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Aula 3 – Direito Empresarial – data: 23 de fevereiro de 2023

Tema: Propriedade industrial e seus reflexos; Direito do consumidor; Práticas abusivas

Tutora: Cida

Monitora: Melissa

PROPRIEDADE INDUSTRIAL e Intelectual

Propriedade industrial e intelectual: como se diferenciam?

Garantir que os direitos sejam reservados ao autor é um dos desafios que engloba todas as
profissões. Isso é, tanto aquelas que possuem contato direto com o processo criativo, a
exemplo de um designer, quanto as que utilizam-se destes materiais já produzidos, como
galerias de exposição. Logo, no que tange todos os ramos de atuação atuais, vê-se propriedade
industrial e intelectual como parte integrante. A partir delas, todos os projetos terão a
possibilidade de serem utilizados, difundidos e explorados com o resguardo da exclusividade.

Propriedade intelectual

Para iniciarmos o debate sobre o assunto “propriedade industrial e intelectual”, é fundamental


partir do conceito que origina esta última. Isso deve ser compreendido ao passo que toda
criação tende a ser entendida como invento. Ou seja, detém algum nível de subjetividade do
ser presente, portanto, ainda que haja uma cópia, ela não irá conter a intenção inicial. Logo, a
propriedade industrial defende que os direitos de nível fiquem preservados ao autor. Deste
modo, o direito autoral é criado a partir de uma natureza constitutiva. Propriedade intelectual
abrange tudo aquilo que o intelecto humano é capaz de criar e, portanto, deve ser protegido. É
como se fosse uma ampla capa de proteção para todos os tipos de criações. É importante
compreendermos que a Propriedade Industrial está contida na Intelectual.

Assim, uma questão que deve ser considerada em detrimento de tudo o que engloba a
propriedade industrial são suas subcategorias. Isso é, a forma como esta pode ser aplicada.
Elas são:

direito autoral;

propriedade industrial;

proteção sui generis.

Nesta medida, classificam-se como vantagens da propriedade intelectual:

incentivo à criação de ideias;

garantia de proteção da obra;

direito à exclusividade;

geração de empregos;

aumento do valor de mercado.

O que a propriedade intelectual consegue proteger?

(a) Obras literárias, artísticas e científicas (direitos de autor);


(b) Interpretações artísticas e execuções, fonogramas e transmissões por radiofusão (direitos
conexos);

(c) Invenções em todos os campos do conhecimento humano (propriedade industrial);

(d) Descobertas científicas (propriedade industrial);

(e) Design industrial (propriedade industrial);

(f) Marcas, nomes e denominações comerciais (propriedade industrial);

(g) Proteção contra a concorrência desleal (propriedade industrial);

(h) Todos os outros direitos resultantes da atividade intelectual no campo industrial, científico,
literário e artístico;

(i) Proteção Sui Generis.

Normalmente a propriedade intelectual é dividida em ramos. As áreas mencionadas no item


(a) pertencem ao ramo dos “direitos de autor” e, no item (b), ao ramo dos “direitos conexos”.
As áreas mencionadas nos itens (c), (d), (e), (f) e (g) constituem o ramo da “propriedade
industrial” na PI. Em “i” constitui-se Topografia de Circuito Integrado, Cultivares e
Conhecimentos Tradicionais.

Propriedade industrial

Como foi dito anteriormente, a propriedade industrial está incluída nos fatores abrangidos
pela propriedade intelectual. Devido a isso, tornou-se reconhecida como parte integrante
desta anterior. No Brasil, a propriedade industrial é regida pela Lei nº 9.279/96, onde fica
estabelecido o conjunto de direitos que reservam a exclusividade da utilização de todo
produto proveniente da atividade industrial. Desta maneira, uma diferença entre propriedade
industrial e intelectual é formalização por meio de lei. Assim como a propriedade intelectual, a
industrial também é dividida em duas formas de difusão. Elas são: invenções e sinais
distintivos. Portanto, são exemplos de invenções: patentes de invenção, desenhos industriais e
modelo de utilidade. Já sinais distintivos são entendidos como os principais itens que
classificam um projeto ou atividade. Melhor dizendo, marcas e nomes comerciais.

Propriedade industrial

A propriedade industrial, por sua vez, abrange a proteção das patentes, das marcas, dos
desenhos industriais, e das indicações geográficas, que são tratados na Lei 9.279/96. No Brasil,
o órgão responsável por proteger a Propriedade Industrial é o Instituto Nacional da
Propriedade Industrial – INPI.

Patentes

As patentes, de forma objetiva, visam proteger as invenções e desdobram-se em invenções,


propriamente ditas, que se caracterizam por sua novidade em solucionar problemas técnicos
existentes, e em modelos de utilidade, que visam trazer uma melhoria funcional. Um exemplo
clássico que se dá para diferenciar ambas é a tesoura. Quando se inventou a tesoura, houve a
concessão de uma patente de invenção ao seu criador. Porém, como a maioria dos objetos, a
tesoura foi criada para pessoas destras. Assim, quem criou a tesoura para canhotos pôde
registrar essa criação como um modelo de utilidade, já que estabeleceu uma melhoria
funcional para um objeto preexistente. Assim como o direito autoral, a proteção da patente e
do modelo de utilidade possuem limite de tempo, sendo 20 anos para a primeira e 15 anos
para o segundo, ambos contados da data do depósito do pedido de proteção que é feito
perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Entende-se que um sistema eficaz em
conceder e em proteger patentes representa um importantíssimo pilar no avanço tecnológico
tão necessário aos países em desenvolvimento, na medida em que garante vantagens
competitivas aos inventores e, por consequência, aos países em que concebida a invenção.
Vale lembrar que, sendo o Brasil um país signatário da Convenção da União de Paris, invenções
patenteadas aqui terão sua proteção estendida aos demais países signatários do tratado (art. 2
da CUP).

Proteção de marcas

A proteção das marcas, que se caracterizam por sinais que buscam individualizar produtos ou
serviços, também é de extrema relevância para garantir um desenvolvimento sustentável das
empresas e para a proteção dos consumidores. As marcas podem ser reconhecidas na sua
forma nominativa, figurativa ou mista e, ao protocolar o pedido de registro, o interessado
deverá indicar em qual classe pretende enquadrar a proteção, de acordo com uma listagem
padronizada internacionalmente chamada de Classificação de Nice, que subdivide as classes
em produtos ou serviços. Desta forma, uma marca que goza de proteção na Classe 43 de
serviços, por exemplo, que compreende “serviços de fornecimento de comida e bebida”, não
estará protegida em outras classes. Ou seja, um interessado poderá registrar uma marca
semelhante na Classe 25 de produtos, que compreende “vestuário, calçados e chapelaria”,
sem que isso represente um conflito ou violação. Todavia, existem marcas que são
reconhecidas como de alto renome ou notoriamente conhecidas. As marcas de alto renome
passam a gozar de proteção em todas as classes, independentemente do pedido de registro
individual para cada uma delas. Um exemplo emblemático de uma marca de alto renome que
posso apresentar é a Coca-Cola, que embora seja mais voltada à produção e fornecimento de
bebidas, está protegida em todas as demais categorias. Inclusive, hoje em dia, graças à essa
proteção estendida, explora outras classes de produtos, como o vestuário. Já a marca
notoriamente conhecida, diferentemente da marca de alto renome, é protegida apenas na
classe para a qual obteve o certificado de registro. No entanto, estende essa proteção por
todos os países que compõem o sistema de proteção marcária, dispensando o registro
individual em cada um desses países, nos termos da Convenção da União de Paris. Contudo, é
importante ressaltar que uma marca que não seja notoriamente conhecida também poderá
estender sua proteção a outros países de forma relativamente simples. Isso se dá através do
chamado Sistema de Madri – que o Brasil passou a reconhecer apenas em outubro de 2019 –,
por meio do qual o interessado protocola seu pedido na Organização Mundial da Propriedade
Intelectual, indicando em quais países gostaria de obter a proteção. Esse pedido é
encaminhado ao órgão de PI de cada um desses países que irá fazer a análise com base na lei
nacional, deferindo ou indeferindo o pedido. Ao contrário das patentes e dos direitos autorais,
as marcas podem gozar de proteção por período indeterminado, desde que observados certos
requisitos (art. 142 a 146 da Lei da Propriedade Industrial).

Desenho industrial

O desenho industrial, conforme conceitua o art. 95 da Lei de Propriedade Industrial, é: A forma


ornamental de um objeto ou o conjunto de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto
proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir
de tipo de fabricação industrial.” Portanto, merece destaque a exigência que se faz para que
desenho possa ser objeto de fabricação. Ou seja, não será protegido por essa modalidade os
desenhos considerados puramente artísticos, que poderão, entretanto, se enquadrar na
modalidade de direito autoral. A ideia fundamental do desenho industrial é aliar aspectos
funcionais com padrões artísticos, tornando, em última análise, os produtos mais atraentes
para o público consumidor. Como ocorre com as marcas, a proteção de um desenho industrial
registrado em um país poderá se estender de maneira mais simplificada a outros países por
meio do Acordo de Haia, que funciona da mesma maneira que o Sistema de Madri para o
registro de marcas. A proteção conferida a um desenho industrial poderá durar até 25 anos,
nos termos do art. 108 da Lei da Propriedade Industrial.

Indicações geográficas

Por fim, as indicações geográficas se dedicam a identificar produtos ou serviços de acordo com
sua localização. Subdivide-se em indicação de procedência ou em denominação de origem, e a
diferença substancial entre ambas está na influência que fatores naturais do meio geográfico
exercem naquele produto ou serviço. Bons exemplos de denominações de origem são o queijo
Roquefort, que provém da região de Roquefort, e o vinho espumante Champagne, que provém
da região de Champagne, ambos na França. Reconhece-se que esses produtos possuem suas
características marcantes em razão da região em que são produzidos. Assim, uma vinícola que
produza seus vinhos na região de Champagne poderá se beneficiar dessa denominação de
origem em seus rótulos, o que, na prática, garante ao seu produto um padrão de qualidade
reconhecido pelo mercado consumidor. Já a indicação de procedência é concedida levando-se
em consideração fatores históricos que tornem determinada região reconhecida por prestar
serviços ou fabricar produtos de qualidade diferenciada. É o caso, por exemplo, do Vale dos
Vinhedos, primeira indicação geográfica brasileira. Independentemente da comprovação de
que fatores naturais da região influenciam na qualidade dos vinhos produzidos nessa
localidade, o fato de haver registros históricos quanto ao prestígio que a região conquistou ao
longo de mais de um século na produção de vinhos lhe garantiu o merecido reconhecimento.
Também é possível estender a proteção das indicações geográficas por outros países, mas
ainda não há uma integração internacional como observamos na proteção das marcas, das
patentes e dos desenhos geográficos. O tratado mais conhecido em matéria de indicações
geográficas é o Acordo de Lisboa, que trata somente das denominações de origem, no
entanto, o Brasil não é um dos países signatários.

Direitos sui generis

Os direitos sui generis são aqueles que não se enquadram como direito autoral ou como
propriedade industrial. É o caso das novas variedades de plantas ou cultivares, regulamentada
pela Lei 9.456/97, da topografia de circuitos integrados, tratada na Lei 11.484/07 e dos
chamados conhecimentos tradicionais, abordados pela Lei 13.123/15. No Brasil, a
responsabilidade pela concessão do registro da topografia de circuitos integrados também é
do INPI. Porém, o certificado de proteção de cultivar é concedido pelo Serviço Nacional de
Proteção de Cultivares (SNPC), enquanto os conhecimentos tradicionais são supervisionados
pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético.

Direito do consumidor

Direito do consumidor é o ramo do direito que atende às relações de consumo, ou seja,


aquelas travadas entre fornecedores (quem disponibiliza produtos ou serviços ao mercado) e
consumidores (quem consome produtos ou serviços como destinatário final). É amparado pelo
Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90). Atuar com o direito do consumidor no Brasil é
um desafio constante, que demanda atualização não só jurídica, mas social. Estar por dentro
das tendências tecnológicas que permeiam o mercado de consumo, das práticas empresariais,
das formas como as pessoas consomem, requer muito estudo e pesquisa. Não menos
importante é o profissional estar sintonizado corretamente com os conceitos jurídicos que o
Código de Defesa do Consumidor (CDC) trouxe com sua vigência. Por isso, neste texto falo
sobre alguns paradigmas, conceitos, visões jurídicas e tendências relativas a atuação de
advogados no direito do consumidor.

A importância do direito do consumidor

De uma carta reconhecendo a importância da proteção do consumidor no mercado de


consumo ao CDC foram 28 anos. E nestes 28 anos a proteção do consumidor no Brasil foi
agregando proteção, até que com a Constituição Federal de 1988 a proteção do consumidor
ganhou status de direito fundamental, culminando na edição do CDC em setembro de 1990
(Lei 8.078/90). Mais importante que regulamentar uma relação jurídica estabelecida entre
consumidor e fornecedor, a efetiva proteção do consumidor no mercado de consumo garante
equilíbrio e racionalidade a esse mercado, efetivamente fortalecendo o ecossistema do
consumidor. Novas tecnologias e o paradigma dos dados exigem ainda mais atenção por parte
dos Estados quando se fala em dados de consumidores. Políticas de exclusão ou diferenciação
do consumidor no mercado de consumo, baseadas na análise preditiva de dados, ferem a
igualdade estabelecida no art. 5º da Constituição Federal Brasileira. Por esta razão é que o
CDC, que vem sendo interpretado e aplicado pelo Judiciário aos novos paradigmas, nasceu em
um momento importante, pois atualmente, prestes a completar 30 anos de sua vigência, o
CDC se mostra robusto e eficaz para tratar diversos paradigmas consumeristas atuais.

Vício do Produto e do Serviço

• Vícios: características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços


impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o
valor.

• Ex: televisão sem som; o vidro de mel de 500 ml que

tem 400 ml

• Vício deve ser sanado no prazo máximo de 30 dias.

• Pode solicitar a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições
de uso; a restituição imediata da quantia paga. o abatimento proporcional do preço.

• Art. 18 e 19 CDC

• Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios.

Defeito

• Defeito: é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou


serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o não
funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago — já que o produto ou serviço não
cumpriram o fim ao qual se destinavam.

• O defeito causa, além desse dano do vício, outro ou outros danos ao patrimônio jurídico
material e/ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor.

Responsabilidade
• Responsabilidade independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores.

• Os danos indenizáveis são os de ordem material e os de natureza moral, os estéticos e os


relativos à imagem.

• A composição da indenização do dano material compreende os danos emergentes, isto é, a


perda

patrimonial efetivamente já ocorrida e os chamados “lucros cessantes”, que compreendem


tudo aquilo que o lesado deixou de auferir como renda líquida, em virtude do dano.

• Ex: a fixação das pensões pela perda de capacidade para o trabalho, pela morte do parente
que mantinha e sustentava a família etc.

Práticas Abusivas

• Práticas abusivas: são ações e/ou condutas que, uma vez existentes, caracterizam-se como
ilícitas, independentemente de se encontrar ou não algum consumidor lesado ou que se sinta
lesado.

• Exemplo: enviar ou entregar ao consumidor, sem

solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer

qualquer serviço;

• Venda casada: condicionar o fornecimento de

produto ou de serviço ao fornecimento de outro

produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a

limites quantitativos;

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