Você está na página 1de 3

Fisioterapia Cardiorrespiratória – Universo

Caso clínico: J.W.M, 52 anos, pedreiro e faz trabalhos gerais de consertos e


manutenções em residências. Há muitos anos não tem descanso aos finais de semana e
não se lembra quando foram suas últimas férias. Atualmente, relata que considera sua
percepção geral quanto a sua saúde muito ruim. Não tem energia para suas atividades
diárias, sono não reparador, desânimo constante, falta de ar. Sr. J.W.M está acima do
peso (IMC = 29,5 Kg/m2); seu perfil lipídico é: LDL = 165mg/dL, HDL = 46 mg/dL,
pressão arterial em torno de 144/88 mmHg e glicemia e níveis plasmáticos de insulina
dentro da normalidade. Além disso, não pratica exercícios físico, é tabagista e não faz
qualquer tipo de controle alimentar. Para avaliação da capacidade funcional do paciente,
o fisioterapeuta optou por conduzir o teste de caminhada de 6 min (TC6) (Tabelas
abaixo). O paciente realizou uma ecocardiografia na qual se identificou uma valvopatia
mitral e deverá passar por um procedimento cirúrgico de correção nos próximos meses.

Obs.: Cálculo do previsto para a distância percorrida do TC6 para a população brasileira
(Iwana, 2009):

- TC6 distância (metros) = 622,461 - (1,846 x idade em anos) + (61,503 x sexo


masculino = 1; sexo feminino = 0).

Sobre o caso clínico, responda:


1) Como está a funcionalidade e a qualidade de vida do paciente. Justifique sua
resposta.
2) Interprete o TC6 do paciente.
3) Descreva a importância dos testes de avaliação da capacidade funcional na prática
clínica do fisioterapeuta. Exemplifique e justifique os usos desses testes.
4) Compare as variáveis fisiológicas entre as três etapas do TC6 (repouso – exercício -
recuperação).
5) O que pode estar acontecendo com o paciente que o fez interromper o TC6. Como
você avaliaria.
6) O que é uma valvulopatia? Quais são os tipos de doenças valvares?
7) Relacione os prejuízos funcionais apresentados pelo paciente com a condição
clínica que ele apresenta.
8) Qual estratégia fisioterapêutica deve ser adota para minimizar complicações ao
paciente devido ao procedimento cirúrgico? Justifique sua resposta.
9) Porqueoprocedimentocirúrgicopodeacarretarprejuízosfuncionaisaopacientenopós-
operatório? Quais pacientes apresentam maiores fatores de risco para essas
intercorrências?
10)Descreva os parâmetros que devem ser considerados em uma prescrição de
exercício físico terapêutico nessa fase de tratamento prévia a intervenção cirúrgica?
Como você montaria uma sessão de exercício?

RESPOSTAS:

1. A funcionalidade e a qualidade de vida do paciente estão comprometidas. Ele


relata falta de energia, sono não reparador, desânimo constante e falta de ar,
além de estar acima do peso, ser tabagista e não praticar exercícios físicos. Sua
funcionalidade, como evidenciado pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6),
também é reduzida, com uma distância percorrida abaixo do esperado para sua
faixa etária e sexo. Todos esses aspectos contribuem para uma baixa qualidade
de vida, interferindo em suas atividades diárias e bem-estar geral.

2. O TC6 do paciente revela uma capacidade funcional reduzida. Ele percorreu


uma distância de 400 metros na primeira tentativa e 412 metros na segunda,
ambas abaixo do esperado para sua idade e sexo. Além disso, o paciente
interrompeu o teste devido ao cansaço, o que indica uma baixa tolerância ao
esforço.

3. Os testes de avaliação da capacidade funcional são fundamentais na prática


clínica do fisioterapeuta, pois permitem uma avaliação objetiva do estado de
saúde e da capacidade funcional dos pacientes. Esses testes auxiliam no
diagnóstico, no planejamento do tratamento e na avaliação da eficácia das
intervenções fisioterapêuticas. Por exemplo, o TC6 é amplamente utilizado
para avaliar a capacidade funcional em pacientes com diversas condições,
como doenças pulmonares, cardiovasculares, neuromusculares, entre outras.

4. As variáveis fisiológicas durante as três etapas do TC6 (repouso, exercício e


recuperação) podem variar. Durante o exercício, observa-se um aumento na
frequência cardíaca, na pressão arterial sistólica e na frequência respiratória,
enquanto a saturação de oxigênio pode diminuir ligeiramente. Na fase de
recuperação, essas variáveis tendem a retornar aos valores basais, embora
possam permanecer elevadas por um período de tempo, especialmente em
pacientes com baixa capacidade funcional.

5. O paciente interrompeu o TC6 devido ao cansaço, o que sugere uma baixa


capacidade funcional e uma intolerância ao esforço. Isso pode ser atribuído a
uma combinação de fatores, incluindo falta de condicionamento físico,
obesidade, tabagismo e possível comprometimento cardíaco devido à
valvopatia mitral.

6. Uma valvulopatia é uma condição na qual uma ou mais válvulas cardíacas não
funcionam adequadamente. Os tipos de doenças valvares incluem estenose
valvar (estreitamento da válvula), insuficiência valvar (vazamento de sangue
através da válvula), prolapso valvar (válvula que se abre inadequadamente) e
endocardite (infecção da válvula).

7. Os prejuízos funcionais apresentados pelo paciente, como falta de energia,


desânimo constante, falta de ar e capacidade funcional reduzida, podem ser
relacionados à valvopatia mitral. O comprometimento da função valvar pode
levar a uma diminuição do débito cardíaco e, consequentemente, à redução da
capacidade funcional e da qualidade de vida do paciente.

8. Uma estratégia fisioterapêutica para minimizar complicações ao paciente


devido ao procedimento cirúrgico inclui a prescrição de exercícios de
fortalecimento muscular, exercícios respiratórios e orientações para a
reabilitação cardíaca pré-operatória. Essas intervenções podem ajudar a
melhorar a capacidade funcional, reduzir o risco de complicações pós-
operatórias e acelerar a recuperação.

9. O procedimento cirúrgico pode acarretar prejuízos funcionais ao paciente no


pós-operatório devido ao trauma cirúrgico, imobilização, dor, complicações
respiratórias, entre outros fatores. Pacientes com maior idade, comorbidades
pré-existentes, baixa capacidade funcional e obesidade apresentam maiores
fatores de risco para essas intercorrências.

10. Em uma prescrição de exercício físico terapêutico prévia à intervenção


cirúrgica, devem ser considerados parâmetros como a capacidade funcional
atual do paciente, suas comorbidades, objetivos de tratamento e tolerância ao
esforço. Uma sessão de exercício pode incluir aquecimento, exercícios
aeróbicos de baixo impacto (como caminhada), exercícios de fortalecimento
muscular, exercícios respiratórios e alongamento. É importante monitorar de
perto a resposta do paciente ao exercício e ajustar a intensidade e duração
conforme necessário.

Você também pode gostar