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APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

1 Profª. Tatiane Borges


APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

INTRODUÇÃO

A Unidade de Internação de Clínica Médica se constitui em uma área do hospital onde são admitidos clientes
para diagnóstico e tratamento de várias patologias envolvendo diferentes sistemas orgânicos, que não requerem
como tratamento intervenções cirúrgicas. Em hospitais de grande porte geralmente, há setores que atendem por
especialidades, por exemplo: setor de cardiologia, setor de neurologia, setor de oncologia, entre outros. Porém
quando o hospital é de médio ou pequeno porte, a Clínica Médica abrange o atendimento de clientes com
diversificadas patologias que atingem diversos sistemas, entre eles:

• Cardiologia
• Neurologia
• Pneumologia
• Gastroenterologia
• Hematologia
• Oncologia
• Endocrinologia
• Reumatologia
• Nefrologia
• Urologia
• Psiquiatria / Saúde Mental

A unidade deve possuir instalações, materiais e pessoal adequado e qualificado ao atendimento das
necessidades físicas, psíquicas, sociais e espirituais do cliente. Devendo compor-se de:

• Quartos (com até dois leitos)


• Enfermarias (com três leitos ou mais)
• Posto de enfermagem (onde se executam atividades burocráticas da enfermagem)
• Sala de serviço (localizada no posto de enfermagem, onde são realizadas as atividades de enfermagem,
como por exemplo: preparo de medicamentos).
• Rouparia
• Copa
• Sala de utilidades (guarda de materiais como: suportes de soros, biombos, macas, cadeiras de rodas, entre
outros).
• Expurgo (para onde se encaminham materiais que necessitam de limpeza e desinfecção)
• Banheiros

UNIDADE DE CLÍNICA MÉDICA

A Unidade de Clínica Médica relaciona-se com outros serviços do hospital, como: SAME (Serviço de Arquivo
Médico e Estatística), Serviços de Diagnósticos, Corpo Clínico, Farmácia, Nutrição e Dietética, Limpeza, Lavanderia,
Manutenção e Reparo, Almoxarifado, Serviço Social, Hemoterapia (Banco de Sangue), entre outros.
O Cliente internado em clínica médica é submetido a diferentes exames diagnósticos solicitados pelo
médico, a fim de definir um diagnóstico e iniciar um tratamento definitivo, fazendo parte das funções do técnico e
auxiliar de enfermagem, o preparo do cliente, orientações importantes relacionados aos exames, obtenção de
material para análise e cuidados pós-realização dos mesmos.
Após a confirmação da patologia ou de agravos, o médico inicia a terapêutica definitiva ou de controle, dependendo
de cada caso. Entre os diversos tipos de tratamento, podemos citar:

• Dietoterapia: tratamento por meio de alimentação devendo ter acompanhamento de nutricionistas.


• Medicamentos: utilizam-se drogas para prevenir, curar, tratar ou aliviar sintomas de patologias.
• Introdução Hidroeletrolítica: reposição de líquidos e eletrólitos conforme as necessidades do cliente.
• Inaloterapia: utilizam-se gases como Oxigênio (O2), com equipamentos específicos (máscaras, cateteres,
etc).
• Fisioterapia e Reabilitação: utiliza agentes físicos (calor, frio, radiação) e mecânicos (massagens,
exercícios) para promover reabilitação de incapacidades diversas.
• Terapia Ocupacional: emprega artes manuais e criatividade para conseguir a participação do paciente,
promovendo recreação e tratamento.
• Psicoterapia: procura auxiliar o cliente a encontrar suporte emocional.
• Radioterapia: utiliza diversos tipos de radiações (Raio X, substâncias radioativas)
• Quimioterapia: para destruição ou controle de células cancerígenas

Quando os tratamentos utilizados não surtem efeitos ou não estão indicados, podem ser utilizadas ainda
como tratamento as cirurgias. Porém clientes submetidos á esse procedimento geralmente permanecem internados
em Clínica Cirúrgica.

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Durante todo o tratamento, uma equipe multiprofissional (médicos, profissionais de enfermagem,


nutricionista, fisioterapeutas, psicólogos, assistente social, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, farmacêutico,
técnicos de serviços de diagnóstico, etc) atua juntamente ao cliente.
A equipe de enfermagem deve prestar uma assistência baseada em Plano de Cuidados elaborado pela
enfermeira, que oriente as atividades de toda a equipe. Esse planejamento deve ser frequentemente avaliado e se
necessário modificado, para que se obtenha a integração bio-psico-socio-espiritual do cliente.
Para prestar uma assistência de enfermagem satisfatória, deve-se organizar o trabalho a ser desenvolvido.
Para isso se faz necessário:

• Conhecer o cliente: observar comportamento, conversar, consultar seu prontuário.


• Conhecer as patologias e saber atuar frente aos cuidados.
• Conhecer os procedimentos de enfermagem e saber executá-los (controle de sinais vitais, de peso e
estatura, de diurese e evacuação, drenagens de sondas, drenos, infusões, balanço hídrico. Atuar em
cuidados higiênicos em geral, atuar com medidas de conforto, em alimentação, na administração de
medicamentos, saber realizar curativos, atuar no controle de complicações e deformidades, na coleta e
manuseio de materiais para exames, na observação de sintomas, em educação em saúde, comunicando e
registrando anormalidades e complicações).

1-SISTEMA RESPIRATÓRIO

PATOLOGIAS QUE ACOMETEM O SISTEMA RESPIRATÓRIO

SINUSITE

É a infecção dos seios paranasais, que em geral sucede a infecções do trato


respiratório superior, quando há comprometimento da drenagem dos seios da face
e retenção de secreções.

Etiologia

• Infecções bacterianas (mais comum); Infecções virais; Infecções fúngicas (raras);


Estados de imunodepressão; Rinite alérgica; Traumatismo orofacial; Intubação endotraqueal.

Fatores de Risco

• Anomalias anatômicas; Alergias; Uso excessivo de descongestionantes.

Manifestações Clínicas

• Congestão nasal; Secreção nasal purulenta; Dor facial específica (dependerá do seio paranasal acometido);
Hipertermia; Cefaleia.

Complicações

• Meningite; Bacteremia ou sepses; Abscesso cerebral; Osteomielite (é um processo inflamatório agudo ou


crônico do tecido ósseo, produzido por bactérias que alcançam o tecido ósseo através de partes infectadas
do corpo que aumentam a sua área afetada atingindo os ossos pelo sangue).
• Mucocele (É um acúmulo de muco (saliva) que gera uma tumefação tissular após escapar de um conduto
salivar rompido).
• Celulite ou abscesso orbitário (é uma infecção oftalmológica, que pode afetar tanto a musculatura, como a
gordura orbitária. Pode levar á oftlamoplegia).

Tratamento

• Antibióticos, analgésicos, anti-histamínicos, vasoconstritores locais, corticosteroides; Drenagem indireta dos


seios etmoidais e esfenoidais; Inalação de vapor; Aplicação de calor no local; Repouso; Cirurgia: punção
para remover material purulento (raspagem), irrigação do seio paranasal.

Assistência de Enfermagem

• Estimular ingestão hídrica; Manter cabeceira elevada a 30º a 45º; Aplicar calor no local; Administrar
fármacos prescritos atentando para resposta do cliente.

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LARINGITE

Inflamação da laringe, podendo afetar cordas vocais.

Etiologia

• Uso excessivo da voz; Inalação de fumaça ou vapores tóxicos; Exposição á substâncias alérgicas como:
poeira, fumo; Infecções; Aspiração de substâncias químicas cáusticas; Respiração pela boca; Refluxo
esofágico ou esofagite por refluxo.

Manifestações clínicas

• Rouquidão; Tosse seca; Afonia (perda da voz)

Tratamento

• Sintomático (analgésicos, pastilhas, antibióticos); Repouso da voz; Umedecimento; Evitar tabagismo;


Líquidos frios; Cirurgia: Traqueotomia em laringite crônica.

Assistência de Enfermagem

• Estimular modificações de fatores predisponentes; Restrinja comunicação verbal, possibilitando outros


meios de comunicação; Monitorar: resposta ao tratamento, estado respiratório; Estimular ingestão hídrica.

PNEUMONIA

É a infecção do tecido pulmonar.

Etiologia

• Bactérias (comumente por Pneumococcus, estreptococcus); Vírus; Fungos.

Fatores Predisponentes

• Diminuição da resistência orgânica (idosos e clientes que fazem uso de quimioterapia ou drogas
imunossupressoras, clientes com AIDS); Broncoaspiração.

Tipos

• Pneumonia Viral: causada por vírus;


• Pneumonia Bacteriana: ocasionada por bactérias;
• Pneumonia Lobar: quando atinge um ou mais lobos pulmonares;
• Pneumonia Dupla: quando atingem os dois pulmões;
• Broncopneumonia (BCP): quando a infecção apresenta distribuição em placas em torno dos brônquios,
bronquíolos e alvéolos pulmonares;
• Pneumonia Hipostática: ocorre por imobilidade dos clientes (após cirurgias, coma, imobilizados, acamados
sem movimentação, geralmente por problemas neurológicos);
• Pneumonia Aspirativa: decorrente da aspiração de material estranho (vômitos, alimentação por gavagem,
retorno de saliva ou secreções);
• Pneumonia carinii ou Pneumocystis carinii (PPC ou pneumocistose): é uma infecção oportunista que
acomete pacientes imunocomprometidos.

Manifestações Clínicas

• Hipertermia; Mal-estar; Mialgia; Dor torácica; Taquipnéia; Tosse de inicio seca, passando à produtiva, com
escarro amarelo-esverdeado; Batimentos da asa do nariz; Sudorese; Cianose.

Exames Diagnósticos

• Raio X de tórax

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Tratamento

• Antibioticoterapia (de escolha Penicilina G Potássica, Penicilina V), expectorantes, antitérmicos e


analgésicos; Oxigenoterapia (pode ser por cateteres, máscaras, tendas) umidificado; Drenagem postural e
tapotagem para auxiliar expectoração; Repouso no leito; Exercícios respiratórios.

Complicações

• Atelectasia; Derrame pleural; Edema pulmonar; Hipóxia.

Assistência de Enfermagem

• Manter ambiente aquecido, arejado; Verificar sinais vitais constantemente, atentando principalmente á
temperatura e respiração, comunicando e registrando anormalidades; Manter repouso, em posição de
Fowler; Encorajar o cliente a respiração profunda e a tosse para expectorar secreções; Observar, comunicar
e anotar aspecto e quantidade de secreções; Promover mudança de decubito e realizar tapotagem durante
ou após o banho; Estimular cliente á alimentar-se e ingerir bastante líquido; Orientar e auxiliar na coleta de
exames; Manter cuidados adequados com oxigenoterapia.

BRONQUITE

É uma doença caracterizada pela inflamação das membranas que revestem os brônquios e bronquíolos,
ocorrendo aumento da produção de muco, dificultando a passagem de ar.

Etiologia

• Vírus; Bactérias; Fungos.

Fatores Predisponentes

• Alergias; Poluição atmosférica; Fumo; Deficiência nutricional; Hereditariedade (crianças nascidas de mães
fumantes apresentam maior probabilidade); Clima frio e úmido; Épocas do ano (há pessoas que apresentam
maior probabilidade durante a primavera, em decorrência ao pólen das flores, ou verão por clima seco).

Tipos

• Bronquite Aguda: apresenta inicio súbito com duração em média de uma a duas semanas
• Bronquite Crônica: caracterizada por tosse produtiva que perdura em média por três meses, ou anos
consecutivo. Os sintomas desaparecem e retornam, permanecendo por anos.

Manifestações Clínicas

• Tosse persistente e produtiva; Expectoração de muco purulento, espesso de coloração amarela-esverdeado;


Dispneia; Roncos; Hipertermia; Cansaço fácil; Cianose.

Exames Diagnósticos

• Raios-X tórax; Testes de sensibilidade alérgica; Provas de função pulmonar.

Tratamento

• Repouso; Broncodilatadores; Antitussígenos; Antibióticos (quando for por causa infecciosa); Anti-
histamínicos (quando a causa for alérgica); Oxigenoterapia umidificada; Inaloterapia com
broncodilatadores; Nebulizações para fluidificar secreções; Corticóides; Drenagem postural e tapotagem
• Mudança de hábitos de vida, evitando-se fatores que precipitam a crise, como por exemplo: pêlos de
animais, fumo, lãs, perfumes, etc; Mudança de moradia para locais com atmosfera menos agressiva
• Prática de esportes, como por exemplo: natação.

Assistência de Enfermagem

• Manter ambiente aquecido; Realizar tapotagem e estimular expectoração; Observar e anotar dados sobre a
expectoração (coloração, aspecto e quantidade); Incentivar exercícios respiratórios; Estimular ingestão
hídrica; Controle de sinais vitais (em especial temperatura e respiração); Atentar aos cuidados específicos
para administração de medicamentos, principalmente broncodilatadores; Orientar clientes após alta á evitar
o fumo, tapetes, cortinas, bichos de pelúcia, a ter cuidados com colchão e travesseiros.

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ASMA

Doença obstrutiva das vias aéreas, intermitente, reversível, na qual a traquéia e os brônquios respondem
de forma intensa a certos estímulos, manifestando-se com broncoespasmo (estreitamento prolongado) da traquéia e
bronquíolos.

Etiologia

• Fatores alérgicos (poeira, pólen, pena e pêlos de animais, mofo, ácaros, lã, alimentos, cheiros fortes, como
por exemplo: perfumes, inseticidas, produtos de limpeza, fumo).
• Tensão emocional
• Fatores genéticos ou climáticos

Manifestações Clínicas

• Dispnéia intensa; Respiração ruidosa (chiados); Sensação de sufocamento; Angústia; Expectoração


espessa; Palidez; Cianose de extremidades; Sudorese.

Exames Diagnósticos

• Raios-X de tórax (realizado por ocasião da crise. Após o cliente apresenta funções respiratórias normais).

Tratamento

• Broncodilatadores (adrenalina, efedrina, aminofilina); Sedativos; Oxigênio umidificado; Corticóides.

Complicações

• Enfisema Pulmonar; Insuficiência Respiratória Aguda; Hipóxia; Morte.

Assistência de Enfermagem

• Proporcionar medidas de apoio e segurança ao paciente durante a crise (neste período há muita ansiedade
pela sensação de morte iminente)
• Oferecer oxigenoterapia umidificada
• Orientar a equipe de higiene de o hospital á evitar produtos de odores fortes
• Observar freqüência e intensidade respiratória, coloração da pele, pulso, aspecto da expectoração e estado
emocional, comunicando e registrando alterações.
• Incentivar ingestão hídrica
• Administrar medicamentos cpm, atentando para efeitos colaterais específicos
• Após alta: orientar cliente e família para que em casa evitem todos os fatores alérgicos
• Ensinar e estimular exercícios respiratórios, que também devem ser realizados em casa
• Orientar quanto ao uso de broncodilatadores sob forma de aerossóis: deve-se realizar uma nebulização por
vez, nunca ultrapassar duas nebulizações por dia.

ENFISEMA PULMONAR

Conhecida também como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada por aumento
permanente de espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, o que resulta destruição das paredes alveolares,
com perda de elasticidade e rompimento dos alvéolos.

Etiologia e fatores predisponentes

• Tabagismo
• Deficiência genética de alfa-antitripsina (é uma glicoproteína produzida principalmente pelos hepatócitos
que liberam diariamente cerca de 2g da proteína na circulação. Sua principal função é inibir a elastase
neutrofílica, uma protease de serina que tem a capacidade de hidrolisar as fibras de elastina no pulmão.
Entretanto, devido a alterações da estrutura proteica causadas por mutações em seu gene, algumas vezes a
proteína perde sua capacidade inibitória ou se agrega em forma de corpúsculo de inclusão nos hepatócitos,
ocasionando a diminuição dos seus níveis séricos normal).

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Manifestações Clínicas

• Dispnéia á pequenos esforços; Tosse crônica; Anorexia; Perda de peso; Em casos mais avançados o
indivíduo pode apresentar “tórax em tonel”, devido distensão pulmonar; Cianose de extremidades; Face
ruborizada ou cianótica; Deformidade em pontas dos dedos (dedos em baqueta de tambor).

Diagnóstico

• Raios-X de tórax; Exames laboratoriais: Gasometria Arterial que revela diminuição parcial da pressão de
oxigênio, pressão parcial de dióxido de carbono normal até a fase tardia da doença; Hemograma para
verificação de aumento da hemoglobina em fase tardia da doença; Provas de função Pulmonar (PFP) que
demonstram aumento residual e aumento do fluxo inspiratório.

Tratamento

Não existe tratamento específico, uma vez que se trata de uma patologia irreversível. Porém o tratamento
visa amenizar os sintomas produzidos e evitar agravamento:
• Fisioterapia pulmonar; Possível traqueostomia com oxigenoterapia contínuo (inclusive domiciliar);
Hidratação adequada; Dieta com alto teor de proteínas e calorias; Expectorantes; Broncodilatadores;
Corticóides; Exercícios respiratórios de acordo a tolerância.

Complicações

• Infecções; Cor pulmonale (alteração na estrutura e funcionamento do ventrículo direito secundário a um


distúrbio do sistema respiratório); Insuficiência Respiratória; Pneumotórax espontâneo; Pneumomediastino
(Presença de ar na região do mediastino).

Assistência de Enfermagem

• Administrar fármacos prescritos atentando para reações adversas


• Auxiliar o cliente a se ajustar ás alterações do estilo de vida impostas pela doença crônica, oferecendo apoio
emocional e esclarecendo dúvidas.
• Estimular fisioterapia
• Administrar dieta fracionada
• Monitorar: sinais vitais, balanço hídrico, pesagem diária, padrão respiratório, tolerância á atividades,
comunicando e registrando alterações.
• Orientar quanto ao uso adequado de oxigenoterapia domiciliar, inaladores portáteis.

TUBERCULOSE PULMONAR (TB)

A tuberculose pulmonar (TB) é uma doença infecciosa que afeta basicamente o parênquima pulmonar. Pode
ser transmitidos para outra parte do corpo, como meninges, rins, ossos e linfonodos, quando o bacilo entra em
corrente sangüínea.

Transmissão

A TB dissemina – se de pessoa a pessoa por transmissão aérea. Uma pessoa infectada produz aerossóis
através da fala, tosse, espirro, gargalhada ou canto. As gotículas menores permanecem suspensas no ar sendo
inaladas por pessoas susceptíveis.

Fatores de risco

• Contato íntimo com alguém que tem TB ativa; Estado imunossuprimido (pacientes com HIV, câncer,
transplantados, terapia com corticosteróides em períodos prolongados); Distúrbios clínicos preexistentes
como diabetes, insuficiência renal crônica, desnutrição.

Fisiopatologia

Uma pessoa susceptível inala os bacilos e torna - se infectada. As bactérias são transportadas através das
vias aéreas para os alvéolos, onde são depositadas e começam a se multiplicar. Os bacilos também são
transportados, via sistema linfático e corrente sanguíneo para outras partes do corpo.
O sistema imunológico corporal responde com uma reação inflamatória inicial. Essa reação resulta na acumulação de
exsudato nos alvéolos causando broncopneumonia.

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Manifestações clínicas

• Febrícula; Tosse improdutiva ou com escarro mucopurulento que pode ser expectorado; Sudorese noturna;
Perda de peso; Fadiga; Pode ocorrer hemoptise.

Exame diagnóstico

1 - O teste de Mantoux (teste tuberculínico – PPD), é utilizado para determinar se a pessoa foi infectada com o bacilo
da Tb. O teste de Mantoux é um procedimento padronizado que deve ser realizado apenas por profissionais treinados
na sua administração e interpretação. Os extratos do bacilo tuberculoso é injetado dentro da camada intradérmica,
na face interna do antebraço. Quando é injetado ocorre à formação de uma pápula tipo um vergão firme e urticária.
O resultado do teste é lido após 48 a 72 horas á injeção. Para determinar a extensão da reação, a pápula é medida
utilizando – se uma régua de diâmetro preparada comercialmente.
O tamanho determina o significado da reação:
• Uma reação de 0 a 4 mm é considerada não significativa (não reator)
• Uma reação com 5 mm pode ser significativa (reator fraco)
• Uma reação de 10 mm ou maior geralmente é considerada significativa (reator forte)

2 – Baciloscopia: diagnóstico laboratorial (importante, eficiente e barato) consiste na coleta de escarro.

Técnica para a coleta de escarro:


• Orientar o paciente que são três amostras sendo a primeira colhida já na suspeita clínica; a Segunda na
manhã seguinte, pois pode oferecer melhor qualidade para a amostra e a terceira no outro dia pela manhã.
• Orientar o paciente que o escarro deve ser de tosse profunda (não colher saliva)

3 – Exames de imagem: radiologia, tomografia e ultrassonografia podem ser utilizadas no auxílio à detecção da
doença.

Tratamento

O tratamento se apresenta em duas fases:


• Fase de ataque: inicio normalmente com 3 drogas durante dois meses (rifampicina, isoniazida (em jejum) e
pirazinamida após o café da manhã . No hospital durante a internação a rifampicina e a isoniazida as 6 h e a
pirazinamida as 10 h e etambutol .
• Fase de manutenção: Consiste na eliminação de germes persistentes e a prevenção de recidivas (4 meses
com duas drogas – isoniazida e rifampicina)

Isolamento: Proteção respiratória de precauções para aerossóis com uso de máscara N95 para os profissionais e ao
encaminhar o paciente para exames o mesmo deverá fazer uso de máscara comum. Os pacientes – clientes devem
permanecer em quarto privativo.
As precauções para aerossóis devem ser retiradas após o 14º dia de terapia efetiva, quando três baciloscopias em
dias consecutivos forem negativas e houver diminuição de tosse produtiva.

Cuidados de enfermagem

• Manter vias aéreas pérvias


• Atentar para a administração dos medicamentos cpm
• Estimular ingestão hídrica
• Aspirar vias aéreas quando necessário
• Estimular a nutrição
• Orientar familiares que mantiveram contatos aos procedimentos preventivos como: realizar exames,
• Estimular o paciente a evitar o álcool e fumo
• Estimular o auto cuidado
• Atentar para técnicas de isolamento adequados
• Administrar oxigenoterapia se necessário atentando para os cuidados com a mesmo

EMPIEMA

Trata-se da coleção de líquido purulento (pus) no espaço pleural. Ocorre como complicação de pneumonia
bacteriana ou abscesso pulmonar, trauma penetrante de tórax, infecções não bacterianas ou etiologia iatrogênica
como pós-cirúrgico torácico ou toracocentese.
Inicialmente, o líquido pleural é fluído, com baixa contagem de leucócitos, porém progride para estágio
fibropurulento e finalmente para surge uma membrana exsudativa espessa que encobre o pulmão.

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Manifestações clínicas

• Hipertermia; Sudorese noturna; Dor pleural; Tosse; Dispneia; Anorexia; Perda de peso.

Exames Diagnósticos

• Ausculta torácica que demonstra sons respiratórios diminuídos ou ausentes na área afetada; Raios-X;
Tomografia computadorizada; Toracocentese diagnóstica.

Tratamento

O objetivo do tratamento é drenar a cavidade pleural e obter expansibilidade pulmonar.

• Antibioticoterapia ; Punção por agulha (toracocentese); Toracotomia com dreno; Se necessário, cirurgia
(descorticação) – remoção do exsudato.

Cuidados de Enfermagem

• Auxiliar o cliente á lidar com o distúrbio


• Instruir o cliente quanto aos exercícios respiratórios
• Manter cuidados com a drenagem torácica
• Observar e comunicar quantidade, aspecto, odor de resíduo drenado.

DERRAME PLEURAL

Aumento de líquido pleural, secundária á outras patologias, ou seja, surge como complicação em decorrência
á pneumonias, tuberculose pulmonar, infecções pulmonares virais, síndrome nefrótica, embolia pulmonar,
insuficiência cardíaca congestiva, tumores neoplásicos. O derrame pleural pode apresentar-se claro (filtrado do
plasma, pobre em proteínas, que ultrapassa através das membranas pleurocapilares intactas), sanguinolento ou
purulento.

Manifestações Clínicas

• Hipertermia / calafrios; Dor pleurítica; Dispneia e tosse, quando o derrame pleural atinge grande porção.

Exames Diagnósticos

• Sons respiratórios diminuídos ou ausentes; Insuficiência respiratória aguda, em casos de derrame pleural
importante; Desvio de traquéia no lado pulmonar afetado; Raios-X; Tomografia Computadorizada;
Toracocentese; Cultura bacteriana; Contagem de hemácias e leucócitos; Análise citológica para pesquisa de
células malignas; Biópsia pleural.

Tratamento

O objetivo do tratamento é descobrir a causa, prevenir reacumulação de líquido e aliviar o desconforto e a


dispneia. O tratamento é direcionado á causa.
• Toracocentese para remover o líquido, para obter amostra para análise e aliviar a dispneia.
• Dreno de tórax com sistema de drenagem em selo d’água
• Aspiração para evacuação do espaço pleural
• Em casos de causas malignas, é realizada uma pleurodese química para obliterar o espaço pleural e prevenir
reacumulação.
• Instilação no espaço pleural, com doxiciclina, minociclina, bleomicina. Após instilação o dreno de tórax é
fechado e o paciente deve assumir vários posicionamentos diferenciados para que a substância se distribua.
Em seguida o dreno é aberto para drenagem.
• Em casos onde o tratamento clínico não surtiu efeito é realizada a pleurectomia e terapia com diuréticos.

Assistência de Enfermagem

• Auxiliar em posicionamento para toracocentese e oferecer apoio emocional ao longo do procedimento


• Aliviar dor conforme prescrição médica, assim como, auxiliar em posicionamento de conforto
• Estimular mudança de decúbito frequente e deambulação para facilitar drenagem
• Monitorar sistema de drenagem

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PNEUMOTÓRAX

É o acúmulo de ar entre as pleuras (visceral e parietal). Acontece quando uma das pleuras é rompida e o
espaço pleural é exposto á pressão atmosférica positiva, ocorrendo então, a entrada de ar no espaço pleural e
pulmão.

Tipos:

a ) Pneumotórax Simples: conhecido também como espontâneo, ocorre quando o ar penetra no espaço pleural
através de uma fenda da pleura parietal ou visceral. Geralmente isso ocorre, em decorrência a ruptura de uma
fístula bronco pleural. Pode estar associado ao enfisema grave.

b ) Pneumotórax Traumático: ocorre quando ocorre escape de ar em decorrência á laceração no pulmão ou ainda por
uma ferida na parede torácica. Pode ocorrer por traumas fechados como, fraturas de costelas, ou por trauma
penetrante do tórax (trauma aberto), rompimento do diafragma, procedimentos torácicos invasivos nos quais a
pleura é inadvertidamente puncionada. Quando o trauma é resultante de uma grande lesão do tórax, o pneumotórax
pode vir acompanhado pelo hemotórax (acúmulo de sangue no espaço pleural).

Manifestações Clínicas

Os sintomas irão depender do tamanho e causa: Dor súbita e pleurítica; Angústia respiratória mínima com
ligeiro desconforto torácico; Taquipnéia; Ansiedade; Aerofagia; Aumento do uso de musculatura acessória; Cianose
central; Diminuição de movimento torácico do lado afetado.

Tratamento

• Depende da causa e gravidade.


• Dreno de tórax com sistema de selo d’água
• Curativo compressivo em local de ferimento (abertura onde pode ocorrer entrada de ar nas pleuras)
• Antibioticoterapia
• Toracocentese com agulha para descompressão
• Oxigenoterapia

Cuidados de Enfermagem

• Auxiliar em posicionamento para toracocentese e oferecer apoio emocional ao longo do procedimento


• Aliviar dor conforme prescrição médica, assim como, auxiliar em posicionamento de conforto
• Estimular mudança de decúbito frequente e deambulação para facilitar drenagem
• Monitorar sistema de drenagem

CÂNCER DE PULMÃO

O Carcinoma brônquico está entre o principal causador de mortes entre homens e mulheres. Pode ocorrer
quando um elemento carcinogênico liga-se ao DNA da célula, danificando-a. Esse dano resulta em alterações
celulares, com crescimento celular anormal e eventualmente, na célula maligna.

Fatores de Risco

• Tabagismo ativo; Tabagismo passivo exposição ambiental e ocupacional, como emissões de gases de
motores de automóveis e poluentes provenientes de refinarias e serralherias de madeira ou fábricas;
Exposição á radônio, arsênico, asbesto; Genética; Fatores nutricionais (deficiência de vitamina A ou
betacaroteno).

Manifestações Clínicas

Os sinais e sintomas irão depender da extensão e localização. Apresenta inicio assintomático e durante o
curso da patologia, os sintomas surgem.
• Tosse, podendo ser crônica. No inicio apresenta-se seca e persistente sem produção de escarro. Após
obstrução das vias aéreas, torna-se produtiva; Ronco, por obstrução do brônquio pelo tumor; Dispneia;
Rouquidão; Fadiga; Anorexia; Perda de peso; Pode ocorrer hemoptise.

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Exames Diagnósticos

• Há suspeitas em casos de tosse persistente em fumantes; Raio X (aparecimento de nódulo periférico – lesão
em moeda); Tomografia computadorizada (pequenos nódulos sem visualização no raio X); Citologia de
escarro; Fibrobroncoscopia; Biópsias de áreas suspeitas; Punção torácica transcutânea com agulha fina com
auxilio de TC; Ressecção cirúrgica.

Tratamento

O objetivo de o tratamento á alcançar a cura se é possível. O tratamento dependerá do tipo de célula, do


estágio da doença e da condição fisiológica (pulmonar e cardíaca) do paciente.
• Quimioterapia; Radioterapia; Cirurgia; Terapia para alivio da dor.

Complicações

As complicações podem estar associadas ao tratamento:


• Diminuição da função cardíaca em decorrência a radioterapia, assim como o surgimento de fibrose
pulmonar, pericardite, mielite, cor pulmonale; Pneumonite e toxicidade pulmonar em decorrência a
quimioterapia; Insuficiência respiratória devido à ressecção cirúrgica.

Cuidados de Enfermagem

• Oferecer apoio emocional


• Assegurar alivio da dor e desconforto
• Prevenir complicações, observando e comunicando alterações.
• Instruir o paciente e família sobre os efeitos colaterais do tratamento especifico e estratégias para trata-los
• Manter vias aéreas desobstruídas, com remoção de secreções.
• Orientar e auxiliar quanto aos exercícios respiratórios
• Manter cuidados com oxigenoterapia
• Atentar aos cuidados no uso de broncodilatadores
• Atentar a educação do paciente quanto medidas para evitar fadiga, como: encaminhamento ao
fisioterapeuta, terapia ocupacional, programa de reabilitação pulmonar

EXERCÍCIOS PARA REEXPANSÃO PULMONAR

A reexpansão pulmonar é uma técnica que pode ser utilizada de forma mecânica e/ou de exercícios, e que
atua em áreas pulmonares que não estão expandindo adequadamente. Os volumes e as capacidades pulmonares
podem estar afetados, como pela diminuição da função pulmonar, como em doenças pulmonares e da caixa torácica,
em alterações pulmonares decorrentes de processos cirúrgicos, disfunções neuromusculares e em processos
infecciosos ou traumáticos. Estas situações, de alguma maneira, isoladas ou associadas, podem levar à ocorrência de
hipoventilação pulmonar. Assim, os exercícios e/ou as técnicas mecânicas de reexpansão pulmonar têm por
finalidade aumentar e/ou manter o volume pulmonar. É muito importante a sua aplicação adequada, sempre levando
em consideração o tipo de doença, para que o objetivo seja alcançado. Pode-se descrever as técnicas de reexpansão
pulmonar em exercícios com ou sem auxílio de aparelhos.

Objetivos

• Recuperar volumes e capacidades pulmonares; Prevenir ou reexpandir áreas colapsadas; Manter integridade
das trocas gasosas; Prevenir acúmulo de secreções pulmonares; Mobilizar caixa torácica; Facilitar a
expectoração de secreções pulmonares; Favorecer a mobilidade diafragmática; Favorecer a drenagem
torácica (em derrames pleurais).

a ) Ensinando Exercícios Respiratórios

Geralmente o paciente permanece em decúbito de


Fowler para aumentar a expansão pulmonar. O profissional
deve demonstrar como realizar a respiração lenta, profunda
(inspiração sustentada máxima (ISM) e como exalar
lentamente). Após praticar a respiração profunda várias vezes,
o paciente é instruído a respirar profundamente, exalar através
da boca, fazer uma respiração curta e tossir vigorosamente.

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b ) Espirometria de Incentivo

Auxilia o paciente a inalar lentamente e profundamente para maximizar


a inflação pulmonar. Idealmente, o paciente fica sentado ou em semi-fowler,
para promover a excursão diafragmática. Todavia, este método pode ser
realizado com o paciente em qualquer posicionamento. Está indicado também
em casos pós cirúrgicos, para promover expansibilidade dos alvéolos
pulmonares, prevenindo complicações.

Orientações de Enfermagem

• Explicar ao paciente o procedimento e sua finalidade


• Avaliar nível de dor durante o procedimento, medicar conforme
prescrição
• Auxiliar o paciente no posicionamento
• Demonstrar como utilizar a respiração diafragmática
• Instruir o paciente a posicionar o bocal do espirômetro firmemente na boca e inspirar, prender a respiração
ao final da inspiração por aproximadamente 3 segundos. O paciente então expira completamente.
• Encorajar o paciente aproximadamente 10 respirações por hora com espirômetro de incentivo
• Encorajar a tosse durante e após cada sessão
• Coloque o espirômetro ao alcance do paciente
• Anotar o quanto o paciente foi eficaz na realização da terapia

CUIDADOS COM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS

Traqueostomia é um procedimento cirúrgico no pescoço que estabelece um orifício artificial na traquéia,


abaixo da laringe, indicado em emergências e nas intubações prolongadas.
A técnica, nestes clientes, apresenta diversas vantagens quando comparada com o tubo orotraqueal,
incluindo maior conforto do paciente, mais facilidade de remoção de secreções da árvore traqueobrônquica e
manutenção segura da via aérea.

Cuidados

• Ao colocar o cadarço, certifique-se que a cânula não se desloque, solicitar a ajuda de outra pessoa para
firmar a cânula enquanto o cadarço estiver sendo posto.
• Realizar a troca do cadarço sempre que tiver sujo ou úmido.
• Uso de avental, máscara e óculos se suspeita de processo infeccioso pulmonar ou HIV+.
• Atenda o portador de traqueostomia colocando-se ao seu lado, evite deixar seu rosto à frente do estoma, o
cliente pode apresentar episódio de tosse inesperado.
• Oriente-o quanto aos cuidados durante a tosse.
• Mantenha toalhas ou lenços de papel ao alcance do cliente e também um recipiente ou saco descartável
para receber lenços ou toalhas utilizados.
• Aspirar secreções sempre que necessário, atentando aos cuidados adequados

MODALIDADES RESPIRATÓRIA NÃO-INVASIVA

Terapias Respiratórias

a ) Oxigenoterapia: Consiste na administração de oxigênio numa concentração superior á encontrada no ambiente


(21% ao nível do mar). Seu objetivo é fornecer adequada concentrada de O2 no sangue, quando o indivíduo está por
alguma alteração respiratória, impossibilitando de fazê-lo.
O transporte de oxigênio dependerá de fatores tais como: débito cardíaco, conteúdo de oxigênio arterial,
concentração de hemoglobina.

Métodos de Administração de Oxigênio


O oxigênio é liberado de um sistema de válvulas, através de um fluxômetro de O2, que está ligado
diretamente á um manômetro que indicará a pressão de oxigênio em litros por minuto, que passará pelo tubo
condutor. Quando o oxigênio é utilizado em altas taxas de alto fluxo, o mesmo deverá ser umidificado, evitando-se
assim o ressecamento das mucosas do trato respiratório. Para ser umidificado, o O2 deve atravessar o umidificador,
contendo água destilada estéril. O oxigênio será ofertado ao paciente, através de:

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• Cateter nasal: mais comumente utilizado é o cateter de O2 simples (inserido em apenas uma narina) e
cateter de O2 tipo óculos (possui dois dispositivos curtos, um para sua respectiva narina), ambos podem ser
utilizados constantemente, permite ao cliente se alimentar, se movimentar e conversar, sem desconfortos.
Pode ocasionar ressecamentos da mucosa nasal, como lesões. Assim sendo, a enfermagem deve adotar
alguns cuidados preventivos: Em casos de uso de cateteres simples, não introduzi-lo profundamente. Deve-
se estar introduzido pelo nariz até a nasofaringe. Caso contrário poderá penetrar no esôfago e causar
distensão abdominal; Não usar O2 sem umidificação (pode ocasionar irritações na mucosa acompanhada
por físsuras); Sempre administrar umidificado com água destilada, nunca com SF 0,9%, pois o mesmo
contem cloreto de sódio, o que possibilita ressecamento das mucosas. Durante o banho, retira-lo e ao
colocar um novo trocar de narina para evitar úlceras por pressão em septo nasal; Colocar sonda na narina
do cliente antes de ligar o fluxômetro de O2; Abrir a válvula do manômetro lentamente; Regular o número
de litros por minuto de acordo a prescrição médica, pois o oxigênio pode tornar-se tóxico, quando em
excesso.

• Máscara facial ou simples: utilizadas para concentrações baixas de oxigênio. Não devem ser pressionadas
sobre a pele. Necessitam ser removidas para alimentação.

• Máscara de Venturi: é um método mais seguro para liberação de uma determinada concentração de
oxigênio. É organizado de modo a permitir um fluxo constante de ar ambiental, misturado á um fluxo fixo
de O2. Necessita ser removida para a alimentação ou ingestão de líquidos e medicamentos. Deve-se ter
atenção aos olhos e a pele do cliente em decorrência á irritações.

• Tendas Faciais ou Tendas de Oxigênio: é um mecanismo que envolve toda a cabeça do paciente. Utilizado
com maior freqüência em crianças. Proporciona boa umidificação.

• Outros Dispositivos: traqueostomia, tubos em T, tubo endotraqueal ou orotraqueal, que fornecem boa
qualidade de oxigênio, porém seu uso é mais freqüentemente realizado em pacientes em UTI (Unidade de
Terapia Intensiva).

Observação: Algumas instituições adotam terapia com oxigenoterapia sem umidificação.

b ) Inalação e Nebulização: A inalação é a administração de medicamentos pelas vias aéreas. Tem por objetivo
diminuir inflamações e congestão de mucosas, facilitar expectoração, aquecer e umidificar o ar, suprindo o oxigênio.
A nebulização é a administração de medicamentos associado á SF0,9% ou água destilada, de forma contínua para
umidificar e fluidificar secreções facilitando sua expectoração.

c ) Fisioterapia Respiratória:

• Drenagem Postural: consiste no uso de posições específicas, de modo que a força da gravidade possa
auxiliar na remoção de secreções brônquicas. O cliente deve ser encorajado á tossir.

• Vibração e Percussão Torácica: auxiliam na saída da secreção mais espessa. O tórax é tapotado, facilitando
o deslocamento de secreções.

TORACOCENTESE

Consiste punção com agulha ou utilização de drenos para aspiração de líquido ou de ar do espaço pleural,
para fins diagnósticos ou terapêuticos, assim como descompressão pulmonar. O auxiliar de Enfermagem participa
ativamente, antes do exame, orientando o paciente sobre o procedimento, encaminhando o cliente ao raio X,
administrando sedativos prescritos, colocando o paciente em posicionamento adequado (deitado sob o lado não
afetado com cabeceira elevada ou sentado com o tórax exposto, com braços e pés apoiados). Durante o exame o
auxiliar de enfermagem atua juntamente ao médico, prestando auxílio ás solicitações médicas. Após o exame o
auxiliar de enfermagem realiza curativo compressivo no local da punção, coloca o paciente em posição de repouso,
deitado sob o lado não afetado por aproximadamente 1 hora. Anota em prontuário sobre o procedimento efetuado
quanto à quantidade, aspecto, coloração do conteúdo retirado. Observa o cliente atentando para dispnéia,
taquicardia, dor torácica, tosse, expectoração de muco espumoso róseo.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO CLIENTE COM DRENAGEM TORÁCICA EM


CLÍNICA MÉDICA

A drenagem torácica consiste em uma abertura no tórax para a colocação


de um dreno na cavidade pleural. É indicada para procedimento terapêutico pra
drenar líquidos, gases acumulados, exsudatos. O sistema de drenagem consiste na

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utilização do dreno conectado á um frasco de drenagem com selo d’água. Os cuidados são:

• Realizar a troca do curativo diariamente utilizando as técnicas assépticas,


adequadamente
• Realizar a troca do selo d’água uma vez por plantão ou quando necessário,
atentando para não contaminar região interna do frasco de drenagem.
• Observar oscilação da água do frasco. Se ausente comunicar e registrar em
anotação de enfermagem
• Observar drenagem, quanto á quantidade, aspecto, odores, comunicar
alterações e registrar
• Manter dreno inferior ao nível torácico
• Estimular o cliente á tosse e respiração profunda
• Clampear quando necessário e quando for por períodos curtos
• Orientar o cliente a não elevar o frasco de drenagem superiormente ao tórax

2-SISTEMA CARDIOVASCULAR

PATOLOGIAS QUE ACOMETEM O SISTEMA CARDIOVASCULAR

ARTERIOSCLEROSE

É uma doença muito comum que acomete a artéria. Trata-se de um processo


onde as fibras musculares e o revestimento endotelial das paredes das artérias e
arteríolas tornam-se espessados e enrijecidos. Ocorre com frequência na fase idosa.

ATEROSCLEROSE CORONARIANA

Consiste no acúmulo anormal de substancias lipídica e tecido fibroso na parede


vascular. Essas substâncias estreitam e bloqueiam o fluxo sanguíneo para o miocárdio.
Esses depósitos recebem o nome de ateromas.

Manifestações Clínicas

Os sintomas surgem de acordo o grau de estreitamento da luz do vaso, formação de trombos e a


intensidade de obstrução do fluxo sanguíneo para o miocárdio. Esse impedimento de sangue é progressivo e o aporte
sanguíneo inadequado priva as células de oxigênio necessário para sua sobrevivência. Essa condição recebe o nome
de isquemia.
• Dor retroesternal

Fatores de Risco

• Doenças coronarianas; Idade (= ou > 65 anos); Histórico familiar; Dietas hiperlípidicas; Fumo; Hipertensão
e diabetes; Menopausa; Estresse.

Profilaxia

• Controlar colesterol; Evitar fumo; Controlar hipertensão arterial e diabetes.

ANGINA DO PEITO

É uma síndrome caracterizada por precordialgia intensa, decorrente á isquemia e hipóxia do miocárdio. De
maneira quase invariável, a angina está associada à obstrução significante da artéria coronária importante.

Etiologia

• Aterosclerose Coronariana; Hipertensão Arterial; Hipertireoidismo.

Manifestações Clínicas

A isquemia do miocárdio pode produzir dor e outros sintomas, variando de gravidade desde uma sensação
de indigestão até uma sensação de sufocação ou de peso na parte superior do tórax. Com frequência a dor é sentida
profundamente no tórax, atrás do terço médio ou superior do osso esterno. Diversos fatores podem acarretar a dor
anginosa:
• Esforço físico; Exposição ao frio; Ingestão de refeição pesada; Estresse ou qualquer situação geradora de
emoção.

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Os sintomas variam de um indivíduo para outro. Porém não duram mais que alguns minutos, aliviando
quando o indivíduo repousa e se tranqüiliza. São:
• Dor retroesternal súbita, que irradia para o pescoço, mandíbula, ombro, face interna de membro superior
esquerdo; Sensação de fraqueza ou dormência em membro superior, pulsos e mãos pode acompanhar a
dor; Diaforese; Dispnéia; Palidez; Vertigem; Náuseas e vômitos; Sensação de morte iminente.

Diagnóstico

• Eletrocardiograma (ECG); Ecocardiografia; Ecocardiograma; Cateterismo cardíaco; Angiografia; Teste de


Esforço (esteira ou bicicleta ergométrica).

Tratamento

O objetivo do tratamento médico é diminuir a demanda de oxigênio do miocárdio e aumentar aporte de


oxigênio.

• Terapia farmacológica:
o Nitroglicerina (Nitrostat, Nitrol, Nitrobid IV), diminui a isquemia melhorando dor.
o Agentes bloqueadores Beta-adrenérgicos: Propranolol (Inderal) e o atenolol (Tenormin) reduzem o
consumo miocárdico de oxigênio por bloquear ação simpática para o coração
o Bloqueadores dos canais de cálcio: diminuem a automaticidade do nó sinoatrial e a condução do nó
atrioventricular , resultando em frequencia cardíaca mais lenta e uma diminuição da contração
miocárdica. Também ocasiona vasodilatação, causando diminuição da pressão arterial. São
Nifedipina (adalat), Verapamil (Calan), Diltiazem (Cardizem).
o Antiplaquetários e Anticoagulantes: são administrados ara evitar a agregação plaquetária, a qual
compromete o fluxo sanguíneo. São Aspirina (antiplaquetário) e heparina (anticoagulante).
Pacientes que fazem uso desses medicamentos se faz necessário alguns cuidados, como: evitar
pressão sobre o sítio de qualquer punção por agulha, prevenção da lesão e escoriação tecidual, a
partir de traumas ou por uso de aparelhos constritivos (esfigmomanometro).
• Oxigenoterapia: utilizada geralmente no inicio da dor torácica, para aumentar aporte miocárdico de
oxigênio.

Complicações

• Infarto Agudo do Miocárdio; Morte.

Cuidados e Orientações de Enfermagem

Em casos de pacientes internados:


• Obter informações sobre os sintomas e atividades que precedem e precipitam a crise de dor
• Reduzir estresse e ansiedade
• Oferecer apoio emocional
• Medicar conforme prescrição médica
• Administrar sedativos e tranquilizantes menores conforme prescrição médica, para clientes com angina que
sofrem de tensões emocionais.

Medidas preventivas em Alta Hospitalar

• Orientar paciente e familiar para evitar situações que desencadeiam as crises: exposição ao frio, caminhar
contra o vento, estresse emocional, fumo, alimentação excessiva, exercícios físicos abusivos. Deve-se
praticar atividades físicas, porém com moderação, intercalando com repouso;
• Orientar o cliente a carregar consigo, sempre o medicamento que utiliza e evitar situações que
desencadeiam a dor;
• Orientar sobre a dieta, que deverá ser equilibrada, evitando-se excessos, restringindo alimentos gordurosos,
para controle do colesterol;
• Orientar em procedimentos efetivos durante a crise: deitar o paciente, afrouxar roupas, administrar a
medicação prescrita;
• Orientar quanto a auto administração da nitroglicerina:
o Instruir o paciente a certificar-se que a boca está bem umidificada, a língua parada e que a saliva
não seja deglutida até que o comprimido se dilua por completo. Quando a dor for intensa, o
paciente deve mastigar o comprimido, a fim de acelerar absorção sublingual;
o Orientar que a nitroglicerina é instável, devendo ser carregada em embalagem original com
cuidado;
o Explicar que a nitroglicerina é volátil, inativada pelo calor, unidade, ar, luz, calor;
o Instruir o paciente a renovar o suprimento a cada 6 meses;

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o Informar o paciente a ingerir o medicamento antes de qualquer atividade que produza dor
(exercícios, subir escadas, relação sexual);
o Recomendar ao paciente que observe quanto tempo transcorre até que a nitroglicerina promova
alivio do desconforto;
o Explicar sobre os possíveis efeitos da nitroglicerina: rubor, cefaleia, hipotensão, taquicardia.

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)

É uma necrose isquêmica de uma área do miocárdio, ocasionada por obstrução parcial ou total das artérias
coronárias. Ocorre por deficiência de fluxo sanguíneo para uma região do músculo cardíaco, cujas células sofrem
necrose por falta de aporte nutritivo. A interrupção do fluxo coronário quase sempre é devido ao estreitamento
repentino de uma artéria coronária pelo ateroma (aterosclerose), ou pela obstrução total de uma coronária por
êmbolo ou trombo (coágulo sanguíneo). As doenças isquêmicas são as doenças cardíacas mais comuns, constituindo
a primeira causa de morte nos Estados Unidos.

Fatores de Risco

• Idade (40 a 70 anos); Hipercolesterolemia elevado; Hereditariedade; Diabetes melito; Ingestão excessiva
de gorduras saturadas, carboidratos e sal; Hipertensão arterial; Obesidade; Tabagismo; Pílulas
anticoncepcionais, principalmente entre os 30 e 40 anos de idade; Sedentarismo; Estresse; Uso de drogas,
tais como anfetaminas ou cocaína.

Etiologia

• Aterosclerose; Trombose; Agregação plaquetária; Estenose de artéria coronariana.

Incidência

• Os homens são mais suscetíveis do que as mulheres (antes da menopausa)

Manifestações Clínicas

Dependendo da extensão da área atingida, o IAM pode ser assintomático.


• Dor retroesternal persistente, de início súbito, de intensidade variável, localizada sobre a região inferior do
esterno e abdome superior. Pode agravar continuamente, até se tornar quase insuportável. Irradia-se para
o ombro e membros superiores, geralmente para o lado esquerdo. Em alguns casos irradia-se para a
mandíbula e pescoço; É uma dor violenta, constritiva, de duração prolongada (mais de 30 minutos a
algumas horas de duração), não é aliviada pelo repouso, ou pela nitroglicerina; Taquidispnéia; Palidez;
Sudorese profusa, fria e pegajosa; Tontura; Confusão mental; Pode haver, por um reflexo vagal, náuseas e
vômitos; Ansiedade e inquietação; Sensação de morte iminente.

Exames Diagnósticos

• O diagnóstico se baseia na história da doença atual do paciente


• Eletrocardiograma (ECG): é de grande valor para o diagnóstico do infarto do miocárdio (informa sobre sua
localização, sua extensão e complicações associadas como bloqueio e arritmias. Apesar que as arritmias
podem ocorrer até dentro de um prazo de 24 horas, após o infarto.
• Níveis séricos das enzimas: o Infarto Agudo do Miocárdio e a consequente morte celular levam à perda da
integridade do sarcolema (membrana plasmática das células do tecido muscular) ocasionando a liberação de
certas enzimas na corrente sangüínea. A passagem destas enzimas para o plasma sanguíneo nos fornece
dados úteis para o diagnóstico de infarto, sua extensão e evolução.
o A creatinoquinase (CK) com sua isoenzima (CK-MB) é considerado o indicador mais sensível e
confiável de todas as enzimas cardíacas.
o A CK-MB é a isoenzima encontrada unicamente nas células cardíacas, e só estará aumentada
quando houver destruição destas células.
o Elevação da troponina I (proteína estrutural encontrada no miocárdio, apenas na lesão de
musculatura cardíaca)
o Cintilografia que demonstra a musculatura lesionada

Tratamento

a ) Geral
• Em casos de arritmias a implantação de marcapasso ou cardioversão;
• Balão intra-aórtico em casos de choque cardiogênico; Dieta com baixo teor de colesterol e gordura;
• Restrição calórica se for indicado
• Repouso no leito com comadre ou papagaio em fácil alcance

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• Aumento gradual da atividade física, conforme tolerância

b ) Medicamentoso:
• Terapia trombolítica; Acido acetilsalicílico; Antiarrítmicos antianginosos; Bloqueadores de canais de cálcio;
Heparina; Morfina; Agentes inotrópicos; Bloqueadores beta – adrenérgicos; Inibidores da enzima de
conversão da angiotensina; Emolientes fecais; Oxigênio.

c ) Cirúrgico:
• Revascularização do miocárdio

Complicações

• Arritmias; Choque Cardiogênico; Insuficiência Cardíaca; Pericardite; Embolos cerebrais ou pulmonares.

Profilaxia

• Mudanças no estilo de vida:


o Manter dieta com controle de colesterol e triglicérides; Controlar dosagem de colesterol e
triglicérides uma vez por ano (máximo); Exercício físico que tem um papel muito importante, não
só para melhorar o condicionamento do corpo como para ajudar na manutenção do peso ideal;
Abolir o fumo; Reduzir estresse (massagens, ioga, meditação).

Observações:

• A mobilização precoce melhora sensivelmente o bem-estar psicológico do paciente, além de reduzir a


incidência de tromboembolia. Entretanto, deve-se tomar a precaução de acompanhar o doente no sentido
de detectar possíveis alterações conseqüentes a esta atividade física.
• As evacuações não devem significar esforço para o paciente

Cuidados de Enfermagem

• Avaliar dor e administrar medicamentos conforme prescrição médica


• Registrar intensidade, localização, tipo, duração da dor
• Evitar injeções intramusculares
• Verificar pressão arterial antes e após administração da nitroglicerina
• Organizar cuidados e atividades com o cliente a fim de proporcionar repouso sem interrupções
• Providenciar dietas com baixo teor de colesterol, sódio e cafeína
• Oferecer apoio emocional
• Em casos de Angioplastia Coronariana Transluminal Percutânea: observar e comunicar sangramentos,
manter imóvel o membro onde o procedimento foi realizado, repouso absoluto, verificar pulsos arteriais
periféricos em membro da punção
• Monitorar peso diário
• Realizar coleta para avaliação de níveis séricos de enzimas, provas de coagulação conforme solicitação
médica

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)

A insuficiência cardíaca (IC) ou insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma condição grave na qual a
quantidade de sangue que o coração é capaz de bombear a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir
as necessidades de oxigênio e nutrientes de todo organismo. No Brasil, segundo os dados do DATA-SUS, a IC é a
principal causa de hospitalização em nosso país.

Etiologia

A IC pode surgir a partir de qualquer doença que afete o coração e interfira na circulação. Certas doenças
podem afetar seletivamente o miocárdio. São as doenças do músculo cardíaco ou miocardiopatias, as quais
comprometem a capacidade de contração e relaxamento do coração.
• Aterosclerose Coronariana; IAM; Miocardite; Estenose Mitral ou Aórtica; Insuficiência Mitral ou Insuficiência
Aórtica; Arritmias Cardíacas e os Distúrbios da Condução elétrica do Coração; Hipertensão Arterial;
Hipertrofia Ventricular; Pericardite Tuberculosa; Anemia Profunda; Hipertireoidismo; Quimioterápicos
Doença de Chagas.

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Tipos

a ) Insuficiência Cardíaca Direita: na insuficiência cardíaca direita, a falha reside no ventrículo direito, que não
consegue bombear todo o seu conteúdo até à circulação pulmonar. Como resultado, o sangue acumula-se no átrio
direito, acumulando-se na rede venosa que desagua nesta através das veias cavas, com a consequente aglomeração
dos diversos órgãos e tecidos.
b ) Insuficiência Cardíaca Esquerda: na insuficiência cardíaca esquerda, o problema reside numa falha do ventrículo
esquerdo que o torna incapaz de bombear todo o sangue para a rede arterial periférica. O VE não se esvazia por
completo, a pressão no átrio esquerdo aumenta, diminuindo a circulação pulmonar.

Manifestações Clínicas

• Insuficiência Cardíaca Esquerda (ICE)

o Dispnéia á pequenos esforços; Ortopnéia; Dispnéia paroxística noturna; Tosse; Sons ruidosos;
Náuseas; Palpitações; Dor torácica; Palidez; Sudorese intensa; Tosse com expectoração rósea e
espumosa (EAP – edema agudo de pulmão); Ansiedade; Confusão mental; Cianose.

• Insuficiência Cardíaca Direita (ICD)


o Edema (o que leva ao aumento de peso corporal); Edema visível de membros inferiores e tórax
posterior; Ascite; Oligúria.

Exames Diagnósticos

• A descrição dos sintomas de IC geralmente é suficiente para o diagnóstico da doença. Geralmente, os sinais
e sintomas podem confirmar o diagnóstico de IC.
• O peptídeo natriurético tipo-B (BNP) é um hormônio produzido no miocárdio dos átrios e ventrículos. É um
indicador de um aumento das pressões intracardíacas, ou seja, dentro dessas câmaras do coração).A
dosagem do peptídeo natriurético tipo-B estará aumentada na IC com disfunção sistólica (diminuição da
contração do coração) e/ou diastólica (diminuição do relaxamento do coração).O exame é útil não só para
avaliação da gravidade da IC, mas também para o seu acompanhamento clínico.
• O eletrocardiograma poderá demonstrar um aumento das câmaras do coração, presença de alterações do
ritmo cardíaco, e ainda fornecer indícios sobre a causa da IC.
• Radiografia de tórax também poderá revelar um aumento do coração e o hidrotórax.
• Ecocardiograma, fornece indícios sobre a causa da IC, bem como o tipo de disfunção cardíaca existente:
alteração de relaxamento, diminuição da força de contração ou ambos.

Tratamento

Não existe uma cura para a maioria das pessoas com IC.

• Geral:
• Acompanhamento ao programa de suporte para a interrupção do tabagismo, para a realização das
alterações dietéticas adequadas, para a interrupção do consumo de bebidas alcoólicas ou para a realização
regular de exercícios físicos leves a moderados visando melhorar o estado físico geral. A manutenção de um
peso corporal próximo ao ideal é fundamental; Repouso; Limitação da ingestão de sal e líquidos; Controle
de peso; Tratamento das causas: cirurgias de correção valvar, revascularização do miocárdio;
Medicamentoso para hiperatividade da glândula tireoide.

Cuidados de enfermagem

• Manter débito cardíaco adequado


• Repouso físico e emocional para reduzir o trabalho cardíaco e as necessidades de oxigênio
• Evitar manobras de valsava (realizada ao se exalar forçadamente o ar contra os lábios fechados e nariz
tapado, forçando o ar em direção ao ouvido médio se a tuba auditiva estiver aberta. Esta manobra aumenta
a pressão intratorácica, diminui o retorno venoso ao coração e aumenta a pressão arterial).
• Avaliar regularmente sinais vitais, parâmetros hemodinâmicos, estado de lucidez, sons cardíacos…
• Observar presença de arritmias, comunicar e registrar
• Observar sinais e sintomas da diminuição da perfusão tecidual periférica
• Administrar terapêutica prescrita e avaliar a resposta quanto ao alívio de sintomas
• Administrar oxigenoterapia de acordo prescrição médica
• Posicionar em Semi-Fowler para facilitar a respiração e aliviar a congestão pulmonar se não houver contra-
indicação
• Monitorizar frequência respiratória, profundidade e facilidades respiratória
• Promover a alternância de decúbitos
• Estimular os exercícios frequentes de respiração profunda

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• Proporcionar refeições hipocalórica, hipossódica e fracionadas


• Realizar controle hídrico
• Medicar conforme prescrição médica
• Avaliar e anotar peso diariamente
• Avaliar sinais de hipocalcemia: astenia, mal-estar e câimbras
• Estar atento aos potenciais efeitos colaterais associados á utilização de diuréticos
• Observar, comunicar e registrar tolerância à atividade

ENDOCARDITE

Infecção do endocárdio e valvas cardíacas. Pode ser bacteriana, fúngica ou reumática, de acordo sua
etiologia.

Etiologia

• Valvopatia cardíaca; Uso de drogas ilícitas IV; Doença cardíaca reumática; Próteses valvulares cardíacas;
Cardiopatia congênita; Prolapso da valva mitral; Cardiopatia degenerativa; Estenose aórtica calcificada
(idosos); Hipertrofia septal assimétrica; Valva aórtica sifilítica; Hemodiálise crônica.

Manifestações clínicas

• Fadiga; Perda de peso; Anorexia; Artralgia; Sudorese noturna; Hipertermia intermitente; Sopro cardíaco;
Petéquias na pele (especialmente na porção súpero- anterior do tronco), mucosa bucal, faríngea ou
conjuntival; Hemorragias subungueais; Baqueteamento digital – em casos de doença
crônica;;Esplenomegalia – em casos de doença crônica; Dispneia; Taquicardia; Infarto renal provocando:
hematúria, piúria, dor no flanco e oligúria; Infarto cerebral, causando: hemiparesia, afasia; Infarto
pulmonar, ocasionando: tosse, dor pleurítica, hemoptise

Complicações

• Insuficiência Cardíaca Congestiva; Estenose ou regurgitação valvar; Erosão miocárdica; Resquícios


embólicos alojados na vascularização do tecido visceral.

Exames Diagnósticos

• Hemocultura – identifica o microrganismo causal


• Leucometria total e diferencial (consiste na contagem total do número de células da série branca do sangue,
é um exame complementar ao leucograma).
• Hemograma completo
• Níveis séricos de creatinina
• Fator reumatoide sérico
• Urinálise revelando proteinúria
• Ecocardiografia que pode identificar lesão valvar
• ECG que pode revelar arritmias

Tratamento

• Geral:
o Ingestão hídrica
o Repouso
• Medicamentoso:
o Seleção de fármaco antiinfeccioso com base no tipo do microrganismo
o Antibioticoterapia se a hemocultura for negativa
o Acido acetilsalicílico (AAS)
• Cirúrgico: cirurgia corretiva ou substituição valvar

Cuidados de Enfermagem

• Manter estabilidade hemodinâmica


• Observar, comunicar e registrar arritmias
• Manter ventilação adequada de acordo prescrição médica
• Enfatizar a importância do repouso absoluto no leito
• Monitorar função renal
• Orientar sobre o distúrbio, tratamento

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APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

• Orientar sobre a adequada higienização dental


• Estimular o acompanhamento ao cardiologista, após alta

MIOCARDITE

É uma doença inflamatória do músculo do coração (miocárdio), que afeta principalmente homens jovens que
não possuem aparentemente nenhuma doença cardíaca. Seus sintomas são muito variáveis e o seu diagnóstico pode
ser demorado.

Etiologia

• Infecção viral; Uso de drogas ilícitas; Difteria; Infecção com o HIV; Envenenamento; Doença de Chagas;
Doença auto imune.

Manifestações Clínicas

• Hipertermia; Mialgia; Dor torácica; Diaforese; Palidez; Dispneia de esforço; Cansaço fácil; Mal-estar geral;
Tontura; Desmaio; Respiração muito rápida e ofegante; Palpitações cardíacas; Edema periférico;
Linfoadenopatias; Oligo-anúria.

Complicações

• Insuficiência Cardíaca Congestiva; Arritmias; Choque /cardiogênico; Morte.

Exames Diagnósticos

O melhor meio de diagnóstico da miocardite é a biópsia endomiocárdica, apesar de apresentar alguns riscos.
Outros exames que podem ser utilizados para o diagnóstico são:
• Pesquisa de enzimas cardíacas
• Ecocardiografia
• Raio-x de tórax
• Exame de sangue
• Eletrocardiograma

Tratamento

• Medicamentoso: diuréticos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) ou antagonistas dos


receptores de angiotensina e beta-bloqueadores adrenérgicos, antivirais dependendo do agente causador.
• Geral:
o Diminuição de sal nas refeições
o Restrição hídrica
o Evitar os anti-inflamatórios não esteróides.

Cuidados de Enfermagem

• Proporcionar medidas gerais de conforto


• Monitorar continuamente o traçado electrocardiográfico do cliente
• Avaliar sinais vitais periodicamente
• Avaliar a estabilidade hemodinâmica permanentemente
• Administrar terapêutica prescrita
• Restringir a atividade física
• Promover o repouso no leito
• Vigiar e comunicar eventual sintomatologia de insuficiência cardíaca congestiva
• Proporcionar equipamento de reanimação
• Controlar balanço hídrico pois a função renal
• Providenciar dieta hipossódica e fracionada
• Observar queixas de dor torácica, comunicar e registrar
• Monitorar função respiratória e facilitá-la através de posicionamentos adequados
• Manter ambiente calmo e relaxante
• Prestar apoio emocional e incentivar à verbalização dos sentimentos
• Esclarecer potenciais dúvidas do doente
• Prevenir lesão irreversível do miocárdio

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APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

PERICARDITE

O pericárdio é composto de duas camadas de um tecido fibroso pouco distensível. Dessas camadas, a
interna, denominada de visceral está aderida e praticamente fazendo parte do coração. A outra, a externa,
denominada parietal, está em volta dessa primeira. Elas estão separada por um espaço virtual que contém uma
pequena quantidade de líquido. Essa segunda camada mantém o coração fixado no seu lugar dentro do tórax e evita
o contato direto do coração com as estruturas vizinhas. A Pericardite é a infecção do pericárdio.

Tipos e etiologias

• Pericardite viral: pode ser causada por diversos vírus, as coxsaquieviroses, os ecovírus e os vírus da gripe,
da varicela, hepatite, caxumba e HIV, são os mais freqüentes. A doença atinge mais a homens com menos
de 50 anos, principalmente depois de doenças infecciosas das vias aéreas superiores.
• Pericardite tuberculosa: é rara nos países desenvolvidos e comum em outras áreas. Atinge o pericárdio
diretamente por via linfática ou por disseminação hematógena. Pode haver comprometimento ou não do
pulmão, contudo o derrame pleural frequentemente acompanha a pericardite.
• Pericardite urêmica: pacientes com insuficiência renal
• Pericardite neoplásica: A disseminação de um câncer adjacente de pulmão ou de mama, a disseminação de
um carcinoma de rim, linfomas que envolvem o pericárdio e outros cânceres podem causar um derrame
pericárdico e tamponamento do coração. Em geral, não há muitos sintomas e os que existem podem ser
atribuídos à doença básica com suas repercussões hemodinâmicas.
• Pericardite pós-radiação: A irradiação que atinge a área cardíaca pode desencadear uma reação fibrótica
que se apresenta com uma pericardite subaguda ou constritiva.
• Pericardite pós- infarto do miocárdio: É uma complicação do infarto agudo do miocárdio que aparece de 3 a
5 dias após o infarto.
• Síndrome de Dressler (SD): é uma pericardite que ocorre semanas ou meses depois do infarto ou depois de
cirurgias cardíacas. Pode ser recorrente e é provavelmente uma resposta auto-imune.
• Pericardites mais raras: São as atribuídas ao uso de medicamentos como o monoxidil e a penicilina. Pode
ocorrer também nos pacientes com mixedema (Hipotireoidismo), lúpus eritematoso e artrite reumatóide.
• Pericardite constritiva: A inflamação do pericárdio pode levar ao seu espessamento e diminuição da
distensibilidade por fibrose e por aderência ao coração, dificultando o enchimento do coração durante a
diástole. Isso dificulta o retorno do sangue ao coração. Pode seguir-se a uma pericardite de qualquer
etiologia. Atualmente é mais freqüente nas pericardites pós irradiação e depois de cirurgias cardíacas.

Manifestações Clínicas

• Pode apresentar-se assintomático, á princípio.


• Dor torácica, podendo irradiar-se para o pescoço, tórax posterior, ombros que intensifica-se quando se
inspira, ao deglutir e ao tossir; Hipertermia; Dispnéia.

Complicações

A pericardite é normalmente acompanhada por um processo denominado de derrame pericárdico, que


consiste na acumulação de secreções inflamatórias e, por vezes, sangue no espaço pericárdico. Este processo,
parcialmente responsável pelos sintomas habituais da pericardite, também pode originar dois tipos de complicações
sérias:

• Tamponamento cardíaco: conhecido também como derrame pericárdico, é uma doença que se produz
quando ocorre aumento do volume de líquido, no espaço pericárdico. O coração não consegue contrair-se e
dilatar-se com liberdade. Esta complicação, que se manifesta através de evidentes dificuldades em respirar,
estase jugular e edema de membros inferiores, é mais comum quando a pericardite é provocada por
bactérias produtoras de exsudatos, doenças metabólicas e tumores malignos.
• Pericardite constritiva: corresponde ao progressivo espessamento e endurecimento do pericárdio provocado
por uma inflamação prolongada, sendo mais frequente na pericardite tuberculosa.

Exames Diagnósticos

O diagnóstico é elaborado com base nos antecedentes do paciente, nas características dos sintomas e
mediante um exame físico, sendo confirmado através de vários exames auxiliares de diagnóstico, como:
• Raios-X do tórax; Electrocardiograma; Ecocardiograma; Pericardiocentese para análise.

Tratamento

O tratamento varia significativamente, segundo a causa responsável pela doença, a sua forma de evolução
e a eventual presença de complicações.

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APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

• Pericardite Viral: o tratamento consiste basicamente em repouso e na administração de medicamentos


antiinflamatórios e antipiréticos até que os sintomas diminuam de intensidade.
• Pericardite Bacteriana: antibioticoterapia
• Hospitalização
• Pericardiocentese para descompressão
• Pericardite Constritiva: prescrição de medicamentos que melhorem a função cardíaca e, caso seja
necessário e possível, recorre-se a uma intervenção cirúrgica conhecida como pericardiectomia, que
consiste na extracção do pericárdio.

Cuidados de Enfermagem

• Orientar o paciente a comunicar a origem da dor


• Analgesia conforme prescrição médica
• Auxiliar pacientes com restrições de atividades
• Controlar rigorosamente frequência cardíaca
• Observar, comunicar e registrar sinais de tamponamento cardíaco (falta de ar, tontura, pressão torácica)

PERICARDIOCENTESE

É a retirada de fluido do espaço pericárdico. Requer habilidades especializadas e são acompanhadas de risco
significativo de complicações por infecção.
Apresenta como objetivo a remoção de fluido pericárdico para diagnóstico ou propósitos terapêuticos.

Indicações

• Diagnóstico: suspeita de processo infeccioso, suspeita de doença neoplásica.


• Terapêutica: alívio do tamponamento pericárdico, tratamento de derrame maligno

Contra-Indicações

No caso de tamponamento cardíaco onde há risco de vida, obviamente não há contra-indicações para a
pericardiocentese. Contudo, quando realizada com propósitos terapêuticos ou por circunstâncias menos urgentes,
são contra-indicações relativas:

• Coagulopatia; Desequilíbrio eletrolítico (hipocalemia); Infecção.

HIPERTENSÃO ARTERIAL

É uma doença crónica determinada por elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias, o que faz com
que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer circular o sangue através dos vasos
sanguíneos. A pressão sanguínea envolve duas medidas, sistólica e diastólica, referentes ao período em que o
músculo cardíaco está contraído (sistólica) ou relaxado (diastólica). A pressão normal em repouso situa-se entre os
100 e 140 mmHg para a sistólica e entre 60 e 90 mmHg para a diastólica.
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para a ocorrência do acidente vascular cerebral,
tromboembólico ou hemorrágico, IAM, aneurisma arterial (por exemplo, aneurisma da aorta), doença arterial
periférica, além de ser uma das causas de insuficiência renal crónica e insuficiência cardíaca.
A pseudohipertensão entre os idosos é também um fator a considerar. Esta situação deve-se à calcificação
das artérias (arteriosclerose), o que resulta em níveis de leitura anormalmente elevados.

Segundo a sua fisiopatologia, a hipertensão é classificada em dois tipos:

Hipertensão Arterial Primária (Idiopática) Não tem causa médica identificável, correspondendo a 90 a 95% dos
casos. Neste tipo de hipertensão, existe uma tendência familiar
acentuada, mas como em muitas outras doenças, ainda não se pode
falar de hereditariedade.
Hipertensão Arterial Secundária Provocada por outros transtornos que afetam os rins, as artérias, o
sistema endócrino ou ainda por iatrogenia.(complicações decorrentes
de tratamentos ou cuidados).

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De acordo sua gravidade pode ser classificada em:

Categoria Sistólica Diastólica


Normal < 130 < 85
Normal elevada 130 - 139 85 – 89
Hipertensão leve (estágio 1) 140 - 159 90 – 99
Hipertensão moderada (estágio 2) 160 - 179 100 – 109
Hipertensão severa (estágio 3) 180 - 209 110 – 119
Hipertensão muito severa (estágio 4) >ou = 210 > ou = 120

Manifestações Clínicas

A hipertensão arterial pode apresentar-se assintomática por anos. Com o decorrer dos anos podem surgir
sinais e sintomas, Sendo os principais:
• Cefaleia occipital intensa durante a manhã; Vertigens; Zumbidos; Insônia; Irritabilidade; Epistaxe;
Distúrbios na visão; Episódios de desmaio; Convulsões; Hemiplegia; Retinopatia hipertensiva (hemorragia
ocular); Edema pulmonar; Náuseas e vômitos; Alterações no nível de lucidez; Dor precordial; Sudorese;
Taquicardia.

Crise Hipertensiva: quando a hipertensão severa surge subitamente. A pressão sanguínea acima destes níveis
acarreta um risco elevado de complicações.

Urgência Hipertensiva: é uma crise hipertensiva em que não se verifica lesão de órgãos alvo. A maior parte dos
indivíduos com crise hipertensiva tem já antecedentes de pressão arterial elevada, no entanto, o aumento súbito
pode dever-se a outros fatores. Na maior parte dos casos verifica-se que houve controle incorreto da doença ou a
interrupção na tomada do medicamento. Contudo, estas crises aparecem só em 1% dos hipertensos. As causas mais
frequentes são: a interrupção da tomada dos medicamentos, doenças vasculares, uso de algumas drogas como, por
exemplo, cocaína e anfetaminas, traumatismo craniano, alguns tipos de tumores, glomerulonefrite aguda, eclampsia
ou pre-eclampsia. Estes pacientes raramente são assintomáticos, sendo mais susceptíveis de relatar dores de
cabeça, estado geral de confusão cognitiva, tonturas, distúrbios visuais tais como visão nublada, flashes de luz,
diplopia, dispnéia decorrente ao pré-edema pulmonar.

Exames Diagnósticos

• Exame físico e anamnese minuciosa


• Verificação da Pressão Arterial á intervalos regulares
• Exames laboratoriais:
o Urinário: Análise microscópica da urina, proteinúria, dosagem de uréia e creatinina no sangue
o Endócrino: Dosagem de sódio, potássio, cálcio, TSH (hormona estimulante da tireóide).
o Metabolismo: Glicemia, colesterol total, colesterol HDL e LDL, triglicérides.
o Outros: Hemograma
• Electrocardiograma
• Raio X do tórax

Tratamento

O objetivo do tratamento é reduzir a PA, diminuindo consequentemente lesões de artérias,


• Alterações no estilo de vida que incluem: alterações na dieta, exercício físico, e controle do peso. Todas
estas medidas têm demonstrado reduzir de forma significativa a pressão arterial em indivíduos hipertensos.
No entanto, se a pressão for elevada que justifique o uso imediato de medicamentos, as alterações dos
hábitos de vida continuam a ser recomendadas em conjunto com a medicação. Tem-se publicitado vários
programas de redução da hipertensão arterial através da redução do estresse, como técnicas de
relaxamento, meditação ou ioga. Estimular para o cliente abandone ou diminua o tabagismo. No entanto, as
alegações de eficácia quase nunca não são confirmadas por estudos científicos, e os poucos que existem são
de qualidade e metodologia duvidosa. A alteração dos hábitos alimentares, como a adoção de uma dieta de
baixo teor de sal, é benéfica. Estudos demonstram que uma dieta hipossódica durante um período de
apenas quatro semanas, oferece benefícios tanto em hipertensos como em pessoas com pressão arterial
regular. De igual modo, está também demonstrado que uma dieta rica em frutos secos, cereais integrais,
peixe, carne branca, frutas e vegetais, diminui de forma significativa a pressão arterial. Uma das principais
vantagens da dieta é diminuir o consumo de sódio, embora seja rica em potássio, magnésio, cálcio e
proteínas.
• Medicação: anti-hipertensivos, diuréticos, vasodilatadores.
• Controle contínuo da PA

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Cuidados de Enfermagem

• Evitar situações de estresse para o paciente. Manter ambiente calmo e tranquilo


• Verificar PA no mínimo uma vez no plantão. Se existir alterações verificar a cada uma hora. Comunicar e
registrar
• Evitar atividades excessivas
• Observar, comunicar e registrar alterações de lucidez, irritabilidade, desorientação, cefaleia, náuseas e
vômitos.
• Atender prontamente ás crises hipertensivas
• Oferecer dieta hipossódica e fracionada
• Realizar balanço hídrico (BH)
• Administrar medicamentos conforme prescrição médica, atentando aos cuidados nos efeitos colaterais
(hipotensão arterial, sensação de desmaio, vertigem posicional, obstrução nasal, anorexia, ressecamento de
lábios, sonolência)
• Diminuir ansiedade atentando as queixas do paciente
• Orientar o paciente quanto á importância da terapêutica
• Após alta:
o Estimular a alterações de estilo de vida
o Incentivar á perda de peso
o Estimular ao abandono do tabagismo e álcool
o Orientar quanto a prática de exercícios
o Orientar a reduzir estresse
o Estimular á reduzir fatores de risco

DISTÚRBIOS VALVULARES

O coração possui quatro valvas: duas atrioventriculares, direita e esquerda; e as valvas pulmonar e aórtica.
Suas anormalidades podem ser causadas por distúrbios congênitos ou por uma variedade de doenças adquiridas.

ESTENOSE VALVAR AÓRTICA CALCIFICADA

Ocorre como lesão congênita ou adquirida, que tem origem reumática ou é consequência de calcificação
senil. Acarreta em hipertrofia do VE. O tratamento recomendado é a substituição da valva, ou a valvoplastia por
balão.

PROLAPSO DA VALVA MITRAL

As cúspides da mitral apresentam-se aumentadas, provocando abaulamento para dentro do átrio esquerdo
durante a sístole. É revelado por som característico e ecocardiograma, sendo a maioria dos portadores
assintomáticos.

CALCIFICAÇÃO ANULAR MITRAL

Depósitos calcificados degenerativos podem desenvolver-se no anel da valva mitral, principalmente em


mulheres idosas. Pode levar à insuficiência ou estenose, além de arritmia e acidente vascular.

FEBRE REUMÁTICA E CARDIOPATIA REUMÁTICA

Febre reumática tem como sequela crônica a incapacidade da válvula envolvida. A cardiopatia reumática
caracteriza-se por ser um mal valvular fibrótico deformante, causando principalmente estenose mitral.

Válvas Artificiais

A substituição de valvas lesadas por próteses é um meio comum de tratamento hoje em dia, que salva
muitas vidas.

Válvulas Cardíacas

Existe em uso ampla variedade de valvas artificiais:

• Valvas mecânicas: que utilizam vários tipos de sistemas de oclusão como


bolas em gaiolas, discos inclinados ou abas em dobradiças.

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• Biopróteses: que consistem de valvas animais (geralmente suínas e bovinas) tratadas.

Todas as próteses são sujeitas a complicações que podem


ser caracterizadas como:

• Vazamentos paravalvares
• Tromboembolia, mais frequentes com as mecânicas, o que
faz com que os pacientes com essas valvas tomem
anticoagulantes para prevenção de trombos
• Endocardite infecciosa
• Deterioração estrutural ou biológica: mais frequente com as biopróteses nas quais ocorre deterioração
tissular estéril, incluindo calcificação e oclusão ou disfunção por supercrescimento tissular.

Para pacientes que substituíram a válvula cardíaca por uma válvula artificial, o anticoagulante se faz
necessário. já que junto da válvula artificial, a formação de coágulos tem tendência a desenvolver-se naturalmente.
Neste sentido, é essencial monitorizar o estado de coagulação do sangue. Há um sistema denominado
CoaguChek (aparelho fácil e simples de usar que produz resultados em apenas um minuto), para auto controle de
coagulação.

TROMBOSE

É conhecida também como trombose venosa profunda. Trata-se da formação de um coágulo sanguíneo em
uma veia localizada no interior de uma parte do corpo, geralmente em membros inferiores. Afeta principalmente as
veias grandes no segmento inferior das pernas e das coxas. O coágulo pode bloquear o fluxo sanguíneo e causar
edema e algia. Quando um coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, é chamado de embolia.
Uma embolia pode ficar presa no cérebro, nos pulmões, no coração ou em outra área, levando a lesões graves.

Etiologia

Os coágulos de sangue podem se formar quando algo retarda ou altera o fluxo de sangue nas veias. Os
fatores de risco incluem:
• Após passagem de cateter de marcapasso através da veia femoral; Tabagismo; Histórico familiar; Fraturas
na pélvis ou em membros inferiores; Parto nos últimos 6 meses; Insuficiência cardíaca; Obesidade; Cirurgia
recente (especialmente cirurgia de quadril, joelho ou cirurgia pélvica feminina); Policitemia (Glóbulos
sanguíneos em excesso sendo produzidos pela medula óssea), tornando o sangue mais denso e lento do
que o normal; Hipercoagulabilidade; Medicamentos com base em estrogênios ou pílulas anticoncepcionais
(risco em maior gravidade quando associado ao tabagismo) ; Idade acima de 60 anos; Permanecer sentado
por períodos longos.

Exames Diagnósticos

• Exame físico (sinais e manifestações visíveis); Ultrassom Doppler; Exames de sangue podem ser feitos para
verificar se há mais chance de coagulação de sangue (hipercoagulabilidade). Esses testes incluem:
o Resistência à proteína C ativada (verifica se há a mutação do fator V de Leiden)
o Níveis de antitrombina III
o Anticorpos antifosfolipídeos
o Teste genético para procurar mutações da protrombina que torne o indivíduo suscetível a
desenvolver coágulos sanguíneos
o Anticoagulantes de lúpus
o Triagem para coagulação intravascular disseminada (CIVD)

Manifestações Clínicas

• Alterações na cor da pele (vermelhidão) em membro inferior afetado; Aumento de calor no local; Dor;
Aumento de sensibilidade; Edema.

Tratamento

• Anticoagulantes (hospitalização em casos de administração de heparina IV)


• A heparina pode ser associada á varfarina (Coumadin)
• A heparina não deve ser interrompida até a varfarina ter sido ministrada na dose correta por, pelo menos, 2
dias.
• A varfarina pode ser prescrita por, pelo menos, 3 meses. Algumas pessoas devem tomá-la pelo
permanentemente, dependendo do risco de ter outro coágulo.

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• Medicamentos trombolíticos
• Meias de compressão para usar em ambos membros ou em um deles. As meias de compressão melhoram o
fluxo sanguíneo e reduzem o risco de ter coágulos sanguíneos. É importante usá-las todos os dias.
• Em casos raros, pode ser necessária, a cirurgia. A cirurgia pode envolver:
o Colocação de um filtro na safena para impedir que coágulos sanguíneos se desloquem para os
pulmões
o Remoção de coágulos sanguíneo

Complicações

• Embolia pulmonar; Embolia cerebral; Embolia coronariana

Profilaxia

• Meias compressivas
• Anticoagulantes para ajudar a prevenir a TVP em pessoas com risco alto ou que foram submetidas a uma
cirurgia de alto risco.
• Movimentar membros inferiores com frequência durante longas viagens de avião ou automóvel ou em
outras situações nas quais você fica sentado ou deitado por longos períodos pode ajudar a prevenir a TVP.
• Evitar tabagismo
• Mulheres que estiverem tomando pílulas anticoncepcionais ou estrogênio devem parar de fumar.

Assistencia de enfermagem

• Atentar aos riscos para hemorragias (hematomas, sangramentos espontâneos principalmente durante
punções venosas)
• Orientar o paciente a utilizar meias compressivas
• Atentar aos cuidados no uso de anticoagulantes
• Orientar o paciente a evitar tabagismo
• Manter repouso com membros inferiores elevados

ÚLCERAS VARICOSAS

Decorrem de um transtorno na circulação de retorno em membros inferiores. Toda a circulação sanguínea de


retorno ao coração é feita pelas veias. Cerca de 73% das úlceras de perna são de origem venosa e podem estar
ligadas a uma série de causas. Assim, deve-se ter avaliação médica especializada, realizada por Angiologista

Etiologia

• Ferimentos infectados; Doenças infecciosas; Defeitos de glóbulos sanguíneos, como a anemia falciforme;
Doenças auto-imunes, como a esclerodermia; Hipertensão arterial; Má irrigação sanguínea em membro
inferior (úlceras isquêmicas); Úlceras dos diabéticos; Tumores de pele

Manifestações Clínicas

• Algia; Sensação de peso nos membros inferiores; Edema; Prurido em áreas de inflamação da pele.

Exames Diagnósticos

• Exame físico sendo algumas vezes necessário estudo detalhado da circulação venosa; Flebografia;
Ecodoppler venoso

Tratamento

O tratamento costuma ser prolongado, deve ter acompanhamento médico semanal, curativos diários, dieta
indicada e muito repouso.

• Evitar ficar muito tempo em pé ou sentado durante o dia


• Evitar sapatos altos
• Controlar obesidade
• Abolir exercícios com peso
• Praticar exercícios, como: caminhada, ciclismo, natação, porém sem excessos.
• De acordo com o tipo de ulceração, se o paciente ficar em repouso absoluto, com as pernas elevadas, elas
podem curar-se sem o uso de medicamentos.

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• Uma das principais medidas é manter a ferida limpa. Atualmente, estão disponíveis vários tipos de curativos
que agem mantendo a ferida fechada, mas qualquer um deles deve estar associado à compressão, feita por
ataduras ou meias elásticas que, assim como os curativos, devem ser indicadas pelo médico especialista.
• Quando as úlceras são extensas e não existe infecção, pode-se fazer enxerto cutâneo que, além de abreviar
o tempo de cicatrização, permite maior resistência ao reaparecimento da úlcera.
• Em muitos casos de úlceras varicosas, pode haver a indicação de tratamento cirúrgico, depois de um estudo
cuidadoso feito pelo médico especialista. Só devendo ser realizada após a cicatrização da úlcera ou quando
já estiver totalmente isenta de exsudatos.

Assistencia de enfermagem

• Orientar quanto a prevenção e o tratamento, assim como a importância de seguir o mesmo

Orientações de enfermagem em alta hospitalar

Tem por objetivo auxiliar na assistência ao portador e seus familiares, no tratamento e na troca do curativo
diário desde que tenham autorização do médico assistente e tenham noção de medidas básicas de higiene para que
possam manter a limpeza da úlcera e não se exponham aos materiais contaminados como secreções purulentas e ao
sangue dos ferimentos.
• Repouso: é fundamental, em se tratando de úlcera varicosa, observar o repouso prolongado com membros
inferiores elevados. Deverão ser usadas compressas com gases, ataduras de crepom (algodão), elásticas ou
meias elásticas sobre o curativo desde que tenham indicação, principalmente para os pacientes que levam
uma vida mais ativa e naqueles em que a úlcera está em fase de cicatrização. Este procedimento reduz o
acúmulo de sangue venoso na região, ajudando a acelerar o processo de cura.
• Alimentação: o portador de úlceras varicosas deverá alimentar-se de forma mais natural (frutas, verduras e
legumes), incluir em sua dieta as carnes magras, evitando ao máximo o consumo de alimentos gordurosos,
diminuir a ingestão de salgados e doces, não fumar e nem fazer uso de bebidas alcoólicas.
• Curativo diário: os curativos devem ser feitos diariamente, considerando as condições de higiene como
imprescindíveis antes, durante e após o procedimento. Sempre que perceber alguma mudança no aspecto
da úlcera, retornar imediatamente ao médico.

Sequência prática de curativo simples residencial

• Antes de mais nada, lembre-se: o curativo ideal é aquele realizado com a supervisão de um médico. .
• Recomendar fazer o curativo sempre com cuidados de higiene geral, mantendo o material a ser usado limpo
e guardado separadamente. O lixo deve ser ensacado e rapidamente eliminado.
• Observar e separar com cuidado os materiais que serão utilizados no curativo:
o Gazes se possível esterilizadas
o Soro fisiológico
o Luvas descartáveis
o Recipiente para apoio da perna ou pé, coberto com plástico. Uma sugestão é utilizar sacos plásticos ou
bolsas de plástico de supermercado que podem recobrir uma bacia plástica. Terminado o curativo é só
fechar o saco plástico e o lixo já estará ensacado e pronto para ser eliminado, evitando assim a
permanência de insetos no local e prevenindo contaminações.
• Orientar em como fazer a troca do curativo diário:
o Preparar o material básico descrito acima num local tranquilo, bem iluminado e arejado.
o Lavar as mãos e coloque as luvas
o Preparar o paciente colocando abaixo do membro afetado o recipiente coberto por saco plástico e
papel toalha
o Retirar o curativo anterior com cuidado para não ferir a pele próxima à úlcera. Use soro fisiológico
para ajudar a umedecer e soltar as gazes que estiverem muito aderidas ao ferimento.
o Orientar a observar com atenção a quantidade e o tipo de secreção, pois estas informações são
muito importantes e deverão ser repassadas ao médico sempre que este estiver reavaliando o
paciente.
o Lavar o local da úlcera com soro fisiológico, passando suavemente gazes embebidas nestas
soluções sobre o ferimento até remover as secreções. Caso encontre secreção em grande
quantidade, repita o procedimento de limpeza trocando sempre a gaze até deixar o interior da
ferida bem limpo.
o Orientar que não se deve proceder à limpeza de maneira brusca e forçada, para não provocar
sangramentos ou agredir células novas em granulação, principalmente na fase de cicatrização.
o Utilizar, sobre a úlcera, somente a medicação indicada pelo médico, evitando emplastar com muita
pomada ou creme. Poderão ser associados vários antissépticos, aplicados sempre sob
especificações corretas e com conhecimento médico. Evite improvisar ou misturar com soluções
caseiras, que podem provocar reações alérgicas no local do ferimento, retardando, assim, o
processo de cura.

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o Colocar a gaze sobre o ferimento em quantidade suficiente para protegê-lo bem e enrole com
atadura de crepom prendendo-a com fita adesiva ou esparadrapo. Evite amarrar ou colocar
qualquer adesivo em contato direto com a pele.
• Orientar o paciente para permanecer a maior parte do tempo possível com as pernas elevadas ao nível do
coração, pois quanto mais tempo permanecer nesta posição, no caso de úlcera por estase venosa, mais
será facilitada a cura da úlcera varicosa.
• Orientar o paciente a não interromper a medicação sem o conhecimento do médico e sempre que tiver
alguma dúvida, sensações dolorosas ou aspecto de agravamento do ferimento, com coloração e odores
fortes, antecipar a revisão médica para não correr risco de complicações.

NEOPLASIAS

Os tumores do sistema cardiovascular são afecções raras. Manifestam-se por sinais e sintomas
inespecíficos, na maioria das vezes. O tratamento é sintomático e consiste no controle de alterações de ritmo
cardíaco, das doenças que acarretam disfunção no sistema de condução. Quando ocorre é decorrente a metástases
de outros tipos de canceres.

3-SISTEMA DIGESTÓRIO

PATOLOGIAS QUE ACOMETEM O SISTEMA DIGESTÓRIO

ESTOMATITE ULCERATIVA

Inflamação da mucosa oral conhecida também como afta, podendo se


estender para mucosa bucal, lábios, palato e língua.

Tipos

• Estomatite Herpética Aguda: ocasionada por Herpesvírus simples


(HSV)
• Estomatite aftosa: que ocorre por perda da função da barreira
protetora do epitélio oral quando o indivíduo apresenta imunidade
baixa ou alterações psicossomáticas

Etiologia

• Substâncias irritantes, como: fumo, álcool, alimentos picantes; Estresse; Ansiedade; Distúrbios
emocionais; Higiene oral precária; Desnutrição; Imunossupressão; Herpesvírus simples (HSV)

Manifestações Clínicas

• Gengivas dolorosas em caráter de queimação; Leve edema; Úlceras ou tumefação nas papilas gengivais;
Irritabilidade

Complicações

• Disfagia; Envolvimento ocular ou do sistema nervoso central em casos de estomatite herpética; Linfadenite
submaxilar

Exames Diagnósticos

• Inspeção da cavidade oral; Coleta de material da cavidade oral: esfregaço do exsudato da úlcera que
identifica o agente etiológico

Tratamento

• Soluções anestésicas tópicas


• Aciclovir (em casos de estomatite herpética), analgésicos
• Bochechos com colutório á base de peróxido de hidrogênio ou solução salina.
• Alimentos líquidos ou pastosos
• Ingestão hídrica
• Bebidas geladas
• Monitorar: estado da lesão, resposta ao tratamento, comunicando e registrando alterações ou complicações

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APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

Assistência de Enfermagem

• Orientar sobre a importância de seguir o tratamento adequadamente


• Orientar sobre a importância da higiene oral
• Estimular a evitar agentes irritantes

ESOFAGITE

Inflamação que atinge a mucosa do esôfago.

Etiologia

• Refluxo esofágico; Uso prolongado de sonda gástrica ou nasoenteral; Senilidade; Alimentos muito quentes
ou muito frios; Bebidas alcoólicas; Frutas e sucos cítricos em excesso; Uso abusivo de café; Ingestão de
substâncias corrosivas (soda cáustica).

Manifestações Clínicas

• Pirose; Odinofagia; Disfagia; Sialorréia

Diagnóstico

• Raio X contrastado do esôfago; Esofagoscopia

Tratamento

• Antiácidos

Cuidados de Enfermagem

• Supervisionar o uso de dieta branda e fracionada


• Orientar a mastigar bem os alimentos
• Estimular a deambulação após 10 minutos após alimentação
• Orientar a comer devagar
• Após a alimentação manter decubito de fowler
• Orientar a evitar alimentos até 2 horas antes de se deitar
• Evitar alimentos irritantes (quentes, condimentados, café), álcool, salicilatos (Ácido acetilsalicílico – AAS)

GASTRITE

Inflamação que atinge a mucosa do estômago, sendo o distúrbio mais comum.

Tipos

• Gastrite Aguda: a camada mucosa protetora mostra-se hiperemeada, edema e com erosões de sua superfície,
em decorrência a secreção ácida do suco gástrico.
• Gastrite Crônica: ocorre adelgaçamento e degeneração progressivos da mucosa gástrica.

Etiologia

• Ingestão crônica de alimentos irritantes, álcool, cafeína


• Fármacos como acetil salicílico e outros antiinflamatórios não esteróides (em dosagens elevadas)
• Substancias tóxicas ingeridas, especialmente dicloro-difenil-tricloroetano (DDT- é o mais conhecido dentre os
inseticidas do grupo dos organoclorados, considerado uma das substâncias sintéticas mais utilizadas), amônia,
mercúrio, tetracloreto de carbono ou corrosivos
• Endotoxinas liberadas por bactérias, como Estafilococos, Escherichia coli, salmonella, Heliobacter pylori (H.
pylori)
• Tabagismo
• Anemia perniciosa, doenças renais ou diabetes melito
• Má educação alimentar (comer apressadamente, má mastigação, jejum prolongado)

Fatores de Risco

• Idade superior á 60 anos


• Exposição a substâncias tóxicas (decorrentes ao trabalho, sem proteções específicas)

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Manifestações Clínicas

• Epigastralgia; Náuseas / êmese; Soluços; Pirose; Anorexia; Eructação;


• Em casos mais graves: hematêmese, taquicardia, hipotensão arterial, distensão abdominal, melena

Complicações

• Peritonite (inflamação da membrana que reveste cavidade abdominal); Câncer gástrico

Diagnóstico

• Laboratoriais: sangue oculto nas fezes que revela hemorragia digestiva alta
• Esofagogastroduodenoscopia (endoscopia das vias digestórias alta) que revela a gastrite
• Biópsia que revela processo inflamatório

Tratamento

• Eliminação da causa
• Em casos de hemorragias, lavagem gástrica com SF0,9% gelado
• Em casos de hemorragias, dieta zero (jejum até 2º ordem)
• Eliminação de agentes irritantes
• Medicamentos: antiácidos, vitamina B12, antibióticos, sedativos leves, antiespasmódicos e antieméticos
• Dieta branda

Cuidados de Enfermagem

• Providenciar apoio emocional


• Auxiliar na aceitação da modificação da alimentação
• Monitorar: sinais vitais, hidratação, presença ou retorno de sintomas á medida que os alimentos forem
reintroduzidos
• Orientar quanto à importância na mudança de hábitos, alimentação
• Auxiliar em técnicas de controle de estresse

ÚLCERA PÉPTICA

É uma lesão na mucosa do terço inferior do esôfago, do estômago, duodeno ou do jejuno.

Etiologia

• Toxinas liberadas pela Heliobacter pylori (H. pylori); Uso de antiinflamatórios não esteroides; Estados
hipersecretórios de suco gástrico patológicos

Fatores de Risco

• Fatores genéticos; Contato com agentes irritantes como alimentos condimentados, tabagismo, alcoolismo,
frituras, entre outros; Fatores psicogênicos; Tipo sangüíneo (tipo O apresenta probabilidade maior as
úlceras duodenais e o tipo A maior probabilidade á úlceras gástricas)

Manifestações Clínicas

• Epigastralgia; Sensação de vazio; Pirose; Náuseas / êmese; Dispepsia; Anorexia; Sialorréia; Enterorragia ou
melena; Hematêmese

Complicações

• Hemorragia; Choque hipovolêmico; Degeneração maligna, em casos não tratados

Exames Diagnósticos

• Laboratoriais: hemograma que pode revelar anemia, sangue oculto nas fezes, leucocitose (aumento de
glóbulos brancos)
• Radiografias contrastadas que revelam a presença das úlceras
• Esofagastroduodenoscopia que confirma a presença da úlcera e possibilitam provas citológicas e biópsia
para se descartar a possibilidade de H. pylori ou câncer
• Provas de secreção gástrica que revelam hipercloridria (aumento de ácido clorídrico no suco gástrico)

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Tratamento

• Lavado com SF0,9% gelado


• Laser ou cautério durante endoscopia
• Redução do estresse
• Abandono do tabagismo
• Evitar irritantes na dieta
• Antibióticos dependendo do agente etiológico
• Sedativos e tranqüilizantes menores
• Agentes anti-secretórios e que revestem a mucosa gástrica
• Repouso
• Dieta branda fracionada
• Cirurgia: indicada em casos de perfuração, falta de resposta ao tratamento, suspeita de câncer –
gastrectomia

Assistência de Enfermagem

• Observar, comunicar e registrar eliminações quanto à presença de melena, hematêmese


• Observar e registrar constipação (efeitos colaterais de antiácidos)
• Manter controle rigoroso de sinais vitais, atentando aos sinais de choque (taquicardia, palidez, hipotensão
arterial grave, anúria, pele fria, sudoreíca e pegajosa)
• Orientar o cliente a evitar: medicamentos como: AAS, antiinflamatórios não esteróides, ingestão de cafeína,
refrigerantes, álcool, tabagismo, alimentos irritantes e a modificar estila de vida

GASTROENTERITE

É uma inflamação do trato gastrointestinal que afeta o estômago e o intestino delgado. A maior parte dos
casos em crianças são causados por rotavírus. Nos adultos, a causa mais comum são os norovírus e as
Campylobacter.

Etiologia

Pode ocorrer em decorrência ao consumo de alimentos mal preparados, água contaminada ou contato com
indivíduos infectados, sendo o principal causador:

• Bactérias; Endotoxinas; Parasitas;Vírus (Rotavírus)

Manifestações Clínicas

Os sintomas têm normalmente início entre 12 a 72 horas depois de se contrair o agente infeccioso. Quando
tem origem viral, a doença desaparece normalmente ao fim de uma semana.

• Diarréias; Êmese; Cólicas abdominais acompanhada de espasmos; Hipertermia; Fadiga; Cefaleia; Mialgia;
Enterorragia

Complicações

• Desidratação; Choque hipovolêmico; Desnutrição; Caquexia; Artrite; Insuficiência Renal; Convulsões; Óbito

Tratamento

O tratamento tem como base uma hidratação adequada. Para casos menos graves, isto é normalmente
feito com recurso a terapia de reidratação oral (TRO). Nos casos mais graves pode ser necessária a administração de
soro por via intravenosa. Pode ser incluído tratamento medicamentoso sintomático, como: Metoclopramida, butil-
escopolamina e dependendo do agente etiológico, antibióticos.

Exames Diagnósticos

A gastroenterite é diagnosticada clinicamente com base nos sinais e sintomas do paciente. Normalmente,
não é necessária a determinação exata da causa, já que não influencia o tratamento ou a gestão da doença. No
entanto, devem ser feitos exames:

• Fezes: análise de sangue; Glicemia; Níveis séricos de eletrólitos; Níveis de creatinina


• Avaliar desidratação quanto: presença e grau

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Prevenção

• Estilo de Vida: Para a redução das taxas de infecção e dos casos de gastroenterite clinicamente relevante, é
fundamenta:
o A existência de fornecimento de água não contaminada e de boas práticas sanitárias.
o Medidas de âmbito pessoal, como a correta lavagem das mãos
o Uso de álcool gel podem ser eficazes
o Manter cuidados adequados com alimentos e água antes do consumo
• Vacinação (Rotavírus)

Cuidados de Enfermagem

• Isolar o paciente em casos de diarréia infecciosa


• Realizar controle das evacuações: anotar número, quantidade, características, presença de muco ou sangue
• Realizar controle de vômitos: número, quantidade, aspecto
• Realizar balanço hídrico (BH)
• Prestar cuidados higiênicos adequados atentando aos devidos cuidados, principalmente oral e perineal
• Controlar sinais vitais, atentando á sinais de choque hipovolêmico
• Controlar peso e diurese
• Manter ambiente limpo, realizando limpeza concorrente com frequência
• Observar aspecto da pele
• Proporcionar repouso

CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

Obstipação ou Constipação intestinal é um problema de origem funcional, decorrente de um mau


funcionamento intestinal, onde ocorre hipomotilidade, com frequência diminuída das defecações.

Manifestações Clínicas

• Esforço excessivo para evacuar; Evacuação incompleta; Fezes endurecidas (fecaloma); Distensão
abdominal; Flatulência

Etiologia

• Hábitos alimentares errôneos como: dieta sem fibras, uso excessivo de proteínas e alimentos
industrializados e refinados além da inanição.
• Desordens funcionais e estruturais do intestino
• Distúrbios como depressão, anorexia, psicose, estresse.
• Uso de fármacos, como: antibióticos, morfina, inclusive o uso excessivo de laxativos.
• Hemorróidas
• Fissuras anais

Tratamento

O tratamento da constipação se constitui na adaptação da dieta, com ingestão de fibras, alimentos


funcionais prebióticos e probióticos, além da ingestão habitual de líquidos e exercícios físicos:

• Alimentos Prebióticos: são alguns tipos de fibras alimentares – carboidratos não digeríveis e assim
resistentes à ação de enzimas, que apresentam funções importantes contra a obstipação, como por
exemplo: atuar na manutenção da flora intestinal e contribuir com a consistência normal das fezes. A
presença prolongada do bolo fecal nas fezes deve ser evitada para que não haja contato entre substâncias
carcinogênicas e a mucosa colônica. As fibras evitam que este contato aconteça, pois diminuem o tempo de
trânsito intestinal. Além disso, diminui o pH e, através da fermentação, produz ácidos graxos de cadeia
curta, que são absorvidos pelo intestino grosso, e estimula a absorção de água e eletrólitos.
• Dieta rica em fibras: forma um bolo fecal volumoso, o que estimula a evacuação. As fibras insolúveis são a
celulose, a lignina e algumas hemiceluloses. Elas são pouco fermentáveis e aumentam a absorção de água,
acelerando o tempo de trânsito intestinal. Estão presentes no farelo de trigo, grãos integrais e verduras. Já
as fibras solúveis, que são representadas pela pectina, gomas e mucilagens, retardam o esvaziamento
gástrico e o trânsito intestinal. São altamente fermentáveis que alteram o metabolismo do cólon e
aumentam o bolo fecal, estimulando a evacuação. Suas principais fontes são frutas, verduras, leguminosas
e o farelo de aveia.
• Probióticos: são bactérias que produzem efeitos benéficos no hospedeiro. Um de seus diversos papéis é
equilibrar a flora intestinal. Podem ser componentes de alimentos industrializados como leites fermentados
e iogurtes, ou podem ser encontrados na forma de pó ou cápsulas. É preciso manter uma ingestão diária
dessas substâncias para que haja efeitos desejáveis. Vários microorganismos são usados como probióticos,

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entre eles bactérias ácido-lácticas, não lácticas e leveduras. As bactérias diminuem a susceptibilidade de
infecções, mantendo a flora intestinal saudável e equilibrada, com níveis imunológicos aceitáveis, para que
o intestino possa atuar na sua função que é digerir e absorver nutrientes para o nosso organismo e expelir o
bolo fecal formado. Dentre os diversos papéis dos probióticos em nosso organismo, destacam-se a melhoria
na digestão dos alimentos, principalmente dos nutrientes como proteínas e lipídios, e a lactose, sendo assim
o probiótico, uma importante arma contra a intolerância à lactose. Além disso, as bactérias probióticas farão
parte da microflora intestinal, responsável por aumentar o volume das microvilosidades do intestino,
aumentando a superfície de contato para absorção. Também acelera a motilidade intestinal, evitando
contato entre substâncias do bolo fecal e a mucosa
• Ingestão hídrica: auxilia no aumento do trânsito intestinal e na expulsão do bolo fecal, de maneira
facilitada, pois hidrata o bolo fecal e o deixa amolecido. É recomendado pelo menos 1,5 l / dia

Os alimentos eficazes para regularizar o funcionamento do intestino são principalmente:

• Fibras – como o farelo de trigo não processado (farelo de moleiro) ou farelo de arroz
• Cereais integrais
• Pão, arroz e macarrão integral.
• Verduras
• Frutas, como: abacate, mamão, banana nanica, pera, pêssego, laranja.
• Semente de linhaça

Cuidados de Enfermagem

• Orientar quanto á alimentação e ingestão hídrica


• Orientar á estabelecer horários para as defecações
• Orientar á evitar o uso de laxativos

DIARRÉIA

Aumento do número de evacuações, podendo estar indicando irritação do cólon, com aumento do
peristaltismo. Há aumento do número de defecações e mudanças na quantidade e consistência das fezes.

Etiologia

• Infecções bacterianas (Toxinas bacterianas como a do Estafilococcus), Salmonela, Shigella


• Infecções Virais, como Rotavírus
• Disfunção da motilidade do tubo digestivo
• Parasitas intestinais causadores de amebíase e giardíase;
• Efeitos colaterais de algumas drogas, por exemplo, antibióticos, altas doses de vitamina C.
• Abuso de laxantes
• Intolerância a derivados do leite pela incapacidade de digerir lactose (açúcar do leite);
• Intolerância ao sorbitol, adoçante obtido a partir da glicose.

Manifestações Clínicas

• Fezes líquidas ou semi-liquidas com ou sem odor fétido (dependerá do agente etiológico)
• Aumento do número de defecções
• Presença ou não se sangue nas fezes (enterorragia ou hematoquesia)
• Pode ocorrer disenteria (fezes diarreicas com presença de muco, sangue ou pus)

Complicações

Uma das piores complicações da diarreia é a desidratação. Adultos são mais resistentes, mas bebês, crianças
e idosos desidratam-se com facilidade. Boca seca, fissuras de lábos, letargia, confusão mental e oligúria ou anúria
são sintomas de desidratação que, além de diminuir as reservas de água do corpo humano constituído por cerca de
75% de água, reduzem os níveis de dois importantes minerais: sódio e potássio.

Orientações e Cuidados de Enfermagem

• Orientar o paciente a ingestão hídrica muito líquido, de 2 a 3 litros por dia.


• Orientar o paciente á repor perdas de sódio e potássio com soro caseiro ou outros líquidos que contenham
tais substâncias. Pessoas com hipertensão arterial, diabetes, glaucoma, doenças cardíacas não devem
ingerir tais substâncias pelo risco de elevação da pressão arterial.
• Orientar o paciente á manter alimentação adequada afim de evitar a desnutrição orientar a preferencia na
ingestão de arroz, caldos de carne magra, bananas, maçãs e torradas. Esses alimentos dão mais
consistência às fezes e a banana, especialmente, é rica em potássio.

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• Orientar o paciente a suspender a ingestão de alimentos com resíduos: saladas, bagaço de frutas e fibras.
• Orientar o paciente a evitar café, leite, sucos de frutas e álcool
• Evitar alimentos condimentados ou com alto teor de gordura (frituras, alguns cortes de carne, embutidos,
etc.) até que as fezes voltem ao normal
• Orientar o paciente a não usar adoçantes à base de sorbitol
• Orientar o paciente a evitar consumir leite e derivados, se tiver intolerância à lactose. Lembre-se, porém, de
suprir a necessidade de cálcio ingerindo alimentos como salmão, tofu, etc.
• Manter higiene rigorosa das mãos

COLITE ULCERATIVA

Doença inflamatória intestinal (DII) que afeta o revestimento do intestino grosso (cólon) e o reto,
bastante grave que se caracteriza por úlceras múltiplas. Pode apresentar períodos de melhora e piora. A doença
geralmente começa na área retal e pode eventualmente se estender por todo o intestino grosso.

Etiologia

A causa da colite ulcerativa é desconhecida. Pessoas com essa doença têm problemas no sistema
imunológico, mas não está comprovado que problemas imunológicos causam essa doença. Embora o estresse e
determinados alimentos possam desencadear o problema, eles não causam a colite ulcerativa. A colite ulcerativa
pode afetar qualquer faixa etária, embora existam picos nas idades entre 15 e 30 anos. Os fatores de risco incluem
um histórico familiar de colite ulcerativa ou ascendência judaica.

Exames Diagnósticos

• Colonoscopia com biópsia; Enema opaco; Hemograma completo; Proteína C-reativa (PCR); Taxa de
sedimentação de eritrócitos (ESR)

Manifestações Clínicas

Os sintomas variam em gravidade e podem começar lenta ou repentinamente. Cerca da metade das pessoas
têm sintomas brandos. Outras apresentam manifestações mais graves e frequentes. Os sintomas incluem:

• Cólicas abdominais; Êmese; Anorexia; Cãibras; Ruídos intestinais altos e frequentes; Diarréia ou disenteria
• Hipertermia; Perda de peso; Hemorragia gastrointestinal; Artralgia; Estomatite ulcerativa;Lesões na pele

Complicações

• Hemorragias severas; Degeneração carcinomatosa; Edema intestinal (inflamação) que pode ocasionar
necrose da alça intestinal com perfuração; Sepses; Peritonite; Espondilite anquilosante (é uma doença
inflamatória crônica, incurável por enquanto, que afeta as articulações do esqueleto axial, especialmente as
da coluna, quadris, joelhos e ombros); Artrite; Doença hepática; Pioderma gangrenoso (úlcera de pele);
Feridas (lesões) nos olhos

Tratamento

O tratamento tem como objetivo, controlar crises, auxiliar na melhora da mucosa intestinal. A hospitalização
é frequentemente necessária para crises graves. Pode ser necessário a infusão de nutrição parenteral prolongada.

• Medicamentos: os medicamentos que podem ser usados para reduzir o número de crises incluem:
5aminossalicilatos, como mesalamina ou sulfazina, que podem ajudar a controlar sintomas moderados;
Imunomoduladores, como azatioprina e 6-mercaptopurina; Corticosteroides (prednisona e
metilprednisolona) tomados por via oral durante uma crise súbita ou utilizados como supositório, espuma
ou enema retal; Infliximab (Remicade) ou outros tratamentos biológicos se você não responder a outros
medicamentos.
• Cirurgia: remoção parcial ou total do cólon ou cólon e reto; Ileostomia ou colostomia.

Cuidados de Enfermagem

• Orientar o paciente quanto a dieta e nutrição. Determinados tipos de alimentos podem piorar os sintomas
de diarreia e gases, especialmente durante períodos de doença ativa. Sugestões de dietas:
o Dieta fracionada rica em proteínas com suplementos de vitaminas e ferro
o Ingestão hídrica
o Evitar alimentos com fibras (farelo de trigo, feijões, nozes, sementes e pipoca).
o Evitar alimentos gordurosos ou fritos e molhos (manteiga, margarina e nata).

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o Limitar o consumo de produtos lácteos se você for intolerante à lactose. Produtos lácteos são uma
boa fonte de proteína e cálcio.
• Orientar o cliente a diminuir estresse.
• Promover repouso, especialmente após ás refeições
• Manter privacidade ao paciente
• Evitar fumo
• Comunicar e anotar queixas e sintomas
• Realizar controle de evacuações e êmese
• Realizar BH, quando necessário
• Atentar aos cuidados higiênicos adequados, principalmente oral e perineal
• Observar, comunicar e anotar possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, como: retenção hidrica,
hirsutismo, hipertensão arterial, etc
• Oferecer apoio emocional (doença crônica)

COLOSTOMIA E ILEOSTOMIA

CATEGORIA COLOSTOMIA ILEOSTOMIA


Definição Uma porção do cólon é trazida para a Uma porção do íleo é trazida para a
parede abdominal, criando uma parede abdominal, criando uma
abertura temporária ou permanente. abertura permanente.
Indicações Condições patológicas que envolvem Condições patológicas que envolvem
o intestino grosso. Por exemplo: o intestino delgado. Como por
o Processos inflamatórios ou exemplo:
obstrutivos o Colite ulcerativa
o Rupturas
o Canceres
Objetivo Promover a saída dos produtos Promover a saída dos produtos não
intestinais aproveitados quando o cólon foi
removido
Localização Cólon Íleo
Reservatório Limitado Nenhum
Incidência de defecações 24 – 48 horas em medida de controle Constante
Consistencia das evacuações Fezes líquidas e moldadas Líquido amarelado, esverdeado ou
marrom
Meios de controle Nenhum controle voluntário. Controle Nenhum controle voluntário
potencial com dieta

HÉRNIA DE HIATO

É uma doença em que uma parte do estômago se projeta para dentro do tórax através de uma abertura no
diafragma. O diafragma é a camada de músculo que separa o tórax do abdome.

Etiologia

A causa é desconhecida, porém acredita-se ser em decorrência ao resultado de um enfraquecimento do


tecido de apoio; Idade (acima dos 50 anos); Obesidade; Fumo

Manifestações Clínicas

• Refluxo gastroesofágico; Pirose que piora quando a pessoa se curva para a frente ou quando ela se deita;
Dor torácica e desconforto; Disfagia

Exames diagnósticos

• Radiografia contrastada (bário); Esofagogastroduodenoscopia (EGD)

Complicações

• Broncoaspiração
• Sangramento lento e anemia devido à deficiência de ferro (causado por uma hérnia grande)
• Estrangulamento (obstrução) da hérnia

Tratamento

Os objetivos do tratamento da hérnia de hiato são o alívio dos sintomas e a prevenção de complicações.

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• Medicamentos que neutralizem a acidez estomacal, diminuam a produção de ácido ou fortaleçam o esfíncter
esofágico inferior (o músculo que impede o ácido de retornar pelo esôfago).
• Outras medidas para reduzir os sintomas da hérnia de hiato incluem:
o Evitar refeições fartas ou pesadas
o Não se deitar ou se curvar imediatamente após uma refeição
o Perder peso
o Não fumar
• Reparo cirúrgico

Assistência de Enfermagem

• Orientar a controlar o peso


• Orientar a dieta fracionada, hipolipidica, evitando excessos
• Orientar e estimular ao abandono do tabagismo

DIVERTICULITE

É uma patologia onde ocorre a formação de pequenas saliências “bolsas” em diferentes áreas do trato
gastrintestinal, mas se manifesta com mais frequência entre as fibras musculares das paredes do intestino grosso.
No divertículo, pode penetrar e ficar retida pequena quantidade de fezes. Do mesmo modo, se houver condições
favoráveis, podem alojar-se colônias de bactérias. A diverticulite se instala quando os divertículos ficam inflamados
ou infectados, podendo apresentar abscesso ou perfuração. Nesses casos, é maior o risco de os resíduos intestinais
escaparem para a cavidade abdominal e provocarem uma complicação chamada peritonite.

Etiologia

• O envelhecimento, e a consequente perda de elasticidade da musculatura intestinal; Dieta alimentar pobre


em fibras; Predisposição genética.

Manifestações Clínicas

Na maioria dos casos a doença é assintomática, que passa despercebida e só é diagnosticada numa
investigação eventual. Quando os sintomas aparecem, são:

• Desconforto abdominal, mais do lado esquerdo; Alterações dos hábitos intestinais (constipação e diarreias);
Algia em região supra-púbica; Enterorragia; Disúria; Hipertermia; Náuseas; Êmese; Fístulas

Exames Diagnósticos

• História clínica; Tomografia Computadorizada

Observação: O Enema opaco e a colonoscopia não devem ser indicados nessa fase inicial, porque o trânsito livre
das fezes pela perfuração do divertículo pode provocar um quadro de infecção abdominal e peritonite grave.

Tratamento

• Dieta leve e líquida


• Analgésicos e antibióticos.
• Cirurgia para a retirada da parte do intestino comprometida pelos divertículos
• Drenagem dos abscessos através de punção transcutânea, se eles forem pequenos.

Assistência de Enfermagem

• Recomendar ao paciente a incluir preferencialmente alimentos com alto teor de fibras na sua dieta habitual,
como: frutas, vegetais, cereais integrais e grãos que são importantes para o processo digestivo como um
todo e fundamentais para o bom funcionamento intestinal e para prevenção da doença diverticular
• Orientar o paciente a ingerir pelo menos dois litros de líquido por dia para facilitar a formação do bolo fecal
• Não utilizar laxativos por conta própria para combater as crises de obstipação intestinal
• Praticar exercícios para acelerar o metabolismo e, consequentemente, o trânsito intestinal.
• Oferecer apoio emocional
• Orientar quanto a patologia, manifestações clínicas e tratamento, estimulando na importância do mesmo

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INCONTINÊNCIA FECAL

É a incapacidade de controlar a eliminação das fezes. Esse distúrbio compromete a qualidade de vida e se
manifesta mais nas mulheres do que os homens.
A incontinência fecal predomina nas mulheres principalmente por causa do trabalho de parto que determina
o estiramento e a degeneração parcial do nervo pudendo. Outra causa importante é a prisão de ventre mais comum
no sexo feminino. Acima dos 70 anos, a incontinência fecal se manifesta igualmente nos dois sexos.

Etiologia

A causa pode ser:


a ) Congênita : decorrentes á mal formações
b ) Adquirida: resulta de:
o Enfermidades localizadas na região anal
o Traumas como os provocados por acidentes de trânsito, de cirurgias no períneo, de fissurectomias que
podem exigir a secção dos músculos do esfíncter
o Cirurgias para tratamento de câncer.
o Enfermidades como derrames (AVC), diabetes e esclerose múltipla
o Envelhecimento

Exames Diagnósticos

• Exame proctológico, que permite avaliar a flacidez do ânus


• Retossigmoidoscopia para visualizar a parte interna das porções mais baixas do intestino.
• Exames como a eletromanometria e a miografia (Medida do Tempo de Latência do Nervo Pudendo).

Tratamento

Pode ser: Clínico: consiste em corrigir o tipo de evacuação, o que se consegue com dieta e medicamentos
específicos para a diarréia e para o aumento bolo do fecal nos casos de constipação. Antidepressivos e pomadas que
melhoram a sensibilidade anal também ajudam. O biofeedback é um auto-treinamento para o paciente descobrir o
nível de contração necessário para fechar o ânus. Cirúrgico: é indicado quando o quadro exige transposição dos
músculos e para a implantação de um esfíncter artificial.

Cuidados de Enfermagem

• Oferecer apoio emocional em decorrência ao constrangimento por apresentar a incontinência fecal. Esse
distúrbio pode prejudicar seriamente a qualidade de vida se não for tratado
• Orientar a ingestão de alimentos ricos em fibras para aumentar o volume das fezes e evitar crises de
obstipação intestinal
• Usar supositórios evacuadores ou pequenas lavagens intestinais para esvaziar o reto antes de sair de casa.
Desse modo, será possível evitar o inconveniente da perda de fezes ou de gases, de acordo prescrição
médica
• Em casos de pacientes acamados: deixar comadre em fácil acesso, realizar higiene perineal
adequadamente.
• Facilitar acesso ao sanitário

APENDICITE

É a inflamação do apêndice vermiforme.

Etiologia

• Bloqueio por fezes; Presença de tumores com obstrução; Infecção viral

Manifestações Clínicas

Os sintomas de apendicite variam. Pode ser difícil de diagnosticar em crianças menores, em idosos e em
mulheres em idade reprodutiva:

• Dor abdominal que pode apresentar-se vaga no início, mas se torna cada vez mais aguda e grave,
localizando-se em região supra-púbica e a direita ( ponto de McBurney)
• Sinal de Rovsing (dor no quadrante inferior direito que ocorre mediante palpação).
• Sinal de Psoas (dor abdominal que ocorre quando o cliente flexiona o quadril)
• Anorexia; Náusea; Êmese; Febricula ou hipertermia

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• Se o apêndice se rompe, a dor pode desaparecer por um breve período . No entanto, uma vez que o
revestimento da cavidade abdominal é infectada (peritonite), a dor agrava.
• Calafrios; Constipação; Diarreia; Tremores

Complicações

• Conexões anormais entre órgãos abdominais ou entre esses órgãos e a superfície da pele (fístula);
Abscesso; Infecção da incisão cirúrgica; Peritonite

Exames Diagnósticos

Em geral, os médicos podem diagnosticar a apendicite pela sua descrição dos sintomas, pelo exame físico e
pelos exames laboratoriais:

• Exame físico:
o Se o paciente apresentar apendicite, a algia aumenta quando o médico soltar a pressão de repente,
após pressionar gentilmente a área abdominal inferior à direita.
o Se o paciente apresentar peritonite, tocar a área do abdome pode causar espasmo dos músculos.
• Exame Retal pode revelar sensibilidade no lado direito do reto.

Em alguns casos, testes adicionais podem ser necessários. Isso pode incluir:

• Tomografia computadorizada abdominal; Ultrassonografia abdominal; Laparoscopia diagnóstica; Leucocitose


moderada

Tratamento

• Cirúrgico: Apendicectomia
• Medicamentoso: antibióticos, analgésicos

Assistência de Enfermagem

• Observar, comunicar e anotar sianis de infecção


• Manter dieta zero até realização da cirurgia
• Não administrar enemas (risco de ruptura)
• Manter decúbito de fowler (diminui dor)
• Orientar quanto a patologia, tratamento, complicações

COLECISTITE

É uma inflamação da vesícula biliar. É uma emergência médica que se não tratada podem ocorrer
complicações, levando à morte.

Etiologia

• Litiase biliar: cálculos no interior da vesícula. Em geral, são constituidas de colesterol ou bilirrubina. A
estase de liquido biliar permite a multiplicação de bactérias, que levam à inflamação.
• Tumores do canal cístico ou próximos a ele.

Complicações

A colecistite se não tratada de imediato pode complicar devido à necrose provocada pelas bactérias. A
ruptura da parede leva a:

• Peritonite frequentemente fatal.


• Formação de fístula com o intestino. Por vezes é expulso assim um grande cálculo que vai obstruir a válvula
ileocecal, provocando obstrução intestinal mecânica, também grave se não tratada.
• Sepses
• Formação de abscessos.

Manifestações Clínicas

Pode apresentar-se assintomática.

• Epigastralgia; Febrícula; Anorexia; Náuseas; Êmese ; Icterícia (em decorrência obstrução)

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Exames Diagnósticos

• Análise sanguinea que demostra leucocitose.


• Um exame clínico que mostra sensibilidade à dor na área.
• Ecografia, observando-se espessamento significativo da parede do órgão.

Tratamento

• Medicamentoso: Antibioticoterapia
• Cirúrgico: Colecistectomia

COLELITÍASE

É a presença de cálculo (pedra) no interior da vesícula biliar.

Tipos:

• Cálculo de Colesterol: é a composição da maioria dos cálculos, sendo que normalmente não é puramente de
colesterol, tendo o cálcio como outro componente.
• Cálculo de Bilirrubinato de Cálcio (calculo preto): é o 2º cálculo mais comum, sendo mais comum em
doentes que tem destruição das hemáceas (hemólise crônica) como: anemia falciforme, entre outras.

O cálculo de pigmento marrom ou castanho equivale a 5% dos cálculos e não é formado na vesícula biliar,
sendo normalmente formado no colédoco que possui deformidades (estreitamento, obstrução…).

Manifestações Clínicas

A taxa de aparecimento de sintomas é de apenas 1% ao ano nos doentes assintomáticos. Porém quando se
tem sintoma ele se manifestará através de:
• Cólica biliar, que se dá quando o cálculo fica preso na saída da vesícula biliar (infundíbulo ou no ducto
cístico).
A cólica biliar é uma dor aguda e contínua, caracteristicamente localizada na topografia de vesícula biliar ou acima do
umbigo, podendo apresentar irradiação para a escápula direita. Muitas vezes a dor ocorre após refeição com
alimentos gordurosos, refeição que se segue a jejum prolongado ou mesmo após uma refeição habitual.
• Náuseas e vômitos comumente acompanham cada episódio de cólica biliar (60-70% dos casos).

Exames Diagnósticos

• Ultrassonografia: além de visualizar os sistemas biliares intra e extra-hepáticos (revelando dilatações),


ainda permite a observação do fígado e do pâncreas.

Tratamento

• Terapia de dissolução de cálculos, analgésicos, antiespasmódicos, antieméticos, antibióticos; Litrotripsia;


Dieta de baixo teor de gorduras; Colecistectomia (laparoscópica ou abdominal)

Cuidados de Enfermagem em casos de Colelitíase e Colecistite

• Monitorar, comunicar e anotar presença de dor, BH, sinais vitais


• Orientar sobre a patologia e tratamento
• Estimular modificações da dieta

PANCREATITE

É uma inflamação do pâncreas, que pode ser aguda ou crônica.

Etiologia

a ) Pancreatite aguda: pode ser causada pela migração deformação de pequenos cálculos biliares que obstruem a
porção terminal do colédoco, interrompendo o fluxo das secreções pancreáticas. Essa obstrução provoca processo
inflamatório intenso e aumento da glândula por causa do edema, ou seja, do acúmulo de líquido em seu interior. O
álcool é causa frequente de pancreatites agudas;
b ) Pancreatite crônica: o álcool ingerido em grandes quantidades e por tempo prolongado determina alterações no
parênquima pancreático, caracterizadas por fibrose e endurecimento, com consequente atrofia do pâncreas. Além

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disso, o principal ducto pancreático (canal de Wirsung), que mede menos de meio centímetro de diâmetro, fica muito
dilatado por causa do depósito de cálculos formados principalmente por cálcio em seu interior.

Manifestações Clínicas

a) Pancreatite aguda:

• Dor abdominal intensa, quase sempre de início abrupto, na região superior do abdômen, que se irradia em
faixa para as tórax posterior; Náuseas; Êmese; Icterícia.

b) Pancreatite crônica:

• Dor; Diarréia; Diabetes; Esteatorréia

Exames Diagnósticos

Exame clínico e levantamento do histórico do paciente, principalmente no que se refere ao uso de álcool,
são dados importantes para o diagnóstico das pancreatites. Sua confirmação, porém, depende dos resultados de:
• Exames de sangue que demosntra leucocitose, hiperbilirrubinemia, hiperglicemia
• Raio X abdominal
• Ultrassom e tomografia abdominal que demonstra aumento do pâncreas

Tratamento

• Hidratação por via endovenosa


• Transfusões de sangue em casos de hemorragias
• Dieta zero
• Em resolução da crise: dieta hpolipidica
• Abstinência de álcool e cafeína
• Analgésicos, antiácidos, antibióticos, enzimas pancreáticas, insulina, albumina
• Pancreatojejunostomia ou esfincterotomia

Cuidados de Enfermagem

• Manter vias aéreas desobstruídas


• Manter hidratação adequada
• Manter integridade cutânea
• Oferecer apoio emocional
• Monitorar, comunicar e anotar intercorrências de: sinais vitais, drenagem nasogástrica, estado respiratório,
nível sérico de glicose, equilíbrio hidroeletrolítico, peso, controle da dor, estado nutricional
• Recomendar o cliente a evitar álcool

HEPATITES

É a inflamação do fígado.

Tipos e Etiologias

Existem vários tipos de hepatite e a causa difere conforme o tipo:

a ) Hepatite Viral A: via fecal-oral, ou seja, fezes de pacientes contaminam a água de consumo e os alimentos
quando há condições sanitárias insatisfatórias

b ) Hepatite Viral B: as relações sexuais e a injeção de drogas ilícitas são as principais preocupações atuais. A
aquisição pela transfusão sanguínea e derivados. O bebê pode adquirir hepatite na hora do parto quando a mãe tiver
o vírus

c ) Hepatite Viral C: a transfusão de sangue e derivados, a injeção de drogas ilícitas, o contato desprotegido com
sangue ou secreções contaminadas são as principais vias. Ocorrem casos de transmissão mãe-bebê na hora do
parto. Suspeita-se da via sexual e da aspiração nasal de drogas para explicar uma parte dos 20 a 30% de casos nos
quais não se conhece a forma de contaminação.

d ) Hepatite Viral D: é um vírus que só causa doença na presença do vírus da hepatite B. Sua forma de transmissão
é a mesma do vírus B (as relações sexuais e a injeção de drogas ilícitas são as principais preocupações atuais. A

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aquisição pela transfusão sanguínea e derivados. O bebê pode adquirir hepatite na hora do parto quando a mãe tiver
o vírus)

e ) Hepatite Viral E: fecal-oral, igual à hepatite A. É mais descrita em locais subdesenvolvidos após temporadas de
enchentes

f ) Hepatite alcoolica: Álcool (uso abusivo de qualquer tipo de bebida alcoólica. A quantidade que causa doença
hepática é variável de pessoa para pessoa, sendo necessário, em média, menor dose para causar doença em
mulheres do que em homens. A dose de alto risco é de 80g de álcool por dia, o que equivale a 5-8 doses de uísque
(240 ml), pouco menos de 1 garrafa e meia de vinho (800 ml) ou 2 litros de cerveja. Quanto maior o tempo de
ingestão (anos), maior é o risco de hepatite alcoólica e cirrose. Certas pessoas podem adoecer mesmo com doses e
tempo bem menores do que a média acima mencionada

g ) Hepatite Medicamentosa: vários remédios de uso clínico podem causar hepatite em indivíduos susceptíveis. Não
se pode prever quem terá hepatite por determinada droga, porém, indivíduos que já têm outras formas de doença
do fígado correm maior risco. Alguns medicamentos relacionados com hepatite são: paracetamol (Tylenol®,
Dôrico®); antibióticos e antifúngicos como a eritromicina, tetraciclina, sulfas, cetoconazol e nitrofurantoína;
anabolizantes (hormônios usados para melhorar o desempenho físico - dopping); drogas antipsicóticas e calmantes,
como por exemplo, a clorpromazina (Amplictil®), amiodarona (antiarrítmico), metildopa (Aldomet® - anti-
hipertensivo) e antituberculosos. Anticoncepcionais orais (pílula) também são ocasionalmente mencionados.

h ) Hepatite Autoimune: algumas doenças fazem com que as substâncias de defesa do próprio indivíduo (anticorpos)
causem inflamação e dano ao fígado. Não se sabe porque isso acontece

i ) Hepatites por causas hereditárias: doenças como a hemocromatose e a doença de Wilson levam ao acúmulo de
ferro e cobre, respectivamente, no fígado, causando hepatite

j ) Esteatohepatite não alcoólica (esteatose hepática, fígado gorduroso): é o acúmulo de gordura no fígado. Ocorre
em diversas situações independentes do consumo de álcool, como obesidade, desnutrição, nutrição endovenosa
prolongada, diabete melito, alterações das gorduras sanguíneas (colesterol ou triglicerídeos altos) e alguns
remédios.

Manifestações Clínicas

O cliente pode ser assintomático, podendo-se surgir com intensidade, dependendo da gravidade. Entre os
sintomas apresentados por indivíduos com hepatite, estão:

• Mal estar generalizado; Anorexia; Leve perda de peso; Depressão; Cefaleia; Fotofobia; Fadiga; Fraqueza;
Artralgia; Mialgia; Náuseas e êmese; Alterações do paladar; Icterícia; Prurido; Dor espontânea á palpação
de abdome; Indigestão; Hipertermia; Hematúria; Fezes acólicas; Erupções cutâneas; Hepatoesplenomegalia

Exames diagnósticos

Além da história e do exame clínico, pode testar sua hipótese diagnóstica de hepatite, principalmente,
através de exames de sangue. Entre esses, há os chamados marcadores de hepatites virais e autoimunes. Outros
testes mostram a fase e gravidade da doença. Em alguns casos, poderá ser necessária uma biópsia hepática
(retirada de um pequeno fragmento do fígado com uma agulha) para que, ao microscópio, se possa descobrir a
causa.

Tratamento

Para as hepatites agudas causadas por vírus não há tratamento específico, à exceção dos poucos casos de
hepatite C descobertos na fase aguda, na qual o tratamento específico pode prevenir a evolução para a doença
crônica.

O repouso total prolongado e a restrição de certos tipos de alimentos, nas hepatites, não ajudam na recuperação do
doente e também não diminuem a gravidade da doença:

• Repouso relativo conforme a capacidade e bem-estar do paciente, bem como alimentação de acordo
com a tolerância.
• Administração de fluídos endovenosos.
• Bebidas alcoólicas são proibidas até algum tempo após a normalização dos exames de sangue.
• Remédios só devem ser usados com específica liberação do médico para evitar o uso daqueles que
possam piorar a hepatite.
• Na hepatite autoimune, quando diagnosticada pelo médico, o uso de corticóides (assemelhados da
cortisona) estão indicados e modificam favoravelmente o curso da doença.

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• As hepatites por álcool e por drogas são tratadas basicamente com o afastamento das substâncias
lesivas. Além disso, com medidas de suporte, como hidratação, nutrição e combate aos sintomas da
abstinência ao álcool ou drogas.
• Quando a doença é por acúmulo de ferro ou cobre, faz-se uma dieta pobre nesses minerais.

Prevenção

• Vacinação
• Para prevenção da hepatite A é importante o uso de água tratada ou fervida, além de seguir recomendações
quanto à proibição de banhos em locais com água contaminada e o uso de desinfetantes em piscinas.
• A hepatite B é prevenida usando preservativo nas relações sexuais e não tendo contato com sangue ou
secreções de pessoas contaminadas (transfusões de sangue, uso de agulhas e seringas descartáveis não
reutilizadas).
• A hepatite C é prevenida da mesma forma, porém o risco de contágio sexual não está bem estabelecido.
• Trabalhadores da área da saúde, devem usar luvas, óculos de proteção e máscara sempre que houver
possibilidade de contato (ou respingos) de sangue ou secreções contaminadas com vírus da hepatite B ou C
com mucosas ou com lesões de pele.
• Abolir álcool

Cuidados de Enfermagem

• Estimular repouso, orientando o paciente a aumentar lenta e progressivamente a sua tolerância, à atividade
• Limitar as atividades físicas se após retomar a rotina os níveis das enzimas hepáticas aumentarem.
• Proporcionar uma adequada ingesta de líquidos, pelo menos 3000 ml/dia
• Administrar os líquidos por via oral se náuseas e vômitos não forem graves, caso contrário, administra-se
por via endovenosa
• Avaliar diariamente o balanço hídrico e o peso do paciente
• Proporcionar uma dieta bem equilibrada em termos de nutrientes e calorias, sendo que estes devem estar
de acordo com a idade do paciente e com a superfície corporal
• Incentivar o paciente a realizar dieta fracionada
• Restringir as gorduras
• Orientar quanto a não ingestão de bebidas alcoólicas
• Orientar quanto medidas de conforto para aliviar o prurido
• Orientar quanto à utilização de roupas leves e não apertadas
• Aplicar na pele loções e cremes hidratantes
• Orientar o paciente para que evite atividades que estimulem o suor e aumentem a temperatura corporal
• Cortar as unhas das mãos do paciente para evitar coceira e lesões cutâneas
• Orientar o uso de sabonete neutro
• Controlar rigorosamente a temperatura
• Em casos de hipertermia: Aplicar compressas mornas; auxiliar e supervisionar a ingesta de líquidos; Atentar
para o risco de crise convulsiva
• Em casos de cefaleia: Diminuir a luminosidade e ruídos, se possível; Orientar repouso relativo.
• Avaliar, comunicar e anotar sobre dores abdominal quanto: localização da dor, distensão abdominal, edema
• Colocar paciente em posição confortável, preferencialmente em decúbito de fowler
• Auxiliar o paciente nas movimentações
• Realizar BH
• Em casos de êmese: Estimular a ingesta de soro de reidratação oral;Atentar para sinais de hiponatremia e
hipocalemia; Incentivar a ingesta de alimentos/frutas ricas em potássio; Observar e avaliar os sinais e
sintomas de desidratação; Anotar volume, característica, do vômito e freqüência;
• Em alta hospitalar: Encaminhar o paciente para uma nutricionista;

CIRROSE HEPÁTICA

É uma doença crônica do fígado que se caracteriza por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a
circulação sanguínea. A cirrose faz com que o fígado produza tecido de cicatrização no lugar dos hepatócitos (células
hepáticas) saudáveis que morrem. Com isso, ele deixa de desempenhar suas funções normais como produzir bile,
auxiliar na manutenção dos níveis normais de açúcar no sangue, produzir proteínas, metabolizar o colesterol, o
álcool e alguns medicamentos, entre outras. A cirrose é mais comum em homens acima dos 45 anos, mas pode
acometer também as mulheres. O uso abusivo de álcool fez crescer o número de portadores da doença nos últimos
anos.

Etiologia

• Abuso do álcool é a principal causa da cirrose. Como o fígado é responsável pela metabolização dessa
substância, quando exposto a doses excessivas de álcool, sofre danos em seus tecidos vitais que
comprometem seu funcionamento.

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• Hepatites crônicas provocadas pelos vírus B e C


• Determinados medicamentos
• Hepatite auto-imune.

Manifestações Clínicas

Os principais sintomas da cirrose são:


• Náuseas; Êmese; Perda de peso; Dor abdominal; Constipação; Fadiga; Hepatomegalia; Icterícia;
Hematúria; Alopécia; Edema, principalmente de membros inferiores; Ascite (presença de líquido na
cavidade abdominal)
• Em casos mais avançados pode ocorrer a encefalopatia hepática (síndrome que provoca alterações cerebrais
provocadas pelo mau funcionamento do fígado).

Tratamento

O objetivo do tratamento é evitar complicações:

• Eliminar o agente agressor (álcool, drogas, combater o vírus); Transplante de fígado pode ser a única
solução para a cura definitiva da doença.

Cuidados de Enfermagem

• Avaliar o nível de tolerância à atividade e grau de fadiga, letargia e indisposição quando realiza suas
atividades de vida diária.
• Administrar vitaminas suplementares (A,C, K e as do complexo B), conforme prescrição médica.
• Ajudar nas atividades e higiene quando fatigado.
• Encorajar o repouso quando fatigado ou quando ocorre a dor ou desconforto abdominal.
• Promover o exercício e a higiene dentro do nível de tolerância do paciente.
• Estimula o interesse do paciente nas atividades selecionadas.
• Registrar queixas de fadiga, quando em atividades que exigem maiores esforços.
• Anotar as atividades diárias que necessitou de ajuda.
• Estimular ao autocuidado
• Recomendar a evitar o uso abusivo de álcool; Utilizar preservativo nas relações sexuais e seringas
descartáveis para evitar a contaminação pelos vírus das hepatites B e C; Não descuidar do tratamento para
as hepatites B e C crônicas a fim de que não provoquem cirrose; Vacinar-se contra hepatite B para evitar o
risco de contrair essa doença.

PARACENTESE

É um procedimento onde o médico insere uma agulha no abdome para se retirar líquido que pode estar
acumulado. A paracentese pode ser utilizada tanto para se retirar uma pequena quantidade de liquido para ser
analisada como para retirar alguns litros de líquido que coloca em risco a vida do paciente por compressão. Este
exame é feito com anestesia local e em geral é feito após exame físico e ultra-sonografia.

FISTULA ANAL

É uma pequena divisão ou laceração no tecido fino (mucosa) que recobre o ânus.

Etiologia

• Constipação; Diarréia prolongada; Diminuição do fluxo sanguíneo nessa área (envelhecimento); Partos
naturais; Portadores da doença de Crohn.

Exames Diagnósticos

O médico realizará um exame retal e analisará uma amostra do tecido do reto (anal).

Manifestações Clínicas

• Evacuações dolorosas; Sangramentos após defecação; Constipação

Tratamento

A maioria das fissuras desaparece sozinha e não exige tratamento além de boa higiene. No entanto, algumas
fissuras podem exigir tratamento. Os seguintes métodos de cuidados caseiros ajudam a curar a maioria das fissuras
anais:

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• Higienizar suavemente, de preferencia lavar região após defecações


• Mudanças na dieta - ingerir fibras
• Creme anestésico, se a dor atrapalhar a evacuação normal, conforme prescrição médica
• Aplicação de vaselina na área
• Banhos de assento
• Emolientes fecais
• Se as fissuras anais não desaparecerem com os cuidados caseiros, o tratamento poderá abranger: Cirurgia
reparadora

Cuidados de Enfermagem

• Orientar o paciente a manter região anal seca


• Realizar higienização com materiais macios
• Orientar a lavar região após cada defecação
• Orientar a tratar rapidamente qualquer constipação ou diarreia
• Atentar a dieta, rica em fibras

HEMORRÓIDAS

Caracteriza-se por dilatação ou inflamação das veias perianal. Durante o movimento intestinal, essas veias
dilatam-se e retraem-se, geralmente voltando ao tamanho normal. No entanto, o esforço repetido para evacuar, seja
por obstipação ou fecaloma, pode dificultar o processo de drenagem do sangue e provocar a formação de
hemorroidas.
As hemorroidas podem ser externas ou internas. Quando externas, assemelham-se às varizes perianal sendo
visível. Quando internas, localizam-se acima do esfíncter anal e causam sintomas mais agudos.

Etiologia

• Obstipação; Gestação; Obesidade; Vida sedentária; Componente genético, Dieta pobre em fibras;
Deficiência na ingestão hídrica; Sexo anal

Manifestações Clínicas

• Prurido provocada por dilatação das veias o que aumenta a tensão sobre as terminações nervosas
• Sangramento resultante do rompimento das veias anais
• Dor ou ardor durante ou após a evacuação
• Saliência palpável no ânus.

Tratamento

O tratamento para as hemorróidas pode ser:

• Tópico ou local, com pomadas e supositórios


• Cirúrgico : hemorroidectomia
• Ligadura elástica: técnica que consiste no estrangulamento da veia afetada.

Cuidados de Enfermagem

• Recomendar o paciente a:
o Evitar o papel higiênico que irrita e aumenta a inflamação. Lavar a região anal e secar com toalha
de algodão
o Procure adotar uma dieta saudável à base de alimentos ricos em fibras e frutas frescas
o Ingerir líquidos, porém evite as bebidas alcoólicas
o Respeitar a necessidade de evacuar
o Evitar permanecer muito tempo na mesma posição. Caminhar sempre que possível, inclusive no
local de trabalho
o Tomar banhos de assento mornos: para aliviar os sintomas
o Realizar compressas de gelo: ajudam a aliviar os sintomas e a eliminar edema.

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4-SISTEMA SANGUÍNEO

4.1 – DISFUNÇÕES HEMATOLÓGICAS

ANEMIA

É uma doença em que a capacidade do sangue em transportar oxigênio


para os tecidos está reduzida, seja pela redução de eritrócitos (hemácias) seja pela
redução de hemoglobina.

Etiologia

• Perdas sanguíneas; Destruição excessiva de hemácias; Insuficiência da medula óssea; Distúrbios


nutricionais por deficiência de ferro, ácido fólico, vitamina B12; Distúrbios metabólicos

Manifestações Clínicas

Os sintomas e sintomas vão variar de acordo a gravidade e o tipo de anemia. Os mais comuns em casos
mais leves são:

• Fadiga e indisposição; Dificuldade de concentração e falta de memória; Alterações respiratórias;


Taquicardia; Palidez; Alterações menstruais; Anorexia; Mal estar; Tontura; Náuseas

Dependendo da gravidade do quadro, da sua velocidade de instalação, dos níveis de hemoglobina, podem
ocorrer também:

• Alopécia; Unhas fracas e quebradiças; Cianose de esclerótica; Pele seca; Sonolência e Cefaléia; Vertigens;
Desmaio; Claudicação; Edema de membros inferiores; Dispnéia; Inapetência; Atrofia de papilas
linguais; Depressão nervosa; Perda da libido; Pica (vontade comer substancia não digeríveis, exemplo:
terra); Coiloníquia (baqueteamento periférico).

Classificação:

A anemia é classificada de acordo á sua etiologia:

• Hemorrágica: ocorre em decorrência a perda sanguínea


• Hemolítica: quando ocorre destruição excessiva de hemácias
• Aplástica: ocorre por insuficiência da medula óssea
• Ferropriva: ocorre por deficiência de ferro
• Falciforme: defeito hereditário em que as hemácias apresentam-se em forma de foice
• Perniciosa: ocorre em decorrência a deficiência do fator intrínseco do estômago, que metaboliza a vitamina
B12.
• Megaloblástica: ocorre por deficiência do ácido fólico
• Talassemia: faz parte de um grupo de doenças do sangue (hemoglobinopatias) caracterizadas por defeito
genético que resulta em diminuição da produção de um dos dois tipos de cadeias que formam a
molécula de hemoglobina.

Exames Diagnósticos

• Hemograma: é o principal exame a ser realizado quando há suspeita de anemia. Neste exame é possível a
avaliação da série vermelha, que inclui os seguintes parâmetros: número total de hemácias, hemoglobina,
hematócrito, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM). Os valores da normalidade variam de acordo com sexo e idade.
Além destes parâmetros, a análise morfológica das hemácias (esfregaço de sangue periférico) é útil também
para o diagnóstico etiológico.
• Dosagem de ferritina e ferro séricos, eletroforese de hemoglobina, teste da G6PD, teste da resistência
globular osmótica, teste de Coombs.
• Biópsia da medula óssea: fornece visão panorâmica da medula, pela qual se pode determinar com certeza a
arquitetura geral, a celularidade e a presença de fibrose ou infiltrados anormais.

Tratamento

O tratamento deve ser direcionado à causa de base, ou seja, à condição que leva ao quadro anêmico.
Podem ser usados suplementos de sulfato de ferro, fumarato de ferro ou gluconato ferroso em comprimido, em soro
ou por transfusão de sangue dependendo da gravidade, urgência e da causa. É importante investigar as causas, pois

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úlceras e cânceres no estômago ou intestinos podem causar perda de sangue e levar a anemia. Faltas de outras
vitaminas e sais minerais também podem resultar em falta de ferro no sangue.

Cuidados de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem dependerão da causa e dos sinais e sintomas que o paciente apresenta:

• Manter procedimentos assépticos a fim de evitar pequenas infecções, principalmente na anemia aplástica,
onde há também deficiência de leucócitos.
• Observar, comunicar e registrar sinais e sintomas característicos da anemia.
• Avaliar, comunicar e registrar presença de dor, sua localização, intensidade, inicio, duração, frequencia,
tipos, gravidade e fatores precipitantes.
• Assegurar analgesia conforme prescrição médica
• Oferecer apoio emocional e esclarecimento sobre a doença.
• Manter repouso relativo, evitar exercícios intensos.
• Observar aparecimento de hematomas e petéquias.
• Observar anorexia e estimular alimentação rica em proteínas e ferro.
• Orientar para não ingerir os alimentos ricos em ferro em conjunto como leite e derivados, mais sim, com
alimentos ricos em vitamina C.
• Observar aspecto das eliminações para detectar sangramentos.
• Evitar lesões cutâneas e injeções I.M.
• Administrar medicamentos prescritos (pelo medico): Sulfato ferroso, Vitaminas B6/ou B12, Vitamina C.
• Administrar sangue nos casos de anemia profunda conforme prescrição médica, atentando aos cuidados
adequados em sua administração.

Observação: Há importante relação da absorção do ferro com a dieta, com fatores contribuintes para sua maior
absorção (pH ácido do estômago, vitamina C, proteína da carne) e os que a prejudicam (cereais, chás, café,
refrigerantes, proteína do leite e do ovo).

LEUCEMIA

É uma doença maligna que acomete os leucócitos. Assim como os glóbulos vermelhos (cuja função é
transportar oxigênio para órgãos e tecidos) e as plaquetas (células responsáveis pela coagulação), os leucócitos são
fabricados dentro da medula óssea a partir de uma célula-tronco e são responsáveis por grande parte do nosso
sistema imunológico. Na leucemia, além de perder a função de defesa do organismo, os glóbulos brancos doentes
produzidos descontroladamente reduzem o espaço na medula óssea para a fabricação das outras células que
compõem o sangue e elas caem na corrente sanguínea antes de estarem preparadas para exercer suas funções.

Tipos

Não se conhece a causa da maioria das leucemias, que podem ser classificadas de acordo com a evolução e
o tipo de defeito dos glóbulos brancos:

• Quanto à evolução:

a) Leucemia aguda – quando as células malignas se encontram numa fase muito imatura e se multiplicam
rapidamente, causando uma enfermidade agressiva;
b) Leucemia crônica – quando a transformação maligna ocorre em células-tronco mais maduras. Nesse caso, a
doença costuma evoluir mais lentamente, com complicações que podem levar meses ou anos para ocorrer.

• Quanto aos glóbulos brancos afetados:

a) Leucemia linfoide, linfocítica ou linfoblástica – afeta as células linfoides; é mais frequente em crianças.
b) Leucemia mielóide ou mieloblástica – afeta as células mieloides; é mais comum em adultos.

Manifestações Clínicas

Os primeiros sinais geralmente aparecem quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas
normais. Em casos de leucemia aguda pode surgir:

• Anemia; Fadiga; Epistaxe; Hemorragia gengival; Hematomas e petéquias; Edema de gânglios; Hipertermia;
Sudorese noturna; Infecções; Artralgia.

Já em casos de leucemia crônica de evolução lenta podem ser completamente assintomáticas.

Exames Diagnósticos

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• Hemograma: é o exame indicado para avaliar as condições em que se encontram as várias séries do
sangue.
• Mielograma: permite a análise direta do local afetado para identificar o tipo de célula anormal que impede a
fabricação dos outros elementos do sangue.
• Biópsia da medula óssea: é o exame definitivo para a confirmação do diagnóstico.

Tratamento

O tratamento é dividido em duas etapas. A primeira é chamada de indução da remissão. O objetivo é


eliminar as células doentes, denominadas blastos, que são muito sensíveis à quimioterapia. Na segunda fase, são
introduzidas as estratégias de consolidação para combater possíveis focos residuais da doença. Pacientes que não
respondem satisfatoriamente a esse esquema terapêutico podem beneficiar-se com o recurso do transplante de
medula óssea.

Cuidados de Enfermagem

• Proporcionar conforto físico, emocional


• Realizar profilaxia para infecções: utilizar isolamento reverso de acordo necessidade do paciente, manter
higiene corporal adequada, manter cuidados assépticos na manipulação de cateteres endovenosos e sondas
• Prevenir hemorragias, orientando o paciente á utilizar escovas de dentes com cerdas macias, evitar injeções
intramusculares, evitando traumatismos
• Não utilizar medicamentos á base de ácido acetilsalicilico
• Observar eliminações intestinais e urinárias. Comunicar melena, enterorragia, hematoquesia ou hematúria
• Observar, orientar e controlar efeitos colaterais de medicamentos (quimioterápicos, corticóides), como:
náuseas, êmese, cefaleia, sinais flogísticos em local da administração, estomatites, alopecia, edemas,
hipertensão arterial, diarréia, gastralgia,
• Realizar balanço hídrico
• Estimular aceitação da dieta e ingestão hídrica
• Proporcionar repouso e recreação dentro das condições de cada paciente

LINFOMA

Linfoma é o termo utilizado para designar um grupo de doenças neoplásicas do sistema linfático, que se
originam da proliferação clonal de linfócitos B ou T em qualquer um de seus estágios de maturação.
O sistema linfóide é composto pelos órgãos linfóides primários (timo e medula óssea) e pelos órgãos linfóides
secundários (linfonodos, baço e tecidos linfóides associados à mucosa, como as adenóides, tonsilas, dentre outros
amplamente espalhados pelo organismo.
Linfócitos são células do sistema imune que defendem o organismo contra invasão de agentes estranhos.
Todos os linfócitos originam-se na medula óssea. Formam-se a partir de células linfóides progenitoras descendentes
de células-tronco hematopoiéticas pluripotentes (responsáveis por várias finalidades), e antes de se tornarem células
ativas completamente diferenciadas, passam por diversos estágios de maturação. Os linfócitos B e T diferenciam-se
em múltiplos aspectos. Primeiramente pelo local onde passam pelo processo de maturação, linfócitos T maturam no
timo e linfócitos B maturam na medula óssea, devido a isso recebem as designações B e T. Seus modos de ação
também são distintos: células B diferenciam-se em plasmócitos, e sua função final é secretar imunoglobulinas em
forma de anticorpos, que se encontra com seu antígeno específico em meio extracelular ou na corrente sanguínea.

Classificação

São classificados conforme o grupo de células que sofre a malignização e passa a se reproduzir rápida e
desorganizadamente. São:

a ) Linfomas Hodgkin: os Linfomas de Hodgkin (também chamados de Doença de Hodgkin) originam-se de um tipo
específico de célula linfóide, a célula de Reed-Sternberge. Estes linfomas podem se dividir em Linfoma de Hodgkin
nodular linfócito predominante e Linfoma de Hodgkin clássico. Apesar de não se saber a causa dos Linfomas, umas
séries de fatores de risco estão associados:

• Idade esta doença pode ocorrer em qualquer faixa etária; mas são mais comuns entre 15 e 40 anos.
• Pacientes portadores dos vírus Epstein-Barr, o vírus que causa a doença mononucleose.
• Pessoas que têm um ou mais familiares que desenvolveram esta doença (principalmente, quando criança)
apresentam maior risco em desenvolvê-la.

b ) Linfomas Não-Hodgkin: são mais comuns que os Linfomas de Hodgkin. Podem ocorrer em qualquer idade e
dependendo das células que se tornaram malignas são classificados e apresentam características específicas. Podem

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ter comportamento indolente (crescimento lento) ou agressivo (crescimento rápido). Ao examinar o tumor, o médico
patologista divide os Linfomas Não-Hodgkin em subtipos que podem estar relacionados aos linfócitos do tipo B ou T.

Os linfomas em que os linfócitos do tipo B se tornaram malignas dividem-se em:

• Linfoma de Burkitt,
• Linfoma linfocítico de pequenas células (que é a mesma doença que a leucemia linfocítica crônica)
• Linfoma difuso de grandes células
• Linfoma folicular
• Linfoma imunoblástico de grandes células
• Linfoma linfoblástico células B precursoras
• Linfoma de Células do Manto

Os linfomas de células T dividem-se em:

• Micose fungóide (uma doença que acomete preferencialmente a pele)


• Linfoma anaplásico de grandes células
• Linfoma linfoblástico de células T precursoras
• Linfoma de Malt

Outros sub-tipos menos comuns também podem ocorrer :

Comportamento Indolente (não agressivo) Comportamento Agressivo


Linfoma folicular Linfoma difuso de grandes células B
Linfoma linfócito de pequenas células Linfoma de células do manto
Linfoma MALT Linfoma linfoblástico
Linfoma de Burkitt

Fatores de risco para Linfoma não-Hodgkin

• Idade: esta doença é mais comum em pessoas mais velhas.


• Doenças como: Imunodepressão secundária
• Doenças hereditárias (como, hypogamaglobulinemia)
• Doenças autoimunes (como artrite reumatóide, psoríase ou Síndrome de Sjögren )
• Doenças adquiridas que comprometem o sistema imunológico (como, HIV /AIDS ou uso de medicamentos
imunossupressores após transplante de algum órgão)
• Infecções pelo vírus HTLV do tipo I (O HTLV é um retrovírus da mesma família do HIV, que infecta a célula T
humana, um tipo de linfócito importante para o sistema de defesa do organismo)
• Vírus Epstein-Barr (também conhecida como a doença do beijo, a mononucleose costuma acometer os
adolescentes. Provoca febre, enfartamento dos gânglios do pescoço e das axilas, comprometimento do
fígado e do baço, entre outros sintomas.O vírus responsável pela doença é o Epstein-Barr, da família
Herpesviridae, transmitido pela saliva contaminada num contato íntimo entre as pessoas)
• História de infecção pela bactéria Helicobacter pylori
• Dieta rica em carne e gordura

Manifestações Clínicas

Os sintomas que podem ocorrer na presença dos linfomas e devem ser investigados para se diagnosticar
qualquer um dos tipos de Linfoma de Hodgkin ou não-Hodgkin, são:

• Aumento dos gânglios (linfonodos) do pescoço, axilas e/ou virilha (com ou sem presença de dor)
• Sudorese noturna excessiva
• Hipertermia (38ºC em região axilar)
• Prurido
• Perda de peso inexplicada (perda de mais de 10% do peso corporal nos últimos 6 meses de forma não
proposital e sem explicação)
• Cansaço frequente.
• Podem também aparecer sintomas respiratórios como tosse, dispneia, dor torácica e abdominal ou
distensão abdominal.

Exames Diagnósticos

• Biópsia: é o exame que define o diagnóstico. Pode ser necessário realizar uma biópsia de um gânglio
(quando o médico, através de uma incisão na pele, remove um gânglio inteiro ou uma pequena parte) ou
biópsia da medula óssea (quando se retira um pequeno fragmento da medula óssea através de agulha).

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• Punção lombar: retira-se pequena porção do líquido céfaloraquidiano. Esse procedimento determina se o
sistema nervoso central foi atingido pela doença.
• Exames de Imagem: radiografias, tomografias, ressonância magnética e cintilografia para determinar a
localização e a extensão dos locais acometidos pela doença.

Os linfomas são geralmente divididos nos seguintes estágios:

Estadiamento

• Estágio I – quando um único grupo de linfonodos está comprometido (axila, por exemplo)
• Estágio II – indica o envolvimento de dois ou três grupos vizinhos de linfonodos, do mesmo lado do
diafragma (para cima ou para baixo do músculo que divide o tórax do abdome), axila e região do pescoço,
por exemplo.
• Estágio III – representa o envolvimento de vários grupos de linfonodos acima e abaixo do diafragma
(gânglios da região supraclavicular e da região inguinal, por exemplo).
• Estágio IV – significa que há o envolvimento disseminado para outros órgãos, como pulmões, fígado e
ossos.

Tratamento

O tratamento consiste em quimioterapia associada ou não à radioterapia. Para alguns pacientes, cujo
tratamento inicial não determinou uma cura ou remissão prolongada, pode ser necessário o transplante de medula
óssea.
Quando a doença tem risco de comprometimento do sistema nervoso (cérebro e medula espinhal), utiliza-se
a injeção de drogas quimioterápicas diretamente no líquido cérebro-espinhal, e/ou radioterapia que envolva cérebro
e medula espinhal.

Observação: O tipo indolente tem uma evolução geralmente favorável com uma média de sobrevida de 10 anos
apesar de ser incurável quando a doença acomete várias partes do corpo (doença avançada). O linfoma que se
apresenta com comportamento agressivo tem uma evolução mais rápida, mas muitos destes pacientes se curam por
serem mais sensíveis à quimioterapia.

Cuidados de Enfermagem

• Observar, comunicar e anotar perda de peso


• Oferecer apoio emocional
• Administrar fármacos prescritos, atentando aos devidos cuidados
• Providenciar repouso
• Monitorar: efeitos do tratamento, sinais vitais, controle da dor, hidratação e controle nutricional
• Oferecer explicações sobre: tratamento, procedimentos, plano dietético, cuidados bucais utilizando escovas
de dente com cerdas macias, sintomas

DISFUNÇÕES HEMORRÁGICAS

HEMOFILIA

É uma doença caracterizada por hemorragias, devido a uma deficiência de componentes do sangue,
responsáveis pela coagulação. As dificuldades na coagulação são devidas á ausências hereditárias de determinados
fatores sanguíneos indispensáveis á produção de enzimas Tromboquinase sendo fundamental ao processo de
coagulação.

Tipos

• Hemofilia tipo A: devido a ausência de Globulina anti-hemofílica ou fator VIII


• Hemofilia tipo B: ou doença de Christmas, causada pela deficiência de um componente Tromboplastínico
(fator IX); sendo esta ultima, mais rara e benigna
• Hemofilia tipo C: deficiência dos fatores VIII e IX

Etiologia

A causa da hemofilia é a falta de um fator necessário para a coagulação do sangue. A doença é congênita,
isto é a pessoa nasce com ela. Ela só atinge os homens, mas a condição é "carregada" pelas mulheres que as
transmitem para os filhos homens. Ou seja, os homens hemofiliticos, a transferem para suas filhas exclusivamente
(que podem ignorar que são portadoras). Elas, ao serem portadoras, podem transmitir a 50% de seus descendentes.

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Manifestações Clínicas

Clinicamente, a hemofilia caracteriza-se por hemorragias severas (incontroláveis), após traumatismos


insignificantes e as esquimoses espontâneas são comuns. Os indícios da doença se manifestam ocasionalmente, pela
primeira vez, em operações cirúrgica ou em cortes acidentais, através de sangramentos abundantes ou
gengivorragias, que necessitam de transfusões de sangue. A queda dos dentes na primeira dentição pode ocorrer
sem hemorragias, mas as extrações dentarias devem ser realizadas por profissionais acostumados a estes pacientes.

Exames Diagnósticos

Inicialmente detectada pelos sinais e sintomas, logo no inicio da infância, porém a pesquisa dos fatores de
coagulação confirmam o diagnóstico.

Tratamento

Posteriormente, a doença era tratada com transfusões de sangue completa, mas com as investigações e
avanço tecnológico, surgiu um tratamento 100% satisfatório. A hemofilia pode ser tratada com injeções regulares do
fator de coagulação ausente, com objetivo de alcançar bons níveis que evitem as hemorragias. Sendo que, o
tratamento é a garantia de suprimento adequado e constante de hemoderivados.

Medicamentos utilizados:

• Concentrado de complexo Protrombínico (hemofilia com inibidor)


• Concentrados de fatores VIII e IX (hemofilia A e B)
• Desmopressina (doença de Von Willebrand e hemofilia A leve)

Cuidados de enfermagem

• Nas crises de hemofilia manter repouso absoluto e realizar a transfusão sanguinea com fatores de
coagulação de acordo a prescrição médica
• Administrar dieta liquida e fria.
• Observar sinais de sangramento e conhecer técnicas de hemostasia: leve pressão nos locais de hemorragia,
aplicar compressas frias ou de gelo, não remover coágulos.
• Observar sintomas de hemorragia interna: palidez, hipotensão arterial, taquicardia, pulso filiforme,
sudorese, confusão mental.
• Cuidado na higiene oral, orientando a evitar traumatismos.
• Evitar medicações irritantes ao trato Gastrointestinal e medicações por via intramuscular.
• Não utilizar medicamentos á base de AAS
• Orientar o paciente a evitar assuar o nariz e tosse, se o fizer deve ser com cuidado
• Atentar ao funcionamento intestinal para evitar esforços durante a evacuação
• Orientar a proteger articulações durante esportes. Exercícios mais indicados, são: matação, caminhada
• Manter cuidados durante transfusão sanguínea ou crioprecipitado
• Atentar aos cuidados durante procedimentos como: tricotomia, sondagens, lavagem intestinal, aplicação de
calor.
• Orientar para que carregue sempre consigo cartão de identificação de hemofílico, contendo: grupo
sanguíneo, fator Rh, nome do médico ou endereço do hospital em que se trata, pessoa a qual deve ser
avisada em casos de emergências.

PURPÚRA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA (PTI)

A Púrpura trombocitopênica idiopática é uma doença autoimune que se caracteriza pela destruição das
plaquetas, células produzidas na medula óssea e ligadas ao processo de coagulação inicial do sangue. O nome está
diretamente relacionado às principais manifestações da enfermidade. Púrpura é uma referência de hematomas ou
equimoses indicativas de sangramentos que aparecem na pele; trombocitopênica, em razão da trombocitopenia, ou
seja, do sangramento provocado pela queda no número de plaquetas. Chama-se idiopática, porque a causa da
doença ainda não foi identificada.

A enfermidade afeta uma em cada 10 mil pessoas e incide mais nas mulheres em idade fértil do que nos
homens. Crianças podem apresentar uma forma aguda e autolimitada de PTI, em geral decorrente de um quadro
infeccioso viral.

Manifestações Clínicas

Os sintomas surgem quando a queda do número de plaquetas que compromete o processo de coagulação
do sangue a ponto de provocar sangramentos. Os mais típicos são:

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• Petéquias (manchas puntiformes); Equimoses (manchas maiores); Epistaxe; Gengivorragia; Hemorragias


gástricas e intestinais; Edemas; Dor em MMII; Menorragia; Trombocitopenia; Hemorragia intracraniana
que pode levar a morte.

A intensidade dos sintomas varia muito de um paciente para outro. Em alguns casos, eles podem ser
assintomáticos e dispensam tratamento.

Exames Diagnósticos

O diagnóstico baseia-se no exame clínico e no resultado do hemograma. Uma vez constatado que o número
de plaquetas está baixo, é de suma importância fazer o diagnóstico diferencial, porque doenças como AIDS, lúpus,
leucemias e certas infecções virais também provocam queda no número de plaquetas.

Tratamento

Neste caso há acompanhamento de hematologistas e imunologistas O tratamento da PTI depende da


gravidade da situação. Como se trata de uma doença em geral crônica, com um começo gradual e remissões
espontâneas em apenas 10-15% dos doentes, o tratamento deve permitir o controle dos sintomas da doença mas
não necessariamente o regresso do número de plaquetas ao normal.
Para além disso, as drogas usadas são potencialmente tóxicas, já que muitas delas são imunosupressoras. O
tratamento prolongado com este tipo de drogas aumenta o risco de infecções por bactérias, vírus ou fungos, e tem
um risco acrescido de certas doenças malignas, como leucemias agudas, linfomas e alguns tumores de órgãos
sólidos.

• Geral: Corticosteróides, transfusão de plaquetas, repouso no leito. No caso de uma hemorragia aguda com
perigo para a vida, administram-se altas doses de imunoglobulina ou fator anti - Rh (para pessoas que
tenham sangue Rh-positivo) por via endovenosa. Também se utilizam durante períodos prolongados,
especialmente em crianças, para manter os valores das plaquetas suficientemente altos para evitar a
hemorragia.
• Cirúrgico: Esplenectomia: somente em casos resistentes ao tratamento clínico

Cuidados de enfermagem

• Observar a pele do paciente durante o banho e procure por hematomas e petéquias. Na presença comunicar
e anotar
• Orientar o paciente que ao defecar não dar descarga, tocar a campainha a fim de detectar melena,
enterorragia ou hematúria. O mesmo deve-se á vômitos, a fim de verificar hematêmese. Se presentes
comunicar e anotar
• Observar, comunicar e anotar epistaxe ou sangramento gengival, especialmente quando o ar está seco.
• Observar a roupa de cama para ver se há sinais de sangramento durante o sono.
• Auxiliar o paciente a assuar o nariz cuidadosamente. Usar a escova de dente com cerdas mais macias
possíveis. Não usar fio dental em tempos de plaqueta baixa.
• Notifique qualquer traumatismo, como por exemplo: quedas, pancadas, atentando aos devidos cuidados.
• Administrar medicações prescritas, atentando aos efeitos colaterais, adotando cuidados apropriados para
evitar complicações. Evitar: Aspirina ou qualquer medicação contendo salicilato (como pepto-bismol ou alka
seltzer), Ibuprofen e anti-histamínicos fortes também devem ser evitados.
• Oferecer frutas frescas, suco de frutas, água e alimentos com fibras para evitar constipação.
• Evitar uso de supositórios
• Utilizar protetor labial para evitar fissuras
• Utilizar rinosoro ou solução salina para umidificar narinas
• Colocar coxins ou acolchoamento na cama se necessário, elevar para evitar quedas.
• Orientar a utilizar tapetes de borracha no chuveiro.
• Pacientes devem evitar barbeadores. Barbeadores elétricos, usados com cuidado, geralmente são melhores.
• Observar: cefaleia persistente e frequente, êmese, tonturas, confusão mental, sonolência, alterações na
fala, hemiparestesia, cãibra nas mãos ou pés, arqueamento de tórax posterior, convulsões. Comunicar e
anotar

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA (HEMOTERAPIA)

Consiste na administração de sangue total ou de hemocomponentes (partes separadas) de um doador para o


receptor, como: plasma, plaquetas, hemácias, fibrinogênio, leucócitos, etc., por via endovenosa, conforme indicação
terapêutica.
É um procedimento realizado com o intuito de aumentar a capacidade do sangue de transportar o oxigênio,
restaurar os níveis de sangue no organismo, melhorar a imunidade ou corrigir distúrbio da coagulação sanguínea.
É uma técnica que exige muita responsabilidade por parte da equipe de enfermagem, em decorrência á uma
série de complicações que podem ocorrer durante e após a transfusão.

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APOSTILA DE ENFERMAGEM MÉDICA

A coleta, o armazenamento e o transporte do sangue são regulamentados por autoridades federais e locais,
bem como algumas instituições possuem suas próprias normas adicionais. Os doadores passam por uma avaliação
para constatar boas condições de saúde. São verificado pulso, pressão arterial, temperatura e, através de um
exame, a existência ou não de anemia. Um doador pode ser desqualificado permanentemente caso se constate
hepatite, cardiopatias, alguns tipos de cânceres, asma grave, malária, distúrbios hemorrágicos, AIDS, alergias,
diabetes, epilepsia, doenças da pele, etilismo crônico, dependência de drogas, doença de Chagas, tuberculose. Já em
constatação de gravidez, cirurgias de grande porte recente, hipertensão mal controlada, hipotensão, uso de drogas
ou determinados medicamentos e anemia, o doador será temporariamente desqualificado.
Por ser um potencial instrumento de contágio, o sangue do doador passa por uma investigação rigorosa que
faz uma varredura à procura de hepatites virais, Aids, sífilis e outros vírus selecionados.
Todo o processo de doação sanguínea dura aproximadamente uma hora, sendo que a doação propriamente
dita demora cera de 10 minutos e, com exceção da sensação de picada, é indolor e o doador deve apresentar
documento de identidade.
O doador deve ter entre 18 a 65 anos de idade, ter peso acima de 50k, não estar amamentando, não estar
resfriado ou com gripe.
O sangue doado, aproximadamente 450 ml é vedado em bolsas plásticas conservantes que possuem um
composto anticoagulante. Esse sangue é refrigerado e pode ser usado em até 42 dias e, em circunstâncias especiais,
os eritrócitos podem ser congelados e armazenador por até 10 anos. Devido ao fato de que a incompatibilidade entre
o sangue do doador e do receptor é feita uma classificação por tipo sanguíneo (A, AB, B ou O) e por RH (positivo e
negativo).
Existe uma transfusão em que o doador também é o receptor. Esse tipo de procedimento dá-se o nome de
“transfusão autóloga”. Considerada a forma mais segura, a transfusão autóloga pode ser feita por intermédio de
duas possibilidades de coleta do sangue:

• Na primeira o doador faz a coleta um mês antes da cirurgia que poderá acarretar a necessidade de
transfusão.
• Na segunda o sangue é coletado a partir de um sangramento ou oriundo de um procedimento cirúrgico.

Intervalo entre as doações: Aproximadamente 3 meses, conforme o hematócrito.

Cuidados de Enfermagem

• Oferecer apoio emocional ao paciente


• Conferir rótulos certificando-se do grupo sanguíneo e fator Rh, para evitar complicações em decorrência
incompatibilidade sanguíneas.
• Conferir enfermaria, número do leito, nome e registro do paciente.
• Descongelar o sangue, caso esteja congelado, em temperatura ambiente, a fim de se evitar hemólise.
• Se o sangue não for administrado imediatamente, deve ser mantido em refrigeração.
• Conectar o equipo especial para sangue, mantendo técnica asséptica rigorosa
• Observar condições de veias do paciente.
• Proceder a técnica de punção venosa utilizando jelco calibroso.
• Controlar gotejamento, conforme a prescrição médica. De maneira geral, o sangue é administrado
lentamente durante os primeiros 10 a 15 minutos. Esta fase apresenta maior índice de complicações
• Controlar sinais vitais constantemente, observando o paciente.
• Ficar atento á queixas, como: dispneia, náuseas, vômitos, urticária, prurido, ansiedade, tremores, ou
qualquer outro sintoma que pode indicar reação transfusional
• Em casos de sintomas que indicam reações tranfusionais, interromper imediatamente a infusão e notificar o
médico
• Anotar horário de inicio e término da transfusão e quantidade administrada
• Realizar anotações de enfermagem, chegar a administração da transfusão na prescrição
• Realizar controle do volume urinário e observar sinais de hematúria

Complicações

Podem ser:

a ) Imediatas: quando surgem durante o procedimento ou imediatamente após.

São:

• Reação Febril: ocorre elevação da temperatura corporal, acompanhada ou não por calafrios. Surge
geralmente nos primeiros 30 a 60 minutos da transfusão. Pode ocorrer por presença de pirogênio (produtos
do metabolismo de organismos, como bactérias e fungos) ou a sensibilidade á antígenos leucocitários ou
plaquetários presentes no sangue doado.

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• Reação Alérgica: pode aparecer em forma de urticária, prurido, dispneia ou anafilaxia. A causa dessa
ocorrência é desconhecida, mas acredita-se que pode ocorrer em decorrência á anticorpos presentes no
plasma do doador, que reage com algum antígeno ao qual o receptor está exposto.
• Reação Hemolítica ou Incompatibilidade Sanguínea: caracteriza-se pelo surgimento súbito de calafrios,
lombalgia, cefaleia, ansiedade, dispneia, cianose, hipertermia, náuseas, vômitos, hematúria, hipotensão
arterial, seguidos de choque. Na primeira micção após a reação é possível evidenciar a hematúria.
Aparecem geralmente nos primeiros 30 minutos da transfusão e são devidos á incompatibilidade sanguínea.
Nestes casos, os anticorpos presentes no plasma do receptor combinam-se rapidamente com os eritrócitos
do doador, provocando hemólise. Pode ocasionar ao paciente complicação renal grave, óbito, em pouco
tempo. É uma das complicações mais sérias da transfusão sanguínea e esta consequência é proporcional a
quantidade de sangue transfundido.
• Reação de Sobrecarga Circulatória: ocorre pelo aumento brusco do volume circulante, por gotejamento
muito rápido. Manifesta-se por dispneia, ortopnéia, cianose, ansiedade, tosse e escarro róseo e espumoso,
indicando edema agudo de pulmão (EAP).

b ) Tardias: quando se manifestam semanas ou meses após a transfusão. São:

• Hepatites Virais: pode manifestar-se até 2 a 6 meses após transfusão, apresentando os sinais clássicos da
doença. Ocorre devido a presença do vírus no sangue do doador.
• Malária: surge geralmente após algumas semanas após a transfusão, apresentando hipertermia, cefaleia,
calafrios. Também é decorrente a presença da contaminação pelo sangue do doador.
• Sífilis: atualmente é uma complicação rara de acontecer por transfusões, já que o microrganismo não
resiste a refrigeração
• AIDS: assim como as hepatites virais, pode surgir as manifestações muito tempo após a transfusão, ás
vezes, anos após.

Assistencia de Enfermagem nas Reações Transfusionais

• Interromper imediatamente a infusão e comunicar o médico


• Manter acesso venoso com SF 0,9%, para os casos onde se faz necessário medicamentos endovenosos
• Guardar bolsa de sangue e equipos para serem examinados (em laboratório)
• Colher amostras de sangue e urina para exames, conforme pedido médico
• Administrar medicamentos conforme prescrição médica
• Notificar banco de sangue

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