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Regimes – Parte III
(Drawback/Entreposto)
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Regimes – Parte III (Drawback/Entreposto)
Thális Andrade
Sumário
1. Drawback......................................................................................................................................................... 3
1.1. Critérios para Deferimento do Regime........................................................................................... 7
1.2. Abrangência.............................................................................................................................................. 11
1.3. Prazo de Vigência.................................................................................................................................. 18
1.4. Extinção...................................................................................................................................................... 18
1.5. Operações Especiais de Drawback Previstas na Portaria SECEX n. 23/2011............ 23
2. Entreposto Aduaneiro........................................................................................................................... 25
2.1. Operações Admitidas...........................................................................................................................27
2.2. Cobertura Cambial.............................................................................................................................. 29
2.3. Entreposto Aduaneiro na Importação........................................................................................ 31
2.4. Prazos....................................................................................................................................................... 33
2.5. Extinção do Entreposto Aduaneiro na Importação............................................................. 33
2.6. Entreposto Aduaneiro na Exportação.. ...................................................................................... 38
2.7. Prazos........................................................................................................................................................ 38
2.8. Extinção do Entreposto Aduaneiro na Exportação.. ............................................................ 39
Resumo............................................................................................................................................................. 43
Questões Comentadas em Aula............................................................................................................ 46
Gabarito............................................................................................................................................................ 55
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1. Drawback
O regime aduaneiro especial de Drawback não é um benefício fiscal, mas sim, um incentivo
fiscal às exportações brasileiras, desonerando a carga tributária dos insumos empregados em
exportáveis ou já exportados. Por não ser benefício fiscal, as importações estão dispensadas
do exame de similaridade e do transporte em navio de bandeira brasileira1.
Trata-se então de um regime que pressupõe a industrialização de insumos que sejam
empregados ou consumidos numa mercadoria exportada ou exportável. Assim, se, por
exemplo, pode o beneficiário do regime importar disco diamantado ao amparado do regime
aduaneiro especial de Drawback com o propósito de empregar este disco no corte de pedras
de mármore que serão exportadas. Vejam que não necessariamente o insumo terá que integrar
o produto exportado.
Essa ideia de industrialização vem na verdade da própria legislação do IPI, a qual a Portaria
SECEX n. 23/2011 copiou os tipos de industrialização admitidos no Drawback:
Portaria SECEX n. 23/2011, art. 71. O regime de Drawback poderá ser concedido a operação que se
caracterize como:
I – transformação – a que, exercida sobre matéria-prima ou produto intermediário, importe na
obtenção de espécie nova;
II – beneficiamento – a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o
funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto;
III – montagem – a que consista na reunião de produto, peças ou partes e de que resulte um novo
produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal;
IV – renovação ou recondicionamento – a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente
de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização; e
V – acondicionamento ou reacondicionamento – a que importe em alterar a apresentação do
produto, pela colocação de embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a
embalagem colocada se destine apenas ao transporte de produto;
1
Portaria SECEX n. 23/2011, art. 79.
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RA, Art. 383. O regime de Drawback é considerado incentivo à exportação e pode ser aplicado nas
seguintes modalidades:
I – Suspensão - permite a suspensão do pagamento do Imposto de Importação, do Imposto sobre
Produtos Industrializados, da Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o
PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, na importação, de forma combinada ou não com
a aquisição no mercado interno, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização de
produto a ser exportado;
II – Isenção - permite a isenção do Imposto de Importação e a redução a zero do Imposto sobre
Produtos Industrializados, da Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o
PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, na importação, de forma combinada ou não com
a aquisição no mercado interno, de mercadoria equivalente à empregada ou consumida na indus-
trialização de produto exportado; e,
III – Restituição - permite a restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na importação de merca-
doria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondiciona-
mento de outra exportada
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Portaria SECEX n. 23/2011, Art. 67. O regime aduaneiro especial de Drawback pode ser aplicado nas
seguintes modalidades, no âmbito da SECEX:
I – Drawback integrado suspensão - a aquisição no mercado interno ou a importação, de forma
combinada ou não, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização de produto a ser
exportado, com suspensão dos tributos exigíveis na importação e na aquisição no mercado interno
na forma do artigo 12 da Lei n. 11.945, de 4 de junho de 2009 e do artigo 17 da Lei n. 12.058, de 13
de outubro de 2009, e da Portaria Conjunta RFB/SECEX n. 467, de 25 de março de 2010;
II – Drawback integrado isenção - a aquisição no mercado interno ou a importação, de forma combi-
nada ou não, de mercadoria equivalente à empregada ou consumida na industrialização de produto
exportado, com isenção do Imposto de Importação - II, e com redução a zero do Imposto sobre
Produtos Industrializados - IPI, da Contribuição para o PIS/PASEP, da Contribuição para o Financia-
mento da Seguridade Social (COFINS), da Contribuição para o PIS/PASEP- Importação e da COFINS-
-Importação, na forma do art. 31 da Lei n. 12.350, de 20 de dezembro de 2010 e da Portaria Conjunta
RFB/SECEX n.3, de 17 de dezembro de 2010.
RA, Art. 393-A. O beneficiário do Drawback, na modalidade de isenção, poderá optar pela importa-
ção ou pela aquisição no mercado interno da mercadoria equivalente, de forma combinada ou não,
considerada a quantidade total adquirida ou importada com pagamento de tributos.
RA, Art. 393-B. O Drawback, na modalidade de isenção, aplica-se também à importação, de forma
combinada ou não com a aquisição no mercado interno, de mercadoria equivalente.
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restituição dos tributos que pagou na importação dos insumos, pois estes não eram devidos, já
que foram empregados em produto exportado. A restituição do valor correspondente aos tribu-
tos poderá ser feita mediante crédito fiscal, a ser utilizado em qualquer importação posterior.
RA, Art. 384-B. Os atos concessórios de Drawback poderão ser deferidos, a critério da Secretaria de
Comércio Exterior, levando-se em conta a agregação de valor e o resultado da operação.
§1º. A comprovação do regime poderá ser realizada com base no fluxo físico, por meio de compa-
ração entre os volumes de importação e de aquisição no mercado interno em relação ao volume
exportado, considerada, ainda, a variação cambial das moedas de negociação.
Art. 402-A. Para efeitos de adimplemento do compromisso de exportação no regime de Drawback,
na modalidade de suspensão, as mercadorias importadas ou adquiridas no mercado interno com
suspensão do pagamento dos tributos incidentes podem ser substituídas por outras mercadorias
equivalentes, conforme definição constante do § 1º do art. 383, importadas ou adquiridas sem sus-
pensão do pagamento dos tributos incidentes.
§ 1º O disposto no caput aplica-se também ao regime de Drawback na modalidade de isenção.
§ 2º A aplicação do disposto neste artigo fica condicionada à edição de ato normativo específico
conjunto da Secretaria da Receita Federal do Brasil e da Secretaria de Comércio Exterior.
Como nas modalidades de Drawback Suspensão e Isenção é a SECEX que concede o re-
gime, o beneficiário irá fazer uma estimativa declarado que irá comprar, por exemplo, US$
20.000,00 referente a 10.000 unidades de microchips (NCM 8542.31.00), além de adquirir no
mercado interno US$ 2.000,00 referente à compra de 200 quilogramas de resina plástica de
polipropileno, ou seja irá pedir a desoneração de mercadorias no valor de US$ 22.000,00 se
comprometendo a exportar US$ 200.000,00 de cartões inteligentes (NCM 8523.52.00). Fazen-
do-se a razão entre US$ 22.000,00 e US$ 200.000,00, temos a agregação de valor da ordem de
11%. É o que muitos chamam de índice “IMP/EXP”.
Vejam no parágrafo §1º do art. 384-B e no 393-A, ambos do RA que não é necessário que
o microchip de código “CDKYJ” seja exatamente o que vá ser exportado, podendo outro mi-
crochip idêntico já em estoque sirva no processo de industrialização de um dos chips a expor-
tar. Essa possiblidade de substituir uma mercadoria importada pela mercadoria equivalente já
existente em estoque denomina-se “fungibilidade”. Esse controle de mercadorias
Essa ideia de “mercadoria equivalente” está mais explícita no artigo 383 do RA:
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RA, Art. 383. O regime de Drawback é considerado incentivo à exportação, e pode ser aplicado nas
seguintes modalidades:
[...] II - isenção - permite a isenção do Imposto de Importação e a redução a zero do Imposto sobre
Produtos Industrializados, da Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o
PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, na importação, de forma combinada ou não com
a aquisição no mercado interno, de mercadoria equivalente à empregada ou consumida na indus-
trialização de produto exportado
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II do caput, considera-se como equivalente a mercadoria
nacional ou estrangeira da mesma espécie, qualidade e quantidade, daquela anteriormente adquiri-
da no mercado interno ou importada sem fruição dos benefícios referidos no caput.
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Certo.
O Drawback tem exatamente essa função! A questão está falando especificamente da modali-
dade de Drawback Suspensão, que é o mais usado. Mas não há erro algum em não mencionar
a modalidade neste caso.
Errado.
Drawback objetiva desonerar de tributos os insumos utilizados na produção de bens destina-
dos à exportação. O regime que suspende tributos com pagamento proporcional ao tempo de
permanência, além de assinatura de TR é a “Admissão Temporária para Utilização Econômica”.
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Letra b.
Questão tranquila! Falou em algum grau de industrialização voltado à exportação, só pode ser
Drawback ou RECOF (veremos mais adiante). Como não falava em controle informatizado, só
pode ser Drawback. Letra “b”.
O entreposto de exportação não presume industrialização de mercadorias, mas mero arma-
zenamento de bens nacionais destinados à exportação. Já os regimes das letras “c”, “d” e “e”
não existem.
Letra c.
O Drawback tem por essência desonerar tributos incidentes sobre insumos de um bem final
que será exportado, sejam estes insumos nacionais ou estrangeiros. O regime foi introduzido
na década de 60, quase 30 anos antes da criação do SISCOMEX. Além disso, não envolve qual-
quer benefício junto ao Imposto de Renda. Portanto, a única alternativa possível é a letra “c”.
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do país por tempo determinado e que são destinadas à realização de eventos artísticos, cientí-
ficos e culturais, envolvendo, em tal caso, a suspensão total dos tributos exigíveis.
Errado.
O item está errado, pois está definição é da Admissão Temporária. O Drawback objetiva
desonerar de tributos os insumos utilizados na produção de bens destinados à exportação.
Falso, portanto, o item.
1.2. Abrangência
Como vimos no início desta parte, o Drawback é um regime aduaneiro especial que desone-
ra mercadorias que serão ou são empregadas ou consumidas num processo industrial, (seja de
beneficiamento, acondicionamento, reacondicionamento, recondicionamento, transformação)
de um bem exportável. Para isso, pode o beneficiário pedir à SECEX um Ato Concessório
concedendo a suspensão ou isenção dos tributos incidentes na aquisição destes insumos.
Se estes insumos forem importados, haverá um despacho para consumo, e não um despacho
de admissão em regime especial.
Além disso, bens intermediários podem ser admitidos. O regime é amplo e admite aquisição
desde a matéria-prima e embalagens até animais vivos:
Portaria SECEX n. 23/2011, Art. 72. O regime de Drawback poderá ser, ainda, concedido a:
I – mercadoria para beneficiamento no País e posterior exportação;
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Perceba que há vedação de sua concessão nas áreas especiais da ZFM e ALC, pois a po-
lítica de comércio exterior entendeu não ser razoável permitir um regime industrial numa área
que já é voltada para isso.
Ademais, é claro que mercadorias suspensas (ex: pneus usados) não podem estar no regi-
me, pois nem sequer serão passíveis de importação. Isso porque toda importação de insumos
deve ter um Licença de Importação de caráter automático, pela qual a SECEX controla se o
que está sendo importado é de fato o que o beneficiário informou à SECEX que precisava e o
quanto de insumos já foi importado ou falta a importar no AC.
Outro detalhe é que voltou a ser admitida a importação de petróleo e seus derivados no
regime Drawback. Por fim, vale ressaltar que apesar da energia elétrica ser uma mercadoria
que serve de insumo para praticamente tudo que é industrializado, o governo optou por excluir
expressamente este tipo de bem do regime.
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RA, Art. 402. Na hipótese de mercadoria isenta do imposto de importação ou cuja alíquota seja zero,
poderá ser concedido o regime relativamente aos demais tributos devidos na importação.
Portanto, vemos que o Drawback pode ser usado ainda no caso do II ter alíquota 0%, pois pode
ser interessante para o beneficiário suspender a exigibilidade dos demais tributos incidentes.
Vamos então exercitar um pouco isso tudo...
Letra e.
O Drawback é uma exceção à regra no que diz respeito às declarações. Isso porque ele não
possui declaração de admissão no regime, mas sim, há uma Declaração de Importação para
Consumo! Portanto, letra “e” é o gabarito.
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Errado/Errado.
a) Errada. O Drawback é sim um incentivo à exportação. Na verdade, ele não é uma mera
suspensão sem qualquer contrapartida. Por ser incentivo à exportação, importações ao
amparo de Drawback não se sujeitam ao exame de similaridade.
b) Errada. As modalidades “suspensão” e “isenção” são de competência da SECEX.
Letra b.
a) Errada. Cuida do regime de trânsito aduaneiro.
b) Certa. Bem define o Drawback na modalidade isenção.
c) Errada. Define a Admissão Temporária.
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Letra e.
a); d) Erradas. É que Drawback incentiva exportação, e não a importação.
b) Errada. Não há incentivo de créditos, mas sim tributários.
c) Errada. Define regimes aplicados em áreas especiais, que veremos na próxima aula.
e) Certa. São as três modalidades de Drawback conhecidas.
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Letra b.
As modalidades de Drawback suspensão e isenção são de competência da SECEX, mais
especificamente pelo seu Departamento denominado (DECEX).
Letra b.
a) Errada. Pois é regime especial e não aplicado em área especial.
b) Certa. Bem resume o que é Drawback.
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c) Errada. Não está de toda errada, pois fala da modalidade de Drawback restituição. Mas ela
está incompleta, pois há restituição de todos os tributos federais pagos na importação de
insumos empregados em um bem exportável, e não apenas do II.
d) Errada. Pois cuida de admissão temporária. Vejam como a banca mistura os regimes para
confundir os candidatos.
e) Errada. Pois não cuida de exportação temporária, muito menos de redução de alíquota.
Drawback é incentivo fiscal à exportação definitiva, por meio de suspensão, isenção ou restitui-
ção de tributos incidentes sobre insumos empregados em bens exportáveis.
Letra b.
a) Certa. Está perfeito, e bem define o Drawback na modalidade suspensão.
b) Errada. Está errado, pois o Drawback isenção não isenta o ICMS (este não tem previsão le-
gal ainda de isenção nesta modalidade de Drawback, mas somente no Drawback Suspensão).
Ademais, isenta PIS-Importação e COFINS-Importação.
c) Certa. Está perfeito, pois a modalidade integrada conjuga a desoneração tributária na aqui-
sição de insumos no mercado interno ou exterior. Se for insumos do mercado interno, haverá
desoneração de tributos federais eventualmente incidentes como IPI, PIS e COFINS.
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d) Certa. Está perfeito pois são as 3 modalidades que falamos. Lembrem-se que a modalidade
restituição é de competência da RFB, enquanto as modalidades suspensão e isenção são de
competência da SECEX.
Certo.
Perfeito o item! A modalidade de Drawback restituição é aquela que o beneficiário fazia jus
ao incentivo, mas não pediu ao tempo da aquisição dos insumos. Agora quando ele fecha as
portas, é possível pedir a restituição dos tributos, pois estes não deveriam incidir sobre os
insumos empregados no bem industrializado que foi exportado.
1.4. Extinção
O RA trouxe de forma geral as formas de extinção do regime em seu artigo 390. São elas:
RA, Art. 390. As mercadorias admitidas no regime que, no todo ou em parte, deixarem de ser em-
pregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato concessório (AC), ou que
sejam empregadas em desacordo com este, ficam sujeitas aos seguintes procedimentos:
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I – no caso de inadimplemento do compromisso de exportar, em até 30 (trinta) dias do prazo fixado
para exportação:
a) devolução ao exterior;
b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado;
c) destinação para consumo das mercadorias remanescentes, com o pagamento dos tributos sus-
pensos e dos acréscimos legais devidos; ou,
d) entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e ônus, desde que a autoridade adua-
neira concorde em recebê-las;
II – no caso de renúncia à aplicação do regime, adoção, no momento da renúncia, de um dos proce-
dimentos previstos no inciso I; e
III – no caso de descumprimento de outras condições previstas no ato concessório, requerimento
de regularização junto ao órgão concedente, a critério deste.
Veja que o inciso I reforça o fato de que o beneficiário tem, então, em regra 1 ano prorrogável
por mais 1 desde a concessão do AC para comprovar suas exportações.
E como comprovo isso no SISCOMEX?
O artigo 400 do RA traz a resposta:
RA, Art. 400. A utilização do regime previsto neste Capítulo será registrada no documento compro-
batório da exportação (RE averbado).
É claro que tudo isso hoje é feito via SISCOMEX, portanto o exportador, como regra geral,
está dispensado da apresentação de documentos impressos na habilitação e na comprovação
das operações amparadas pelo regime de Drawback2. No entanto, é prudente o exportador
guardar as DI, os RE averbados, e as Notas Fiscais de aquisição de insumos no mercado inter-
no, bem como sua venda, pelo prazo decadencial de 5 anos, contados na forma definida pelo
art. 752, § 3º, do RA3.
Não cumprido o compromisso exportador, deixando o beneficiário de observar a obrigação
tributária acessória de averbar o RE ao AC, deve ele em até 30 dias do inadimplemento do
2
Portaria SECEX n. 23/2011, art. 138.
3
RA, Art. 752, O direito de exigir o tributo extingue-se em cinco anos, contados (Decreto-Lei n. 37, de 1966, art. 138, caput, com
a redação dada pelo Decreto-Lei no 2.472, de 1988, art. 4º; e Lei n. 5.172, de 1966, art. 173, caput):
§ 3º No regime de Drawback, o termo inicial para contagem a que se refere o caput é, na modalidade de:
I – suspensão, o primeiro dia do exercício seguinte ao dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para
exportação; e
II – isenção, o primeiro dia do exercício seguinte à data do registro da declaração de importação na qual se solicitou a isenção.
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regime devolver a mercadoria para o exterior. Veja que a legislação não fala em reexportação,
pois como há despacho para consumo, a mercadoria veio a título definitivo, não cabendo
reexportação de bem já nacionalizado. Pode ainda destruir a mercadoria, retirando seu valor
econômico, tal como é previsto para outros regimes aduaneiros especiais.
É possível ainda destinar ao mercado interno, pagando os tributos incidentes. É claro que
neste caso o valor retroagirá à época do registro da DI, marco temporal em que deveriam ter
sido recolhidos os tributos suspensos. No entanto, essa hipótese tem uma ressalva:
RA, Art. 401. Na concessão do regime serão desprezados os subprodutos e os resíduos não expor-
tados, quando seu montante não exceder de 5% (cinco por cento) do valor do produto importado.
Veja que se o beneficiário importar US$ 100.000 de borracha para fabricação de sandá-
lias, mas do processo produtivo sobrar um subproduto que tenha valor econômico de até US$
5.000,00 (5%), não será dado inadimplemento ao regime. O subproduto que não tenha valor
econômico não entra neste cálculo.4
Por fim, no inadimplemento do compromisso de exportar o beneficiário pode destinar o bem
à Fazenda Nacional para que este dê sua destinação, desde que a fazenda concorde em receber.
De acordo com o inciso II, o beneficiário pode simplesmente renunciar ao regime concedi-
do, devendo então promover uma das situações do inciso anterior. O inciso III cuida justamente
do inadimplemento por outros critérios que não seja o descumprimento do compromisso de
exportar. Assim, pelo inciso III, o beneficiário poderia requerer a regularização do regime por
ter, por exemplo, exportado mercadoria com insumos que não atendiam aos critérios de fungi-
bilidade da matéria-prima efetivamente empregada.
Vamos a mais algumas questões...
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Letra b.
Segundo o art. 390 do RA, as mercadorias admitidas no regime que, no todo ou em parte,
deixarem de ser empregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato
concessório (AC), ou que sejam empregadas em desacordo com este, no caso de inadimple-
mento do compromisso de exportar, em até 30 (trinta) dias do prazo fixado para exportação,
se sujeitam a quatro situações:
a) devolução ao exterior;
b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado;
c) destinação para consumo das mercadorias remanescentes, com o pagamento dos tributos sus-
pensos e dos acréscimos legais devidos; ou,
d) entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e ônus, desde que a autoridade adua-
neira concorde em recebê-las;
Portanto, a letra “b” é que está certa, pois não limita as opções de extinção do regime.
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c) sem similar nacional, importada com cobertura cambial e em quantidade equivalente à utili-
zada no beneficiamento, fabricação ou acondicionamento de produto exportado.
d) a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou
acondicionamento de outra a ser exportada.
e) a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação ou acondicionamento de
outra a ser exportada constante de programa específico de exportação aprovado pelo governo.
Letra a.
No regime de Drawback não interesse se há ou não produto similar nacional. A suspensão/
isenção tributária não será impedida pela existência de um insumo similar no país. Portanto,
certa a letra “a” e errada a letra “c”.
O erro da letra “b” é que, em regra, há cobertura cambial para importações ao amparo de
Drawback.
O erro da letra “d” é que a modalidade descrita no item é o Drawback suspensão.
A letra “e” possui erro semelhante. Ademais, parece se referir a um regime de ZPE que veremos
mais adiante. Drawback não é voltada para programas específicos, abrangendo qualquer mer-
cadoria. É um regime “democrático”.
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Letra b.
a) Errada. Pois o Drawback isenção é de competência da SECEX/DECEX.
b) Certa. Drawback suspensão e isenção são de competência da SECEX.
c) Errada. Não existe essa limitação. A proibição de inclusão no regime é somente para im-
portação de energia elétrica, bens do ativo imobilizado, edificações e benfeitorias em imóveis
próprios ou de terceiros.
d) Errada. É que o Drawback é incentivo à exportação. Não pode ser usado para destinar bens
para o mercado interno, não importa a modalidade.
e) Errada. É que não poderá ser concedido o regime de Drawback para importação de mercadoria
utilizada na industrialização de produto destinado ao consumo na Zona Franca de Manaus e em
áreas de livre comércio localizadas em território nacional. (art. 73, I, portaria SECEX n. 23/2011).
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interno. A figura é um pouco esdrúxula, pois não há compromisso de exportar, mas a ideia é
só desonerar insumos para fabricar embarcações que serão vendidas no Brasil mesmo. Foge
inclusive da lógica de melhorar a balança comercial, com ingresso de divisas estrangeiras.
Na mesma linha segue o “Drawback Fornecimento no Mercado Interno” (FMI), pois é
operação especial concedida para importação de matérias-primas, produtos intermediários
e componentes destinados à fabricação no País de máquinas e equipamentos a serem for-
necidos, no mercado interno, em decorrência de licitação internacional, contra pagamento
em moeda conversível proveniente de financiamento concedido por instituição financeira in-
ternacional, da qual o Brasil participe, ou por entidade governamental estrangeira, ou ainda,
pelo BNDES, com recursos captados no exterior. Vejam que aqui, para a empresa brasileira
ter competitividade numa licitação feita pelo governo brasileiro, mas aberta a fornecedo-
res estrangeiros, o governo também dá a desoneração para que a empresa brasileira tenha
competitividade no certame no país. Portanto, não há qualquer compromisso de exportar
O “Drawback Genérico”, por sua vez, possui o compromisso de exportar. Trata-se de ope-
ração especial concedida apenas na modalidade suspensão – seja integrado, fornecimento
ao mercado interno ou embarcação –, em que é admitida a discriminação genérica da mer-
cadoria e o seu respectivo valor, dispensadas a classificação na NCM e a quantidade. Assim,
um fabricante de veículos ao invés de descrever as inúmeras partes, peças e parafusos que
serão importados, relaciona num AC apenas de modo genérico estes insumos. Há portanto um
controle muito mais do valor importado em relação ao valor dos carros que serão exportados.
O “Drawback sem Expectativa de Pagamento” é operação especial, concedida exclusi-
vamente na modalidade suspensão – seja integrado, fornecimento ao mercado interno ou
embarcação –, que se caracteriza pela não expectativa de pagamento, parcial ou total, da
importação. Trata-se da antiga operação “sem cobertura cambial”. Assim, um industrial no
Brasil pode receber em doação alguns insumos de uma empresa estrangeira para que fabrique
uma determinada máquina sob encomenda desta empresa e a exporte para ele.
Por fim, o “Drawback Intermediário” é operação especial concedida a empresas denomina-
das fabricantes intermediários, que importam e/ou adquirem no mercado interno mercadorias
destinadas à industrialização de produto intermediário a ser fornecido a empresas industriais-
-exportadoras, para emprego na industrialização de produto final destinado à exportação. Essa
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operação tem bastante importância, pois é hipótese que enseja “responsabilidade solidária”
pelo Imposto de Importação:
RA, Art. 106, inc. VI. É responsável solidário o beneficiário de regime aduaneiro suspensivo destina-
do à industrialização para exportação, no caso de admissão de mercadoria no regime por outro be-
neficiário, mediante sua anuência, com vistas à execução de etapa da cadeia industrial do produto
a ser exportado.
É o caso por exemplo de uma empresa como a Embraer ter o AC1 para exportar aviões e
para isso compra da empresa brasileira “XPTO” os trens de pouso. A “XPTO”, por sua vez, pode
pedir um Drawback na condição de intermediário, havendo um AC2 específico para a “XPTO”
buscar desonerar os insumos que fabricará os trens de pouso. Já que a XPTO não irá exportar,
mas sim vender, para a Embraer, e esta sim é quem vai exportar, o AC2 deve estar vinculado ao
AC1 que por sua vez deve ter vinculadas para si as exportações. Então, a Embraer será respon-
sável solidária dos tributos suspensos em relação aos insumos adquiridos pela XPTO.
Por fim, vamos tecer algumas últimas observações sobre o regime que julgamos importantes
sobre a aquisição ao amparo do Drawback:
• quando for decorrente de importação, estão sujeitas à Licenciamento Automático,
havendo apenas análise da descrição da mercadoria;
• quando for decorrente de importação, não dispensam o pagamento de medidas
antidumping, pois este não é tributo;
• poderá ser condicionada à prestação de garantia, limitada ao valor dos tributos
suspensos, que será reduzida à medida que forem comprovadas as exportações.
2. Entreposto Aduaneiro
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Por exemplo, a Mercedes-Benz está instalada em Juiz de Fora (MG), produzindo alguns
modelos da marca. No entanto, pode ser que a empresa precise de peças de estrangeiras de
reposição dos seus veículos para atender seus consumidores. Neste caso, pode ser que estas
peças fiquem em entreposto, até que apareça algum cliente que precise dela. A concessionária
então solicita as peças, sem precisar pedir à matriz na Alemanha. A peça está ali do lado, num
entreposto aduaneiro em Juiz de Fora (MG), devendo ser feita a sua nacionalização.
Já pelo lado da exportação, imaginemos que possa ser de interesse da fabricante de ali-
mentos BRF encaminhar suas cargas refrigeradas para um Entreposto Aduaneiro na cidade de
Itajaí (SC), há poucos quilômetros do Porto. Neste caso, as mercadorias poderiam sair de um
dos produtores no interior do Estado e serem admitidas neste entreposto para que estejam
próximas da Zona Primária quando chegar a hora de embarcar no navio indicado. Isso irá fa-
cilitar em muito para a empresa a logística, pois a mercadoria está próxima da zona portuária,
sem, no entanto, obstruir a zona primária.
Assim, distinguimos duas modalidades básicas de entreposto:
• Entreposto Aduaneiro na Importação
• Entreposto Aduaneiro na Exportação
–– Comum
–– Extraordinário
Como, em regra, a mercadoria ficará sob controle aduaneiro, ou seja, haverá um recinto
em que a mercadoria terá entrada e saída e controlada para que haja a suspensão tributária,
o regime de entreposto dispensa as obrigações acessórias de TR e garantia como forma de
acautelar os tributos suspensos:
RA, Art. 417. Ocorrendo extravio ou avaria de mercadoria submetida ao regime, o depositário res-
ponde pelo pagamento (Decreto-Lei n. 1.455, de 1976, art. 18, parágrafo único, com a redação dada
pela Medida Provisória n. 2.158-35, de 2001, art. 69; e Lei n. 10.865, de 2004, art. 14):
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I – dos tributos suspensos, da multa, de mora ou de ofício, e dos demais acréscimos legais cabíveis,
quando se tratar de mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro na importação, ou na
modalidade de regime comum, na exportação; e
II – dos tributos que deixaram de ser pagos e dos benefícios fiscais de qualquer natureza acaso aufe-
ridos, da multa, de mora ou de ofício, e dos demais acréscimos legais cabíveis, no caso de mercadoria
submetida ao regime de entreposto aduaneiro, na modalidade de regime extraordinário, na exportação.
E quem é o depositário?
Segundo o art. 627 do Código Civil de 2002, depositário é aquele que recebe um bem mó-
vel, para guardar, até que o depositante o reclame. Este depositário tem então o dever de ter na
guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe
pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o deposi-
tante5. Além disso, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da
coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem. Se o fizer, responderá por perdas e danos.6
É claro que estas são repercussões na esfera civil. A responsabilidade tributária é a que
interessa à RFB.
Seguimos adiante para ver as operações admitidas nesse regime.
Antes de entrar em detalhes específicos de cada uma delas, vamos ver o que pode ser feito
com a mercadoria admitida em entreposto:
IN/SRF n. 241/2002, Art. 5º As mercadorias admitidas no regime, poderão ser submetidas, ainda,
às seguintes operações, nos termos e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa:
I – exposição, demonstração e teste de funcionamento;
II – industrialização; e
III – manutenção ou reparo.
5
CC, art. 629.
6
CC, art. 640.
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IN/SRF n. 241/2002, Art. 22. A concessão do regime poderá ser automática na hipótese de impor-
tação de:
I – partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de embarcações e aerona-
ves, bem assim de equipamentos e seus componentes de uso náutico ou aeronáutico;
II – bens destinados à manutenção, substituição ou reparo de cabos submarinos de comunicação; e
III – bens destinados a provisões de bordo de aeronaves e embarcações.
7
IN/SRF n. 241/2002, art. 18.
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O § 1º do art. 6º ainda destaca que o regime poderá não precisa ser operado somente em
recintos de uso público, pois pode ser autorizado em:
• recinto de uso privativo, alfandegado em caráter temporário para realização de eventos
desportivos internacionais ou para exposição de mercadorias importadas em feira,
congresso, mostra ou evento semelhante, inclusive os recintos destinados a instalação
de centro de mídia, concedido ao correspondente promotor do evento; e
• local não alfandegado, de uso privativo, para depósito de mercadoria destinada a
embarque direto para o exterior, por empresa comercial exportadora, constituída na
forma do Decreto-Lei n. 1.248, de 29 de novembro de 1972, e autorizada pela SRF.
Na situação acima temos o caso de recintos que são alfandegados para um propósito es-
pecífico como, por exemplo, a BIENAL realizada no Parque do Ibirapuera em São Paulo.8 Veja
que o recinto será privado, sendo o promotor do evento o beneficiário do regime de entreposto.
Outra possibilidade é que seja concedida suspensão tributária nas vendas que uma em-
presa brasileira fizer para Empresa Comercial Exportadora (ECE). Essa suspensão se opera
mediante um entreposto aduaneiro de exportação, sem que o bem precise estar num recinto
alfandegado, pois a responsabilidade tributária recai sobre a ECE. Veremos detalhes sobre
este incentivo fiscal à exportação mais adiante.
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Vamos tomar um exemplo pelo lado do entreposto aduaneiro na importação. Imagine que
uma empresa italiana enviou para Brasil uma máquina para fabricação de calçados de últi-
ma geração. A máquina veio para testes de funcionamento e demonstração para potenciais
compradores no Brasil, ficando a cargo do consignatário admiti-la em entreposto e cuidar de
sua demonstração. Neste caso, a máquina veio sem cobertura cambial (pois ainda não havia
nenhum comprador) e, após negociar com um adquirente já em solo brasileiro, exportador e
o comprador fecham negócio. Neste caso, haverá uma DI para consumo de nacionalização,
promovendo-se a cobertura cambial (1).
Mas se depois dessa demonstração não houver nenhum interessado?
Neste caso, o consignatário poderia deveria devolver a mercadoria para o exterior sem
qualquer repasse cambial. Isso equivaleria a uma reexportação, pois temos devolução para o
exterior de mercadoria estrangeira (2).
Por outro lado, se tivesse ocorrido a venda para um adquirente que (há cobertura cambial
então), mas este, sem pestanejar, arrumou um comprador noutro país para ficar com a máqui-
na. Neste caso haverá a DI para “efeitos cambiais” para registrar o ingresso das divisas e nacio-
nalizar o bem estrangeiro e, depois, registra a DE a vendendo para este comprador estrangeiro.
Mas e se o exportador tivesse arrumado um comprador no Brasil que, no momento, não
tem ainda espaço em seu estoque para receber a mercadoria?
Neste caso, o consignatário poderia promover a DI de admissão em entreposto já com a
cobertura cambial. Percebam que a mercadoria fica com a tributação suspensa, mas já não é
mais mercadoria estrangeira, pois houve pagamento por ela, correto? Houve transferência de
titularidade. Quando o adquirente puder receber a mercadoria em seu estabelecimento, ele irá
retirar o bem do entreposto, registrando uma DI sem cobertura cambial, pois a cobertura cam-
bial já foi comprovada quando da admissão no entreposto.
A última situação é justamente o ingresso da mercadoria em entreposto, novamente com
cobertura cambial, mas ela não será destinada ao país. Neste caso, a legislação considera pos-
sível a exportação, pois já houve pagamento pela mercadoria. O beneficiário do regime pode
então uma DE para um despacho comum de exportação.
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RA, Art. 404. O regime especial de entreposto aduaneiro na importação é o que permite a arma-
zenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público, com suspensão do
pagamento dos impostos federais, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-
-Importação incidentes na importação.
9
IN/SRF n. 241/2002, Art. 3º O regime de entreposto aduaneiro na importação permite a armazenagem de mercadoria em
local alfandegado com suspensão do pagamento dos impostos incidentes.
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O entreposto aduaneiro de importação se presta às funções mais diversas, seja para servir
como recinto alfandegado de uma feira de exposições com mercadorias estrangeiras. Pode
ele ainda ocorrer em portos de uso privativo misto, que é a movimentação de carga própria e
de terceiros.10 Podemos ter ainda entreposto em plataformas de petróleo ou estaleiros navais.
Quem são os beneficiários?
Assim, no inc. I podemos ter o promotor de uma feira de arte internacional que estiver ocor-
rendo no país. Na situação do inc. II, temos as empresas que atuam em plataformas e estalei-
ros, quando contratadas por empresas sediadas no exterior. Neste caso, como representantes
delas no país, podem solicitar um entreposto para ali armazenarem peças estrangeiras com
suspensão tributária e que serão posteriormente empregadas, por exemplo, nas plataformas
de petróleos. Por fim, no inc. III temos a figura do consignatário de mercadoria entrepostada.
Nós vimos que, pelo art. 104, III do RA, um dos contribuintes do Imposto de Importação é o
“adquirente” da mercadoria entrepostada, certo?
A lei fez essa distinção porque o importador é aquele que promove a entrada de merca-
doria estrangeira, não é mesmo? Então no caso de uma mercadoria importada que vai ser
entrepostada, o recolhimento dos tributos será suspenso, somente ocorrendo quando da na-
cionalização desta mercadoria estrangeira. Mas percebam que não necessariamente será o
10
Perceba que o RA faz aqui uma remissão à antiga “Lei dos Portos”, que foi totalmente revogada pela Lei n. 12.815/2013.
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importador que fará isso, podendo um terceiro, adquirente, fazê-lo. É por isso que o adquirente
é alçado à condição de contribuinte nesta ocasião específica.
Mas quem então faz a DI para admissão no entreposto?
É o consignatário. Este nada mais é do que um representante do exportador estrangeiro,
atuando em nome deste. Assim, o entreposto aduaneiro funciona como um armazém situado
no Brasil à disposição do exportador estrangeiro. O consignatário então admite a mercadoria
no regime de entreposto e aguarda ordem do exportador para que seja entregue a um adqui-
rente no Brasil que comprou o bem no período deste “entrepostamento”. Enfim, o consignatário
é quem cuida dos trâmites para suspensão tributária da entrada da mercadoria estrangeira
enquanto esta não for vendida. Se for vendida, o adquirente assume a condição de contribuinte
e registra a DI de nacionalização. Se não for vendida, o consignatário é quem vai buscar outra
forma de extinção do regime.
2.4. Prazos
Segundo o art. 408 do RA, o Entreposto Aduaneiro na Importação segue o prazo de até 1 ano,
prorrogável por mais 1 ano e, excepcionalmente, mais 1 ano. Pode portanto, alcançar 3 anos!
Se for o caso de feira, congresso, mostra, eventos, o prazo será equivalente ao do alfande-
gamento do recinto estabelecido no Ato Declaratório.
Já nas hipóteses de plataformas de petróleo e estaleiros navais o regime seguirá o prazo
contratual. Ainda nestes dois casos, quando ocorrer rescisão de contrato ou sua não prorroga-
ção por motivos alheios à vontade do beneficiário, a RFB poderá autorizar a permanência das
mercadorias no regime até que haja formalização de novo contrato com empresa sediada no
exterior, limitado ao prazo de até dois anos, contado da data de rescisão ou do termo final do
prazo de vigência não prorrogado.11
Em qualquer dos casos, a contagem se inicia da data do desembaraço aduaneiro de
admissão.
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RA, Art. 409. A mercadoria deverá ter uma das seguintes destinações, em até quarenta e cinco dias
do término do prazo de vigência do regime, sob pena de ser considerada abandonada (Decreto-Lei
n. 1.455, de 1976, art. 23, inciso II, alínea “d”):
I – despacho para consumo;
II – reexportação;
III – exportação; ou
IV – transferência para outro regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais.
§ 1º A destinação prevista no inciso I somente poderá ser efetuada pelo adquirente quando este
adquirir as mercadorias entrepostadas diretamente do proprietário dos bens no exterior.
§ 2º Nas hipóteses referidas nos incisos I e III, as mercadorias admitidas no regime, importadas sem
cobertura cambial, deverão ser nacionalizadas antes de efetuada a destinação.
§ 3º A destinação prevista no inciso III não se aplica a mercadorias admitidas no regime para per-
manência em feira, congresso, mostra ou evento semelhante.
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Letra c.
a) Errada. Pois pode haver industrialização no entreposto normal, como, por exemplo,
preparação de alimentos para consumo a bordo.
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b) Errada. É que a nacionalização pode ser feita pelo adquirente ou pelo consignatário. Este
consignatário é o beneficiário mais comum do entreposto aduaneiro, pois é a pessoa jurídica
instalada no país, indicada no conhecimento de carga de mercadoria proveniente do exterior.
Por fim, a “b” também peca por não incluir as operações de reparo e montagem, limitando-se a
dizer que é possível somente a operação de recondicionamento.
c) Certa. Cuida do que pode ser feito em entreposto, bem como quem pode nacionalizar a
mercadoria dele oriunda.
d) Errada. Se deve ao fato de que são permitidos vários serviços como “etiquetagem, marcação,
exposição, demonstração, teste de funcionamento, acondicionamento, reacondicionamento,
montagem, beneficiamento e recondicionamento. Enfim, vai muito além da unitização e
desunitização.
e) Errada. Há muitas operações que são permitidas (ex. preparação alimentos) no entreposto
não se limitando às indicadas.
Letra b.
Essa questão é interessante. Se o importador compra mercadoria de fornecedor estrangeiro e
paga por ela, ele está importando a título definitivo, nacionalizando um bem estrangeiro. Se de-
pois disso ele quer revender para o mesmo fornecedor no exterior, ele está desnacionalizando
essa mercadoria. Isso equivale a uma exportação. Letra “b” é o gabarito.
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Letra c.
O erro desta questão estava claro. Se já houve uma DI para admissão com cobertura cambial,
para que declarar de novo a cobertura? Portanto, apenas uma declaração de cobertura cambial
se faz necessária: na admissão ao entreposto ou na nacionalização. Errada a letra “c”.
Errado.
Questão recente, com erro grosseiro. Entreposto suspende todos os tributos, inclusive o PIS/
Pasep-Importação e a COFINS-Importação.
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2.7. Prazos
Diante do seu funcionamento diverso, estas duas submodalidades têm prazos diferentes
de vigência:
• Comum = prazo de 1 ano + 1 ano (prorrogação) + 1 ano (excepcional) contados a partir
da data da entrada da mercadoria na unidade de armazenagem, excepcionalmente pode
ser dada outra prorrogação de 1 ano (total 3 anos); e
• Extraordinário = prazo de 180 dias contados a partir da data da saída da mercadoria do
estabelecimento do produtor-vendedor para a ECE.
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Perceba que a contagem do prazo no regime extraordinário não é partir da “entrada”. Isso
porque a mercadoria não entra em recinto algum, já que a ECE receberá a mercadoria com sus-
pensão tributária e terá que se virar para arrumar um comprador no exterior. Portanto, o fabri-
cante no Brasil (produtor-vendedor) já emite a Nota Fiscal de saída com a suspensão tributária,
tendo a ECE até 180 dias para extinguir o regime. Interessante destacar que a ECE poderá, den-
tro dos 180 dias, admitir no regime de entreposto aduaneiro, na modalidade de regime comum,
as mercadorias. Neste caso, passará a valer os prazos da modalidade de regime comum.
RA, Art. 415. Observado o prazo de permanência da mercadoria no regime, acrescido daquele a que
se refere o inciso II do art. 642, deverá o beneficiário adotar uma das seguintes providências:
I – iniciar o despacho de exportação;
II – no caso de regime comum, reintegrá-la ao estoque do seu estabelecimento; ou
III – em qualquer outro caso, pagar os tributos suspensos e ressarcir os benefícios fiscais acaso
fruídos em razão da admissão da mercadoria no regime.
Temos aqui que o beneficiário tem após os 45 dias do prazo de vigência do que iniciar a ex-
portação definitiva tanto no regime comum como no extraordinária, enviando a DE para despacho.
Se for caso da modalidade comum, pode o beneficiário reintegrar a mercadoria em seu
estoque com forma de baixa do regime.
A última possibilidade é que, tanto no regime comum como no extraordinário, o beneficiá-
rio pague os tributos suspensos e devolve aos cofres públicos os benefícios fiscais que foram
aproveitados com a concessão do regime.
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Letra b.
O regime de entreposto na exportação subsiste na modalidade comum, com prazo contado
a partir da data da entrada da mercadoria na unidade de armazenagem; no extraordinário,
o prazo é contado a partir da data da saída da mercadoria do estabelecimento do produtor-
-vendedor para a comercial exportadora.
Portanto, fiquem com o mnemônico “EnCoSaEx”: Entrada no Comum, Saída no Extraordinário.
Gabarito, portanto, é a letra “b”.
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Letra d.
Essa questão é literal e o único local onde encontramos menção ao recinto de uso privativo é
na redação dos artigos 405 e 411, §§ 2º e 3º, do RA.
Art. 405. inc. I. O regime permite, ainda, a permanência de mercadoria estrangeira em feira, congres-
so, mostra ou evento semelhante, realizado em recinto de uso privativo, previamente alfandegado
para esse fim.
Art. 411, § 2º Na modalidade de regime extraordinário, permite-se a armazenagem de mercadorias
em recinto de uso privativo, com direito a utilização dos benefícios fiscais previstos para incentivo à
exportação, antes do seu efetivo embarque para o exterior.
§ 3º O regime de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade extraordinário, somente po-
derá ser outorgado a empresa comercial exportadora constituída na forma prevista no art. 229, me-
diante autorização da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
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Letra a.
A resposta desta questão está literalmente no artigo 417 do RA:
Certo/Errado.
Questão fácil. A letra “a” está certa, pois como já vimos anteriormente, cabe sim industrializa-
ção em entreposto aduaneiro, como é o caso de preparação de alimentos.
A letra “b” está errada, pois é possível o entreposto aduaneiro na exportação, como é o caso
das submodalidades comum e da extraordinária.
E isso é tudo por hoje, aluno(a). Qualquer dúvida, não deixe de me contatar. No próximo
encontro teremos nossa última aula. Grande abraço e até lá...
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RESUMO
• Drawback
–– Suspensão (competência da SECEX/DECEX) - permite a suspensão do pagamento do
Imposto de Importação, do Imposto sobre Produtos Industrializados, da Contribuição
para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da
COFINS-Importação, na importação, de forma combinada ou não com a aquisição
no mercado interno, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização de
produto a ser exportado. Para o desembaraço aduaneiro da mercadoria a ser admiti-
da no regime, será exigido termo de responsabilidade.
–– Isenção (competência da SECEX/DECEX) - permite a isenção do Imposto de Importa-
ção e a redução a zero do Imposto sobre Produtos Industrializados, da Contribuição
para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da
COFINS-Importação, na importação, de forma combinada ou não com a aquisição no
mercado interno, de mercadoria equivalente à empregada ou consumida na industria-
lização de produto exportado
–– Restituição (competência da RFB) - permite a restituição, total ou parcial, dos tributos
pagos na importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na
fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada
• Admissão no regime é por meio de DI para consumo.
• Extinção
–– I – no caso de inadimplemento do compromisso de exportar, em até trinta dias do
prazo fixado para exportação:
◦◦ a) devolução ao exterior
◦◦ b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado
◦◦ c) destinação para consumo das mercadorias remanescentes, com o pagamento
dos tributos suspensos e dos acréscimos legais devidos; ou
◦◦ d) entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e ônus, desde que a
autoridade aduaneira concorde em recebê-las;
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d) envio de uma cadeira de dentista para ser exibida em uma feira de equipamentos odontoló-
gicos na Alemanha, devendo retornar ao País, terminada a feira.
e) armazenamento de uma mercadoria importada em consignação, em recinto alfandegado,
pelo prazo de um ano, com suspensão de tributos.
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b) o depositante responde pelo pagamento dos tributos suspensos, com os acréscimos legais
e penalidades cabíveis.
c) o consignatário das mercadorias responde pelo pagamento dos tributos dispensados e pelo
ressarcimento dos demais benefícios fiscais acaso auferidos, com os acréscimos legais e
penalidades cabíveis.
d) o importador responde pelo pagamento dos tributos devidos e penalidades cabíveis na data
da apuração do fato.
e) o depositário e o importador respondem solidariamente por todos os tributos, acréscimos
legais, benefícios auferidos e penalidades cabíveis, a partir da data da admissão da mercado-
ria no entreposto.
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GABARITO
1. C 9. e 17. c
2. E 10. b 18. b
3. b 11. b 19. c
4. c 12. b 20. E
5. E 13. C 21. b
6. e 14. b 22. d
7. E, E 15. a 23. a
8. b 16. b 24. C, E
Thális Andrade
Advogado inscrito na OAB/SC, mestre em Direito Internacional e Econômico pela Universidade de Berna
(2014), mestre em Direito Internacional pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009), especialista
em Comércio Internacional pela Universidade de Buenos Aires (2007), especialista em Comércio Exterior
e Direito Aduaneiro pela UNIVALI (2008). Desde 2008 é servidor público federal integrante da carreira
de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Professor de Comércio Internacional e Legislação Aduaneira em cursos de pós-graduação pelo Brasil e
em cursos preparatórios para as carreiras da RFB. Autor de livros e artigos sobre comércio internacional e
legislação aduaneira.
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