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Introdução à Engenharia
Para Baille, a colocação acima apresentada não é pacífica, pois muitos especialistas do
Direito do Autor o incluem entre os Direitos Pessoais ou de Personalidade, como direito a
imagem e à privacidade, e não entre os direitos reais. Porém, mesmo que se considere que,
pelo aspecto patrimonial, os Direitos do Autor também sejam uma forma de propriedade
sobre o resultado da criação intelectual, subsiste outra vertente dos Direitos do Autor, os
denominados direitos morais de autor que se classificam como direitos de personalidade,
direitos esses que competem ao autor como pessoa e que são de carácter inalienável,
imprescritível e irrenunciável.
Deste modo, mesmo as marcas e o nome comercial ou da empresa, que o Direito trata como
uma forma de propriedade, adentram os direitos pessoais quando formados por nome ou
imagem de pessoas, por suas obras artísticas ou seus títulos. Assim, não se pode encarar a
propriedade intelectual exclusivamente sob o ângulo dos direitos reais sobre bens não
materiais.
a) A Propriedade Industrial, que tem por objectivos a protecção das invenções, das
patentes, dos projectos registados, das marcas registadas, dos desenhos e modelos
industriais, dos logotipos, dos nomes, das insígnias de estabelecimentos, sob a forma
de direito exclusivo de exploração.
a) Patentes
b) Projectos Registados
c) Direitos do Autor; e
d) Informação Confidencial
b) Reputação
4.1.2.1. Patentes
Segundo Cornish (1981), as patentes constituem o tipo mais conhecido de protecção da
tecnologia e, por isso, este termo é por vezes aplicado para outros tipos como, por exemplo,
para marcas comerciais ou direitos de autor onde é totalmente inaplicável.
Em termos de conceito, Patente é um direito exclusivo concedido à uma invenção, que pode
ser um produto ou um processo que proporciona uma nova maneira de fazer uma determinada
coisa, ou permite uma nova solução técnica, inventiva e útil, para a resolução de um
determinado problema na indústria.
Para Cornish (1981), apesar dos requisitos legais para registo de patentes diferirem de um
país para outro, eles podem ser generalizados em três títulos:
Assuntos Patenteáveis;
Novidade; e
Invenção.
c) Produtos Químicos – com excepção das áreas que tendem a ser reconhecidas
por muitos países, existem regras especiais que dependem de cada país. Por
exemplo, existem muitos países que não permitem a patenteação de produtos
químicos. Em geral, isto é mais baseado na legislação de cada país, que
princípio geral de patenteação. Contudo, modernamente, muitos países estão a
alterar a sua legislação com vista a conceder protecção essencialmente aos
produtos farmacêuticos.
ii. Novidade – O principal requisito para a aplicação da Patente é que, antes de uma
candidatura dar entrada, o assunto não deve ser conhecido no mundo, isto é, deve
ser uma novidade. Entretanto, apesar de variar de país para país, o principal
requisito para a Patente é que antes da primeira candidatura dar entrada não deve
existir nenhuma revelação do assunto. Por isso, segundo este requisito, qualquer
revelação em qualquer que seja a parte do mundo impede a patenteação quase em
todo mundo, excepto nos Estados Unidos da América onde a revelação deve ser
duma forma editada. Isto é, deve ter se registado algum uso público de tal
invenção.
iii. Invenção – Para se assegurar a patente, não basta que o conceito seja novo. Pois,
apesar de ser definido de maneiras diferentes, em muitos países a patenteação
Eng.º Paulo J. Conselho, MSc 3|
Introdução à Engenharia Capitulo 14 2020
Introdução à Engenharia
requer que o conceito seje inerente a uma invenção óbvia, em termos industriais.
Em outras palavras, deve existir uma revelação completa da invenção. Isto
envolve revelar a maneira de realização industrial da invenção.
Na prática, a protecção dos projectos registados é similar àquela proporcionada pela Patente e
é baseada na legislação aplicável em cada país. O processo de registo de projectos, é também
similar ao registo de Patente e envolve o pagamento de taxas estatutárias, a investigação do
projecto, por entidades competentes, com vista a determinação de diferenças em relação aos
projectos já existentes e tomada de decisão para o registo para um determinado período de
vida, durante o qual podem ser pagas as taxas de renovação, caso seja necessário. O período
de protecção para os projectos é usualmente mais curto que a Patente, sendo geralmente de 15
anos.
Além disso, para o registo de um determinado projecto deve-se preparar as diferentes vistas
do artigo projectado, podendo ser apresentada em forma de desenhos ou fotografias.
Geralmente a apresentação de desenhos é legalmente obrigatório. E importa referir que, o
registo do projecto protege apenas as partes do artigo indicadas como sendo novas. Isto deve
ser considerado, desde que significa que é necessário se caracterizar detalhadamente as
feições que proporcionam a nova aparência do artigo assegurando a sua diferenciação dos
outros do mesmo género.
Além disso, um documento, ou qualquer outro material protegido por Direitos de Autor
necessita de ser publicado ou, de outra maneira, posto ao domínio público. Pois, se um dado
trabalho nunca foi publicado, torna-se difícil de ser protegido contra as alegadas cópias
fraudulentas. Deste modo, para evidenciar os Direitos do Autor é necessário demonstrar o
seguinte:
A posse
A alegada violação.
Por isso, é sempre útil identificar os trabalhos que não podem ser postos livremente à
disposição do público com um sinal de protecção dos direitos do autor. O sinal
internacionalmente mais aplicado para trabalhos publicados é apresentado na figura abaixo.
Por exemplo, para um trabalho cujos direitos do autor pertencem `a empresa Moçambique
Editora, o sinal da sua protecção seria o seguinte:
″ Direitos reservados ″.
A simples cópia;
A transmissão;
A exibição pública; ou
Em adição, Cornish afirma que, a definição precisa da Informação Confidencial varia com a
jurisdição, tal como varia o tipo de informação que está sujeita à protecção. Contudo, existem
três factores que são comuns para todas as definições.
Não é geralmente conhecida por maior parte das pessoas da companhia e pelo público
em geral;
A Informação Confidencial não é protegida pela lei da mesma maneira que são protegidos os
projectos, as patentes e as marcas. Por isso, a mais significante distinção da Informação
Confidencial é que a ela é protegida sem a sua revelação, enquanto que os projectos, as
patentes e as marcas necessitam de serem revelados.
Importa referir que, para o sucesso comercial de qualquer empresa, a protecção da sua
Informação Confidencial, tal como: os secretos comerciais, a informação promocional e o
″know-how″, é muito importante. Curiosamente, apesar da enorme importância deste aspecto
da Propriedade Intelectual, ele é o menos abrangido pela legislação. Isto porque,
genericamente, a ″informação″ não pode ser considerada uma propriedade.
Deste modo, é considerada confidencial todo material que inclui os secretos comerciais de
uma empresa e que não pode ser protegida por lei em forma de Projecto ou Patente, tal como:
as especificações de materiais;
as fórmulas secretas;
as listas de clientes;
as listas de fornecedores; e
o ″Know-how″.
Geralmente, uma marca registada num determinado território garante ao seu titular a
propriedade e o uso exclusivo nesse território, durante um determinado período de tempo
prorrogável, nos termos da lei.
depende mais da sua alta qualidade que de um específico desenvolvimento técnico assegura o
seu sucesso por causa da sua reputação que por causa dos aspectos de inovação do negócio.
carecida de distinção;
enganosa; ou
propriedade de terceiros
4.1.2.6. Reputação
Adams (1987), considera que a reputação é, geralmente, um determinado aspecto da firma
que atrai os clientes. Ela pode ser representada pelo Nome ou por outras características que
criam uma entidade reconhecível na mente do cliente. Por exemplo, a reputação duma firma
pode ser representada por um particular estilo dos seus estabelecimentos ou por aparência dos
seus produtos.
A reputação comercial das firmas é protegida, por lei, em matérias relativas a competição
desleal. E muitos aspectos das firmas podem ser protegidos através dos direitos comuns da
reputação ou por um registo específico.
Para Adams (1987), a significante diferença entre o registo da marca comercial e a protecção
da reputação comercial das firmas é que o registo da marca comercial protege-a contra a sua
utilização por terceiros.
e) À Marca – que é um sinal distintivo que identifica certos bens ou serviços produzidos ou
fornecidos por uma específica pessoa ou empresa.
Importa referir que ao tutelar o ″software″ a lei não o protege na sua totalidade,
diferentemente de outra natureza de engenhos.
Deste modo, todo o profissional, especialmente o Engenheiro, deve guardar sigilo sobre o que
saiba em razão das suas funções, cabendo-lhe a responsabilidade de não revelar a informação
ou os conhecimentos partilhados entre ele e o seu empregador que, pela sua natureza, não
podem ser revelados a terceiros.
Neste contexto, o Sigilo Profissional é, pela natureza, inerente a profissão. Por isso, impõe-se
o seu respeito mesmo após a rescisão do mandato, salvo graves ameaças ao direito à vida e à
honra, porém sempre restrito ao interesse da causa.
caso, geralmente não existem obrigações que podem ser impostas a um ex-
trabalhador.
Entretanto, a conquista e manutenção dos mercados não se faz apenas pelo fabrico dos
novos produtos ou pela utilização de novas tecnologias, beneficiando de direitos exclusivos
de produção e comercialização. É também necessário dispor de um veículo apropriado que
permita ao consumidor identificar, a empresa produtora e, por vezes, a origem da
produção, garantindo-lhe uma certa qualidade e a certeza que o produto proporciona uma
satisfação às exigências que determinam a sua aquisição. Esse veículo é marca registada que
o consumidor memoriza e a relaciona com a qualidade dos produtos identificados por ela.
Após esta consideração em relação aos países economicamente mais desenvolvidos, urge
questionar a importância da Propriedade Industrial em Moçambique, como membro dos
países menos desenvolvido. E, para responder a esta questão, recorre-se, em termos gerais,
as características fundamentais de Moçambique nas áreas em que a Propriedade Industrial
tem incidência designadamente:
Importa salientar que não é fácil se obter informações tecnológica à revelia do seu
respectivo titular, dado que a eficáz tranferência da tecnologia não se limita ao
conhecimento da informação, ela deve ser acompanhado pelo ″Know-how″ que, na
maioria parte dos casos, não consta na documentação disponível e pela formação adequada
do pessoal necessário para a aplicação da tecnologia transferida. E, para tal, ao pessoal a
formar geralmente exige-se uma qualificação técnica em área de Engenharia.
Importa salientar que, enquanto a Patente estiver em vigor, a informação patenteada não se
encontrar disponível, para ser livremente utilizada na indústria sem o consentimento do
respectivo titular, mesmo assim, ela constitui, sem dúvidas, um bom elemento de estudo e
pode, eventualmente, ser um bom ponto de partida para a investigação e desenvolvimento de
novos produtos ou para a negociação com vista a aquisição de tecnologias.
Deste modo, para os engenheiros, a informação técnica e científica contida nas patentes
constitui um fundo documental muito importante no âmbito de qualquer programa de
investigação e desenvolvimento.
Além disso, a Marca Registada é também um factor estratégico das empresas, pois a escolha
do país onde se depositam os registos de marcas, corresponde a selecção de mercados onde se
pretende lançar os respectivos produtos.
Neste contexto, a Marca Registada não é apenas um elemento decorativo dos produtos ou
serviços, ela desempenha um papel económico muito importante para a disciplina e
ordenamento do comércio mundial.
Uma das principais características dos direitos da Propriedade Industrial é a da sua eficácia
ser apenas circunscrita ao território de um determinado país ou de uma determinada
organização regional de países, que os concede por aplicação das respectivas legislações
nacionais e regionais.
No entanto, a circulação de produtos e serviços que hoje em dia tende para a liberalização,
exige que os titulares dos direitos da Propriedade Industrial procurem proteger as suas
actividades comerciais e produtivas além fronteiras. Em muitos países, essa protecção é feita
pelo recurso à Propriedade Industrial. E este facto, determinou a adopção de normas
internacionais que estabelecem os princípios fundamentais das relações entre estados em
matéria de Propriedade Industrial.
Referências
- Adams, J. ( 1987), ‘Merchandising Intellectual Property’. Butterworth, Oxford.
- Baille, I. C. (1987), ‘Practical Business Management of Intellectual Property’ Longman,
London.
- Cornish, W. (1981), ‘Intellectual Property, Patents, Copyright and Allied Rights’, Sweet &
Maxweel, Oxford.
- Mehitan, S. And Griffiths, D. (1986), ’Restraint of Trade and Business Secrets – Law and
Pratice’, Longman, London.