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CADEIAS GLOBAIS DE VALOR E

DESENVOLVIMENTO ECONOMICO
Disc.: Teorias do Desenvolvimento

Prof.: Silvio A. F. Cario – UFSC


André Leite
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Capacidade de produzir e de exportar bens


manufaturados sofre profunda dispersão

• Formação de redes de empresas localizadas em países


tanto centrais como periféricos

• A produção de mercadoria abarca diversos países que


apresentam vantagens competitivas

• Principal direção dos movimentos dos produtos é de


países periféricos para países centrais
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Principal direção dos movimentos dos produtos é


de países periféricos para países centrais

• Empresas transformam produto final, a partir


de uma rede de trabalho e de processo produtivo.

• Cadeia de valor descreve atividades desde a sua


concepção, produção, distribuição e consumo
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Analisar os determinantes que levam:

• As empresas a realizarem os processos de offshoring


(terceirização);

• As empresas realizarem e outsourcing (expatriação);


ou

• As empresas manterem a sua produção verticalizada.


CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Características das cadeias de valor na era da


globalização

• 1ª.) Crescente importância da competitividade


sistêmica

Crescente divisão de trabalho global

Dispersão global da produção de


componentes
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• Características das cadeias de valor na era da
globalização

• 2a.) Eficiência produtiva das empresas


participantes

Condição necessária para inserção no mercado


global

Restrições às fases ligadas a produção


agregadoras de valor
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Dimensões da Cadeia Global de Valor

• 1ª.) Cadeia de valor agregado de produtos,


serviços e recursos em um ou mais setores
industriais – matriz insumo-produto

• 2º.) Dispersão geográfica das redes de produção e


distribuição nos âmbitos nacional, regional e
global - territoriabilidade
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Dimensões da Cadeia Global de Valor

• 3º.) Estrutura de comando nas relações de autoridade e


poder entre as empresas que determinam a alocação -
governança

• 4º.) Arcabouço institucional que identifica as condições


e as políticas locais, nacionais e internacionais atuando
em cada estagio da cadeia produtiva.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• 1) DIMENSÃO - MATRIZ INSUMO-PRODUTO

• Identifica quais etapas do processo produtivo se encontra uma


determinada indústria de uma determinada localidade.

• É possível determinar o montante de valor adicionado em cada


elo da cadeia.

• Medida quantitativa, em termos de valor agregado, de quais


localidades e etapas que se beneficiam mais em cada cadeia de
valor.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• 1) DIMENSÃO MATRIZ INSUMO-PRODUTO

• Possível extrair indicadores...Hummels et al (2001)

• indicador de especialização vertical (VS) ... Mede a quantidade


de insumos externos, em termos de valor adicionado, contidos
nas exportações domésticas de um país.

• indicador de especialização vertical (VS1)... Indica o montante


de valor agregado doméstico contido nas exportações
estrangeiras.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 1) DIMENSÃO - MATRIZ INSUMO-PRODUTO

• Koopman et al. (2010) propõe dois indicadores:

• GVC position
• Indica se a nação está mais na ponta inicial da cadeia,
fornecendo produtos primários para o resto do mundo, ou se
está mais no final, processando produtos para a reexportação.

• GVC participation.
• Mostra a participação de um país ou região nas CGVs, medida
pela proporção de suas exportações que fazem parte dessas
cadeias.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• 1) DIMENSÃO - MATRIZ INSUMO-PRODUTO

• Um país pode participar das CGV de duas maneiras:

• “Para trás” (backward participation), medido pela proporção


valor adicionado estrangeiro em suas exportações (VS); e,

• “Para frente” (foward participation), medida pela proporção


de valor adicionado doméstico contido nas exportações
estrangeiras (VS1).
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• 2) TERRITORIABILIDADE

• Está ligada à dispersão geográfica em que os elos da cadeia se


encontram.

• O avanço dos transportes e das tecnologias da informação e


comunicação permitiram a maior “pulverização” geográfica da
produção.

• As grandes firmas buscando auferir as vantagens de cada


localidade, como custo do trabalho, mão de obra especializada e
acesso a recursos naturais.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 2) DIMENSÃO - TERRITORIABILIDADE

• Analises consideram:

• Fluxos comerciais internacionais

• Localização da concentração do emprego

• Estrutura de governança

• Barreiras de entrada do segmento produtivo

• Intensificação do comercio regional


CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• As estruturas de governança nos mostram como são


coordenadas as cadeias de valor.

• Quais são as empresas que controlam o processo produtivo,


quais são as subordinadas, e qual o poder de cada uma dentro
da cadeia.

• Definida como “authority and power relationships that


determine how financial. material , and human resources are
allocated and flow within a chain” (GEREFFI, 1994, p.97).
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• Formas de coordenação

• Posição (quem desempenhará tal função)

• Controle (padrões de qualidades exigidos)

• Logística (transportes e outros serviços)

• Integração (composição dos elos)


CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• Parâmetros chaves:

• o que deve ser produzido – definição do produto

• como deve ser produzido – tecnologia e normas

• quando deve ser produzido – período

• quanto a ser produzido – volume e meta

• determinação de preços – valor específico

• agentes externos – governos e outros órgãos


CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• Outros elementos presentes na governança:

• Exercício da governança – compradores externos, produtores


internos e agentes externos

• Exercício de sanções – exclusão de empresa da rede de


produção e de mercados finais

• Exercício de gratificações – implementação de padrão de


qualidade exclui de auditoria externa
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• Governança comandada pelos PRODUTORES:

• Grandes empresas industriais controlando a produção

• Dispersão geográfica transnacional da produção

• Produção por subsidiária e subcontratação

• Alianças estratégicas entre rivais internacionais

• Hierarquia comandada pela empresa estrangeira

• Lucratividade dependendo de economia de escala e dos


avanços tecnológicos
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• Governança comandada por COMPRADORES:

• Grandes varejistas, empresas detentoras de marcas, empresas


comerciais e distribuidores formando de redes de produção em
países exportadores

• Caracterizado pela produção de bens de consumo....vestuário,


calçados...

• Produção segue as especificações e desenhos dos compradores de


marca

• Lucratividade depende da pesquisa, design, venda, distribuição


e serviços
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
Itens Cadeias Comandadas por Cadeias Comandadas por
Produtores Compradores

Dirigentes da Cadeia de Valor Capital Industrial Capital Comercial


Competências Centrais Pesquisa, Desenvolvimento, Design, Marketing
Produção.

Barreiras à Entrada Economias de Escala Economias de Escopo


Setores Econômicos Bens de Consumo Duráveis, Bens Bens de Consumo não Duráveis
Intermediários e Bens de Capital.

Indústrias Típicas Automotiva, Computacional, Vestuário, Calçados, Brinquedos.


Aeronáutica

Características das Empresas Transnacionais Locais, predominantemente em


países em desenvolvimento.

Característica da Rede de Produção Baseada em Investimentos Baseada em Comércio

Estrutura da Rede de Produção Vertical Horizontal


Figura Comparação entre Cadeias Comandadas por Produtores e Compradores
Fonte: Gereffi (1999)
• Silvio
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

Outras formas de governança:


CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• 1) Relações de Mercado:

• São relações baseadas nos preços, onde o custo de mudança para


outro parceiro é baixo tanto para o comprador quanto para o
fornecedor.
•  
• ii) Cadeias de Valores Modulares:

• Fornecedores fazem o produto de acordo com as especificações do


cliente, assumindo a responsabilidade pelas competências do
processo tecnológico e dos desembolsos para a aquisição dos
componentes para o processo produtivo do produto fornecido.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• iii) Cadeias de Valores Relacionais:

• Há uma alta dependência mútua entre fornecedores e clientes.


Estes vínculos estão ligados à reputação, laços étnicos e
familiares e proximidade geográfica.

• Os custos de mudança para outro parceiro comercial é alto


tanto para os fornecedores quando para os clientes. Abrangem
produtos de alta qualidade ou com características únicas.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• iv) Cadeias de Valores Cativas:

• Nesse tipo de cadeia os fornecedores são empresas de pequeno


porte muito dependentes dos grandes compradores, que, nesse
caso, são as empresas líderes.

• Os fornecedores enfrentam alto custo de mudança e há um alto


controle e monitoramento feito pelas firmas líderes sobre seus
fornecedores.
 
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 3) DIMENSÃO - ESTRUTURA DE GOVERNANÇA

• v) Relações Hierárquicas:

• Caracterizada pela integração vertical, onde as firmas líderes


internalizam a produção.

• O que se observa é o controle gerencial das matrizes com as suas


subsidiárias ou afiliadas.

• A verticalização da produção ocorre em produtos estratégicos,


dificilmente codificados, de alta complexidade ou sem fornecedores
especializados.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• 4ª DIMENSÃO CONTEXTO INSTITUCIONAL

• É a “estrutura institucional que identifica como as condições e


políticas locais, nacionais e internacionais moldam o processo e
globalização em cada etapa da cadeia”. (GEREFFI, 1995, p. 113)

• Essas instituições seriam as “regras do jogo” entre as


organizações e a operação cadeias (GIBBON, BAIR, PONTE,
2008).

• Seriam: a qualificação da força de trabalho, os subsídios e outros


incentivos governamentais, impostos, política de inovação, custo
do trabalho e infraestrutura local.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• UPGRADING em Cadeias Produtivas Globais

• Processo de melhoramento da habilidade da


empresa ou de uma economia movendo para
nichos mais lucrativos ou sofisticados.

• Questão Central: Como os participantes de rede


de empresas em cadeia global podem aumentar os
lucros?
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Upgrading em Cadeias Produtivas Globais

• i) em produtos – mudança do mix de


produtos, de baixo valor para alto valor, de
simples para complexos

• ii) na rede de empresas – mudança de


fabricação de produtos padronizados para
produção flexível de bens diferenciados
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• Upgrading em Cadeias Produtivas Globais

• iii) na economia local ou regional – mudança


de montadores de insumos importados para
produção mais integrada para frente e para
trás

• iv) dentro de regiões – mudança de um fluxo de


comércio inter-regional bilateral para intra-
regional, incorporando fases da cadeia de valor
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Outras ocorrências de Upgrading:

• UPGRADING DE PROCESSO – empresas


tornam a fase produtiva mais eficiente através
da reorganização do sistema de produção:

• Técnicas just-in-time, kanban, redução do


prazo de entrega, práticas ambientaise
tecnologias superiores
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Outras ocorrências de Upgrading:

• UPGRADING DE PRODUTO – introdução de


novos produtos com maior valor agregado ou
aperfeiçoar os antigos de forma mais eficiente:

• Mudança de foco de mercado ou de um


reposicionamento na cadeia de valor
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• CGV em Países em Desenvolvimento

• A integração produtiva em nível mundial, as CGV têm


criado oportunidades para os países em desenvolvimento.

• Trazem fluxos de comércio, investimento, mecanismos para


o aprendizado, a inovação e o upgrading econômico.

• Contudo, a participação em CGV tem se mostrado bastante


heterogênea.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• o Leste e o Sudeste Asiático são os que participam mais


consideravelmente das CGV.

• Participação similar ao dos países desenvolvidos, importam


muitos bens intermediários e os reexportam posteriormente
após algum grau de processamento.

• Apresentam um alto indicador de participação para trás


(backward participation) quanto de participação para frente
(foward participation).
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• Países latino-americanos

• Baixa integração nas CGV se dá pela baixa participação para


trás, produzem boa parte dos insumos que necessitam para a
produção e posterior exportação dos produtos.

• As nações do Sul da Ásia

• Participam na outra ponta das CGV, concentrando na


exportação de bens e produtos finais, e, portanto, tendo uma
baixa participação para frente.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• Países em desenvolvimento – “armadilha da renda média”

• Quando uma economia de renda média cai em uma estagnação


ou desaceleração econômica, e não consegue se desenvolver
como uma nação de elevado nível de renda.

• País não consegue competir internacionalmente em produtos


padronizados e intensivos em mão de obra, devido aos salários
mais altos que nos países pobres.

• País não consegue competir nos produtos de alto valor


agregado, devido à menor produtividade nesses setores do que
os países ricos.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• Fatores que “aprisionam” os países em um nível de renda médio:

• Os salários vão crescendo e as atividades intensivas em trabalho perdem


competitividade e a economia precisa mudar para atividades de maior
complexidade.

• Baixa qualificação da mão de obra, problemas de infraestrutura e


demografia, aparato institucional precário, ambiente macroeconômico
instável e forte desigualdade social.

• Falta de capacidades das firmas, que dificulta a absorção de


conhecimento e o desenvolvimento tecnológico para a aceleração do
crescimento e desenvolvimento econômico .
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• CGV e Sistemas de Inovação

• Com SI, melhoram as possibilidades para as firmas locais se inserirem


em atividades com maior agregação de valor.

• SI pode influenciar nos fluxos de informação entre multinacionais e suas


subsidiárias.

• As matrizes buscam diversificar suas fontes de informação, criar


competências locais e novas competências tecnológicas.

• SI pode reduzir a complexidade das transações, os aparatos


institucional e organizacional diminuem os custos de transação.
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• POLÍTICAS - objetivos e ações principais, a saber:

a) Incorporar as CVG nas estratégias de desenvolvimento do pais:


• - incorporar CVG nas políticas industriais;
 
- estabelecer objetivos para as políticas em termos de atividades das
cadeias produtivas.

• b) Possibilitar a participação nas CVG:


• -criar ambiente de investimento e comércio;
 
- por em marcha os pré-requisitos de infraestrutura necessários.
• c) Capacitar as firmas locais para produção junto às CVGs;
• - apoiar o desenvolvimento de empreendimentos e melhorar o poder de
barganha das firmas locais;

- fortalecer habilidades da força-de-trabalho.


CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

• d) Estabelecer uma significativa estrutura institucional sobre meio-


ambiente, pessoas e governança;
• - minimizar riscos associados à participação nas CVG através de regulação
adequada;

- contribuir para que firmas locais alcancem padrões internacionais


desejáveis.

• e) Identificar sinergias entre as políticas de investimento e de comércio


internacionais e as instituições relacionadas.
• -assegurar coerência entre políticas de investimento e comércio;

-buscar sinergia na promoção e funcionamento dos fluxos de comércio e


investimento;

- fortalecer clusters de desenvolvimento industrial regional.


• INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA NO
PÓS-CRISE DE 2008: CARACTERÍSTICAS DO INVESTIMENTO
DIRETO EXTERNO
PERÍODO DE
PERÍODO DE ALTA ESTABILIZAÇÃO E PRÉ-
INFLAÇÃO CRISE

PERÍODO DE CRISE E
AJUSTAMENTO

Figura 1 – Fluxo de IDE no mundo, Brasil e conforme o nível de desenvolvimento e periodização considerada, em milhões de
dólares.
Fonte: UNCTAD.
Figura 2 – Participação no fluxo de IDE mundial, conforme nível de desenvolvimento (1970-2018).
Figura 3 – Participação do Brasil, Chile e Argentina no fluxo de IDE dos PED – 1970-2018 (em %).
Fonte: UNCTAD
Figura 3 – Participação do Brasil, Chile e Argentina no fluxo de IDE dos PED (A) e em nível mundial (em %).
Fonte: UNCTAD.
Setor de Atividade 2010 2012 2014 2016 2018

Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %

Total

587.209 100% 603.470 100% 518.116 100% 480.984 100% 499.290 100%

Agricultura,
pecuária e
extrativa mineral
92.371 16% 70.677 12% 63.025 12% 37.907 8% 44.203 9%

Indústria 227.857 39% 250.119 41% 204.138 39% 179.753 37% 165.463 33%

Serviços 266.981 45% 282. 674 46% 250.953 48% 263.324 55% 289.624 58%

Tabela 4 – Divisão setorial dos investimentos diretos no Brasil em participação no capital (em US$ milhões e em %) – anos
selecionados.
Fonte: Banco Central do Brasil.

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