia antimicrobiana
• Excretada na urina e exerce um efeito analgésico tópico sobre
a mucosa do trato urinário

• Posologia: 200mg 3x dia após refeições


• Duração máxima: 2 dias
CISTITE| Tratamento
Advertências

• Insuficiência Renal e Hepática (toxicidade)

• produz uma coloracao vermelho-alaranjada na urina e nas


fezes (derivado corante)

• A fenazopiridina pode causar alteração de coloração de fluídos


e tecidos corpóreos como unhas, lábios, esperma, entre
outros, e já foram reportadas manchas em lentes de contato.
Houve relatos de alteração de coloração de dentes quando o
produto foi mastigado ou mantido na boca antes da deglutição
CISTITE| Tratamento
Cuidado!!!

• Tratamento sintomático não exclui encaminhamento médico!!

• Importante orientação quanto ao não desaparecimento dos sintomas e tempo máximo de


tratamento (2 dias)
CISTITE| Tratamento
Suco de Cramberry

• tem sido recomendada como um remédio popular como uma medida preventiva
para reduzir a ITU
• Revisão sistemática - 300mL suco de cranberry/dia tem um efeito bacteriostático
• O mecanismo é desconhecido e todas as implicações clínicas não foram
elucidados
• É improvável que seja eficaz no tratamento de cistite aguda
• Pode ser indicado para mulheres propensas a cistite 🡪 não é prejudicial e pode
ajudar
CISTITE| Tratamento
• Tratamento
• Paracetamol ou ibuprofeno – dor e febrícula.

• Antibacterianos (sob prescrição médica)- 48 hrs para início melhora


• Nitrofurantoína
• Sulfametoxazol+trimetoprim
• Fosfomicina
• Ciprofloxacino
• Levofloxacino
CISTITE| Orientações
• Prevenção da recorrência
• Esvaziar totalmente a bexiga ao urinar
• Ingerir grande quantidade de líquidos (na presença de disúria pode ser
desconfortável)
• Evitar o atraso para urinar
• Após evacuar, limpar-se adequadamente
• Quando a causa é o ato sexual, lavar a pele perianal e esvaziar a bexiga antes
e após
• Evitar roupas íntimas apertadas feita de materiais sintéticos e calças
apertadas
• Retirar totalmente o sabão da roupa, durante a lavagem
• Evitar desodorantes vaginais, que podem ser irritantes
Caso 2
• Larissa Barros, tem 26 anos, pede uma orientação sua para cólica menstrual. Na
anamnese você identifica que Larissa tem dor abdominal e algumas dores nas
costas, que se inicia poucos dias antes da menstruação. Seu ciclo menstrual
costumava ser regular, mas recentemente tem variado. A dor continua durante a
menstruação e bastante intensa. Ela tentou tomar paracetamol, mas não
percebeu efeito.

Característica da dor?
Merece encaminhamento?
Posso fazer algo?
DISMENORREIA
DISMENORREIA

• Dor pélvica provocada pela liberação de prostaglandina

• Contração do útero para eliminação do endométrio


(camada interna do útero que cresce para nutrir o
embrião)
• Presença de sangramento, durante a menstruação,
quando o óvulo não foi fecundado
DISMENORREIA
• A cada duas mulheres uma é afetada

• 50-90% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo descrevem


períodos menstruais dolorosos

• Dismenorreia primária é descrita pela menstruação dolorosa na ausência de


detectável patologia pélvica

• Dismenorreia secundária tem as mesmas características, mas ocorre em


mulheres com desordens subjacentes (endometriose, adenomiose, etc)
DISMENORREIA
• Causas da Dismenorreia Primária
• Aumento da atividade uterina
• Superprodução de prostaglandinas
• Aumento da sensibilidade do endométrio
• Aumento da produção de vasopressina

• Causas da Dismenorreia Secundária


• Endometriose
• Doença inflamatória pélvica (DIP)
• Dispositivos intrauterinos
• Fibromiomas
DISMENORREIA
• Fatores de Risco

• A maioria das mulheres não tem qualquer fator de risco

• idade <30 anos, o índice de massa corporal <20 kg/m2


• tabagismo
• menarca antes dos 12 anos
• ciclos menstruais com maior duração de sangramento
• fluxo menstrual irregular ou intenso
• história de violência sexual
DISMENORREIA
• Patogênese

• As prostaglandinas liberadas para descamação do endométrio no início da


menstruação desempenhar um papel importante induzindo contrações
• Essas contrações são não ritmadas ou incoordenada, ocorrem em alta
frequência (mais de 4 ou 5 por 10 minutos)
• Começam a partir de uma pressão basal (mais de 10 mmHg), e pode resultar em
elevadas pressões intra-uterinos (150 a 180 mmHg , por vezes, superior a 400
mmHg)
• Quando a pressão do útero excede a pressão arterial, isquemia uterina tende ao
acúmulo de metabólitos 🡪 resultando em dismenorreia
DISMENORREIA

• Idade

Primária - O pico de incidência ocorre em mulheres de 17 e 25 anos

Secundária - é mais comum em mulheres com idade superior a 30


anos e é raro em mulheres com idade inferior a 25 anos
DISMENORREIA
• História menstrual prévia

O farmacêutico deve identificar se o ciclo menstrual é regular e a relação temporal


entre as dores e a menstruação
DISMENORREIA
•Natureza das dores e relação com o ciclo

•Dismenorreia primária

Dor do tipo cólica na região abdominal que incia antes do primeiro dia de
sangramento. A dor vai ficando mais suave após o início da menstruação e termina
após o primeiro ou segundo dia de sangramento
DISMENORREIA
•Natureza das dores e relação com o ciclo

•dismenorreia secundária

Ocorre durante qualquer fase do ciclo menstrual

Dor constante ao invés de espasmódica

A dor pode agravar-se com a relação sexual

Pode ter a presença de corrimento

•ENCAMINHAMENTO PARA O MÉDICO


DISMENORREIA
•ENDOMETRIOSE

•Endometriose é uma afecção inflamatória


provocada por células do endométrio que, em
vez de serem expelidas, migram no sentido
oposto e caem nos ovários ou na cavidade
abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a
sangrar
DISMENORREIA
•Natureza das dores e relação com o ciclo

•ENDOMETRIOSE

A dor geralmente começa até 1 semana antes menstruação

A dor pode ser não-cíclico e pode ocorrer com a relação sexual (dispareunia)

A endometriose pode causar infertilidade


DISMENORREIA
•Natureza das dores e relação com o ciclo

•DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA

A doença inflamatória pélvica (DIP) pode ser causada por várias


bactérias que atingem os órgãos sexuais internos da mulher, como
útero, trompas e ovários, causando inflamações

Geralmente, há dor, febre e secreção vaginal

A dor é na parte inferior do abdômen e pode estar relacionado com a


menstruação. Pode ser confundida com apendicite.
Característica Dismenorreia primária Dismenorreia secundária

Idade Abaixo de 25 anos Acima de 25-30 anos


Natureza da dor Cólica, na parte inferior do abdome; pode Dor abdominal difusa, contínua,
irradiar para a parte de trás das pernas ou incômoda
parte inferior das costas
Início da dor Um ou dois dias antes do início do Muitos dias antes do início do
sangramento, até um ou dois dias depois sangramento e continua por
muitos dias após
Padrão menstrual Geralmente regular sem alteração no padrão Geralmente irregular com
alteração no padrão
Relação com gestação Antes do nascimento do primeiro filho Depois do nascimento do primeiro
prévia filho
Corrimento vaginal Ausente Presente
Sintomas associados Náusea, vômito, desconforto gastrointestinal, Dor nas costas, fadiga, menorragia,
constipação, dor de cabeça, dor nas costas, dor associada à relação sexual
fadiga, desmaio, tontura
Sinais e sintomas de alarme
• Mulher acima de 30 anos
• Sangramento anormal
• Corrimento vaginal anormal
• Febre
• Dor que se estende por mais de 48 horas do início da menstruação
• Dor que piora depois do início da menstruação
• Dor com atraso do ciclo (gravidez ectópica)
• Alteração padrão do ciclo menstrual
• Dor não responsiva a tratamento
DISMENORREIA| Tratamento

• Meta terapêutica: diminuição da dor

Primeira linha: AINES e anticoncepcionais


DISMENORREIA |Tratamento com Analgésicos
• O tratamento baseia-se na inibição da produção de protaglandinas já que estas estão
aumentadas e causam dor na dismenorreia
• Aspirina
• Ibuprofeno
Não existem dados suficientes sobre a qual basear
• Ácido uma recomendação para uma classe de agentes ou de
mefenâmico outro
• Naproxeno
• Diclofenaco

escolha


escolha
DISMENORREIA |Tratamento com Analgésicos
Inibidores seletivos da COX 2

Não recomendado por conta dos efeitos adversos como


cardiovasculares
Porém pode ser útil em mulheres com sintomas gastrointestinais

Efeito negativo sobre a ovulação - Como as prostaglandinas desempenham um


papel importante na ovulação, os AINEs, em particular os inibidores da COX-2, pode
prevenir ou retardar este processo
DISMENORREIA| Tratamento
• Cuidados!!!

Alergias
Sintomas gastrointestinais
Intolerância prévia a nível renal e hepático
DISMENORREIA| Tratamento - Segurança
• Aspirina
• Irritação e sangramento gástrico
• Reações de hipersensibilidade (asma, urticária e angioedema)

• Ibuprofeno
• Efeitos gastrointestinais, menos frequentes e graves que aspirina
• Reações de hipersenbilidade
• Mais eficaz que o aas (número necessário para tratar de 2,4 x 10 pessoas)
DISMENORREIA| Tratamento - Segurança
• Escopolamina 10mg

• Antiespasmódico anticolinérgico 🡪 MENOS EFICAZ NA DISMENORREIA

• Local de ação: musculatura lisa do trato gastrintestinal, das vias biliares e


geniturinárias

• Dose: 10-20mg - 3 a 5 x dia

• Reações adversas: reações na pele, urticária, prurido ; taquicardia; boca seca;


disidrose (alteração na produção de suor)
DISMENORREIA| Tratamento
Contracepção hormonal

Suprimem a ovulação e tornam o endométrio mais fino ao longo do tempo

O endométrio fino contém quantidades relativamente pequenas de ácido


araquidônio, o substrato para a maioria da síntese de prostaglandina

Resultado: redução do fluxo menstrual e contrações uterinas na


menstruação, diminuindo assim a dismenorréia
DISMENORREIA| Tratamento
NA PRÁTICA

Mulheres que desejam anticoncepção Encaminhamento médico

Mulheres que não desejam anticoncepção ou já AINES


fazem uso
DISMENORREIA| Tratamento não
medicamentoso
• Calor

• Em dois estudos randomizados, aplicação de calor para a parte inferior do abdômen foi
eficaz para alívio da dismenorréia
• O calor era tão eficaz como o ibuprofeno e mais eficaz do que o paracetamol
• Depende da preferência e comodidade para a paciente
DISMENORREIA| Tratamento não
medicamentoso
• Omega 3 – Evidência de algum efeito

• Cafeína - Potencializador do efeito analgésico em uso associado com outro AINE

• Exercícios e atividade sexual - Há evidências que suportam a hipótese de que exercícios


e atividade sexual reduzem os sintomas menstruais

• Dieta - As evidências são pouco consistentes


• Dietas vegetarianas, produtos lácteos, vitamina E, vitamina D
DISMENORREIA

• Encaminhamento para o médico

Não melhora dos sintomas após dois a três ciclos de tratamento


DISMENORREIA
• Orientação importante!!

Iniciar o tratamento analgésico no início das dores ou um dia antes do dia previsto para
início da dor

Duração do tratamento geralmente é de 2 a 3 dias

Orientar dose máxima de tratamento


Caso 3
• Carina Santos, chega a farmácia e em conversa particular com o você
(farmacêutico) conta que está com problemas nas partes íntimas. Diz que o pior
sintoma é a coceira, que foi particularmente grave na noite passada. Carina tem
notado um pouco de corrimento cor creme, sem cheiro. A pele da vulva está
dolorida e vermelha. Diz ainda que, a vizinha orientou a utilizar iogurte com
lactobacilos para passar diretamente na vagina e que só conseguirá ir ao médico
na semana seguinte. Questiona a sua orientação sobre o caso dela.
CANDIDÍASE VAGINAL
CANDIDÍASE VAGINAL
• Epidemiologia

• a prevalência de candidíase vulvovaginal é maior entre as mulheres em seus


anos reprodutivos:
• 55% por das mulheres com 25 anos relatam ter tido pelo menos um episódio
diagnosticado por médico
• 29 a 49 % das mulheres na pré-menopausa relatam ter tido ao menos um
episódio durante a vida
• 9 % das mulheres relatam ter tido quatro ou mais infecções em um período
de 12 meses (candidíase vulvovaginal recorrente)
• Em mulheres com uma infecção inicial, a probabilidade de recorrência foi de
10% até 25 anos de idade, e 25% até 50 anos de idade
CANDIDÍASE VAGINAL
• Fisiopatologia

• Fungo (Candida albicans), migra através do reto a vagina através da região


perianal. Menos comum é o contágio sexual ou recidiva por reservatórios
vaginais.

• A vagina abriga uma extensa microbiota de bactérias e fungos

• Em mulheres de idade fértil, estrogênio promove a produção de glicogênio no epitélio


vaginal 🡪 o glicogênio decompõe a glicose e ↓ o pH vaginal, promovendo um ambiente
favorável para o crescimento da Cândida
CANDIDÍASE VAGINAL
• Fisiopatologia

• Doença sintomática está associada a um crescimento excessivo do


organismo e a penetração nas células epiteliais superficiais

• O mecanismo pelo qual as espécies de Candida passam a forma invasiva


causando doença vulvovaginal sintomática é complexa, envolvendo:

• resposta inflamatória do hospedeiro e fatores de virulência de levedura


CANDIDÍASE VAGINAL
• Fatores predisponentes

• Condições onde o estrogênio está aumentado (Gravidez, anticoncepcional, terapia


hormonal)
• Mulheres em idade fértil
• Diabetes
• Antibióticos de amplo espectro
• Comprometimento Imune
• Fármacos imunossupressores
• Desodorantes vaginais e preparações para prurido vulvar contendo anestésicos locais
• Roupas íntimas de tecido sintético
CANDIDÍASE VAGINAL
• Antibióticos de amplo espectro

• Cerca de 25 a 33% das mulheres desenvolvem a doença durante ou após a administração


destes antibióticos porque a inibição da flora bacteriana normal favorece o crescimento
de fungos patogênicos potenciais, como Cândida.
• A administração de lactobacilos (oral ou vaginal) durante e quatro dias após a
antibioticoterapia não impede vulvovaginitis pós-antibiótico
• O médico pode prescrever um antifúngico, ao mesmo tempo que o antibiótico em tais
casos
CANDIDÍASE VAGINAL| Sinais e sintomas
• Irritação ou coceira na região vulvovaginal, muitas vezes intensa e ardente
• Pele pode ficar escoreada
• Verificar uso de produtos cosméticos para higiene íntima (dermatite)

• Corrimento vaginal, coloração de creme e de aparência espessa, sem odor

• Não há dor ou aumento da frequência ou urgência de micção

• Vulva pode ficar avermelhada e inchada

• Dor nas relações sexuais


SINAIS E SINTOMAS DE ALARME
• Mulheres < 16 ou > 60 anos

• Gestantes ou lactantes

• Sangramento vaginal anormal ou irregular

• Corrimento vaginal contendo sangue

• Falha terapêutica em 7 dias


CANDIDÍASE VAGINAL
Para o tratamento é importante observar:

Não complicada Complicada


Episódios esporádicos (≤3 Episódios recorrente (≥4 / ano)
episódios/ano)

Sintomas leves a moderados Outras espécias que não C. albicans (C.


glabrata)
prováveis infecção Candida albicans gravidez, diabetes mal controlada,
imunossupressão, debilitação
Saudável/ não grávida
CANDIDÍASE VAGINAL
Não complicada Complicada
Tratamento tópico Tratamento sistêmico

Clotrimazol 1 – 2% (1 aplicação/dia 3 dias) Fluconazol 150mg a cada 72 hrs (3 doses)


Miconazol +
Manutenção 1 x semana por 6 meses
Vantagens: melhora rápida, (90% de
eficácia) sem reações adversas do tto oral
Tratamento sistêmico Tratamento sistêmico + tópico

Fluconazol 150mg DU Itraconazol ou tratamento tópico (10 a 14 dias)


Vantagens: melhora rápida, (90% de +
eficácia), mais comodidade na Manutenção tratamento tópico 2x semana (6
administração meses)
CANDIDÍASE VAGINAL| Tratamento

• Iogurte (Lactobacillus vivos) por via oral

• Não há nenhuma evidência de que as mulheres com candidíase vulvovaginal


recorrente tem flora vaginal deficiente em lactobacilos, e, portanto, não se
recomenda o uso de lactobacilos probióticos

• Estudos que mostraram algum resultado tinham pequeno número de pessoas e


deficiência na qualidade metodológica

• A qualidade dos probióticos varia em todo o mundo


CANDIDÍASE VAGINAL| Tratamento

• Violeta de Genciana

• Muito utilizada antes do surgimento das formulações antifúngicas tópicas

• Caiu no desuso por antifúngicos tópicos são mais potentes

• É útil como um anti-prurido vulvar e em casos refratários ocasionais de


candidíase vaginal, especialmente os que demonstram resistência aos azoles

• Aplicado nas áreas afetadas da vulva e da vagina diariamente durante 10 a 14


dias
CANDIDÍASE VAGINAL| Tratamento

IMPORTANTE ORIENTAÇÃO DE COMO UTILIZAR CREMES VAGINAIS


CANDIDÍASE VAGINAL
• Orientações

• Após evacuar, limpar-se adequadamente

• Manter a região vulvovaginal arejada e seca por meio de higiene cuidadosa,


preferindo roupas íntimas de algodão

• Evitar o uso de banhos de espuma, duchas e desodorantes vaginais (retiram proteção


natural)

• Privacidade - Constrangimento dos pacientes


CONTRACEPTIVOS
POR QUE FALAR DE CONTRACEPÇÃO?
Gravidez Indesejada

• Problema de saúde pública → perfil socioeconômico, etilismo e tabagismo

• Nos EUA, 45% das gestações no mundo são indesejadas, com altas taxas
ocorrendo em mulheres de 20 a 24 anos → desigualdade de acesso a
direitos

• Conhecer o perfil de segurança e efetividade dos contraceptivos hormonais


a fim de prestar orientações adequadas quanto à escolha terapêutica e uso.

(MARINHO; HOMEM., 2019; BEARAK et al., 2018)


MÉTODOS

http://ues-epn.blogspot.com/2010/01/metodos-reversiveis-e-
irreversiveis.html

https://www.taniagewehr.com.br/metodos-anticoncepcionais-o-que-sao-e-quais-sao-eles/
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS
Hormônios femininos
FSH: (hormônio folículo
estimulante):
• Estimula o desenvolvimento
ovariano
• Estimula a produção de
estrógeno
LH: hormônio luteinizante
• Estimula a ovulação e a
formação do corpo lúteo
Estrógeno
• Aumenta a proliferação
endometrial
Progesterona
• Aumenta a vascularização do
endométrio (prepara-o para
receber o óvulo)
Ciclo menstrual
Ciclo menstrual
Contracepção hormonal
• Consiste na utilização de um progestágeno, associado
ou não à um estrógeno, com a finalidade de impedir a
concepção
Métodos contraceptivos
Tratamento Vantagens Desvantagens
Contraceptivos orais Diminui fluxo; redução de menorragia, Aumento do risco de TEV; sangramento de escape;
combinados dismenorreia deve ser tomado diariamente

Pílulas com Útil na contraindicação ao estrogênio; Sangramento irregular; deve ser tomado
progestágeno redução de menorragia, dismenorreia diariamente

Adesivos Semanal; redução de menorragia, Aumento do risco de TEV (↑ orais)


dismenorreia
Anel Mensal; diminui o fluxo; redução de Risco de TEV; dificuldade de manuseio
menorragia, dismenorreia
Injetáveis Aplicação trimestral; redução de menorragia, Ganho de peso; pode diminuir a densidade óssea
(medroxiprogestero dismenorreia
na)
DIU de cobre Altamente efetivo; método de longa duração Pode levar à perfuração uterina, aumento do risco
(10 anos); sem exposição hormonal de infecção pélvica nos primeiros 20 dias; pode
aumentar o fluxo menstrual
DIU com Altamente efetivo; redução de menorragia, Pode levar à perfuração uterina, aumento do risco
levonorgestrel dismenorreia, método de longa duração (5 de infecção pélvica nos primeiros 20 dias
anos)
Progestágeno
Doses capazes de inibir a ovulação

• Diminuição de LH >> inibe a ovulação


• Torna o endométrio menos adequado para a
implantação (exposição prolongada pode
levar à atrofia tecidual)
• Altera o muco cervical, tornando- o menos
permeável à penetração do esperma
• Comprometimento da motilidade tubária
Contraceptivos combinados
Hormônio estrogênico + progestágeno

- Supressão do GnRH, FSH e LH


- Efeito mais importante: inibição do LH 🡪 a ovulação não
ocorre
- Redução do transporte ovular nas trompas
- Alteram o endométrio e dificultam a nidação
- Espessamento do muco cervical
- Redução da foliculogênese ovariana (redução do FSH)
Progestógenos injetáveis

• Ação prolongada: intervalo de 12-13 semanas


(máximo 91 dias)

• Primeira injeção: Nos 5 primeiros dias do ciclo


menstrual; ou nos 5 primeiros dias após o parto
(porém, se a mulher amamenta: iniciar a partir da
6ª semana pós parto)

Medroxiprogesterona • Pode ocorrer sangramentos irregulares no início


IM 150mg do tratamento -> melhora até chegar à
amenorreia
Progestógenos injetáveis

• Após a interrupção do tratamento, a gestação


pode ocorrer 10 meses após (4-31 meses),
não estando relacionado ao tempo de uso

• Redução da densidade mineral óssea mais


frequente com o uso prolongado (5 anos) ->
recuperação total em adolescentes (1-4 anos)
e parcial em adultas após a interrupção
Progestógenos injetáveis

• FDA, 2004

Mulheres que utilizam medroxiprogesterona injetável podem


apresentar perda significante da densidade mineral óssea.
Essa perda é aumentada com a duração de uso e pode não
ser completamente reversível. Este medicamento pode ser
utilizado por um longo período (mais de 2 anos), caso outros
métodos contraceptivos sejam inadequados
Progestógenos injetáveis
Injetáveis combinados
• Os injetáveis combinados disponíveis são:
• Preg-Less® – Enantato de estradiol - 10 mg + acetofenido de
algestona (dihidroxiprogesterona) – 150 mg -> 1x/mês

• Mesigyna® e Noregyna® – Valerato de estradiol - 5 mg +


enantato de noretisterona - 50 mg -> 1x/mês

• Cyclofemina® – Cipionato de estradiol - 5mg + acetato de


medroxiprogesterona - 25mg  1x/mês
Injetáveis combinados

• Essas formulações devem ser usadas em injeções mensais.


• A primeira injeção deve ser feita até o 5º dia do ciclo e as seguintes, a
cada 30 dias.
• Em geral, as menstruações ocorrem na metade do tempo entre duas
injeções.
• Apresenta alta eficácia.
• RAM: irregularidades menstruais (principal efeito colateral desses
contraceptivos); cefaleias, tonturas e aumento de peso.
• Após a suspensão do uso, o retorno à fertilidade é de aproximadamente
60 dias após a última injeção.
Contraceptivos orais
• Minipílula

• Combinados
- Monofásico
- Bifásico
- Trifásico

• Emergência
Minipílulas
• Progestágenos sintéticos
Minipílula
• Úteis para mulheres que possuem contraindicações para o uso de
estrógeno (migrânea com aura, fumantes ≥35 anos, câncer de mama,
HAS, LES, menos de 3 semanas de pós-parto, hipertrigliceridemia, DAC,
ICC, doença cerobrovascular e durante a amamentação).

Entretanto não estão isentos de risco!

• Adesão: dia e horário


Minipílula
Desogestrel 75mcg

• Progestágeno de 3ª geração
• 28-84 comprimidos
• Benefícios: diminuem as cólicas, os sangramentos,
melhora a anemia. Adequado para o uso na
amamentação e para mulheres que não
podem/querem utilizar estrógeno
• Estudos epidemiológicos: maior incidência de TEV
• Eventos adversos: sangramento irregular,
oligomenorreia ou amenorreia, acne, mastalgia,
náuseas, aumento de peso, alterações do humor e
diminuição da libido.
Minipílula
• Modo de uso:
- Iniciar no 1º dia do ciclo-> administração
ininterrupta
- Em casos de troca do Anticoncepcional
combinado, adesivo ou anel para o desogestrel:
- Iniciar no dia seguinte da tomada do último
comprimido ativo ou no dia da retirada do anel
ou adesivo. Caso utilizar após o período de
placebo destes métodos, utilizar outro método
contraceptivo nos sete primeiros dias do
desogestrel
Minipílula
• Modo de uso:
- Em casos de troca do injetável (só progestágeno):
iniciar no dia em que deveria tomar a próxima
injeção.
- DIU: iniciar no dia da retirada
- Pós gestação: iniciar nos 21-28 dias após o parto
- Esquecimento: tomar assim que lembrar e utilizar
outro método de contracepção nos próximos 7
dias
- Vômitos após 4 horas da administração: usar
outros métodos
Tipos de progestágenos
• Contraceptivo hormonal

• 1º geração → norestirenona, linestrol e noretinodel (Norestin® e


Mesigyna®)

• 2º geração → levonorgestrel (Ciclo21®)

• 3º geração → gestodeno, desogestrel (Tamisa®, Microdiol®)

• Sem classificação: dienogeste, nestorone, nomegestrol, trimegestone e


drospirenona
Estrógenos
Estrogênio

Sintético
Natural
(etinilestradiol)
Estrogênio
ETINILESTRADIOL

Temos progestágenos
sintéticos que inibem
esta ação (drospirenona
e gestodeno)

Angiotensinogênio RETENÇÃO DE SÓDIO E


Angiotensina I e II ÁGUA:
• Aumento do volume
plasmático
• Aumento leve da PA
Aldosterona
• Retenção hídrica
Atividade biológica dos progestágenos
Progestágeno Efeito Efeito Efeito Anti- Efeito GC Efeito Anti-
Prog. And. And. Miner.

Ciproterona + - +++ + ±
Medroxiprogesterona + ± - + -
Drospirenona + - + - +
Noretisterona + ± - - -
Levonorgestrel + + - - -
Desogestrel + ± - - -
Gestodeno + ± - + +
Dienogeste + - + - -

Legenda: Prog: progestogênico/ And: androgênico/Anti-And: antiandrogênico/GC:


glicocorticóide/Anti-Miner: antimineralocorticóide
Caso Clínico

Heloísa, 22 anos, foi comprar seu primeiro


anticoncepcional (Mercilon®). Alega não saber quando
iniciar a administração, mas pretende iniciar hoje (está no
10º dia do ciclo). Quais seriam as suas orientações?
Contraceptivos combinados
• Início do tratamento

- Recomenda-se iniciar no primeiro dia da menstruação


- Não é necessária contracepção de apoio nos primeiros 7 dias, a não ser que o
tratamento se inicie em outro dia que não o 1ª da menstruação
- Menores doses estão associados a menos riscos (10-20mcg), porém os escapes
são mais frequentes
- Iniciar no 21-28º dia após o parto (se posterior: utilizar outro método de
contracepção)
- Procurar manter aproximadamente o mesmo horário
Contraceptivos combinados
• Continuação do tratamento

- Pode ser utilizado até a menopausa (~55 anos) em mulheres saudáveis e não
fumantes

- Fumantes: até 35 anos


Caso Clínico

Helena, 30 anos, utilizava um medicamento


anticoncepcional injetável (Depoprovera®), mas por
conta do ganho de peso, a médica lhe prescreveu
Tamisa 20®. Quando é deve começar a tomar?
Caso Clínico

Maria, 25 anos, foi à farmácia comprar seu


adesivo anticoncepcional. Ela utiliza Elani®, mas a
médica resolveu trocar pelo adesivo. Quando ela
realizará a troca dos anticoncepcionais?
Contraceptivos combinados
• Troca de tratamento
- Mudança de um ACO combinado para outro: iniciar no dia posterior ao término da
cartela anterior, SEM FAZER A PAUSA.

- Mudança de anel, adesivo ou DIU para um anticoncepcional oral: iniciar no dia da


retirada

- Mudança de um anticoncepcional injetável (*progestágeno) para um ACO combinado:


iniciar no dia que seria a próxima injeção

- Mudança de uma minipílula (progestágeno) para um ACO combinado: iniciar no dia


posterior e utilizar outros métodos contraceptivos nos 7 primeiros dias
Troca de contraceptivos
PARA

Pílula Adesivo Anel Injetável


Pílula Sem pausa Iniciar um dia Sem pausa Primeira
(emendar a antes de (iniciar no dia injeção 7 dias
cartela) parar a pílula seguinte ao antes de parar
De término da a pílula
cartela)
Adesivo Iniciar a pílula Iniciar no Primeira
no dia da mesmo dia injeção 7 dias
retirada ou 1 da retirada antes de parar
dia antes o adesivo
Troca de contraceptivos
PARA

Pílula Adesivo Anel Injetável


Anel Iniciar um dia Iniciar dois Primeira
antes de dias antes de injeção 7 dias
retirar o anel retirar o anel antes de
De retirar o anel
Injetável Iniciar no dia Iniciar no dia Iniciar no dia
em que seria a em que seria em que seria
próxima a próxima a próxima
injeção injeção injeção
Caso Clínico
Amanda, 30 anos, relata que esqueceu de tomar seu
medicamento anticoncepcional ontem. Ela está na
segunda semana do seu ciclo.

O que você orientaria, considerando que:


- o atraso é de 10 horas?
Contraceptivos orais combinados
• Perdeu a dose!
- Tomar assim que lembrar, mesmo se houver necessidade de tomar 2
comprimidos concomitantemente
- Eficácia “mantida” se até 12 horas de atraso
- Período superior à 12 horas: utilizar outros métodos contraceptivos,
principalmente nos próximos 7 dias
- Mais de duas pílulas perdidas: utilizar outro método contraceptivo
- Vômitos e diarreia intensa após 3-4 h da administração: usar outro método
contraceptivo
Mulheres obesas: além de terem maiores
chances de TEV apresentam eficácia
diminuída com relação à contracepção
(orientar adesão)
Contraceptivos orais combinados
• Decidiu parar de tomar o anticoncepcional!

- Usual: menstruação voltar 30 dias após a interrupção do medicamento

- Algumas mulheres levam 90 dias para voltar a menstruar (*regimes


prolongados e contínuos)-> encaminhar ao médico para avaliação de
amenorreia

- Em algumas mulheres, o ciclo ovulatório natural é reestabelecido depois de


semanas ou meses (1-2 semanas, porém em até 6 meses)
Contraceptivos orais combinados
• O que significa anticoncepcional de baixa dosagem?

- Baseado na dose de estrogênio sintético:


- < 35mcg são pílulas de baixa dosagem

- Preparações antigas continham 80-100mcg de etinilestradiol

- Risco de trombose é dose-dependente


Contraceptivos orais combinados
• Anticoncepcional de baixa dosagem

- Meta-análises demonstraram não haver diferença de eficácia entre


anticoncepcionais com <20mcg de etinilestradiol e com dosagens maiores

- Associação com sangramentos irregulares e spotting

- Úteis para mulheres na perimenopausa (diminuição de sintomas vasomotores):


exceto fumantes e obesas
Contraceptivos orais combinados
• Intervalos

- 7 dias (21 dias de pílula): menstruações mais previsíveis


- 4 dias (24 dias de pílula)
- 2 dias (26 dias de pílula)
Contraceptivos orais combinados
• Sem intervalo:

- Endometriose
- Síndrome pré-menstrual
- Hiperandrogenismo
- Fluxo menstrual intenso

* Segurança a longo prazo ainda não estabelecida


RAM dos anticoncepcionais
DOSE-
DEPENDENTE
Efeitos colaterais

Relacionados ao Relacionados ao
progestágeno estrogênio

Estado depressivo, Náusea, sensibilidade mamária,


Pele oleosa, acne,
alteração do perfil lipídico cloasma, sangramento de
ganho de peso escape, cefaleia
e glicemia
Caso Clínico

Luiza, 18 anos, pede ajuda ao farmacêutico pois


está apresentando sangramentos esporádicos e
está preocupada. Utiliza Femiane® desde julho
deste ano. Quais as orientações e condutas
farmacêuticas para este caso?
RAM dos anticoncepcionais
• Sangramento de “escape”

- RAM mais comum


- Não significa diminuição de eficácia
- Reflete uma adaptação do endométrio
- Mais comum com anticoncepcionais de baixa dosagem
- Frequente quando doses são perdidas
- Sangramentos de escape, independente da dose dos medicamentos, pode
acontecer nos 3 primeiros meses
- Tendem a desaparecer após 3 meses
RAM dos anticoncepcionais

• Amenorreia

- Desejado com regimes contínuos


- Não significa problema endócrino ou redução de eficácia
- Recomenda-se trocar de anticoncepcional
RAM dos anticoncepcionais

• Doença arterial coronariana


- Risco aumentado em fumantes com 35 anos ou mais (independente da
dosagem)
- Risco baixíssimo em mulheres saudáveis (20-40mcg)

• Hipertensão arterial sistêmica


- 5% nas preparações com pelo menos 50mcg de estrogênio
RAM dos anticoncepcionais

• Acidente vascular cerebral

- Raro
- Associado mais ao estrógeno sintético (doses > 50mcg)
- Mais comum com o anel vaginal: estudos demonstraram aumento de AVC
isquêmico (~3x)
RAM dos anticoncepcionais

• Metabolismo de lipídeos

- Estrógeno sintético aumenta TG, HDL e diminui LDL


- Progestágeno aumenta LDL e diminui HDL, especialmente os que apresentam efeitos
androgênicos (levonorgestrel, norgestrel)
- Progestágenos mais novos, como o desogestrel, aumentam HDL e diminuem LDL

Há pouca evidência
RAM dos anticoncepcionais

• Dor de cabeça

- Umas das RAM mais comuns


- Poucos estudos, porém suas conclusões: cefaleia presente mais
frequentemente no primeiro mês, com tendência de melhora; cuidar com
mulheres com histórico de enxaqueca; não há relação entre tipo e dose de
progestágeno e estrogênio
RAM dos anticoncepcionais

• Enxaqueca

- Ocorre geralmente na pausa do medicamento


- Acomete mais frequentemente mulheres que já apresentam enxaqueca
- Alguns estudos mostraram maiores riscos de AVC isquêmico em mulheres
com enxaqueca (especialmente na população com aura)
Risco de câncer
- Mama (*dados conflitantes)
- Estudos epidemiológicos não demonstraram associação (*meta-análises)
- Antes de 1975 a incidência aumentava em mulheres com histórico de
câncer de mama na família (*mãe)

Royal College of General Practitioners‘ coorte: 50.000 mulheres por 24 anos: menor
incidência de câncer colorretal, uterino e ovariano no grupo que utilizava
anticoncepcionais. Risco de câncer de mama foi similar nos grupos
Outros estudos demonstram diminuição da incidência de câncer endometrial e aumento
da incidência de câncer de colo de útero em pacientes fumantes e com HPV
Redução da libido

• Estrógeno aumentam a síntese de globulinas de ligação aos hormônios


sexuais

• Progestágeno sintético faz supressão de LH, diminuindo também os níveis de


testosterona

• Não existem relações entre as formulações e doses


Anticoncepcional engorda?
• Revisão sistemática com meta-análise de 49 ECR (2014):

- Maioria dos ECR utilizaram etinilestradiol 20-50mcg


- As evidências disponíveis não foram suficientes para
estabelecer uma relação, mas nenhum efeito considerável foi
observado
RAM dos anticoncepcionais

• Tromboembolismo venoso
- Risco de 2-4 vezes maior em relação às mulheres não usuárias
- Ocorrência rara: <0,1%. Risco maior no primeiro ano de uso
- Preocupações maiores em relação ao estrogênio (dose-dependente)
- Obesas apresentam 2-24 vezes mais risco que não obesas
- Injetáveis não parecem estar associados a riscos
RAM dos anticoncepcionais

• Tromboembolismo venoso
• Recentes estudos epidemiológicos demonstraram que os progestágenos mais
recentes estão associados à maiores riscos que os de primeira geração
(ciproterona, drospirenona X levonorgestrel)
RAM dos anticoncepcionais

• Tromboembolismo venoso
- Os anticoncepcionais associados à menores riscos: levonorgestrel +
etinilestradiol 20mcg

• FDA (2012: risco de tromboembolismo com drospirenona 3x maior em relação


ao levonorgestrel)
• Gestodeno, desogestrel, ciproterona, drospirenona (+ etinilestradiol 35mcg):
50-80% maior o risco se comparado ao levonorgestrel (De Bastos, 2014 –
Revisão sistemática)
• Porém, o risco absoluto ainda foi baixo
Riscos trombóticos

Modificação no metabolismo hepático

Alteração nos fatores de coagulação

↓ anticoagulantes
↑ coagulação (fatores
(proteína C,
II, VII, VIII)
Antitrombina III)
Riscos trombóticos
• Risco aumenta na presença das seguintes condições:
- Idade
- Obesidade (>30kg/m2)
- História familiar positiva
- Tabagismo
- Hipertensão
- Valvopatia
- Fibrilação atrial
- Enxaqueca
Contraceptivos orais combinados
• Contraindicações

- Fumantes ≥ 35 anos ( ≥15 cigarros/d)


- Múltiplos fatores de risco cardiovasculares (diabetes e hipertensão)
- PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 100mmHg
- Histórico de tromboembolismo venoso
- Histórico de AVC
- Doenças cardiovasculares isquêmicas e valvares (fibrilação atrial,
hipertensão pulmonar)
Contraceptivos orais combinados
• Contraindicações

- Migrânea com aura*


- Lúpus eritematoso sistêmico
- Câncer de mama
- Cirrose
- Adenoma hepatocelular
Ciproterona
Ciproterona 2mg + 0,035mg de etinilestradiol

• 21 drágeas/comprimidos

• Ciproterona: efeito anti-androgênico importante


-> usado para acne, hirsutismo, síndrome do
ovário policístico

• Reservado para mulheres necessitam de tto


para condições andrógeno-dependentes
(somente por contracepção: pensar em outros
medicamentos)
Ciproterona

• Após 4-12 meses de tratamento, os sintomas


são na maioria das vezes solucionados.
Recomenda-se trocar de anticoncepcional

• Estrógeno: associado à risco de TEV

• Ciproterona : associado à maiores riscos de


TEV em relação aos progestágenos mais
antigos
Avaliações quanto a segurança

OMS (2004)
Avaliações quanto a segurança

OMS (2004)
Avaliações quanto a segurança

OMS (2004)
Particularidades

OMS (2004)
Monofásicas

Nome Comercial Componente Dose Apresentação

Artemidis 35®, Diane EE + Acetato de


35 μg + 2 mg 21 comp
35®, Selene® Ciproterona

Aixa®, Belara®,
EE + Clormadinona 30 μg + 2 mg 21 comp
Liberfem®

Femina®, Mercilon®,
EE + Desogestrel 20 μg + 150 μg 21 comp
Primera 20®
Monofásicas

Nome Comercial Componente Dose Apresentação

Microdiol®, Primera 30® EE + Desogestrel 30 μg + 150 μg 21 comp

Elani®, Yasmin® EE + Drospirenona 30 μg + 3 mg 21 comp

Yaz®, Iumi® EE + Drospirenona 20 μg + 3 mg 24 comp


Monofásicas
Nome Comercial Componente Dose Apresentação
21 comp
Tâmisa 15®
EE + Gestodeno 15 μg + 60 μg + 4 comp
placebo

Femiane®, Allestra 20®,


EE + Gestodeno 20 μg + 75 μg 21 comp
Diminut®

Allestra 30®, Tâmisa 30® EE + Gestodeno 30 μg + 75 μg 21 comp

Ciclo 21®, Gestrelan®,


Microvlar®, Nociclin®, EE + Levonorgestrel 30 μg + 150 μg 21 comp
Nordette®
Monofásicas

Nome Comercial Componente Dose Apresentação

Evanor®, Neovlar® EE + Levonorgestrel 50 μg + 250 μg 21 comp

21 comp
Microvlar® EE + Levonorgestrel 30 μg + 150 μg

a) 1,5 mg + 2,5mg a) 24 comp


Iziz®, Stezza® Estradiol + Nomegestrol
b) Placebo b) 4 comp
Bifásicas

Nome Comercial Componente Dose Apresentação

a) 40 μg + 25 μg a) 7 comp
Gracial® EE + Desogestrel
b) 30 μg + 125μg b) 15 comp
Trifásicas

Nome Comercial Componente Dose Apresentação


a) 30 μg + 50 μg a) 6 comp
Triquilar® EE + Levonorgestrel b) 40 μg + 75 μg b) 5 comp
c) 30 μg + 125 μg c) 10 comp
Quadrifásico

Nome
Componente Dose Apresentação
Comercial

Dienogeste a) 3 mg + 0 mg a) 2 comp
b) 2 mg + 2 mg b) 5 comp
Qlaira® c) 2 mg + 3 mg c) 17 comp
Valerato de d) 1 mg + 0 mg d) 2 comp
estradiol e) Placebo e) 2 comp.
Interações Medicamentosas
• Indutores enzimáticos (CYP):

- Fenobarbital
Efeito anticoncepcional reduzido
- Fenitoína
- Rifampicina
- Carbamazepina Alguns anticoncepcionais combinados
diminuem a eliminação de lamotrigina
- Topiramato (↑45-60% a concentração sérica)

- Oxcarbacepina
- Hypericum perforatum
Interações Medicamentosas
• Antibióticos:

- Rifampicina: diminui a concentração sérica de estrógeno e progestágeno


(oral, anel, adesivo)

- Possibilidades farmacológicas de outros antibióticos, porém sem


comprovação!
Contracepção de emergência
• Não há contraindicações absolutas para a contracepção de emergência,
além da gravidez.

• O sangramento uterino costuma ocorrer em 98% das mulheres dentro de


21 dias do uso do método. Se tal não acontecer, indica-se o teste de
gravidez.
Contracepção de emergência
Contracepção de emergência
• O método mais adequado para a anticoncepção de emergência é o
levonorgestrel isolalado

Efeitos colaterais são sensivelmente reduzidos


Menor interação com outros medicamentos
Confere maior efetividade
Contracepção de emergência
Mecanismo de ação Levonorgestrel 1,5mg

• Se utilizado antes da ovulação: previne ovulação por atrasar ou inibir a


liberação do óvulo do ovário
• Se utilizado depois da ovulação: previne a fertilização por afetar a
motilidade das tubas uterinas e prevenir o encontro do espermatozóide
com o óvulo
• Além disso, modifica o muco cervical e interfere na mobilidade dos
espermatozoides
Contracepção de emergência
EFICÁCIA

- 95% de efetividade se a primeira dose é tomada em menos de 24 horas

- 85% de efetividade se a primeira dose é tomada de 24-48 horas

- 58% de efetividade se a primeira dose é tomada de 48-72 horas


Contracepção de emergência
Reações adversas

• Dor abdominal, dor de cabeça, tontura, fadiga e sensibilidade nos seios


• Náusea (≈25%), vômito (≈5%) – o que fazer em casos de vômitos após a
dose?
• Quando acontecer vômitos nas duas primeiras horas após a administração
do levonorgestrel, é recomendável que a dose seja repetida.
• A anticoncepção hormonal de emergência com Levonorgestrel não provoca
sangramento nem altera significativamente o ciclo menstrual.
Prescrição farmacêutica (ACOs) –
Exemplo UFPB

→ Desde outubro/2019

Figura 1. Acordo de colaboração farmácia escola / CRAS UFPB


Prescrição farmacêutica (ACOs) –
Exemplo UFPB

Tabela 1. Questionário para avaliação de risco no uso de contraceptivos hormonais

HISTÓRICO PESSOAL DA PACIENTE


Quando foi seu último ciclo menstrual?
É possível estar grávida no momento?
Já fez uso de contraceptivo hormonal alguma vez? Se sim, qual?
Sentiu alguma reação adversa com o uso do contraceptivo anterior? Se sim, qual?

Melo, 2020
Prescrição farmacêutica (ACOs) –
Exemplo UFPB
Questionário para avaliação de risco
AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCO
Deu à luz nas últimas 4 semanas?
Possui diabetes? Quais os valores mais recentes de HbA1C e de glicemia capilar?
Tem enxaqueca?
Sua enxaqueca é acompanhada de alterações visuais?
Possui hipertensão arterial? Quais os valores de PA durante a consulta?

Possui dislipidemia? Quais os valores de CT e frações, TG?


Algum distúrbio sanguíneo como hemofilia?
É tabagista? Se sim, qual a quantidade de cigarros por dia?
Melo, 2020
Prescrição farmacêutica (ACOs) –
Exemplo UFPB

Questionário para avaliação de risco


HISTÓRICO DE DOENÇAS E PROCEDIMENTOS

Já sofreu IAM ou alguma intercorrência cardiovascular?

Tem histórico de TEV ou TP?


Já realizou cirurgia de redução de estômago?
Pretende realizar ou realizou uma cirurgia de grande
porte nas últimas 4 semanas?
Prescrição farmacêutica (ACOs) –
Exemplo UFPB
Critérios de elegibilidade
O anticoncepcional pode ser utilizado pela paciente e prescrito por
1 um farmacêutico habilitado, com especialização em farmácia clínica e
acordo de cooperação com outro serviço de saúde. Os benefícios
superam os riscos.

2 O anticoncepcional pode ser utilizado pela paciente e prescrito https://www.spdm.org.br/saude/galeria-de-videos/clinica-


geral/item/3027-voce-sabe-o-que-e-seguranca-do-paciente
por um farmacêutico habilitado. Considerar a existência de riscos.

3 Os riscos podem ser maiores que os benefícios. Aconselhar o


paciente para o uso de outros métodos contraceptivos ou
encaminhar ao médico para análise de risco/benefício.

4 O contraceptivo deve ser evitado. Os riscos superam os


benefícios.
AUTOR, 2020
Opções de Primeira Escolha

Contraceptivos orais
• Formulações com dose de etinilestradiol (20 a 30mcg)

• Formulações com valerato de estradiol

• Pílulas monofásicas

AUTOR, 2020
Primeira Escolha - Opções
Contraceptivos injetáveis

• Injetáveis mensais > trimestrais (medroxiprogesterona)

• Acetato de medroxiprogesterona 25mg + cipionato de estradiol 5mg →


Cyclofemina®

• Enantato de norestisterona 50mg + valerato de estradiol 5mg →


Mesigyna®

AUTOR, 2020
Escolha

O uso diário de
contraceptivo é
um empecilho?
Sim Não
Forma Forma
farmacêutica farmacêutica
injetável comprimido

Sim Usar
Risco de Seguir
combinado
diminuição de fluxograma II
(mensal)
DMO ou RAM
prévia a Não Usar
progestina progestina
isolada? isolada

Fluxograma I: esquematização de escolha da forma farmacêutica para prescrição de contraceptivos hormonais


Escolha

Uso prévio de CH?

Não

Sim A RAM está


relacionada ao
Sim estrógeno ou à
Inicie tratamento de RAM por + de 3
progesterona?
1º escolha e avalie a meses?
Consulte fluxograma
cada ciclo
Não IIb.

Mantenha o
contraceptivo
anterior, se
indicação correta

Fluxograma IIa. esquematização de escolha da forma farmacêutica para prescrição de contraceptivos hormonais
Escolha

RAM estrogênica?

Náusea e dores de
Sangramento de escape Melasma
cabeça

Aumente a dose do Reduza a dose do Reduza a dose do


estrógeno. Se não estrógeno ou substitua o estrógeno e indique
houver resposta em 3 componente estrogênico filtro solar com FPS ≥
meses, modifique para por um natural, como 30. Se levonorgestrel,
quadrifásico valerato de estradiol troque

Fluxograma IIb. esquematização de escolha da forma farmacêutica para prescrição de contraceptivos hormonais
Escolha
RAM do
progestágeno?

Piora ou
aparecimento de Maior retenção de Diminuição de
espinha? líquido? libido?

Modique o Preferência para prescrição


progestágeno, utilize os de levonorgestrel. Se já está
Preferência aos
com melhor efeito em uso, reduza dose do
progestágenos com efeito
antiandrogênico, como estrógeno ou troque a
antimineralocorticoide como
drospirenona e progestina por
gestodeno e drospirenona
clormadinona clormadinona

Fluxograma IIc. esquematização de escolha da forma farmacêutica para prescrição de contraceptivos hormonais
CASOS CLÍNICOS

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