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Tecidos corporais
Fabiana Martins Dias de Andrade
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os tecidos corporais desempenham diversas funções no corpo humano,
incluindo o revestimento do corpo, a proteção e a sustentação, a produção de
força, a transmissão de impulsos nervosos fundamentais para a sobrevivência
e as reações humanas. No corpo humano, os tecidos corporais são divididos em
quatro grandes categorias: tecido epitelial, tecido conectivo (ou conjuntivo),
tecido muscular e tecido nervoso. Essa classificação é realizada com base nas
diferenças entre os tecidos e suas especificidades funcionais.
Neste capítulo, você vai estudar a estrutura e a função das células e dos
tecidos, além das relações existentes entre eles. Além disso, vai identificar as
quatro classificações de tecidos principais. Por fim, vai conhecer quais túnicas
corporais são compostas por tecido conectivo.
Tecido epitelial
O tecido epitelial, ou epitélio, se divide em dois tipos principais: epitélio de
revestimento ou cobertura e epitélio glandular (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O tecido epitelial de revestimento e cobertura é formado por células jus-
tapostas, com pouca substância extracelular. Esse tecido é responsável pela
cobertura externa do corpo e de alguns órgãos internos, além de revestir as
cavidades corporais, os vasos sanguíneos, os ductos e o interior dos sistemas
respiratório, digestório, urinário e genital. Além disso, em conjunto com o
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Tecido muscular
O tecido muscular apresenta células alongadas, também chamadas de fibras
musculares. Essas células são especializadas em produzir força, movimento,
manter a postura, gerar calor, além de oferecer proteção. O tecido muscular
é dividido em três tipos: esquelético, cardíaco e liso (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O tecido muscular esquelético recebe esse nome devido à sua localização,
pois se encontra fixado aos ossos do esqueleto. Ele é considerado um tecido
estriado, ou seja, com faixas proteicas claras e escuras alternadas. Além
disso, apresenta estímulo voluntário para realizar contração e relaxamento
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O tecido muscular cardíaco é responsável por formar a parte principal da
parede do coração. É um tecido estriado, apresenta estímulo de contração e
relaxamento involuntário e regeneração limitada a determinadas condições
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O tecido muscular liso localiza-se nas paredes de estruturas internas ocas,
como vias respiratórias, vasos sanguíneos, estômago, intestino, vesícula biliar
e bexiga. Ele participa de processos internos, como a digestão e a regulação
da pressão sanguínea. Não é estriado e apresenta controle involuntário
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
Em relação às funções do tecido muscular, destacam-se a produção dos
movimentos corporais, a estabilização das posições do corpo, o armazena-
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Tecido nervoso
O sistema nervoso é extremamente complexo. Ele é subdivido em sistema
nervoso central (SNC), que é o encéfalo e a medula espinhal, e sistema ner-
voso periférico (SNP), que é todo o sistema nervoso fora do SNC. O sistema
nervoso apresenta diversas funções, classificadas em três grupos: sensorial,
integradora e motora (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O sistema nervoso apresenta apenas dois tipos principais de células:
neurônios e neuróglias. Os neurônios, ou células nervosas, têm sensibilidade
a diferentes estímulos. Eles são responsáveis pela conversão dos estímulos
em impulsos nervosos (potenciais de ação) e pelo encaminhamento desse
estímulo a outros neurônios. Os neurônios são classificados estruturalmente
e funcionalmente. Em relação à classificação estrutural, eles podem ser neu-
rônios multipolares, bipolares ou unipolares. Quanto à classificação funcional,
podem ser neurônios sensoriais, motores ou interneurônios (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2008). Por outro lado, as neuróglias, ou glias, não produzem ou
conduzem impulso nervoso. Contudo, desempenham inúmeras funções de
apoio a esse processo (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
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Células Funções
Túnica mucosa
Figura 7. Representação esquemática das túnicas do tubo digestório, com destaque para a
mucosa e serosa.
Fonte: Adaptada de Sistema digestório (c2022).
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Túnica mucosa
A túnica mucosa é responsável por revestir uma cavidade corporal que se
abre imediatamente para o exterior. Ela é responsável por revestir os sistemas
digestório, respiratório, genital e urinário (maior parte) (RHEINGANTZ et al.,
2019; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
A camada de tecido epitelial da túnica mucosa é composta pelo epitélio,
pela lâmina própria, formada por tecido conjuntivo frouxo, e pela muscular da
mucosa. O epitélio apresenta função protetora, com diferentes tipos celulares
para a absorção ou secreção de substâncias. A lâmina própria pode conter
glândulas e tecido linfoide. A muscular da mucosa geralmente consiste em
uma subcamada interna circular e outra externa longitudinal de músculo liso,
responsável por promover o movimento da mucosa (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008).
A camada de tecido conectivo ajuda a fixar o epitélio às demais estruturas,
supre o epitélio com oxigênio e nutrientes e remove os resíduos por meio
dos vasos sanguíneos (RHEINGANTZ et al., 2019; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
A Figura 8 mostra a túnica mucosa presente no sistema digestório vista
pelo microscópio.
Túnica serosa
A túnica serosa, também conhecida como túnica adventícia, é responsável
por revestir uma cavidade corporal que não se abre imediatamente para
o exterior, além de recobrir os órgãos situados dentro dessa cavidade. As
túnicas serosas têm duas camadas: a parietal e a visceral (RHEINGANTZ et al.,
2019; TORTORA; DERRICKSON, 2017). A camada parietal é a parte aderida à
parede da cavidade. A camada visceral é a camada que reveste e adere aos
órgãos dentro dessas cavidades.
Essas camadas apresentam tecido conectivo areolar revestido por meso-
télio. O mesotélio é um epitélio escamoso simples, responsável por secretar
líquido seroso (líquido aquoso e lubrificante que tem como finalidade permitir
aos órgãos escorregar com facilidade uns sobre os outros ou pelas paredes
das cavidades) (RHEINGANTZ et al., 2019; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
A Figura 9 mostra a túnica serosa presente em uma grande veia do corpo
humano.
Referências
BARBOSA, H. S.; CÔRTE-REAL, S. Biologia celular e ultraestrutura. In: MOLINARO, E. M.;
CAPUTO, L. F. G.; AMENDOEIRA, M. R. R. (org.). Conceitos e métodos para a formação de
profissionais em laboratórios de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010. v. 2, p. 19-42.
BOUZON, Z. L.; GARGIONI, R.; OURIQUES, L. C. Biologia celular. 2. ed. Florianópolis:
UFSC, 2010.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 11. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008.
RHEINGANTZ, M. G. T. et al. Histologia dos sistemas: guia prático. Pelotas: Ed. do Autor,
2019.
SISTEMA digestório. Histologia Interativa (Unifal), c2022. Disponível em: https://www.
unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/sistema-digestorio/. Acesso em: 13 jul. 2022.
SOUZA, D. S.; MEDRADO, L.; GITIRANA, L. B. Histologia. In: MOLINARO, E. M.; CAPUTO, L. F.
G.; AMENDOEIRA, M. R. R. (org.). Conceitos e métodos para a formação de profissionais
em laboratórios de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010. v. 2, p. 43-88.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.
10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.