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1 Histologia básica

Histologia
Básica

Material de apoio da disciplina de Histologia Básica do Curso de Odontologia

Prof. Dra. Solange de Paula Ramos


2 Histologia básica

Solange de Paula Ramos é graduada em


Odontologia pela Universidade Estadual de Londrina, Especialista em Periodontia
pela Faculdade de Odontologia de Bauru-USP, Mestre em Patologia Experimental e
Doutora em Medicina e Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Londrina e
tem Pós-doutorado em Ciências do Esporte pela Escola de Educação Física e
Esportes da Universidade de São Paulo. Atua como coordenadora do Grupo de
Estudos em Regeneração, Adaptação e Reparo Tecidual (GERART – CNPq),
desenvolvendo estudos nas áreas de adaptação e regeneração tecidual,
desempenho e recuperação em esportes, periodontia, ortodontia, odontopediatria e
odontologia esportiva. Desenvolve projetos de pesquisa na área de laserterapia,
ergogenia, recuperação física, respostas imunológicas ao treinamento físico,
reabsorção dentária e regeneração tecidual em odontologia e áreas da saúde.
Coordena projetos de extensão na área de odontologia preventiva e informações em
redes sociais.
Atualmente, é orientadora do Programa de Pós-graduação em Educação Física da
Universidade Estadual de Londrina.
3 Histologia básica

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TECIDOS

A Histologia é a ciência que estuda a micro anatomia das células, como as células
se organizam em tecidos e órgãos e qual a função dos tecidos.
Devido ao pequeno tamanho das células, para o estudo da organização dos tecidos
utilizamos os microscópios. O microscópio mais comumente utilizado na Histologia é um
microscópio óptico ou microscópio de luz (figura 1). O microscópio é uma ferramenta que
permite ampliação da imagem dos tecidos preparados em lâminas histológicas. O
microscópio óptico permite a ampliação da imagem de 40 até 1000 vezes de aumento. Este
aumento não permite a identificação da ultraestrutura celular (organelas), mas permite
reconhecer a morfologia da célula, a localização dos núcleos e a estrutura da matriz
extracelular.

Figura 1.1 Microscópio óptico ou de luz.


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1.1. Componentes dos tecidos

Os tecidos vivos são compostos de três elementos: células, matriz extracelular


líquido intersticial.
As células são consideradas a menor unidade estrutural e funcional do tecido. As
células eucarióticas produzem a matriz extracelular e exercem a principal função biológica de
muitos tecidos. Todas as células eucarióticas possuem núcleo, citoplasma e são envoltas por
uma membrana celular (figura 1.2).

Figura 1.2. Lâmina de esfregaço sanguíneo humano. A seta negra indica uma célula
sanguínea (leucócito ou glóbulo branco), chamada monócito. O monócito possui um núcleo
(N) corado em tom azulado e mais escuro do que o citoplasma. As setas vermelhas indicam
corpúsculos sanguíneos, chamados eritrócitos (glóbulos vermelhos ou hemácias). Os
eritrócitos são chamados corpúsculos ou glóbulos porque não possuem núcleo (perdem o
núcleo durante o desenvolvimento), portanto não são consideradas células. Coloração por
Hematoxilina e Eosina (H&E), grande aumento (1000X).

A matriz extracelular é composta de um material amorfo que contém muitos tipos de


moléculas e fibras glicoproteicas produzidas pelas células. Tem a função de conectar as
células e influenciar sua atividade, permitir a difusão do líquido intersticial e as trocas de
substâncias entre células, além de dar suporte estrutural (figura 1.3). Em alguns tecidos a
matriz extracelular é bastante abundante e pode desempenhar as principais funções
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biológicas do tecido (como suporte e transporte), outros tecidos possuem pouca matriz
extracelular entre as células.

Figura 1.3. Tecido cartilaginoso hialino. As setas negras indicam células


(condrócito) no interior de uma matriz extracelular abundante (ME) de coloração azulada.
H&E, 400 X.

O líquido intersticial é um filtrado da matriz líquida do sangue, chamada plasma, que


extravasa para os tecidos. O líquido intersticial tem a função de permitir a difusão de
substâncias pelos tecidos e a lubrificação de estruturas anatômicas.

Para que o tecido seja considerado normal e funcional, os três elementos (células,
matriz extracelular e líquido intersticial) devem estar organizados e cooperarem entre si para
exercerem uma função biológica (figura 1.4). Conseguimos identificar tecidos doentes,
quando a organização estrutural do tecido é perdida e sua função é alterada. Por exemplo,
no caso dos tumores malignos (câncer), as células proliferam sem controle e não produzem
matriz extracelular de forma adequada, apresentando morfologia anormal e perdendo a
função biológica do tecido. Em alguns tecidos, as principais funções biológicas são exercidas
pelas células (por exemplo, o tecido muscular) enquanto, em outros, as funções são exercidas
pela matriz extracelular produzida pelas células (tecidos conjuntivos).
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Figura 1.4. Características que células, matriz extracelular e líquido intersticial devem
apresentar nos tecidos básicos normais.

1.2 Tipos fundamentais de tecido

No corpo humano e nos animais existem três tipos básicos de tecido (figura 1.5):

Figura 1.5. Tecidos básicos


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O que diferencia cada tipo de tecido básico é a sua origem embriológica, morfologia
e função.

A principal característica do tecido epitelial é a íntima relação célula-célula com muito


pouca matriz extracelular, permitindo que o tecido forme barreiras que isolam o meio externo
e interno, ou separe compartimentos dentro do corpo humano. Além disso o tecido epitelial
também forma unidades secretoras chamadas glândulas. O tecido epitelial é classificado nas
variedades de tecido epitelial de revestimento e tecido epitelial glandular (figura 1.6).

Figura 1.6. Tecido epitelial. a) Tecido epitelial de revestimento da mucosa bucal do palato
mole, H&E, 400X. b) Tecido epitelial glandular da glândula salivar parótida, H&E, 100X.
Observe que as células estão bastante próximas umas das outras, com pouca matriz
extracelular.
O esmalte dentário é uma estrutura de origem epitelial, porém durante o processo
de erupção dentária, as células secretoras de matriz extracelular são perdidas,
permanecendo apenas a matriz extracelular calcificada. Portanto, o esmalte dentário maduro
não é classificado como um tecido, mas um remanescente de tecido dentário.

O tecido conjuntivo, como o próprio nome já diz, foi descoberto como uma variedade
de tecido que fazia a conexão entre outros tecidos e órgãos. O tecido conjuntivo tem diversas
funções e aspectos morfológicos, relacionados à funções específicas (Figura 1.7). Na maior
parte dos tecidos conjuntivos, a matriz extracelular é abundante e contribui para a função do
tecido. Os tecidos conjuntivos compreendem o tecido conjuntivo propriamente dito, o
tecido cartilaginoso, o tecido ósseo, o tecido hematopoiético, o sangue, o tecido
linfoide, o tecido adiposo, o complexo dentina-polpa e o ligamento periodontal.
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Figura 1.7. Variedades de tecido conjuntivos Observe a diversidade de aspectos


morfológicos entre diferentes variedades de tecidos conjuntivos. H&E.

O tecido muscular é formado por longas células, chamadas fibras musculares, com
capacidade contrátil e com pouca matriz extracelular. O tecido muscular é classificado em
tecido muscular estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e tecido
muscular liso (Figura 1.8).
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Figura 1.8 Variedades de tecido muscular. Fonte: Junqueira, LC & Carneiro. Histologia
Básica, 2008.

O tecido nervoso também possui pouca matriz extracelular e é responsável pela


coordenação das nossas ações voluntárias e involuntárias, integrando todo organismo por
uma rede de comunicações transmitida por meio de impulsos elétricos. O tecido nervoso é
responsável pela nossa atividade cognitiva e emocional. As principais células do tecido
nervoso são os neurônios e células de suporte chamadas células da glia. Do ponto de vista
anatômico o tecido nervoso está organizado o sistema nervoso central e sistema nervoso
periférico.

1.2 Processamento de tecidos biológicos

Para o estudo dos tecidos em microscopia de luz é necessário o preparo de lâminas


histológicas.

1.2.1 Obtenção de amostras biológicas

A primeira etapa do processo é a obtenção da amostra biológica. O tecido deve ser


removido com margem de segurança, com o uso de ferramentas de precisão, como lâminas
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de bisturi ou tesouras cirúrgicas, e sem causar danos por esmagamento com pinças e outros
objetos de coleta (figura 1.9).

Figura 1.9. Obtenção de amostra biológica de enxerto halogênico para estudo


histopatológico. a) a seta negra indica enxerto localizado em tecido subcutâneo em dorso
de camundongo Swiss. b) Espécime (amostra biológica) removida para estudo
histopatológico. As setas vermelhas indicam tecido normal removido como margem de
segurança e a seta amarela indica o material de enxerto. Observe que o material e tecido foi
removido sem esmagamento por pinça ou laceração da amostra.

1.2.2 Fixação

Imediatamente após a coleta, os tecidos precisam ser preservados em soluções


chamadas fixadores. Função do fixador é preservar a estrutura anatômica do tecido, inibir a
proliferação de microrganismos e enrijecer o tecido. Os fixadores mais comuns são a
formalina e o glutaraldeído, associadas ou não a soluções contendo etanol, ácido acético,
clorofórmio, ácido pícrico, dicromato de potássio, brometo de amônio, entre outras
substâncias, dependendo do tipo de tecido e estrutura a ser analisada. A solução mais
comumente utilizada é o formalina 4% tamponada com fosfato. Os fixadores preservam as
estruturas proteicas, estabelecendo pontes dissulfeto entre as cadeias de proteínas.
O processo de fixação pode demorar de horas a dias, dependendo do tipo de fixador
e do volume da amostra histológica. A fixação com formalina tamponada demora em torno de
24 horas para peças de espessura 0,5 a 1 cm. As amostras histológicas não devem ter um
volume grande, para permitir que a solução fixadora consiga penetrar na peça e preservar a
estrutura. As peças muito volumosas podem não permitir a correta fixação da região central
do tecido, promovendo degradação e alterações morfológicas do material. Nestes casos,
recomenda-se a fixação por perfusão do tecido, ou seccionar as peças em fragmentos
menores.
A fixação química é uma etapa crítica, que utiliza substâncias carcinogênicas
(cancerígenas), tóxicas e inflamáveis, requerendo cuidados especiais, com a manipulação
correta de produtos e descarte dos resíduos laboratoriais. Outra opção de fixação é a técnica
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de congelamento, com uso de criostatos, o que permite a fixação rápida por congelamento e
análise imediata dos tecidos. Este tipo de técnica é utilizada para análise rápida de tecidos,
durante procedimentos cirúrgicos, e para estudo de estruturas e substâncias celulares que
são degradadas durante a fixação química.
Quando realizamos biópsias de lesões em consultório, utilizamos a formalina
tamponada ou soluções fixadores comerciais para encaminhar o material ao laboratório
clínico. No consultório, coloque o material no fixador o mais rápido possível para garantir a
qualidade da análise no diagnóstico!

1.2.3 Desidratação

A etapa seguinte consiste na remoção do excesso de fixador e a remoção da água


presente na amostra histológica. Esta etapa é realizada com uso de álcool etílico, ou etanol,
em concentrações crescentes, começando a 70% e terminando o álcool absoluto (100%).
Durante o processamento as peças passam por banhos sucessivos de álcool em diferentes
concentrações por períodos de 5 a 30 minutos dependendo do volume da peça. As peças
devem passar por banhos sucessivos de concentração crescente de álcool, eliminando
gradativamente o excesso de água. A imersão das peças diretamente no álcool absoluto
provoca uma desidratação rápida, o que promove o encolhimento e deformação do tecido.

1.2.4 Diafanização

A próxima etapa do processo de obtenção de cortes histológicos é a diafanizarão ou


clarificação, cuja função é remover o álcool do tecido, aumentar o grau de enrijecimento do
material e torná-lo transparente. A diafanização é realizada com uso de solventes orgânicos,
miscíveis tanto em água quanto em parafina. Os solvente mais comum é o xilol. O material
passará por banho sucessivos de 30 minutos em xilol, para remoção da água, sendo que a
última imersão em xilol deverá ser realizado a temperatura de 56 a 60 ᵒC. Os solventes
utilizados nesta etapa também são tóxicos, inflamáveis e voláteis. Recomenda-se a sua
manipulação em capelas de exaustão de laboratório, e descarte apropriado dos resíduos.

1.2.5. Inclusão em parafina

Após a diafanização, o xilol será substituído por parafina líquida, um processo


chamado inclusão. A inclusão é realizada com banhos sucessivos de parafina, a 56 ᵒC. Após
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a remoção do xilol e a impregnação com parafina, as peças incluídas em parafina são


removidas da estufa e solidificam a temperatura ambiente. Desta forma, as peças ficarão
preservadas em bloco de parafina, uma base enrijecida, que permitirá a obtenção de cortes
histológicos ultrafinos (figura 1.10).

Figura 1.10. Blocos de inclusão de parafina contendo fragmentos de tecido epitelial.

1.2.6 Microtomia

Para que os cortes histológicos possam ser observados ao microscópio óptico,


precisão ser cortados em uma espessura muito fina, entre 5 a 10 micrômetros (μm). Na
maioria dos estudos, são utilizados cortes de 7 μm de espessura. Para obtenção de cortes
ultrafinos é utilizado um equipamento chamado micrótomo (figura 1.11). Os cortes obtidos
no micrótomo são estendidos em água quente em banho-maria e fixados em lâminas de vidro
para microscopia, antes de passar pelo processo de coloração.

Figura 1.11. Micrótomo.


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1.2.7 Coloração

Para observar as estruturas celulares ao microscópio óptico, é necessário que os


cortes histológicos sejam corados, pois a maioria dos tecidos cortados no micrótomo são
incolores. Os corantes mais comumente utilizados na Histologia são a hematoxilina e a
eosina (H&E).
A hematoxilina é um corante básico, que tem afinidade por estruturas ácidas. O
corante cora o tecido de roxo a azul, e as estruturas coradas pela hematoxilina são chamadas
de basófilas. Os núcleos celulares se coram de hematoxilina e aparecem na tonalidade azul
a roxa devido à presença do ácido desoxirribonucleico (DNA). As estruturas ricas em ácido
ribonucleico (RNA), como os ribossomos, também se coram por hematoxilina.
A eosina é um corante ácido, que tem afinidade por estruturas básicas. O corante
cora os tecidos em rosa, e as estruturas coradas pela eosina são chamadas acidófilas ou
eosinofílicas (figura 1.12).

Figura 1.12. Coloração com os corantes Hematoxilina e Eosina (H&E).

Para coloração das lâminas histológicas com hematoxilina e eosina é necessário a


remoção da parafina e hidratação dos cortes histológicos, pois os corantes são solúveis em
água (figura 1.13). As lâminas passam por banhos sucessivos de xilol para remoção da
parafina, seguidos de banhos em álcool etílico absoluto, álcool etílico 90%, álcool etílico 70%
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e água. A seguir, a amostra é corada em hematoxilina, lavada em água corrente, e corada


em eosina. Depois, as amostras são desidratadas em álcool etílico. O álcool é removido com
xilol e as amostras são preservadas com a colagem de uma lamínula de vidro com bálsamo
do Canadá. Após a secagem, as peças estão prontas para serem observadas no microscópio
óptico.

Figura 1.13. Etapas da coloração em hematoxilina e eosina (H&E).

Todo o processo de preparo das lâminas histológicas demora cerca de 5 dias.


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1.3 Microscópio de luz (ótico)

O microscópio de luz possui três regiões (figura 1.14):

Figura 1.14. Esquema do microscópio óptico. O microscópio possui três regiões: base,
coluna e lentes. Adaptado de Junqueira, LC & Carneiro, J. Histologia Básica, 2008.

 Base: A base do microscópio possui uma fonte de luz com um diafragma que emite
um feixe de luz direcionado ao corte histológico (figura 1.14).

 Coluna: a coluna do microscópio possui dois botões giratórios para obtenção do


foco da imagem. Estes botões movimentam uma mesa onde é posicionado o corte
histológico chamada Platina. O botão macrométrico permite amplos movimentos
de subida e descida da Platina, permitindo que o operador localize o foco principal
do tecido em menor aumento. O botão micrométrico permite que a platina faça
movimentos muito discretos e precisos dando foco as imagem de maior aumento.
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No centro da Platina há um orifício por onde a luz emitida pela fonte luminosa da
base atravessa o corte histológico. A lâmina histológica fica presa a superfície da
Platina por meio de pinças e pode deslizar sobre a superfície da Platina por meio
de um botão ou alavanca lateral da Platina, chamada charriot. Abaixo da Platina,
no orifício de passagem de luz, há um conjunto de lentes condensadoras que
contra o feixe de luz que atravessa a lâmina histológica.

 Lentes oculares: a porção superior do microscópio suporta as lentes oculares e


um canhão móvel com as lentes objetivas. Os microscópios podem possuir uma
lente ocular (microscópio monocular), duas lentes oculares (microscópio
binocular) ou mais lentes oculares para compartilhamento de imagem ou
acoplagem de câmeras e sistemas de captura de imagens digitais. A lente ocular
amplia 10 vezes a imagem e possuem um ajuste de foco para acomodar diferentes
graus de miopia ou astigmatismo do operador (use o microscópio sem os óculos!).

 Lentes objetivas: a luz que atravessa o corte histológico é capturada pelas lentes
objetivas. A primeira lente objetiva promove ampliação da imagem de quatro
vezes. É uma lente curta, com uma marca vermelha. Para encontrar o foco do
objeto nesta objetiva, é usado o botão macrométrico e, a seguir, o botão
micrométrico. Atenção: o botão macrométrico só pode ser utilizado com a objetiva
vermelha de menor aumento. Após identificar o foco da imagem na objetiva
vermelha, é possível girar o canhão e capturar a imagem com a objetiva amarela,
que possui capacidade ampliação de 10 vezes. A objetiva amarela permite o
estudo da imagem em 100 vezes de aumento. Para obter o foco nesta objetiva,
somente o botão micrométrico pode ser utilizado. Caso haja dificuldade em
encontrar o foco, é necessário retornar a objetiva vermelha para dar o foco. Após
focar a imagem da objetiva amarela, é possível girar o canhão para objetiva azul.
A objetiva azul possui 40 vezes de aumento, e a imagem obtida apresenta 400
vezes de ampliação. Nesta objetiva, a lâmina histológica quase toca a superfície
da lente. Para refinar o foco somente o botão micrométrico pode ser utilizado.
Caso o operador perca o campo de imagem ou tenha dificuldade em obter foco, é
necessário retornar à objetiva amarela. A última objetiva possui uma marcação
branca e preta e é capaz de produzir uma ampliação de imagem de 1000 vezes,
tendo capacidade de aumento de 100 vezes. Esta objetiva toca a superfície da
lâmina e para obtenção do foco é necessário o uso de um óleo de imersão entre
a lâmina e objetiva. Nesta objetiva somente o botão micrométrico pode ser
utilizado.
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A tabela 1 demonstra os aumentos de projeção de imagem e recomendações de


obtenção de foco de imagens ao microscópio óptico.

Tabela 1. Ampliação da imagem em lentes oculares e objetivas de microscópio óptico


Ampliação da Ampliação da lente Ampliação total da Procedimento de
lente ocular objetiva imagem foco
10 X Vermelha: 4 X 40X Botão
macrométrico e
micrométrico
10X Amarela: 10 X 100X Botão
micrométrico
10 X Azul: 40 X 400X Botão
micrométrico
10 X Branca e preta: 100X 1000X Botão
micrométrico e
óleo de imersão
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1.4 Análise de imagens coradas com Hematoxilina e Eosina

1.4.1 Objetiva vermelha

Sempre comece o estudo da imagem pela objetiva vermelha (4X) (Figura


1.15). Não tem erro: esta é a objetiva mais curta e com uma marcação vermelha.

Figura 1.15. Lente objetiva vermelha (4x).


Esta lente permitirá você localizar o corte histológico (figura 1.16). Nesta objetiva você
pode localizar a imagem com o botão macrométrico e dar foco na imagem com o botão
micrométrico.

Figura 1.16. Corte histológico de glândulas endócrinas tireoide e paratireoide (seta


amarela). Observe que a glândula paratireoide tem tonalidade azulada a arroxeada, sendo
considerada basófila.
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1.4.2 Objetiva amarela

Após identificar e focar o objeto na objetiva amarela, você pode girar o canhão de
lentes e observar a imagem na objetiva amarela (figura 1.17). Utilize apenas o botão
micrométrico para dar foco.

Figura 1.17. Corte histológico de glândula endócrina tireoide. Observe que a glândula
tireoide tem estruturas coradas na tonalidade azulada a arroxeada (basófila), e regiões
coradas em rosa (acidófilas). Aumento de 100 X, H&E.
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1.4.2 Objetiva azul

Após identificar e focar o objeto na objetiva azul, você pode girar o canhão de lentes
e observar a imagem na objetiva azul (figura 1.18). Utilize apenas o botão micrométrico
para dar foco.

Figura 1.18. Corte histológico de glândula endócrina tireoide. Observe que a


glândula tireoide tem estruturas coradas na tonalidade azulada a arroxeada (basófila), e
regiões coradas em rosa (acidófilas). Aumento de 100 X, H&E.

Nos cortes corados com hematoxilina e eosina, os núcleos (que contém DNA) se
coram com Hematoxilina, apresentando coloração azul a roxa. Os núcleos corados em
hematoxilina são considerados basófilos (Figura 1.19).
Na glândula tireoide, formam-se estruturas chamadas folículos tireoidianos, que
armazenam os pré-hormônios T3 e T4 na forma de uma substância coloide. O coloide dos
folículos tireoidianos tem pH básico, por isso tem afinidade pelo corante ácido Eosina. O
coloide se cora em rosa e é uma substância acidófila (figura 1.19).
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Figura 1.19. Coloração em hematoxilina e eosina da glândula tireoide,


demonstrando núcleos basófilos corados pela Hematoxilina e o coloide (pH básico)
acidófilo corado por Eosina. Grande aumento, H&E.
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Referências

JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12 ed. Guanabara Koogan: Rio


de Janeiro, 2013. 556 p.
KIERSZENBAUM, A.L.; TRES, L. Histologia e biologia celular. 3 ed. Elsevier: Rio de
Janeiro, 2012. 720 p.
OVALLE, W.K; NAHIRNEY, P.C. Netter. Bases da Histologia. 2 ed. Guanabara
Koogan: Rio de Janeiro, 2014. 536 p.
ROSS, M.H.; PAWLINA, W. Histologia. 8 ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro,
2021. 1032 p.
SOBOTTA, J. Atlas de Histologia. 7ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2007.
272 p.
YOUNG, B.; HEATH, J.W. Wheater. Histologia Funcional. 5 ed. Elsevier: Rio de
Janeiro, 2007. 436 p.

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