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Sistema Muscular

nathalia.victo@fmu.br
Objetivos de
Aprendizagem:
1. Identificar a unidade funcional do músculo;
2. Conhecer os componentes anatômicos do músculo
estriado esquelético;
3. Diferenciar os tipos de tecido muscular;
4. Descrever a contração muscular.
As células que compõem o tecido muscular são alongadas e por esta razão
são também chamadas de fibras musculares (miócitos).

Todas fibras musculares têm em comum:


– a presença de grande quantidade de proteínas contráteis (miosina e
actina). A maneira como estas proteínas se organizam nas células
musculares difere nos vários tipos de tecido muscular.
– a capacidade de gerar movimento ou tensão em consequência da
contração das células.
Pelo fato destas células serem
alongadas elas podem sofrer um
grande encurtamento longitudinal,
gerando movimento. Se as células
se contraem sem que seja
permitido um encurtamento, elas
geram tensão (tônus).
– tecido muscular estriado esquelético – de contração voluntária, constitui a
musculatura do corpo ligada aos ossos, além de alguns músculos não ligados a
ossos, como por exemplo músculos situados na pele (músculos da mímica), orbicular
do olho e outros.

– tecido muscular liso – de contração involuntária, constitui a musculatura das


vísceras e das paredes dos vasos sanguíneos.

– tecido muscular estriado cardíaco – de contração involuntária, compõe o


músculo do coração -miocárdio- e é encontrado também na porção inicial da aorta.
Classificação morfo-funcional
ASPECTO HISTOLÓGICO FUNÇÃO /LOCALIZAÇÃO
- presença ou não de estrias -locomoção / esqueleto
transversais - movimentação do sangue / coração
- quantidade e localização do(s) - contração de vísceras e vasos
núcleo(s)
- tamanho e forma da célula
Tecido Muscular Liso
As fibras musculares lisas, diferentemente dos outros tipos de células
musculares são fusiformes; suas extremidades são mais delgadas que o seu
centro.

A forma das células é de um delgado feixe de músculo liso cujas fibras


estão separadas entre si, o que facilita a sua observação.
Função
– vasos sanguíneos / vísceras

Morfologia Contração
- involuntária
- fraca
- lenta
- descontínua
Conjuntos pequenos de fibras musculares lisas são às vezes difíceis de
diagnosticar.
Veja na imagem delgados feixes de fibras musculares lisas situados em
vilosidades do intestino delgado.

Tecido epitelial

Fibras musculares lisa

Tecido conjuntivo
Tecido Muscular Estriado Esquelético
Têm a forma de longos cilindros, que podem chegar a ter o
comprimento do músculo a que pertencem. São multinucleadas e
os núcleos se situam na periferia da fibra, junto à membrana
plasmática. Possuem no citoplasma bandas transversais características, e
por esta razão é um músculo estriado.
Morfologia

Características de contração
- voluntária
- forte
- rápida
- descontínua
Estão presentes fibras musculares
estriadas esqueléticas seccionadas
longitudinalmente. Pode se observar
muito bem a estriação
transversal no citoplasma de cada
célula.

Estriação Transversal
Estrutura do miócito
– Placa motora
▪ estímulo de contração
Tecido Muscular Estriado Cardíaco
Ao contrário das fibras musculares esqueléticas, as fibras musculares
estriadas cardíacas têm forma de curtos cilindros cujas extremidades são
relativamente achatadas e perpendiculares ao eixo da fibra.
Quando vistas em cortes longitudinais seu citoplasma mostra estriação
transversal (bandas) semelhante à do músculo esquelético, porém a
estriação nem sempre é tão facilmente observável como no músculo
esquelético.
Cada fibra tem um ou eventualmente dois núcleos situados no centro da
fibra, ao contrário das células musculares esqueléticas cujo núcleo é
periférico. A posição dos núcleos pode ser vista melhor em cortes
transversais das fibras.

Uma estrutura característica das fibras musculares cardíacas é a existência


de bandas escuras transversais às células mais espessas que as bandas da
estriação regular. São complexos juncionais situados nas membranas
celulares e que indicam os limites das fibras. São constituídas de junções de
adesão e junções comunicantes. São denominados discos intercalados.
Infelizmente não são facilmente observados em cortes corados por
hematoxilina e eosina, mas são bastante visíveis por alguns outros corantes.
No coração as fibras se organizam em feixes de diferentes
direções. Isto pode ser visto na figura que mostra fibras
musculares cardíacas em secção longitudinal.
As principais características histológicas das fibras musculares cardíacas
podem ser observadas nestas duas figuras: Fibras organizadas em feixes
Núcleos em posição central nas células – ressaltados em verde. A posição
dos núcleos pode ser melhor observada nos cortes transversais das fibras.
Discos intercalados, transversais às fibras, mas pouco corados após
coloração por hematoxilina e eosina. Alguns se tornam destacados em
verde claro.
Discos intercalares
Os discos intercalares são vistos como barras que atravessam transversalmente as
fibras musculares cardíacas. São formadas por longos complexos juncionais e
delimitam as extremidades das fibras musculares.

Na imagem se observa a estriação transversal (bandas) das fibras cardíacas,


semelhante à das fibras musculares esqueléticas. Além disso, há traços escuros, mais
espessos e de tamanhos variados, dispostos transversalmente às fibras. São
os discos intercalares e aparecem ressaltados em branco.
Organização histológica dos músculos esqueléticos
As fibras musculares esqueléticas quase sempre se organizam em feixes de
complexidade crescente, conforme as dimensões do músculo.
Há uma pequena quantidade de tecido conjuntivo frouxo entre as fibras musculares.
Este tecido conjuntivo é importante pois contém os vasos sanguíneos, vasos
linfáticos e os nervos destinados nutrir e inervar as fibras. Este tecido se
denomina endomísio.

Há tecido conjuntivo denso em quantidade maior que a do tipo anterior, que reúne
fibras musculares esqueléticas em grupos denominados fascículos. Sua denominação
é perimísio.

O músculo como um todo é envolvido por uma capa de tecido conjuntivo denso
modelado denominada epimísio. Esta capa contém todos os fascículos do músculo.
❖ Endomísio: leva os capilares e nervos a cada fibra muscular;
❖ Perimísio: proteção e trajeto para nervos e vasos sanguíneos;
❖ Epimísio: transfere a tensão muscular ao osso;
CONCEITO DE MÚSCULOS
- São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua
contração são capazes de transmitir movimento.

- Apresentam células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia


latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de
transformar energia química em energia mecânica.

- O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração avermelhada das fibras


musculares se deve à mioglobina, proteína semelhante à hemoglobina, que
cumpre o papel de conservar algum O2 proveniente da circulação para o
metabolismo oxidativo.

- Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.


FUNÇÕES DOS MÚSCULOS
- Produção dos Movimentos Corporais

- Estabilização das Posições Corporais: A contração dos


músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam
da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé
ou sentar.

- Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada


das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode
impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
- Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos
das paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos
também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os
músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o
coração.

- Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e


grande parte desse calor liberado pelo músculo é usado na manutenção da
temperatura corporal.
CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS
ORIGEM E INSERÇÃO MUSCULAR

Origem: ponto de fixação de um músculo na peça óssea que não se


movimenta (axial e apendicular*). Quando se originam de mais de um
tendão. Ex. Bíceps, Quadríceps.

Inserção: ponto de fixação de um músculo na estrutura que se movimenta


(osso, pele e cápsula articular). Quando se inserem em mais de um tendão.
Ex: Flexor Longo dos Dedos.

São permutáveis de acordo com o movimento*


QUANTO À SITUAÇÃO
Superficiais ou Cutâneos: Estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo
uma de suas inserções na camada profunda da derme. Estão localizados na
cabeça (crânio e face), pescoço e na mão (região hipotenar). Exemplo: Platisma.

Profundos ou Subaponeuróticos: São músculos que não apresentam inserções


na camada profunda da derme, e na maioria das vezes, se inserem em ossos.
Estão localizados abaixo da fáscia superficial. Exemplo: Pronador quadrado.
QUANTO À FUNÇÃO
Agonista: músculo constantemente ativo na iniciação e manutenção de um
movimento;
Ex: m. bíceps braquial: agonista na flexão do antebraço;

Antagonista: músculo que se opõe ao trabalho de um agonista (relaxamento);


Ex: m. tríceps braquial: antagonista na flexão do antebraço.

Sinergista: músculo que complementa a ação do agonista.


Ex: m. braquial: sinergista na flexão do antebraço;

Fixadores (posturais): mm que estabilizam as diversas partes do corpo p/


tornar possível a ação principal.
Ex: mm. extensores do carpo são fixadores no movimento de flexão dos dedos -
estabilizam a articulação do punho.
QUANTO À FORMA E DIREÇÃO DAS FIBRAS
Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os
mais superficiais são os mais longos, podendo passar duas ou
mais articulações. Exemplo: Bíceps braquial.

Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos


tem pouca amplitude, o que não exclui força nem
especialização. Exemplo: Músculos da mão.

Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados


nas paredes das grandes cavidades (tórax e abdome). Exemplo:
Diafragma
Reto: Paralelo à linha média. Ex: Reto abdominal.
Transverso: Perpendicular à linha média. Ex: Transverso abdominal.
Oblíquo: Diagonal à linha média. Ex: Oblíquo externo
FORMA E ARRANJO DAS FIBRAS
Fibras paralelas: Fibras oblíquas:

Músculos longos Unipenados


- Cilíndricos
- Fusiformes Bipenados
- Cônicos
Multipenados
Músculos largos
- Rombóides
- Quadrangulares
- Triangulares

Músculos breves ou curtos

Músculos circulares
TIPOS DE CONTRAÇÕES

O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o


fisiológico e o topográfico:
Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do
músculo durante a contração.

Contração Concêntrica: o músculo se encurta e


traciona outra estrutura, como um tendão,
reduzindo o ângulo de uma articulação.

Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações


enquanto outras são movidas. Gera tensão muscular sem realizar
movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos
em posição fixa.
GRUPOS MUSCULARES

Em número de nove

a) Cabeça
b) Pescoço
c) Tórax
d) Abdomen
e) Região Posterior do Tronco
f) Membros Superiores
g) Membros Inferiores
h) Órgãos dos Sentidos
i) Períneo
Principais Músculos
miócito
Fibra muscular → célula longa e cilíndrica, multinucleada e composta por
miofibrilas. Essas miofibrilas são compostas por miofilamentos de proteínas
contráteis e elásticas.
sarcômero

Mitocôndrias: geram o ATP necessário


para a contração muscular.

Retículo sarcoplasmático → conectado a


uma rede de túneis (túbulos T) do
sarcolema. Grande reservatório de Ca+2.
Junção Neuromuscular ou Placa Motora

Sinapse formada entre o neurônio motor


e a fibra muscular esquelética.
Neurotransmissor liberado na placa
motora: acetilcolina
Miosina: filamentos grossos, molécula com uma cauda longa e duas
cabeças globulares. Na cabeça encontram-se sítios de ligação para ATP e
sítio de fixação à molécula de actina.

Actina: filamentos finos, composto por moléculas globulares em forma de


filamentos enrolados onde situam-se moléculas regulatórias. Cada actina
tem um sítio de ligação de miosina.

Troponina e Tropomiosina: proteínas regulatórias associadas


aos filamentos de actina. A Troponina exerce efeito inibitório
sobre a Tropomiosina para manter escondido os sítios de ligação
da miosina na actina.

Titina e Nebulina: proteínas acessórias. A Nebulina auxilia no


alinhamento da actina e a Titina proporciona elasticidade e
estabiliza a miosina.
Teoria da Contração pelo Filamento Deslizante

Sobreposição das fibras musculares →


deslizamento das fibras
Processo exige energia → ATP e Ca+2
Tensão Muscular → força gerada pela
contração muscular
 Junção Neuromuscular
ou Placa Motora
 Ativação dos
canais de Ach
Canal de Actetilcolina sendo
ativado pela acetilcolina
liberada pelo neurônio motor

Íons positivos como


Na+ e Ca2+ passam
através do canal
aberto
 Liberação e Recaptação do Ca+2

Especialização da Membrana.

O potencial de ação libera


Ca+2 do retículo
sarcoplasmático para o citosol.

O Ca+2 é importante para a


contração.
 Papel do Ca+2 na Contração Muscular

O Ca+2 inicia a contração unindo-se a


troponina. Essa união desloca a
tropomiosina e expõe os sítios de
ligação da miosina na actina.

A redução de Ca+2 no citosol faz com


que ele se desligue da troponina e a
tropomiosina retorna a sua posição
cobrindo os sítios de ligação da miosina
na actina.
 Sítio de Ligação de ATP e da Actina na Cabeça da Miosina

A ligação da cabeça da
miosina em seu sítio ma
molécula de actina forma
um ângulo de 90°, e ativa a
ATPase que hidrolisa o ATP
da cabeça da miosina.
 e  Ciclo de pontes cruzadas causam deslizamento dos
Filamentos e Contração Muscular
Avaliação do Aprendizado
Ruptura do tendão calcâneo (de Aquiles)

Homem, 27 anos, procurou ambulatório de ortopedia. Relatou que durante partida


de futebol ocorrida 24 horas antes ouviu um estalido (como o som de uma
pedrada) associado à dor no calcanhar esquerdo, e concomitantemente percebeu
que sua marcha estava alterada. Ao exame físico visualizou-se ausência de flexão
plantar quando da contração do tríceps sural (Figura 13.5.1).

Foi solicitada ultrassonografia local, a qual confirmou o


diagnóstico de lesão do tendão calcâneo. O paciente foi
internado e posteriormente realizado cirurgia para correção
(Figura 13.5.2). Após período de imobilização e fisioterapia
obteve recuperação plena dos movimentos e da força
muscular do tríceps sural.
1. Na Figura 13.5.2 observa-se a parte
carnosa e vermelha do músculo. A que parte
de um músculo estriado esquelético esta
região corresponde? Conceitue-a e dê sua
função.
2. O tendão calcâneo é responsável por fixar
o músculo tríceps sural em um osso do pé
(osso calcâneo). Quais músculos compõem o
tríceps sural?
3. O tendão também faz parte do músculo
estriado esquelético. Conceitue-o, dê sua
constituição e sua função.
4. Histologicamente classificamos os
músculos do corpo humano em três
diferentes tipos. Quais são estes tipos? Adaptado de PEZZI, Lúcia; CORREIA, João; PRINZ, Rafael; NETO, Sílvio. Anatomia
clínica baseada em problemas. Ed Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2011.
Diferencie-os. O m. tríceps sural citado no Disponível em: http://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-
2016-8/pages/47490982
caso acima é classificado como?

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