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Propriedade Industrial

Prof. Yuri Fernandes Lima


Propriedade Industrial
Propriedade Intelectual: envolve a proteção de todos os bens imateriais
oriundos de uma criação intelectual. Gênero que engloba as espécies
propriedade autoral e propriedade industrial.

Propriedade Autoral: começa a partir da criação intelectual e não do


registro nos órgãos competentes, que é apenas ato declaratório que confere
proteção ao direito autoral. Estudada pelo Direito Civil e regulada pela Lei
9.610/1998.

Propriedade Industrial: começa a partir do ato constitutivo de concessão da


patente de invenção ou de modelo de utilidade, do registro da marca e do
registro do desenho industrial. Estudada pelo Direito Empresarial e regulada
pela Lei 9.279/1996 (LPI).
Propriedade Industrial
Evolução histórica no mundo:

1) Statute of Monopolies, 1623, Inglaterra


2) Constituição dos EUA de 1787
3) Convenção da União de Paris – CUP, 1886: uniformização e
internacionalização das regras sobre a proteção da propriedade
industrial
4) Acordo TRIPS, 1994: originou a WTO – World Trade Organization.
Ratificado pelo Brasil pelo Decreto 1.355/1994.
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Convenção ou União ou Convenção da União de Paris ou CUP

O Brasil é país unionista, isto é, signatário da União de Paris.

Em função disto, vigoram no direito brasileiro os princípios e normas


consagrados pela referida Convenção.
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Princípios:

1) Assimilação ou Tratamento Nacional (art. 2º, CUP): não é


admissível a criação, no direito brasileiro, de distinções entre
nacionais e estrangeiros, em matéria de direito industrial;

2) Prioridade Unionista: é possível a qualquer cidadão de país


signatário da União reivindicar prioridade de patente ou registro
industrial, no Brasil, à vista de igual concessão obtida,
anteriormente, em seu país de origem;
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Princípios:

3) Independência das Patentes (art. 4º bis, CUP): as patentes


requeridas nos diferentes países da União por nacionais de países
da União serão independentes das patentes obtidas para a mesma
invenção nos outros países, membros ou não da União; e

4) Territorialidade: a proteção conferida pelo Estado por meio de


patente ou de registro de desenho industrial tem validade somente
nos limites territoriais do país que a concede.
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Evolução histórica no Brasil:

1) Alvará de Dom João VI, 1809: primeiro ato de proteção à invenção


2) Constituição de 1824
3) Decreto 2.682/1875: primeira lei de proteção de marcas
4) Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e 1988
5) Lei 9.279/1996 (LPI)
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A proteção dos direitos da propriedade industrial efetua-se mediante o
determinado pelo artigo 2º da Lei 9.279/1996:

1) Concessão de Patentes de Invenção e de Modelo de Utilidade (I)


2) Concessão de Registro de Desenho Industrial (II)
3) Concessão de Registro de Marca (III)
4) Repressão às Falsas Indicações Geográficas (IV)
5) Repressão à Concorrência Desleal (V)
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Os empresários titulares desses bens têm o direito de explorá-los


economicamente com exclusividade e podem impedir que
concorrentes se utilizem deles.

Para que alguém explore algum desses bens é necessária autorização


ou licença do titular do bem.
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Como os demais bens integrantes do patrimônio do empresário, esses


bens podem ser alienados por ato inter vivos ou mortis causa.

Os direitos industriais são concedidos pelo Estado, por meio de uma


autarquia federal, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI).

Nasce o direito à exploração exclusiva do objeto da patente ou do


registro a partir do ato concessivo correspondente.
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Patentes (arts. 6º a 93 da LPI)

É patenteável o que pode ser produzido em série, o que pode ser explorado
pela indústria. A patente diz respeito à invenção ou ao modelo de utilidade.

Invenção é o ato original do gênio humano, projeção de algo até então


desconhecido.

Toda invenção é original, mas nem sempre será nova, desconhecida. A


novidade é condição da patenteabilidade da invenção.
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Modelo de utilidade é o objeto de uso prático suscetível de aplicação
industrial, com novo formato de que resultam melhores condições de
uso ou fabricação.

Não há invenção, mas acréscimo na utilidade de alguma ferramenta,


instrumento de trabalho ou utensílio. Aperfeiçoamento da invenção.

É chamada também de “pequena invenção” e goza de proteção


autônoma em relação à da invenção cuja utilidade foi melhorada.
Patente de Invenção
Patente de Modelo de Utilidade
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A patenteabilidade de invenções e modelos de utilidade está sujeita aos
seguintes requisitos:

1) Novidade: não basta, para a obtenção do direito industrial, que a


invenção ou o modelo sejam originais, característica de natureza
subjetiva, isto é, relacionada ao inventor. É necessário que a criação seja
desconhecida. Nos termos da lei, a criação não poderá estar
compreendida no “estado da técnica” (art. 11, LPI).

O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao


público antes da data de depósito do pedido de patente (art. 11, § 1º,
LPI).
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2) Atividade inventiva: atividade humana empregada para chegar ao objeto
da patente, o esforço intelectual do criador. Diferente da “mera”
descoberta.

A lei define que a invenção apresenta inventividade quando não é uma


decorrência óbvia do estado da técnica (art. 13, LPI), ou seja, deve
despertar nos técnicos o sentido de real progresso.

O modelo de utilidade atende ao requisito se não decorrer de maneira


comum ou vulgar do estado da técnica, segundo o parecer dos
especialistas (art. 14, LPI).
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3) Aplicação industrial: somente a invenção ou modelo suscetível de
aproveitamento industrial, da produção em escala, pode ser
patenteado (art. 15, LPI).

Exemplos: máquina cujo funcionamento depende de combustível


ainda inexistente; descobertas, teorias científicas e métodos
matemáticos, concepções puramente abstratas; obras literárias,
arquitetônicas, artísticas ou científicas ou qualquer criação estética;
programas de computador em si (direito autoral – Lei 9.609/1998)
etc.
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4) Não impedimento: a lei proíbe, por razões de ordem técnica ou de atendimento
ao interesse público, a patenteabilidade de determinadas invenções ou modelos
(art. 18, LPI):

I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à


saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer
espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os
respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de
transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera
descoberta.
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Vigência da Patente (art. 40, LPI):

a) De 10 a 20 anos para a invenção; e


b) De 7 a 15 anos para o modelo de utilidade.

Contados do respectivo “depósito”, data em que o pedido foi protocolado no


INPI.

Sem prorrogação; após os períodos de proteção, a invenção e o modelo de


utilidade serão de domínio público.
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Durante este período, qualquer terceiro está proibido de explorar o


produto objeto de patente sem a autorização de seu titular,
permitindo ao titular ingressar com as medidas judiciais necessárias
para impedir a utilização indevida da patente, além de requerer a
indenização por esse uso indevido (arts. 47 e 209, parágrafo 1º, LPI).

A exclusividade pode ser cerceada pela possibilidade de concessão de


licenças.
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Patentes Pipeline

A patente pipeline é a ferramenta utilizada pelas indústrias,


especialmente farmacêuticas, para conseguir a proteção da patente de
invenções ocorridas durante a vigência da lei anterior (Lei
5.772/1971), período em que não era possível no Brasil requerer a
patente de medicamentos ou produtos alimentícios.

A LPI admite requerer a patente dessas invenções (arts. 230 e 231).


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Dies a quo do prazo de vigência das patentes pipeline

Art. 231, § 4º Fica assegurado à patente concedida com base neste artigo o
prazo remanescente de proteção no país onde foi depositado o primeiro
pedido, contado da data do depósito no Brasil e limitado ao prazo previsto
no art. 40, não se aplicando o disposto no seu parágrafo único.

REsps 445.712/RJ, 731.101/RJ, 1.092.139 e 1.145.637: o prazo de proteção


da patente pipeline deve ser o remanescente que a patente originária tem
no exterior, contado, ao réves, a partir da data do primeiro depósito do
pedido de proteção patentária, o qual incidiria a partir da data do depósito
no Brasil, limitado tal período, entretanto, a 20 anos. Interpretação
sistemática com o art. 4º bis da CUP e o art. 33 do TRIPS.
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Legitimidade para requerer a patente

O titular da patente é quem faz o pedido de patente junto ao INPI, ou


ainda seus herdeiros ou sucessores (art. 6º, parágrafo 2º, LPI).

Se duas ou mais pessoas desenvolverem a patente conjuntamente, a


patente pertencerá a todos, desde que todos façam o pedido, ou ainda
se um deles fizer o pedido e qualificar todos os outros (art. 6º,
parágrafo 3º, LPI).
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Por outro lado, se duas ou mais pessoas entenderem que são titulares
isoladamente da patente, ela será de quem primeiro depositar o
pedido, não importando a data da criação ou da concessão (art. 7º,
LPI).

Se um empresário contratar um empregado para desenvolver a


pesquisa ou uma atividade inventiva cuja execução do contrato ocorra
no Brasil, e dessa atividade resultar uma invenção, ela pertencerá
integralmente ao empregador (art. 88, LPI).
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Se o empregado não for contratado para desenvolver uma atividade


inventiva, mas com seu trabalho e com os recursos do empregador,
desenvolver uma invenção, a patente será comum, em partes iguais,
para o empregado e o empregador. Nesse caso, o empregador terá a
prioridade da licença da exploração (art. 91, LPI).

Por fim, se o empregado desenvolver sozinho a invenção, fora do


horário de trabalho e sem utilizar dos recursos do empregador, a
patente será exclusivamente do empregado (art. 90, LPI).
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Se a patente for concedida a pessoa que não era a verdadeira titular,


como nos casos acima, é cabível a adjudicação da patente (art. 49, LPI).
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Procedimento para a concessão da patente:

1) Depósito: o titular da patente redigirá seu pedido contendo a descrição


detalhada do objeto, juntamente com o comprovante do pagamento de
retribuição (art. 19, LPI).

2) Exame Preliminar: uma vez requerida ou depositada, haverá um exame


preliminar para verificar se o depósito foi feito regularmente (art. 20, LPI).

3) Sigilo: após essa análise, haverá um período de sigilo de 18 meses para


que o responsável pela patente possa se organizar, a fim de desenvolver sua
criação (art. 30, LPI).
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4) Publicação: se o autor do pedido não precisar desse período do sigilo,
poderá pleitear sua dispensa e, com isso, antecipará a publicação do seu
invento, que será realizada pelo INPI na Revista da Propriedade Industrial
(art. 30, parágrafo 1º, LPI).

5) Oposição: a publicação é o meio pelo qual terceiros saberão do pedido e


poderão apresentar oposição a ele, que serão levados em conta pelo INPI,
durante o exame.

6) Novo Requerimento e Exame: após 60 dias da publicação, o exame do


pedido da patente terá início. O exame depende de novo requerimento do
depositante ou de qualquer interessado que pode ocorrer em 36 meses
contados do depósito (art. 31, LPI).
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7) Arquivamento: novo requerimento é necessário para deixar claro


que o inventor não perdeu o interesse na concessão da patente. Se não
houver um novo requerimento em até 36 meses, o INPI arquivará o
pedido de patente (art. 33, LPI).

8) Concessão: após o exame técnico, a patente será concedida, com a


expedição da carta patente (art. 38, LPI).
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Nulidade da patente

A nulidade pode ser requerida, administrativa (arts. 50 a 55, LPI) ou


judicialmente (arts. 56 e 57, LPI), pelo INPI ou por qualquer interessado,
quando:

1) os requisitos para a concessão da patente não estiverem presentes;


2) houver algum erro no procedimento administrativo para a concessão,
como por exemplo, a falta de publicação; ou
3) se pretender questionar a titularidade, como por exemplo, na patente
envolvendo direito de empregado e empregador.
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Cessão e Licença da patente

É possível que o titular da patente não queira ou não tenha condições de


explorar a patente concedida, caso em que é possível conceder a cessão ou
licença para um terceiro interessado.

Na cessão, ocorre a transferência de propriedade, deixando o titular de ser


proprietário da invenção (arts. 5º, 58 e 59, LPI).

Na licença, o titular continua sendo o proprietário, mas permite ou é


obrigado a permitir que terceiro explore a patente. Constitui, assim, uma
permissão de uso.
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Licença Voluntária da patente

Ocorre com acordo de vontades, que será averbado junto ao INPI para
que produza efeitos perante terceiros.

O licenciado paga ao titular os royalties combinados e terá a duração


combinada pelas partes (arts. 61 e 62, LPI).
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Licença Compulsória da patente

Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente


se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela
praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por
decisão administrativa ou judicial.
§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:
I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de
fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso
integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade
econômica, quando será admitida a importação; ou
II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado.
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Causas de extinção da patente (art. 78, LPI):

I - expiração do prazo de vigência


II - renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros (licenciados)
III - caducidade (não utilização por 2 anos)
IV - falta de pagamento da retribuição anual
V - falta de procurador no Brasil, quando o titular é domiciliado no exterior

Extinta a patente, o seu objeto cai em domínio público.


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Registro Industrial (arts. 94 a 121 da LPI – Desenho Industrial; arts.
122 a 182 da LPI – Marcas)

O que se pretende preservar é uma ideia, seja um sinal pelo qual será
conhecido um produto ou serviço, seja a forma inovadora de um
objeto.

A marca e o desenho industrial são registráveis no INPI para fins de


concessão do direito de exploração exclusiva.
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O direito brasileiro confere ao registro industrial o caráter de ato
administrativo constitutivo, ou seja, o direito de utilização exclusiva do
desenho ou da marca não nasce da anterioridade em sua utilização, mas da
anterioridade do registro.

Desenho industrial diz respeito à forma (design) dos objetos, e serve tanto
para lhes conferir um ornamento harmonioso como para os distinguir de
outros do mesmo gênero.

Art. 95 da LPI: Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental


de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser
aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na
sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.
Cadeira Hill House
Charles Rennie Mackintosh, Escócia, 1902
Cadeira Vermelha e Azul
Gerrit Rietveld, Holanda, 1918
Cadeira Wassily
Marcel Breuer, Alemanha, 1925
Cadeira Barcelona
Ludwig Mies Van Der Rohe e Lilly Reich, Alemanha, 1929
Outras Cadeiras

http://www.electramag.com.br/como-as-cadeiras-ajudam-a-entender-
a-historia-do-design/
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O registro do desenho industrial está sujeito aos seguintes requisitos:

1) Novidade: o desenho deve ser novo; não poderá estar


compreendida no “estado da técnica” (art. 96, LPI).

O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível


ao público antes da data de depósito do pedido (art. 96, § 1º, LPI).
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2) Originalidade: o desenho é original quando apresenta uma


configuração própria, não encontrada em outros objetos, ou
quando combina com originalidade elementos já conhecidos.

Art. 97 da LPI: O desenho industrial é considerado original quando


dele resulte uma configuração visual distintiva, em relação a
outros objetos anteriores.
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3) Aplicação Industrial: a inovação visual deve ser explorada pela


indústria.

Art. 98 da LPI: Não se considera desenho industrial qualquer obra de


caráter puramente artístico.
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4) Não impedimento: a lei impede o registro de desenho industrial em
determinadas situações (art. 100, LPI):

I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a


honra ou imagem de pessoas, ou atente contra liberdade de consciência,
crença, culto religioso ou idéia e sentimentos dignos de respeito e
veneração;

II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela


determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.
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Vigência do Desenho Industrial:

O registro do desenho industrial tem o prazo de duração de 10 anos,


contados da data do depósito, e pode ser prorrogável por até 3
períodos sucessivos de 5 anos cada (art. 108, LPI).
Propriedade Industrial
Procedimento para o registro do desenho industrial:

1) Pedido de Registro: o inventor do resultado visual inovador faz o


pedido de registro de desenho industrial no INPI, com a descrição, foto
ou desenho, área de aplicação e comprovante do pagamento de
retribuição (art. 101, LPI).

2) Exame Formal Preliminar: com a apresentação do pedido, será


realizado um exame formal preliminar, analisando a documentação
entregue (art. 101, LPI).
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3) Sigilo: se pedido, será de 180 dias contados do depósito (art. 106,


LPI).

4) Publicação e Expedição do Certificado: caso contrário, será


automaticamente publicado e simultaneamente será expedido o
respectivo certificado (art. 106, LPI).
Certificado de Registro de Desenho Industrial
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Nulidade do desenho industrial

A nulidade pode ser requerida, administrativa (arts. 113 a 117, LPI) ou


judicialmente (art. 118 LPI), pelo INPI ou por qualquer interessado.
Propriedade Industrial

Causas de extinção da proteção do desenho industrial (art. 119, LPI):

I - expiração do prazo de vigência


II - renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros
III - falta de pagamento da retribuição
IV - falta de procurador no Brasil, quando o titular é domiciliado no
exterior
Propriedade Industrial
Marca é um sinal visualmente distintivo que identifica produtos,
serviços, padrões de qualidade ou certificações. O registro da marca
está sujeito aos seguintes requisitos:

1) Novidade relativa: novidade da utilização de signo na identificação


de produtos industrializados ou comercializados, ou de serviços
prestados, apenas no segmento de atividade econômica explorada
pelo titular. Princípio da Especialidade (ou Especificidade, para
Fábio Ulhoa Coelho). REsp 142.954/SP.
Propriedade Industrial

Classificação Internacional de Produtos e Serviços de Nice (NCL, na


sigla em inglês)

Quando o usuário deposita o seu pedido de marca, é necessário indicar


quais produtos ou serviços aquela marca visa a proteger. O INPI adota a
NCL, que possui uma lista de 45 classes com informações sobre os
diversos tipos de produtos e serviços e o que pertence a cada classe.
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2) Não colidência com marca de alto renome

A marca de alto renome representa uma exceção ao princípio da


especialidade que protege a marca apenas em determinado ramo de
atividade, pois é protegida em todos os ramos de atividade (art. 125,
LPI).

A marca de alto renome é aquela conhecida por um número expressivo


de pessoas e em grande parte do território nacional, e exatamente por
esse conhecimento gera uma atração ao consumidor.
Marcas de Alto Renome
Marcas de Alto Renome
Marcas de Alto Renome
Marcas de Alto Renome
Outras Marcas

http://mundodasmarcas.blogspot.com/
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3) Não colidência com marca notoriamente conhecida

A marca notoriamente conhecida é aquela conhecida em seu ramo de


atividade, mas protegida independentemente de seu registro no Brasil.

Isso em razão da Convenção da União de Paris – CUP (art. 6º bis), da qual


participa o Brasil (art. 126, LPI).

A marca notoriamente conhecida, ainda respeitando o princípio da


especialidade, pois só é protegida em certo ramo de atividade, é uma
exceção ao princípio da territorialidade.
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4) Não impedimento: a lei impede o registro, como marca, de determinados signos
(art. 124, LPI) – 23 incisos:

VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo


peculiar e distintivo;
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo,
de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço
idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com
marca alheia;
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o
requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade
[...] se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante
ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.
Propriedade Industrial
Classificações

A marca pode ser registrada sob 3 espécies, de acordo com sua utilização (art. 123,
III, LPI):

I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço


de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um
produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas,
notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia
empregada; e
III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos
de membros de uma determinada entidade.
Espécies de Marcas
Marcas de Certificação
Marcas de Certificação
Marcas de Certificação
Marcas de Certificação
Marcas Coletivas
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A marca também pode ser diferenciada quanto à sua forma:

1) Nominativa: composta por palavras, letras, nomes, algarismos ou


expressões. Exemplos: Fusca, Barbie, Playstation, Faber-Castell.
2) Figurativa: composta por desenhos, imagens, símbolos ou qualquer
sinal distintivo. Exemplos: VW, Shell.
3) Mista: composta por formas nominativas e figurativas. Exemplos:
Vivo, Ferrari, Puma, Paçoquita, Caixa, Pernambucanas.
4) Tridimensional: composta pela forma plástica de determinado
produto, ou mesmo de sua embalagem. Toblerone, Yakult.
Marcas Nominativas
Marcas Figurativas
Marcas Mistas
Marcas Tridimensionais
Propriedade Industrial
Legitimidade para requerer o registro da marca

A marca pode ser requerida por pessoas físicas ou jurídicas de direito


público ou privado (art. 128, caput, LPI).

Com relação às PJs de direito privado, a marca requerida precisa ter relação
com o ramo de atividade realizado, ainda que indiretamente (art. 128, § 1º,
LPI).

Em relação à marca coletiva, apenas uma PJ que representa uma coletividade


pode requerer o registro dessa marca (art. 128, § 2º, LPI).
Propriedade Industrial
Em relação à marca de certificação, apenas a pessoa sem interesse comercial
ou industrial direto no produto ou serviço atestado pode requerer o registro
dessa marca (art. 128, § 3º, LPI).

Em regra, a proteção é dada a quem primeiro registrou a marca no INPI, mas


o legislador assegurou o direito de precedência a quem boa-fé utilize no
Brasil, 6 meses antes do depósito, marca parecida ou idêntica (art. 129, § 1º,
LPI).

Outra prioridade é a de quem tem a marca registrada em outro país, que


também recepcionou a CUP, que terá por 6 meses a prioridade do registro.
Propriedade Industrial
Procedimento para o registro da marca:

1) Pedido de Registro: o interessado deposita o pedido de registro da


marca com as identificações e o comprovante do pagamento de
retribuição (arts. 147, 148 e 155, LPI).

2) Exame Preliminar: após a apresentação do pedido, o INPI faz um


exame preliminar, apenas para analisar os requisitos formais (art. 156,
LPI).
Propriedade Industrial

3) Publicação: depois desse exame, se não houver nenhum problema,


ocorrerá a publicação da marca, que poderá ser impugnada no prazo
de 60 dias, por qualquer pessoa (art. 158, LPI).

4) Exame: só então será examinado o pedido de registro da marca pelo


INPI, concedendo ou não o registro da marca (art. 160, LPI).

5) Concessão: a concessão se verifica com a publicação do certificado


de registro de marca (art. 163, LPI).
Certificado de Registro de Marca
Propriedade Industrial
Vigência

O registro de marca tem prazo de duração de 10 anos, contados da data da


concessão (e não do depósito, como na patente e no registro de desenho
industrial), e pode ser prorrogável por períodos iguais e sucessivos (art. 133,
LPI).

A prorrogação deve ser pedida no último ano do prazo de vigência, com o


pagamento da taxa de retribuição, mas é possível que a prorrogação ocorra
em até 6 meses após o término do prazo de vigência (art. 133, LPI).
Propriedade Industrial

A taxa devida ao INPI pelo titular desse registro, denominada


“retribuição”, é devida na concessão e a cada prorrogação do registro
(arts. 133, parágrafo 1º, e 155, III, LPI).

O registro de marca caduca nas hipóteses de (i) sua exploração


econômica não tiver início no Brasil em 5 anos, a partir da sua
concessão; (ii) interrupção desta exploração, por período de 5 anos
consecutivos; e (iii) alteração substancial da marca.
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Direitos

O titular da marca tem os seguintes direitos:

1) Ceder seu registro ou pedido de registro


2) Licenciar seu uso
3) Zelar pela sua integridade material e reputação (arts. 129 e 130,
LPI)
Licença de Uso de Marca
Propriedade Industrial

Nulidade da marca

A nulidade pode ser requerida, administrativa (arts. 168 a 172, LPI) ou


judicialmente (arts. 173 a 175 LPI), pelo INPI ou por qualquer
interessado.
Propriedade Industrial
Causas de extinção da proteção da marca (art. 142, LPI):

I - pela expiração do prazo de vigência;


II - pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos
produtos ou serviços assinalados pela marca;
III - pela caducidade; ou
IV - falta de procurador no Brasil, quando o titular é domiciliado no
exterior

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