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Desenhos industriais

É importante ressaltar que o registro protege apenas as criações – tanto


tridimensionais como bidimensionais – dotadas de caráter ornamental. Assim, não
importa como objeto do registro de desenho industrial que “funcione” no sentido
mecânico do termo, visando primordialmente a proporcionar prazer estético aos
usuários ou a uma identificação visual do produto. Por outro lado, parece-nos direta
a analogia entre os requisitos de “novidade” e de “originalidade” desse artigo –
“proporcionando resultado visual novo e original” – respectivamente com os
requisitos da “novidade” e de “atividade ou ato inventivo” previstos nos artigos 8º, 9º
e 11º e 14º1. Temos ainda a clara afinidade entre o requisito de “aplicação
industrial”, Artigo 152 - e a necessidade de forma plástica ou conjunto de linhas e
cores que caracterizam o desenho industrial, podendo servir de tipo de fabricação
industrial.

Observe-se, ainda, que a forma plástica ou o conjunto de linhas e cores devem


proporcionar resultado visual na configuração externa de um produto, o que impede
a proteção da aparência interna de um objeto a qual permanece invisível ao usuário.
Finalmente, não obstante novidade e originalidade constituem pré-requisitos
necessários para a obtenção de um registro válido. É importante notar que a
concessão do registro não está sujeita a uma verificação prévia quanto à existência
desses requisitos. O Artigo 1063 dessa lei estabelece as disposições legais que
deverão ser verificadas antes da concessão, enquanto o Artigo 1114 dispõe sobre o
exame do mérito operacional.

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Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial.

Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de
aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em
melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não
compreendidos no estado da técnica.
Art. 14. O modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico
no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica.
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Art. 15. A invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação
industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria.
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Art. 106. Depositado o pedido de registro de desenho industrial e observado o
disposto nos arts. 100, 101 e 104, será automaticamente publicado e simultaneamente
concedido o registro, expedindo-se o respectivo certificado.
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Art. 111. O titular do desenho industrial poderá requerer o exame do objeto do
registro, a qualquer tempo da vigência, quanto aos aspectos de novidade e de
originalidade.
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Art. 96. O desenho industrial é considerado novo quando não compreendido no estado da
técnica.
§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes
da data de depósito do pedido, no Brasil ou no exterior, por uso ou qualquer outro meio,
ressalvado o disposto no § 3º deste artigo e no art. 99.

O requisito dominante no caso dos desenhos industriais é idêntico ao requisito no


caso do patente, conforme comentado no Artigo 11, e inclui também o chamado
“período de graça” – Artigo 96, §1º. Não obstante o requisito ser basicamente o
mesmo, conforme já comentado no artigo precedente, a concessão do registro não
está sujeita a uma verificação quanto à existência da novidade. Como já
tradicionalmente aplicado às patentes, o conceito de “novidade” implica tão somente
que o desenho industrial seja diferente daquele que se encontra no estado da
técnica. Se o desenho apresenta diferença, preenche o requisito da novidade e o
próximo passo será investigar se ele também apresenta originalidade, isto é, se
essas diferenças são suficientes para que resulte uma configuração visual de fato
distintiva em relação à terceira autoria.

Analogicamente ao Artigo 11, qualquer divulgação ocorrida em território nacional ou


no exterior antes da data do depósito do pedido constitui impedimento à obtenção de
um registro válido.

Art. 97. O desenho industrial é considerado original quando dele resulte uma configuração
visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores.

Este artigo dispõe sobre o segundo pré-requisito para que o registro seja válido. Não
basta, portanto, que o desenho industrial seja novo, isto é, diferente, em relação
àquilo que já existe, será necessário também que sua configuração usual seja
percebida como distintiva. Assim, parece razoável supor que o desenho proposto
não possa ser confundido com objetos conhecidos quando colocados lado a lado.
Ademais, o desenho industrial deve demonstrar um mínimo de esforço para criação
de um objeto com formas visuais próprias. Finalmente, a originalidade deve ser
enfocada sob o prisma do consumidor usual do produto. Se for um produto de venda
direta ao consumidor, então a originalidade deve ser possível de ser percebida por
esse consumidor leigo. Se for um produto para venda a profissionais especializados,
é a ótica desse profissional que deve ser considerada na análise da originalidade.

Art. 100. Não é registrável como desenho industrial:


I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de
pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e
sentimentos dignos de respeito e veneração;

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II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada
essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.

A lei não estabeleceu um critério claro quanto àquilo que se considera como sendo
contrário à moral ou aos bons costumes, ou que ofenda a honra ou imagem de
pessoas, ou atente contra a liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia
e sentimentos dignos de respeito. Essas exceções ficam, portanto, sujeitas à
percepção subjetiva do examinador que poderá optar por denegar o registro apenas
em casos em que o objeto do pedido incida flagrantemente nesse inciso.
Quando ao inciso II, este se refere à forma necessária comum ou vulgar do objeto.
Parece clara a intenção de que o enfoque deve ser menor sobre a forma em si do
que sobre o objeto em particular e sua função. Além disso, a restrição imposta por
esse artigo da lei que nega a proteção para a forma necessária comum e vulgar não
deve se limitar somente à forma em si do objeto, mas deve considerar também a
aplicabilidade desse objeto, ou seja, o tipo de aplicabilidade dessa forma em relação
ao seu campo de exploração industrial ou sua classe tecnológica, porque, mesmo se
tratando de uma forma de sólido geométrico já conhecida, podendo, portanto, ser
considerada como sendo uma forma comum, se essa forma for aplicada a um tipo
de objeto que nunca antes tivesse sido empregada, esse objeto pode ser
considerado como possuidor de forma original e assim ser considerado passível de
receber a proteção.

Como registrar e acompanhar o seu desenho industrial passo a passo

Procedimentos:

 Apresentar o pedido de registro por meio do formulário de depósito de


registro de Desenho Industrial, formulário 1.06.
 Preencher o formulário em 3 vias (1 via para uso interno do INPI, 1 via
será entregue no ato do depósito com o número do protocolo e 1 via será
entregue após a numeração definitiva).
 Apresentar as figuras em 6 vias (3 vias para uso interno do INPI, uma via
será devolvida no ato do depósito com o número do protocolo a outra via
será entregue após a numeração definitiva e a terceira via será anexada
ao certificado).
 O pedido de registro poderá sofrer exigência formal que terá que ser
respondida em até 5 (cinco) dias da data da ciência da exigência.
 O pedido de registro contendo a numeração definitiva poderá sofrer
exigência técnica que terá que ser respondida em até 60 (sessenta) dias
contados da data da publicação na RPI (Revista da Propriedade Industrial).
 As exigências técnicas deverão ser respondidas através do formulário de
petição de Desenho Industrial, formulário 1.07.

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 As exigências técnicas que acarretarem a apresentação de novas figuras
deverão conter 6 vias dos desenhos e duas vias da petição preenchida.
 Retirar as guias dos pagamentos referentes aos serviços na página do INPI
em “Guia Eletrônica”.
 Buscar em “Quanto Custa” a tabela de retribuição dos serviços, bem como
os códigos dos mesmos.
 Acompanhar o número registro em até 5 (cinco) anos contados da data da
concessão.

Dicas:

 Acompanhar o andamento do pedido de registro através do número


definitivo a partir de 1 (um) mês contado da data do depósito.
 O acompanhamento poderá ser através da página do INPI, em “pesquisar:
DESENHOS”.

Apresentação do pedido:

 O pedido de registro poderá conter, opcionalmente, um relatório


descritivo.
 O relatório descritivo é obrigatório, apenas, para os pedidos que
contiverem variantes configurativas.
 O relatório descritivo poderá ser simples e resumido (conforme exemplo).
 O quadro reivindicatório é opcional.
 As figuras deverão ter uma excelente qualidade gráfica, pois o registro de
Desenho Industrial refere-se à configuração externa de um objeto, ou a
um padrão ornamental representado através das figuras.
 Nas folhas onde estão apresentadas as figuras deverão ter, apenas, a
numeração da página. A numeração se dá contando-se o número da
página e o número de folhas apresentadas (conforme exemplos).
 As figuras deverão ser numeradas uma a uma (conforme exemplos).

Dicas:

 A leitura do Ato Normativo dos Desenhos Industriais, Ato Normativo


161/2002, é de suma importância.
 A leitura da Lei de Propriedade Industrial 9.279/96, nos capítulos
referentes ao Desenho Industrial, é, também, de grande valia.
 A Lei, bem como o Ato Normativo, está em “legislação”, na página do
INPI.

Registro Concedido:

 O registro poderá sofrer Ação de Nulidade Administrativa em até 5 (cinco)


a nos, a partir da data da concessão.

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 Pagar os quinquênios referentes ao quinto ano e o décimo ano contados a
partir da data do depósito.
 Se houver interesse, pedir e pagar a prorrogação do registro, bem como o
quinquênio correspondente. Pode haver, no máximo, 3 (três) prorrogações
de 5 (cinco) anos.

FONTE INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial -


http://www.inpi.gov.br/

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