Você está na página 1de 37

Sistema Digestório

O alimento entra no trato gastrointestinal (trato GI),


que consiste em esôfago, estômago, intestino delgado e
intestino grosso. Sendo que a porção do trato GI vai do
estômago até o ânus também é chamada de intestino.
O sistema digestório é um tubo
A mastigação e a secreção da saliva por três pares de
glândulas salivares: sublinguais, submandibulares e parótidas

O alimento deglutido passa pelo esôfago, um tubo


estreito que atravessa o tórax até o abdome (sendo que as
paredes desse tubo são constituídas de músculo esquelético
no terço superior e músculo liso nos dois terços inferiores).
Abaixo do diafragma, o esôfago termina no estômago
(órgão em forma de saco que pode conter até dois litros de
alimento e líquido quando totalmente expandido), sendo
separado em três seções: o fundo superior, o corpo central e o
antro inferior. Este órgão mistura o alimento com ácido e
enzimas para criar o Quimo. A abertura entre o estômago e o
intestino delgado (ou piloro), é protegida pela válvula pilórica
(composta de musculatura lisa).
No colo, a seção proximal do intestino grosso, o quimo
aquoso se transforma em fezes semissólidas à medida que a
água e os eletrólitos são absorvidos do quimo para o LEC
Quando por fim as fezes são propelidas para a seção
terminal do intestino grosso, conhecido como reto, a distenção
da parede retal desencadeia o reflexo de defecação. As fezes
deixam o trato GI pelo ânus, sendo que o esfíncter anal
externo, constituído de músculo esquelético, está sob controle
voluntário

A parede do trato GI possui quatro camadas


A estrutura básica da parede gastrointestinal é similar no
estômago e nos intestinos, embora existam variações de uma
seção do trato GI para outra.
OBS: O estômago regula a velocidade na qual o quimo
A parede intestinal é enrugada em dobras, denominadas
entra no duodeno, garantindo que o intestino não seja
pregas quando no estômago e dobras no intestino delgado,
sobrecarregado com mais do que ele pode digerir e absorver.
possuindo a função de aumentar a área de superfície. A
A maior parte da digestão ocorre no intestino delgado (a mucosa intestinal também se projeta para o lúmen em
maior parte dos nutrientes digeridos e os fluidos secretados pequenas extensões similares a dedos, denominados
são absorvidos nele), que possui três seções: o duodeno, o vilosidades. Ainda mais áreas de superfície é adicionado por
jejuno e o íleo. A digestão é realizada por secreções exócrinas invaginações tubulares da superfície (chamadas de glândulas
de dois órgãos glandulares acessórios: o pâncreas e o fígado. gástricas no estômago e criptas no intestino), que se
OBS: Vale lembrar que existe um esfíncter tonicamente estendem para dentro do tecido conectivo de sustentação,
contraído (esfíncter hepatopancreático) que impede o líquido algumas das invaginações mais profundas formam glândulas
pancreático e a bile de entrarem no intestino delgado, exceto submucosas secretoras que se abrem para lúmen através de
durante a refeição. ductos.
A parede intestinal consiste em quatro camadas: absorvidas do lúmen e as moléculas secretadas por
1- Camada mucosa virada para o lúmen células epiteliais que entram no LEC.
As junções célula a célula que unem as
2- Camada submucosa
células epiteliais do trato GI variam. No estômago e
3- Camada de músculo liso, conhecidos coletivamente
como muscular externa no colo, as junções formam uma barreira OCLUSIVA
4- Cobertura de tecido conectivo, denominada serosa. impermeável, de modo que pouco pode passar entre
as células. No intestino delgado, as junções não são
tão apertadas. Este epitélio intestinal é considerado PERMEÁVEL
“permeável”, uma vez que parte da água e dos
solutos pode ser absorvida entre as células (via
paracelular), em vez de através delas. Agora,
sabemos que as junções possuem plasticidade e
que a sua permeabilidade e seletividade podem ser
reguladas em algum grau.

• Lâmina própria: é o tecido conectivo subepitelial que


contém fibras nervosas e pequenos vasos
sanguíneos e linfáticos (aonde os nutrientes
absorvidos passam para a linfa e sangue). Ademais,
essa camada contém células imunes patrulhadoras,
Mucosa: A mucosa possui revestimento de três como macrófagos e linfócitos (que monitoram
camadas: invasores que tenham adentrado através de rupturas
• Epitélio mucoso, virado para o lúmen, as células da do epitélio).
mucosa incluem células epiteliais transportadoras No intestino, coleções de tecido linfoide
(chamadas de enterócitos no intestino delgado). Na adjacente ao epitélio formam pequenos nódulos e
superfície mucosa do epitélio apical há a secreção grandes placas de Peyer (contém células
de íons, enzimas, muco e moléculas parácrinas para imunológicas B e T), que criam inchaços visíveis na
o lúmen. Na superfície basolateral, as substâncias mucosa, esses agregados formam a maior parte do
tecido linfático associado ao intestino (GALT).
CONTRAÇÃO ONDAS LENTAS, ESPONTANEAS,
GERANDO 1 OU + POTENCIAIS DE CONTRAÇÃO
FORÇA RELACIONADA A COMPRIMENTO E AMPLITUDE DA ONDA
CÉLULAS DE CAJAL (JUNÇÕES COMUNICANTES) PASSAM O ESTÍMULO CÉLULA A CÉLULA

• Muscular da mucosa, uma fina camada de músculo é uma continuação da membrana peritoneal que reveste a
liso, separa a lâmina própria da submucosa. A cavidade abdominal. O peritônio também forma o mesentério,
contração dos músculos dessa camada altera a área que mantém o intestino no lugar para que ele não fique
de superfície efetiva para absorção por mover as enroscado quando se move.
vilosidades em vai e vem, como a ondulação dos A próxima seção é uma breve visão sobre os quatro
tentáculos de uma anêmona-do-mar. processos de secreção, digestão, absorção e motilidade.

Submucosa: A submucosa é a camada média da


parede do intestino. Sendo composta por tecido conectivo com
grandes vasos sanguíneos e linfáticos que passam por ela.
Esta camada também possui o plexo submucoso, uma das
duas principais redes nervosas do sistema nervoso entérico.
O plexo submucoso inerva as células na camada epitelial, bem
como o músculo liso da muscular da mucosa.
Muscular externa: Consiste primariamente de duas
camadas de músculo liso: uma camada interna circular
(Contração = diminuição no diâmetro do lúmen) e uma camada
externa longitudinal (Contração = encurtamento do tubo). O
estômago possui ainda uma terceira camada incompleta de
músculo oblíquo entre a camada muscular circular e a
submucosa.
A segunda rede nervosa do sistema nervoso entérico, o
plexo mioentérico, situa-se entre as camadas musculares
longitudinais e circulares. O plexo mioentérico controla e
coordena a atividade motora da camada muscular externa.
Serosa: O revestimento exterior do todo o trato
digestório, a serosa, é uma membrana de tecido conectivo que
DA PAREDE PARA O
LUMEN OU SANGUE OU
PROPRIA PAREDE

DO LÚMEN PARA O
SANGUE

Funções e processos digestórios


Conceitos básicos importantes ―› Digestão = é a
quebra ou degradação que pode ser mecânica ou química ,
Absorção = é o movimento de substâncias do lúmen do trato
GI para o líquido extracelular, Secreção = pode significar o
movimento de água e íons do LEC para o lúmen do trato
digestório / mas também pode sign ificar a liberação de
substâncias sintetizadas pelas células epiteliais do GI tanto no
lúmen quanto no LEC, Motilidade = é o movimento de material
no trato GI como resultado da contração muscular

Existem ainda desafios para que os processos acima


ocorram, entre eles estão:
1- Evitar a autodigestão: para a digestão é preciso digestórias (secretadas por glândulas exócrinas,
que haja a secreção de enzimas potentes. Ao composto por proteínas), ácido e a maior coleção de
mesmo tempo, entretanto, essas enzimas não tecido linfático do corpo (GALT).
devem digerir o próprio trato GI. Caso esses
mecanismos falhem pode ocorrer as escoriações,
conhecidos como úlceras peptídicas, desenvolvendo
nas paredes do trato GI.
2- Balanço de massa: Há a necessidade do sistema
digestório de reabsorver o líquido ingerido e
secretado, evitando que o corpo desidrate
rapidamente.
3- Condições anômalas causada por patologias:
Entre essas condições estão o vômito e diarreia, que
podem ocasionar uma falha na reabsorção do
líquido, resultando na perda excessiva de água e
íons. Quando não tratadas rapidamente, pode
ocasionar problemas no sistema circulatório,
causando uma incapacidade de manter a pressão
sanguínea adequada.
4- Defesa: A maior área de contato entre o meio interno
e o mundo exterior está no lúmen do sistema
digestório. Como consequência, o trato GI, com sua
grande área de superfície deve enfrentar grande
quantidade de bactérias, vírus e outros patógenos.
Para isso, o epitélio do trato GI é auxiliado por um Com base na imagem acima, é perceptível que o corpo
conjunto de mecanismos fisiológicos de defesa, secreta mais líquido do que o ingerido.
incluindo muco (composto por glicoproteínas,
mucinas, responsável por formar uma cobertu ra para
a mucosa do GI e lubrificar o intestino), enzimas
UNIDIRECIONAL

Motilidade: o músculo liso gastrintestinal contrai intrínsecos, atuando como intermediárias entre os
espontaneamente neurônios e o músculo liso, funcionando como um
marca-passo para a atividade de ondas lentas em
A motilidade do trato GI tem dois propósitos:
diferentes regiões do trato GI (similar aos marca-
• Transportar o alimento da boca até o ânus passos do miocárdio).
• Misturar este alimento durante o transporte, com a As ondas lentas, que iniciam
finalidade de quebrá-lo uniformemente em partículas espontaneamente nas células in tersticiais de Cajal,
menores, maximizando a exposição das partículas espalham-se para as camadas musculares lisas
às enzimas digestórias, uma vez que a área de adjacentes através de junções comunicantes.
superfície é aumentada
É necessário saber que a maior parte do trato GI é
composta por músculo liso unitário, conectados por ju nções
comunicantes, de modo a criar segmentos contráteis.
Há diferentes tipos de contrações, sendo que elas
ocorrem de maneiras e em lugares diferentes, que são:
• Contrações tônicas: Mantidas por horas ou
minutos, ocorrendo em alguns esfíncteres de
músculo liso e na porção apical do estômago.
• Contrações fásicas: Com ciclos de contração-
relaxamento que duram apenas alguns segundos,
ocorrendo na região distal do estômago e no
intestino delgado.
Existe ainda nestes ciclos, potenciais de
ondas lentas (ciclos de despolarização e
repolarização), essas ondas lentas ocorrem em uma
rede de células, denominadas células intersticiais
de Cajal, ou ICCs. Essas células ficam entre as
camadas de músculo liso e os plexos nervosos
O músculo liso gastrintestinal apresenta no estômago e passam lentamente de segmento em
diferentes padrões de contração segmento, levando aproximadamente 90 minutos
As contrações musculares no trato GI ocorrem para alcançarem o intestino grosso, com o objetivo
em três padrões que levam a diferentes tipos de de “Limpeza de casa” varrendo as sobras do bolo
movimento no trato. alimentar e bactérias do trato GI superior para o
intestino grosso.
• Peristaltismo: Ocorrem durante e após uma
refeição, são várias ondas progressivas de
contração que se movem de uma seção para a
próxima, similar a “ondas”. Há a contração dos
músculos circulares contraindo o segmento apical
a uma massa, ou bolo, de alimento. Empurrando o
bolo para frente até um segmento receptor, onde os
músculos circulares estão relaxados, repetindo esse
ciclo.

Entre os complexos de contração, existem os:


• Complexo motor migratório: Ocorre entre as
refeições, quando o trato está em grande parte vazio,
realizando uma série de contrações que começam
• Contrações Segmentares: segmentos curtos (1-5 Regulação da função gastrintestinal
cm) de intestino contraem e relaxam Dos quatro processos GI, a motilidade e a
alternadamente. Nos segmentos contraídos, o secreção são as principais funções reguladas. Se o
músculo circular contrai, ao passo que o músculo alimento se move através do sistema muito
longitudinal relaxa. Essas contrações podem ocorrer rapidamente, não haverá tempo suficiente para que tudo
aleatoriamente ao longo do intestino ou a intervalos no lúmen seja digerido e absorvido. A secreção é
regulares. As contrações segmentares alternadas regulada para que as enzimas digestórias apropriadas
agitam o conteúdo intestinal, misturando-o e possam quebrar o alimento em formas que possam ser
mantendo-o em contato com o epitélio absortivo. absorvidas. A digestão, por sua vez, depende da
Quando os segmentos contraem sequencialmente, motilidade e da secreção.
em uma direção oral-aboral, os conteúdos intestinais
são propelidos por curtas distâncias. O sistema nervoso entérico pode atuar de
modo independente
O sistema nervoso entérico (SNE) pode realizar
um reflexo independente do controle exercido pelo
sistema nervoso central, controlando a motilidade,
secreção e o crescimento do trato digestório.
Reflexos curtos integrados no sistema
nervoso entérico
Os plexos nervosos entéricos na parede intestinal
agem como um “pequeno cérebro”, permitindo que
reflexos locais sejam iniciados, integrados e finalizados
completamente no trato GI. Esses reflexos ocorrem sem
sinais externos e são denominados reflexos curtos. O
plexo submucoso contém neurônios sensoriais que
recebem sinais do lúmen do trato GI. A rede do SNE
integra esta informação sensorial e, então, inicia a
resposta. O plexo submucoso controla a secreção pelas
células epiteliais GI. Os neurônios do plexo mioentérico
na camada muscular externa influenciam a motilidade.
Reflexos longos integrados no SNC
Embora o SNE possa funcionar isoladamente, ele
também envia informações sensoriais para o SNC e
recebe aferências dele através dos neurônios
autonômicos. Não importando onde se originam, se os
reflexos são integrados no SNC são chamados de
reflexos longos.
Dentre eles existem reflexos cefálicos que são:
• Reflexos antecipatórios: Aqueles que iniciam com
estímulos, como visão, cheiro, som ou pensamento
no alimento, preparando o sistema digestório para a
refeição que o encéfalo está antecipando.
• Reflexos emocionais: Aqueles que são de origem
psíquica, como a sensação de constipação do
viajante chamadas de “borboletas no estômago” ou
para vômitos e diarreia induzidos psicologicamente.
Os peptídeos gastrintestinais incluem
hormônios, neuropeptídeos e citocinas
Os peptídeos secretados pelas células do trato GI
podem atuar como hormônios ou como sinais+SECREÇÃO ESTOMACAL E DIGESTÃO
parácrinos, esses peptídeos excitam ou inibem a
motilidade e secreção.
SACIEDADE, DIMINUIÇÃO MOTILIDADE E SECREÇÃO
Dentre eles estão: PANCREATICA/BILIAR
• Colecistocinina (CCK): Atua melhorando a
-SECREÇÃO ESTOMACAL E +PANCREATICO
saciedade, dando a sensação de que a fome já foi
saciada, sendo produzida por neurônios e no LIMPEZA
estômago, funcionando como um neurotransmissor
no cérebro. -SECREÇÃO ESTOMACAL E -GLICOSE
• Hormônios GI: os hormônios são secretados no
sangue e transportados através do corpo, para agir
nos diversos tecidos incluindo o trato GI. -GLICOSE
Esses hormônios geralmente são divididos
em três famílias.
Função integrada: fase cefálica A digestão mecânica e química inicia na boca
Os processos digestórios no corpo iniciam antes Quando o alimento entra na boca, ele é inundado
que a comida entre na boca. Simplesmente cheirar, ver, por uma secreção (saliva), é uma substância exócrina,
ou até mesmo pensar sobre o alimento pode fazer a contendo água, muco, íons e proteínas (enzimas e
nossa boca salivar ou nosso estômago roncar. Estes imunoglobulinas), que possui quatro funções
reflexos longos que iniciam no cérebro criam uma importantes que são:
resposta antecipatória, conhecida como fase cefálica da
• Amolecer e lubrificar o alimento: secreção de água e
digestão.
muco na saliva, amolecendo e lubrificando o
alimento para facilitar a deglutição.
• Digestão do amido: Quebra do amido em maltose.
• Gustação: Dissolução do alimento, possibilitando a
sensação do paladar.
• Defesa: A lisozima é uma enzima salivar
antibacteriana, e imunoglobulinas salivares
incapacitam bactérias e vírus.

A deglutição leva o bolo alimentar da boca


para o estômago
A deglutição é uma ação reflexa que empurra o
bolo de alimento ou líquido para o esôfago, o estímulo
para a deglutição é a pressão criada quando a língua
empurra o bolo contra o palato mole e parte posterior da
boca. Essa pressão ativa neurônios sensoriais que
levam informação pelo nervo glossofaríngeo (9º nervo
craniano) para o centro da deglutição no bulbo.
A extremidade inferior do esôfago situa-se logo
Quando o reflexo de deglutição inicia, o palato abaixo do diafragma e é separada do estômago pelo
mole eleva-se para fechar a nasofaringe. A contração esfíncter esofágico inferior. Esta área não é um esfíncter
muscular move a laringe para cima e para a frente, o que verdadeiro, mas uma região de tensão muscular
ajuda a fechar a traqueia e abrir o esfíncter esofágico relativamente alta que atua como uma barreira entre o
superior. esôfago e o estômago. Quan do os alimentos são
Enquanto o bolo se move para baixo no esôfago, deglutidos, a tensão relaxa, permitindo a passagem do
a epiglote dobra-se para baixo, completando o bolo alimentar para o estômago. Se o esfíncter
fechamento das vias aéreas superiores e prevenindo esofágico inferior não permanecer contraído, o ácido
que alimentos ou líquidos entrem nas vias aéreas. Ao gástrico e a pepsina podem irritar a parede do esôfago,
mesmo tempo, a respiração é brevemente inibida. levando à dor e à irritação do refluxo gastresofágico,
Quando o bolo se aproxima do esôfago, o esfíncter mais conhecido como azia. Durante a fase da inspiração
esofágico superior relaxa. Ondas de contrações da respiração, quando a pressão intrapleural cai, as
peristálticas, então, empurram o bolo em direção ao paredes do esôfago expandem-se. A expansão cria uma
estômago, auxiliadas pela gravidade. pressão subatmosférica no lúmen esofágico, que pode
sugar o conteúdo ácido do estômago se o esfíncter O estômago armazena o bolo alimentar
estiver relaxado. A agitação do estômago, quando este Quando o alimento chega do esôfago, o
está cheio, pode também esguichar ácido de volta para
estômago relaxa e expande para acomodar o volume
o esôfago se o esfíncter não estiver completamente
aumentado. Este reflexo mediado neuralmente é
contraído. A doença do refluxo gastresofágico ou chamado de relaxamento receptivo. A metade superior
DRGE, é um dos mais comuns problemas digestórios na do estômago permanece relativamente em repouso,
sociedade norte-americana. retendo o bolo alimentar até que ele esteja pronto para
ser dirigido, enquanto a parte inferior do estômago está
ocupado com a digestão. Na metade distal do estômago,
uma série de ondas peristálticas empurra o bolo
alimentar para baixo, em direção ao piloro, misturando-
o com o ácido e as enzimas digestórias.
Sem essa regulação (armazenamento de
alimento), o intestino delgado não seria capaz de digerir
e absorver a carga de quimo que chega, e quantidades
significativas de quimo não absorvido passariam para o
intestino grosso. O epitélio do intestino grosso não é
projetado para absorção de nutrientes em larga escala,
então a maioria do quimo se tornará fezes, resultando
em diarreia. Este “distúrbio do esvaziamento” é um dos
efeitos colaterais desagradáveis da cirurgia que remove
porções do estômago ou do intestino delgado.
Secreções gástricas protegem e digerem
As várias secreções das células da mucosa
gástrica, seus estímulos para a liberação e suas funções
será apresentado a seguir:
• Secreção de gastrina: As células G, encontradas
profundamente nas glândulas gástricas, secretam o
hormônio gastrina no sangue. Em reflexos curtos, ela
é estimulada pela presença de aminoácidos e de
peptídeos no estômago e por distensão do
estômago, além do café.
A liberação de gastrina também ocorre por
reflexos neurais mediados por neurotransmissores
do SNE, chamado de peptídeo liberador de gastrina
(GRP). Nos reflexos cefálicos, os neurônios
parassimpáticos do nervo vago estimulam as
células G para que elas secretem gastrina no
sangue.
A principal ação da gastrina é a de promover
a liberação de ácido (agindo diretamente nas células
parietais e indiretamente por estimular a liberação de
histamina).
• Secreção Ácida: As células parietais profundas nas
glândulas gástricas secretam o ácido gástrico (HCl)
no lúmen do estômago. Dentre as funções do ácido
gástrico estão:
1- Ele causa a liberação e ativação da
pepsina, enzima que digere proteínas. desdobrar
2- Desencadeia a liberação de
somastostatina pelas células D
3- O HCl desnatura proteínas por quebrar as • Secreção enzimática: O estômago produz duas
ligações dissulfeto e de hidrogênio que enzimas: pepsina (realiza a digestão inicial de
mantêm a estrutura terciária da proteína. proteínas, sendo secretada na forma inativada,
4- Ajuda a destruir bactérias e outros pepsinogênio, pelas células principais das
microorganismos ingeridos. glândulas gástricas a partir de um estímulo do SNE
5- Inativa a amilase salivar, cessando a em resposta ao ácido, após estar no estômago o
digestão de carboidratos que inicou na pepsinogênio é clivado à pepsina ativa pela ação do
boca. H+ e inicia-se a digestão proteica) e lipase gástrica
(é cossecretada com a pepsina, possuem função de
quebra dos triacilgliceróis, entretanto, menos de um
terço dessa digestão de gordura ocorre no
estômago).
• Secreção parácrinas: As secreções parácrinas da
mucosa gástrica incluem histamina (secretado
pelas células semelhantes às enterocromafins,
células ECL, em resposta à estimulação por
gastrina ou acetilcolina, a histamina possui a função
de estimular a secreção ácida), somastotastina (é o
sinal de retroalimentação negativa primário da
secreção na fase gástrica, secretada por células D,
ela reduz a secreção ácida direta e indiretamente
diminui a secreção de gastrina e histamina, além de
inibir a secreção de pepsinogênio) e fator intrínseco
O processo de formação do HCl inicia quando o ( é secretado por células parietais, e é importante
H+ do citosol da célula parietal é bombeado para o para a absorção da vitamina B12 no intestino.)
lúmen do estômago em troca do K+, que entra na célula.
O Cl-, segue o gradiente elétrico criado por H+ e move-
se através dos canais de cloreto abertos. Resultando na
secreção de HCl pela célula.
As células mucosas na superfície luminal e no
colo das glândulas gástricas secretam ambas as
substâncias (muco e bicarbonato). O muco forma uma
barreira física, e o bicarbonato cria uma barreira
tamponante química subjacente ao muco.
Entretanto, existem momentos em que essa
barreira muco-bicarbonato pode falhar algumas vezes.
Na síndrome de Zollinger-Ellison, os pacientes secretam
níveis excessivos de gastrina, geralmente de tumores
secretores de gastrina no pâncreas. Resultando, na
hiperacidez no estômago superando os mecanismos
protetores normais e causando úlceras pépticas, nessas
lesões, o ácido e a pepsina destroem a mucosa, criando
orifícios que se estendem para dentro da submucosa e
muscular do estômago e do duodeno, podendo causar
corrosão na camada mucosa.
A anatomia do intestino delgado facilita a
secreção, a digestão e a absorção por maximizar a área
de superfície. A superfície do lúmen é esculpida em
vilosidades similares a dedos e criptas profundas.
Sendo essas vilosidades onde ocorre a maior parte da
absorção e as criptas local para a secreção de fluidos,
hormônios e renovação celular. A superfície do epitélio
intestinal é chamada de borda em escova (devido ao
quesito microscópio, a superfície dos enterócitos
possuírem microvilosidades).
A maioria dos nutrientes absorvidos vão para os
capilares nas vilosidades para distribuição através do
sistema circulatório, exceto as gorduras digeridas que
vão em sua maioria para o sistema linfático. O sangue
venoso proveniente do trato digestório não vai
diretamente de volta ao coração, mas passa pelo
sistema porta-hepática. Essa região especializada na
circulação possui dois conjuntos de capilares (um
responsável por captar nutrientes absorvidos no
intestino e outro para levar os nutrientes diretamente
para o fígado).

Função integrada: A fase intestinal


Uma vez que o quimo passa ao intestino delgado,
a fase intestinal da digestão inicia. A inervação
parassimpática e os hormônios GI gastrina e CCK
promovem a motilidade intestinal; a inervação simpática
inibe-a.
protege e lubrifica

O fígado funciona como um filtro biológico, os As secreções intestinais promovem a


digestão
hepatócitos contêm uma variedade de enzimas, que
metabolizam fármacos e xenobióticos e os retiram da 1- Enzimas digestórias produzidas pelo epitélio
circulação sanguínea antes de eles alcançarem a intestinal e pelo pâncreas exócrino.
circulação sistêmica. 2- A bile produzida no fígado e secretada pela
vesícula biliar, ajuda na digestão de gorduras
3- A secreção de bicarbonato (+ parte
proveniente do pâncreas) para dentro do
intestino delgado, neutralizando o quimo bicarbonato requer altos níveis da enzima anidrase
extremamente ácido que vem do estômago. carbônica, o bicarbonato produzido a partir de CO2
4- O muco das células caliciformes que e água é secretado por um trocador apical Cl- HCO3-
protegem o epitélio e lubrifica o conteúdo . Os íons hidrogênio produzidos juntamente com o
intestinal. bicarbonato deixam a célula por trocadores Na+ H+
5- Solução isotônica de NaCl que ajuda a na membrana basolateral. O H+ então reabsorvido
lubrificar o conteúdo intestinal em conjunto na circulação intestinal ajuda a equilibrar o HCO3-
com o muco. colocado na circulação quando as células parietais
secretaram H+ no estômago.

O pâncreas secreta enzimas digestórias e


bicarbonato
O pâncreas é um órgão que contém ambos os
tipos de epitélio secretor (endócrino e exócrino). A
secreção endócrina é proveniente de um agrupamento
de células, chamadas ilhotas, que produzem insulina e
glucagon. As secreções exócrinas incluem enzimas
digestórias e uma solução aquosa de bicarbonato de
sódio, NaHCO3.
• Secreção de enzimas: A maior parte das enzimas
pancreáticas são secretadas como zimogênios
(precisam ser ativadas quando chegam no intestino,
pela enteropeptidase). Os sinais para a liberação das
enzimas pancreáticas incluem distensão do intestino
delgado, presença de alimento no intestino, sinais
neurais e hormônio CCK.
• Secreção de bicarbonato: Uma pequena parcela
do bicarbonato é secretada pelas células duodenais,
mas a maior parte vem do pâncreas. A produção do
pega moléculas grandes de lipídio e
transformam em gotículas, facilitando a
digestão
Os sais biliares, agem como emulsificantes para
tornar as gorduras solúveis durante a digestão. A bile
secretada pelos hepatócitos flui pelos ductos hepáticos
até a vesícula biliar, que armazena e concentra a
solução biliar. Durante uma refeição que inclua
gorduras, a contração da vesícula biliar envia bile para
o duodeno através do ducto colédoco.

O fígado secreta a bile


A bile é uma solução não enzimática secretada
pelos hepatócitos. Seus principais componentes são
sais biliares que facilitam a digestão enzimática de
gorduras, pigmentos biliares, como a bilirrubina, que são
produtos residuais da degradação da hemoglobina, e
colesterol, que é excretado nas fezes.
proteico secretado pelo pâncreas. A colipase desloca
alguns sais biliares, permitindo à lipase acessar as
gorduras por dentro da cobertura de sais biliares.
Enquanto a digestão enzimática e mecânica
prossegue, ácidos graxos, sais biliares, mono e
diacilgliceróis, fosfolipídeos e colesterol coalescem para
formar pequenas micelas no formato de discos. As
micelas, então, entram na fase aquosa sem agitação da
borda em escova.
Absorção de gorduras: as gorduras lipofílicas,
como ácidos graxos e monoacilgliceróis, são absorvidos
Os sais biliares facilitam a digestão de primariamente por difusão simples. Eles saem de suas
gorduras micelas e difundem-se através da membrana do
enterócito para dentro da célula.
Gorduras e moléculas relacionadas incluem
triacilgliceróis, colesterol, fosfolipídios, ácidos graxos de Uma vez dentro dos enterócitos, eles movem-se
cadeia longa e vitaminas lipossolúveis. Os sais biliares para o retículo endoplasmático liso, onde se
recombinam formando, triacilgliceróis, que se
ajudam a aumentar a área de superfície disponível para
a digestão enzimática de gorduras ao quebrar a emulsão combinarão com colesterol e proteínas, formando
de partículas grandes em partículas menores e mais grandes gotas, denominadas quilomícrons. Estes
estáveis. devem ser armazenados em vesículas secretoras pelo
aparelho de Golgi e deixar a célula por exocitose.
A digestão enzimática das gorduras é feita por
Por seu grande tamanho os quilomícrons são
lipases, enzimas que removem dois ácidos graxos de
cada molécula de triacilglicerol. O resultado é um impedidos de atravessarem a membrana basal dos
monoglicerol e dois ácidos graxos livres. Todavia, a capilares, e são absorvidos pelos capilares linfáticos,
cobertura de sais biliares da emulsão é intestinal e atravessando o sistema linfático e, por fim, entrando no
sangue venoso logo antes que ele se direcione para o
dificulta a digestão, uma vez que a lipase é incapaz de
penetrar nos sais biliares. Por essa razão, a digestão de lado direito do coração.
gorduras também requer a colipase, um cofator
Alguns ácidos graxos curtos não são agrupados
em quilomícrons, portanto podem atravessar a
membrana basal dos capilares e ir diretamente para o
sangue.

NO FINAL DO PROCESSO OS QUILOMICRONS IRÃO SER


DRENADOS PELO TECIDO LINFÁTICO NO INTESTINO
Os carboidratos são absorvidos como transportadores movem tanto a galactose quanto a
monossacarídeos glicose. A absorção de frutose, entretanto, não é
dependente de Na+, pois ela move-se através da
Os principais carboidratos são amido e sacarose.
membrana apical por difusão facilitada pelo
Entretanto, outros carboidratos estão inclusos na nossa
dieta, entre eles estão os polímeros de glicose transportador GLUT5 e através da membrana
(glicogênio e celulose), dissacarídeos, como a lactose e basolateral pelo GLUT2.
maltose, os monossacarídeos (glicose e frutose). A
enzima amilase quebra longos polímeros de glicose em
cadeias menores de glicose e no dissacarídeo maltose.
A digestão de amido inicia na boca com a amilase
salivar, mas essa enzima é desnaturada pela acidez do
estômago. A amilase pancreática, então, retoma a
digestão do amido em maltose. A maltose e outros
dissacarídeos são quebrados pelas enzimas da borda
em escova intestinal, conhecidas como dissacaridases
(maltase, sacarase e lactase). Os produtos absorvíveis
da digestão são glicose, galactose e frutose.
Devido a absorção intestinal ser restrita a
monossacarídeos, todos os carboidratos maiores
devem ser digeridos para serem usados pelo corpo. Os
complexos que podemos digerir são o amido e o
glicogênio.
Absorção de carboidratos
A absorção intestinal de glicose e galactose usa
transportadores idênticos aqueles encontrados nos
túbulos renais proximais: o simporte apical Na+ glicose
(SGLT) e o transportador basolateral (GLUT2). Esses
O PRODUTO DA DIGESTÃO VAI DIRETO PARA O CAPILAR

As proteínas são digeridas em pequenos


peptídeos e aminoácidos
As enzimas para a digestão de proteínas são
classificadas em dois grupos amplos: endopeptidases
(mais comumente chamadas de proteases, atacam as
ligações peptídicas no interior da cadeia de aminoácido
e quebram uma cadeia peptídica longa em fragmentos
menores, sendo elas secretadas na forma inativada,
zimogênios, pelas células epiteliais do estômago,
intestino e pâncreas, ativando-se no lúmen do trato GI)
e exopeptidases (cortam aminoácidos dipeptídeos das
extremidades liberando-os).
Absorção de proteínas: Os produtos principais da
digestão de proteínas são aminoácidos livres,
dipeptídeos e tripeptídeos, todos os quais podem ser
absorvidos. A maioria dos aminoácidos livres são
transportados por proteínas dependentes de Na+ similar
às dos túbulos renais. Poucos transportadores de
aminoácidos dependem do H+.
Os dipeptídeos e tripeptídeos são carregados para
ELES PASSAM DA
os enterócitos pelo transportador de oligopeptídeos MEMBRANA APICAL
PepT1 que usa o cotransportador dependente de H+. PARA A
BASOLATERAL E
Uma vez nas células esse oligopeptídeos possuem dois DEPOIS PARA OS
destinos prováveis; a maioria vai ser digerida por CAPILARES

peptidases citoplasmáticas em aminoácidos e


posteriormente irão ser transportados através da
membrana basolateral e para a circulação; e alguns
oligopeptídeos que não são digeridos serão
transportados intactos através da membrana basolateral
por um trocador dependente de H+.
absorvidos intactos O intestino absorve vitaminas e minerais
Alguns peptídeos que possuem mais de três Em geral, as vitaminas solúveis em lipídeos (A, D,
aminoácidos são absorvidos por transcitose após se E e K) são absorvidas no intestino delgado junto com as
ligarem a receptores de membrana na superfície luminal gorduras – razão pela qual os profissionais da saúde se
do intestino, podendo agir como antígenos, substâncias preocupam com o consumo excessivo de “falsas
que estimulam a formação de anticorpos e resultam em gorduras”, como o olestra, que não são absorvidas. A
reações alérgicas mesma preocupação existe em relação ao orlistat
(Lipoxen), um inibidor da lipase utilizado para perda de
peso. Os usuários deste auxiliar de perda de peso são
Os ácidos nucleicos são digeridos formando aconselhados a tomar um multivitamínico diário para
bases e monossacarídeos evitar deficiências vitamínicas.
Os polímeros de ácidos nucleicos, DNA e RNA, As vitaminas solúveis em água (vitamina C e a
são apenas uma parte muito pequena da maioria das maior parte das vitaminas B) são absorvidas por
dietas. Eles são digeridos por enzimas pancreáticas e transporte mediado. A prin cipal exceção é a vitamina
intestinais, primeiro em seus componentes nucleotídicos B12, também conhecida como cobalamina por conter o
e depois em bases nitrogenadas e monossacarídeos. As elemento cobalto. Obtemos a maior parte de nosso
bases são absorvidas por transporte ativo, e os suprimento dietético de B12 de frutos do mar, carnes e
monossacarídeos são absorvidos por difusão facilitada laticínios. O transportador intestinal para B12 é
e transporte ativo secundário, bem como outros encontrado somente no íleo e reconhece a B12 somente
açúcares simples. quando a vitamina está complexada com uma proteína,
chamada de fator intrínseco, secretada pelas mesmas
células gástricas parietais que secretam.
Regulação da fase intestinal absorvida, além de reduzirem a motilidade e a
A regulação da digestão e da absorção vem secreção ácida.
5- Mistura de ácidos, enzimas e alimentos
primariamente de sinais que controlam a motilidade e a
digeridos no quimo formam uma solução
secreção. Sensores no intestino desencadeiam reflexos
neurais e endócrinos que retroalimentam para regular a hiperosmótica. Os osmorreceptores na
taxa de entrega do quimo pelo estômago e antecipam parede do intestino são sensíveis à
informações para promover a digestão, a motilidade e a osmolaridade do quimo que entra. Quando
estimulados pela alta osmolaridade, os
utilização de nutrientes
receptores inibem o esvaziamento gástrico
Os sinais de controle para o estômago e o em um reflexo mediado por alguma
pâncreas são ambos neurais e hormonais: substância circulante desconhecida.
1- O quimo entrando no intestino ativa o SNE,
que reduz a motilidade gástrica e a secreção,
retardando o esvaziamento gástrico.
Ademais, existem hormônios que reforçam o
sinal de “motilidade reduzida” que são o CCK,
secretina e o GIP.
2- A secretina é liberada pela presença de quimo
ácido no duodeno, ela vai inibir a produção
ácida, diminuir a motilidade e estimular a
produção de bicarbonato para neutralizar o
quimo ácido que entrou no intestino
3- A CCK é secretada na corrente sanguínea
quando a refeição contém gorduras, ela
diminui a motilidade e a secreção ácida.
4- GIP e o GLP-1 são liberados quando a
refeição contém carboidratos, eles promovem
a liberação de insulina pelo pâncreas
endócrino para receber a glicose que irá ser
O intestino grosso concentra os resíduos bandas, chamadas de tênias do colo. As contrações das
No final do íleo, resta apenas cerca de 1,5 litro de tênias puxam as paredes, formando bolsões, chamados
de haustrações.
quimo não absorvido. O colo absorve a maior parte
desse volume, de modo que, em geral, apenas cerca de A mucosa do colo possui duas regiões, como as
0,1 litro de água é perdido diariamente nas fezes. O do intestino delgado. A superfície luminal não apresenta
quimo entra no intestino grosso pelo óstio ileal (válvula vilosidades e tem aparência lisa. Ela é composta de
ileocecal). Essa é uma região muscular tonicamente colonócitos e células caliciformes secretoras de muco.
contraída que estreita a abertura entre o íleo e o ceco, a As criptas contêm células-tronco que se dividem para
seção inicial do intestino grosso. A papila ileal relaxa produzir um novo epitélio, bem como células
cada vez que uma onda peristáltica a atinge. Ela caliciformes, células endócrinas e colonócitos maduros.
também relaxa quando o quimo deixa o estômago, como
parte do reflexo gastroileal.
O intestino grosso possui sete regiões. O ceco é
uma bolsa com o apêndice, uma pequena projeção sem
saída similar a um dedo, em sua terminação ventral. O
material move-se do ceco para cima através do colo
ascendente, horizontalmente ao longo do corpo pelo
colo transverso e, então, para baixo pelo colo
descendente e pelo colo sigmoide. O reto é a seção
terminal curta do intestino grosso (cerca de 12 cm). Ele
é separado do ambiente externo pelo ân us, uma
abertura controlada por dois esfíncteres, um esfincter
interno de músculo liso e um esfincter externo de
músculo estriado esquelético.
A parede do colo difere da parede do intestino
delgado em que a musculatura do intestino grosso tem
uma camada interna circular, mas uma camada de
músculo longitudinal descon tínua concentrada em três
Motilidade no intestino grosso: O quimo que motilidade intestinal e causar diarreia psicossomática
entra no colo continua a ser misturado por contrações em alguns indivíduos, mas pode diminuir a motilidade e
segmentares. O movimento para a frente é mínimo causar constipação em outros. Quando as fezes estão
durante as contrações de mistura e depende retidas no colo, ou por ignorar conscientemente o reflexo
principalmente de uma única contração colônica, da defecação ou por redução da motilidade, a absorção
chamada de movimento de massa. Uma onda de contínua de água gera fezes duras e secas que são
contração diminui o diâmetro de um segmento do colo e difíceis de se eliminar. Um tratamento usado para
manda uma quantidade substancial de material para a constipação são supositórios de glicerina em formato de
frente. Essas contrações ocorrem de 3 a 4 vezes ao dia pequenos projéteis que são inseridos no reto pelo ânus.
e são associadas à ingestão alimentar e à distensão do A glicerina atrai a água e ajuda a amolecer as fezes para
estômago por meio do reflexo gastrocólico. O facilitar a defecação
movimento de massa é responsável pela distensão
Digestão e absorção no intestino grosso: De
súbita do reto, que desencadeia a defecação.
acordo com a visão tradicional do intestino grosso,
O reflexo da defecação remove as fezes, nenhuma digestão significativa de moléculas orgânicas
material não digerido, do corpo. A defecação acontece ali. No entanto, recentemente, essa visão tem
assemelha-se à micção, pois é um reflexo espinal sido revista. Agora sabemos que inúmeras bactérias
desencadeado pela distensão da parede do órgão. O que habitam o colo degradam uma quan tidade
movimento do material fecal para o reto normalmente significativa de carboidratos complexos e de proteínas
vazio dispara o reflexo. O músculo liso do esfíncter não digeridos por meio da fermentação. O produto inclui
interno do ânus relaxa, e as contrações peristálticas no lactato e ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido
reto empurram o material em direção ao ânus. Ao butírico. Muitos desses produtos são lipofílicos e podem
mesmo tempo, o esfíncter externo do ânus, que está sob ser absorvidos por difusão simples. Os ácidos graxos,
controle voluntário, conscientemente é relaxado se a por exemplo, são usados pelos colonócitos como seu
situação for apropriada. A defecação é frequentemente substrato preferencial para obten ção de energia.
reforçada por contrações abdominais conscien tes e As bactérias colônicas também produzem
movimentos expiratórios forçados contra a glote fechada quantidades significativas de vitaminas absorvíveis,
(a manobra de Valsalva).
sobretudo vitamina K. Os gases intestinais, como o
A defecação, assim como a micção, está sujeita sulfeto de hidrogênio, que escapam do trato
à influência emocional. O estrese pode aumentar a gastrintestinal, são produtos menos úteis. Alguns
alimentos contendo amido, como os feijões, são notórios
por sua tendência a produzirem gases intestinais (flato)

Equilíbrio Hidroeletrolítico
Absorção de Ferro
• Geralmente ocorre por transporte ativo e é regulada.
• O ferro inicialmente é ingerido como ferro heme
(derivado da carne) e ferro ionizado (derivado de
produtos vegetais).
• O ferro heme é absorvido por um transportador
apical no enterócito e o Fe2+ é ativamente absorvido
por um cotransporte com H+ por uma proteína, Absorção de Sódio
chamada Transportador de metal divalente 1 • Normalmente cerca de 20 a 30 gramas de sódio são
(DMT1). secretados nas secreções intestinais a cada dia.
• Dentro da célula, as enzimas convertem o ferro heme Além disso, há a absorção de 5 a 8 gramas de sódio
em Fe2+ e ambas as vias deixam a célula por um por dia. Logo, para a prevenção da perda efetiva de
transportador chamado ferroportina. sódio nas fezes, os intestinos precisam absorver de
• Entretanto, a absorção é regulada por um hormônio 25 a 35 gramas de sódio por dia, o que equivale a
chamado hepdicina. Quando os estoques de ferro do cerca de um sétimo de todo o sódio presente no
corpo estão alto, o fígado secreta hepcidina, que se corpo.
liga à ferroportina (essa ligação causa a destruição • A absorção de sódio envolve o transporte ativo, se
do transportador ferroportina, resultando na movendo do lúmen do intestino para o LEC criando
diminuição da captação de ferro pelo intestino). um gradiente osmótico. Parte do sódio é absorvida
em conjunto com íons cloreto (simporte Na+ -CL-);
na verdade, os íons cloreto com carga negativa se
movem pela diferença de potencial transepitelial,
“gerada” pelo transporte dos íons sódio.
• O transporte ativo de sódio através das membranas Transporte de água
basolaterais reduzem a concentração de sódio • O fluxo osmótico de água ocorre pelas vias
dentro da célula a valor baixo. Como a concentração transcelular e paracelular, devido ao gradiente
de sódio no quimo é muito maior que dentro da
osmótico criado pela concentração elevada de íons
célula, o sódio se move a favor desse gradiente de no espaço paracelular. Grande parte da osmose
potencial eletroquímico, do quimo para o citoplasma ocorre através das junções entre os bordos apicais
da célula epitelial, através da borda em escova. das células epiteliais (via paracelular) ou pelas
• Existem ainda transportadores específicos incluindo próprias células (via transcelular). A movimentação
o cotransportador de sódio-glicose, osmótica de água gera fluxo de líquido para e através
cotransportadores de sódio-aminoácidos e trocador dos espaços paracelulares e, por fim, para o sangue
de sódio-hidrogênio. circulante na vilosidade.
Aldosterona na absorção de sódio
• Quando a pessoa se desidrata, grandes quantidades
de aldosterona são secretadas pelos córtices das
glândulas adrenais.
• A aldosterona provoca ativação dos mecanismos de
transporte e de enzimas associadas à absorção de
sódio pelo epitélio instestinal. A maior absorção de
sódio, resulta em um aumento da absorção de íons
cloreto, água e de outras substâncias.
• O efeito da aldosterona é especialmente importante
no cólon, já que na vigência dele não ocorre,
praticamente, perda de cloreto de sódio nas fezes e
pouca perda hídrica. (ela ajuda na conservação de
cloreto de sódio e água no corpo, durante a
desidratação).
Absorção de íons cloreto • A água permanece como parte do quimo nos
• A absorção de íons cloreto é rápida e se dá, intestinos, mas o CO2 é absorvido para o sangue e
principalmente, por difusão (absorção de íons sódio, posteriormente para os pulmões
através do epitélio, gerando eletronegatividade no • As células epiteliais nas vilosidades do íleo, bem
quimo e eletropositividade nos espaços como em toda a superfície do intestino grosso, têm
paracelulares entre as células epiteliais). Então os capacidade de secretar íons bicarbonato, em troca
íons cloreto se movem por esse gradiente elétrico, por íons cloreto, que são reabsorvidos. Isso é
para “seguir” os íons sódio. importante porque provê íons bicarbonato alcalinos
• O cloreto também é absorvido pela membrana da que neutralizam os produtos ácidos, formados pelas
borda em escova de partes do íleo e do intestino bactérias no intestino grosso.
grosso, por trocador de cloreto bicarbonato; o cloreto
sai da célula pela membrana basolateral através dos Funções do Cálcio
canais de cloreto.
• O Ca2+ é importante para a sinalização, através do
Absorção de íons bicarbonato no duodeno e
movimento de Ca2+ de um compartimento corporal
no jejuno.
para outro. Ademais, ele participa da contração das
• Com frequência, grande quantidade de íons fibras musculares e altera a atividade de enzimas e
bicarbonato precisa ser reabsorvida no intestino transportadores, sendo que a remoção do Ca2+
delgado superior, já que grande quantidade de íons requer transporte ativo
bicarbonato foi secretada para o duodeno, tanto na • O Ca2+ ajuda a manter unidas as junções celulares
secreção pancreática como na biliar. • O Ca2+ é um cofator de coagulação
• A absorção ocorre de modo indireto: quando íons • A concentração plasmática de Ca2+ afetam a
sódio são absorvidos, quantidade moderado de íons excitabilidade dos neurônios. p. ex. Se a
hidrogênio é secretada no lúmen intestinal, em troca concentração plasmática de Ca2+ diminui
por parte do sódio. Esses íons hidrogênio, por sua (hipocalcemia), a permeabilidade neuronal ao Na+
vez, se combinam com íons bicarbonato formando aumenta, os neurônios despolarizam, e o sistema
ácido carbônico que então se dissocia, fomrnado nervosa torna-se hiperexcitável.
água e CO2.
Regulação do cálcio no plasma A absorção ocorre de maneira transcelular (no
enterócito via canais apicais de cálcio) e paracelular
• A homeostasia do cálcio segue a quantidade de
(entre as células). Uma vez dentro da célula, há a
Cálcio corporal total = entrada – saída
proteína calbindina, que ajuda a manter baixa o
• O cálcio corporal total é todo o cálcio presente no
cálcio livre intracelular. Na região basolateral da
corpo, distribuído ao longo de três compartimentos
célula o Ca2+ sai por um trocador de Na+ -Ca2+ e
1- LEC que contém Ca2+ ionizado. No plasma,
por transportadores ATPASE
cerca de metade do Ca2+ está ligado a proteínas
e outras moléculas. O cálcio não ligado é livre
• A saída, ou perda de Ca2+ pelo corpo, ocorre
para difundir-se através das membranas pelos
principalmente pelos rins, com uma pequena
canais de Ca2+ abertos
quantidade excretada pelas fezes.
2- Ca2+ Intracelular. Possui quantidade menor que
Parte do cálcio ionizado é livremente filtrado no
no LEC e pode estar concentrada no interior da
glomérulo e então reabsorvido ao longo do
mitocôndria e do retículo sarcoplasmático. O
comprimento do néfron.
gradiente eletroquímico favorece o movimento do
Ca2+ para o citosol quando os canais de Ca2+
abrem.
3- Matriz extracelular (osso). O osso é o maior
reservatório de Ca2+ do corpo, geralmente na
forma de hidroxiapatita. Apenas uma pequena
parte do Ca2+ permanece na forma ionizada e
facilmente permutável, ficando em equilíbrio com
o cálcio do líquido intersticial.

• A entrada do cálcio ocorre pela ingestão na dieta e


absorção no intestino delgado. Entretanto, somente
um terço do cálcio ingerido é absorvido, e,
diferentemente de outros nutrientes, a absorção de
cálcio é regulada por hormônios.
Regulação do equilíbrio de cálcio
• Os hormônios que participam da regulação de cálcio
são: Os hormônios da paratireoide, calcitriol
(Vitamina D3) e calcitonina. Sendo o calcitriol o mais
importante em seres humanos adultos.
• Hormônio paratireoide: Possui a função de
aumentar as concentrações plasmáticas de Ca2+
Seu estimulador é a diminuição das concentrações
plasmáticas de Ca2+, monitorada por um receptor
sensível ao Ca2+, localizado na membrana celular e
acoplado à proteína G.
1- O PTH mobiliza cálcio dos ossos: O aumento da
reabsorção óssea pelos osteoclastos. Entretanto,
não são os osteoclastos que recebem o sinal do
PTH, mas um conjunto de moléculas parácrinas,
inclusive a osteoprotegerina e um fator de
diferenciação de osteoclastos, chamado de
RANKL.
2- O PTH aumenta a reabsorção renal de cálcio:
causa uma reabsorção regulada de cálcio no
néfron distal, mas causa efeito oposto no fosfato
aumentando sua excreção renal, reduzindo sua
reabsorção.
Entretanto, essa oposição é necessária para
manter as concentrações combinadas abaixo de
um nível crítico. Se as concentrações excedem
tal nível, forman-se cristais de fosfato de cálcio
que precipitam fora da solução (formando
cálculos renais).
3- O PTH aumenta indiretamente a absorção
intestinal de cálcio pela sua influência na vitamina
D3.
Esse aumento indireto na absorção
ocorre estimulado pelo calcitriol, formado a partir
da vitamina D que foi obtida pela dieta ou
sintetizada na pele pela ação da luz solar sob os
precursores formados a partir de acetil-CoA.
A vitamina D é modificada em dois
passos, primeiro no fígado, e então nos rins (para
formar vitamina D3 ou calcitriol). O calcitriol
aumenta a absorção de Ca2+ a partir do intestino
delgado, facilita ainda a reabsorção renal e ajuda
a mobilizar o Ca2+ para fora do osso
Entretanto, a produção do calcitriol é
regulado no rim por ação do PTH. Ademais, é
valido ressaltar que a produção de leite em
mulheres amamentando, também estimula a
síntese de calcitriol, assegurando a absorção
máxima de cálcio a partir da dieta em um
momento em que a demanda metabólica para
Ca2+ está alta.
4- Calcitonina: A calcitonina, produzida nas células A homeostasia do fosfato é paralela à do Ca2+.
C da tireoide, possui ação opostas às do O fosfato é absorvido no intestino, filtrado e reabsorvido
hormônio da paratireoide, sendo ela liberada nos rins e distribuído entre o osso, o LEC e os
quando as concentrações plasmáticas de Ca2+ compartimentos intracelulares. A vitamina D3 facilita a
aumentam. absorção intestinal de fosfato. A excreção renal é
Em humanos ela desempenha um papel afetada tanto pelo PTH (que promove a excreção de
secundário no equilíbrio diário de cálcio. fosfato) como pela vitamina D3 (que promove a
Entretanto, em algumas patologias como a reabsorção de fosfato).
doença de Paget (condição na qual os
osteoclastos são superativos e o osso se torna
enfraquecido devido à reabsorção). A calcitonina
nesses pacientes estabiliza a perda óssea
anormal.
Existem teorias que esse hormônio é mais
importante na infância em que precisa de uma
deposição óssea líquida e durante a gestação e
lactação, quando o corpo da mãe precisa de
suprimento de cálcio para ela e o filho.

Homeostasia do fosfato
. O fosfato é o segundo ingrediente principal da
hidroxiapatita no osso, Ca10(PO4)6(OH)2, e grande
parte do fosfato presente no corpo humano é encontrado
no osso. Entretanto, os fosfatos possuem outros
importantes papeis fisiológicos, incluindo a transferência
e o armazenamento de energia em ligações de fosfato
de alta energia, e a ativação ou desativação de enzimas,
transportadores e canais iônicos via fosforilação e
desfosforilação.

Você também pode gostar