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Desenvolvimento da Radiologia
Intervencionista
Em 1896, o norte-americano Thomas Alva Edison deu
Depois da descoberta dos raios-X por mais uma contribuição ao mundo, além da lâmpada de filamento
de carbono apresentada em 1879, desenvolveu a fluoroscopia
Wilhelm Conrad Röentgen, no dia 08 de (foto1) que permitia que a imagem gerada pela fonte de raios-X
fosse mostrada em tempo real, em uma tela fluorescente que
novembro de 1895, aconteceu um convertia o padrão do raios-X, deixando o paciente em um
padrão de luz. Como a intensidade da luz é diretamente
proporcional à intensidade de raios-X, a imagem é fiel.
boom de outros avanços científicos,
Em 1927, o português Antonio Egas Moniz começou a
estudar a possibilidade de utilizar raios-X com um meio de
dentre eles está a Radiologia
contraste para visualizar os vasos sangüíneos do cérebro.
As suas primeiras experiências foram com cadáveres de
Intervencionista e Cirurgia animais, pelos quais conseguiu com sucesso localizar
neoplasias e hematomas no cérebro tornando-se o precursor
Endovascular. Atualmente, uma das das cirurgias nesta delicada região.
O achado mereceu até uma apresentação solene de duas
áreas de atuação da Radiologia e séries de pacientes perante a Sociedade de Neurologia de Paris.
Em pouco tempo a pneumoencefalografia (injeção de ar nas
Diagnóstico por Imagem. cavidades ventriculares) deixou de ser usada e em seu lugar o
mundo conheceu a inovadora angiografia cerebral, técnica que
demonstra os efeitos expansivos das massas intracranianas e
tornaria o objetivo principal da neurorradiologia no futuro.
Moniz recebeu prêmios da Faculdade de Medicina de Oslo,
na Suécia e da Academia Sueca o Nobel de Medicina pelo
A radiologia intervencionista nasceu naquele dia. O proce- Neste contexto o sistema vascular deixa de ser avaliado
dimento foi chamado de “Dottering” e publicado na revis- exclusivamente pela angiografia por cateter. O Doppler, a
ta Circulation. Ele também desenvolveu cateteres para angiotomografia e a angiorressonância, passam a ocupar
retirada de corpos estranhos do sistema vascular e uma posição de destaque na investigação diagnóstica do
gastrintestinal. sistema vascular como modalidades diagnósticas “não
Em 1972, Dotter descreveu a embolização (oclusão de uma invasivas”.
artéria utilizando cateter colocado pela técnica percutânea) Paralelamente a esta evolução tecnológica nos equipamentos
arterial seletiva para controlar sangramento gastrintestinal, de imagem, também observamos uma grande melhora nos equi-
considerado um avanço na medicina porque se utilizou um pamentos de angiografia digital e o surgimento de uma gama
instrumento puramente diagnóstico para fazer um tratamento. de novos materiais (stents, endopróteses, molas de liberação
Além disso, descreveu também o uso do cianoacrilato e de controlada, microcateteres, filtros, etc.), possibilitando o trata-
fibrinolíticos arteriais. Mais tarde, criou um stent em espiral mento por via endovascular de várias doenças.
para artérias periféricas. Não resta dúvida, a radiologia vascular e intervencionista
Em 1977, o alemão Andréas Gruentzig realizou a primeira hoje é uma nova especialidade na medicina, saímos da área de
angioplastia percutânea com balão revolucionando a aborda- diagnóstico para atuarmos diretamente na área terapêutica,
gem das lesões obstrutivas especialmente voltada para a alta complexidade. A melhoria
coronarianas e consti- constante nos equipamentos angiográficos (foto 2) e no arsenal
tuindo-se a partir deste de materiais que utilizamos possibilita cada vez mais o
momento numa alternati- tratamento de doenças por via percutânea, seguramente menos
va ao tratamento clínico e agressiva para o paciente.
cirúrgico dos pacientes. No século XXI a radiologia intervencionista não é mais
Para o Dr. Renan um diferencial nos hospitais, mas sim uma necessidade. A
Uflacker, pioneiro da téc- interdependência das várias especialidades médicas com a
nica percutânea no Brasil, radiologia intervencionista chega a ponto de tornar um
“A radiologia intervencio- fator de risco adicional a não existência deste serviço.
nista é filha da radiologia Em 2002 Michael Darcy, presidente da Sociedade Ameri-
cardiovascular, uma espe- cana de Radiologia Intervencionista – SIR, já afirmava que “a
cialidade invasiva, mas radiologia intervencionista é realmente uma nova fronteira no
puramente diagnóstica século XXI, mais e mais doenças que só podiam ser tratadas
onde se usavam as técni- cirurgicamente serão tratadas não cirurgicamente pelo radiolo-
cas de imagens, como a fluoroscopia apenas para guiar o gista intervencionista no futuro”.
posicionamento do cateter no interior do corpo humano. Com E no Brasil como estamos? Seguramente a Radiologia
a evolução destas técnicas de punção e cateterismo percutâneos Intervencionista Brasileira acompanhou esta transformação.
nasceu a radiologia Temos serviços de altíssima qualidade em várias cidades do país,
intervencionista, utilizada contando com tecnologia de ponta e profissionais altamente
para a intervenção em pro- qualificados. O número de serviços cresceu e segue crescendo
cedimentos terapêuticos. em todo o território.
Então, é uma satisfação ver No lugar do “Clube dos angiografistas” temos hoje a
o nível que conquistou SoBRICE – “Sociedade Brasileira de Radiologia
hoje e o prestígio que des- Intervencionista e Cirurgia Endovascular – Departamento
fruta como um procedi- de intervenção do CBR”, sendo a maior sociedade da
mento menos invasivo.” especialidade na América Latina. Nosso congresso anual é
De acordo com a Dra. referência mundial contando com a participação de cole-
Valéria de Souza, presiden- gas de todos os continentes. (ver páginas 21 e 22) Temos
te da SoBRICE, “Nas um título de especialista e uma área de atuação reconhe-
últimas duas décadas cidos pela Associação Médica Brasileira.
observamos uma verdadei- A radiologia intervencionista está somente enga-
ra transformação na radio- tinhando, inúmeros novos procedimentos estão por vir, o
logia com a introdução de futuro da intervenção com o uso de imagens é certamente
novas modalidades diagnósticas como a ressonância magnética brilhante.”
e a tomografia por emissão de prótons associado ao grande avanço
nos equipamentos já existentes, tais como, na tomografia Fonte: Livro “Tecnologia Radiológica e Diagnóstico por Imagem”
computadorizada e na ultra-sonografia. – volume 2 – capítulo 1, História da Radiologia.