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Objetivo:
A reabilitação cardiovascular (RCV) nos traz efeitos favoráveis com ênfase nos exercícios físicos
demonstram significativas reduções da morbimortalidade cardiovascular e global, bem como a
redução da taxa de hospitalização, com expressivo ganho na qualidade de vida .
O sedentarismo, que apresenta elevada prevalência no Brasil e no mundo, está fortemente
relacionado às doenças cardiovasculares (DCV) e à mortalidade precoce. Em contrapartida,
maiores volumes de atividade física são positivamente associados a melhor qualidade e à maior
expectativa de vida, ocorrendo o inverso quando se trata em menores volumes de atividade física.
Ou seja, quanto menor o nível de aptidão física, maior tende ser a taxa de mortalidade.
O principal objetivo da RCV com ênfase nos exercícios físicos é propiciar uma melhora dos
componentes da aptidão física, tanto aeróbico quanto não aeróbicos (força/ potência muscular,
flexibilidade, equilíbrio), algo que exige a combinação de diferentes modalidades de treinamento.
Assim, a RCV deve proporcionar os mais elevados níveis de aptidão físicas passíveis de obtenção,
de modo a reduzir o risco de eventos cardiovasculares e promover todos os outros benefícios a
serem auferidos pela prática regular de exercícios físicos, culminando com a redução da
mortalidade geral.
INDICAÇÕES:
Portanto, a RCV deve ser iniciada imediatamente após o paciente ter sido considerado
clinicamente compensado, como decorrência do tratamento clínico e/ou intervencionista.
FASE 1
Objetivo: que o paciente tenha alta hospitalar com as melhores condições físicas e psicológicas
possíveis, com fornecimento de informações referentes ao estilo saudável de vida, em especial no
que diz respeito ao exercício físico.
Conduta: combinação de exercícios físicos de baixa intensidade, técnicas para o controle do
estresse e programas de educação em relação aos fatores de risco e à cardiopatia.
Equipe: deve ser composta por, pelo menos, médico, fisioterapeuta e enfermeiro, capacitados para
atuar em RCV, que não precisam dedicar tempo integral ao programa de reabilitação, podendo
exercer outras atividades no hospital.
O direcionamento às fases ambulatoriais da RCV deve ser realizado na alta da internação.
FASE 2
Duração: começa imediatamente após a alta hospitalar e tem duração média de 3 meses.
Requisitos: deve contar com os recursos básicos para o atendimento de emergências. Funciona
com sessões supervisionadas pelo fi sioterapeuta e/ou professor de educação física.
O programa de exercícios: deve ser individualizado, em termos de intensidade, duração,
frequência, modalidade de treinamento e progressão.
Fazem parte desta fase: um programa educacional direcionado à modificação do estilo de vida,
com ênfase na reeducação alimentar e estratégias para cessação do tabagismo.
Objetivo: contribuir para o mais breve retorno do paciente às suas atividades sociais e laborais, nas
melhores condições físicas e emocionais possíveis.
FASE 3
Duração: de 3 a 6 meses.
Indicação: atender imediatamente os pacientes liberados da fase 2, mas pode ser iniciada em
qualquer etapa da evolução da doença, não sendo obrigatoriamente sequência das fases
anteriores.
Objetivo: é o aprimoramento da condição física, mas deve ser considerada também a necessidade
de promoção de bem-estar (melhora da qualidade de vida) e demais procedimentos que
contribuam para a redução do risco de complicações clínicas, como é o caso das estratégias para
cessação do tabagismo e reeducação alimentar.
FASE 4
Duração: tem duração prolongada , sendo de duração indefinida, muito variável.
Objetivo: são o aumento e a manutenção da aptidão física. Não há obrigatoriedade de que esta
fase seja precedida pela fase 3.
Indicação: As atividades não são necessariamente supervisionadas, devendo ser adequadas à
disponibilidade de tempo para a manutenção do programa de exercícios físicos e às preferências
dos pacientes em relação às atividades desportivas recreativas. Os pacientes devem ser periódica e
sistematicamente contatados pela equipe do programa de RCV mesmo que por telefone, pelo
menos uma vez a cada seis meses. Deve ser considerada a possibilidade de atividades em grupo,
aproveitando, por exemplo, o calendário de atividades educacionais dirigidas à população.
Em todas as fases objetiva-se progressão dos benefícios da RCV ou, pelo menos, a
manutenção dos ganhos obtidos.
Estratificação de Risco
O QUE É?
A Estratificação do risco clínico possibilita o uso mais racional dos programas, com direcionamento
individualizado às modalidades de RCV. Em uma divisão rígida da RCV em fases temporais, pode-se
não levar em consideração que existem pacientes com cardiopatias graves, muito sintomáticos e
debilitados, que permanecem por longo prazo em uma reabilitação “fase 2”, pois continuam
requerendo a supervisão direta dos exercícios físicos, enquanto outros, de baixo risco, desde o
início se enquadram em programas de fase 3 ou mesmo de fase 4, sendo potenciais candidatos a
uma RCV domiciliar, em que a maioria das sessões ocorrem sob supervisão indireta, à distância.
COMO É DEFINIDO?
A estratificação de risco é definida através de opiniões de especialistas. A duração da RCV pode
variar conforme o quadro clínico e a evolução do treinamento físico. O enquadramento, a
manutenção ou a reclassificação do perfil de risco devem ser determinados pela avaliação médica
pré-participação e por reavaliações subsequentes, realizadas pelo médico e demais integrantes da
equipe. O modelo dessa avaliação médica pode variar de acordo com a estrutura logística e a
experiência do serviço, devendo conter, no mínimo, consulta clínica, exame físico,
eletrocardiograma (ECG) de repouso e teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) ou teste
ergométrico (TE).
Risco Clinico Alto, que precisa de supervisão direta (presença de, pelo menos, uma delas) são:
– Sinais e sintomas de isquemia miocárdica em baixa carga (abaixo de 6 MET ou de VO2 de 15 ml.kg-
1.min-1);
– Sintomatologia exacerbada (IC com classe funcional III e IV ou angina classe funcional III e IV).
• Outras características clínicas de pacientes com risco aumentado aos exercícios físicos: doença
renal crônica (DRC) dialítica, dessaturação de oxigênio em esforço e arritmia ventricular complexa
em repouso ou esforço.
• Pacientes cardiopatas que ainda apresentam algumas alterações funcionais em esforço físico:
– Sinais e sintomas de isquemia em carga acima de 6 MET ou com VO2 acima de 15 ml.kg-1.min-1;
– Sintomatologia de menor magnitude (IC com classe funcional I e II ou angina classe funcional I e II).
• Outras características clínicas que o médico responsável pela avaliação pré-participação julgue
como de risco intermediário aos exercícios físicos.
O principal objetivo da RCV neste perfil de risco ainda é o aprimoramento da aptidão física, tanto
aeróbica quanto não aeróbica (força/potência muscular, flexibilidade, equilíbrio), com melhor controle
da(s) doença(s), promoção de bem-estar, com melhora da qualidade de vida como cessação do
tabagismo e controle do peso e conhecimento da própria doença.
Risco Clínico Baixo (os exercícios podem ser realizados sob supervisão presencial ou à
distância):
As características clínicas dos pacientes do estágio 4 (presença de todas as características a seguir)
são:
• Evento cardiovascular ou intervenções com intervalo superior a 6 meses e estabilidade clínica;
• Pacientes cardiopatas que não apresentam alterações funcionais em esforço físico ou que estas
sejam muito discretas quando presentes;
➢ AVALIAÇÃO
A avaliação da aptidão física aeróbica e não aeróbica possibilita uma prescrição mais
individualizada dos exercícios físicos, com o objetivo de se obterem os melhores resultados e, por
meio da estratificação de risco e da busca de eventuais anormalidades, minimizar os riscos da
prática. De modo geral, a avaliação inicial tem como base a anamnese, o exame físico e o ECG.
Avaliações mais detalhadas deverão ser individualizadas, com realização de TCPE ou TE, avaliação
antropométrica, de força/potência muscular e de flexibilidade.
Na avaliação inicial, pode-se quantificar o déficit funcional frente ao desejável, bem como
estabelecer metas a serem alcançadas. É importante enfatizar que os pacientes com baixa aptidão
física inicial são os que mais se beneficiam da RCV, após adequada aderência ao programa de
exercício supervisionado. É também possível obter subsídios clínicos e funcionais que possibilitem
um adequado aconselhamento da atividade sexual, com base no modelo do KiTOMI, que foi
proposto por autores brasileiros em 2016.Além disso, é fundamental para o paciente a reavaliação,
com o intuito de estimular o comprometimento e mensurar a evolução e os benefícios obtidos.
Finalizando, vale ressaltar a fundamental importância do estabelecimento de um sistemático
esquema de reavaliações, que, além de estimular o comprometimento dos pacientes, torne
possível mensurar a evolução e os benefícios obtidos, produzindo relatórios que estimulem os
ajustes do tratamento e que, portanto, devem ser sempre encaminhados aos médicos assistentes,
os quais obviamente devem integrar ativamente o tratamento clínico pleno.