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CELULAR TECIDUAL I:
ANATOMIA
CITOLOGIA
Paula Engroff
Tegumento comum
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O tegumento comum é formado pela nossa pele, também chamada de
cútis, e é composto por epiderme, derme e estruturas associadas como
unhas, pelos, mamas e glândulas sebáceas e sudoríparas. De todos os
órgãos do corpo humano, a pele é a mais visível e exposta a infecções,
doenças e lesões.
É por meio do tegumento comum que mostramos a nossa aparência,
pois é o sistema que mais observamos diariamente no nosso corpo e no
corpo das outras pessoas. A idade das pessoas é muitas vezes julgada
pelo aspecto de sua pele. Em um jovem, identificamos uma pele uni-
forme e com poucas rugas. Em um idoso, encontramos uma pele mais
marcada e com presença de manchas e rugas intensas. A pele também
mostra nossas reações e sentimentos, como testa franzida em situação
de desagrado. Por meio de alguns sinais, ainda é possível detectar a
presença de doenças, como no caso de erupções cutâneas que ocorrem
em indivíduos com catapora.
Neste capítulo, você terá muitas informações sobre a pele humana
e principalmente da epiderme e da derme. Veremos que a pele não
apresenta apenas função cosmética, e sim outras importantes funções
no nosso corpo.
2 Tegumento comum
Estrutura da pele
A pele cobre o nosso corpo inteiro, representando, em um adulto médio, uma
área superficial de 1,2 a 2,2 m2, pesando de 4 a 5 kg, o que pode representar até
7% do peso corporal, por isso é considerada o maior órgão do corpo humano em
área de superfície e peso. A pele também é flexível e resistente, apresentando
uma espessura que pode variar de 1,5 a 4,0 mm nas diferentes partes do corpo
(MARIEB; HOEHN, 2008; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A pele apresenta duas camadas teciduais, a epiderme e a derme. A epiderme
é composta por tecido epitelial e está localizada na camada mais superficial da
pele, sendo o nosso escudo protetor. A derme é formada por tecido conectivo
e está subjacente à epiderme (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).
A maior parte da nossa pele é constituída pela derme. Ela forma uma camada
resistente, semelhante ao couro, e é vascularizada (MARIEB; HOEHN, 2008).
Epiderme
Derme
Hipoderme
Funções da pele
A pele é responsável por importantes funções no nosso organismo, como
proteção, sensação, regulação térmica, produção de vitamina D e excreção
e absorção.
Proteção
A derme proporciona resistência na nossa pele, evitando que ela se rasgue por
qualquer dano mecânico. Já a epiderme, em razão da presença de queratina,
auxilia na proteção contra a abrasão e entrada de microrganismos que poderiam
causar infecções. A melanina nos protege dos efeitos nocivos da luz ultravioleta,
pois consegue absorver essa radiação (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016).
4 Tegumento comum
Sensação
Nossa pele é capaz de detectar sensações como frio, calor, pressão, dor e
tato em razão da presença de receptores sensoriais (VANPUTTE; REGAN;
RUSSO, 2016). Os receptores cutâneos são chamados de exteroceptores, pois
respondem a estímulos do lado externo do nosso corpo. Nas papilas dérmicas
temos os corpúsculos de Meissner, que nos permitem sentir o toque de um
carinho na nossa pele, bem como a sensação de uma roupa tocando a pele.
Nos folículos pilosos também existem receptores que são responsáveis pela
sensação do sopro do vento sobre nossos pelos (MARIEB; HOEHN, 2008).
Você sabe por que os pelos ficam eretos quando estamos com frio ou quando
sentimos alguma emoção? Isso ocorre em função do estímulo de frio ou de
emoção, que estimula o músculo eretor do pelo a tracionar o folículo piloso,
sendo que com isso o pelo se eleva, arrepiando a nossa pele (MARTINI;
TIMMONS; TALLITSCH, 2009).
Regulação térmica
Produção de vitamina D
É produzida pela exposição da nossa pele ao sol por meio da captação de luz
ultravioleta. Essa vitamina é importante na homeostase do cálcio. A vitamina
D age como um hormônio, com a função de manter níveis adequados de cálcio
e fósforo no metabolismo ósseo, sendo que o cálcio também é importante para
manter um bom funcionamento dos músculos e nervos. Caso a exposição à luz
ultravioleta não seja suficiente, no caso de indivíduos que moram em regiões
frias e que se expõem pouco ao sol, ocorrerá falta de vitamina D, porém,
esta pode ser ingerida pela alimentação (fígado, gema de ovo, leite e queijos)
ou por suplementação em forma de comprimidos ou gotas (VANPUTTE;
REGAN; RUSSO, 2016).
Excreção e absorção
Alguns metabólitos como ureia, ácido úrico e amônia são excretados através
da pele e das glândulas, pelo suor. As quantidades eliminadas desses resíduos
são insignificantes, já que a maior excreção destes ocorre pelo sistema urinário
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). A absorção ocorre pela passagem de
substâncias externas para as células do corpo. Um exemplo é o uso de medi-
camentos na forma de adesivo transdérmico, possibilitando que o fármaco
penetre na epiderme, entrando em contato com os vasos sanguíneos da derme
(MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).
Veja no Quadro 1 a descrição resumida de cada uma dessas funções
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016;
KUNZLER et al., 2018).
6 Tegumento comum
Proteção
Dos efeitos prejudiciais da
exposição solar, principalmente
radiação ultravioleta, em razão
da presença de melanina.
Imunológica: contra a entrada
de microrganismos, em razão
da presença de macrófagos
intraepidérmicos e na derme.
Evita desidratação, pois reduz
a perda de água pelo corpo.
Fonte: solar22/Shutterstock.com.
Sensação
Pela presença de
receptores sensoriais:
Frio
Calor
Dor
Pressão e contato
Fonte: Flystock/Shutterstock.com.
Regulação térmica
Mantém a temperatura corporal
ao nível de 36,5 °C por meio
do sangue circulante pela
pele, associado à atividade
das glândulas sudoríparas.
A produção de suor é uma
resposta a temperaturas
ambientais elevadas, já que a
sua evaporação na superfície
da pele auxilia na redução
Fonte: Adaptada de Flat.Icon/Shutterstock.com.
da temperatura do corpo.
(Continua)
Tegumento comum 7
(Continuação)
Produção de vitamina D
Ocorre por meio da exposição
solar (luz ultravioleta) da pele.
D É importante na absorção de
cálcio e fósforo, que estão
envolvidos na manutenção do
tecido ósseo, além de benefícios
ao sistema imunológico.
Vitamina D
Excreção e absorção
A excreção é pequena,
eliminando alguns metabólitos
pela pele e glândulas.
A absorção ocorre pela
passagem de substâncias
externas para as células
do corpo, como no uso de
medicamentos transdérmicos.
Fonte: namtipStudio/Shutterstock.com.
Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016), Tortora e Derrickson (2017) e Kunzler et al. (2018).
A formação de bolhas causadas por algum trauma agudo de curta duração, como
numa queimadura ou no uso de algum calçado que machuca os pés, ocorre por um
desequilíbrio homeostático. A bolha origina uma bolsa preenchida com líquido que
é causada pela separação das camadas epidérmica e dérmica (MARIEB; HOEHN, 2008).
Epiderme
A epiderme é uma camada fina subjacente à derme. É formada por um epitélio
escamoso estratificado e não tem vasos sanguíneos. As células que a compõem
são os queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans e as células de
Merkel (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; VANPUTTE; REGAN;
RUSSO, 2016).
Queratinócitos
Melanócitos
Células de Langerhans
Células de Merkel
Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016), Tortora e Derrickson (2017) e Martini, Timmons
e Tallitsch (2009).
A caspa capilar nada mais é do que uma quantidade excessiva de células queratinizadas
que se desprendem do couro cabeludo (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Queratinócito
Estrato morto
córneo
Estrato
granuloso
Célula de
Langerhans
Estrato
espinhoso Queratinócito
Estrato Célula
germinativo de Merkel
Melanócito Melanina
Existem dois tipos de queratina. A queratina mole, que está presente na pele, e a
queratina dura, que é mais durável e não descama, estando presente nas unhas e na
parte externa dos pelos (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016).
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Derme
A derme é a porção mais profunda da pele, composta por tecido conectivo
que contém macrófagos, fibroblastos e poucos adipócitos, sendo o colágeno a
sua principal fibra. Na derme estão algumas terminações nervosas (para dor,
coceira, cócegas e sensações térmicas), musculatura lisa, folículos pilosos,
glândulas e vasos linfáticos (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016).
A derme é formada por duas camadas, a papilar e a reticular. A camada
papilar é superficial e é formada por tecido conectivo frouxo. Tem esse nome
porque apresenta projeções que se estendem até à epiderme, chamadas de
Tegumento comum 13
Colágeno
Figura 3. Identificação da pele normal e da pele com marca de estiramento. Observe que
as fibras de colágeno se rompem e formam a estria na pele.
Fonte: Adaptada de Cessna152/Shutterstock.com.
14 Tegumento comum
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4. Exemplos de estiramento na pele. (a) Estrias avermelhadas na gestação. (b) Estrias
avermelhadas no braço. (c) Estrias branco-prateadas nas coxas. (d) Estrias branco-prateadas
nas pernas.
Fonte: baipooh/Shutterstock.com; Denis Val/Shutterstock.com; Vera Tretyakova/Shutterstock.com;
Pikul Noorod/Shutterstock.com.
As papilas dérmicas sob a pele grossa nas mãos e na planta dos pés repousam em
paralelo, formando sulcos na epiderme que são as impressões digitais. As impressões
digitais são únicas em cada indivíduo (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016).
Tegumento comum 15
A estria atrófica cutânea é uma afecção muito comum, embora mais associada à
queixa estética, pode trazer consequências psicossociais no indivíduo. Leia essa revisão
sistemática sobre o assunto, que traz os aspectos fisiopatológicos da estria divididos
em fatores genéticos, mecânicos e hormonais (CORDEIRO; MORAES, 2009).
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peso, que fazem exercícios com aumento rápido de volume muscular e também
pelo uso de corticosteroides (SOUZA; PAULA; ROCHA SOBRINHO, 2016).
Cicatrizes posicionadas em áreas de tensão na pele (conforme as linhas
de Langer) ou qualquer local onde tenha grande movimentação cutânea pelo
paciente tendem a desenvolver hipertrofia. Bons resultados de cicatrização nas
incisões das cirurgias estéticas corporais dependem de inúmeros fatores que
influenciam no seu resultado final. Fatores pré-operatórios, como avaliação
das características individuais do paciente (idade, sexo e raça), espessura
da pele, áreas de tensão, fatores externos (como hábitos de vida), bem como
técnica operatória e cuidados pós-operatórios são importantes na qualidade
da cicatrização (OLIVEIRA JÚNIOR; FLORÊNCIO; FERNANDES, 2009).
Ao longo dos tempos, as linhas faciais da pele foram examinadas por vários
anatomistas e cirurgiões experientes na área, com o objetivo de alcançar a
melhor cicatriz estética. Várias técnicas foram utilizadas para determinar
essas linhas a partir de simples análise de tecido cadavérico até modelos
computadorizados em 3D. As principais linhas descritas na face são: linhas
de Langer, linhas de Cox, linhas de Rubin, linhas de Kreissl, linhas de Straith,
linhas de Bulacio e linhas de tensão da pele relaxada de Borges. Apesar de as
linhas compartilharem um padrão comum na maioria das áreas da face, existem
algumas controvérsias entre os autores, que não definem nenhuma delas como
um “padrão ouro” de utilização. Embora as linhas de Langer sejam as mais
citadas na literatura, as linhas de Kreissl e as linhas de tensão da pele relaxada
de Borges são as mais preferidas nas cirurgias faciais (ALHAMDI, 2015).
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