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Reabilitação cardiovascular

Prof. Ianara Barros Albuquerque


Reabilitação Cardíaca
• Definida como um conjunto de atividades necessárias para garantir aos
pacientes portadores de doenças cardiovasculares as melhores condições
sociais, mentais e físicas, no intuito de melhorar sua qualidade de vida
• As lesões cardiovasculares estão entre as doenças que mais causam
mortalidade no mundo.
• Os programas de reabilitação cardíaca foram desenvolvidos com o
propósito de trazer os pacientes cardiopatas de volta às suas atividades
diárias habituais, com ênfase na prática do exercício físico, acompanhada
por ações educacionais voltadas para mudanças no estilo de vida.
Benefícios
• Melhora no escore para dispneia
• Melhora na capacidade funcional
• Redução de fatores de risco
• Redução dos sintomas
• Melhora na qualidade de vida e detecção precoce de sinais
• Sintomas que antecedem importantes complicações e descompensações.
• Melhora da sensação de esforço
• Aumento do volume corrente,
• Aumento da capacidade vital,
• Redução da dor
• Potencializa a força dos músculos responsáveis pela respiração
• Estabiliza a frequência cardíaca,
• Controla a pressão arterial sistólica,
Recomendações
• Para pacientes após infarto agudo do miocárdio
• Após cirurgia de revascularização do miocárdio,
• Pós-operatório de cirurgias cardíacas,
• Insuficiência cardíaca crônica,
• Pré e pós transplante cardíaco,
• Intervenções percutâneas do miocárdio,
• Doenças valvares e doença arterial periférica.
A importância das coletas de dados

• O fisioterapeuta exerce um papel primordial na Reabilitação Cardiológica. Ao


primeiro contato com o paciente, ele analisa as capacidades e limitações, sempre
com base na avaliação funcional e clínica. Em seguida, desenvolve um plano de
tratamento com objetivos a serem alcançados e as condutas que serão realizadas.
• Os exercícios realizados na fisioterapia visam melhorar a mobilidade e a condição
física, social e mental dos pacientes para que sejam capazes de retornar as suas
atividades de vida diária.
• A frequência a ser realizada dependerá do estado clínico do paciente, e pode ainda,
ser feita juntamente com a equipe multidisciplinar para melhores resultados.
• Os dados obtidos na avaliação física e em exames como o teste ergométrico ou
cardiopulmonar fornecem informações que permitem avaliar e analisar as
limitações funcionais dos sistemas envolvido.
Fases da reabilitação cardíaca
A intervenção fisioterapêutica na Reabilitação Cardíaca pode ser dividida em 3 fases:

• Hospitalar: Evitar efeitos deletérios do repouso prolongado, combater efeitos psicológicos


negativos, reduzir a permanência hospitalar.

• Ambulatorial: Aumento de Capacidade Funcional (CF) e contribuir para o retorno às


atividades sociais e laborais.

• Manutenção, que pode ser supervisionada ou não supervisionada: Corrigir fatores de


risco, aumento da capacidade funcional. Aumentar e manter a aptidão física (não
necessariamente supervisionada).
Capacidade Funcional
• Durante a atividade física, o metabolismo corporal aumenta o consumo de O2 pelos músculos esqueléticos
em atividade.
• O fornecimento de O2 pelo sistema cardiorespiratório, e a eficiência deste determina uma melhor ou pior
capacidade funcional.
• O VO2 máximo é captação e utilização máx. de O2.

Sendo o VO2 produto do débito cardíaco (DC) pela diferença arteriovenosa de O2.

O DC é o produto do VS (volume sistólico) pela FC (frequência cardíaca).


O VO2 máx. pode ser usado como índice metabólico, sendo que 1MET (equivalente metabólico)
corresponde a 3,5 mlO2/Kgmin.
Os limites cardiopulmonares de utilização do VO2 máx são definidos por um componente central (DC), que
revela a capacidade do coração funcionar como bomba, e fatores periféricos ( dif a –v O2) que descrevem a
capacidade do pulmão oxigenar o sangue ofertado a ele, e a capacidade do músculo extrair este oxigênio .
Capacidade Funcional
• Um MET é o gasto energético que o indivíduo tem em repouso. O número de
METs corresponde a capacidade funcional do sistema cardiovascular de um
indivíduo, a qual é encontrado no teste ergométrico (TE).

• O MET é a unidade de medida que mostra o consumo de O2 por unidade de


tempo e Kg, sendo calculada pela fórmula MET= VO2máx / 3,5. Caso o VO2
esteja muito baixo (intolerância aos esforços) pode indicar uma doença
isquêmica.

• A capacidade de atingir 10 METs e uma FC de 160 bpm em um teste


ergométrico que não tenha alterações de isquemia ou arritmias cardíacas
complexas confere um excelente prognóstico.
Existem várias formas de controlar o esforço que realiza durante a prática de exercício físico. Quando o exercício é realizado num
hospital, é possível controlar o esforço com o recurso a eletrocardiograma e ao registo da frequência cardíaca.

Ao realizar o seu programa fora do hospital, existem algumas alternativas que poderão ser utilizadas para o orientar na gestão do esforço.
Seguem três exemplos que poderá implementar durante o exercício:

•Monitorização da frequência cardíaca


Se tiver um meio de verificar a sua frequência cardíaca durante o exercício (como, por exemplo, através de relógios digitais com esta
funcionalidade), pode utilizar este método para orientar a intensidade do seu exercício, guiando-se pela sua frequência cardíaca máxima
estimada.
A definição da frequência ideal de treino deve ser feita com base numa prova de esforço e após um período de treino supervisionado e sob
monitorização eletrocardiográfica. Caso o mesmo não tenha ocorrido, deve iniciar o exercício de forma ligeira e progressiva (20-30
batimentos acima da frequência cardíaca em repouso), usando a sensação de esforço (ver escala de Borg abaixo) entre 12-13
(“ligeiramente cansativo”).

•Escala de Perceção Subjetiva de Esforço de Borg


Esta é uma escala também utilizada durante os períodos de exercício em meio hospitalar. Consiste numa escala qualitativa numérica
crescente que representa o nível de esforço que sente (ex: nível de esforço sentado seria o 6; o nível de esforço na exaustão máxima após
um sprint máximo de 10 metros seria 19-20). Idealmente o seu esforço máximo não deverá ultrapassar os níveis 11 a 13 quando estiver
a realizar exercício sem supervisão médica.

“Talk test”
Este teste (“Teste da Conversa”, em português) é uma forma muito simples de monitorizar o seu esforço. Basicamente, consiste em tentar
conversar com alguém durante o exercício. Se não for capaz de concluir uma frase completa (5 palavras), deve diminuir a
intensidade do seu esforço. Por outras palavras, deve conseguir comunicar com frases curtas, de forma confortável, sem sentir falta de ar
significativa.
Escala de Borg
Utilizada para avaliara a percepção da dispneia pelos indivíduos em situações de exercício físico.

• Como usar
Para entender na prática, imagine que você foi fazer esteira. Ao começar a caminhar o nível de intensidade é baixo, sua frequência cardíaca
começou a subir, mas você pode conversar naturalmente. Essa é intensidade nível 1.
Agora você aumentou a velocidade, é uma caminhada mais forte ou talvez para você já possa ser um trote mas ainda é possível conversar
naturalmente. Esse é o nível 2-3 da escala de borg.
Vamos aumentar mais um pouco essa velocidade. Agora a atividade começa a ficar interessante, é possível ainda conversar, mas você já
sente um pouco mais de dificuldade e começa a sentir o coração mais acelerado e ainda é possível manter um bom tempo assim. Esse é
nível 4-6. Nesse ponto você está acima de 55% da sua frequência cardíaca máxima.
Mas você gosta de adrenalina e subiu ainda mais a velocidade. Agora já não é mais possível falar frases grandes mas apenas algumas
palavras, a respiração está bem acelerada e a atividade fica desconfortável. Esse é o nível 7-8 e você está acima do 70% da frequência
cardíaca máxima.
Hora do sprint! Você acelera mais e aumenta a inclinação, a respiração está extremamente forte. É possível falar algumas palavras pegando
fôlego antes, o exercício está muito desconfortável e você percebe que não será possível ficar mais que alguns minutos nessa atividade.
Esse é o nível 9 e nesse momento você está acima de 85% da frequência cardíaca máxima.
Quer aumentar mais? Vamos aumentar! Agora é praticamente impossível de continuar, respirar é muito difícil, falar então nem pensar –
nessa fase é comum ter náusea e tonturas – é impossível continuar só mais do que alguns segundos. Você está no nível 10 e chegou a
100% da frequência cardíaca máxima!
Agora você sabe qual é a relação da escala de percepção de esforço com os batimentos cardíacos, entender isso vai te ajudar a ter um ritmo
melhor no seu esporte e saber qual momento certo para forçar mais, diminuir e/ou manter.
Efeitos do treinamento Físico
• Agudo imediato: Ocorre peri e pós imediato do exercício
físico, como aumento da FC, aumento da ventilação pulmonar
e sudorese.
• Agudo tardio acontecem nas primeiras 24 até 72 horas após o
término do exercício, como aumento da sensibilidade
insulínica e redução tensional.
• Crônicos ou adaptativos: Como diminuição da FC em repouso
e aumento da Capacidade Funcional.
Sendo que a diminuição da frequência cardíaca ocorre devido a intensificação do sistema nervoso
parassimpático que a controla.

Ocorre também atenuação da taquicardia ao exercício, devido a menor retirada vagal e menor intensificação
simpática do coração durante atividade física.

Há aumento do VS em repouso , devido a um maior volume diastólico final por mecanismo intrínseco e por
redução da resistência periférica ao fluxo sanguíneo.

Diminuição de catecolaminas circulantes sanguíneas e urinárias em repouso e durante exercício submáximo


por diminuição do tônus simpático.

A elevação do tônus parassimpático resulta também na diminuição da PA sitólica.

O exercício realizado cronicamente aumenta a densidade capilar na musculatura trabalhada, melhorando a


capacidade de redistribuir o fluxo sanguíneo.

Também ocorre aumento de glicogênio muscular, aumento de enzimas oxidativas, permitindo maior extração
deO2. Há aumento do limiar anaeróbico e maior tolerância ao exercício.
BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO PARA CARDIOPATA
Ocorre melhora da angina em repouso; atenuação da isquemia induzida pelo esforço, melhora da capacidade funcional, aumento de perfusão na microcirculação
coronariana (recrutamento de vasos colaterais), redução do risco de morte após IAM em relação à indivíduos sedentários.

TIPO DE EXERCÍCIO:
Exercício isotônico: caracteriza-se pela alternância entre contração e relaxamento muscular, sendo adequado para o Cardiopata porque permite o aporte de O2 e o
retorno venoso, com fonte energética predominante no metabolismo aeróbica. A resposta a este tipo de exercício é o aumento do VS e elevação progressiva da PA
sistólica e pequena queda da PA diastólica ( efeito agudo). Já o exercício isométrico (tipo que envolve mais de 20% de contração voluntária máxima), provoca
aumento de da pressão arterial e aumento do trabalho do miocárdio sem promover um adequado retorno venoso, capaz de suprir adequadamente as artérias
coronárias, podendo precipitar Angina/Arritmia.
(YAZBEK, P. 524).

Exercícios de fortalecimento podem ser feitos com número de repetições menores 6-8 repetições intervalados. ( CARVALHO, 2004).

Exercício aeróbico: São aqueles em que as adaptações cardiovasculares se mantêm proporcionais à demanda metabólica, onde a energia provém de combustão
oxidativa dos substratos energéticos e do transporte de O2 aos músculos. ( YAZBEK, P. 525).
O exercício aeróbico envolvendo grandes massas musculares é fundamental para o aperfeiçoamento e aumento das funções cardiorrespiratórias. (PÁSSARO,
1997).

FREQUÊNCIA DO EXERCÍCIO:
Na Fase I : 2 a 3 vezes ao dia.
Da Segunda fase em diante: 3 a 5 vezes por semana.
( CARVALHO, 2004.)

DURAÇÃO DO EXERCÍCIO:
Na Fase I 15 minutos por sessão.
Nas fases seguintes: inicia-se com 20 progredindo até 60 minutos.
(ARAKAKI, 1996, P. 26).
INTENSIDADE DO EXERCÍCIO:
Expressa em porcentuais e baseada na intensidade máxima atingida ou no consumo máx. de O2 do indivíduo (acima do qual há acúmulo de lactato).
Determinar a intensidade do exercício é muito importante, para que se obtenha o máximo de benefícios, e ao mesmo tempo conhecer o limite individual
de cada paciente, através de uma triagem/estratificação de risco proporcionando maior segurança ao paciente. Para tanto, antes de iniciar o treinamento
após a alta hospitalar é imperativo que o paciente faça o Teste Ergométrico ou a Ergoespirometria, e a partir dele encontrar a intensidade do exercício
utilizando um do seguintes métodos. ( PÁSSARO, 1997).

CONSUMO DE O2 (VO2 máx): Faz-se o controle da capacidade funcional que se deseja atingir pela FC máx (encontrada no TE) com percentual de
treinamento variando entre 60-80% do VO2 máx. KARVONEN e cols. estipularam a porcentagem de reserva da FC, determinando a FC de treinamento.
Multiplicando-se a diferença da FC máx pela FC de repouso, pelo percentual de treinamento, e o resultado é somado a FC de repouso.
EX: FC t = FC rep. + (60 – 80%) x (FC máx – FC rep.)
(YAZBEK, P. 526)

LIMIAR ANAERÓBICO: Obtidos na ergoespirometria ou exames seriados de lacticidemia durante o exercício. (PÁSSARO, 1997)
MET de treinamento: Soma-se o MET máx (do TE) ao percentual de capacidade funcional, entre 60-80% e o resultado é multiplicado pelo número de
MET máx.
EX: (60%+8) x 8 = 5,44.

INDICAÇÃO: O Programa de reabilitação cardíaca está indicado para coronariopatas, após IAM, Angina estável, Insuficiência cardíaca compensada,
após cirurgia de: revascularização do miocárdio, angioplastia, troca de válvula cardíaca, após transplante cardíaco e após correção de defeitos cardíacos
congênitos, miocardiopatia compensada.
(PÁSSARO, 1997)
Contra Indicação
• Sinais e sintomas de isquemia miocárdica (angina e/ou segmento ST a 2mm;
comportamento pressórico anômalo
• queda ou aumento > 200 mmhg da PA sistólica e PA diastólica > 130mmhg);
• hipotensão ortostática;
• arritmias;
• sinais de baixo debito cardíaco
• Sensação de fadiga
• Palidez
• Cianose
• Sinais e sintomas de precordialgia
Fase hospitalar
• Fase 1 - Aplica-se ao paciente internado.
• Inclui os pacientes submetidos às intervenções coronárias percutâneas (ICP) por técnica de balão ou implante
de stent, cirurgias para valvopatia, cirurgias para cardiopatia congênita, transplante cardíaco, paciente com
angina do peito de caráter estável e paciente com fatores de risco para doença coronária.
• Esta fase destina-se também aos diabéticos, hipertensos, portadores de síndrome metabólica, nefropatas
crônicos e pneumopatas crônicos, internados devido descompensação clínica. Interessa, portanto, aos
pacientes internados por descompensação clínica de natureza cardiovascular, pulmonar e metabólica.
• Inicia-se após o paciente ter sido considerado compensado clinicamente, como decorrência da otimização do
tratamento clínico e/ou utilização de procedimento intervencionista.
• O fisioterapeuta poderá atuar no pré ou pós-operatório e também na fase de compensação cardíaca. Assim é
possível evitar complicações dos efeitos deletérios do repouso, mantendo ou melhorando a amplitude de
movimento e força muscular.
• É ideal que a equipe de profissionais seja composta por médico, fisioterapeuta, enfermeiro, nutricionista e
psicólogo
• O programa nesta fase objetiva que o paciente tenha alta hospitalar com as melhores condições físicas e
psicológicas possíveis, municiado de informações referentes ao estilo saudável de vida, em especial no que
diz respeito ao processo de RCPM.
Objetivos da Fase 1
• Prevenir perda da capacidade física
• Promover posicionamento adequado no leito
• Evitar complicações respiratórias
• Evitar complicações tromboembólicas
• Facilitar alta precoce do paciente internado
Conduta fisioterapêutica
Intra-Hospitalar: Nível 1: 2-3 dias em UTI
• Sentar no leito
• Exercicios passivos no leito
• Posição ortostática assistida

Nível 2: 3-5 dias em UTI ou enfermaria


• Movimentação de extremidades
• Deambulação assistida no quarto
• Banho assistido

Nível 3: 4-8 dias internação


Caminhar 2x ao dia
Uso independente de banheiro
Descer lance de escadas

Nos pacientes cirúrgicos, o fisioterapeuta trata principalmente do sistema respiratório, realizando higiene brônquica e promovendo a
reexpansão pulmonar através de manobras ou uso de incentivadores respiratórios. Também são oferecidos suportes e cuidados em
ventilação mecânica, determinando parâmetros adequados caso o paciente esteja ou necessite de intubação endotraqueal.
Devem predominar a combinação de exercício físico de baixa intensidade, técnicas para o controle do estresse e
programas de educação em relação aos fatores de risco.
Interrupção dos exercícios
• Fadiga
• Dispneia
• Cianose
• Palidez
• Náuseas
• Aumento de 20bpm acima de FC de repouso
• Pressão sistólica 200mmhg acima dos níveis de repouso
Fase ambulatorial
• Fase 2 – É a primeira etapa extra-hospitalar.
• Inicia-se imediatamente após a alta e/ou alguns dias após um evento cardiovascular ou descompensação clínica de natureza
cardiovascular, pulmonar e metabólica.
• Duração prevista: três a seis meses, podendo em algumas situações se estender por mais tempo. Pode funcionar em estrutura que faça parte
do complexo hospitalar ou outro ambiente próprio para a prática de exercícios físicos (clube esportivo, ginásio de esportes, sala de ginástica
etc.).
• A equipe ideal deve incluir médico, fisioterapeuta, professor de educação física, enfermeiro, nutricionista e psicólogo.
• O programa de exercícios deve ser individualizado, em termos de intensidade, duração, freqüência, modalidade de treinamento e progressão.
Sempre devem existir recursos para a correta determinação da freqüência cardíaca e verificação de pressão arterial, além da possibilidade de
eventual verificação da saturação de oxigênio, determinação da glicemia e monitoração eletrocardiográfica.
• Fazem parte desta fase um programa educacional direcionado à modificação do estilo de vida, com ênfase na reeducação alimentar e
estratégias para cessação do tabagismo.
• Corresponde ao processo de reabilitação fora do hospital, indo da alta hospitalar até aproximadamente a três meses após a internação.
• O objetivo é melhorar a funcionalidade e qualidade de vida, principalmente manutenção do programa de exercícios. Assim é possível
manter força muscular, flexibilidade e condicionamento cardiorrespiratório, evitando descompensações.
• A Reabilitação Cardíaca na fase ambulatorial abrange atividades com exercícios aeróbicos associados a exercícios resistidos,
proporcionando condicionamento físico e reversão ou controle do sedentarismo.
• A intensidade do exercício deve ser suficiente para aumentar a força e resistência muscular dos principais grupos musculares.
• Recomenda-se um conjunto de 8 a 10 exercícios com frequência de 2 a 3 vezes por semana.
Objetivos da fase 2
• Melhorar capacidade funcional do paciente
• Melhorar a função cardiovascular
• Conseguir modificações nos fatores de risco
• Recuperar auto confiança
Fase de manutenção (supervisionada ou não supervisionada)
• Fase 3 –Duração prevista: seis a 24 meses. Destina-se a atender imediatamente os pacientes liberados da fase 2, mas pode ser iniciada em qualquer etapa da
evolução da doença, não sendo obrigatoriamente seqüência das fases anteriores.
• Deve sempre contar com a coordenação geral de um médico e dispor de condições para eventual monitoração cardíaca e determinação da saturação de oxigênio.
É recomendável que faça parte da equipe profissional de enfermagem e, caso haja disponibilidade, a equipe pode ser completada por nutricionista e psicólogo
• . O principal objetivo é o aprimoramento da condição física, mas deve ser considerada também a necessidade de promoção de bem estar (melhora da qualidade de
vida) e demais procedimentos que contribuam para a redução do risco de complicações clínicas, como é o caso das estratégias para cessação do tabagismo e
reeducação alimentar.

• Fase 4 – É um programa de longo prazo, sendo de duração indefinida, muito variável.


• As atividades não são necessariamente supervisionadas, devendo ser adequadas à disponibilidade de tempo para a manutenção do programa de exercícios físicos
e às preferências dos pacientes em relação às atividades desportivas recreativas.
• Devem ser igualmente considerados os recursos materiais e humanos disponíveis. Nesta fase os pacientes após cada avaliação médica, principalmente quando são
submetidos a testes ergométricos, cuja periodicidade não deve exceder a um ano, devem ser avaliados e orientados na prática, sempre que possível com algumas
sessões supervisionadas de exercícios.
• Os objetivos principais desta fase são o aumento e a manutenção da aptidão física. Não há obrigatoriedade de que esta fase seja precedida pela fase 3.
• A equipe da reabilitação deve propor a programação de atividades que seja mais apropriada, prescrevendo a carga de exercícios que atenda às necessidades
individuais.
• Considerada a fase da recuperação e manutenção da capacidade funcional, a qual é muito importante, sendo o paciente responsável por dar continuidade a todo
treinamento aprendido e orientado pelo fisioterapeuta, realizando sozinho ou em grupo, podendo ser realizado com ou sem a supervisão de um profissional.
• A Reabilitação Cardíaca não supervisionada pode ser alternativa para aumentar a adesão ao treinamento físico em pacientes de baixo risco. Além disso oferece
custos inferiores quando comparados à Reabilitação Cardíaca supervisionada.
• Não há obrigatoriedade de que esta fase seja precedida pela fase 3. A equipe da reabilitação deve propor a programação de atividades que seja mais apropriada,
prescrevendo a carga de exercícios que atenda às necessidades individuais.
Benefícios da reabilitação cardíaca no pós-operatório de pacientes submetidos
a transplante cardíaco

• O Transplante Cardíaco (TC) é a primeira opção de tratamento na


falência cardíaca, e as principais indicações para a realização são:
• A rejeição de corações previamente transplantados
• Cardiomiopatia dilatada
• Doença arterial coronariana
• Miocardiopatia isquêmica
• Doença valvar
• Cardiopatia congênita, quando a terapia farmacológica não é mais
responsiva.
A Reabilitação Cardíaca proporciona ao transplantado diversos benefícios, tais como a adequada
readaptação às atividades de vida diária e ocupacionais, redução da frequência cardíaca e da pressão arterial
em repouso e no exercício submáximo, aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), retardo
da elevação de lactato durante o exercício, redução no Índice de Percepção de Esforço (IPE) representado
pela escala de Borg, e melhora da capacidade funcional e consequentemente da qualidade de vida.

Programas de Reabilitação Cardíaca com duração de 8 a 12 meses podem aumentar em até 50% a
capacidade funcional de pacientes submetidos a transplante cardíaco. Através do desenvolvimento de
adaptações centrais e periféricas melhora-se a extração periférica de oxigênio e o desempenho
hemodinâmico.

Para esse grupo de pacientes, os programas formais de exercício parecem ser mais proveitosos do que
somente a prática da atividade física domiciliar. Além de recuperarem a capacidade funcional, eles
beneficiam-se do suporte educacional, nutricional e do apoio psicológico disponíveis em programas
estruturados de Reabilitação Cardíaca.

Baseia-se em exercícios aeróbicos (caminhadas no solo ou em esteira, bicicleta ergométrica) e resistidos


(utilizando pesos, estações de musculação) que condicionam o paciente, gerando diminuição da falta de ar,
e melhor desempenho nas atividades de vida diária. Além disso, podem ser incluídos exercícios de
alongamentos, relaxamento e orientações sobre como auto gerenciar os sintomas da doença.
Fases de tratamento através de exercícios

Fase hospitalar
Nesta fase inicia-se o aconselhamento do paciente e familiar quanto aos fatores de risco e mudanças de hábitos. Os
principais procedimentos utilizados nesta fase são os da fisioterapia respiratória, que utiliza manobras respiratórias que
consistem em técnicas manuais, posturais e cinéticas, para evitar infecções respiratórias, atelectasias e acúmulo de
secreção em vias aéreas. As técnicas mais aplicadas são:
Exercícios respiratórios
Os exercícios respiratórios visam promover a aprendizagem de um padrão respiratório normal englobando a
conscientização do movimento toraco-abdominal, ganho de força da musculatura respiratória, além de favorecer a
reexpansão pulmonar, o aumento da ventilação e da oxigenação, e a melhora da mobilidade da caixa torácica.
Vibração manual pulmonar
A vibração é a aplicação de movimentos ritmados durante a expiração, aumentado o fluxo expiratório e conduzindo as
secreções já soltas para serem expectoradas.
Nessa fase, também é importante realizar fisioterapia motora para manutenção e/ou ganho de força muscular, amplitude
de movimento, treino de equilíbrio e marcha. Alguns exemplos:
•Movimentação passiva ou ativo-assistida:
•Movimentação ativa de membros superiores:
A fisioterapia deve se iniciar nas primeiras 24 horas após cirurgia com exercícios passivos, evoluindo para
movimentação ativa e uma deambulação lenta, até chegar à fase ambulatorial.
Fase Ambulatorial
Esta fase tem um importante papel na manutenção do bem-estar do transplantado, favorecendo maior tempo de sobrevida com melhor
qualidade de vida. Esta fase está relacionada com a ausência dos sintomas da insuficiência cardíaca, responsável por promover a
adequada readaptação e o retorno das atividades básicas e instrumentais de vida diária, e possivelmente, para as suas atividades
laborais.
Na fase ambulatorial ainda ocorre a necessidade de monitorização, podendo ser realizada fora do ambiente hospitalar, em ambulatório
ou em clínica de reabilitação especializada, cujo principal objetivo é evitar a evolução da patologia, rejeição do novo coração, e o
aparecimento de um novo acometimento cardiovascular.
Nessa fase destaca-se a combinação do exercício aeróbico e do resistido como protocolo ideal, demonstrando maiores benefícios a
curto e longo prazo.

Treino aeróbico
Pode ser realizado em esteira ou bicicleta ergométrica, e ainda, através de circuitos ativos que associam deslocamentos ântero-
posterior e látero-lateral.
Há comprovação cientifica que os exercícios aeróbicos promovam um aumento do VO2 de pico, traduzindo-se em aumento da
capacidade de suportar esforços prolongados, além de redução do colesterol total, LDL e níveis séricos de glicose.
Já os exercícios resistidos são capazes de incrementar o tempo de exercício aeróbico, além de promover o aumento de força muscular
dos membros superiores e inferiores, refletindo na melhora da capacidade física. Por isso é muito importante continuar realizando-os
na próxima fase, a qual deverá ser “eterna”.
Os exercícios resistidos devem ser realizados tanto para os membros superiores quanto inferiores, através da resistência manual, de
molas ou elásticos, auxiliando no aumento da massa muscular e da densidade óssea. Este tipo de treinamento é particularmente
importante, porque neste grupo de pacientes ocorre perda de massa magra e óssea em consequência da insuficiência cardíaca e dos
medicamentos utilizados no pós-transplante.
Restrições de exercícios

Após o transplante cardíaco o paciente deve ser orientado por profissionais


competentes e respeitar alguns ítens:

•A cicatrização total da ferida cirúrgica, que ocorre entre a 6ª e a 8ª semana pós-


cirurgia. Neste período não se deve levantar objetos muito pesados, empurrar ou
puxar objetos grandes ou de muito peso, e nem realizar atividades que provoquem
dor no local da cirurgia.

•Esportes de contato, que possam provocar choque na região torácica e abdominal


(como o futebol, handebol, jiu-jitsu, karaté, basquetebol, etc) devem ser evitados.

•Exercícios físicos devem ser suspensos durante episódios de rejeição, dispneia ou


cansaço.
Avaliação da Capacidade Funcional
• A avaliação da capacidade funcional de indivíduos com doenças
cardiovasculares e respiratórias é de grande importância, pois essas
pessoas apresentam desequilíbrio nesses sistemas, o que pode levar a
uma consequente alteração no sistema musculoesquelético.
• Testes funcionais apresentam inúmeras vantagens, como baixo custo,
facilidade de aplicação, tempo curto para realização e necessidade de
pouco espaço físico.
• Podem refletir capacidade de exercício, força muscular periférica,
mobilidade e equilíbrio.
•TC6min: é um teste realizado onde o paciente deve caminhar o mais rápido
possível, sem correr, por maior tempo que conseguir, durante seis minutos.
•Este teste deve ser feito em um lugar plano, demarcando o espaço, que o ideal é 30
metros, para que a avaliação seja feita de maneira correta.
•Para realizar o teste é preciso sentar e descansar por 10 minutos. A seguir são
medidas a pressão e a pulsação e então deve-se iniciar a caminhada, num local
plano, com pelo menos 30 metros de comprimento, durante os 6 minutos que devem
ser cronometrados.
•O teste fornece, portanto, indicadores de reserva funcional pela distância percorrida
(DP) total, indicadores do estresse sensorial pelos escores de dispneia e fadiga,
analisados pela escala de Borg. Também, avalia a resposta cardiovascular através da
frequência cardíaca e a integridade das trocas gasosa pela monitorização da
saturação periférica de O2 (Sat. O2) (Neider, 2014).
•Assim, constata-se que o TC6M analisa a resposta global e integrada de todos os
sistemas envolvidos em um exercício submáximo, como ocorre na rotina de diversos
pacientes (Holland et al., 2014).
•teste de caminhada de dois minutos (TC2min);

•teste de velocidade da marcha em 4 metros, (em inglês, 4-Meter Gait Speed [4MGS]);

•timed up and go (TUG); correlação significativa com o risco de quedas, o medo de cair e o desempenho
funcional. O teste consiste em levantar de uma cadeira, (de aproximadamente 46 cm), caminhar até uma
linha reta a 3 metros de distância (em um ritmo auto-selecionado, porém seguro), virar, caminhar de volta
e sentar-se novamente. Quanto menor o tempo utilizado, melhor é o desempenho no teste.

•teste de levantar e sentar (TLS) de cinco repetições, 30 segundos e 1 minuto; O TSLCV mede o tempo
consumido para levantar-se cinco vezes, o mais rapidamente possível, a partir de uma posição sentada,
como medida para força dos membros inferiores

•teste do degrau de três minutos (TD3min);


•teste do degrau de seis minutos (TD6min); O teste do degrau de seis minutos (TD6) é uma forma
simples de avaliar a capacidade funcional, embora tenha sido pouco estudado em pacientes com doença
arterial coronariana (DAC) ou insuficiência cardíaca (IC).

•stair climb power test (SCPT);


ATENÇÃO
• Observar a fase de reabilitação
• Coletar dados
• Realizar teste funcionais
• Traçar plano de tratamento
• Observar e monitorar sinais clínicos SEMPRE
• Respeitar limites e funcionalidades

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