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Saúde
O enigma da anestesia
Ela faz você apagar no ato, como se desligasse o seu cérebro. Mas até hoje a ciência não
sabe ao certo como a anestesia geral funciona. Duas experiências sugerem uma
resposta intrigante: talvez o paciente fique acordado o tempo todo – e não se lembre
disso.
Por Eduardo Szklarz e Bruno Garattoni
Atualizado em 18 nov 2020, 10h10 - Publicado em 22 jan 2019, 16h58
https://super.abril.com.br/saude/o-enigma-da-anestesia/ 1/10
13/09/2023, 20:08 O enigma da anestesia | Super
(Francisco Martins/Superinteressante)
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O plano era o seguinte. Se a mulher mexesse a mão, Russell tiraria o fone e lhe
diria ao ouvido: “se você puder me ouvir, aperte meu dedo”. Se a paciente
fizesse isso, ele lhe pediria que apertasse seu dedo de novo caso estivesse
sentindo dor. E aí, se a paciente fizesse esse último gesto, ele lhe daria mais
sedativo para que ela voltasse a dormir. O resultado foi impressionante. 70% das
mulheres apertaram o dedo de Ian, ou seja, estavam conscientes mesmo sob
anestesia geral. E 62% indicaram que estavam sentindo dor. Depois de acordar,
nenhuma delas se lembrou de nada. Mas Russell ficou tão abalado que
interrompeu o estudo no meio (a meta era testar 60 pacientes).
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do clássico Robinson Crusoé, bem como a seguinte instrução: “Quando você for
perguntado sobre a palavra ‘sexta-feira’, vai mencionar Robinson Crusoé”. Três
dias depois, nenhum deles se lembrava de nada. Mas, ao ouvirem a palavra
“sexta-feira” – que é o nome de um personagem da história –, sete pacientes a
relacionaram com Robinson Crusoé.
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(Francisco Martins/Superinteressante)
Do alívio ao nocaute
Ao longo da história, os médicos tentaram de tudo para evitar a dor dos
pacientes. Apertaram nervos, pressionaram artérias, usaram ópio, álcool, hipnose,
acupuntura, extratos de plantas… Cirurgias só eram feitas em último caso, pois
tinham risco de morte elevado e causavam sofrimento brutal. Imagine amputar
um braço sem anestesia; era preferível morrer. Isso só começou a mudar em
1772, quando o químico inglês Joseph Priestley descobriu o óxido nitroso. O gás
relaxava o paciente e produzia uma incontrolável vontade de rir – daí o nome
“gás hilariante”. No século 19, o físico inglês Michael Faraday viu que o éter
tinha um efeito similar, e os dentistas passaram a usar esse gás para extrair
dentes. Em 1841, o médico americano Crawford Long realizou a primeira
cirurgia usando éter como anestésico geral. Long retirou dois tumores da nuca de
um paciente – que apagou e não sentiu nada.
Mas quem levou a fama como o “pai” da anestesia geral foi o dentista americano
William Morton. Em 1846, ele aplicou éter ao jovem Gilbert Abbott com um
inalador de vidro, fazendo-o dormir calmamente enquanto o cirurgião John
Collins Warren retirava um tumor de seu maxilar. A demonstração foi feita no
Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, e virou manchete. No mesmo ano,
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As primeiras pistas vieram nos anos 1980, quando os cientistas Nick Franks e
William Lieb, da Imperial College de Londres, descobriram que as moléculas
desses remédios se ligam aos receptores de GABA (ácido gama-aminobutírico)
no cérebro. Essa substância é produzida naturalmente pelo organismo, e sua
função é frear a comunicação entre os neurônios (que, em excesso, pode causar
convulsões e ataques epiléticos). O álcool também se liga aos receptores de
GABA, e por isso causa torpor – um estado mais profundo do que o sono. Se
você estiver dormindo, certamente acordará se alguém cortar sua pele com um
bisturi. Já uma pessoa muito bêbada pode até ser operada sem anestesia, e mesmo
assim não despertar. O álcool e os anestésicos funcionam como uma espécie de
GABA artificial, mais potente, e por isso nos fazem apagar. Mas isso não explica
tudo. Há algo a mais.
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numa dose letal, matou o cantor Michael Jackson). Os cientistas descobriram que
esse remédio restringe a mobilidade de uma proteína chamada sintaxina 1A. “A
proteína parece ficar presa num ‘engarrafamento’ dentro das sinapses
[extremidades dos neurônios]”, diz o neurologista Bruno van Swinderen, líder do
estudo. Com isso, haveria ainda menos descarga de neurotransmissores e,
portanto, menos comunicação entre os neurônios.
Mas não para aí. Estudos recentes provaram que os anestésicos também
dificultam a ação da cinesina, uma proteína essencial para o funcionamento dos
neurônios, e inibem a produção de uma enzima chamada Complexo I – que é
vital para a produção de energia nas mitocôndrias, dentro das células. Todas essas
descobertas têm ampliado o foco dos cientistas.
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