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RESUMO
SOIIV
Everaldo
Leite
APG01
Everaldo Leite 1
-Tela submucosa: Tecido conjuntivo areolar ligando a Entre os solutos estão íons, incluindo o sódio, o
túnica mucosa a muscular. Contém muitos vasos potássio, o cloreto, o bicarbonato e o fosfato. Também
sanguíneos e linfáticos. estão presentes alguns gases dissolvidos e substâncias
orgânicas, incluindo a ureia e ácido úrico, o muco, a
-Túnica muscular: A túnica muscular da boca, faringe e
imunoglobulina A, a enzima bacteriolítica lisozima e a
partes superior e média do esôfago contém músculo
amilase salivar, uma enzima digestória que atua sobre
esquelético que produz a deglutição voluntária. O
o amido.
músculo esfíncter externo do ânus é esquelético,
possibilitando o controle voluntário da defecação. No -A água na saliva fornece um meio para a dissolução de
restante do canal alimentar, a túnica muscular consiste alimentos, de modo que eles possam ser provados
em músculo liso, que geralmente é encontrado em pelos receptores gustativos e de modo que as reações
duas lâminas: uma camada interna de fibras circulares digestórias possam ter início. Os íons cloreto na saliva
e uma camada externa de fibras longitudinais. As ativam a amilase salivar, uma enzima que inicia a
contrações involuntárias do músculo liso ajudam a degradação do amido na boca em maltose, maltotriose
fragmentar os alimentos, misturá-los às secreções e α-dextrina. Os íons bicarbonato e fosfato tamponam
digestórias e levá-los ao longo do canal alimentar. alimentos ácidos que entram na boca, de modo que a
Entre as camadas da túnica muscular está um segundo saliva é apenas ligeiramente ácida (pH entre 6,35 e
plexo de neurônios – o plexo mientérico 6,85). As glândulas salivares (como as glândulas
sudoríparas da pele) ajudam a remover moléculas
-Túnica serosa: Estas partes do canal alimentar que
residuais do corpo, que respondem pela presença de
estão suspensas na cavidade abdominal têm uma
ureia e ácido úrico na saliva. O muco lubrifica o
camada superficial chamada túnica serosa. Como o
alimento para que ele possa ser movimentado
próprio nome indica, a túnica serosa é uma membrana
facilmente na boca, modelado em uma bola e
serosa composta por tecido conjuntivo areolar e
deglutido. A imunoglobulina A (IgA) impede a ligação
epitélio escamoso simples (mesotélio). A túnica serosa
de microrganismos, de modo que eles não são capazes
é também chamada peritônio visceral, porque forma
de penetrar o epitélio, e a enzima lisozima mata as
uma parte do peritônio, que examinaremos em
bactérias; no entanto, estas substâncias não estão
detalhes em breve. O esôfago não tem túnica serosa;
presentes em quantidades suficientes para eliminar
em vez disso, apenas uma única camada de tecido
todas as bactérias da boca.
conjunto areolar chamada túnica adventícia forma a
camada superficial deste órgão. Faringe
Boca Esôfago
-A boca, também chamada cavidade oral ou bucal, é -O esôfago é um tubo muscular colabável de
formada pelas bochechas, palatos duro e mole e língua. aproximadamente 25 cm de comprimento que se
encontra posteriormente à traqueia. O esôfago
-A boca contém várias glândulas salivares, há três pares começa na extremidade inferior da parte laríngea da
de glândulas salivares maiores: as glândulas parótidas, faringe, passa pelo aspecto inferior do pescoço, e entra
submandibulares e sublinguais. no mediastino anteriormente à coluna vertebral. Em
seguida, perfura o diafragma através de uma abertura
-Composição e funções da saliva: Quimicamente, a
saliva é composta por 99,5% de água e 0,5% de solutos.
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chamada hiato esofágico e termina na parte superior terceira fase (esofágica) onde o alimento passa do
do estômago. esôfago para estomago.
Estomago
-Apenas uma pequena quantidade de nutrientes é ácinos secretam uma mistura de líquidos e enzimas
absorvida no estômago, porque suas células epiteliais digestórias chamadas suco pancreático. O 1% restante
são impermeáveis à maior parte dos materiais. dos aglomerados, as chamadas ilhotas pancreáticas
(ilhotas de Langerhans), formam a porção endócrina do
-Dentro de 2 a 4 h após a ingestão de uma refeição, o
pâncreas. Estas células secretam os hormônios
estômago já esvaziou seu conteúdo para o duodeno.
glucagon, insulina, somatostatina e polipeptídio
Os alimentos ricos em carboidratos permanecem
pancreático.
menos tempo no estômago; alimentos ricos em
proteína permanecem um pouco mais, e o -Composição e função do sulco pancreático:
esvaziamento é mais lento após uma refeição rica em
-O pâncreas produz diariamente de 1.200 a 1.500 mℓ
gordura contendo grandes quantidades de
triglicerídios. de suco pancreático, um líquido claro e incolor que
consiste principalmente em água, alguns sais,
Pâncreas bicarbonato de sódio e várias enzimas. O bicarbonato
de sódio dá ao suco pancreático um pH ligeiramente
-O pâncreas, uma glândula retroperitoneal que mede
alcalino (7,1 a 8,2) que tampona o suco gástrico ácido
aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento e 2,5
no quimo, interrompe a ação da pepsina do estômago
cm de espessura, encontra-se posteriormente à
e cria o pH apropriado para a ação das enzimas
curvatura maior do estômago. O pâncreas consiste em
digestórias no intestino delgado.
uma cabeça, um corpo e uma cauda e geralmente está
ligado ao duodeno por dois ductos (Figura 24.15A). A -As enzimas no suco pancreático incluem uma enzima
cabeça do pâncreas é a porção expandida do órgão, para digerir amido chamada amilase pancreática;
próxima da curva do duodeno; superiormente e à várias enzimas que digerem proteínas em peptídios
esquerda da cabeça estão o corpo do pâncreas central chamadas tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e
e a cauda do pâncreas afilada. elastase; a principal enzima que digere triglicerídios
em adultos, chamada lipase pancreática; e as enzimas
que digerem ácidos nucleicos chamadas ribonuclease
e desoxirribonuclease, que digerem ácido ribonucleico
(RNA) e ácido desoxirribonucleico (DNA) em
nucleotídios.
Fígado
-As células absortivas do epitélio liberam enzimas que -Lâmina própria da túnica mucosa do intestino delgado
digerem o alimento e contêm microvilosidades que contém tecido conjuntivo areolar e tecido linfoide
absorvem os nutrientes no quimo do intestino delgado. associado à mucosa (MALT) abundante.
-A túnica mucosa do intestino delgado contém muitas -A tela submucosa do duodeno contém glândulas
fendas profundas revestidas com epitélio glandular. As duodenais (Figura 24.20A) que secretam um muco
células que revestem as fendas formam as glândulas alcalino que ajuda a neutralizar o ácido gástrico no
intestinais ou criptas de Lieberkühn, e secretam suco quimo.
intestinal -Embora a parede do intestino delgado seja composta
-Existem também células caliciformes secretoras de - pelas mesmas quatro camadas básicas que o restante
muco no ID. do canal alimentar, as características estruturais
especiais do intestino delgado facilitam o processo de
-Além das células absortivas e células caliciformes, as digestão e absorção, As pregas circulares aumentam a
glândulas intestinais também contêm células de absorção pelo aumento da área de superfície e fazem
Paneth e células enteroendócrinas. As células de com que o quimo se mova em espiral, em vez de em
Paneth secretam lisozima, uma enzima bactericida, e linha reta, conforme passa pelo intestino delgado.
são capazes de realizar fagocitose. Estas células podem
atuar na regulação da população microbiana do -No intestino delgado também há vilosidades, que são
intestino delgado. São encontrados três tipos de projeções digitiformes da túnica mucosa que medem
células enteroendócrinas nas glândulas do intestino de 0,5 a 1 mm de comprimento (ver Figura 24.19B, C).
delgado: células S, células CCK e células K, que Numerosas vilosidades (20 a 40 por mm2) aumentam
secretam os hormônios secretina, colecistocinina muito a área de superfície do epitélio disponível para a
(CCK) e polipeptídio inibidor gástrico (PIG), absorção e digestão e dão à túnica mucosa intestinal
respectivamente. um aspecto aveludado. Cada vilosidade é recoberta por
epitélio e tem um centro de lâmina própria;
incorporados ao tecido conjuntivo da lâmina própria
estão uma arteríola, uma vênula, uma rede capilar e
um vaso lactífero, que é um capilar linfático (ver Figura
24.19C). Os nutrientes absorvidos pelas células
epiteliais que recobrem a vilosidade atravessam a
parede de um capilar ou vaso lactífero para entrar no
sangue ou na linfa, respectivamente.
-Digestão química:
-Epitélio do IG contém principalmente células -Até agora o quimo permaneceu no intestino grosso
absortivas e caliciformes (Figura 24.24B, D). As células por 3 a 10 h, tornou-se sólido ou semissólido por causa
absortivas atuam principalmente na absorção de água; da absorção de água e agora é chamado fezes.
as células caliciformes secretam muco, que lubrifica a Quimicamente, as fezes consistem em água, sais
passagem do conteúdo do colo. inorgânicos, células epiteliais da túnica mucosa do
canal alimentar, bactérias, produtos da decomposição
-Digestão mecânica:
bacteriana, materiais digeridos e não absorvidos e
-Um movimento característico do intestino grosso é a partes não digeríveis de alimentos. Embora 90% de
agitação das saculações do colo. Neste processo, as toda a absorção de água ocorra no intestino delgado, o
saculações do colo permanecem relaxadas e são intestino grosso absorve o suficiente para torná-lo um
distendidas enquanto se enchem. Quando a distensão órgão importante na manutenção de equilíbrio hídrico
alcança um determinado ponto, as paredes se do corpo. Dos 0,5 a 1,0 ℓ de água que entra no intestino
contraem e espremem o conteúdo para a próxima grosso, tudo exceto aproximadamente 100 a 200 mℓ
saculação do colo. O peristaltismo também ocorre,
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normalmente é absorvido por osmose. O intestino -Gastrite crônica: São inflamações classificadas em 3
grosso também absorve íons, incluindo sódio e cloreto, tipos. Para fechar diagnostico deve juntar(sinais
e algumas vitaminas. clínicos do paciente, EDA, histopatológico).
Autoimune, H. Pylori.
-Reflexo defecação:
correlacionam estreitamente com os achados -As cepas mais ativas são encontradas em pessoas que
microscópicos e nem mesmo com a presença do H. apresentam ulceras pépticas e adenocarcinoma
pylori.) gástrico. Outros fatores bacterianos que estão
associados a um risco aumentado de doença incluem
- Embora seja capaz de numerosas adaptações que
adesinas, como BabA e SabA, e genes que não estão
previnem a excessiva estimulação do sistema imune, a
completamente caracterizados, como dupA. Adesinas
colonização se acompanha de uma considerável e
são proteínas que mediam a adesão da H. pylori ao
persistente resposta imune, incluindo a produção de
epitélio gastrointestinal, juntamente com algumas
anticorpos locais e sistêmicos, bem como de respostas
proteínas da membrana externa que também são
mediadas por células. Entretanto, estas respostas são
reconhecidas como fatores de virulência
ineficazes na eliminação da bactéria. Essa eliminação
ineficiente parece dever-se em parte à inibição, pelo H. -Os determinantes de doença no hospedeiro mais bem
pylori, do sistema imune, o que facilita a sua caracterizados são os polimorfismos genéticos que
persistência. acarretam aumento na ativação da resposta imune
inata, como polimorfismos em genes das citocinas ou
-A maioria das pessoas colonizadas pelo H. pylori não
genes que codificam proteínas de reconhecimento
apresenta sequelas clínicas. O fato de algumas
bacteriano, como os receptores Toll-like (TLR). Por
manifestarem doença franca e outras não relaciona-se
exemplo, as pessoas colonizadas com polimorfismos
a uma combinação de fatores: diferenças nas cepas
no gene da interleucina (IL) 1, que determinam a
bacterianas, suscetibilidade do paciente à doença e
produção de grandes quantidades desta citocina em
fatores ambientais.
resposta à infecção por H. pylori, correm risco
-O fator de virulência é diferente, pois existem cepas aumentado de adenocarcinoma gástrico.
capazes de causar doenças. Existe um grupo de genes
-O tabagismo aumenta os riscos de úlcera e câncer em
(ilha Cag), onde genes específicos (Cag A) são
indivíduos H. pylori-positivos. As dietas ricas em sal e
translocados da bactéria para o interior das células
os alimentos em conserva aumentam o risco de câncer,
epitelial afetando a transdução do hospedeiro,
e as dietas ricas em antioxidantes e vitamina C
induzindo alterações em funções dessas células como;
conferem proteção.
Proliferação, Citoesqueleticas e inflamatórias.
-O padrão de inflamação gástrica se associa com o risco
-Alguns camundongos que expressão esse gene Cag A
de doença: gastrite predominantemente antral é mais
no estomago apresentam adenocarcinoma gástrico.
estreitamente relacionada com ulceração duodenal, ao
- O sistema de secreção também transloca passo que a pangastrite é ligada à ulceração gástrica e
componentes solúveis da parede celular de ao adenocarcinoma. Esta diferença provavelmente
peptidoglicano para dentro da célula epitelial gástrica; explica por que os pacientes com úlcera duodenal não
esses componentes são reconhecidos pelo receptor correm alto risco de desenvolver adenocarcinoma
bacteriano de emergência intracelular, Nodl, que gástrico mais tarde na vida, a despeito de serem
estimula uma resposta das citocinas pró-inflamatórias colonizados por H. pylori.
(IL-8), resultando em aumento da inflamação gástrica.
-A colonização gástrica pelo H. Pylori pode causar
-Pacientes que apresentam ulceras gástricas ou ulcera duodenal devido a inflamação causada por essa
adenocarcinoma gástrico são mais propensos a bactéria diminuir o número de células D (produtoras de
apresentarem Cag A positivo. Existe também a somatostatina), esse hormônio inibe a liberação de
proteína VacA secretada pela H. Pylori ocorre em varias gastrina, então pessoas com H. Pylori tem mais
formas. A proteína VacA, ou “citotoxina gastrina. esses níveis mais elevados levam a um
vacuolizadora”, é um fator de virulência com papel aumento da secreção ácida estimulada pelas refeições
crucial na patogênese da H. pylori. Tem três atividades no corpo do estômago, que está apenas levemente
celulares confirmadas: vacuolização celular, apoptose inflamado quando a gastrite predomina no antro. a
e ativação dos linfócitos T CD4 positivos e proliferação. secreção aumentada de ácido pode contribuir para a
Esta toxina foi descoberta como uma proteína formação da metaplasia gástrica potencialmente
secretada pela H. pylori que induz uma enorme protetora observada no duodeno de pacientes com
vacuolização citoplasmática in -vitro. úlcera duodenal. A metaplasia gástrica no duodeno
pode tornar-se colonizada por H. pylori e
subsequentemente inflamada e ulcerada.
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-Diagnostico:
-Manifestações clinicas:
-Existem 2 testes para identificar a H. Pylori:
-Todas as pessoas colonizadas com H. pylori têm
respostas teciduales gástricas, porém menos de 15% • Invasivo: Precisa fazer EDA, baseia-se em
apresentam doenças associadas, como úlcera péptica, biopsia (teste da urease)
adenocarcinoma gástrico ou linfoma gástrico • Não invasivo: Teste da ureia no ar exalado.
Teste de antígeno nas fezes.
-Muitos pacientes apresentam sintomas
gastrintestinais altos, mas têm resultados normais na -Endoscopia: não é usado na consulta inicial frente a
endoscopia digestiva alta (a chamada dispepsia uma dispepsia sem sintomas de alarme (ver esses
funcional ou não ulcerativa). sintomas na palestra), é comumente usado para excluir
câncer em idosos.
-**Pode desencadear o início da gastrite autoimu- ne e
da anemia perniciosa, bem como predispor alguns -Ao realizar endoscopia realiza o exame mais
pacientes à deficiência de ferro por meio da perda conveniente baseando na biopsia é o da teste da
oculta de sangue e/ou hipo- cloridria e redução da urease, esse teste colhe 2 amostras pequenas ou uma
absorção de ferro.** grande de biopsia do antro são colocadas em gel
contemdo ureia e um indicador. A presença de urease
-Relação da H. Pylori com a Gastrite:
do H. pylori leva a uma alteração do pH e, por
Apesar da colonização gástrica com H. pylori induzir conseguinte, a uma mudança de cor, que
uma gastrite histológica em todos os indivíduos frequentemente ocorre em alguns minutos, mas que
infectados, apenas uma minoria desenvolvem sinais pode requerer até 24 h.
clínicos aparentes desta colonização.
-Se forem obtidas amostras de biópsias do antro e do
-Os riscos para o desenvolvimento de úlcera e câncer corpo, o estudo histológico fornecerá informações
gástrico distal são dependentes de fatores do adicionais, como o grau e o padrão de inflamação,
hospedeiro, bacterianos e ambientais relacionados ao atrofia, metaplasia e displasia. A cultura microbiológica
padrão e a gravidade da gastrite. A colonização com H. é mais específica, mas pode ser insensível devido à
pylori leva à infiltração da mucosa gástrica, tanto no dificuldade de isolamento do H. pylori.
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• -Omeprazol:
-Mec. Ação: O omeprazol atua na bomba de -A gastrite autoimune (GAI) é uma condição
H+/K+ATPase inibindo diretamente o mecanismo de inflamatória crónica progressiva que resulta na
secreção de HCl da célula parietal. Após a substituição da massa celular parietal do fundo e corpo
administração, o início de ação dos IBPs é rápido, com gástricos por mucosa atrófica e metaplásica,
o efeito inibitório máximo na secreção ácida ocorrendo sequelares à presença de autoanticorpos contra a
dentro de duas a seis horas. Esses agentes atuam com ATPase H+/K+ das células parietais (ACP) e/ou antifator
maior eficácia quando a bomba de prótons se encontra intrínseco (AFI). O progredir destas alterações, induz
ativada, por isso há recomendação de serem um estado de hipocloridria ou até acloridria e perda da
administrados em jejum . secreção de fator intrínseco, o que por sua vez
prejudica a absorção de ferro e vitamina B12,
-Farmacocinética e Farmacodinâmica do Omeprazol: O
respetivamente, podendo originar, em fases mais
omeprazol possui eficácia por via oral, com
avançadas da doença, um quadro de anemia
biodisponibilidade absoluta de cerca de 30 a 40% após
ferropénica e/ou perniciosa.
administração, visto que esse valor se deve ao
metabolismo pré-sistêmico. Esse valor aumenta em -Hipergastrinemia: como a produção e secreção do
pacientes mais velhos do que em pacientes jovens. Sua ácido gástrico está prejudicada, ocorre
distribuição chega a uma taxa de ligação com as um feedback positivo para a produção
proteínas plasmáticas entre 95 a 96%, possuindo de gastrina pelas células G estomacais, hormônio
ligação principal com a albumina sérica e com a estimulador da secreção ácida. Tendo em vista que
glicoproteína alfa-1-ácida. Possui uma meia-vida curta, uma das maneiras de estimular essa secreção é através
entre 0,5 a 2 horas. Seu metabolismo ocorre no fígado do estímulo a células semelhantes a enterocromafins
no sistema citocromo P450, e com eliminação ocorre (ECL) – responsáveis pela produção de histamina,
majoritariamente via urina, e o restante por fezes. hormônio intensificador dos efeitos da gastrina nas
células parietais. No contexto da GAMA, a
-Referencias: Harrison (pag. 204). Artigo
hipergastrinemia crônica leva a uma hiperplasia das
(https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/5710/1/5886
ECL. Então, partindo do pressuposto que está havendo
-16316-1-PB%5b1%5d.pdf)
uma proliferação anormal dessas células, faz sentido
(https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/fil
pensar que há um risco aumentado para o crescimento
e/guidelines/helicobacter-pylori-portuguese-
de tumores. Com a contribuição ou não de fatores
2021.pdf)
genéticos, essa hiperplasia pode levar ao
-Gastrite Atrófica: desenvolvimento de tumores neuroendócrinos
gástricos (carcinoides). Na endoscopia, esses tumores
-A gastrite atrófica é um processo inflamatório da aparecem como múltiplos nódulos ou pólipos
mucosa gástrica que se apresenta de diferentes formas pequenos (< 1 cm).
(autoimune e ambiental). Em outras palavras, trata-se
de uma doença de quadro clínico e fisiopatológico -As manifestações clínicas da GAI agrupam-se em três
distintos. categorias principais: hematológicas, neurológicas e
gastrointestinais (GI). Os achados iniciais mais
-A forma autoimune se caracteriza pelo acometimento frequentes são as alterações hematológicas (37%),
total ou parcial da mucosa — o que incorre em uma seguidas dos achados histológicos típicos (34%) e em
mudança significativa da acidez do estômago. Este 50% dos doentes com GAI, sendo a manifestação mais
processo, por sua vez, está diretamente relacionado a comum a dispepsia associada a dismotilidade em até
fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasias, 70% dos casos. As manifestações neurológicas podem
como o adenocarcinoma e algumas alterações preceder as hematológicas, sendo a neuropatia
hormonais. periférica a mais comum (25%), que melhora após a
-Já a gastrite atrófica ambiental se manifesta a partir suplementação adequada de vitamina B12
da presença de agentes biológicos que provocam um - Deficiência de ferro: fisiologicamente, a acidez
quadro infeccioso e inflamatório agudo. Como já gástrica cria um mecanismo que converte a forma
destacamos, ela é adquirida na infecção crônica pelo H. férrica do ferro (Fe3+) em sua forma ferrosa (Fe2+), que
pylori e está diretamente associada aos hábitos é mais facilmente absorvida. Como a destruição das
alimentares dos pacientes. células parietais leva a uma menor secreção do ácido
-Autoimune: gástrico (HCl), a absorção do ferro é prejudicada.
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Instala-se, assim, uma anemia ferropriva, uma vez que -Esse RGE esta incluído entre os distúrbios
o ferro é também uma substância importante para a gastrointestinais funcionais e são recomendada
produção de hemácias. específicos nos critérios de diagnostico no critério de
roma IV.
-Gastrite Nervosa:
-A frequência de regurgitações é variável (5% dos
-Também chamada de Dispepsia funcional. A gastrite lactentes têm seis ou mais episódios de regurgitação
nervosa, por outro lado, não é causada por nenhuma por dia). Estas regurgitações aumentam em número e
condição clínica. Seus sintomas surgem como volume entre dois e quatro meses e, posteriormente,
resultado do estresse e ansiedade no dia a dia do diminuem progressivamente com o aumento de idade,
paciente. Apesar disso, se este tipo de gastrite não for sendo que 90% a 95% dos casos resolvem até o
tratado, pode resultar no desenvolvimento da gastrite primeiro ano de vida.
crônica
-Importante lembrar que o RGE não causa problemas
-Gastrite Enematosa: clínicos como perda de peso.
-Quando a gastrite crônica ou aguda causa ferimentos -A DRGE por outro lado, ocasiona, nos lactentes, outras
à parede do estômago, ela é conhecida como gastrite manifestações além das regurgitações, como vômitos
enantematosa. Esse tipo de gastrite pode apresentar intensos, dificuldades durante as mamadas, déficit de
alguns sintomas além dos sintomas já conhecidos das ganho ponderal, choro, irritabilidade e alteração na
gastrites crônica e aguda. posição cervical.
-Diferentemente da gastrite comum, que afeta -A diferenciação entre regurgitação do lactente e DRGE
somente a mucosa do estômago, na gastrite no lactente deve ser feita pela história e exame clínico
enantematosa, a inflamação que o paciente possui minuciosos, que determinam se o lactente necessita ou
afeta o tecido que recobre o estômago de forma um não de intervenção terapêutica, investigação
pouco mais aprofundada, atingindo o epitélio laboratorial, radiológica e/ou endoscópica1. Nas
estomacal, causando uma vermelhidão e um inchaço crianças maiores e adolescentes as principais
generalizado no local, além de ferimentos e lesões manifestações clínicas gastrintestinais são azia, dor
localizadas, que podem evoluir. retroesternal ou epigástrica.
-Gastrite Eosinofilica: -Apresentação clínica:
Gastrenterite eosinofílica representa um grupo de -RGE em crianças ocorrem nos primeiros meses de vida
doença em que ocorre infiltração eosinofílica no e desaparecem antes dos 12 meses.
estômago e duodeno; em alguns casos, a inflamação
pode envolver esôfago e colo, em que uma causa de -O critério de Roma IV apresenta as seguintes
eosinofilia conhecida não esteja presente. recomendações para o diagnóstico da regurgitação do
lactente. Ocorrência obrigatória das duas
características seguintes em um lactente saudável com
idade entre três semanas e 12 meses:
-Tratamento:
Estomago
-As células principais gástricas secretam pepsinogênio A enzima anidrase carbônica, que é especialmente
e lipase gástrica. As secreções das células mucosa, abundante nas células parietais, catalisa (acelera) a
parietal e principal gástrica formam o suco gástrico, formação de ácido carbônico (H2CO3) a partir da água
que totaliza 2.000 a 3.000 mℓ/dia. Além disso, as (H2O) e dióxido de carbono (CO2).
glândulas gástricas incluem um tipo de célula
Quando o ácido carbônico se dissocia, ele fornece uma
enteroendócrina, a célula secretora de gastrina, que
fonte pronta de H+ para as bombas de prótons, mas
está localizada principalmente no antro pilórico e
também produz íons bicarbonato (HCO3–). Conforme
secreta o hormônio gastrina na circulação sanguínea.
o HCO3 – se acumula no citosol, ele sai da célula
-Digestão mecânica e química no estomago. parietal na troca por Cl– via antiportadores Cl–-HCO3 –
na membrana basolateral (próxima da lâmina própria).
-Ondas de peristaltismo atingem o estomago em
intervalos de 15 a 25 segundos, essas ondas são mais O HCO3 – se difunde nos capilares sanguíneos
intensas no corpo gástrico e vai intensificando ao próximos. Esta “maré alcalina” de íons bicarbonato
atingir o antro-piloro, essas ondas empurram o entrando na corrente sanguínea após uma refeição
alimento para o piloro (é a propulsão). pode ser grande o suficiente para elevar ligeiramente
o pH do sangue e deixar a urina mais alcalina.
-O alimento passa do estomago para o intestino
delgado através do ostil pilórico, esse ostil encontra-se
quase fechado, permitindo passagem de pequenas
partículas alimentares. Quando tem a propulsão e os
alimentos são grandes para passarem ocorre o
processo de retropulsão (alimento voltando do ostil
para o corpo gástrico).
células epiteliais do estômago são protegidas do suco -A passagem do suco pancreático e biliar por meio da
gástrico por uma camada de 1 a 3 mm de espessura de ampola hepatopancreática para o duodeno do
muco alcalino secretado pelas células mucosas da intestino delgado é regulada por massa de músculo liso
superfície e células mucosas do colo. que circunda a ampola conhecida como músculo
esfíncter da ampola hepatopancreática.
-Outra enzima do estômago é a lipase gástrica, que
cliva os triglicerídios (gorduras e óleos) das moléculas -Histologia do pâncreas: O pâncreas é composto por
de gordura (como as encontradas no leite) em ácidos pequenos aglomerados de células epiteliais
graxos e monoglicerídios. Essa enzima opera melhor glandulares. Aproximadamente 99% dos aglomerados,
em Ph 5 a 6. chamado ácinos, constituem a porção exócrina do
órgão (ver Figura 18.18B, C). As células no interior dos
-Apenas uma pequena quantidade de nutrientes é
ácinos secretam uma mistura de líquidos e enzimas
absorvida no estômago, porque suas células epiteliais
digestórias chamadas suco pancreático. O 1% restante
são impermeáveis à maior parte dos materiais.
dos aglomerados, as chamadas ilhotas pancreáticas
-Dentro de 2 a 4 h após a ingestão de uma refeição, o (ilhotas de Langerhans), formam a porção endócrina do
estômago já esvaziou seu conteúdo para o duodeno. pâncreas. Estas células secretam os hormônios
Os alimentos ricos em carboidratos permanecem glucagon, insulina, somatostatina e polipeptídio
menos tempo no estômago; alimentos ricos em pancreático.
proteína permanecem um pouco mais, e o
-Composição e função do sulco pancreático:
esvaziamento é mais lento após uma refeição rica em
gordura contendo grandes quantidades de -O pâncreas produz diariamente de 1.200 a 1.500 mℓ
triglicerídios. de suco pancreático, um líquido claro e incolor que
consiste principalmente em água, alguns sais,
Pâncreas
bicarbonato de sódio e várias enzimas. O bicarbonato
-O pâncreas, uma glândula retroperitoneal que mede de sódio dá ao suco pancreático um pH ligeiramente
aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento e 2,5 alcalino (7,1 a 8,2) que tampona o suco gástrico ácido
cm de espessura, encontra-se posteriormente à no quimo, interrompe a ação da pepsina do estômago
curvatura maior do estômago. O pâncreas consiste em e cria o pH apropriado para a ação das enzimas
uma cabeça, um corpo e uma cauda e geralmente está digestórias no intestino delgado.
ligado ao duodeno por dois ductos (Figura 24.15A). A
-As enzimas no suco pancreático incluem uma enzima
cabeça do pâncreas é a porção expandida do órgão,
para digerir amido chamada amilase pancreática;
próxima da curva do duodeno; superiormente e à
várias enzimas que digerem proteínas em peptídios
esquerda da cabeça estão o corpo do pâncreas central
chamadas tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e
e a cauda do pâncreas afilada.
elastase; a principal enzima que digere triglicerídios
em adultos, chamada lipase pancreática; e as enzimas
que digerem ácidos nucleicos chamadas ribonuclease
e desoxirribonuclease, que digerem ácido ribonucleico
(RNA) e ácido desoxirribonucleico (DNA) em
nucleotídios.
Fígado
Everaldo Leite 4
O fígado é dividido em dois lobos principais – um lobo -Função do fígado e vesícula biliar:
hepático direito grande e um lobo hepático esquerdo
-Os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000
menor – pelo ligamento falciforme, uma prega do
mℓ de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-
mesentério.
oliva. Ele tem um pH entre 7,6 e 8,6 e é constituído
As partes da vesícula biliar incluem o amplo fundo da principalmente por água, sais biliares, colesterol, um
vesícula biliar, que se projeta fosfolipídio chamado lecitina, pigmentos biliares e
vários íons.
inferiormente além da margem inferior do fígado; o
corpo da vesícula biliar, a parte central; e o colo da -A bile é parcialmente um produto de excreção e
vesícula biliar, a parte afunilada. O corpo e o colo se parcialmente uma secreção digestória. Os sais biliares,
projetam superiormente. que são sais de sódio e sais de potássio dos ácidos
biliares (principalmente ácidos quenodesoxicólico e
-Histologia do fígado e vesícula biliar:
cólico), desempenham um papel na emulsificação, a
-Hepatócitos: são as principais células funcionais do fragmentação de grandes glóbulos lipídicos em uma
fígado e realizam uma grande variedade de funções suspensão de pequenos glóbulos lipídicos. Os
metabólicas, secretoras e endócrinas. São células pequenos glóbulos lipídicos apresentam uma área de
epiteliais especializadas com 5 a 12 lados que superfície muito grande que possibilita que a lipase
compõem aproximadamente 80% do volume do pancreática realize mais rapidamente a digestão dos
fígado. Os hepatócitos formam arranjos triglicerídios. Os sais biliares também ajudam na
tridimensionais complexos chamados lâminas absorção de lipídios após a sua digestão.
hepáticas
Intestino delgado
-Canalículos de bile: Os canalículos de bile são
-A maior parte da digestão e absorção de nutrientes
pequenos ductos entre os hepatócitos que coletam a
ocorre em um tubo longo chamado intestino delgado.
bile produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos de
bile, a bile passa para os dúctulos biliares e, em -O intestino delgado começa no músculo esfíncter do
seguida, para os ductos biliares. Os ductos biliares se piloro do estômago, serpenteia a parte central e
unem e, por fim, formam os ductos hepáticos esquerdo inferior da cavidade abdominal e, por fim, se abre no
e direito, que são maiores e se unem e saem do fígado intestino grosso. A média é de 2,5 cm de diâmetro; seu
como o ducto hepático comum (ver Figura 24.15). O comprimento é de aproximadamente 3 m na pessoa
ducto hepático comum junta-se ao ducto cístico da viva e de cerca de 6,5 m no cadáver.
vesícula biliar para formar o ducto colédoco. Por ele, a
bile entra no duodeno do intestino delgado para -O intestino delgado é dividido em três regiões:
participar da digestão. • Duodeno, a região mais curta, que é
-Sinusoides hepáticos: Os sinusoides hepáticos são retroperitoneal. Inicia-se no músculo esfíncter
capilares sanguíneos altamente permeáveis entre do piloro do estômago e tem a forma de um
fileiras de hepatócitos que recebem sangue oxigenado tubo em C. Estende-se por aproximadamente
de ramos da artéria hepática e sangue venoso rico em 25 cm até que se funde com o jejuno.
nutrientes de ramos da veia porta do fígado. • Jejuno: é a próxima parte e tem
aproximadamente 1 m de comprimento e se
estende até o íleo.
Everaldo Leite 5
incorporados ao tecido conjuntivo da lâmina própria inferior do estômago e empurra o quimo para a frente
estão uma arteríola, uma vênula, uma rede capilar e ao longo de um trecho curto do intestino delgado antes
um vaso lactífero, que é um capilar linfático (ver Figura de cessar. O CMM desce lentamente pelo intestino
24.19C). Os nutrientes absorvidos pelas células delgado, alcançando o final do íleo em 90 a 120 min.
epiteliais que recobrem a vilosidade atravessam a Em seguida, outro CMM começa no estômago. Ao
parede de um capilar ou vaso lactífero para entrar no todo, o quimo permanece no intestino delgado por 3 a
sangue ou na linfa, respectivamente. 5 h.
dupla de peritônio (ver Figura 24.4A). Estruturalmente, as células caliciformes secretam muco, que lubrifica a
as quatro principais regiões do intestino grosso são o passagem do conteúdo do colo.
ceco, o colo, o reto e o canal anal.
-Digestão mecânica:
-Fisiopatologia:
Intolerância x Alergia alimentar (Ênfase no Leite)
- As manifestações da APLV podem ser:
-Na pele as manifestações mais comuns são: -Manifestações não mediadas por IgE: As
manifestações não mediadas por IgE, e
• urticaria e o angioedema
consequentemente não tão imediatas, compreendem
-No trato gastrintestinal, pode ocorrer: as reações citotóxicas, reações por imunocomplexos
que são aquelas envolvendo a hipersensibilidade
• síndrome da alergia oral ou vômitos e mediada por células (Figura 5). Neste grupo estão
diarreias imediatos e as representados os quadros de proctite, enteropatia
-Manifestações respiratórias: induzida pela proteína alimentar e enterocolite
induzida por proteína alimentar.
• Broncoespasmo e sintomas de rinite
imediatamente após a ingestão do alimento
-Manifestações clínicas da APLV relacionada com os Outra aplicação para avaliação do IgE seria identificar
mecanismos imunológicos (MI) envolvidos. pacientes que tem chances de tornar tolerantes.
Pacientes com pápulas menores que 5mm e IgE <
2kU/L. Esses resultados indicam que cerca de 80% das
crianças ficarão tolerantes até 4 anos de idade.
• Avaliar tolerância dos pacientes em -Intolerância a lactose: É uma síndrome clínica na qual
tratamento o paciente deve apresentar um ou mais dos seguintes
sintomas:
-O TPO consiste em oferecer alimentos em doses
crescentes e intervalos regulares, sob supervisão • dor abdominal, diarreia, náusea, flatulência
médica, para detecção de possíveis reações clínicas. e/ou distensão abdominal.
Pessoas com histórico de anafilaxia ou antígeno IgE
-A intolerância à lactose resulta da má digestão e/ou
especifico, estão contraindicados a fazer esses testes,
má absorção da lactose, não havendo nenhum
salvo em ambientes hospitalar.
mecanismo imunológico envolvido na sua
-Esses TPO (teste desencadeante) pode ser feito das fisiopatologia.
seguintes formas:
-Fisiopatologia:
• Aberto: paciente e medico tem conhecimento
-Os carboidratos da dieta humana são constituídos
do alimento ingerido
principalmente de polissacarídios (amido e celulose) e
• Simples-cego: Apenas o medico tem
dissacarídios (lactose e sacarose) e, em menor
conhecimento do alimento que está sendo
extensão, de monossacarídios (frutose). Para que os
ingerido (se é ou não placebo)
polissacarídios e dissacarídios da dieta possam ser
• Duplo-cego: ninguém sabe de nada se placebo
absorvidos, há necessidade da sua digestão prévia até
ou não. Padrão-ouro
monossacarídios por meio da ação de enzimas
-Geralmente usa o simples cego devidos condições específicas, pois monossacarídios constituem a única
socioeconômicas da população. forma sob a qual os carboidratos são assimilados pelas
células epiteliais. Os polissacarídios são hidrolisados
-Os pacientes portadores de APLV devem ser em dissacarídios e oligossacarídios pelas amilases
submetidos ao teste de desencadeamento oral, em salivar e pancreática, produzidas respectivamente
intervalos de 6 a 12 meses, para determinar se pelas glândulas salivares e pelo pâncreas. Os, por sua
desenvolveram tolerância. vez, são hidrolisados em monossacarídios pelos
-Tratamento: complexos enzimáticos lactase florzina-hidrolase,
sacarase/isomaltase e maltase/glicoamilase
-O tratamento da APLV baseia-se na exclusão das localizados na borda estriada das células epiteliais
proteínas do leite de vaca da dieta, devendo-se intestinais. O complexo lactase florizina-hidrolase,
também evitar a inalação e o contato com a pele, e habitualmente denominada apenas de lactase (beta-
manter as necessidades nutricionais do paciente. galactosidase), hidrolisa a lactose enquanto os demais
-Referencias: SBP (vol1 pag 803-811) complexos enzimáticos, sacarase/ isomaltase e
maltase/glicoamilase, são alfa-glicosidases e
-Intolerância à lactose: hidrolisam sacarose, isomaltose e maltose.
-Sua absorção ocorre na borda em escova da mucosa decorrência do qual ocorre passagem essencialmente
do intestino delgado, por meio da ação da enzima de água e de eletrólitos para a luz intestinal,
lactase, que tem a função de hidrolisar a ligação entre provocando aumento de peristaltismo e rápida
as moléculas de glicose e galactose. passagem desses componentes para o intestino
grosso.
-A atividade dissacaridasica (quebrar dissacarídeos) da
lactase, esta associada as vilosidades dos enterócitos -No colo esses produtos não digeridos e/ou absorvidos,
(células epiteliais absortivas da camada superficial do parte é excretada nas fezes e outra sofre fermentação
ID e IG) maduros e não nas celulas imaturas da cripta, através das bactérias residentes no colo. Essa
sua concentração varia ao longo do tubo, tendo maior fermentação faz a hidrolise dos carboidratos
quantidade no jejuno proximal, e menor quantidade no permitindo sua absorção no colo, além de aumentar
jejuno distal e íleo terminal. absorção da água devido perda de solvente (pois
absorve carboidratos). Isso é um mecanismo fisiológico
-Lactase, por ser a mais superficial das dissacaridases,
para evitar as percas dos carboidratos não
a de menor concentração (em geral um terço a um
digeridos/absorvidos no delgado. Além disso, esse
quarto dos valores da sacarase) e a mais sensível a
mecanismo pode atenuar ou evitar a diarreia.
alterações na luz intestinal, é a mais vulnerável e a que
mais precoce e frequentemente se altera. Além disso, -Quando a capacidade de absorção do intestino
ela é a última que se recupera e por vezes não volta aos delgado é ultrapassada, a LC chega ao cólon, onde será
níveis normais anteriores, mesmo após a total fermentada por bactérias da microbiota resultando em
remissão do processo básico. Consequentemente, a gases, como gás carbônico, hidrogênio e ácidos graxos
lactase é facilmente afetada por qualquer agente de cadeia curta. Com isto, as fezes ficam mais
agressor lumina. acidificadas, líquidas ocasionando a distensão
abdominal e hiperemia perianal, sintomas comuns na
Possíveis fontes de obtenção de lactase são: plantas,
IL.
como pêssego, amêndoa e algumas espécies de rosas
selvagens; organismos animais, como intestino, -Deficiência de Lactase:
cérebro e tecido da pele; leveduras como
-Deficiência de lactase ou hipolactasia são termos
Kluyveromyces lactis, K. fragilise, Candida pseudo-
usados para indicar que o nível da atividade lactásica
tropicalis; bactérias como Escherichia coli, Lacto-
na borda em escova do epitélio intestinal está muito
bacillus bulgaricus, Streptococcus lactis; e fungos,
baixo.
como Aspergillus foetidus, A. niger, A. oryzae,
A.phoenecis. -São descritas quatro formas distintas de deficiência de
lactase:
-Absorção de monossacarídeos:
• deficiência congênita de lactase;
-Os monossacarídios (glicose, galactose e frutose),
produtos provenientes da dieta ou da digestão de • deficiência relativa de lactase do prematuro;
polissacarídios e/ou dissacarídios, são absorvidos na
membrana das microvilosidades por meio de dois • deficiência primária de lactase;
mecanismos distintos: • deficiência secundária de lactase
• Transporte ativo: Glicose e galactose. Seu
transportador (SGLTI) está localizado na borda
em escova, que possui receptor de afinidade
também para o sódio que é absorvido e
transportado ativamente para fora da célula.
• Difusão facilitada: Frutose. Pelo seu
uniportador GLUT5. -Deficiência congênita: Deficiência congênita de
lactase ou hipolactasia congênita de lactase é uma
-Resgate colonico: entidade relativamente rara que se caracteriza pela
ausência ou intensa deficiência isolada de atividade
-Os carboidratos, quando não digeridos e/ou não
lactásica, existindo poucos casos descritos na
absorvidos, acumulam-se na luz do intestino delgado.
literatura.
Esses produtos criam um gradiente osmótico em
Everaldo Leite 14
-Exames complementares:
-Camadas de Muco:
• 1º faz digestão de alimentos que nosso corpo -OBS: Vários estudos identificaram defeitos na
não consegue através da fermentação. produção de defensina pelas células epiteliais nas
• 2º Competem com patógenos, sendo uma regiões intestinais afetadas pela doença de Crohn.
espécie de sistema de defesa.
-Existem receptores do tipo Toll-like e NOD
-O tubo digestivo tem 3 principais mecanismos os quais (citoplasma), nas células epiteliais, permitindo uma
protegem o corpo contra infecções: resposta imune a patógenos. Quando esse receptor é
ligado por um antígeno (PAMP) ele gera uma cascata
1. Camada espessa de muco; ao qual promove:
2. Produção de peptídeos antibiótico
(antimicrobianos) por células epiteliais; • Aumenta a força da junção dessas células
3. IgA produzido pela lâmina própria. epiteliais;
• Aumento da proliferação das mesma;s
-Imunidade inata do TGI:
• Aumento do estimulo para secretar
-As próprias células epiteliais que revestem o TGI fazem Lisoenzimas e IgA.
parte do sistema imune inato gastrointestinal, essas -Em indivíduos saudáveis as DCs e Macrófago na
células estão envolvidas na resposta a patógenos e lâmina própria inibem a inflamação e controlam a
amostragem do antígeno as células adaptativas do homeostasia; Esses macrófagos intestinal exibem um
sistema imune adaptativo do TGI; fenótipo o qual permite a eles fagocitarem e liberarem
-Existem vários tipos de células epiteliais, todas citocinas anti-inflamatória (IL-10). A expressão de TLR
derivadas de um mesmo precursor. São elas: Células nesses macrófagos é menor comparando em outros
Caliciformes (muco), Células M (Amostragem), Paneth tecidos, os seus genes inflamatórios são inibidos por
(Lisoenzimas). produtos microbiano. Esse mecanismo previne uma
inflamação danosa em resposta a bactérias comensais
Everaldo leite 2
e produtos bacterianos que atravessam a barreira -Uma das principais vias de distribuição de antígeno do
epitelial. lúmen para o GALT é por meio das células M. Estão
localizadas numa região chamada cúpula sobre as PP.
-Imunidade adaptativa do sistema gastrointestinal:
-Em adição, o epitélio folículo-associado onde as
-A principal forma de imunidade adaptativa no células M estão localizadas exibem características
intestino é a humoral dirigidas por microrganismos no distintas daquelas do epitélio de absorção, as quais
lúmen. Tal função mediada principalmente por IgA. promovem estreita associação com os antígenos
-A dominância do IgA é devida as células B do intestino microbianos luminais, incluindo uma escassez de
tendo a sofrer troca de classe para Iga, e as células B células caliciformes secretoras de muco e de células de
produtoras de IgA tendem a residir no sitio. Paneth secretoras de defensina, bem como capacidade
diminuída de transportar IgA para dentro do lúmen.
-A defesa células no intestino são mediadas por T
auxiliares, as células t efetoras são (Principalmente -As células M transportam o antígeno, e apresenta para
Th17, também tem Th1 e Th2). as APC. células M não se engajam em um extensivo
processamento das substâncias que englobam, em vez
-Um dos principais mecanismos para regular a disso movimentam as partículas e moléculas através de
inflamação é devido as células Treg. Essas Treg são vesículas endocíticas ao longo do citosol e as
produtoras de IL- (anti-inflamatoria). distribuem por exocitose à membrana basolateral para
-Anatomia Funcional do Sistema Imune Adaptativo no as DCs ou células B nas regiões de cúpula das placas de
Trato Gastrintestinal: Peyer e folículos linfoides subjacentes na lâmina
própria.
-Essa resposta adaptativa é iniciada em coleções
discretamente organizadas de Linfócitos e APC.
Existem nesses tecidos os linfócitos T naive que ao ser
exposta ao antígeno microbiano sofre diferenciação
em T efetor.
fetores e reguladores que retornam para residir na -As trocas de classe se da por 2 mecanismos, T-
lâmina própria. dependente (dependem das células t auxiliares) e o T-
Idepedente.
-Existe um sistema de homing onde os linfócitos T e B
efetores produzidos nos Linfonodos mesentéricos são -T-depedente:
teleguiados para a Lamina própria intestinal.
-T-Independente:
epiteliais. Sua produção pode ser aumentada por -Na lâmina própria caso passe algumas bactérias os DC
estímulos inflamatórios. captam e transportam o antigeno por via linfática para
os linfonodos mesentéricos. Nos linfonodos o antígeno
-A IgA dimérica (e a IgM pentamérica) secretada pelos
é apresentado as T naives que se diferenciam em
plasmócitos na lâmina própria se liga ao receptor de
efetoras (Th1, Th2, Th17 ou ainda Treg foxp3)
poli-Ig nas células epiteliais da mucosa através de um
domínio da cadeia J (Fig. 14.6). O complexo anticorpo- -Algumas DCs derivadas de macrófagos junto ao íleo
receptor é endocitado para dentro da célula epitelial e, terminal do intestino emitem projeções dendríticas por
diferente dos outros endossomos que tipicamente entre as células epiteliais, e coletam amostras dos
transitam para os lisossomos, as vesículas contendo conteúdos luminais.
receptor de poli-Ig são dirigidas e se fundem à
membrana plasmática apical (luminal) da célula
epitelial. Na superfície celular apical, o receptor de poli-
Ig é proteoliticamente clivado, seus domínios
transmembrana e citoplasmático são fixos à célula
epitelial, e o domínio extracelular do receptor, que
carrega a molécula de IgA, é liberado no interior do
lúmen intestinal. Esse processo de transporte de IgA ao
longo do epitélio é chamado transcitose. A parte
clivada do receptor de poli-Ig, chamada componente
secretor, permanece associada à IgA dimérica no
lúmen. Acredita-se que o componente secretor ligado
protege a IgA (e a IgM) contra a proteólise por ação das
proteases bacterianas presentes no lúmen intestinal, e
esses anticorpos, assim, conseguem exercer sua função
de neutralizar microrganismos e toxinas nesse sítio.
-As células T efetoras Th17 e as células T reguladoras -Doenças relacionadas com resposta imune no
são abundantes na mucosa intestinal. As células Th17 intestino:
específicas para os antígenos bacterianos se
diferenciam a partir de células T CD4+ naive em tecidos -Enteropatias inflamatórias:
linfoides associados ao intestino (não mostrado) em -Consiste em um grupo heterogêneo de distúrbios
resposta aos antígenos apresentados pelas células caracterizados pela inflamação remitente crônica do
dendríticas e às citocinas por elas secretadas, incluindo intestino delgado e grosso. Essa inflamação é causada
IL-6 e IL-23. A diferenciação de células T reguladoras pela resposta inadequada a bactérias comensais.
(Tregs) específicas para o antígeno bacteriano é
promovida pelo TGF-β e ácido retinóico produzidos -Os 2 tipos de EI são:
pelas células epiteliais intestinais. As Tregs tímicas que • Doença de Cronh; pode afetar tudo tubo
migram para o intestino se expandem numericamente intestinal, com predomínio no íleo terminal.
sob influência de metabólitos bacterianos. • Colite ulcerativa; é restrita a mucosa colônia.
-Regulação da Imunidade no Trato Gastrintestinal por -Embora as causas da doença de Crohn e da colite
Células T Reguladoras e Citocinas; ulcerativa sejam pouco conhecidas, vários tipos de
-As células T reguladoras são abundantes no GALT e evidências sugerem que esses distúrbios resultam de
previnem reações inflamatórias contra defeitos na regulação das respostas imunes a
microrganismos comensais intestinais; organismos comensais no intestino em indivíduos
geneticamente suscetíveis. Algumas anormalidades
-Muitas células Tregs são induzidas no intestino em imunológicas podem contribuir para o
resposta aos antígenos encontrados localmente e, desenvolvimento de EI;
assim, pertencem à categoria de Tregs periféricas
(Capítulo 15) (Fig. 14.8). Os fatores que contribuem 1. Defeito na imunidade inata contra organismos
para a geração das Tregs periféricas incluem a comensais: 1º Pode ocorrer uma expressão
produção local de ácido retinoico e TGF-β por DCs defeituosa nas defensinas e com isso as bactérias
CD103+ e macrófagos da lâmina própria. Ambos, ácido comensais invadirem as células epiteliais. 2º pode
retinoico e TGF-β, promovem expressão de FoxP3+ e ocorrer regulação inadequada da resposta imune
inibem a geração de células Th1 e Th2. Além disso, os aos comensais.
metabólitos de fermentação, como o ácido graxo de 2. Resposta Th1 e Th17 anormais: Analises em
cadeia curta butirato, produzidos pelas bactérias humanos com EI mostram resposta ativa do Th17
comensais intestinais, especialmente espécies de na parte intestinal afetada. Polimorfismos em
Clostridia, estimulam a expansão periférica de Tregs genes que codificam receptores de IL-23 implicam
tímicas. Como discutido no Capítulo 15, acredita-se em risco aumentado para desenvolver EI. A doença
que as Tregs suprimam as respostas imunes por meio de cronh é caracterizada por inflamação
de vários mecanismos. Dentre esses, o mecanismo granulomatosa dirigidas por Th1 produtoras de
dominante no intestino parece ser a produção da INF-Y. Esses achados são a base do tratamento de
citocina imunossupressora IL-10. pacientes com EI usando anticorpo monoclonal
que se liga a um polipeptídeo (p40) compartilhado
-Várias citocinas (TGF-B, IL-2,IL-10) regulam essa pela IL-23 e IL-12. A IL-23 é requerida para as
homeostase, deficiência dessas citocinas ou de seus respostas imunes mediadas por Th17, enquanto a
receptores pode gerar uma inflamação intestinal IL-12 é requerida para respostas Th1. Com esse
patológica; A inflamação descontrolada observada no anticorpo se liga nessas IL elas não estimulas o Th1
intestino na ausência dessas citocinas ou de seus e Th17.
receptores é mais provavelmente causada pelas 3. Função defeituosa das Treg: A supressão da Treg-
respostas imunes à flora intestinal comensal, uma vez mediada inadequada a comensais, pode ser uma
que não ocorre inflamação em camundongos criados das causas da EI. Pacientes com falha de Treg
sob condições estéreis. devido falha nos genes codificadores da IL-2 ou em
seus receptores podem apresentar Colite
-No caso da regulação da inflamação intestinal
ulcerativas. Alem da ausência do gene que codifica
dependente de TGF-β e de IL-10, evidências indicam
o foxp3.
que as Tregs são uma fonte importante de citocinas.
Everaldo leite 6
-Doença celíaca:
Fisiopatologia das doenças inflamatórias intestinais
-A doença celíaca (enteropatia glúten-sensível ou
espru não tropical) é uma doença inflamatória da
mucosa do intestino delgado causada por respostas
-A doença intestinal inflamatória (DII) é uma condição
imunes dirigidas contra as proteínas do glúten
intestinal crônica de mediação imune. A retocolite
ingeridas presentes no trigo e em outros grãos.
ulcerativa (RCU) e doença de Crohn (DC) são os dois
-A doença celíaca é caracterizada pela inflamação tipos principais de DII.
crônica na mucosa do intestino delgado, levando à
-Epidemiologia:
atrofia dos vilos, má absorção e várias deficiências
nutricionais que levam a manifestações
extraintestinais.
-Não é sabido se esses anticorpos contribuem para o -Uma hipótese consensual estabelece que, nos
desenvolvimento da doença, mas são um marcador indivíduos com predisposição genética, tanto os
diagnóstico para esta doença. fatores exógenos (p. ex., composição da microbiota
intestinal normal) quanto os fatores endógenos do
-Há forte evidência de que as respostas de células T hospedeiro (p. ex., função de barreira das células
CD4+ à gliadina estão envolvidas na patogênese da epiteliais intestinais, função imune inata e adaptativa)
doença. Células T específicas para os peptídeos da interagem, causando um estado crônico de função
gliadina são encontradas em pacientes com doença imune desregulada da mucosa, que é ainda mais
celíaca, e o processo inflamatório no intestino inclui modificada por fatores ambientais específicos (p.e.x,
células T e citocinas de células T. Há um alto risco tabagismo, ente- ropatógenos).
Everaldo leite 7
na lâmina própria, as quais secretam quantidades -As citocinas inflamatórias, como a IL-1, a IL-6 e o TNF,
excessivas de citocinas inflamatórias em relação às exercem efeitos diversificados sobre os tecidos.
citocinas anti-inflamatórias. Promovem a fibrogênese, a produção de colágeno, a
ativação das metaloproteinases teciduais e a produção
-Algumas citocinas ativam outras células inflamatórias
de outros mediadores inflamatórios; ativam também a
(macrófagos e células B), e outras atuam
cascata da coagulação nos vasos sanguíneos locais (p.
indiretamente, recrutando outros linfócitos, leucócitos
ex., produção aumentada do fator de von Willebrand).
inflamatórios e células mononucleares da corrente
Essas citocinas são normalmente produzidas em
sanguínea para o intestino, por meio de interações
resposta à infecção, porém são habitualmente
entre receptores de guiamento (homing) nos
eliminadas ou inibidas no momento apropriado para
leucócitos (p. ex., integrina a4(37) e adressinas no
limitar a lesão tecidual. Na DII, a sua atividade não é
endotélio vascular (p. ex., MadCAMl).
regulada, resultando em um desequilíbrio entre os
-As células T auxiliares (TH) CD4+ que promovem a mediadores pró-inflamatórios e anti-inflamatórios.
inflamação são de três tipos, e todos os três tipos
-Certos tratamentos, como compostos de ácido
podem estar associados à colite em modelos animais e,
aminossalicílico (5-ASA) são potentes inibidores desses
talvez, nos seres humanos:
mediadores inflamatórios, por meio da inibição de
• as células Th1 [que secretam interferon (IFN) fatores de transcrição, como o NF-kB, que regulam a
• as células TH2 (que secretam IL-4, IL-5, IL-13) sua expressão.
• as células TH17 (que secretam IL-17, IL-21). -Fatores exógenos:
-As células Th1 e células T natural killer relacionadas -Estudos observacionais sugerem que múltiplos
que secretam IL-13 induzem inflamação da mucosa patógenos (p. ex., espécies de Samonella, Shigella,
superficial que lembra a RCU, enquanto as células TH17 Campylobacter e Clostridium difficile) podem
podem ser responsáveis pelo recrutamento dos desencadear a DII ao induzir uma resposta inflamatória
neutrófilos. Cada um desses subgrupos de células T que o sistema imune da mucosa pode ser incapaz de
exercem uma regulação cruzada entre elas. A via da controlar. Entretanto, no paciente com DII, a
citocina TH1 é iniciada pela IL-12, uma citocina microbiota normal tende a ser percebida ina-
essencial na patogenia de modelos experimentais de propriadamente, como se fosse um patógeno.
inflamação mucosa. A IL-4 e a IL-23, juntamente com a
IL-6 e o TGF-B, induzem as células TH2 e TH17, -São encontradas alterações na microbiota em
respectivamente. pacientes com DC e RCU, não se sabe se essa alteração
é secundaria a inflamação ou primaria.
-Os macrófagos ativados secretam o fator de necrose
tumoral (TNF e IL-6). Por conseguinte, o uso de -Microrganismos anaeróbios, particularmente espécies
anticorpos para bloquear as citocinas proinflamatórias de Bacteroides e Clostridia, bem como algumas
(p. ex., anti-TNF, anti-IL-12, anti-IL-23, anti- -IL-6, anti- espécies aeróbias, como Escherichia podem ser
IFN-7) ou de moléculas associadas ao recrutamento de responsáveis pela indução da inflamação. Essa noção é
leucócitos (p. ex., anti-a4(37) ou a utilização de apoiada pela resposta imune observada em pacientes
citocinas que inibem a inflamação e promovem as com DC a diversos antígenos bacterianos
células T reguladoras (p. ex., IL-10) ou promovem a
-Além disso, os agentes que alteram a flora intestinal,
função de barreira intestinal podem ser benéficos para
como o metronidazol, o ciprofloxacino e dietas
os seres humanos com inflamação intestinal.
elementares, podem melhorar a DC (pode ser devido
-Cascada da inflamação DII: esses medicamentos erradicar a microbiota). A DC
também responde ao desvio fecal, demonstrando a
-A inflamação inidicada na DII pelo reconhecimento capacidade do conteúdo luminal de exacerbar a
imune anormal de uma bactéria pelas células doença.
parenquimatosas (epitelial intestinais) ou
hematopoiéticas (DC) a resposta imune é perpetuada -Em contrapartida, outros microrganismos,
pela ativação das células T. Uma cascata de mediadores denominados probióticos (p. ex., Faecalibacterium
inflamatórios ampliam a resposta, cada etapa dessa prausnitzii, espécies de Lactobacillus, Bifidobacterium,
cascata é um possível alvo para o tratamento. Taenia suis e Saccharomyces boulardii), podem inibir a
inflamação em modelos animais e nos seres humanos.
Everaldo leite 9
que acomete quase sempre o reto, este segmento é -Doença de Cronh: Características microscópicas.
poupado com frequência na DC.
-As lesões mais precoces são ulcerações aftoides e
-A doença de Crohn é segmentar com áreas poupadas abscessos das criptas focais com agregados indefinidos
no meio do intestino doente. de macrófagos que formam granulomas sem caseação
em todas as camadas da parede intestinal (Fig. 17.4).
Os granulomas podem ser visualizados nos linfonodos,
mesentério, fígado e pâncreas. Apesar de os
granulomas serem um elemento patognomônico da
DC, são encontrados apenas raramente nas biópsias da
mucosa.
-Caracteristica da mucosa de acordo com a grau e -Os principais sintomas de RCU são:
tempo da inflamação: Ao exame endoscópico
• Diarreia, sangramento retal, tenesmo
• Doença leve: ulcerações aftosas ou pequenas (esvaziamento incompleto), eliminação de
e superficiais; muco e dor abdominal em cólica.
• Doença mais ativa, ulcerações estreladas se -A intensidade dos sintomas se correlaciona com a
fundem longitudinal e transversalmente a fim extensão da doença. A RCU pode manifestar-se
de demarcar ilhas de mucosa, com bastante agudamente, porém geralmente os sintomas já
frequência histologicamente normais estiveram presentes por semanas a meses.
-Esse aspecto de “calçamento” é característico da DC Ocasionalmente, a diarreia e o sangramento são tão
tanto ao exame en- doscópico quanto na radiografia intermitentes e leves que o paciente não procura
baritada. Como acontece na RCU, podem formar-se assistência médica.
pseudopólipos na DC. -Pacientes com proctite (inflamação mucosa reto)
-A DC ativa caracteriza-se por inflamação focal e apresentam:
formação de trajetos fistulosos que desaparecem
• Liberam sangue vivo nas fezes ou secreção
graças à fibrose e ao estreitamento do intestino.
mucosanguinolenta.
- A parede intestinal sofre espessamento e torna-se • Referem também tenesmo.
estreitada e fibrótica, resultando em obstruções • Trânsito intestinal distal alterado, podendo
intestinais crônicas e recorrentes. As projeções do causar constipação.
mesentério espessado circundam o intestino (“gordura
-Quando a doença se estende além do reto
rastejante”), e a inflamação serosa e mesentérica
facilita o surgimento de aderências e a formação de • o sangue vem misturado as fezes ou pode
fístulas observar diarreia sanguinolenta.
Everaldo leite 11
• A motilidade colônica é alterada com transito negativo para bactérias, toxina de C. difficile bem como
rápido na parte inflamada. ovos e parasitos; aspecto sigmoidoscópico (ver Fig.
17.4A); e histologia dos espécimes de biópsias retal ou
-Quando a doença é grave:
colônica.
• os pacientes eliminam fezes líquidas que -A sigmoidoscopia (vai ate o reto) é usada antes do
contêm sangue, pus e material fecal. tratamento para avaliar a atividade da doença. A
-Com frequência, a diarreia é noturna e/ou pós- colonoscopia (Vai ate o seco- precisa de sedação) é
prandial. usada para saber a extensão e atividade da doença, ela
é usada quando o paciente não está tendo uma
-Apesar de a dor intensa não ser um sintoma atividade aguda da doença.
proeminente, alguns pacientes com doença ativa
podem experimentar desconforto vago no baixo ventre -A doença leve: ao exame endoscópico caracteriza-se
ou ligeira cólica abdominal central. por eritema, diminuição do padrão vascular e
friabilidade discreta.
-Cólica e dor abdominal intensas podem ocorrer nas
crises mais graves da doença. -A doença moderada: caracteriza-se por eritema
acentuado, ausência de padrão vascular, friabilidade e
-Outros sintomas na doença moderada a grave incluem erosões
anorexia, náuseas, vômitos, febre e redução ponderai.
-A doença grave; por sangramento espontâneo e
-Os sinais físicos da proctite são: Canal anal ulcerações.
hipersensível e presença de sangue no exame retal.
-As características histológicas se modificam mais
-Na doença mais extensa, quando atinge o colo, o lentamente que as clínicas, porém também podem ser
paciente pode apresentar dor a palpação direta do usadas para classificar a atividade da doença.
colo.
-A alteração radiográfica mais precoce da RCU,
visualizada no enema baritado,:
-Está indicado colectomia (retirada do colo) caso -Essa enterorrafia difere da TC comum, pois a mesma é
paciente precise de 6 a 8 unidades de sangue em um usada para fins de identificar complicações
período de 48 horas. extraentericas da DC como: Fistulas e abcessos.
-Doença de Cronh:
-Sinais e sintomas:
-Reumatologicas:
-Oculares:
-Outras terapias que atualmente estão em fase de -Suspeita que o paciente ta com DII pede 4 grupo de
desenvolvimento incluem anticorpos monoclonais exames:
contra a IL-12 e a IL-23. AIL-12, derivado de células
• Laboratorio: PCR,VSH (Avaliar a inflamação),
apresentadoras de antígenos intestinais, inicia a
Hemograma
inflamação mediada por TH1. A IL-23 é uma citocina
composta de uma subunidade pl9 singular, juntamente • Biomarcadores: Calprotetica (alto preditivo
com a subunidade p40 da IL-12, que também está su- negativo) e Lactoferrina.
prarregulada na mucosa da DC e que promove as • Endoscopia: Colonoscopia
células TH1 e inibe as células T reguladoras. • Radiologico: Entero-tc
-Dc faz ulceras, a RCU para fazer ulceras tem que ser
muito grave.
-Tratamento DC:
Protozoários com transmissão hídrica (Giardia, -O ciclo se completa quando os Trofozoítos sofrem um
Amebíase, toxoplasmose, Cólera) encistamento (principalmente no Íleo) e são
exteriorizados por meio das fezes.
• Trofozoito
• Cisto
-Ciclo Biológico:
1. Infecção é autolimitada;
Everaldo Leite 2
2. Presença de anticorpos específicos contra a entre cepas de Giardia, que podem estar relacionadas
Giárdia; com a virulência e com a patogenicidade do parasito.
3. Participação de monócitos citotóxicos na
-Estudos recentes reúnem evidências de que a
modulação da resposta imune;
recorrência da giardíase e as infecções crônicas podem
4. Maior suscetibilidade de
estar associadas à variação antigênica do parasito
imunocomprometidos a infecção;
(Giárdia troca seu antígeno como mecanismo de
5. Ocorre infecção crônica em animais tratados
escape).
com drogas que deprimem atividade humoral.
-Sintomatologia:
-No que se refere à resposta imune específica,
mecanismos humorais e celulares atuam diretamente -As manifestações podem se apresentar de diversas
no controle da infecção. Anticorpos IgG, IgM e IgA anti- formas, existem pacientes assintomáticos (maioria) e
Giardia têm sido detectados no soro de indivíduos com sintomáticos, os quais apresentam:
giardíase, no entanto, o papel destes anticorpos na
imunidade protetora ainda não foi totalmente • Diarreia aguda e autolimitada ou persistente
elucidado. • Má absorção, perda de peso
-Além dos anticorpos circulantes, estudos têm -De acordo com observações clínicas, em 50% dos
demonstrado a participação de IgA secretora (Do indivíduos a infecção é resolvida de forma espontânea;
GALT) na resposta imune que é induzida na mucosa em 5 a 15% a infecção é assintomática e o indivíduo
intestinal. A função exata de IgA na resposta imune pode eliminar cistos nas fezes por um período de até 6
local ainda não é bem conhecida, mas evidências meses, enquanto um grupo menor pode apresentar
sugerem que este anticorpo é capaz de reconhecer sintomas decorrentes de uma infecção aguda crônica.
proteínas presentes no disco adesivo dos trofozoítos -Na primo-infecção dependendo o número de cistos o
e assim, interferir na capacidade de adesão do indivíduo pode apresentar:
parasito à superfície das células do epitélio intestinal.
• Diarreia aquosa, explosiva, odor fétido;
-Na infecção humana, a deficiência de IgA secretora • Gases com distensão e dor abdominal;
pode ser responsável pela cronicidade da infecção.
• Muco e sangue (raramente).
-A participação da imunidade celular tem sido
-Essa forma aguda dura poucos dias e pode ser
evidenciada, devido alguns achados:
confundida com infecções virais e bacterianas.
• Somente animais que conseguem fazer uma -Fase crônica; os sintomas duram alguns anos e podem
resposta linfoproliferativa conseguem evoluir apresentar-se como diarreia continua, intermitente ou
para cura; esporádica.
• Aumento na relação T auxiliar/supressor na
lamina Própria no Jejuno de camundongos na -Em crianças podem apresentar-se com esteatorreia,
fase de cura; perda de peso e má absorção.
-A Giárdia pode causar alterações morfológicas e (furazolidona), dos corantes de acridina, dos
Fisiológicas do epitélio intestinal sem que haja invasão benzimidazóis (albendazol) e, mais recentemente, dos
tissular e celular. 5-nitrotiazóis. Muito embora estas drogas apresentem
altas taxas de cura, o tratamento ainda exibe
-É encontrado em biopsia de indivíduos infectados uma
inconvenientes associados à alta incidência de efeitos
atrofia das microvilosidades.
colaterais, sobretudo para as crianças que, com
-A explicação para essas alteração na morfológicas e frequência, devido às reinfecções, necessitam ser
funcionais do epitélio intestinal destacam-se a resposta tratadas várias vezes.
imune do hospedeiro em virtude da infecção.
-O Metronidazol (É um nitroimidazolico) apresenta
-Alguns estudos tentam mostrar a relação de toxinas gosto metálico e runia marro (normal). Não deve ser
produzidas pela Giardia com essa alteração epitelial usado em conjunto com álcool, pois apresenta o efeito
intestinal. dissulfiram (rubor facial, convulsões)
associada. Determinadas bactérias, principalmente -Essas ulceras podem atingir toda parede do Intestino
anaeróbicas, são capazes de potencializar a virulência grosso, tendo como uma das complicações a
de cepas de E. histolytica, cujos mecanismos perfuração.
envolvidos nesta interação são ainda especulativos.
-Ocasionalmente os trofozoítos podem levar uma
Dentre estas bactérias encontram-se várias cepas de
reação inflamatória proliferativa, com formação de
Escherichia coli, Salmonella, Shiguela, Enterobacter e
uma massa Granulomatosa, chamada de Ameboma.
Clostridium. Outros fatores, como o colesterol,
passagens sucessivas em diversos hospedeiros ou -As amebas podem penetrar nos vasos sanguíneos e,
reinfecções sucessivas, podem aumentar a sua através da circulação porta, atingir primeiramente o
virulência. fígado, que é o principal órgão com acometimento
extraintestinal, formando “abscessos” ou, mais
-Com relação ao parasito, sabe-se que a evolução da
propriamente, necrose coliquativa. Podem também
patogenia ocorre após a invasão dos tecidos pelos
atingir o pulmão e mais raramente o cérebro.
trofozoítos invasivos e virulentos.
-Manifestações clinicas:
-Esta adesão parece estar mediada por lectinas
contidas na superfície das amebas, sendo auxiliadas -Varias são as formas para classificar as manifestações
por formações filopódicas que ampliam a adesão, logo causado pela Amebiase:
seguida pela fagocitose. Então primeiro tem a adesão
ao tecido logo a fagocitose. • Forma assintomática;
• Forma sintomática;
-A lectina Gal/GalNac se destaca na adesão da ameba • Amebiase intestinal;
à célula-alvo. Uma vez vencida a barreira epitelial, os • Amebiase extraintestinal;
movimentos ameboides e a liberação de enzimas
proteolíticas (hialuronidases, proteases e -O período de incubação pode variar, chagando a anos,
mucopolissacaridases) favorecem a progressão e a no entanto o mais comum são 2 a 4 semanas.
destruição dos tecidos (se passou da barreira epitelial, -Amebiase intestinal:
a ameba se encontra na lâmina própria). Dentre as
muitas enzimas produzidas por E. histolytica, as • Forma assintomática: Ate 90% das infecções
cisteíno proteases constituem importantes efetoras da são assintomáticas, sendo diagnosticadas
lesão tecidual. através da presença de cisto nas fezes.
• Forma sintomática:
-Outra ferramenta usada pela E. histolytica para
➢ Diarreia: É a mais frequente, se
lesionar os tecidos são os amebaporos, induzindo
manifesta com 2-4 evacuações
apoptose e lise osmótica da célula-alvo.
diarreicas ou não por dia, com fezes
-Há evidencias que a ameba tenha dificuldade de moles ou pastosas podendo conter
penetrar na mucosa normal (intacta), havendo muco. Raramente causa febre.
indicações que a penetração inicie nas regiões ➢ Forma disentérica: Aparece de modo
intraglandulares. agudo, podendo apresentar muco
e/ou sangue, cólica, tenesmo, náusea,
-Ao invadir a mucosa, os trofozoítos começam a vomito, calafrio e febre. 8-10
replicar e prosseguem penetrando sobre a forma de evacuações por dia.
microulceração em direção a túnica mucosa, sem -Nos casos mais graves observam-se
reação inflamatória. inúmeras evacuações
-Na submucosa, as amebas podem progredir em todas mucossanguinolentas, febre elevada
as direções, determinando inicialmente a típica e persistente, prostração, dor
ulceração chamada “botão de camisa” ou “colo de abdominal e grave desidratação. Ao
garrafa” (Figura 15.'7A). Estas são resultado da necrose exame físico pode-se encontrar além
liquefativa produzida inicialmente pelas amebas, de distensão abdominal e
podendo haver invasão bacteriana secundária, hepatomegalia, sinais de irritação
agravando a lesão. As lesões amebianas são mais peritoneal, ou seja, abdome agudo,
frequentes no ceco e na região retossigmoidiana. que pode ser devido à perfuração
Everaldo Leite 6
intestinal, esse tipo mais grave pois muitas vezes a cromatina e o cariossoma ficam
acometem principalmente crianças de mais grosseiros.
baixa idade, gravidas e
➢ Fezes liquefeitas: O exame a fresco das fezes
imunocomprometidos (ou em uso de
deve ser feito tão logo ela seja emitida, após
corticoides).
no máximo, 20 a 30 minutos, pois tem como
-Amebiase extraintestinal: objetivo o encontro dos trofozoítos. O
diagnóstico diferencial baseia-se
-E. histolytica pode se localizar em qualquer parte do
principalmente no movimento, na
corpo, tal como pulmões, cérebro, trato geniturinário
diferenciação citoplasmática (ecto e
e figado, sendo este último o mais frequente.
endoplasma) e na presença de hemácias
-Abscesso amebiano do fígado (Figura 15.7B) é a forma fagocitadas.
mais comum da amebíase extraintestinaí. Pode ser ➢ Fezes formadas: Nas fezes formadas ou
encontrado em todas as faixas etárias, com normais, o diagnóstico laboratorial é feito pelo
predominância em adultos entre 20 e 60 anos, e é mais encontro dos cistos, utilizando-se técnicas de
frequente nos homens. concentração
-Devido os pacientes apresentarem sintomas comuns a -Esse exame sorológico é usado como método de
outras infecções, o diagnostico só pode ser fechado diagnóstico do Abcesso hepático.
após achados laboratoriais de cistos nas fezes.
-Esse exame pode apresentar títulos por anos mesmos
-No caso de abcessos hepáticos, além da tríade de após o tratamento.
sintomas, o Raio-x e TC podem funcionar como
-Geralmente dão resultado negativo nos casos
diagnostico.
assintomáticos. Por outro lado, são importantes na
-A associação do abscesso hepático amebiano com a distinção entre amebíase invasiva e não invasiva.
amebíase intestinal, para um possível diagnóstico, nem
-Outros exames:
sempre é correspondida, pois somente 20% dos
pacientes com abscesso hepático amebiano têm A retossigmoidoscopia é um importante método na
retocolites com amebas nas fezes. visualização das ulcerações, possibilitando a
identificação do agente etiológico obtido do material
-Diagnostico Laboratorial:
das lesões. Radiografias, tomografias,
-Exame de fezes é o mais usado, tem como objetivo ultrassonografias e ressonância magnética constituem
encontrar cistos e trofozoítos nas fezes. métodos de diagnóstico auxiliares que podem
identificar a localização, o número e o tamanho dos
-A verificação do aspecto e da consistência das fezes é abscessos, como também podem distingui-los de
muito importante, principalmente se ela é disentérica outras etiopatologias.
e contém muco e sangue. A utilização de fezes
liquefeitas após o uso de purgativos (fezes purgadas) é
frequente e, em muitos casos, aumenta a positividade
dos exames. Nas fezes purgadas, o diagnóstico
diferencial entre os trofozoítos é um pouco dificultado,
Everaldo Leite 7
-Tratamento:
-Amebicidas tissulares:
Toxoplasmose: Toxoplasma Gondii
- Atuam na submucosa do intestino e no fígado. São
compostos de cloridrato de emetina, cloridrato de
diidroemetina e cloroquina, e esta última só atua no -É um parasita intracelular obrigatório.
fígado. A emetina e a diidroemetina são usadas por via
intramuscular; são muito tóxicas e só usadas quando os -Ciclo Biológico:
outros medicamentos não apresentarem bons -O ciclo do T. Godii ocorre em 2 fases:
resultados.
1. Sexuada: nas células intestinais de gatos e
-Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto outros felinos não imunes.
nos tecidos; 2. Assexuada: Em vários tecidos de diversos
-Antibióticos são utilizados isolados ou principalmente hospedeiross: aves, gatos.
em combinações com outros amebicidas: tetraciclinas -Apresentas um ciclo heteróxeno, os gatos são
e seus derivados, clorotetraciclina e oxitetraciclinas; considerados hospedeiros definitivos pois apresentam
eritromicina; espiramicina e paramomicina. um ciclo completo (sexuado e assexuado). O homem é
Everaldo Leite 8
considerado hospedeiro intermediário (incompleto) (intracelular) onde sofrerão divisões sucessivas por
pois apresentam apenas uma fase do ciclo (assexuada). endodiogenia, formando novos taquizoítos (fase
proliferativa), que irão romper a célula parasitada (ou
evadir destas células), liberando novos taquizoítos que
invadirão novas células.
-Fase sexuada:
-O homem pode adquirir o parasito e desenvolver a -O gato se infecta com as formas: Cisto, Oocito e
fase assexuada, existe algumas formas para se infectar: taquizoito. Após a infecção ocorre a fase sexuada no
seu intestino.
➢ Ingesta de oocitos maduros (esporulados)
contendo esporozoítos encontrado em -Esses parasitos (oocito, cisto e taquizoito) no intestino
alimentos ou água contaminada; do gato se multiplicam formando merozoítos, esse
➢ Ingesta de Cisto contendo bradizoito conjunto de merozoíto dentro do vacúolo parasitoforo
da célula é chamado de Meronte ou esquizonte
encontrado em carne crua ou mal cozinha
(porco e caprino); maduro. Esse meronte se rompe liberando merozoítos
➢ Ingesta de trofozoíto eliminado no leite. Esses que penetram em novas células epiteliais, e se
taquizoitos não resistem ao acido gástrico, transformam nas formas sexuadas masculona e
contudo, os que penetram na mucosa oral feminina.
podem infectar. -Os gamontes que após um processor de maturação
-Oocito, cisto e trofozoitos. formaram os gametas masculinos moveis
(microgameta) e feminino imóvel (macrogameta).
-Cada esporozoíto ou bradizoíto (após diferenciação Esses se juntam formando o zigoto, esse evoluirá
para taquizoíto) sofrerá intensa multiplicação formando um Oocito. A célula epitelial se rompe
intracelular, após rápida passagem pelo epitélio liberando esses Oocitos imaturos, que alcançara o
intestinal e invadirá vários tipos de células do meio ambiente através das fezes.
organismo formando um vacúolo parasitóforo
Everaldo Leite 9
-Os Oocitos imaturos sofrem um processo de de taquizoítos irá diminuir e cessar em função do
maturação quando são liberado junto com as fezes, aparecimento de resposta imune específica.
chamado de esporogonia, após 1 a 5 dias da sua
-Após 10 dias da infecção o taquizoito começa a se
liberação, e apresentara 2 esporocistos, cada um
diferenciar em bradizoito, onde esse começa a se
contendo 4 esporozoitos.
multiplicar dentro do cisto e assim evadir da resposta
-O oocisto, em condições de umidade, temperatura e imunológica e farmacêutica.
local sombreado favorável, é capaz de se manter
-Essa transformação do taquizoito em bradizoito é a
infectante por cerca de 12 a 18 meses.
fase crônica da doença. Pode ocorrer o inverso, que
-Transmissão: seria a remissão da doença, onde o bradizoito torna-se
taquizoito, em pacientes imunocomprometidos.
-Existem 3 formas de ocorrer a infecção em humanos:
-A forma cística contendo bradizoítos contribui para o
1. Ingestão de oocistos presentes em água,
sucesso do Toxoplasma como parasito devido às
verduras mal lavadas, solo, ou disseminados
seguintes características:
mecanicamente por moscas, baratas etc.
2. Ingestão de cistos encontrados em carne crua ➢ o cisto sobrevive à ingestão e à passagem pelo
ou mal cozida, especialmente de porcos ovinos estômago para invadir o intestino delgado;
e caprinos. Os cistos resistem por semanas ao ➢ o cisto é refratário à resposta imune do
frio, mas o congelamento a 0°C ou o hospedeiro e aos medicamentos;
aquecimento acima de 67°C os toma inviáveis ➢ o estado dormente dos bradizoítos dentro do
à infecção. cisto previne o Toxoplasma de causar danos
3. Via transplacentária: Transmite mais no 3º significativos ao hospedeiro, permitindo que o
trimestre de gestação parasito persista de forma benigna;
4. Formas de transmissão mais raramente ➢ os bradizoítos, em cistos teciduais
observadas podem ocorrer pela ingestão de permanecem infectantes, sendo a transmissão
taquizoítos em leite cru de cabra com do parasito realizada pelo consumo de vísceras
toxoplasmose aguda, acidente de laboratório, do hospedeiro pelo predador. (carne crua).
por transplante de órgãos ou transfusão
-Para transmissão transplacentária é necessária que a
sanguinea de indivíduos infectados na fase
gravida esteja na fase água ou na fase de remissão da
proliferativa.
doença.
-Patogenia:
-As alterações ou lesões fetais mais comuns causada
-T. gondii geralmente parasita seus hospedeiros por toxoplasmose na gravidez varia de acordo com o
(definitivo e intermediário), sem produzir sinais tempo de gestação:
clínicos. Apenas em raras ocasiões o parasito causa
➢ 1º Trimestre: Maior risco de aborto
manifestações clínicas graves. Taquizoítos de T. gondii
➢ 2º Trimestre: Aborto ou prematuridade
(livres ou intracelulares) podem disseminar a partir do
(criança pode nascer normal ou com
local da infecção para linfonodos mesentéricos e para
anomalias)
outros órgãos mais distantes através da linfa ou do
➢ 3º Trimestre: Criança pode nascer normal e
sangue.
alguns dias/meses após o nascimento
-Durante essa disseminação poderá ocorrer um quadro apresentar evidencias das doenças. (lesão
polissintomático, cuja gravidade dependerá da ocular, hepatomegalia, edema).
quantidade de formas infectantes adquiridas, do tipo
-Portanto, a toxoplasmose congênita é uma das formas
de cepa do parasito (virulenta ou avirulenta) e da
mais graves da doença, em geral provocando sintomas
suscetibilidade do hospedeiro. Neste ponto, devido a
variados, mas comumente enquadrados dentro da
áreas de necrose causadas em diferentes órgãos pelo
“síndrome de Sabin”, assim caracterizada:
crescimento intracelular de taquizoítos, a evolução da
coriorretinite (90% dos casos), calcificações cerebrais
doença poderá levar até a morte do hospedeiro, o que
(69%), perturbações neurológicos - retardamento
ocorrerá principalmente em fetos ou em indivíduos
psicomotor (60%) e alterações do volume craniano -
com comprometimento imunológico com parasitismo
micro ou macrocefalia (50% dos casos). Outras
de órgãos vitais. Na maioria dos casos, a proliferação
Everaldo Leite 10
Políticas de saneamento
pulmões (localizações próprias das larvas), fenômeno -São discretas, ocorrem no local da penetração das
conhecido como hiperinfecção; ou disseminar-se por larvas (pele ou mucosa) e são concentradas ao redor
vários órgãos do paciente, condição conhecida como das larvas que morreram na tentativa de infectar.
forma disseminada. Ambas são consideradas formas
-Já na reinfecção a resposta local é mais exacerbada,
graves, potencialmente fatais, em individuos
tendo:
imunodeprimidos.
• Eritema
-Imunidade:
• Edema
-A infecção no humano pode tomar 3 caminhos: • Prurido
• Pápula hemorrágica e urticaria
1. Erradicação
2. Cronicidade pela autoinfecção -No caso de disseminação é possível encontrar essas
3. Disseminação ou hiperinfecção larvas filarioide no tecido subcutâneo, determinando
um aspecto linear ou serpiginoso urticariforme com
-Imunidade humana não consegue combater a forma
prurido e lesão. É mais comum no Tronco, Nadegas,
L3a (atuoinfecção).
Períneo, Virilha e coxa.
-A defesa inicial contra a L3 são os mastócitos, eles
podem fazer o controle da infecção, de forma direto
(pela sua capacidade de lesar o parasito) e forma
indireta (degranulação de substancias que ativam os
eosinófilos).
-As principais alterações da Estrongiloidiase são • Enterite catarral: Parasitos localizam nas
devidas: Ação mecânica, traumática, antigênica, criptas glandulares e ocorre reação
irritativa e toxica. inflamatória leve, com aumento produção de
mucina, com característica reversível.
-Cutânea:
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-Laboratorial:
Everaldo Leite 4
-Os Ovos liberado nas fezes do hospedeiro dão origem -A ingestão de L3 em alimentos contaminados é
aos dois primeiros estágios larvais, L1 e L2, com possível, no estomago perdem a cutícula e migram
para o Intestino Delgado (Região do Duodeno), onde
Everaldo Leite 5
-As principais condições clinicas são decorrentes dessa -Ascaridiase: Ascaris lumbricoides
perda de sangue, levando a uma Anemia e
-Ciclo biológico:
Hipoalbuminemia.
-Anemia do tipo microcítica e hipocromica e a -Seu local de residência é o jejuno e íleo em infecções
eosinofilia coincidem com a instalação dos vermes moderadas, em casos graves estendem-se por todo
adultos. Delgado.
-Esse ovo ingerido eclode no intestino Delgado. Alguns -Dependendo do número de formas presentes, a
fatores do próprio hospedeiro contribuem para migração das larvas pelos alvéolos pulmonares pode
eclosão no delgado, são essas: Ph intestinal, agentes determinar um quadro pneumônico com febre, tosse,
redutores, temperatura e principalmente maior dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e
concentração de CO2. eosinofilia.
-Após a eclosão as larvas penetram no ceco, logo -A conjunção de sintomatologia das vias respiratórias é
atingem o sistema linfático e veia mesentérica superior denominada síndrome de Lõeffler. Na tosse produtiva
atingindo o fígado cerca de 14 – 18 horas após ingesta (com muco), o catarro pode ser sanguinolento e
do ovo. Em 2-3 dias são encontrados no átrio direito e apresentar larvas do helminto. Estas manifestações
4-5 dias no pulmão (Ciclo de LOSS). Cerca de 8 dias da geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao
infecção essas larvas tornam-se L4, as quais rompem os estado nutricional e imunitário.
capilares tornando-se L5, esse L5 migra pela arvore
-Vermes adultos:
brônquica, onde na faringe é deglutida e fixando no
intestino Delgado. Transformando-se em adulto cerca -A presença de ate 5 verme geralmente é
de 20-30 dias da infecção. assintomática, já em infecções medias, de 30-40
vermes e maciças >100 vermes, apresentam:
-Em 60 dias tornam-se maturas, onde realizam a copula
e a ovipostura, onde já é possível encontrar ovo nas • Ação espoliadora: Os vermes consomem
fezes do hospedeiro. carboidratos, proteínas, lipídeos e vitaminas A e C,
levando o paciente, principalmente crianças a uma
-Esses vermes adultos tem longevidade de 1-2 anos.
subnutrição e depauperamento físico e mental.
Esses vermes podem causar uma semiobstrução ou
obstrução intestinal.
▪ Ação toxica: Reação com antígeno-
anticorpo causa edema, urticaria e
convulsões.
▪ Ação mecânica: Irritação na parede
intestinal e obstrução. Sendo a
complicação aguda mais comum.
▪ Localização ectópica: Devido carga
parasitaria e ingesta de alimentos
(condimentos) os vermes são deslocados
do seu habitat.
-A transmissão é pela agua ou alimentos contaminados -E muito comum entre crianças o aparecimento de uma
com os ovos (L3). alteração cutânea, que consiste em manchas circulares
disseminadas em rosto, tronco e braços. Tais manchas
-Patogenia:
são popularmente denominadas de “pano”, e são
-Larva: comumente relacionadas com o parasitismo pelo A.
lumbricoides. Na realidade não existe nenhuma
- Em infecções de grande intensidade há lesão hepática comprovação cientifica deste fato, mas algumas
e pulmonar. observações sugerem uma analogia entre estas
-No fígado várias formas de larvas são encontradas, manchas e ascaridiose. Parece que seriam causadas
podem ser vistos focos hemorrágicos, necrose que pelo parasito que consume grande quantidade de
posteriormente são substituir por tecido fibrótico. vitaminas A e C, provocando despigmentações
circunscritas. Após a terapêutica e a eliminação do
-No pulmão por onde a larva migra para os alvéolos verme, as manchas tendem a desaparecer.
existem pontos fibróticos, edemaciação com infiltrado
de polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos.
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-Laboratorial:
-Ciclo biológico:
-Parasitológico de fezes com procura de ovos. Esse
exame na fase inicial da infecção pode dá negativo. Os -Tem um ciclo monóxeno.
primeiros ovos aparecem cerca de 40 dias após a -Esse parasito tem vida média de 5 anos, podendo ficar
infecção. 30 anos colocando ovos.
-Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente -Os vermes adultos vivem no sistema porta. Os
com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão esquistossômulos quando chegam no fígado
inférteis, enquanto em infecções somente com vermes apresentam um ganho de biomassa, atingem a
machos o exame de fezes será consistentemente maturidade sexual e cerca de 25 dias migram para veio
negativo mesentérica inferior, onde acasalam e cerca de 35 dias
-Tratamento: as fêmeas começam a postura de ovos.
Da implantação do ovo até ganhar a luz demora cerca - -Essas últimas gerações de células germinativas vão da
de 6 dias. origem aos Esporocistos Terciários. Esses novos
esporocistos fazem novamente o ciclo, essa seria
-Os ovos que não conseguiram atingir a luz podem ser
explicação a qual o caramujo consegue liberar Cercaria
arrastados para o fígado.
por tempo prolongado.
-Esses ovos arrastados pelas fezes tem uma
-Cercaria:
expectativa de vida de 24horas (fezes liquidas) e 5 dias
(fezes solidas). Alcançando a agua, os ovos liberam o -É produzida nos esporocistos secundários, e são
Miracídio, estimulados pela; temperatura, oxigênio e liberadas para o meio aquático, esse processo demora
luz intensa. cerca de 30 dias.
-Esses ovos eclodem no meio ambiente e liberam os -Um Miracídio pode gerar cerca de 300 mil cercaria.
Miracídio, os quais tem uma capacidade de penetração Essa tem sobrevida de 36 a 48 horas, seu maior
que dura cerca de 8 horas, são atraídos para os potencial de replicação é nas primeiras 8 horas.
caramujos através de substancias exaladas pelos
-Essas nadam na água até achar algum hospedeiro, no
mesmos, então, através de movimentos rotatórios e
caso o Homem e outros mamíferos. Fixam no folículo
contrateis, juntamente com secreção de enzimas
piloso, através de movimentos, vibrações e enzimas
proteolíticas liberadas pelos Miracídio garantem sua
conseguem fazer essa penetração, ao penetrar perde
penetração nesse molusco.
sua calda. Processo dura 5 a 15 minutos.
-Dentro do caramujo, no processo de penetração os
-Essa infecção pode ocorrer na mucosa oral, pois ao
Miracídios vão perdendo estruturas e transformam-se
ingerir junto da água morrem no sulco gástrico.
em sacos contendo geração de células germinativas ou
reprodutiva que é denominado Esporocisto. -Essa cercaria após a penetração e alterações
estruturais transforma-se em Esquistossômulos, os
- Esporocisto:
quais atingem a corrente sanguínea e chegam no
-Esses Esporocistos tem no seu interior várias células pulmão.
germinativas que começa um processo de
-Dos pulmões migram para o sistema porta por 2 vias:
multiplicação, fazendo com que em ate 72 horas, essa
larva denominada esporocisto primário, dobre de ▪ Via sanguinea: Capilar pulmonar,
tamanho. Arteriolas pulmonares, Veias pumonares,
-Cerca de 14 dias após a infecção do Miracídio, inicia a Atrio esquerdo, Ventriculo esquerdo,
formação do Esporocisto secundário, os esporocistos Aorta e chegando no sistema porta. A mais
primários adquirem uma grande quantidade de células comum.
germinativas que se dividem em septos, cerca de 200 ▪ Via intratecidual: Essa via ocorre da
septos, cada um desses septos pode ser chamado de seguinte forma,: Alveolos, parenquima,
Esporocisto secundário. pleura, cavidade peritoneal, perfurando
-A migração do esporocisto secundário demora cerca capsula e parenquima hepatico e atingindo
de 18 dias após a infecção pelo Miracídio, eles migram finalmente o sistema porta.
para a glândula digestiva do caramujo onde encontram
-No sistema porta, os esquistossômulos se
vários nutrientes e começam a sofrer modificações
anatômicas no seu conteúdo de células germinativas. alimentam e desenvolvem-se, transmormando-se
em macho e fêmea cerca de 28 dias após a
-Esse esporocisto secundário após atingir o seu destino penetração. Logo migra, acasalando, para a veia
final, apresentam 3 áreas estruturais bem definidas: mesenterica inferior, onde vai ocorrer ovopisição.
▪ 1º Pronto de nascimento; Os primeiros ovos são vistos após 42 dias do inicio
▪ 2º Cercaria desenvolvida ou em da infecção.
desenvolvimento;
▪ 3º Células embrionadas que poderiam
apresentar outro tipo de reprodução.
Everaldo Leite 9
-Cercaria:
-São as causadoras dos sintomas cutaneos no
hospedeiro devido sua penetraçaõ na pele. Essa
dermatite é caracterizada pela presença de
´´sensibilização de comichão, erupção
urticariforme´´ , e após 24 horas apresenta:
eritema, edema, pequenas papulas e dor. Na
reinfecção os sintomas são mais intensos,
ocorrendo hipersensibilidade com atuação dos
mastocitos, eosinofilos e IgE.
-Esquistossômulos:
-3 dias após a penetração os esquistossômulos são
levados ao pulmão, a partir da 2 semana após a
infecção são encontrados no sistema porta. Nessa
fase pode ocorrer Linfadenia generalizada, febre,
esplenomegalia, sintomas pulmonares.
-Verme adulto:
-Esses vermes ficam na veia mesenterica inferior
por anos sem causar lesões, quando eles morrem
são carregados para o figado pelo sistema porta, e
no figado ocorre as lesões. Esses vermes
consomem 2,5 mg de ferro por dia.
-Ovos:
-Uma grande quantidade de ovos podem causar
lesões, como: hemorragia, edema da submucosa,
formação de ulceras superficiais, logo há
recontrução tecidual. Os ovos mortão são levados
para o figado e la causam alterações importantes
da doença.
-Esses ovos mortos promove uma inflamação
granulomatosa, onde existe necrose e logo reparo
-Patogenia: dessa area necrosada, logo tera a fibrose como
-Os fatores que estão relacionado com a fase de reparação da lesão. Logo o ovo calcifica
sintomatologia são: Idade hospedeiro, resposta no0 figado ou no intestino grosso.
imunologica, estado nutricional, carga parasitaria. -Manifestações clinicas:
Paciente com grande garga parasitaria podem
apresentar a forma pulmonar e hepaticoesplenica -Esquistosomose aguda:
da doenças. -Fase pré-postural: Sintomas variados, ocorre
-Alterações cutaneas (dermatite), e hepaticas sçao entre 10 a 35 dias após a infecção. Podem
influenciadas pela peculiaridade da resposta apresentar mal-estar, febre, tosse, mialgia,
imune do hospedeiro contra os antigenos e ovos desconformo abd, hepatite aguda.
dos esquistossômulos.
Everaldo Leite 10
-3 meses após a ingesta do cisticerco começa a -O paciente pode ingerir os ovos de animais
liberação de proglotes gravidas. Durante o parasitismo, contaminados com Teníase (T. Solium) e desenvolver
várias proglotes grávidas se desprendem diariamente cisticercose.
do estróbilo, três a seis de cada vez em T. Solium e oito -Autoinfecção externa: ocorre pelo contato com as
a nove (individualmente) em T. Saginata. O colo, próprias fezes.
produzindo novas proglotes, mantém o parasito em
crescimento constante. -Auto infecção interna: ocasionada pelo vomito ou
retroperistaltismo.
-Cisticercose:
-Neurocisticercose:
-O sintoma mais comum é o prurido que pode gerar -Considerando-se também que os fármacos não
falta de sono e por ser próximo a genitália feminina apresentam efeito sobre os ovos do parasito, o
causa um erotismo e masturbação. tem uma presença tratamento anti-helmíntico deve ser repetido por no
de muco no ceco, encontra-se também ovos e vermes mínimo duas vezes, com intervalo de 14 dias entre as
adultos. O ato de coçar pode causar uma infecção doses até que nenhuma pessoa da família ou
secundárias, devido a proximidade com o genitalia instituição esteja parasitada. Os fármacos mais
feminino pode ocasionar uma infecção na vagira que utilizados são:
chama vaginite e metrite.
▪ Pomada de Pirantel;
-Alguns casos graves o verme atinge o fígado através ▪ Albendazol;
da perfuração a parede cecal e caindo no sistema ▪ Ivermectina.
porta, e atinge também o pode atingir o rim e próstata
através da uretra.
-Referência: David neves
-Diagnostico:
-Diagnostico clinico:
-Diagnostico laboratorial:
-INTRODUÇÃO:
- Define-se diarreia quando o peso das fezes é superior a 200 g em 24 h e contendo mais de 200 mℓ de líquidos no
mesmo intervalo de horas ou mais de três evacuações em um dia.
-DEFINIÇÃO:
-Do ponto de vista fisiopatologico, diarreia significa um aumento no teor de agua eliminada com as fezes no periodo
de 24 horas, independentemente do numero diario de evacuações.
• Osmotica: Presença, na luz intestinal, de substancias que, pelo seu poder osmótico, impedem a absorção de
água e eletrólitos ou até favoreçam seu retorno do meio interno para o lúmen. Predomina em quadros virais.
• Secretora: Aumento na secreção de íons e de água para o lúmen intestinal.
• Inflamatória: Inflamação da mucosa e submucosa
• Funcional: Hipermotilidade intestinal.
Diarreia Aguda
-Diarreia aguda é potencialmente autolimitada, que curse num período <14 dias. Apresenta causas
predominantemente infecciosas.
-Fatores do meio: Saneamento, socioeconômicas, higiene da família, desmame precoce, permanência em creches,
internação hospitalar;
-Fatores do hospedeiro: Idade e estado nutricional. Ambos relacionados com imaturidade ou comprometimento do
sistema de defesa gastrointestinal;
-Essas gastroenterites são comuns acontecer até os 5 anos de vida, pode acontecer em toda vida, principalmente as
causadas por Shiguela e E. Coli que causam a diarreia do viajante. O Rotavírus é incomum acometer pacientes com
menos de 6 meses de vida, devido imunidade materna.
-Os principais agentes são Bactérias e Vírus, as Parasitoses podem estar relacionada, porém, em menor frequência.
• Infecciosas;
• Não-infecciosas.
Everaldo Leite 2
-Vários são os mecanismos responsáveis por diarréia aguda segundo o agente etiológico, podendo alguns patógenos
agirem através de mais de um mecanismo.
-Bactérias invasivas:
-Ocorre a invasão da mucosa e submucosa, induzindo um processo inflamatório com exsudação (exsudato) e produção
de substâncias vasoativas, bem como bacteremia (disseminação pela circulação).
-O local no intestino mais acometido é o Colón, a E. Coli e Salmonela podem atingir também a parte distal do Intestino
Delgado, e a Shiguela se manifesta principalmente na parte distal do Intestino grosso.
-E. coli enteroinvasiva (EIEC): Penetra na mucosa intestinal e se reproduz nos enterócitos. Leva à lesão das células
cursando, inicialmente, com diarreia aquosa e, posteriormente, sanguinolenta. Portanto, leva a um quadro de
disenteria.
-Rotavírus:
-Localizam no Intestino Delgado, principalmente nas partes proximais. Invadem os enterócitos, destruindo as
microvilosidades; como consequência há migração acelerada de células das criptas para os vilos, causando diminuição
absortiva por diminuição da área e imaturidade das células de migração rápida.
-As enterotoxinas atuam estimulando, através da adenilciclase, a transformação de ATP (GMP) em AMPC (GMPC), que
diminui a absorção em vilosidade e aumenta a secreção em criptas.
--E. Coli (ECET- ETEC) é a principal causadora da diarreia do viajante. Ela não ultrapassa a mucosa, são promove
lesão, diarreia sem muco, pus ou sangue. É do tipo explosiva, dura 5 dias.
Everaldo Leite 3
-Produtores de citotoxinas:
-O exemplo clássico seria a E. Coli enterohemorrágica e o provável mecanismo produtor de diarréia seria por
destruição da célula da mucosa intestinal. A shiguela também produz toxina que tem função de citotoxina,
enterotoxina e neurotoxina.
-E. coli enterohemorrágica (EHEC): Adere-se à mucosa e é capaz de produzir toxinas como a “shiga-like”. Essa toxina
é a responsável por causar a colite hemorrágica e manifestações sistêmicas. Cursa com diarreia sanguinolenta, dor
abdominal, podendo apresentar febre discreta. Após 1 a 2 semanas, pode cursar com síndrome hemolítico-urêmica
(anemia hemolítica microangiopática, insuficiência renal e plaquetopenia).
-Mecanismo de adesão:
-Vários padrões de adesão têm sido demonstrado em um grupo de E. coli, dos quais o de adesão localizada é o único
cuja relação com diarréia está bem determinada. O mecanismo de produção de diarréia por estes patógenos ainda
está pouco claro, sugerindo-se destruição de microvilosidades do enterócito e produção de enterotoxinas.
-Existem muitas controvérsias a respeito do mecanismo patôgenico deste grupo de bactérias, que se confunde com
os de aderência ou adesão, embora atue de modo diferente.
-E. coli enteropatogênica (EPEC): Tem capacidade de se aderir a mucosa intestinal, promovendo alteração estrutural
das células, com modificação do citoesqueleto e apagamento das vilosidades. A absorção e secreção ficam
prejudicadas, levando a uma diarreia bem aquosa. É comum surtos dessa cepa em crianças, principalmente nas que
não são amamentadas.
-Fisiopatologia da diarreia:
-Osmótica: Causada pela presença de substancias osmoticamente ativas (soluto), mal absorvidas em alta
concentração no lúmen, induzindo o movimento da agua do plasma para a luz intestinal, além de impedir absorção de
água e eletrólitos. São observadas em síndromes de má absorção (deficiência dissacaridase).
-As características desse tipo de diarreia é o fato de ter gap osmolar alto, melhora em jejum e com suspensão de
substâncias osmóticas. Ex.: deficiência de dissacarídeos, alta ingestão de carboidratos pouco absorvíveis (sorbitol,
manitol, lactulose), abuso de laxativos.
-Essa diarreia se caracteriza por fezes liquidas, volumosas, explosivas, amareladas e grande perda hidroeletrolítica.
-Secretora: É mediado por enterotoxinas produzidas, as quais estimulam secreção de eletrólitos e fluidos, e bloqueiam
a absorção dos mesmos.
-Distúrbio no processo hidroeletrolítico pela mucosa intestinal, por meio do aumento de secreção de íons e água para
o lúmen ou inibição da absorção, por meio de drogas ou toxinas. Diferentemente da osmótica, tem gap osmolar baixo
(é a estimativa da contribuição dos eletrólitos de reter agua no lumen), não melhora com jejum e é responsável por
um grande volume de fezes aquosas. Esse é o tipo de diarreia provocada por E. coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae,
Salmonella sp.
Everaldo Leite 4
-A diarreia secretora caracteriza-se por perda de grande volume de água e de eletrólitos, por ação de enterotoxinas
que estimulam os mediadores da secreção, a adenosina monofosfato cíclico (AMPc), guanosina monofosfato cíclico
(GMPc) e o cálcio (Ca2+), levando à diminuição da absorção de água e íons e à secreção ativa pela criptas. Causada
pela ETEC.
-Há poucos sintomas sistêmicos, a febre está ausente ou é baixa e os vômitos surgem com a desidratação, que é a
principal complicação pela perda rápida e volumosa de água e eletrólitos pelas fezes.
-Inflamatória: Inflamação da mucosa e submucosa. Tem edema, sangramento da mucosa e infiltrado leucocitário.
-É causada por uma alteração inflamatória, levando a produção de muco, pus e/ou sangue nas fezes. Pode ter alteração
laboratorial da calprotectina ou lactoferrina fecal.
-A diarreia inflamatória é causada por patógenos que invadem a mucosa do intestino delgado ou grosso,
ocasionando resposta inflamatória local ou sistêmica, dependendo da extensão da injúria.
-O quadro clínico caracteriza-se por febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal do tipo cólica e diarreia disentérica, com
fezes contendo sangue, muco e leucócitos. Os sintomas sistêmicos serão tão mais intensos quanto maior for o
potencial invasivo do patógeno.
-Disarbsotiva: Má absorção por doenças do intestino delgado, caracterizado por esteatorreia. Ex: D. celíaca, Crohn,
Giardiase, Estrogiloidiase, Whipple.
-Diagnostico:
-A abordagem do paciente com diarreia deve-se iniciar pelo exame físico, com avaliação do estado de hidratação do
paciente.
-Anamnese completa e exame físico. Dados da anamnese e do exame físico já possibilitam elaborar uma hipótese
diagnóstica diferencial.
➢ (1) anamnese detalhada sobre o processo diarreico (características das fezes) desde o seu início,
➢ (2) história alimentar pregressa,
➢ (3) presença de outros familiares e/ou cuidadores com a mesma sintomatologia,
➢ (4) convívio com animais domésticos,
➢ (5) condições socioeconômicas e de habitação,
➢ (6) antecedentes pessoais e familiares sobre episódios anteriores.
Everaldo Leite 5
-Esclarecer se o comprometimento é de segmentos distais (evacuações são muito frequentes, com sangue vivo,
urgência ou tenesmo) ou proximais (evacuações em pequeno número, volumosas) do tubo digestivo;
-Obter evidência sobre a etiopatogenia (infecciosa, por toxina pré-formada, iatrogênica, etc).
-A partir disso, a base para o diagnóstico é a cultura das fezes, para bactérias e vírus, parasitológico de fezes e
imunoensaios para toxinas de vírus, bactérias e protozoários. Além disso, solicitação de hemograma, para avaliar
leucocitose; bioquímica séria, para avaliar perda de eletrólitos. A colonoscopia não é indicada para casos de diarreia
aguda.
Esses exames devem ser solicitados em pacientes com mais de 70 anos, duração maior que uma semana, ≥ 6
episódios/dia, desidratação grave, toxemia, imunossupressão, etiologia hospitalar ou sinais de diarreia inflamatória.
-Exames laboratoriais:
-Mesmo para as diarreias consideradas funcionais, alguns exames laboratoriais gerais, não invasivos, podem ser
solicitados de imediato, para análise de certos parâmetros e, objetivamente, compará-los com a impressão clínica
inicial:
➢ Hemograma (anemia)
➢ Albumina (nutrição)
➢ PCR (inflamação)
➢ Glicemia (diabetes insuspeito)
➢ Sodio e Potassio (perda fecal aumentada)
➢ T4 livre e TSH (avaliar tireoide-hipertireoidsmo)
➢ Calcio (hipoparatireoidismo)
➢ Protoparasitologico: avaliar leucócitos, gordura, sangue
➢ A dosagem da calprotectina nas fezes pode diferenciar a diarreia funcional da secundária à inflamação ou
neoplasia.
➢ Ph fecal e presença de substancias redutoras (que apresenta componentes osmóticos)
-Nas fezes, pH fecal, substâncias redutoras, leucócitos, hemácias, sangue oculto e coprocultura, ELISA para vírus e
pesquisa de toxina para Clostridium são os exames mais frequentemente solicitados.
-Deve-se ressaltar que, antes da indicação de colonoscopia, outros exames menos invasivos podem ser realizados
dependendo da suspeita clínica do subtipo de diarreia:
-TRATAMENTO:
-Em geral, o tratamento com antibiótico é feito com quinolonas, com base em alguns patógenos mais frequentes,
como Shigella, Salmonella, E. coli e Campylobacter, e vai ser restrito a alguns grupos, como pacientes com:
• Febre;
• Disenteria;
• Frequência de evacuações maior que 8x por dia;
• Idosos e imunocomprometidos;
• Pacientes hospitalizados.
-O tratamento para casos de diarreia crônica divide-se em de suporte e farmacológico, sendo este último subdividido
em sintomático e causal.
➢ (1) inibidores da motilidade e da secreção intestinal, como loperamida e difenoxilato. Devese ter cuidado
especial com antidirreicos que contenham opioides como codeína ou derivados de atropina, pelo risco de
fecaloma e de delirium;
➢ (2) formadores de massa fecal: como caolimpectina;
➢ (3) antissecretórios como análogos da somatostatina: A somatostatina é um hormônio produzido pelo
pâncreas consiste na principal via de inibição da secreção ácida estomacal
-Paciente diagnosticado com diarreia avalia primeiro seu estado de hidratação para realizar a devida conduta, a
parter das categorias A,B e C seguem um fluxograma de recomendações.
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- PLANO C: Para tratar a desidratação grave na unidade hospitalar, o plano c contempla duas fases para todas as
faixas etárias: a fase rápida e a fase de manutenção e reposição.
- Os pacientes que estiverem sendo reidratados por via endovenosa devem permanecer na unidade de
Saúde até que estejam hidratados e conseguindo manter a hidratação por via oral e conseguindo manter hidratação
por VO.
• Antibióticos: devem ser usados somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e comprometimento
do estado geral ou em casos de cólera grave. Em outras condições, os antibióticos são ineficazes e não devem
ser prescritos.
• Giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se identificarem cistos ou trofozoítos nas fezes ou
no aspirado intestinal.
• Probioticos
Diarreia persistente:
-O termo diarréia persistente foi estabelecido em 1987 pela Organização Mundial da Saúde e definido como a diarréia
que surge como conseqüência de um processo agudo, geralmente de causa infecciosa e tem duração superior a 14
dias. Foi inicialmente referida por Avery, em 1968, dentro da síndrome denominada de “diarréia intratável”,
posteriormente denominada também diarréia prolongada ou pós-enterite.
▪ Idade: Crianças
▪ Estado nutricional
▪ Alimentação previ: Sem aleitamento materno
▪ Diarreias previas
▪ Baixo peso ao nascer
-Patogenia e Fisiopatologia:
-Patogenia da diarreia persistente está esquematizada na figura 2. Os dois mecanismos principais seriam a lesão de
mucosa e o supercrescimento bacteriano em intestino delgado.
-As conseqüências da lesão da mucosa variam segundo a intensidade da mesma. A mais comum é a redução dos níveis
da lactase. Esta enzima é mais comprometida por localizar-se de forma mais superficial nas vilosidades, o que origina
redução significativa de sua produção mesmo em lesões menos acentuadas. Se o acometimento da mucosa é maior,
as outras dissacaridases podem estar baixas, sendo as maltases as últimas a se alterarem, por serem produzidas em
Everaldo Leite 9
maior quantidade. Ainda pode ocorrer, quando a atrofia vilositária é muito importante, deficiência de absorção de
todos os nutrientes, inclusive monossacáridios, o que se traduz numa má absorção global de nutrientes; esta
intensidade de processo está presente, geralmente, em crianças previamente muito desnutridas, pequenas e/ou
imunodeprimidas.
-Por outro lado, a lesão de mucosa leva a aumento da permeabilidade intestinal e comprometimento da barreira da
mucosa à passagem de moléculas grandes; as macromoléculas protéicas têm alto poder alergênico e podem
sensibilizar o indivíduo, levando à alergia secundária à proteína do leite de vaca. O supercrescimento bacteriano de
intestino delgado levaria à lesão intestinal e teria ação nos sais biliares, desconjugando-os precocemente e
prejudicando a miscelinização de gorduras. A presença de sais biliares livres na luz intestinal inibe absorção de glicose
e tem ação lesiva sobre a mucosa intestinal, agravando a máabsorção.
-Diagnostico:
-O diagnóstico desta síndrome é eminentemente clínico. Baseia-se na história de diarréia aguda, geralmente
infecciosa, que se prolonga por período superior a 14 dias. O exame físico deve ser cuidadoso, avaliando-se o estado
nutricional, sinais que sugiram alergia alimentar e presença de edema (possibilidade de enteropatia com perda
protéica), bem como assadura perianal (sugestiva de diarréia fermentativa).
-Os exames laboratoriais auxiliam muito pouco o diagnóstico, visto que na maioria das vezes o agente da
gastroenterite não está mais presente, sendo a cultura de fezes negativa. Os exames de laboratório são utilizados
principalmente para diagnóstico de doenças associadas, como infecções extra-intestinais, parasitoses, distúrbios
hidro-eletrolíticos, anemia. Um exame de pH e sustâncias redutoras nas fezes pode auxiliar no diagnóstico de
distúrbios de absorção de carboidratos, desde que feito na vigência de dieta com o açúcar a ser testado e com os
cuidados exigidos pela técnica (fezes recém emitidas, pesquisa na porção líquida das fezes, que não deverá estar
contaminada com urina).
-Tratamento:
-O tratamento é basicamente dietético e deve ter como princípio o conhecimento das alterações fisiopatológicas
presentes na diarréia persistente. O tratamento medicamentoso não é necessário na grande maioria dos casos, exceto
polivitamínicos, recomendados quando a criança é desnutrida. A escolha do tipo de alimentação tem como base os
aspectos clínicos de cada paciente, principalmente no que diz respeito às características da diarréia e
comprometimento do estado nutricional da criança, além da presença de outros fatores de risco, como idade e
imunodeficiência.
-Em resumo, tem como base o conhecimento dos mecanismos patogênicos desta síndrome e consta de manobras
dietéticas adequadas a cada caso, tendo como princípio o de não fazer manipulações desnecessárias, sem, contudo,
aumentar o comprometimento do estado nutricional ou o risco de vida da criança.
-As manobras dietéticas variam desde a simples redução ou retirada da lactose até nos casos muito graves, a
introdução de alimentação parenteral.
Diarreia crônica
-A diarreia é caracterizada por perda de fluidos e eletrólitos nas fezes. Quando o processo em curso ultrapassa 14 dias,
define-se como diarreia crônica. Alguns autores utilizam o termo “diarreia persistente” quando o processo em questão
decorre de etiologia infecciosa, e denominam crônica quando não associada à infecção pregressa.
-Síndrome diarréica cujo curso não é autolimitado e não se origina de processo agudo. Tem duração superior a 3
semanas, sem início bem definido, evolução progressiva e contínua ou com surtos frequentes, com ou sem
recuperação clínica completa entre eles.
-São descritas aproximadamente 60 causas de diarreia crônica na infância, sendo que seis a sete são mais comuns,
dependendo do local e grupo populacional estudado.
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-Em nosso meio, segundo nossa experiência, as causas mais frequentes são:
-Do ponto de vista etiopatogênico e de fisiopatologia, podemos, didaticamente, dividir as causas de diarreia crônica
em quatro grupos:
• Intestino delgado: Predomina a má absorção de nutrientes e de água, quer por lesão ou defeito no
enterócito, deficiência de enzimas que agem no lúmen. Tem menor frequência e maior volume.
• Intestino grosso: Tem um menor volume e maior frequencia.
-Diagnostico:
-Ela é mais comumente de início insidioso e de caráter contínuo, mas pode ser intermitente (parasitoses,
intolerâncias alimentares).
• Idade de início:
• Manifestações extraintestinais:
▪ Sintomas respiratórios: Pode estar presentes em alergias
▪ Febre prolongada: Acompanha quadro de DII.
• Relação do inicio do quadro com a introdução de algum alimento. Saber a dieta do paciente.
• Avaliar o uso de medicamentos ou suplementos
-Anamnese:
-Laboratorial:
-Não há exame de rotina, deve pedir de acordo com a suspeita do diagnostico, ate mesmo o EPF que é comumente
pedido pode não ser de escolha em alguns casos.
▪ Exame parasitológico de fezes: As parasitoses que cursam com diarreia crônica são (Giardia, Amebiase,
Estrongiloidiase)
▪ Hemograma com VSH: Anemia, Eosinofilia e VSH quando suspeita de doença inflamatória.
▪ Teste da D-Xilose (respiratório): Utilizado para avaliar integridade da mucosa, na suspeita de doença com
lesão de vilosidade.
▪ Teste da absorção de gordura: Avaliar presença de gordura nas fezes.
▪ Teste de tolerância a açucares: Na suspeita de má digestão/absorção de carboidratos.
▪ Sorologia doença celíaca
▪ Biopsia intestinal: Para confirmar doença celíaca
▪ Má absorção de carboidratos: Pode ser indicado com presença de agentes redutores nas fezes.
▪ H2 Expirado: Indica má absorção intestinal.
▪ Sangue oculto e leucócitos: Sinal de inflamação intestinal
▪ Calprotectina: Eleva-se quando há processo inflamatório intestinal agudo em curso.
-Imagem:
▪ USG abd
▪ Enterografia TC
-Analise fecal:
▪ EPF
▪ Gap
▪ Ph
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▪ Substancias redutoras
▪ Calprotectina
▪ Elastase
-Tratamento:
-Lactose, Sacarose e Isomaltose, monossacarídeos, gluten, proteínas heterólogas (leite de vaca), redução de ácido
gorduroso de cadeia longa.
-Tratamento medicamentoso:
-Reposição de zinco:
Constipação Intestinal
-Definição:
-Várias são as formas de se definir constipação intestinal. Este capítulo utilizará os critérios de Roma III, que agregam
sintomas objetivos e subjetivos:
-Considera-se constipação intestinal funcional como diagnóstico quando dois ou mais dos seguintes critérios são
relatados pelo paciente: Classificação de ROMAIII
-Tais critérios devem estar presentes nos últimos 3 meses, e o início dos sintomas, em 6 meses ou mais antes do
diagnóstico
-Outros dois itens independentemente dos anteriormente citados não são incluídos entre os critérios:
• Aguda: quando ocorrem mudanças em hábitos alimentares, diminuição de atividade física, ou uso de
medicamentos em pós-operatório. A normalidade é restabelecida espontaneamente, após a cessação dos
fatores desencadeantes.
• Crônica: sendo essa subdividida em funcional (primaria) e orgânica (secundaria)
-Funcional: A constipação intestinal é funcional, quando não se origina de alterações anatômicas do canal alimentar,
ou motivada por doenças metabólicas, musculares ou neurológicas.
-Constipação intestinal crônica primária (Funcional_ pode ser diagnosticada de acordo com três grupos de causas:
• Constipação de transito normal Funcional, com trânsito colônico normal. *mais comum*.
• Constipação de transito lento: Trânsito intestinal prolongado de passagem do bolo fecal pelo intestino grosso,
associado à queixas de distensão abdominal e perda de borborigmo.
Everaldo Leite 2
• Doencas do ato evacuatório: Disfunção anorretal, como a coordenação ineficaz da musculatura pélvica no
ato da defecação
-Pacientes que apresentam esta condição têm a sensação de evacuação incompleta ou obstrução à defecação e ou, a
necessidade de manipulação digital do orifício retal.
- Constipação de trânsito normal: Também denominada funcional, e a forma mais comum de apresentação. Embora
o tempo de passagem pelo colon seja normal, o paciente refere ser constipado, queixando-se de fezes endurecidas ou
insatisfação com a evacuação. São indivíduos com distúrbios psicossociais frequentes, e queixam-se também de
desconforto abdominal e flatulência.
- Doencas do ato evacuatório: Ocorrem em virtude da disfuncao do assoalho pelvico ou do esfincter anal.
-Medo de dor ao defecar (fezes volumosas e endurecidas), fissura anal e hemorroidas podem estar associados a
distúrbios da defecação, assim como abuso físico ou sexual ou distúrbios alimentares. Causas menos comuns incluem
anormalidades estruturais: intussuscepção retal, retocele, sigmoidocele obstrutiva e deiscência perineal extrema.:
-Constipação de trânsito lento: É de ocorrência mais comum em mulheres jovens que evacuam até uma vez por
semana, comumente iniciando-se na puberdade. Clinicamente, apresenta-se como dor abdominal ou desconforto,
flatulência e urgência fecal, essa menos frequente. Os quadros leves respondem bem a tratamento dietético com
aumento de fibras, o que não ocorre nos casos mais graves. O trânsito colonião lento, associado a falta de incremento
na atividade motora após ingesta de carnes, ou administração de substancias, caracteriza a inércia colônica.
- O exame histopatológico mostra um número diminuído de neurônios do plexo mioentérico, bem como outras
anormalidades que alterariam a motilidade gastrointestinal
-Avaliação clínica:
-Realizar anamnese completa dos sintomas (ROMA III), hábitos de vida, socioeconômico.
-Deve descartar causas secundarias. Logo investigar os sinais de alarme; como emagrecimento, hemorragia, febre,
anorexia e anemia, que podem nos orientar para uma causa anatômica
-Em pacientes com >50 anos, ou que se tornaram constipados recentemente é indicado pesquisa de sangue oculto
nas fezes, dosagem sanguínea de eletrólitos (Hemograma, cálcio, glicemia , TSH).
-Pacientes que não responderam as orientações iniciais ou apresentam sanguem oculto nas fezes é indicado a
colonoscopia.
- Nos pacientes com menos de <50 anos sem sinais de alerta e história longa de constipação, opta-se por uma
terapêutica progressiva. Cintilografia sugestivo de trânsito do Intestino grosso lentificado.
-Para avaliar o tempo colônico faz um exame chamado: Tempo de trânsito colônico (TTC), o tempo de trânsito normal
é inferior a 72 horas. Uma radiografia abdominal deve ser realizada 120 horas após marcadores radiopacos serem
deglutidos em uma cápsula de gelatina. Previamente, deve-se fazer dieta rica em fibras, e laxativos/enemas e
medicamentos que afetem a função intestinal não devem ser utilizados. Caso haja retenção de mais de 20% dos
marcadores, o trânsito é considerado prolongado, e se for predominantemente em cólon esquerdo e reto, é sugestiva
de distúrbio defecatório
Everaldo Leite 4
-Manifestações clinicas:
-Algumas queixas como: Menor número de evacuações e consistência fecal alterada eventualmente encontram-se
ausentes ou o idoso as considera como próprias da idade e não as relata.
• Desconforto à evacuação
• Necessidade de manobras digitais intrarretais ou intravaginais para auxiliar a eliminação das fezes
• Acompanhados de sensação de evacuação incompleta.
-Essas queixas relatadas, referem-se normalmente a pacientes portadores de disfunções do assoalho pélvico, podendo
haver outras queixas como dificuldade à micção e dispareunia
-Alguns desses pacientes também apresentam episódios de perda fecal involuntária, o que leva ao diagnóstico
incorreto de incontinência fecal.
-É preciso ter cautela ao prescrever medicamentos em casos com perda involuntária fecal particularmente
antidiarreicos, haja vista o risco potencial do desenvolvimento ou da piora de fecalomas (massa de fezes acumulada
no reto), diarreia paroxística associada a eles, úlceras estercorais e sangramentos retais.
-Alguns idosos podem apresentar uma menor mobilidade do intestino, digestivo alto, secundário a constipação. Esses
pacientes podem apresentar: vomito, náusea, pirose, sensação de esvaziamento lento, flatulência excessiva.
• Medicamentos em uso
• Incapacidades físicas e mentais
• Comorbidades
• Hábitos alimentares
• Situação psicossocial
-Exemplo clássico dessa junção de fatores é a paciente idosa; viúva; residindo sozinha; em uso de prótese dentária
mal ajustada (o que a impede de mastigar vários alimentos), sofrendo de osteoartrite grave com quadro álgico aliviado
por opioides e que a limita fisicamente para a compra de frutas e legumes frescos regularmente; deprimida,
desmotivada para manufaturar refeições mais elaboradas do que macarrão instantâneo e/ou pão com manteiga,
mesmo em uso de antidepressivo tricíclico; é hipertensa controlada com bloqueadores do canal de cálcio. Essa
paciente apresenta alguns fatores e subfatores obstipantes:
Everaldo Leite 5
• Ausência de suporte familiar ou profissional, o que dificulta seu autocuidado e a feitura de refeições
adequadas;
• Prótese dentária que a impede de mastigar alimentos com resíduos ou laxativos;
• comorbidades como osteoartrite com limitação física, depressão com baixa iniciativa a se alimentar
adequadamente e hipertensão arterial contribuindo como eventual colaborador para baixa imobilidade;
• Medicamentos obstipantes como opioides, antidepressivo tricíclico e bloqueadores do canal de cálcio;
• Incapacidade física parcial, dificultando o ato de sentar no vaso sanitário e realizar a defecação
adequadamente.
-DIAGNOSTICO:
-Constipação intestinal não necessariamente é relatada pelo idoso ou questionada pelo profissional de saúde; por
isso é subestimada, com potencial de piora na qualidade de vida do paciente e passível de reversão em muitos casos,
com a compensação clínica de doenças coadjuvantes e/ou com ajuste ou trocas de medicamentos.
-A geriatria usa uma regra mnemônica dos ´´9 Ds´´ de ´´Defecação´ ´como orientação diagnóstica e terapêutica
durante a primeira avaliação clínica em pacientes com essa queixa.
• (1) drogas
• (2) desidratação
• (3) dieta inadequada
• (4) depressão
• (5) demência
• (6) defecação difícil
• (7) doenças degenerativas
• (8) diminuição da mobilidade e/ou atividade
• (9) dependência de cuidadores
-O exame clínico deve abranger avaliação perianal e exame digital retal. Desse modo, será possível a detecção:
-Exames laboratoriais:
• Hemograma completo
• Dosagem de eletrólitos séricos
• Calcemia
• Função tireoidiana
-Realizados após a avaliação inicial, particularmente em pacientes com múltiplas doenças e/ou medicamentos. Tem
baixa capacidade para diagnostico causal da constipação.
Everaldo Leite 6
-obs: pacientes igual ou superior a 70 anos para realizar esse exame tem que fazer uma hospitalização.
-TRATAMENTO:
-Tratamento farmacológico:
- Com a ingestão suplementar de fibras aumenta-se o volume fecal, diminui-se a consistência das fezes e estimula-se
fisiologicamente a evacuação. As fibras retêm água em sua estrutura e, por isso, os pacientes devem ingerir volume
hídrico adequado.
-Recomenda-se revisão do quadro clínico e medicamentoso antes da indicação de laxantes, utilizando-se, por exemplo,
a regra mnemônica dos nove “Ds”. Caso essa evisão não reduza ou cesse o quadro, recomenda-se o incremento na
ingesta de fibras e líquidos, mesmo com essas orientações não medicamentosas indicadas a constipação insistir, está
recomendado um tratamento farmacológico.
-Laxante Osmotico: É primeiro laxante de escolha (sal amargo, lactulose, manitol, sorbitol, polietilenoglicol e leite de
magnésia). A preferência dessa classe de laxantes deve-se basicamente ao seu grau de evidência clínica (1A ou 1B)
Everaldo Leite 7
mais consistente do que das outras classes de laxantes (grau B ou C): Agentes hidrofílos, emolientes, laxante de
contato, estimulantes do peristaltismo, lubrificantes.
-Mesmo os laxantes osmóticos apresentam potenciais limitações, como distensão e dor abdominal, flatulência e
diarreia. Esses efeitos colaterais ocorrem com mais frequência no uso de lactulose (tipo de laxante osmótico), devido
à sua metabolização bacteriana intestinal em ácidos carboxílicos.
-mec de ação Laxante osmótico: Provocam secreção de água para a luz intestinal por atividade osmótica. Ocorre
aumento da secreção de colescistocinina, responsável por estimular o peristaltismo.
-Laxante lubrificante (óleo mineral): Esses laxativos agem facilitando o deslizamento das fezes. São substâncias
oleosas que podem, em médio prazo, diminuir a absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).
-Laxantes irritativos: Agem provocando aumento da contração da musculatura lisa intestinal por meio de estímulo ao
plexo mioentérico (Quadro 8). A grande vantagem é a ação rápida, em torno de seis a 12 horas; no entanto, seu uso
crônico pode provocar lesão no plexo mioentérico, levando à dismotilidade colônica. São contraindicados na gravidez
e na amamentação. Em nossa opinião, devem constituir medicamentos de exceção.
-Laxantes procinéticos: Por fim, merecem menção os laxativos procinéticos, que agem aumentando o trânsito
intestinal de maneira mais fisiológica.
-Resumindo: O tratamento primeiro deve ser realizado uma revisão do quadro clinico e medicamentoso do paciente,
pode utilizar a regra dos 9 Ds, visto que a 1º conduta para tratar a constipação crônica seria remover possíveis causas,
após essa conduta avalia se teve melhoras no quadro, caso paciente não melhores segue a 2º conduta, que seria
solicitar ingesta de mais liquido e fibras, novamente avalia a resposta, em casos onde o paciente não evolui bem deve
iniciar o uso de Laxantes, sendo a classe mais indicada os ´´´LAXANTES OSMOTICOS´´.
Everaldo Leite 8
Doença Hemorroidária
-Introdução:
-Mamilos hemorroidários são estruturas anatômica presentes em todos os indivíduos. O Plexo Hemorroidário se
situa na porção distal do reto, canal anal, mais comumente nos quadrantes laterais esquerdo, anterior direito e
posterior direito do canal.
-São “coxins”, ou “almofadas” muito vascularizadas e especializadas que formam massas de submucosa espessa
contendo vasos sanguíneos, músculo liso e tecido elástico conjuntivo.
-Essas estruturas permitem ingurgitamento dos coxins, promovendo auxilio e manutenção da continência fecal em
situação de aumento de pressão intrarrenal, como espirro, tosse ou manobra de valsalva.
-Essas hemorroidas constituem a anatomia normal do humano, a Doença Hemorroidária surge quando os mamilos
prolapsos, inflamam e produzem sintomas.
-As causas da DH não são bem entendidas, existem 3 teorias que tentam explicar
sua etiologia:
Primeira: Com o passar dos anos ou situações agravantes, o tecido conjuntivo que
ancora o plexo hemorroidário ao esfíncter se deteriora. O plexo começa a deslizar
pelo canal e com isso vem os sintomas.
• Insuficiente retorno através das veias retais superiores, resultando em estase, engorgitamento e inchaço dos
coxins
• Aumento da pressão intra-abdominal, com compressão dos pedículos venosos, dificultando o retorno
sanguíneo, o que acontece durante o esforço de evacuação nas pessoas obstipadas, durante os esforços para
micção, nos prostáticos, e especialmente durante a gravidez.
• Bloqueio evacuatório
• Fezes endurecidas
• Esforço evacuatório exagerado
• Obesidade
-Esse último causa ingurgitamento dos mamilos aumentando seu prolapso e, associado à degeneração senil do tecido
de sustentação mantém o prolapso e deixa as estruturas suscetíveis a trauma. Os mamilos prolapsados ainda sofrem
ação do esfíncter que, segundo demostrado por autores, estão hiperativos em pacientes com DH.
-Principais sintomas:
-Esse sangue é vivo, pode está junto das fezes, gotejando ou em jato no momento da defecação. Não depende do ato
evacuatório, paciente pode apresentar esse sangramento antes, durante ou após a defecação.
-Quando a queixa principal do paciente for dor, deve avaliar possíveis complicações da DH: Fissura perianal, Abcessos
perianais, Trombose hemorroidária aguda
-Hemorroidas externas em geral tornam-se sintomáticas na ocorrência de quadros agudos como trombose
hemorroidária e crise hemorroidária. Cronicamente podem estar associadas à desconforto anal, sangramento e
dificuldade de higiene.
-A trombose hemorroidária (Figura 2) se caracteriza pela presença de nódulo perianal bem delimitado,
usualmente azulado e doloroso. Sua história natural é de início abrupto de dor, que aumenta nas primeiras 48
horas e apresenta regressão após o quarto dia. A pele sobre a hemorroida trombosada pode necrosar e ulcerar,
causando sangramento ou saída de secreção. Quando não há drenagem espontânea, o trombo pode demorar
algumas semanas para sumir completamente. Podem haver casos assintomáticos, nos quais a alteração é
percebida pelo paciente durante a higiene.
Crise hemorroidária (Figura 3) é o quadro doloroso causado pelo prolapso de hemorroidas internas de grau III e
IV que se tornam encarceradas devido a edema prolongado. Pode estar associado com trombos hemorroidários.
Everaldo Leite 10
-Diagnostico:
• História clínica
• Exames proctológicos (inspeção anal estático e dinâmica- Valsalva)
• Toque digital do reto
• Anuscopia (representado na imagem 1)
-Não há subclassificação para DH Externa, visto que seu tratamento é exclusivamente cirúrgico.
-Tratamento:
-O manejo da DH varia de acordo com sua classificação e severidade dos sintomas, podendo ser uma mudança nos
hábitos alimentares, chegando até a casos de cirurgia.
Everaldo Leite 11
-Clinico:
-O tratamento da DH mesmo que medicamentoso é aconselhado uma mudança na alimentação e hábitos de vida do
paciente.
-É indicado manter sempre as fezes amolecidas para facilitar sua passagem sem maior esforço. Dieta rifa em fibras
(20 – 35 g/dia) e aumentar ingesta de liquido.
-Medicamentoso:
• Trombose hemorroidária: Banho de assento, analgesia, ingesta de fibra + água. Pode usar anestésicos
tópicos para alivio da dor. Policruseleno + cinchocaina pomada até resolução dos sintomas.
-No caso de trombos grandes e muito dolorosos, pode ser indicada a incisão da pele sobre a lesão e a retirada
completa do trombo sob anestesia local com ou sem vasoconstritor (Figura 4). Tal procedimento pode ser
realizado na atenção primária se o médico se sentir confortável e apto para realiza-lo. Casos de trombose
hemorroidária com necrose são muito raros, porém devem ser avaliados pelo especialista em caráter de
urgência.
• Crise hemorroidária: Analgesia, banho de assento e aplicação de de acetato de chumbo. Que auxilia redução
do edema.
-Invasivos:
-Na ausência de hemorroidas externas sintomáticas, as hemorroidas de tipo B e algumas de tipo C podem ser tratadas
ambulatorialmente com procedimentos que produzem fixação mucosa.
-Embora tenham sido descritas a escleroterapia, a coagulação com infravermelho, a sonda de calor e a
eletrocoagulação bipolar, o procedimento mais simples, mais eficaz e mais amplamente aplicado é a ligadura com
elástico.
• Ligadura com elástico: Trata os tipos 3 e 4, é uma forma invasiva bem rápida. Consiste na aplicação de anéis
de borracha, causando necrose isquêmica e cicatrização do tecido hemorroidário, gerando fixação do tecido
conjuntivo a parede do canal anal.
-A colocação do anel de borracha muito perto da linha pectínea (cristas) pode levar a dor intensa pela presença
de inervação somática aferente que requer remoção rápida. É uma técnica segura podendo ser realizada em uma
Everaldo Leite 12
ou várias sessões. As complicações são sangramento leve pela ulceração mucosa, retenção urinária, trombose
hemorroidária externa e, raramente, sepse pélvica. Esse método é bastante eficaz e sua taxa de sucesso varia
entre 79% a 97%
• Fotocoagulação de radiação infravermelho: Indicada para tipo 1 e 2. Consiste em uma unidade elétrica e um
aplicador manual tipo pistola. A ponta da pistola é encostada sob leve pressão na mucosa normal, adjacente
e cranial ao mamilo. A energia infravermelha penetra nos tecidos e é convertida em calor, que coagula os
vasos irrigadores do mamilo.
-A profundidade da lesão tecidual é determinada pela duração do pulso. Realizam-se 3 a 5 disparos de 1 a 1,5
segundos em cada mamilo, para a coagulação de 1mm de tecido. Até 3 mamilos são coagulados por sessão.
-Formam-se, no local da aplicação, pequenas úlceras que cicatrizam e, por meio de fibrose, aumentam a
aderência da mucosa redundante à muscular adjacente.
-Dor leve é descrita, porém é uma técnica bem aceita pelos pacientes e possui taxa de sucesso terapêutico
entre 85% e 92%. Uma diferença importante da ligadura elástica é o preço, pois o infravermelho é um aparelho
de alta tecnologia e, portanto, com alto custo de manutenção.
• Escleroterapia: Indicado para tipo 1 e 2. Consiste na injeção de agentes esclerosantes (em nosso meio,
principalmente fenol 5% em óleo de amêndoas) no interior do mamilo hemorroidário criando cicatrização,
fibrose, redução e fixação das hemorroidas por obliterar sua vascularização. O procedimento não requere
anestesia e é realizado em minutos. Cuidados são necessários a fim de evitar injeções intramucosa ou
intramuscular e prevenir descamação mucosa com ulceração ou dor excessiva. As complicações são
infreqüentes e usualmente estão relacionadas à injeção incorreta do esclerosante.
• Hemorroidectomia cirúrgica: Indicada pacientes com HD Externa sintomática mista ou interna com prolapso
permanente.
-Existem várias técnicas cirúrgicas, todas apresentam elementos essenciais como ligadura do suprimento
arterial, ressecção dos plexos hemorroidários dilatados, remodelagem do anoderma com excisão da pele
redundante (plicomas), indução de inflamação e fibrose. Podem ser feitas técnicas abertas, com cicatrização
por segunda intenção, fechada ou semi-fechadas.
-Os riscos de infecção e sangramento pós-cirúrgicos ficam em torno de 5%, e a retenção urinária em 10 a 32%.
Essa pode ser prevenida pelo uso restrito de reposição hídrica no transoperatório.
-Referências:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/880211/doenca-hemorroidaria.pdf
http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2013/v101n2/a3987.pdf
APG08
Everaldo Leite 1
-Obstrução mecânica:
-Definição:
-O obstáculo pode estar:
Obstrução intestinal é uma condição em que há falha
na progressão normal do conteúdo intestinal. O • Na luz intestinal, como no íleo biliar;
conteúdo do tubo digestivo percorre um trajeto da • Na parede intestinal, como no carcinoma
boca em direção ao ânus. Obstrução intestinal estará obstrutivo da sigmoide
presente a partir do momento em que qualquer • Fora da parede intestinal, como nas grandes
obstáculo impeça esta progressão, seja por uma massas abdominais, nas bridas e hérnias.
barreira física ou por distúrbio funcional da força
propulsora da musculatura intestinal. -Na investigação de um paciente com suspeita de
obstrução, temos que responder as seguintes
A obstrução intestinal ocorre quando a propulsão do perguntas.
conteúdo em direção ao ânus sofre interferência1. Há
vários critérios para classificá-la: quanto ao nível • Há obstrução?
(delgado alto e baixo ou cólon), quanto ao grau • Há estrangulamento?
(completa, incompleta - suboclusão ou “alça fechada”), • Há desidratação importante?
quanto ao estado de circulação sanguínea (simples ou • Qual causa obstrutiva?
estrangulada), quanto ao tipo de evolução (aguda ou • Qual nível da obstrução?
crônica) e quanto à natureza da obstrução (mecânica,
-Para responder a primeira pergunta tem que fazer o
vascular ou funcional).
diagnóstico diferencial. O paciente se queixa de dor do
-Atualmente a causa mais comum de obstrução é de tipo cólica, deve fazer um diagnostico diferencial, visto
aderências. que somente podem causar esse tipo de dor os órgãos
que tem musculatura lisa: Estomago, Intestino, Ureter,
-Hérnia inguinal estrangulada, outrora causa mais
Trompas, Útero. Então, a investigação é nesses órgãos.
comum, figura em segundo lugar, seguida de neoplasia
intestinal. Esses três agentes etiológicos respondem -O estrangulamento pode ser identificado desde que se
por mais de 80% de todas as obstruções. tenha uma boa história associado ao exame físico.
Deve questionar o paciente se teve mudança no tipo
-Classificação:
da dor (cólica para continua), se teve aumento
-Pode classificada a obstrução em 2 grupos: sensibilidade coetânea e a dor localizada, avaliar
leucocitose (acima de 15,000 com desvio importante a
• Mecânica: Existe uma barreira física esquerda), agravamento do estado geral.
impedindo a passagem do alimento. Na
ausculta os sons estão presentes. -Exames de imagem pode mostrar a alteração
• Reflexa: Existe um distúrbio na força anatômica na alça acometida.
propulsora da musculatura intestinal. Pode ter: -A desidratação é comum em pessoas obstruídas, seja
Íleo Adinâmico (relaxamento da musculatura), devido não ingesta de líquidos, vômitos e pela
Íleo Dinâmico (A ineficiência é devida espasmo presença de liquido no lúmen intestinal. É importante
na musculatura). Na ausculta existe sons investigar o estado volêmico dos pacientes, realizando
ausentes uma aferição da PA, pulso e volume urinário.
-Inda pode ser classificada em: -A causa de obstrução é variada, não é o alvo principal
• Simples: Não apresenta risco à vitalidade da da investigação, primeiro é importante avaliar se o
alça envolvida pois não há restrição sanguínea. paciente estão ou não obstruído.
• Estrangulamento: Apresenta risco à vitalidade -As causas mais comuns da constipação são: Hernia
da alça pois apresenta restrição do fluxo. interna, bridas, invaginação, hernia externa e câncer.
-Pode ser classificada de acordo com o local da Como a hérnia externa e a brida são as duas causas
obstrução por barreira física: mais frequentes no nosso meio (70% das obstruções
intestinais), o diagnóstico é facilitado, porque a simples
Everaldo Leite 2
inspeção mostrará a presença da hérnia ou da cicatriz mecanismo o qual o corpo tenta eliminar a sobrecarga
cirúrgica abdominal. intestinal.
- Os sintomas cardinais são: dor, náuseas e vômitos, -Pouca distensão devida conteúdo refluir para o
parada da eliminação de gases e fezes e distensão intestino.
abdominal, sendo que esta manifestação ocorre mais
tarde2. A dor é tipicamente em cólica, de início brusco,
em salva, ocorrendo a intervalos regulares, de
localização epigástrica, periumbilical ou hipogástrica,
dependendo do nível da obstrução.
-Obstrução do delgado:
-A proximidade do Treitz deixa grande extensão do
-Diagnostico clinico: tubo digestivo com gases e fezes, e o paciente poderá
-Os sintomas clássicos: eliminar gases e fezes mesmo já estando obstruído. Na
obstrução alta, os vômitos são o sintoma
• Dor: Tipo cólica predominante e poderá levar 48 horas para ser
• Vomito completa e evidente.
• Parada eliminação de gases e fezes
-Obstrução baixa do delgado:
• Distensão
-Esses correspondem a um quadro de obstrução e são -Na obstrução baixa, a dor é típica.
influenciados pelo tempo e ponto da obstrução. -Pelo vômito, o paciente elimina conteúdo das partes
-Essa dor é devido a força do intestino para vencer a mais baixas do delgado, podendo chegar ao vômito
barreira física. Sendo o melhor momento para fazer fecaloide.
ausculta o período de exacerbação dolorosa. -O fato de o local da obstrução situar-se na parte distal
-O vomito é um reflexo consequentemente devido a do intestino delgado faz com que o aparecimento dos
intensidade da dor. Posteriormente representa o episódios de vômito leve algum tempo para acontecer.
Everaldo Leite 3
-PCTs podem apresentar grande distensão abdominal, -Enfatizamos que se deve usar o exame contrastado
podendo levar a desconforto respiratório. somente diante da dúvida.
-Exame físico: Antes de iniciar o exame, é importante -A presença de pneumoperitônio confirma a existência
que o paciente informe o lugar exato do início da dor, de perfuração, que dispensa o exame contrastado.
seu deslocamento, sua intensidade, irradiação
-A TC não é acessível a todos. É capaz de mostrar
característica e se existe um lugar onde é mais intensa.
detalhes que a radiologia convencional não consegue
-Pcts devem tirar toda vestimenta abdominal, de captar, como aqueles da estrutura da parede intestnial,
maneira que os orifícios herniários sejam vi tanto do lado da luz, quanto da parte externa da
parede, o que o torna de grande utilidade para o
• Inspeção: Avaliar distensão abdominal, tipo
diagnóstico de obstrução por torção do meso e de
respiratório, abaulamento da parede,
estrangulamento.
movimentos peristálticos visíveis, cicatrizes e
cirurgias (pode o paciente ter bridas).
• Palpação: Avaliar pontos dolorosos, percebes
movimentos peristálticos, sentir borborismo
produzido pelo peristaltismo exacerbado.
• Percussão: Verificar timpanismo da alça
distendida, macicez de declive, bexiga cheia.
• Ausculta: Perceber aumento dos ruídos
hidroaéreos produzidos pela exacerbação do
peristaltismo.
-Pode ser usado os contrastes para melhor diagnosticar A. RX simples de abdome em ortostatismo mostrando
os pacientes: Para usar o bário, é necessário preencher níveis aéreos no intestino delgado. As setas mostram
determinadas condições: não pode haver a menor bolhas de gás, em série, retidas dentro da alça, que
suspeita de estrangulamento, peritonite ou
Everaldo Leite 4
-Exame físico:
B. Exame contrastado do delgado mostrando o local do -A passagem do conteúdo do delgado para o grosso se
estreitamento responsável pelo quadro de suboclusão da pela valva ileocecal, podemos ter 3 situações
intestinal. envolvendo essa valva:
Everaldo Leite 5
-Pontos importantes:
-Bridas e aderências: -O alvo da investigação é o local da obstrução, a partir
-2º maior causa em nosso meio. deste ponto as alças estarão dilatadas, cheias de gás e
líquido a montante e vazias a jusante;
- Quando toda a parede abdominal está exposta à
inspeção, teremos aproximadamente 75% de -A ausência de peristaltismo significa que o intestino
probabilidade de identificar a causa da obstrução: entrou em estafa ou que há necrose da alça envolvida;
1. o paciente terá uma hérnia externa ou; -A presença de peritonite pode ter outra causa que
2. uma cicatriz cirúrgica abdominal, muitas vezes será difícil de esclarecer somente com o
independentemente do tamanho. RX simples. Nesse caso quem assume é a TC;
-O delgado é o segmento intestinal mais envolvido, e -Qualquer tentativa de tratamento clínico, a não ser
estes dois elementos - cicatriz abdominal e obstrução em casos muito especiais, já descritos, pode levar o
paciente à morte;
Everaldo Leite 7
-Intussuscepção:
-Etiologia:
câncer em um pólipo individual, mas não confere um ser detectado ao nascimento e, portanto, pode ser um
aumento de risco em outros pólipos no mesmo adjuvante para a investigação precoce.
paciente.
-Mutações específicas no APC têm sido associadas ao
-Poliose adenomatosa: desenvolvimento de outras manifestações da PAF e
explicam, parcialmente, variantes como a síndrome de
-A polipose adenomatosa familiar (PAF) é um distúrbio Gardner e a síndrome de Turcot.
autossômico dominante, no qual os pacientes
desenvolvem numerosos adenomas colorretais, -Alguns pacientes com polipose, sem perda de APC,
quando adolescentes. possuem mutações bialélicas do gene reparador da
excisão da base MYH (também conhecido como UTYH).
-Ela é causada por mutações do gene da adenomatose Esse distúrbio autossômico recessivo é conhecido
polipose coli ou gene APC, sobre o qual você lembrará como polipose associada ao MYH. O fenótipo colônico
que é um regulador negativo fundamental da via de é semelhante ao da PAF atenuada, com o
sinalização Wnt (Cap. 7). desenvolvimento do pólipo em idades mais avançadas,
-Aproximadamente 75% dos casos são hereditários, presença de menos de 100 adenomas e atraso no
enquanto o restante aparenta ser causado por surgimento do câncer de cólon, comumente a partir
mutações adquiridas. dos 50 anos.
-Pelo menos 100 pólipos são necessários para um -Câncer colorretal hereditário não polipose:
diagnóstico de PAF clássica, mas várias centenas
-Também conhecido como síndrome de Lynch, foi
podem estar presentes.
originalmente descrito com base no agrupamento
familiar de cânceres em vários locais, inclusive no
cólon, reto, endométrio, estômago, ovário, útero,
cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar,
pâncreas e pele.
-Sintomas:
-No entanto, nas lesões do reto e sigmoide distal, uma -Abertura glandular (magnificação de imagem):
adequada inspeção da região perianal e o toque retal, -É realizada durante a colonoscopia, associado a
seguidos de anorretoscopia ou sigmoidoscopia rígidas, cromoscopia (corante). Isso colaborou para que se
são fundamentais para o seu diagnóstico. criasse outra classificação, segundo as aberturas das
criptas da superfície mucosa do pólipo, conforme o
-Exames complementares: Quadro 72.2.5 Atualmente, sua acurácia em definir
lesões neoplásicas ou não neoplásicas da mucosa está
-Pode ser usado a USG, Tomografia abdominal
próximo a 100%.
computadorizada.
• indiferenciação celular;
• presença de invasão vascular linfática ou
venosa;
• margem de ressecção, lateral e/ou profunda,
comprometida;
• presença de brotamento.
Everaldo Leite 6
-Tamanho:
-Os pólipos colorretais usualmente são excisados -O rastreamento para pessoas sem risco aumentado
através da polipectomia no próprio procedimento em para câncer colorretal, quando realizado, é iniciado
que são encontrados [1,4]. entre os 50 e 75 anos com: PSOF (preferencialmente
pelo método imunoquímico - FIT) anual ou
- Pólipos maiores e lesões não polipoides podem bienalmente e/ou retossigmoidoscopia a cada 5 anos
necessitar de técnica de mucosectomia, procedimento ou com colonoscopia a cada 10 anos
um pouco mais extenso e com risco ligeiramente maior
de complicações [4]. Na mucosectomia é utilizada
-Se o paciente apresentar PSOF positivo está indicado
injeção de solução na submucosa para elevar a lesão e
a colonoscopia.
reduzir o risco de perfuração da parede colônica.
-Colonoscopia:
-Referências:
https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/telec
ondutas/tc_polipo_colorretal.pdf
https://cbcsp.org.br/wp-
content/uploads/2016/aulas/Polipos_intestinais_07.p
df
APG10
Everaldo Leite 1
Na maior parte dos casos há necrose focal, que -Infecta predominantemente a faixa etária de 20 a 40
acomete difusamente o parênquima. anos.
-Vírus A: -Vírus E:
-Marcador Hepatite A:
• Tenofovir
• adequada hidratação
• controle rigoroso de eletrólitos
• Níveis de glicemia
• adequada monitoração da ocorrência de
sangramentos digestivos.
-O regresso das atividades deve ser de forma -Quando instala edema cerebral, usar mantinol.
progressiva, baseando nos níveis das -Melhor tratamento para forma agressiva da hepatite
aminotransferases (menos 2x o valor normal). fulminante acompanhada de encefalopatia é o
-Não há restrição na dieta. transplante de fígado.
• Genotipagem
• Exames inespecíficos
• Exames específicos (HVA,HVB e HIV)
-Estadiamento hepático:
• Elastografia
Os principais objetivos do tratamento da hepatite B • Usa drogas de ação direta (DAA): Declarasvir,
crônica são erradicar o VHB e reduzir a progressão da Sofosbuvir e etc.
lesão hepática para, assim, prevenir o • Não usa mais interferon
desenvolvimento de cirrose, insuficiência hepática e
carcinoma hepatocelular.
• Interferon-alfa
• Interferon--alfa peguilado 2a e 2b
• Lamivudina -A escolha do tratamento é de acordo com o genótipo
• Telbivudina do vírus que infecta o paciente.
• Adefovir
• Tenofovir
• Entecavir
-Sanar-flix, Hepatite C:
Fibrolise. Essa fibrolise é devido produção das no processo fibrogênico, atuando como mediador
metaloproteases: Colagenase. desse processo.
-A participação dos radicais livres e lipoperoxidação -As complicações da doença hepática apresentam
tem sido documentada na lesão hepática crônica e importante impacto na sobrevida desses pacientes,
hepatite C crônica, entre outras. como pode ser observado na Tabela 100.2.21
-A hipertensão portal é um fator de complicação -Esses marcadores diretos não tem muita utilidade
significativo da cirrose descompensada, e é pratica. Dentre eles o que tem um valor mais confiante
responsável pelo surgimento de ascite e pelo é o acido hialurônico, produzidos pelas células
sangramento através de varizes esofágicas, duas estreladas e degradado pelas células endoteliais dos
complicações que indicam a existência de cirrose sinusoides hepáticos. Em casos de cirrose, tem a
descompensada. colagenização dos sinusoides e com isso não ocorre sua
depuração.
-Diagnostico:
-AST e ALT é um dos marcadores indiretos mais
-O diagnostico da cirrose é sobretudo conhecidos na pratica clínica. Tem baixa sensibilidade.
anatomopatológico, realiza biopsia por agulha.
-Os testes respiratórios utilizando carbono marcado
-Como o paciente apresenta alterações de coagulação, (C13 ou C14) são medidas quantitativas que permitem
e pela alteração da vasculatura hepática e peri- uma avaliação dinâmica da massa hepática funcional,
hepatica a realização dessa biopsia pode ter por meio da mensuração da capacidade de
complicações. metabolização e de eliminação de determinada
-Por esse motivo, em alguns pacientes com alguns substância exógena, quase exclusivamente
achados no exame físico e/ou exame de imagem e metabolizada pelo fígado.
exame endoscópico, não é necessário fazer biopsia. -Na atualidade, observa-se uma tendência na utilização
-Alguns achados do exame físico são: combinada e escalonada dos marcadores não invasivos
na avaliação da fibrose hepática, e não isoladamente.
• Hepatoesplenomegalia A combinação de método mecânico como a
• Fígado nodular elastografia hepática com biomarcador, como
• Sinais periféricos de insuficiência hepática Fibrotest® ou APRI ou Fibrometer (ou ainda de dois
biomarcadores como Fibrotest® e APRI), mostraram-se
-Alguns achados de exame de imagem:
as melhores opções para avaliar os pacientes.
• Alteração da ecogenicidade
• Método mecânico: Elastografia
• Retenção do parênquima com insuficiência
• Marcadores: Fibrotest, APRIL, Fibrometer
nodular
• Sinais de hipertensão portal -É utilizado 1 mecânico + 1 biomarcador ou 2
biomarcadores (APRIL + FIBROTEST)
-Achados de exames endoscópicos:
• Elastografia: Mede a elasticidade do tecido.
• Varizes esofágicas
Tem alta sensibilidade
-Em função dos riscos da biópsia, vários marcadores • Fibrotest: Não é utilizado pois preciosa da
não invasivos têm sido empregados no estudo dos patente francesa.
pacientes hepatopatias, e é exatamente nos cirróticos • APRIL: Utiliza resultado de AST + Contagem de
que eles têm encontrado sua melhor aplicação plaquetas. ASRx100/Plaqutas
• Fibrometer:
-Marcadores não invasivos de fibrose herpética:
-Utilizada em algoritmo, a biópsia hepática pôde ser
• Biomarcadores diretos: São os envolvidos com
evitada em 67 a 77% dos pacientes, sendo indicada
a síntese e degradação da mec. Ex: Pró-
somente nos pacientes em que os testes eram
colágeno III, colageno IV, metaloproteases,
discordantes.
TIMPs, ácido hialurônico.
• Biomarcadores indiretos: Composto por
parâmetros não relacionados a MEC, mas que
referem alterações bioquímicas da fibrose. EX:
AST/ALT, bilirrubina, Plaquetas, proteínas.
-Pode apresentar como complicações dessa relacionado com a hipertensão portal, ou como efeito
hepatopatia crônica, como: supressivo direto do álcool sobre a medula óssea.
-Tratamento:
Os pacientes podem ser anêmicos seja em virtude de -Surgimento de complicações como: Ascite, edema,
uma perda sanguínea crônica por meio do trato GI, de encefalopatia, hemorragia por varizes devem ser
deficiências nutricionais ou do hiperesplenismo tratadas especificamente.
Everaldo leite 7
-Pode usar glicocorticoides em pacientes com hepatite -Intra-hepática: Responsáveis por 95% das
alcoólica grave, na ausência de infecções. hipertensões portais. As causas dessa hipertensão
podem ser divididas em:
-Complicações da cirrose:
• Pré-sinusoidal: Fibrose hepática congênita e
esquistossomose
-Hipertensão portal: • Sinusoidal: Cauda por cirrose
• Pós-sinusoidal: Doença venosa oclusiva
-A hipertensão portal é definida como a elevação do
gradiente de pressão venosa hepática (GPVH) para > 5 -A cirrose é a principal causa de hipertensão portal.
mmHg. A hipertensão portal é causada por uma
combinação de dois processos hemodinâ- micos que
ocorrem simultaneamente:
-Manifestações clinicas:
hipertensão portal é habitualmente revelado pela no cérebro e produzem alguns dos efeitos a seguir
presença de: (MERCK, 1992):
• Água
• Sais
• Bicarbonato de sódio
• Enzimas
-Esse tripsinogênio ao chegar no intestino entra em -Pode se apresentar de forma leve que responde bem
contato com a enteroquinase, transformando ao tratamento conservador, até uma forma mais grave
tripsinogênio em tripsina. que pode levar a internação em unidade de terapia
intensiva, uso de antimicrobianos de amplo espectro e
- Essa tripsina no intestino agora na sua forma ativa, vai
cirurgia.
atuar sobre precursores inativos (chamados
Quimitripsinogenio, Procarboxipeptidase, Proelastase) -Para distinguir a forma da doença, utiliza aspectos
para produzir Quimiotripsina, carboxipeptidase e clínicos, laboratoriais e radiológicos isolados ou
elastase. agrupados sob forma de prognostico.
-Quando o pâncreas é lesado gravemente ou quando -A mortalidade da doença nas 2 primeiras semanas é
ocorre bloqueio do ducto, grande quantidade de decorrente da inflamação sistêmica e das alterações
secreção pancreática, às vezes, se acumula nas áreas orgânicas por ela induzida. Após esse período as
comprometidas do pâncreas. Nessas condições, o mortes costumam ocorrer devido as complicações da
efeito do inibidor de tripsina é insuficiente, situação em pancreatite.
que as secreções pancreáticas ficam ativas e podem
-A classificação da pancreatite. Classificação de
digerir todo o pâncreas, em questão de poucas horas,
Atlanta:
levando à condição denominada pancreatite aguda.
Esse distúrbio, por vezes, é letal em razão do
consequente choque circulatório; se não for letal, em
geral, leva à insuficiência pancreática crônica
subsequente.
• Acetilcolina: Neurotransmissor
• Secretina: Secretada pela mucosa duodenal e
jejunal quando o alimento por ali se encontra.
Atinge corrente sanguínea e estimula secreção
pancreática. Produzida quando alimento muito
acido entra no intestino.
• Colecistocinina: Secretada pela mucosa É interessante ressaltar que as pancreatites graves
duodenal e jejunal quando o alimento por ali geralmente são de etiologia biliar.
se encontra. Atinge circulação sanguínea e
-Etiologia:
estimula secreção pancreática.
-Álcool:
inflamatória. Não nota distensão abd ou -O diagnóstico diferencial deve incluir os seguintes
descompensação hemodinâmica. distúrbios:
• Forma grave:
• víscera perfurada, especialmente úlcera
o Sinais de toxemia, abdômen doloroso,
péptica;
distendido
• colecistite aguda e cólica biliar;
o Respiração superficial (em virtude da
irritação frênica pelo processo • obstrução intestinal aguda;
inflamatório) • oclusão vascular mesentérica;
o Evidencia de irritação peritoneal • cólica renal;
o Hipotensão (não é frequente) • infarto do miocárdio;
o Febre • aneurisma dissecante da aorta;
o Taquicardia • distúrbios do tecido conectivo com vasculite;
o íleo paralitico • pneumonia;
o Alterações sensoriais (encefalopatia • cetoacidose diabética.
pancreática).
-Na forma grave, deve optar pela dieta via enteral após
estabilização hemodinâmica, pois seus efeitos tróficos
-Tratamento: sobre a mucosa intestinal reduzem translocação
bacteriana e incidência de complicações infecciosas.
-Medidas gerais:
▪ FC
▪ FC
▪ Temperatura
▪ PA -Complicações da dieta por via enteral são menores
▪ Saturação periférica que a via parenteral (ex: infecção de cateter,
▪ Diurese trombose venosa).
-Caso tenha queda saturação ou oferecido narcóticos A forma de administração da dieta enteral é mal
oferecer oxigênio para o paciente. definida, mas a maioria dos consensos recomenda o
uso de sondas nasojejunais, embora dados
-Gasometria artéria: Realizar caso saturação <95%, se preliminares sugiram que sondas nasogástricas sejam
houver hipotensão ou alteração no parâmetro eficazes e não impliquem exacerbação da pancreatite.
respiratório, nesse caso é necessário controle
radiográfico. -Aqueles que não toleraram a via enteral, seja por íleo
paralítico ou outras complicações, e naqueles cuja
-Reposição volêmica: meta calórica não foi atingida somente com a dieta
-Hipovolemia secundária ao sequestro de grandes enteral em até 48 horas após sua introdução devem
quantidades de líquido para o terceiro espaço implica receber nutrição parenteral.
acentuação dos fenômenos isquêmicos no pâncreas -Antimicrobianos profiláticos:
inflamado, aumentando o risco de necrose, bem como
outras complicações secundárias à hipovolemia, como -Não há consenso em relação a utilização de
insuficiência renal aguda. antimicrobianos em pancreatite aguda grave, vale
ressaltar que os casos graves são responsáveis pela
-A reposição em casos de hipovolemia é necessária, maior parte da mortalidade nos casos agudos.
tentar manter níveis diuréticos maior que 0,5 - 1,0
mL/Kg/hora e normalização hematócrito (% de -30% dos casos graves aposentam necrose pancreática.
hemácia no sangue) 70% das necroses infectam, sendo o risco maior após a
2º a 4º semana da doença ou em pacientes com área
-Pode fazer reposição em veias periféricas (pacientes pancreática >30% atingida por necrose.
leves) e veias centrais (pacientes graves).
-Maior parte das infecções acontece por translocação
Analgesia: de bactérias intestinais, normalmente essas infecções
-Para dores abd, pode usar analgésicos opioides IV são monobacterianas (E.coli, klebsiella).
(MEPIRIDINA). -Devem ser utilizados antimicrobianos de amplo
-Nutrição: espectro e com boa penetração no tecido pancreático,
como:
-O tratamento padrão-ouro para formas leves é o
Jejum oral. ▪ Carbapenêmicos
▪ Metronidazol
-Os pacientes na forma leve são mantidos em jejum ▪ Fluoroquinolonas
oral de 3-7 dias ate que possa introduzir dieta. ▪ Clindamicina
▪ Cefalosporinas.
Everaldo Leite 7
-Autoimune:
-Quadro clinico:
-A icterícia, clínica e/ou laboratorial, observada em -Nas fezes, a pesquisa qualitativa de gordura pode
aproximadamente 25% dos pacientes, resulta da sugerir a síndrome de má absorção relacionada à
compressão do colédoco terminal, retropancreático, insuficiência pancreática.
por aumento do volume da cabeça do pâncreas,
-A US abdominal, método não invasivo e que pode ser
secundário a:
repetido várias vezes, tem elevada especificidade
• edema diagnóstica e detecta eventuais complicações, sendo
• nódulos fibróticos as principais alterações ecográficas observadas a
• cálculos pancreáticos textura heterogênea do parênquima, a presença de
• cistos cefálicos. calcificações e a dilatação e tortuosidade do ducto
pancreático principal.
-Os cistos estão presentes em 1/3 dos pacientes, pode
surgir em qualquer fase da afecção, pode causar -RX simples sem contrate pode identificar em 50% dos
algumas complicações. pacientes calcificações pancreáticas. A ausência de
calcificação pancreática ao exame radiológico simples
-Ascite, derrame pleural e, raramente, derrame do abdome não afasta o diagnóstico de
pericárdico podem surgir durante a evolução da comprometimento crônico da glândula, pois sabe-se
pancreatite crônica, sendo a ascite a mais frequente. que os cálculos surgem, em média, 5 a 10 anos após o
Esta, quando presente, deve-se à fistulização de início das manifestações clínicas.
pseudocisto ou do próprio ducto pancreático principal
para a cavidade abdominal. -A TC abdominal, sobretudo a helicoidal, é útil no
diagnóstico das afecções pancreáticas, possibilitando o
-Durante a evolução das pancreatites crônicas, os acesso ao retroperitônio, com observação direta da
pacientes podem desenvolver hemorragia digestiva, glândula pancreática e dos tecidos adjacentes, sendo
exteriorizada sob a forma de hematêmese ou melena, os principais achados tomográficos os cálculos
causada, em geral, pela ruptura de varizes intraductais, a dilatação do ducto pancreático principal
esofagogástricas, secundárias à compressão ou e as alterações do parênquima glandular por edema,
trombose da veia esplênica, pela presença de cisto ou fibrose ou necrose e atrofia (Figura 82.3). Possibilita,
pelo aumento de volume do pâncreas. também, como a US, diagnosticar e acompanhar
-Diagnostico: determinadas complicações das pancreatites crônicas,
em particular os cistos intra ou extraglandulares,
-O diagnóstico das pancreatites crônicas depende de ascite, necrose (infectada ou não), fístulas, abscessos,
um contexto clínico apropriado (p. ex., homem jovem coleções líquidas, além de dilatações das vias biliares
com intenso e prolongado consumo alcoólico e dor intra ou extra-hepáticas.
abdominal típica, perda ponderal, insuficiência
exócrina e/ou endócrina) associado a exames que
reflitam a perda da função pancreática e a presença de
anormalidades anatômicas compatíveis
como os cistos de pâncreas. Gradativamente, com o -Cerca de 20% dos pacientes portadores de pancreatite
aprimoramento das imagens que fornece, ocupa cada crônica são tratados cirurgicamente, especialmente
vez mais espaço no estudo dos pancreatopatas quando há persistência das manifestações dolorosas,
crônicos, especialmente em relação aos métodos impossibilitando o exercício das atividades normais,
endoscópicos. mesmo após abstinência do álcool e cuidados
terapêuticos adequados, ou quando surgem
A ecoendoscopia realiza detalhado estudo anatômico
complicações durante a evolução da doença, como
do parênquima pancreático e do sistema ductal, sem
pseudocistos pancreáticos complicados, ascite,
sofrer com a interposição gasosa que limita a US
derrame pleural, necrose infectada, abscessos, fístulas
convencional. Os principais achados de uma
pancreáticas, hemorragia digestiva de repetição ou
ecoendoscopia são a textura heterogênea do
incoercível e icterícia persistente.
parênquima, os cistos, as dilatações e irregularidades
ductais e as calcificações. Além das imagens obtidas, -O tratamento cirúrgico deve buscar controlar a dor,
essa técnica permite punção aspirativa por agulha fina corrigir a obstrução canalicular, fazer ressecções
do próprio parênquima ou do cisto. econômicas do parênquima glandular, retornar as
enzimas ao tubo digestivo e corrigir as alterações de
órgãos e estruturas vizinhas. De modo geral, as
-Tratamento: intervenções cirúrgicas podem ser divididas em dois
grandes grupos – as derivações e as ressecções –,
-Tratamento clinico: sendo preferíveis as primeiras em relação às últimas,
-O tratamento da pancreatite crônica alcoólica é por permitirem maior preservação do parênquima
incialmente clinico, visando melhoras dos sintomas e pancreático.
prevenindo complicações.
-Referência:
Everaldo Leite 11
-Inflamatório:
• Febre
• intervalo do início dos sintomas até o
atendimento
• dor (súbita ou insidiosa),
• Sinais de infecções ou sepse
• Quadro abdominal de peritonite evidente
• Hemograma
• RX simples do Abd
-Perfurativo:
-Vascular:
- A Figura 31.6 mostra o algoritmo utilizado para o -O tratamento do abdômen agudo inflamatório:
diagnóstico de quadro de dor abdominal aguda, Consiste na eliminação da infecção e origem da
preconizado pelo Consenso do XXVI Congresso contaminação, assim como exérese do órgão ou
Brasileiro de Cirurgia (2005). víscera comprometida, drenagem ampla e sutura.
• Etiologia
• Local perfuração
• Tempo de evolução
• Grau de contaminação cavidade intra-
-Com exceção da suspeita de abdômen agudo dpor abdominal
causas hemorrágicas, que usa para confirmar • Condições clinicas do paciente
diagnostico a ultrassom (mais fácil que a TC) e também
a TC, todos os outros tem como 1º exame o RX. -Na maioria dos casos o tratamento consiste em:
-Tratamento: • Sutura
• Lavagem exaustiva da cavidade peritoneal
-O tratamento cirúrgico reque uma ampla exposição da • Drenagem adequada
cavidade abdominal, para permitir visualização
completa das vísceras e espaços peritoneais. -Em determinadas situações, está indicada a ressecção
do segmento com perfuração; por exemplo, quando se
-A Figura 31.7 mostra o algoritmo para conduta no tem perfuração de intestino delgado e não há condição
abdome agudo não traumático, preconizado pelo local para uma simples sutura, é imperativa a exérese
Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia
de um segmento do intestino ou, ainda, pode ser
(2005). realizada a ostomia do segmento perfurado, por
exemplo, em caso de diverticulite de sigmoide
perfurada,
Everaldo Leite 7
-Portanto, resumindo, diante de contaminação lesadas, exérese parcial ou total do órgão lesado e,
acentuada da cavidade peritoneal e condições pouco eventualmente, também realização de ostomias.
satisfatórias do paciente, devem-se evitar
-Pacientes com lesão de trauma no fígado e baço com
anastomoses primárias ou suturas, tornando
presença de hemoperitônio, desde que a lesão não seja
aconselhável optar pela realização de ostomias
muito extensa, o paciente não apresentar dor
(ileostomia, colostomia).
abdominal intensa e estiver com estabilidade
hemodinâmica e com anemia sob controle, pode
adotar um tratamento conservador. Paciente fica em
observação rigorosa no ambiente hospitalar.
-Referencias:
• Ureia
• Creatinina
• Ácido Úrico
• Bilirrubina
• Metabolitos de hormônios
• Toxinas
• Fármacos
-Para controlar a homeostase, a excreção de água e -Os rins contribuem para regulação do equilíbrio ácido-
eletrólitos tem que ser cuidadosamente combinada base, junto com os pulmões e os tampões dos líquidos
com seus respectivos ganhos. corporais, através da excreção de ácidos e pela
regulação dos estoques de tampões líquidos corporais.
A entrada de água e de muitos eletrólitos é controlada
Os rins são a única forma de liberar alguns tipos de
principalmente pelos hábitos da ingestão de sólidos e
ácidos do corpo, como ácido sulfúrico e fosfórico,
de líquidos da pessoa, requerendo que os rins ajustem
gerados pelos metabólicos de proteínas.
suas intensidades de excreção para coincidir com a
ingestão de várias substâncias. -Regulação da produção de eritrócitos:
-Síntese de glicose:
-Os rins tem um importante papel na regulação da -Os rins são recoberto pela Capsula renal, logo em
pressão arterial a longo prazo, pela excreção de seguida vem o Córtex renal, e Medula.
quantidades variável de água e sódio. -A ureter e Capsula das pirâmides tem elementos
-A curto prazo os rins também podem participar da contrasteis que propelem a urina.
regulação da PA, pela secreção de hormônios e fatores
ou substancias vasoativas (Renina), que leva produção
de produtos vasoativos (AngII).
Everaldo Leite 3
ITU
-DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO:
-Localização:
Everaldo Leite 5
➢ Alta: comprometimento renal e pielocalicais -Um dos fatores que explicam esse fenômeno de
(pielonefrite). Ureter e Rins virulencia é a relação entre as bactérias e os tecidos do
➢ Baixa: bexiga (cistite). Bexiga e Uretra hospedeiro, ou seja, mecanismos que facultam a união
do microrganismo às células do hospedeiro, designado
-Frequência;
de aderência bacteriana. Esse é o ponto inicial da
➢ Esporadica: 1 episódio bacteriano sintomático instalação da infecção do trato urinário.
<6meses.
-As bactérias possuem pilli, flagelos ou adesinas, essas
➢ Recorrente: 2 ou mais episódios em 6 meses.
estruturas são as responsáveis pela ligação nos
receptores específicos no trato intestinal, as bactérias
que tem essas estruturas são principalmente GRAM-
-Sintomatologia: negativas e algumas positivas. Temos os receptores d-
➢ Assintomático: não tem sintomas manose, as fimbrias das bactérias que ligam nesses
➢ Sintomáticos: Refere a sintomas urinários receptores são chamadas de tipo I, estão mais
como, oliguria, urgência, polaciúria e etc. relacionados com a Cistite. Outro receptor é a
galactose, as bactérias que se ligam nele são do tipo P,
-Gravidade: tendo maior relação com Pielonefrite (80% dos casos
➢ Não complicada: infecções que se instalam em causadas por E. Coli).
um aparelho urinário livre de qualquer -Outros fatores de virulência: Escherichia coli, podem
alteração estrutural e/ou neurológica, e liberar toxinas após a aderência ao tecido do
costumam responder muito bem à hospedeiro, estimulando uma resposta inflamatória
terapêutica. que pode lesar diretamente o uroepitélio
➢ Complicada: acometem um aparelho urinário
previamente alterado na sua forma estrutural -Fatores relacionado ao hospedeiro:
e/ou neurológica, com resposta terapêutica
-As alterações dos mecanismos de defesa do trato
clássica habitualmente menos eficaz.
urinário bem como a presença de comorbidades são
-EPIDEMIO: condições que facilitam o surgimento da infecção no
idoso.
-A prevalência de ITU aumenta com a idade em ambos
os sexos pela diminuição dos mecanismos de defesa do -Mecanismos de defesa: O trato urinário é composto
trato urinário. por vários mecanismos que dificultam de formas
diferentes tanto a aderência quanto o crescimento
-No sexo masculino, esse aumento é maior pela bacteriano:
incapacidade do esvaziamento miccional completo
secundária ao aumento do volume prostático no ➢ microrganismos da flora vaginal normal,
envelhecimento. especialmente lactobacilos e difteroides,
dificultam a aderência e o crescimento
-PATOGENESE: bacteriano;
-Fundamentalmente existem duas vias para o ➢ pH ácido da secreção vaginal dificulta o
desenvolvimento da ITU: crescimento bacteriano;
➢ sistema imunológico local, especialmente a
➢ Via ascendente, sem dúvida a principal presença de IgA e IgG, dificulta a aderência
responsável pela invasão microbiana. bacteriana;
➢ Via hematogênica, menos frequente, ➢ fator bactericida prostático inibe a
resultante de embolização via hematogência multiplicação bacteriana.
do agente infeccioso, como Staphylococcus
aureus. -A própria composição da urina pode criar condições
adversas para o crescimento bacteriano, devido a pH
-Fatores relacionados com o agente etiológico: ácido, extremos da osmolalidade e alta concentração
de ureia e ácidos orgânicos.
-Enterobacteriaceae é a família mais comumente
responsável pela ITU em todas as faixas etárias -Outros fatores locais podem dificultar a aderência
bacteriana, como a presença da proteína de Tamm
Everaldo Leite 6
Horsfall, glicoproteína que contém manose em sua -Trato urinário alto: Na pielonefrite, febre alta e dor
cadeia de carboidratos, inibindo por competitividade a lombar ( e nos flancos) geralmente estão presentes,
ligação da Escherichia coli ao uroepitélio, e a camada mas podem ser substituídos ou mascarados por
de glicosaminoglicanas (GAG), que reveste a superfície manifestações gastrintestinais, como náuseas,
interna da bexiga. Tal superfície, por sua propriedade vômitos, distensão e dor abdominal, marcada confusão
hidrófila, atrai moléculas de água e atua como uma mental, desidratação grave, ou mesmo hipotermia e
barreira mecânica entre a superfície vesical e a urina. choque.
-Dentre todos esses mecanismos o principal seria o -A pielonefrite crônica descreve um rim contraído e
completo esvaziamento. cicatricial, cujo diagnóstico se baseia em evidências
morfológicas,
-Pode ocorrer também, em alguns casos, ausência de ➢ Novo ou marcado aumento da incontinência
piúria na presença de bacteriúria significativa. ➢ Novo ou marcado aumento da urgência
Portanto, não se deve estabelecer o diagnóstico de ITU ➢ Novo ou marcado aumento da frequência
apenas a partir da análise isolada do resultado
-2: Um dos seguintes subcritérios microbiológicos:
encontrado no exame de urina tipo I.
➢ Pelo menos 105 UFC/mℓ de não mais do que
-UROCULTURA: Com a identificação e a quantificação
duas espécies de microrganismos em uma
do número de colônias do agente etiológico, confirma
amostra de urina vertida
a presença de bacteriúria significativa. Geralmente so
➢ Pelo menos 102 de qualquer número de
indicada na forma complicada. Pedir sempre na
microrganismos.
pielonefrite, falha no tratamento inicial ou sepse.
-Idoso hospitalizado com risco de sepse: cefalosporina colonização bacteriana sem infecção das vias urinárias.
de terceira geração (ceftriaxona) pode ser uma boa A piúria sem bacteriúria justifica uma avaliação quanto
opção até estar disponível o resultado da urocultura à possibilidade de tuberculose, cálculos ou câncer.
que irá direcionar a terapêutica.
-
-Para pacientes ambulatoriais, fluoquinolonas,
nitrofurantoínas, sulfametoxazol + trimetoprima e
fosfomicina são os fármacos de primeira linha,
indicados para o tratamento inicial.
-Medidas adicionais:
atingido e os cristais se formam. O produto de existentes, a formação de novos cristais não pode
concentração neste ponto é chamado produto de ocorrer no período de tempo que normalmente
formação (Kf). demora até que a urina filtrada chegue à bexiga.
-Na faixa metaestável de produtos de concentração, -A redução de RSR pode ser obtida pela diminuição das
embora possa ocorrer o crescimento de cristais concentrações urinárias dos componentes do cálculo
Everaldo Leite 3
(p. ex., cálcio ou oxalato), pela redução da carga filtrada cálcio, com isso pode aumentar a precipitação
ou pelo aumento da reabsorção urinária. Além disso, a (cristalização).
formação de complexos com substâncias como citrato
-Quando o produto da concentração do oxalato de
reduz o cálcio iônico livre disponível e diminui o RSR.
cálcio ultrapassa o produto de formação, existe
Por outro lado, a manipulação de fatores como o pH
possibilidade de cristalização. Contudo, na presença de
pode afetar de modo significativo a concentração de
inibidores e outras substâncias, a precipitação do
íons como fosfato, cuja geração é altamente
oxalato de cálcio só acontece quando a supersaturação
dependente do pH. Entretanto, a manipulação do pH
excede a solubilidade em 11x.
tem pouco efeito sobre a concentração de oxalato,
uma vez que o ácido oxálico é um ácido forte (pK = 4) e
mudanças de pH dentro da faixa fisiológica terão pouco
efeito sobre a concentração de oxalato.
-Enquanto o aumento de oxalato, cálcio, fosfato e -A nefrocalcina, uma glicoproteína ácida fabricada nos
ácido úrico aumentam a supersaturação do oxalato de rins impede formação de núcleos, agregação e
crescimento do oxalato de cálcio.
Everaldo Leite 4
-Visões opostas sobre a formação e o crescimento de -Em vista desses achados, vários pesquisadores
partículas cristalinas provocaram controvérsias sobre o revisitaram o papel das placas de Randall na
conceito de crescimento de partículas de cristal livre patogênese da formação de cálculo. Low e Stoller
versus crescimento de partículas fixas. (1997) mapearam as papilas de pacientes submetidos
à remoção endoscópica de cálculos, assim como
-Embora a formação de cálculos de partículas livres indivíduos‑controle submetidos a endoscopia por
tenha sido conclusa que não poderia ocorrer, em motivos não relacionados a litíase, e constataram que
trânsito normal do nefron, foi mostrado que é possível placas papilares ocorriam em 74% dos formadores de
formar cálculos a partir de partículas livres. cálculos em comparação a apenas 43% dos
- A teoria do crescimento de partículas fixas pressupõe indivíduos‑controle.
um local de ancoragem ao qual os cristais se ligam, -Entre formadores de cálculos de oxalato de cálcio
consequentemente prolongando o tempo pelo qual os idiopáticos, foi demonstrado que o volume da
cristais são expostos à urina supersaturada e superfície papilar coberta pela placa estava
facilitando o crescimento e a agregação dos cristais. correlacionado negativamente ao volume urinário e
-Uma teoria favorecida propõe que lesões das células positivamente à hipercalciúria e ao número de cálculos
epiteliais tubulares renais induzidas por oxalato formados, fornecendo evidência clínica adicional para
promovam a aderência de cristais de oxalato de cálcio. corroboração dessa sequência de eventos. Além disso,
O oxalato e o próprio oxalato de cálcio induzem uma observaram que em aproximadamente metade da
lesão epitelial, provocando apoptose das células coorte estudada de formadores de cálculo de oxalato
tubulares, essa lesão é devida produção de um estresse de cálcio, os cálculos estavam fixados às papilas renais,
oxidativo com formação de ROS. Pacientes com níveis sugerindo que a formação de cálculos fixos constitui
baixos de antioxidante tem certo fator de risco para uma etapa inicial no processo de formação de cálculo.
formação de cálculos. Agentes antioxidantes (B- -Usando microespectroscopia foi identificado que o
Caroteno) se ligam aos radicais livres (ROS) e impedem componente cristalino da placa foi determinado como
a peroxidação (Gera necrose). apatita de cálcio. A análise subsequente revelou que os
-O modo como a lesão das células do túbulo renal depósitos consistiam em partículas laminadas
induzida por oxalato possivelmente promoveria a individuais com camadas minerais e orgânicas. Todos
retenção de cristais não é conhecido. Observou pela os cristais eram revestidos por material orgânico, e
primeira vez áreas de lesão associadas a placas osteopontina foi identificada na superfície externa do
subepiteliais nas papilas renais. Logo outras pesquisas cristal, na junção com a camada molecular orgânica
em ratos hiperoxalúrico demostraram presenta de acima, possivelmente implicando a osteopontina na
cristais fixados em lesões epiteliais nos ductos biologia da placa.
coletores. -Uma hipótese intrigante, mas não comprovada, para a
-Não está claro se as células tubulares renais ou o origem das partículas de fosfato de cálcio descritas
interstício constituem o local primário de formação do anteriormente, envolve nanobactéria ou
cálculo. nanopartículas calcificantes (CNPs, do inglês calcifying
nanoparticles), que são entidades autopropagadas que
-Evidências de endocitose de cristais de oxalato de precipitam a apatita de cálcio em sua membrana
cálcio em células tubulares renais foram demonstradas externa, mas para as quais não foi identificado um
em pacientes com distúrbios de metabolismo do material genômico até o momento.
oxalato. A incorporação intracelular desses cristais
Everaldo Leite 5
-A patogênese da formação de cálculos em formadores -Na acidose tubular renal (ATR) distal, os pacientes
de outros cálculos de cálcio e em formadores de tipicamente exibem calcificações renais extensas. Em
cálculo não mediados por cálcio pode diferir dos alguns pacientes, foram observadas alterações
formadores de cálculos de oxalato de cálcio idiopáticos papilares mínimas, enquanto em outros as papilas
típicos. estavam pontilhadas e continham tampões de fosfato
de cálcio que sofriam protrusão dos ductos coletores
-Obs.: Fosfato de cálcio é a mesma coisa de calculo de
dilatados, com extensa fibrose ao redor. Placas de
hidroxiapatita ou apatita.
Randall foram encontradas raramente. Em contraste,
-Ao contrário dos formadores de cálculos de oxalato de pacientes com hiperparatireoidismo primário exibem
cálcio idiopáticos, pacientes com hiperoxalúria aspectos histológicos dos formadores de cálculos de
entérica resultante de derivação intestinal para bruchita, incluindo a obstrução dos ductos de Bellini e
obesidade não demonstram placas, mas, em vez disso, ductos coletores medulares internos, mas também
apresentam depósitos de cristal de apatita obstruindo apresentam depósitos intersticiais de placa e um
as luzes do ducto coletor medular interno, juntamente crescimento excessivo associado dos cálculos,
com lesão de células epiteliais associadas a inflamação tradicionalmente observados nos formadores de
e fibrose intersticial. Curiosamente, apesar da urina cálculos de oxalato de cálcio idiopáticos.
ácida tipicamente encontrada nesses pacientes, os
-Por fim, embora tenha sido constatado que pacientes
depósitos de cristais são compostos por apatita, que
com cistinúria apresentam obstrução dos ductos
geralmente é instável em baixo pH urinário (ácido),
coletores terminais de Bellini por massas de cristais de
sugerindo a discordância entre o pH tubular local e o
cistina, surpreendentemente também foram
pH urinário final.
identificados depósitos de apatita nos ductos coletores
-Foi constatado que formadores de cálculos de medulares internos e nos ramos ascendentes finos das
bruchita apresentam uma patologia intermediária alças de Henle. Foi especulado que talvez a carga
entre formadores de cálculos de oxalato de cálcio alcalina associada ao tratamento de formadores de
idiopáticos e pacientes com derivação intestinal, cálculos de cistina ou a obstrução dos ductos coletores
demonstrando placas de apatita intersticial e medulares internos pelos tampões de cistina,
obstrução por apatita dos ductos coletores medulares produzindo um defeito da acidificação, poderiam
internos e terminais, juntamente com lesão associada promover a cristalização da apatita.
do ducto coletor e fibrose intersticial postularam que
-Resumo: Saturação, Nucleação, Agregação, Retenção.
a patogênese dos cálculos de bruchita ocorreria pela
Esses são os processos para formar os cálculos: Para
cristalização de apatita nos ductos coletores,
formar um calculo primeiro precisamos ter uma
provocando lesão do ducto coletor, morte celular e
supersaturação, onde inibidores permitirão que a
dilatação dos ductos coletores. A inflamação
substancia fique supersaturada, porém, impedem a
intersticial em resposta às células lesadas poderia
nucleação (precipitação) dos sais, logo ao momento
provocar o envolvimento progressivo do tecido renal
que essa saturação excede os inibidores, ocorre
adjacente. Observando um aumento recente na
nucleação e com isso formação de cristais. A partir dos
incidência de cálculos de bruchita, levantaram a
cristais formados, eles precisam se agregar para
hipótese de que alguns cálculos de bruchita poderiam
promover seu crescimento, levando retenção desses
começar como cálculos de oxalato de cálcio após um
cálculos. Para formação de cálculos é preciso da
insulto inicial desencadear a formação da placa. O
retenção dos mesmos, vistos que os cristais podem ser
insulto subsequente, talvez causado por infecção ou
eliminados na urina, existe 2 teorias para retenção. 1º
litrotripsia por onda de choque, provocaria então uma
Teoria, a de partículas livres, que devido a algumas
disfunção tubular causando um ambiente alcalino,
condições já citadas permitem agregação dos cristais
inflamação e depósito intraductal de ácido hialurônico,
livres. 2º Teoria, a de particulares fixas em pontos de
promovendo por fim uma transição para os cálculos de
ancoragem onde ocorre sua agregação. Para ocorrer a
bruchita.
agregação é preciso ter a retenção, esses 2 processos
-Placa de Randall, denominado de´´ placa´´ é o local ocorrem simultaneamente.
ideal para fixação e crescimento do calculo de oxalato
-Inibidores e promotores de formação de cristais:
de cálcio. Essa placa localiza nas papilas.
-Nas concentrações em que a maioria dos
componentes salinos formadores de cálculos
Everaldo Leite 6
(incluindo cálcio, oxalato e fosfato) está presente na -Duas glicoproteínas urinárias, a nefrocalcina e a
urina, a urina é supersaturada, consequentemente glicoproteína de Tamm‑Horsfall, são inibidores
favorecendo a formação de cristais. Contudo, a potentes da agregação de cristais de oxalato de cálcio
presença de moléculas que elevam o nível de mono‑hidratado.
supersaturação necessário para iniciar a nucleação dos
-A osteopontina, ou uropontina, é uma glicoproteína
cristais ou reduzir a taxa de crescimento ou agregação
fosforilada ácida expressa na matriz óssea e nas células
dos cristais impede que ocorra a formação de cálculos
epiteliais renais do segmento ascendente da alça de
rotineiramente.
Henle e do túbulo distal. Foi demonstrado que a
-Embora tenham sido identificados inibidores que osteopontina inibe a nucleação, o crescimento e a
previnem a cristalização do oxalato de cálcio e fosfato agregação de cristais de oxalato de cálcio, além de
de cálcio, não é conhecido nenhum inibidor específico reduzir a ligação de cristais a células mepiteliais renais
que afete a cristalização do ácido úrico. in vitro.
-Estudos no tecido papilar, semelhantes aos realizados • Hipercalciúria: Com ou sem hipercalcemia.
nos pacientes formadores de cálculos de oxalato de • Hiperoxaluria: Associada a DII e/ou má
cálcio idiopático, revelaram não haver qualquer absorção intestinal ou hiperoxaluria primaria.
evidência de placas de Randall. O que se observou • Hipocitratúria:
nesses indivíduos foram depósitos de cristais, também • pH urinário: Alcalino está relacionado com
de fosfato de cálcio, aderidos às paredes e formação de fosfato de cálcio
preenchendo a luz dos ductos coletores, o que sugere • Baixo volume urinário
patogênese distinta de formação de cálculos nesse
grupo.
calcitriol nos macrófagos dos granulomas, que -Pacientes com baixa ingesta de cálcio favorecem a
não são influenciados pelo PTH. Com isso, oxalúria, aumentando absorção intestinal de oxalato.
ocorre aumento na reabsorção de cálcio no
-Não indicar dieta pobre em cálcio, mesmo que calculo
trato gastrintestinal e supressão do PTH.
seja de oxalato de cálcio.
• Hipocitratúria: Citrato é um ânion encontrado
na urina, que se liga ao cálcio urinário e forma
um complexo solúvel, diminuindo o cálcio
iônico que se liga no oxalato ou ao fosfato.
Concentração urinária de citrato é aumentada
pela alcalose e reduzida pela acidose, que pode
ser ocasionada por alta ingesta proteica,
diarreia e hipocalemia. Hipocitratúria também
pode ser idiopática.
• Hiperoxalúria: Em média, metade do oxalato é
proveniente da dieta e a outra metade da
produção endógena. O aumento desse oxalato
pode ser resultado do aumento da sua
absorção intestinal ou produção endógena.
▪ Hiperoxalúria da Dieta: Pode
ocorrer em indivíduos com -Cálculos sem cálcio:
baixa ingesta de cálcio, o que • Cálculo de Ácido úrico: Representa cerca de
provoca maior absorção 7% dos cálculos. São de origem congênita,
intestinal e dieta com alto teor adquirida ou idiopática (maior parte).
de proteínas e oxalato. Mostram associação com DM Tipo II,
▪ Hiperoxaluria entérica: Há obesidade, ganho de peso, situações em que
aumento na absorção ocorre aumento endógeno da produção de AU.
intestinal de oxalato em -Baixo volume urinário é fator de risco para sua
situações que resultem em má formação. Ocorre em urina ácida pH< 5,5.
absorção de gorduras, como • Estruvita: formam-se apenas em pacientes
na doença pancreato- com infecção urinária crônica devido a
duodenal e após cirurgias com microorganismo produtor de urease como
ressecção ileal ou bypass. No Proteus e Klebsiella; no entanto, tem-se
intestino, o cálcio proveniente observado que mesmo bactérias não
da dieta se liga a ácidos livres produtoras de urease, tal como a Escherichia
de gordura, permitindo coli, podem criar condições litogênicas por
absorção de oxalato livre. Não centralizarem o processo de cristalização.
há nenhum tratamento • Cistina: Podem se desenvolver em pacientes
específico, mas os pacientes com cistinúria (doença autossômica recessiva
podem se beneficiar de dieta caracterizada por uma inabilidade no
pobre em gordura e em manuseio dos aminoácidos dibásicos).
oxalato. Dietas ricas em cálcio
ou suplementação de cálcio -Manifestações clinicas:
ingerida durante a refeição
-Paciente pode apresentar sintomas clássicos como:
pode ser útil por reduzir o
oxalato livre. • Dor lombar, nos flancos ou fossa ilíaca, do tipo
▪ Hiperoxaluria primaria: cólica, súbita, intensa, sem fatores de melhora
Doença autossômica recessiva ou piora, irradiando para trajeto ureteral,
que interfere na síntese do bexiga e genitália externa.
oxalato. Aumentando sua • Hematúria macroscópica
síntese.
-Pode apresentar assintomático. Pode aparecer
sintomas atípicos:
Everaldo Leite 9
-Investigação metabólica:
-Intervenção Urológica:
-Quando encaminhar:
Para emergência:
• cálculo com evidência de infecção -Nessa tabela mostra tratamento dos cálculos renais.
concomitante;
• cálculo obstrutivo em rim único ou em
paciente transplantado renal;
• dor refratária ao tratamento clínico (analgesia
e terapia expulsiva);
• Insuficiência renal aguda.
Artigo:
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/133208
2036Litiase_Renal.pdf
APG16
Everaldo Leite 1
Lesão Renal Aguda -A azotemia pré-renal (termo formado por “azo”, que
significa nitrogênio; e “emia”, sanguínea) é o tipo mais
comum de LRA. Esse termo é usado para descrever a
-A lesão renal aguda (LRA), antes conhecida como elevação da concentração da Ureia ou da SCr em
insuficiência renal aguda (IRA), caracteriza-se pela consequência do fluxo plasmático renal inadequado e
redução repentina da função renal com retenção de da pressão hidrostática intraglomerular insuficiente
escórias nitrogenadas e outros produtos residuais para manter a filtração glomerular normal.
eliminados normalmente pelos rins.
-Os distúrbios clínicos associados a azotemia, são:
-A LRA não é uma única doença, mas é o termo usado
• Hipovolemia
para descrever um grupo heterogêneo de distúrbios
• Baixa do Debito cardíaco
que têm em comum alguns elementos diagnósticos,
• Medicamentos que interferem com as
principalmente aumento da concentração de
respostas autorreguladoras renais: AINEs,
nitrogênio urêico sanguíneo (NAS) e/ou elevação da
IECA.
concentração plasmática ou sérica de creatinina (SCr),
geralmente associada à diminuição do volume urinário. -A LRA pré-renal pode coexistir com outras LRA
intrínseca.
-A gravidade da LRA pode variar das alterações
transitórias e assintomáticas dos parâmetros -O período prolongado da azotemia pré-renal pode
laboratoriais da taxa de filtração glomerular (TFG), até causar isquemia, condição conhecida como necrose
os casos de desequilíbrios agressivos e rapidamente tubular aguda (NTA).
fatais da regulação do volume circulante e da
composição eletrolítica e acidobásica do plasma. -A azotemia pré-renal não inclui lesão no parênquima
renal, e pode ser revertida rapidamente quando a
-Estadiamento hemodinâmica intraglomerular é normalizada.
-Além disso, um reflexo miogênico intrínseco à corporal total. A resistência vascular sistêmica diminui
arteríola aferente causa dilatação quando há acentuadamente em consequência da vasodilatação
diminuição da pressão de perfusão e, deste modo, arterial primária dos vasos esplâncnicos e, por fim,
mantém a perfusão glomerular. resulta na ativação das respostas vasoconstritoras
semelhantes às que ocorrem com a hipovolemia. A LRA
-Em resposta a diminuição da perfusão renal ocorre
é a complicação mais comum desse caso e pode ser
biossíntese de vasodilatadores: prostaglandinas e
desencadeada pela depleção do volume e pela
oxido nítrico.
peritonite bacteriana espontânea. É um mal
-A autorregulação também é feita pelo feedback prognostico quando o paciente apresenta a síndrome
túbulo-glomerular, no qual a redução na quantidade de hepatorrenal.
soluto apresentado a macula densa (células
especializadas localizadas nos túbulos proximais)
provoca dilatação da arteríola aferente justaposta de
forma a manter a perfusão glomerular. Tal mecanismo
é mediado por NO.
comumente à LRA são operações cardíacas as concentrações podem ser maiores que a do
com bypass cardiopulmonar (principalmente plasma. Geralmente a LRA ocorre depois de 5-
em operações de substituição valvar e bypass 7 dias de tratamento e pode aparecer após
simultâneos), intervenções vasculares com interrupção do tratamento. A Anfotericina B
clampeamento transversal da aorta e causa vasoconstrição renal devido feedback
operações intraperitoneais. tubuluglomerular e também lesão tubular
• Queimadura e pancreatite aguda: Em ambas direta devida produção de ROS. Sua toxicidade
essas situações é comum ter perda do de é dose dependente e tempo dependente, esse
volume, pois existe o extravasamento para medicamento se liga ao colesterol da
espaço extravascular. A LRA ocorre em cerca membrana tubular formando poros.
de 25% dos pacientes que queimam 10% da Manifestações da nefrotoxicidade por
superfície corpórea. anfotericina B incluem poliuria,
• Doença da microcirculação com isquemia hipomagnesemia, hipocalcemia e acidose
secundaria: As causas microvasculares da LRA metabólica.
incluem as microangiopatias trombóticas. -Vancomicina: Podem causar LRA, contido não
foi demostrado como acontece
-LRA associada a nefrotoxinas: -Aciclovir: Precipita nos túbulos causando
-Os rins são susceptíveis a nefrotoxicidade em razão da obstrução e com isso LRA.
perfusão sanguínea extremamente alta e da • Quimioterápicos: A cisplatina e carboplatina
concentração de substancias que circulam nos nefrons acumulam-se nos túbulos proximais e causam
e no interstício medular, isso acarreta exposição as necrose e apoptose. Pode evitar um pouco do
células tubulares, intersticiais e endoteliais. Essas efeito nefrotóxico com alta ingesta hídrica.
lesões nefrotóxicas podem ser causadas por: • Substancias toxicas ingeridas: Etilenoglicol
Fármacos, toxinas (endógenas e exógenas). podem causar lesão tubular direta.
• Toxinas endógenas: a LRA pode ser causada
-Alguns fatores de risco para LRA nefrotóxica: Idade
por alguns agentes endógenos, como:
avançada, ICC, azotemia pré-renal e hipoalbuminemia Mioglobina, hemoglobina e cadeias leves de
(aumenta toxinas livres circulantes). mieloma. Mioglobina é liberada quando se tem
• Contraste: Contraste iodado é um dos lesão das células musculares e as
principais causadores da nefrotoxicidade. hemoglobinas liberadas no processo de
Entretanto, esses contrastes são relevantes hemólise. Os fatores patogenéticos da LRA
quando paciente estão com LRC (lesão renal incluem vasoconstrição intrarrenal, toxicidade
crônica), em pacientes com função renal direta dos túbulos proximais e obstrução
normal não há muito risco. Evolução do mecânica do lúmen do néfron distai quando a
paciente que apresenta nefrotoxicidade ao mioglobina ou a hemoglobina precipita-se com
contraste seria a elevação da creatinina em 24 a proteína de Tamm-Horsfall, tal processo de
a 48 horas. A nefropatia por contraste tem 3 precipitação é favorecido pela acides da urina.
mecanismos que podem explica-la. 1º hipoxia • Doença tubulointersticial alérgica aguda e
da medula renal por obstrução dos pequenos outras causas de LRA intrínseca: Embora
vasos. 2º Lesão citotóxica direta nos túbulos ou algumas das etiologias tóxicas e isquêmicas da
por formações ROS. 3º Obstrução tubular LRA descritas acima causem doença
transitória devido contraste precipitado. tubulointersticial, muitos fármacos também
• Antibióticos: Vários agentes antimicrobianos estão associados à ocorrência de respostas
podem causar LRA. São eles: alérgicas evidenciadas por infiltrados
-Aminoglicosídeos e anfotericina B: Podem inflamatórios e, em geral, eosinofilia no sangue
causar necrose tubular. 10 a 30% dos pacientes periférico e na urina. A LRA pode ser causada
que fazem uso de aminoglicosídeos por várias infecções e doenças infiltrativas. As
apresentam LRA não oliguria (sem redução doenças dos glomérulos ou dos vasos
significativa do nível urinário). Os sanguíneos podem causar LRA quando
aminoglicosídeos são filtrados pelos comprometem o fluxo sanguíneo na circulação
glomérulos e acumulam no córtex renal, onde renal. A glomerulonefrite ou a vasculite é uma
causa relativamente incomum, mas
Everaldo Leite 5
potencialmente graves de LRA, que pode exigir • Elevação da Creatinina (> 0,3mg/dL ou 50%
tratamento imediato com agentes maior que o valor basal num período de 24-48
imunossupressores ou plasmaférese horas) ou;
terapêutica. • Redução do debito urinário em 0,5
mL/Kg/hora por mais de 6 horas.
Lesão pós-renal aguda dos rins
-Com base nessa definição, alguns pacientes com LRA
-Ocorre quando o fluxo unidirecional da urina é
não terão lesão glomerular ou tubular (ex: azotemia
bloqueado abruptamente (parcial ou total), resultando
pré-renal).
no aumento retrogrado da pressão hidrostática e
interferindo na filtração glomerular. -É importante diferenciara LRA da LRC (lesão renal
crônica) para definir diagnostico e tratamento. Essa
-Essa obstrução pode ocorrer em qualquer nível da
diferenciação é fácil quando se tem uma dosagem
pelve até a extremidade da uretra.
recente basal de creatinina, quando não se tem fica
-Um fluxo urinário normal não exclui a existência de mais difícil. Quando não se tem o resultado basal
obstrução parcial, porque a TFG normalmente é cerca anterior, para classificar em LRC deve utilizar métodos
de duas vezes maior do que fluxo urinário. Para que de imagem (rins pequenos e retraídos com
ocorra LRA nos indivíduos normais, a obstrução deve adelgaçamento cortical visto na USG) ou laboratorial
envolver os dois rins, a menos que apenas um deles (anemia normocítica e hiperparatireoidismo
seja funcional, porque nestes casos a obstrução secundário com hiperfosfatemia e hipocalcemia)
unilateral pode causar LRA. A obstrução unilateral compatível com LRC (Doença renal crônica DRC).
pode causar LRA quando há DRC coexistente
-Nenhum exame é capaz de excluir presença de LRA
significativa ou, raramente, em consequência do
superposta em pacientes com LRC.
vasospasmo reflexo do rim contralateral.
-Após diagnostico de LRA é preciso descobrir a
-Algumas causas da obstrução: Litíase, HPB, bexiga
etiologia.
neurogênica, tratamento com anticolinérgico.
-Anamnese e Exame fisico:
-A fisiopatologia da LRA pós-renal inclui alterações
hemodinâmicas desencadeadas pelo aumento súbito -O contexto clinico, história bem detalhada e um bom
das pressões intratubulares. O período inicial de exame físico reduzem as possibilidades do diagnostico
hiperemia causada pela dilatação das arteríolas diferencial da etiologia da LRA.
aferentes é seguido de vasoconstrição intrarrenal
secundária às sínteses de angiotensina II, tromboxano -Na Azotemia pré-renal:
A2 e vasopressina e à redução dos níveis de NO. A -Anamnese, considerar sempre que o paciente
redução da TFG é atribuída à hipoperfúsão dos apresentar:
glomérulos e, possivelmente, às alterações do
coeficiente de ultrafiltração glomerular. • Vomito
• Diarreia
• Glicosuria com poliuria secundaria
• Paciente utiliza: Diuréticos, AINES, IECA e BRA.
• Hipotensão ortostática
• Taquicardia
• Diminuição pressão jugular
• Redução turgor cutâneo
-Diagnostico: • Mucosas desidratadas
-Anamnese:
Everaldo Leite 6
• História de doenças: Prostática, nefrolitíase, -A azotemia pré-renal pode evidenciar-se por cilindros
HPB e etc. hialinos ou sedimento urinário inexpressivo.
• Dor espasmódica nos flancos com irradiação
-A LRA pós-renal também pode produzir sedimento
para virilha.
urinário inespecífico, mas pode haver hematúria e
• Noctúria, hesitação ou urgência podem
piúria, dependendo da causa da obstrução.
ocorrem em doenças prostáticas.
• Distensão abdominal e dor suprapúbica -A LRA secundária à NTA causada por lesão isquêmica,
podem indicar distensão vesical grave. sepse ou algumas nefrotoxinas produz anormalidades
características no sedimento urinário: cilindros
-Presença de sinais e sintomas no inicio da obstrução
granulosos pigmentados “marrom turvo” e cilindros de
depende da localização da obstrução.
células do epitélio tubular. Entretanto, essas
-Para fechar diagnostico de causas obstrutivas ´´e anormalidades podem estar ausentes em mais de 20%
necessário exame de imagem. dos casos.
-Sempre na anamnese perguntar sobre fármacos em -A glomerulonefrite pode formar hemácias dismórficas
uso. ou cilindros hemáticos.
-As reações idiossincrásicas a uma gama variada de -A nefrite intersticial pode causar a formação de
fármacos podem causar nefrite intersticial alérgica, cilindros leucocitários. As anormalidades do sedimento
que pode acompanhar-se de febre, artralgias e erupção urinário são até certo ponto idênticas na
eritematosa pruriginosa. Entretanto, a inexistência de glomerulonefrite e na nefrite intersticial e o
manifestações sistêmicas de hipersensibilidade não diagnóstico nem sempre é possível com base apenas
exclui o diagnóstico da nefrite intersticial. na análise do sedimento.
-Anormalidade urinarias:
-Deve pedir o exame simples de urina (EAS) e -Hemograma pode fornecer informações importantes:
sedimentar urinário. Seus resultados devem ser • Anemia multifatorial é comum na LRA
relacionados com a clinica do paciente, visto que
• Eosinofilia pode estar associada a nefrite
valores laboratoriais isolados tem pouca
intersticial
especificidade.
-Em geral a LRA causa:
-LRA nefrotóxica ou isquêmica cursam com proteinúria
branda (<1g/dia). • Hiperpotassemia
• Hiperfosfatemia
-Quando o teste da fita urinária é positivo para
• Hipercalcemia
hemoglobina, mas há poucas hemácias evidentes no
sedimento urinário, deve-se suspeitar de rabdomiólise -Investigação radiológica:
ou hemólise.
Everaldo Leite 7
-Tratamento:
-Quando a etiologia da LRA não é definida com base na -A abordagem de pacientes com risco para desenvolver
história clínica, no exame físico e nos exames ou já desenvolveu LRA dependerá da etiologia.
laboratoriais, a biópsia renal deve ser considerada. Os -Algumas medidas iniciais podem ser tomadas
resultados da biópsia podem fornecer informações independente da etiologia:
diagnósticas e prognósticas definitivas quanto às
doenças renais agudas e crônicas. Na maioria dos • Melhorar função hemodinâmica
casos, esse exame é realizado nos pacientes com LRA • Correção desequilíbrio hidroeletrolítico
quando as possibilidades de azotemia pré-renal, LRA • Interrupção uso de fármacos nefrotóxicos
pós-renal e LRA isquêmica ou nefrotóxica foram • Ajuste de dose de fármacos
consideradas improváveis e outros diagnósticos
-As causas comuns de LRA, inclusive sepse e NTA
possíveis ainda são considerados, inclusive
isquêmica, ainda não têm tratamentos específicos
glomerulonefrite, vasculite, nefrite intersticial,
depois que a lesão já ocorreu, mas a monitoração
nefropatia do mieloma, SHU e PTT e disfunção de um
clínica cuidadosa é necessária até que a LRA regrida (se
aloenxerto. A biópsia renal está associada ao risco de
isto ocorrer).
sangramento, que pode ser grave e colocar em risco o
rim ou a vida dos pacientes com trombocitopenia ou -Os rins tem alta capacidade de autorregeneração,
coagulopatia. mesmo em casos de LRA grave com dialise, alguns
pacientes não retornam à função renal completa e
necessitam de dialise.
-Azotemia pré-renal:
-Cirrose e síndrome hepatorrenal: nos tecidos lesados e são liberados quando os tecidos
cicatrizam.
-A reposição de líquidos aos pacientes com cirrose,
ascite e LRA é difícil porque geralmente há dificuldade -LRA pós-renal:
em determinar precisamente as condições de volume
-O diagnóstico imediato e a correção precoce da
intravascular.
obstrução do trato urinário podem evitar o
-Administração de grandes quantidades de liquido desenvolvimento de lesões estruturais irreversíveis
pode piorar a ascite e comprometer função pulmonar induzidas pela estase urinária. O local da obstrução
dos pacientes com síndrome hepatorrenal ou LRA define a abordagem terapêutica. A catete- rização
associada a peritonite bacteriana. A possibilidade de transuretral ou suprapúbica da bexiga pode ser a única
peritonite deve ser excluída por cultura do líquido medida necessária inicialmente para tratar estenoses
ascético. uretrais ou disfunção vesical. A obstrução uretérica
pode ser revertida pela colocação de um tubo de
-O tratamento definitivo da síndrome hepatorrenal é o
nefrostomia percutânea ou stent urete- ral. O alívio da
transplante hepático ortotópico.
obstrução geralmente é seguido de diurese apropriada
-LRA intrínseca: ao longo de alguns dias. Em casos raros, a poliúria grave
persiste em consequência da disfunção tubular e pode
-Vários fármacos foram testados e não conseguiram exigir a administração contínua de líquidos e eletrólitos
produzir efeitos benéficos comprovados nos pacientes intravenosos por períodos longos.
com lesão tubular isquêmica aguda.
-Medidas de suporte:
-A LRA associada à glomerulonefrite ou à vasculite
pode responder com imunossupressores e/ou
plasmaférese.
-Acidente Laquético:
o Glomerulopatia primária com negativos da fase aguda (p. ex., albumina e fetuína)
hipertensão o diminuem com a perda progressiva da função renal,
o Doença renal vascular e isquêmica mesmo que o indivíduo tenha doença renal sem
• Doença renal policística autossômica proteinúria. Desse modo, a inflamação associada à
dominante disfunção renal é importante para a síndrome de
• Outras nefropatias císticas e tubulointersticiais desnutrição-inflamação-aterosclerose/calcificação,
que contribui para a aceleração da doença vascular e a
-Fisiopatologia e bioquímica da uremia: incidência de comorbidade associada à doença renal
-A concentração de ureia e creatinina é usado para avançada.
avaliar capacidade de excreção renal. Entretanto, o -Em resumo, a fisiopatologia da síndrome urêmica
acumulo dessas duas substancias não explicam muito pode ser subdividida em manifestações disfuncionais
os sintomas da síndrome urêmica da insuficiência renal em três esferas:
avançada.
• Distúrbios secundários à acumulação das
-Centenas de toxinas que se acumulam na insuficiência toxinas normalmente excretadas pelos rins,
renal foram implicadas na síndrome urêmica. As como os produtos do metabolismo das
concentrações séricas da ureia e da creatinina, embora proteínas;
possam ser determinadas facilmente, devem ser • Anormalidades consequentes à perda das
entendidas como marcadores substitutos e imprecisos outras funções renais, como a homeostasia
desses compostos (se tem elevação de U e C, também hidreletrolítica e a regulação hormonal;
vai ter elevação da quantidade de toxinas); a
• Inflamação sistêmica progressiva e suas
monitoração dos níveis da ureia e da creatinina do
consequências vasculares e nutricionais.
paciente com disfunção renal é uma simplificação
exagerada do estado urêmico. -Manifestações clinicas e laboratoriais da DRC e da
uremia:
-A síndrome urêmica e o estado patológico de
disfunção renal avançada envolve mais que uma -A uremia causa distúrbios funcionais em quase todos
falência excretora dos rins. Vaias funções metabólicas os sistemas do organismo. A diálise crônica pode
e endócrinas renais são comprometidas, podendo reduzir a incidência e a gravidade de alguns desses
causar: distúrbios, de forma que as manifestações evidentes e
marcantes da uremia praticamente desapareceram do
• Anemia cenário de saúde moderno. Entretanto, como se pode
• Desnutrição observar no Quadro 11.4, mesmo o tratamento
• Anormalidade no metabolismo dos dialítico ideal não é totalmente eficaz como terapia
carboidratos, gordura e proteínas renal substitutiva, porque alguns distúrbios resultantes
-Em razão da retenção urinária ou da degradação da disfunção renal não melhoram com diálise.
reduzia ou da regulação hormonal anormal, os níveis -Distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-base;
plasmáticos de alguns hormônios podem alterar na
insuficiência renal: -Homeostasia do sódio e água:
que sua capacidade de eliminação, a expansão do VLEC que afetam preferencialmente o néfron distai (p. ex.,
será isotônica e o paciente terá concentração uropatia obstrutiva e nefropatia falciforme).
plasmática de sódio e osmolaridade efetiva normais
-Embora exista esses 2 mecanismos para eliminar o -A combinação de hiperpotassemia com acidose
potássio, a hiperpotassemia pode ser desencadeada metabólica hiperclorêmica é observada comumente,
por algumas situações: mesmo nos estágios iniciais (estágios 1 a 3), nos
pacientes com nefropatia diabética ou nos indivíduos
• Aumento da ingesta de potássio
com doença predominantemente tubulointersticial ou
• Catabolismo proteico
uropatia obstrutiva; esta condição é conhecida como
• Hemólise acidose metabólica sem anion gap. A correção da
• Hemorragia hiperpotassemia pode aumentar a produção renal de
• Acidose metabólica amónia, ampliar a síntese renal de bicarbonato e
• Medicamentos: alguns inibem excreção renal melhorar a acidose metabólica.
de k+. (IECA, BRA, Espironolactona-
poupadores de potássio) -OBS. Acidose metabólica é a redução primária no
bicarbonato (HCO3−), tipicamente com diminuição
-Algumas causas de DRC podem estar associadas à compensatória da pressão parcial de dióxido de
alteração mais precoce e profunda dos mecanismos carbono (Pco2); o pH pode estar acentuadamente baixo
secretores de potássio no néfron distai, que se torna ou ligeiramente subnormal. A acidose metabólica
desproporcional ao declínio da TFG. Isso inclui os caracteriza-se como hiato aniônico elevado ou normal,
distúrbios associados ao hipoaldosteronismo com base na presença ou ausência de ânions não
hiporreninêmico (p. ex., diabetes) e as doenças renais
Everaldo Leite 5
mensurados no soro. As causas incluem acúmulo de DRC, pode ser complicada pela acidose metabólica com
cetonas e ácido láctico, insuficiência renal e ingestão anion gap à medida que a doença avança.
de fármacos ou toxinas (hiato aniônico elevado) ou
-No geral o pH raramente fica <7,35 e essa acidose
perdas renais ou gastrointestinais de HCO3− (hiato
pode ser corrigida pela ingesta oral de bicarbonato.
aniônico normal). Hiato aniônico = anion gap.
-Estudos em animais mostram que essa acidose pode
-Obs: Anion gap nada mais é do que a diferença entre
provocar catabolismo proteico.
os cátions (positivos) presentes no sangue
(principalmente sódio) e os ânions (negativos) -Resumo: Existem os anios e cátions mensuráveis que
(principalmente bicarbonato e cloro), ou seja, é o são (sódio, bicarbonato e cloro) e os não mensuráveis.
“buraco” entre um e outro. Para calcular o ânion gap Eles têm que ser iguais. Em casos de acidose, como
utiliza: mecanismo compensatório terá menor bicarbonato,
com isso vai elevar o Cloro ou os anions não
mensuráveis. Quando eleva o cloro é chamado de
acidose hipercloremica (causada pela perda de
bicarbonato, como na diarreia). Caso o cloro normal
com elevação dos produtos não mensuráveis é
chamado de acidose com ânion gap.
- A soma de todos os cátions deve ser igual a soma de -Distúrbios do metabolismo do cálcio e fosfato:
todos os ânions no nosso organismo. No entanto, -As principais complicações dos distúrbios metabólicos
somando o principal cátion (sódio) e os principais do cálcio e fosfato em decorrência da DRC ocorrem nos
ânions (cloro e bicarbonato), essa conta não fecha. Por ossos e vasos, com envolvimento ocasionalmente
isso, há uma quantidade de cargas negativas (das mais grave dos tecidos moles extraósseos.
variadas) que são formadas pelo famoso ânion gap
(principais componentes do anions gap são: Albumina, -Manifestações ósseas da DRC:
sulfato, fosfato e ácidos orgânicos como lactato e
-As principais manifestações da doença óssea podem
citrato ).
ser classificadas em 2 tipos:
- Usualmente, as acidoses metabólicas produzidas por
• Turnover ósseo acelerado com altos níveis de
geração de metabólitos ácidos (ex.: lactato, citrato,
PTH: Causa osteite fibrose cística, uma desão
entre outros) serão as acidoses metabólicas com ânion
clássica da hiperparatireoidismo secundária.
gap aumentado. Por outro lado, outras desordens
• Turnover ósseo reduzido associado a níveis
responsáveis pelo surgimento da acidose metabólica,
normais ou baixos no PTH: causa osteomalácia
geralmente, causam uma acidose hiperclorêmica
e doença óssea adinamica
(ânion gap dentro da faixa normal – em geral, acidose
por perda de bicarbonato). - A fisiopatologia do hiperparatireoidismo secundário e
da doença óssea consequente ao turnover acelerado
-Ou seja, caso tenha alterações no cloro, bicarbonato e
está relacionada com o metabolismo mineral anormal
sódio essa acidose terá um ânion gap normal, caso
em razão dos seguintes fatores:
altere os ácidos orgânicos, albumina esse ânion gap
aumenta. • TFG declinante diminui a excreção de fosfato e,
deste modo, causa retenção deste elemento;
- A acidose metabólica com hiato aniônico normal
• O fosfato retido estimula o aumento da síntese
também é denominada acidose hiperclorêmica, pois,
de PTH e o crescimento das paratireoides;
em vez de reabsorver cloreto (Cl−) os rins reabsorvem
HCO3−. • Os níveis baixos de cálcio ionizado, resultantes
da síntese reduzida de calcitriol (vitamina D
-Obs: quanto mais H+, menor será o pH. ativa) pelos rins insuficientes, assim como a
retenção de fósforo, também estimulam a
-Com a deterioração renal da função renal, os rins
produção de PTH. Os níveis baixos de calcitriol
limitam a excreção de ácidos e os ânions dos ácidos
contribuem para o hiperparatireoidismo
retidos podem causar acidose metabólica com ânion
porque causam hipocalcemia e também por
gap. Desse modo, a acidose metabólica sem anion
um efeito direto na transcrição dos genes do
gap, que pode ser observada nos estágios iniciais da
Everaldo Leite 6
PTH. Essas alterações começam quando a TFG claro se a mortalidade excessiva é mediada por este
diminui a menos de 60 mL/min. mecanismo.
-Calcitriol estimula absorção intestinal de cálcio. -Estudos mostram que pacientes com DRC tem
calcificação media da artéria coronariana e valvas
-O fator de crescimento de fibroblasto (FGF-23)
cardíacas. A gravidade da calcificação está relacionado
promove excreção renal do fosfato. Os osteócitos
com a idade e a hiperfosfatemia e também está
liberam esse FGF na fase inicial da DRC. O FGF-23 pode
associada a baixos níveis de PTH e ao turnover ósseo
manter os níveis séricos de fosfato por 3 mecanismos:
reduzido.
• Aumentar excreção urinaria de fosfato
-Obs: Turnover = Volume em português
• Estimula PTH, que também estimula excreção
urinaria de fosfato -Nos pacientes com doença renal avançada, é possível
• Supressão da síntese de calcitriol (1,25 OH) que que o cálcio ingerido não possa ser depositado nos
diminui absorção de fosforo no TGI ossos em vigência do turnover ósseo reduzido e, por
esta razão, seja depositado nos tecidos extraósseos
-Hiperparatireoidismo estimula o turnover ósseo e como os vasos sanguíneos e os tecidos moles.
causa osteite fibrose cística. A histologia óssea mostra
osteoide anormal, fibrose dos ossos e da medula óssea -Anormalidades cardiovasculares:
e, nos estágios avançados, formação de cistos ósseos,
- A doença cardiovascular é a principal causa de
algumas vezes com elementos hemorrágicos, razão
morbidade e mortalidade entre os pacientes com DRC
pela qual adquirem uma coloração castanha, daí o
em qualquer estágio.
termo tumor marrom. As manifestações clínicas do
hiperparatireoidismo grave consistem em dor e - Cerca de 30 a 45% dos pacientes que chegam ao
fragilidade ósseas, tumores marrons, síndromes estágio 5 da DRC já têm complicações cardiovasculares
compressivas e resistência à eritropoietina, em parte avançadas. Por essa razão, a maioria desses pacientes
relacionada com a fibrose da medula óssea. Além disso, morre da doença cardiovascular antes de chegar ao
o PTH é considerado uma toxina urêmica intrínseca e estágio 5 da DRC.
os níveis altos estão associados à fraqueza muscular,
fibrose do músculo cardíaco e sintomas constitucionais -Doenças vasculares isquêmicas:
inespecíficos. -A existência da DRC em qualquer estagio é um fator de
-A doença óssea com turnover reduzido pode ser risco para doenças cardiovasculares isquêmicas
classificada em dois subtipos: (coronariana, cerebrovascular e vasculares periféricas
obstrutivas).
• Doença óssea adinamica
- Os fatores de risco associados à DRC incluem:
• Osteomalácia
• Anemia
-Osteomalácia ocorre devido acumulo de substancia
desmineralizada possivelmente devido ausência de • Hiperfosfatemia
vitamina D e acidose metabólica. • Hiperparatireoidismo
• apneia do sono
-A doença óssea adinamica ocorre devido volume e • inflamação generalizada
mineralização óssea reduzida e pode ser causada pela
supressão da síntese de PTH, inflamação crônica ou - O estado inflamatório associado à perda da função
ambas. renal é refletido pelos elevados níveis circulantes dos
reagentes de fase aguda, como as citocinas
-Calcio, fosforo e sistema cardiovascular: inflamatórias e a proteína C-reativa, com reduções
-Evidencias mostraram uma relação direta com a correspondentes dos “reagentes negativos da fase
hiperfosfatemia e taxa de mortalidade cardiovascular, aguda” como albumina e fetuína séricas.
entre pacientes com DRC estagio 5 e em indivíduos -Esse estado inflamatório acelera a doença vascular e
com estágios iniciais. os níveis baixos de fetuina predispõe a calcificação.
-Hiperfosfatemia e a hipercalcemia estão associadas ao
aumento das calcificações vasculares, mas não está
Everaldo Leite 7
-Níveis de troponina cardíaca frequentemente estão A pericardite está associada à uremia avançada e, com
elevados em pacientes com DRC, embora sem o advento da diálise iniciada no momento adequado,
qualquer índice de isquemia aguda. esta complicação não é tão comum quanto antes.
- A utilização dos fármacos que estimulam a - As manifestações clínicas incluem fadiga e diminuição
eritropoiese pode aumentar a pressão arterial e da tolerância aos esforços, angina, insuficiência
provocar a necessidade de agentes anti- - cardíaca, distúrbios da cognição e acuidade mental,
hipertensivos. A sobrecarga crônica de VLEC também bem como depressão das defesas contra infecção.
contribui para a hipertensão e a redução da pressão
-Hemostasia anormal:
arterial geralmente pode ser observada depois da
restrição da ingestão oral de sódio, do uso de diuréticos - Os pacientes nos estágios mais avançados da DRC
e da remoção de líquidos pela diálise. Apesar do podem ter prolongamentos do tempo de sangramento,
controle vigoroso do VLEC, alguns pacientes ainda sim atividade reduzida do fator III plaquetário, agregação e
ficam hipertensos devido desequilíbrio de agentes adesividade plaquetárias anormais, bem como
vasoconstritores e vasodilatadores, além da ativação consumo de protrombina alterado.
do sistema RAA (renina-angio-aldosterona).
-Paciente pode apresentar sangramento no TGI
-Doença pericárdica: espontâneo.
-A dor torácica agravada pela respiração e -Anormalidades neuromusculares:
acompanhada de atrito pericárdico é típica de
pericardite. - Entre as complicações bem conhecidas da DRC, estão
as doenças do sistema nervoso central (SNC),
-A pericardite pode estar acompanhada de derrame neuropatias periférica e autonômica, assim como as
pericárdico, que pode ser detectado à ecocardiografia anormalidades da estrutura e função dos músculos.
e raramente evolui para tamponamento.
-A retenção dos metabólitos nitrogenados e das
moléculas intermediárias (como o PTH) contribui para
a fisiopatologia dos distúrbios neuromusculares.
Everaldo Leite 8
-As manifestações clínicas sutis da doença -Avaliação da desnutrição proteico calórico tem que
neuromuscular urêmica geralmente se tornam começar no estagio 3.
evidentes no estágio 3 da DRC.
-Distúrbios endócrinos-metabólicos:
-As primeiras manifestações das complicações relativas
ao SNC incluem: -O metabolismo da glicose esta alterado na DRC,
conforme se evidencia pela redução da taxa com que
• distúrbios discretos da memória e da os níveis da glicemia declinam depois da administração
concentração e anormalidades do sono. de uma carga de glicose.
-A irritabilidade neuromuscular evidenciada por - Entretanto, a glicose plasmática em jejum geralmente
soluços, cãibras e fasciculações ou abalos musculares está normal ou ligeiramente elevada e a intolerância
torna-se mais evidente nos estágios mais avançados. branda à glicose não requer tratamento específico.
Na insuficiência renal avançada sem tratamento, os
- Como os rins contribuem para a remoção da insulina
pacientes podem ter asterixe, mioclonia, convulsões e
da circulação, os níveis plasmáticos deste hormônio
coma.
ficam ligeira ou moderadamente elevados na maioria
-Inicialmente os nervos sensoriais são mais acometidos dos pacientes urêmicos, tanto em jejum quanto no
que os motores. Primeiro acometem os segmentos estado pós-prandial. Em vista dessa redução da
distais e membros inferiores. degradação renal da insulina, os pacientes tratados
com este hormônio podem necessitar de reduções
- A “síndrome das pernas inquietas” caracteriza-se por
progressivas da dose, à medida que sua função renal
sensações mal definidas de desconforto
deteriora. As doses de alguns agentes hipoglicemiantes
ocasionalmente incapacitante nas pernas e nos pés,
devem ser reduzidas na insuficiência renal, enquanto
que é aliviado pelos movimentos frequentes. Se a
outros (p. ex., metformina) estão contraindicados
diálise não for instituída logo depois do aparecimento
quando a TFG está abaixo de 50% do normal.
das anormalidades sensoriais, os distúrbios motores
começam em seguida, inclusive fraqueza muscular. -Anormalidades dermatológicas:
-Algumas das complicações descritas antes regridem -Paciente pode apresentar prurido em decorrência da
com a diálise, embora as anormalidades inespecíficas uremia. Geralmente persiste com a dialise.
sutis possam persistir.
- Com a DRC avançada, mesmo em diálise, os pacientes
-Anormalidades gastrointestinais e nutricionais: podem ficar mais pigmentados e isto parece refletir a
deposição dos metabólitos pigmentados (ou
- O hálito urêmico (odor de urina no ar exalado) é
urocromos).
causado pela decomposição da ureia em amónia na
saliva e geralmente está associado a um paladar
metálico desagradável (disgeusia).
-Restrição proteica pode melhorar sintomas de náusea -Avaliação e tratamento do paciente com DRC:
e vômitos. =DRC é tratada por medidas conservadoras para evitar
-A acidose metabólica e a ativação das citocinas ou retardar a taxa de destruição dos néfrons e, quando
inflamatórias podem predispor ao catabolismo necessário, por terapia renal substitutiva com diálise
proteico. ou transplante.
Everaldo Leite 9
renais e excluir a existência de massas renais e -Mesmo na presença de uma DRC, há possibilidade de
indícios de obstrução. um processo agudo sobreposto (ex. depleção do VLEC,
obstrução, infecção, ou exposição a uma nefrotoxina)
-Para os rins diminuírem de tamanho lesa um
agravando a condição crônica do paciente.
tempo, então se presenta na USG rins pequenos
indicam DRC de longa duração com componente - Se a história sugerir várias manifestações sistêmicas
irreversível de retração fibrótica. de início recente (p. ex., febre, poliartrite e erupção
cutânea), deve-se supor que a insuficiência renal faça
-Caso as dimensões dos rins sejam normais é
parte do processo agudo.
possível que seja uma LRA ou subaguda.
- Alguns dos exames laboratoriais e dos exames de
-Se houver suspeita de nefropatia por refluxo
imagens citados anteriormente podem ser úteis.
(infecções urinárias recidivantes na infância, rins
Indícios de doença óssea metabólica com:
com dimensões assimétricas e cicatrizes nos polos
renais), pode-se indicar uma cistografia miccional. • Hiperfosfatemia
• hipocalcemia
- Os exames radiográficos contrastados não são
• níveis altos de PTH
particularmente úteis à investigação da DRC.
• fosfatase alcalina óssea
-Biopsia renal:
-Ambos sugerem cronicidade.
- Nos pacientes com rins pequenos bilateralmente,
-Anemia normocrômica e normocítica indica que o
a biópsia renal não é recomendável porquê:
processo possa estar evoluindo há algum tempo.
• É tecnicamente difícil e tem maior
- A detecção de rins bilateralmente pequenos (< 8,5 cm
tendência a provocar sangramento e
em qualquer adulto, exceto nos indivíduos pequenos)
outras consequências desfavoráveis;
sugere DRC.
• Geralmente há tanta fibrose que a doença
primária não pode ser definida; - Sem o diagnóstico clínico, a biópsia renal pode ser o
• As chances de iniciar um tratamento para único recurso para determinar a etiologia da DRC em
a doença específica já são nulas. estágio inicial. Contudo, como já foi salientado, quando
a DRC está avançada e os rins são pequenos e retraídos,
-Hipertensos descontrolados não devem realizar
há pouca utilidade e risco significativo em tentar
biopsia.
chegar a um diagnóstico específico.
- biópsia percutânea orientada pela ultrassonografia é
a abordagem preferível, mas a técnica cirúrgica ou
laparoscópica pode ser considerada, especialmente
para os pacientes com rins únicos, nos quais a
visualização direta e o controle do sangramento são
cruciais
detectável da TRG e certamente antes que a DRC esteja -A pressão arterial elevada agrava a proteinúria porque
bem estabelecida (Quadro 11.6). aumenta o fluxo através dos capilares glomerulares.
-Em todos os pacientes, é útil determinar - Os inibidores de ECA e os BRA inibem a vasoconstrição
repetidamente a TFG e colocar os resultados em um das arteríolas eferentes da micro circulação
gráfico que expresse a taxa de declínio. glomerular, que é induzida pela angiotensina. Essa
inibição possibilita a redução da pressão de filtração
-Qualquer aceleração da taxa de declínio deve levar à
intraglomerular e da proteinúria.
investigação imediata de processos agudos ou
subagudos superpostos e potencialmente reversíveis, - Esse retardo da progressão da DRC está diretamente
inclusive depleção do VLEC, hipertensão associado ao efeito redutor da proteinúria. Quando
descontrolada, infecção do trato urinário, uropatia não há resposta antiproteinúrica com a utilização
obstrutiva de início recente, exposição aos fármacos isolada de um desses fármacos, pode-se tentar o
nefrotóxicos [como anti-inflamatórios não esteroides tratamento combinado com inibidores de ECA e BRA.
(AINEs) ou contraste radiográfico] e reativação ou
-Controle da glicemia:
agravamento da doença original (p. ex., lúpus ou
vasculite). -Controle glicêmico rigoroso reduz o risco de doença
renal e sua progressão no diabetes melito tipos 1 e 2.
-O controle da hipertensão sistêmica e intraglomerular - Esse conceito está baseado em evidências clínicas e
é importante para retardar a progressão da DRC. Por experimentais sugestivas de que a hiperfiltração
essa razão, além de reduzir o risco de doença mediada pelas proteínas contribua para o declínio
cardiovascular, o tratamento anti-hipertensivo dos progressivo da função renal em muitos tipos de doença
pacientes com DRC também tem como objetivo renal. Alguns estudos demonstraram que a restrição
retardar a progressão da lesão dos néfrons por meio da proteica possa ser efetiva para retardar a progressão
diminuição da hipertensão intraglomerular.
Everaldo Leite 12
-Referencia:
Livro: PORTH
APG18
Everaldo Leite 1
-Membrana glomerular:
-Doenças glomerulares:
excluídas da filtração por uma barreira físico-química secundário aos efeitos duradouros da hiperglicemia,
governada pelo tamanho dos poros e pela carga aos produtos finais da glicosilação avançada e a
eletrostática negativa (as proteínas tem carga negativa, espécies de oxigênio reativas.
portanto, negativo com negativo se repelem e então
-A inflamação dos capilares glomerulares é
não pode ser filtrada).
denominada glomerulonefrite.
-A mecânica da filtração e da recuperação é bastante
-A maioria dos antígenos glomerulares ou mesangiais
complicada para muitos solutos. Por exemplo, no caso
envolvidos na glomerulonefrite imunomediada é
da albumina sérica, o glomérulo é uma barreira
desconhecida (Fig. 15.2). As células epiteliais e
imperfeita. Apesar de a albumina ter uma carga
mesangiais glomerulares podem descamar ou
negativa, que tenderia a repelir a MBG (membrana
expressar epítopos (menor porção de um antígeno
glomerular) carregada negativamente, ela possui
capaz de gerar resposta imune) que simulam outras
apenas um raio físico de 3,6 nm, enquanto os poros da
proteínas imunogênicas produzidas em outros locais
MBG e das membranas com fendas e poros têm um
no corpo. Bactérias, fungos e vírus podem infectar
raio de 4 nm.
diretamente os rins, produzindo seus próprios
-Consequentemente, quantidades variáveis de antígenos.
albumina atravessam inevitavelmente a barreira de
-Doenças autoimunes como a glomerulonefrite
filtração para serem recuperadas pelos receptores da
membranosa (GNM) idiopática ou a GNMP estão
megalina e da cubilina ao longo do túbulo proximal.
confinadas ao rim, enquanto doenças inflamatórias
-A gama de doenças que afetam o glomérulo é extensa, sistêmicas, como a nefrite lúpica ou a granulomatose
pois os capilares glomerulares podem ser lesionados com poliangiite (de Wegener) se propagam para o rim,
de várias maneiras, produzindo muitas lesões causando uma lesão glomerular secundária.
diferentes e várias alterações singulares no exame de
-A doença antimembrana basal glomerular que produz
urina. Pode ser colocada alguma ordem nesse tópico
a síndrome de Goodpasture lesiona principalmente o
tão extenso agrupando todas essas doenças em um
pulmão e o rim por causa da estreita distribuição do
menor número de síndromes clínicas.
domínio a3 NC1 do colágeno tipo IV que é o antígeno-
-Patogenia das doenças glomerulares: alvo.
-Existem muitas formas de doenças glomerulares com -A ativação local de receptores Toll-like (receptores de
uma patogenia que se relaciona de maneira variável superfície presente nas células de defesa) nas células
com a presença de: glomerulares, a deposição de imunocomplexos, ou a
lesão infringida pelo complemento às estruturas
• mutações genéticas glomerulares induz a infiltração de células
• infecção mononucleares, que subsequentemente produz uma
• exposição a toxinas resposta imune adaptativa atraída ao rim pela
• autoimunidade liberação local de quimiocinas. Neu- trófilos,
• aterosclerose macrófagos e células T são atraídos pelas quimiocinas
• hipertensão para o interior do tufo glomerular, onde reagem com
• embolia antígenos e epitopos sobre ou próximo às células
• trombose somáticas ou suas estruturas, produzindo mais
• diabetes melito citocinas e proteases que lesionam o mesângio, os
capilares e/ou a MBG.
-A hipertensão sistêmica e a aterosclerose podem
produzir um estresse tensional, isquemia ou oxidantes -Os antígenos apresentados pelas moléculas do
lipídicos que dão origem a uma glomerulosclerose complexo de histocompatibilidade principal (MHC)
crônica. A hipertensão maligna pode rapidamente classe II nos macrófagos e nas células dendríticas em
complicar a glomerulosclerose com necrose fibrinoide combinação com moléculas de reconhecimento
das arteríolas e dos glomérulos, microangiopatia associativas participam do repertório das células T
trombótica e insuficiência renal aguda. CD4/8.
• Hipertensão
• Hematúria* Macro ou Micro
• Cilindros hemáticos
• Piúria
• Proteinúria leve a moderada (Subnefrotica-
quantidade menor que 150mg a 3500mg por
dia).
• Oliguria
• Edema
• GN pós-infecciosa
• Nefropatia por IgA
• Doença por anticorpo antimembrana basal
glomerular (anti-MBG)
• Vasculite associada a ANCA (VAA)
• Nefrite lúpica
• GN membranoproliferativa
• GN mesangioproliferativa
• Endocardite
nefritogênico, a SPEB, foi demonstrado no interior das -O tratamento consiste em medidas de suporte, com
humps subepiteliais em biópsia. controle da hipertensão , do edema e realização de
diálise, quando necessária. Pode utilizar furosemida
-As manifestações clássicas é um quadro de nefrite
para edema e consequentemente trata hipertensão,
aguda, como:
caso não resolva a hipertensão é indicado uso de
• Hematúria (com dismorfismo eritrocitário) Hidralazina (dilatador sistêmico).
• Piúria -Suspender sal e não aplicar soro.
• Cilindros hemáticos: proteínas tam-horsfall
presentem no túbulo coletor agrega nas -Não usar IECA, paciente está filtrando pouco e a IECA
hemácias, gerando certo acumulo formando dilata arteríola eferente piorando a filtração.
cilindro.
-O tratamento antibiótico não é indicado, visto que o
• Edema
GNPE seria uma complicação tardia dessa infecção, só
• Hipertensão usa em caso de cultura positiva de pelo ou orofaringe.
• Oligúria
-A resolução completa da hematúria e da proteinúria
-Obs: Caso no EAS venha hematúria, esse sangue pode na maioria das crianças ocorre dentro de 3-6 semanas
ser de origem vesical, caso venha com presença de após o início da nefrite, porém 3 a 10% das crianças
dismorfismo eritrocitário e cilindros hemáticos, podem apresentar hematúria microscópica
indicara que o sangue é devido lesão glomerular. persistente, proteinúria não nefrótica ou hipertensão.
-Oliguria é devido a ativação do sistema complemento
causar migração de células inflamatórias para os
glomérulos, vai superlotar os glomero de células
inflamatórias reduzindo o espaço onde ocorre a
filtração. Como paciente deixa de filtrar (reduz),
começa a acumular liquido, como consequência o
paciente fica edemaciado, causando hipertensão
arterial.
-Os pacientes tratados com doença menos grave, em -A IgM, a IgG, o C3 ou cadeias leves das
geral, respondem a 8-10 tratamentos de plasmaférese imunoglobulinas podem se codistribuir com IgA. A IgA
acompanhados por prednisona oral e de ciclofosfamida depositada no mesângio é polimérica e da subclasse
nas duas primeiras semanas. O transplante de rim é IgAl, cujo significado patogênico ainda não foi
possível, porém e por causa do risco de recidiva, a esclarecido. Foram descritas anormalidades na
experiência sugere que os pacientes devam esperar 6 produção de IgA pelos plasmócitos, particularmente a
meses e até que não sejam mais identificáveis IgA secretória; na depuração de IgA,
anticorpos séricos. predominantemente pelo fígado; na depuração
mesangial de IgA e nos receptores para IgA; e nos
-O regime de tratamento recomendado consiste em
eventos mediados por fatores de crescimento e por
corticosteroides, inicialmente em pulsoterapia
citocinas.
endovenosa com 1000 mg três vezes ao dia,
ciclofosfamida oral e troca de plasma, geralmente -As duas manifestações clinicas mais comuns da
realizada diariamente ou em dias alternados durante nefropatia por IgA, são:
duas a três semanas até que o anticorpo anti-MBG não
• Episódios recorrentes de hematúria
seja mais detectado soro.
macroscópica durante ou imediatamente após
-Nefropatia por IgA: uma infecção do trato respiratório superior.
• Frequentemente acompanhados de
-Ela se caracteriza classicamente por hematúria
proteinúria ou hematúria microscópica
episódica associada à deposição de IgA no mesângio.
assintomática persistente.
-É uma das formas mais comuns de glomerulonefrite
-A nefropatia por IgA é uma doença benigna para a
em todo mundo.
maioria dos pacientes, e 5 a 30% dos pacientes podem
-Depósitos de IgA também são encontrados no sofrer remissão completa, enquanto outros
mesângio glomerular em uma variedade de doenças apresentram hematúria, porém com função renal bem
sistêmicas, incluindo a doença hepática crônica, a preservada.
doença de Crohn, o adenocarcinoma gastrintestinal, a
-tratamento: Os benefícios do bom controle da pressão
bronquiectasia crônica, a pneumonia intersticial
arterial e da redução da excreção urinária de proteína
idiopática, a dermatite herpetiforme, a micose
para < 500 mg/ dia com seis meses de tratamento
fungoide, a hanseníase, a espondilite anquilosante, a
conservador com inibidores da ECA e/ou bloqueadores
policondrite recidivante e a síndrome de Sjogren. A
dos receptores da angiotensina estão firmemente
deposição de IgA nessas condições não causam uma
estabelecidos como o único tratamento necessário
inflamação glomerular clinicamente significativa nem a
para mais de 75% dos pacientes.
uma disfunção renal e assim, não recebe designação de
nefropatia por IgA. -Amigdalectomia, terapia esteroide e óleo de peixe
foram todos sugeridos em pequenos estudos como
-A nefropatia por IgA é uma glomerulonefrite mediada
benéficos em pacientes selecionados com nefropatia
por imu- nocomplexos definida pela presença de
por IgA. Quando se manifesta como GNRP, os
depósitos mesangiais difusos de IgA frequentemente
pacientes recebem esteroides, agentes citotóxicos e
associados a hipercelularidade mesangial.
plasmaférese.
-Referencias:
Livro: Harrison
Artigo:
https://www.scielo.br/j/jbn/a/P6q7M7htdCZqJtQWC
DWtRZQ/?format=pdf&lang=pt
-Glomerulonefrite mensangiopriliferativa:
-É um conjunto de sinais, sintomas e achados -Essa hiperlipidemia nefrótica contribui para processos
laboratoriais que se desenvolvem, quando por alguma aterogênicos e suas complicações (risco 5x maior de
razão ocorrem: doença coronariana).
-Obs: Paciente sem HAS e Diabetes chega ao -Normal é perder em 24horas até 150g de proteínas.
consultório com urina espumosa. Desconfiar ne S.
-A síndrome nefrótica não é devido imunocomplexos,
Nefrótica.
são lesões que causam aumento da permeabilidade
-Obs: A S. Nefrítica mesmo que seja definido como uma glomerular. Podendo ser lesão podocitária e basal
proteinúria <3,5g, quase nunca passa de 2,5g. Caso glomerular.
paciente apresentes entre 2,5 e 3,5 suspeitar de S.
-Essa proteinúria maciça é o estigma dessa síndrome,
Nefrótica.
diferente da nefrítica que seria a hematúria.
-Proteinúria de faixa nefrótica: proteinúria de 24 horas
-Caso não seja feito o diagnostico e tratamento o
superior a 3,5 g/1.73 m2 de superfície corporal (ou
paciente pode ter lesão progressiva glomerular,
maior que 50 mg/kg de peso/dia em crianças).
reduzindo a TFG, levando a insuficiência renal.
-Manifestações clássicas da síndrome nefrótica:
-Todos os pacientes com hipercolesterolemia
• 1º Proteinúria maciça: >3,5g secundária à síndrome nefrótica devem ser tratados
• 2º Hipoalbuminemia com agentes redutores dos lipídios, visto que correm
• 3º Edema: Anasarca maior risco de doença cardiovascular. Nistatina?
• 4º Hiperlipidemia -O edema secundário a retenção de sal e água pode ser
• 5º Lipidúria controlado com tratamento diurético.
• Hematúria mínima: Não é comum
• Hipertensão -As complicações venosas secundárias ao estado
hipercoagulável associado à síndrome nefrótica
-Geralmente os acontecimentos ocorrem nessa podem ser tratadas com anticoagulantes.
sequência. (do 1º ou 5º). Paciente perdendo muita
proteína, como consequência terá uma -A proteinúria é nefrotóxica, seu tratamento com
hipoalbiminemia (sangue), com pouca albumina no inibidores do SRAA reduz a excreção urinaria de
sangue, a pressão oncótica diminui e com isso perde proteínas.
liquido para o terceiro espaço, levando ao edema.
Quando baixa o nível de albumina no sangue, o fígado
começa a sintetizar mais albumina, mesmo assim não
consegue compensar as perdas. Logo aumento o
colesterol (principalmente o LDL), esse aumento de
lipídeos ocorre devido o fígado estar produzindo mais
lipoproteínas, o fígado ao aumentar a síntese de
albumina, devido hipoalbuminemia, como ele não é
seletivo, começa sintetizar outras substancias,
inclusive lipoproteínas. Logo o aumento do lipídeo no
sangue, aumenta na urina, causando lipidúria.
Everaldo Leite 2
• Medicamentos
• Infecções
• Neoplasias (*mieloma)
• Doenças multissistêmicas (lúpus*)
-Imagem mostra evolução do edema, a DLM e as
• Distúrbio hereditário
demais evoluem com edema osmótico e a GESF com
edema pressórico. -A síndrome nefrótica primaria é classificado em cinco
formas principais:
-Existem 2 mecanismos para explicar o edema:
• Glomeruloesclerose focal e segmentar (GESF):
• Underfilling: ocorrem em sequência
35%
hipoalbuminemia, redução da pressão
• Glomerulopatia amiloidosa: 30%
oncótica que em determinado nível provoca
hipovolemia, ativação do sistema renina- • Doença de lesão mínima (DLM): 15%
angiotensina-aldosterona (RAA), retenção de • Glomerulonefrite membranoproliferativa
sódio e formação de edema; (GNMP): 15%
• Overflow: não há hipovolemia e o componente • Glomerulonefrite mesangioproliferativa: 10%
determinante do edema é a intensa retenção -Obs. Em crianças a mais comum é DLM.
de sódio (e não a hipoalbuminemia) que ocorre
em nível de túbulo distal. Um estado de -Investigação paciente com Síndrome Nefrótica:
resistência à ação do peptídeo natriurético • Sorologia HIV
atrial (PNA) parece ser o principal fator
• Sorologia hepatites B e C
associado ao balanço positivo de sódio, que
• Lúpus (marcador FAN)
acarreta um aumento do volume plasmático e
• Diabetes
da filtração glomerular, levando ao edema.
• HAS
-Pode utilizar diuréticos para reduzir edema. • Neoplasias
• Medicamentos
• Corticoide
• IECA/BRA
• Estatina
-Até 95% das crianças conseguirão remissão completa lesões podem passar despercebida, resultando em
dentro de 8 semanas de terapia esteroidal e 85% dos diagnostico errôneo de DLM.
adultos após 20-24 semanas de terapia.
- Além da fibrose focal e segmentar, foram descritas
-Crianças com recidivas geralmente 70% terão outra outras variantes, incluindo lesões celulares com
remissão. Frequência de recidivas reduz após hipercelularidade endocapilar e proteinúria maciça;
puberdade e são menos frequentes em adultos. glomerulopatia colapsante com colapso glomerular
focal ou global e rápido declínio da função renal, lesão
-Existe um maior risco de recidiva após a redução
do pedículo hilar.
rápida dos esteroides em todos os grupos.
-Medicamento:
ciclosporina pode levar a uma deterioração da função atrofia tubular ou a fibrose intersticial é mais preditivo
renal, devido a seus efeitos nefrotóxicos. de progressão que o estágio da doença glomerular.
-É rara na infância, é a causa mais comum de - Em um estudo mais recente, autoanticorpos dirigidos
glomerulonefrite em idosos. contra o receptor de fosfolipase A2 tipo M (PLA2R)
circulam e ligam-se a um epítopo conformacional
-Em até 30% dos casos a GNM está associada: presente no receptor em podócitos humanos,
produzindo depósitos in situ característicos da
• neoplasia maligna (tumores sólidos de
nefropatia membranosa idiopática.
pulmão, mama e colo)
• Infecções (Hepatite B, Malária, - Outras doenças renais e a nefropatia membranosa
esquistossomose) secundária não parecem envolver esses
• Distúrbios reumáticos (lúpus, artrite autoanticorpos.
reumatoide)
-Dos pacientes com GNM, 80% se apresentam com
-O espessamento uniforme da membrana basal ao síndrome nefrótica e proteinúria não seletiva.
longo das alças capilares periféricas é observado pela
-Hematúria microscópica observado em 505 dos
microscopia óptica do material da biópsia renal (Fig.
pacientes.
4.7); esse espessamento deve ser diferenciado daquele
observado no diabetes e na amiloidose. -Ocorre remissão espontânea em 20 a 33% dos
pacientes, as quais frequentemente são observadas
em uma fase avançada da evolução após vários anos de
síndrome nefrótica, tonando difícil a tomada de
decisões quanto ao tratamento.
recomendada para os pacientes com proteinúria -A microscopia por imunofluorescência revela com
acentuada ou prolongada na ausência de fatores de frequência a deposição inespecífica de IgG (às vezes
risco para sangramento. seguindo um padrão linear) ou a coloração do
complemento sem depósitos imunes pela microscopia
- Além do tratamento do edema, da dislipidemia e da
eletrônica.
hipertensão, recomenda-se a inibição do sistema
renina-angiotensina. -Alterações vasculares proeminentes são observadas
com aterosclerose hialina e hipertensiva.
-A terapia com agentes imunossupressores também é
recomendada para os pacientes com GNM primária e -As alterações patológicas são resultados de inúmeros
proteinúria persistente (> 3,0 g/24 h). fatores postulados. Existe um papel importante nas
alterações de função e estrutura renal, a hipertensão
• Esteroides e ciclofosfamida, clorambucila,
intraglomerular.
micofenolato de mofetila ou ciclosporina.
-Os efeitos diretos da hiperglicemia sobre o
-Nefropatia diabética:
citoesqueleto de actina das células musculares lisas
-É a causa mais comum de IRC nos EUA. mesangiais e vasculares do rim, assim como as
mudanças associadas ao diabetes nos fatores
- O aumento dramático do número de pacientes com circulantes, tais como o fator natriurético atrial, a
nefropatia diabética reflete 0 aumento epidêmico na angiotensina II e o fator de crescimento similar à
obesidade, na síndrome metabólica e no diabetes insulina (IGF) podem ser responsáveis por isso.
melito tipo 2. Cerca de 40% dos pacientes com diabetes
tipos 1 ou 2 desenvolvem nefropatia, mas em virtude -A hipertensão glomerular persistente induz uma
da prevalência mais alta do diabetes tipo 2 (90%) em maior produção da matriz, alterações na MBG com
comparação com o tipo 1 (10%), a maioria dos ruptura da barreira de filtração (e, consequentemente,
pacientes com nefropatia diabética sofre de doença proteinúria) e glomerulosclerose.
tipo 2. -Foram também identificados diversos fatores que
- Os fatores de risco para o surgimento de nefropatia alteram a produção da matriz, incluindo o acúmulo de
diabética incluem hiperglicemia, hipertensão, produtos finais da glicosilação avançada, fatores
dislipidemia, tabagismo, uma história familiar de circulantes que incluem o hormônio do crescimento,
nefropatia diabética e os polimorfismos gênicos que IGF-I, angiotensina II, fator de crescimento do tecido
afetam a atividade do eixo renina- -angiotensina- conectivo, TGF-(3 e dislipidemia.
aldosterona. - A história natural de nefropatia diabética em
-Dentro de 1 a 2 anos após aparecimento clínico da pacientes com diabetes tipos 1 e 2 é semelhante. No
diabetes, surgem alterações morfológicos nos rins. entanto, sabendo-se que o início do diabetes tipo 1 é
Espessamento da MBG é um indicador sensível da prontamente identificável e o início do diabetes tipo 2
presença de diabetes, mas correlaciona precariamente não o é, um paciente recém-diagnosticado com
com presença ou ausência de uma nefropatia diabetes tipo 2 pode ter tido doença renal por muitos
significativa. anos antes de a nefropatia ser descoberta e
apresentar-se como uma nefropatia diabética
- A composição da MBG é particularmente alterada avançada.
com a perda dos componentes do sulfato de heparana
que formam a barreira de filtração carregada -No início da diabetes os rins aparecem hipertrofiados
negativamente. com hiperfiltração. Essa hiperfiltração tem risco para
paciente desenvolver nefropatia subsequente.
-Essa alteração resulta em maior filtração de proteínas
séricas, que irão aparecer na urina. A principal é - Nos cerca de 40% dos pacientes com diabetes que
albumina (tem carga negativa). desenvolvem nefropatia diabética, a manifestação
mais precoce é um aumento da albuminúria detectado
- A expansão do mesângio decorrente do acúmulo de por radioimunoensaio sensível.
matriz extracelular se correlaciona com as
manifestações clínicas da nefropatia diabética. Essa -Albumina de 30 a 300mg/24 horas é considerado
expansão está associada com desenvolvimento de microalbuminúria. Essa microalbuminpuria aparece 5 a
esclerose mesangial. 10 anos após inicio da diabetes do tipo 1 ou 2. Então,
Everaldo Leite 7
tem que dosar a microalbuminúria 5 anos pós -Essas medidas retardam a progressão da nefropatia
diagnostico da diabetes 1 e repetir a cada ano. Pelo diabética.
fato de a época do início do diabetes tipo 2 com
- Sabendo-se que a angiotensina II eleva a resistência
bastante frequência ser desconhecida, testar os
arteriolar eferente e, consequentemente, a pressão
pacientes tipo 2 por ocasião do diagnóstico de diabetes
nos capilares glomerulares, o mecanismo-chave para a
e anualmente daí em diante
eficácia dos inibidores de ECA ou dos bloqueadores do
-Após >300 de albumina, o exame de fita é positivo receptor de angiotensina (BRA) consiste em reduzir a
para proteinúria. Isso ocorre 5 a 10 anos após hipertensão glomerular.
surgimento da microalbuminúria.
-Pacientes com diabetes tipo 1 que desenvolvem
- A microalbuminúria é um poderoso fator de risco para Albuminuria ou declínio função renal em até 5 anos do
eventos cardiovasculares e morte nos pacientes com diagnostico devem ser tratados com IECA.
diabetes tipo 2. Muitos pacientes com diabetes tipo 2
- Os pacientes com diabetes tipo 2 e microalbuminúria
e microalbuminúria sucumbem a eventos
ou proteinúria podem ser tratados com inibidores da
cardiovasculares antes de progredirem para
ECA ou BRA.
proteinúria ou insuficiência renal.
-Doença por deposição glomerular:
- Mais de 90% dos pacientes com diabetes tipo 1 e
nefropatia sofrem de retinopatia diabética, razão pela - As discrasias de plasmócitos que produzem um
qual a ausência de retinopatia nos pacientes tipo 1 com excesso de imunoglobulina de cadeias leves às vezes
proteinúria deve induzir-nos a considerar um resultam na formação de depósitos glomerulares e
diagnóstico diferente de nefropatia diabética; apenas tubulares que causam uma proteinúria maciça e
60% dos pacientes com diabetes tipo 2 e com insuficiência renal; o mesmo é válido para o acúmulo
nefropatia sofrem de retinopatia diabética. de fragmentos proteicos séricos de amiloide A
-Os pacientes com nefropatia diabética avançada têm observado em várias doenças inflamatórias. Esse
rins normais ou aumentados, ao contrário de outras grande grupo de pacientes proteinúricos sofre de
doenças glomerulares em que o tamanho dos rins doença por deposição glomerular.
costuma ser reduzido. -Doenças por deposição de cadeia leve:
- Após o início da proteinúria, a função renal declina -As características bioquímicas das cadeias leves
inexoravelmente, com 50% dos pacientes evoluindo nefrotóxicas produzidas em pacientes com neoplasias
para a insuficiência renal no decorrer de outros 5-10 malignas por cadeias leves frequentemente conferem
anos; assim sendo, desde os estágios mais precoces de um padrão específico de lesão renal; aquele da
microalbuminúria, em geral terão que transcorrer de nefropatia de cilindros (Fig. 4.17), que causa
10-20 anos para alcançar a doença renal em estágio insuficiência renal, porém sem proteinúria maciça, ou
terminal. aquele da amiloidose, ou doença por deposição de
-A hipertensão permite predizer quais são os pacientes cadeias leves (Fig. 4.16), que produz síndrome
que irão desenvolver uma nefropatia diabética, pois a nefrótica com insuficiência renal.
presença de hipertensão acelera o ritmo de declínio da - Esses últimos pacientes produzem cadeias leves
função renal. Após o aparecimento da insuficiência kappa que não possuem as características bioquímicas
renal, porém, a sobrevida com diálise é muito mais necessárias para a formação de fibrilas amiloides. Pelo
curta para os pacientes com diabetes em comparação contrário, eles realizam a autoagregação e formam
com outros pacientes dialisados. depósitos granulosos ao longo do capilar glomerular e
-A sobrevida é melhor para pacientes com diabetes do mesângio, da membrana basal tubular e da cápsula
tipo 1 que recebem um transplante de um doador vivo de Bowman.
aparentado. -Quando é predomínio nos glomérulos, instala-se a
-Tratamento: síndrome nefrótica e cerca de 70% dos pacientes
progridem para diálise.
• Controle glicemia
- Os depósitos de cadeias leves não são fibrilares e não
• Controle PA
são corados pelo vermelho-congo, porém são
• Inibição SRAA
Everaldo Leite 8
-O amiloide infiltra o fígado, o coração, os nervos - A doença de Fabry é um erro inato ligado ao X do
periféricos, o túnel do carpo, o terço superior da metabolismo da globotriaossilceramida secundário a
faringe e o rim, produzindo uma miocardiopatia uma atividade deficiente de a-galactosidase A
restritiva, hepatomegalia, macroglossia e proteinúria lisossomal, resultando em armazenamento intracelular
maciça às vezes associada a trombose da veia renal. excessivo de globotriaossilceramida. Os órgãos
afetados incluem o endotélio vascular, o coração, o
-Obs. Amilóides são fibrilas proteicas que podem cérebro e os rins.
depositar em vários tecidos, prejudicando a função de
vários órgãos. -É uma doença que acomete crianças, em meninos com
acroparestesia, hipoidrose.
• Amiloidose AL sistêmica (Amiloidose
- Com o decorrer do tempo, os pacientes de sexo
primaria): As cadeias leves produzidas em
masculino desenvolvem miocardiopatia e lesão renal,
excesso pelas discrasias de plasmócitos clonais
ocorrendo morte em idade media de 50 anos.
são transformadas em fragmentos pelos
macrófagos, para que possam autoagregar-se -Muito raro no sexo feminino.
em um pH ácido.
• Amiloidose AA (Amiloidose secundária): - A biópsia renal revela células epiteliais viscerais-
Também se manifesta como síndrome glomerulares aumentadas de volume e apinhadas com
nefrótica. Ela é devida à deposição de lâminas pequenos vacúolos claros que contêm
B-pregueadas da proteína sérica do amiloide A, globotriaossilceramidas; os vacúolos também podem
um reagente da fase aguda cujas funções ser encontrados nos epitélios parietal e tubular (Fig.
fisiológicas consistem em transporte de 4.18).
colesterol, atração de células imunes e A nefropatia da doença de Fabry se manifesta na
ativação de metaloproteases. terceira década como uma proteinúria de leve a
-Dos pacientes com AA, 40% tem artrite reumatoide, moderada, às vezes com hematúria microscópica ou
10% espondilite anquilosante. síndrome nefrótica.
- Os depósitos amiloides se distribuem ao longo dos -O exame de urina pode revelar corpúsculos adiposos
vasos sanguíneos e nas regiões mesangiais dos rins. ovais e glóbulos de glicolipídios birrefringentes sob luz
polarizada (cruz-de-malta).
-O tratamento da amiloidose primária não é
particularmente efetivo; -A biópsia renal é indispensável para fazer o
diagnóstico definitivo.
Everaldo Leite 9
Artigo:
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes
/2472/sindrome_nefrotica.htm
-Sistema hematopoiético:
-Sistema cardiovascular:
-Ocorre:
-Ocorre:
• ↑ Hemácias
• ↑FC
• ↑ Leucócitos
• ↑DC
• ↑ Fatores de coagulação (fibrogênico)
• ↑Volume sanguíneo
• ↓Plaquetas
• ↑Volume plasma
• ↓RVP -Devido aumento das hemácias é preciso na gestação
• ↓PA suplementação de ferro 1g durante a gestação.
-A FC aumenta a partir da quarta semana, já o volume -Leucócitos podem apresentar leve aumento, no parto
sanguíneo a partir da sexta semana. e puerpério podem chegar a até 30 mil.
-No terceiro trimestre (>6 meses), a frequência -Plaquetas estão levemente reduzidas devido a
cardíaca se situa cerca de 20% acima dos valores não hemodiluição.
gravídicos e o volume sanguíneo sofre acréscimo de
-Sistema respiratório:
45% a 50%. Com a elevação de 30% a 50% do volume
plasmático e de 25% do volume globular, a grávida -Ocorre:
desenvolverá a anemia fisiológica.
• ↓Volume residual pulmonar
-DC aumenta a partir da decima a decima segunda • ↓Capacidade respiratória total
semana. Obs. DC=volume sistólico x FC. • FR não altera
-A hipervolemia induzida pela gestação é uma • FR aumenta (guyton)
adaptação do organismo materno no sentido de suprir • ↑ Volume corrente e ventilação-minuto em
as necessidades fetais e evitar perdas importantes de repouso
sangue na hora do parto. • ↓pCO2
-RVP reduz drasticamente até a 20º semana. O -Progesterona sensibiliza os receptores de pCO2 , com
aumento dos níveis de prostaciclinas, as quais têm isso estimula sua excreção.
importante ação vasodilatadora, produzidas pelas -Devido elevação do diafragma ocorre uma
paredes dos vasos sanguíneos sobrepujam o compressão do pulmão, reduzindo sua capacidade de
desempenho vasoconstritor do tromboxano, expandir (menor 20%). Mesmo ocorrendo aumento
produzido pelas plaquetas e, assim, auxilia na circunferência toráxica.
diminuição da resistência vascular.
-Na gestante, a frequência respiratória não se altera,
-A pressão sanguínea arterial apresenta discreta queda contudo o volume corrente e a ventilação-minuto em
na pressão sistólica (5 a 10 mmHg) e maior na diastólica repouso aumentam com o decorrer da gravidez. Esta
(10 a 15 mmHg), atingindo os menores valores por última se modifica à custa da progesterona, da redução
volta de 20 semanas, decorrente da diminuição da do volume de reserva expiratória e da alcalose
resistência vascular, apesar da elevação do débito respiratória compensada.
cardíaco, e retornando ao nível normal no termo.
-Capacidade respiratória total encontra-se reduzida
-A partir da 20º as gestantes em posição supina (cerca de 200 mL), pois ocorre diminuição da
(decúbito dorsal ou lateral direito) podem ter capacidade residual funcional. Esta é constituída pelo
compressão venosa da veia cava pelo útero causando volume residual e pela reserva expiratória, que na
hipotensão e sincope. Por esse motivo o decúbito gravidez estão com valores menores.
lateral esquerdo causa alivio.
-A capacidade inspiratória é composta pela reserva
-O coração encontra-se desviado para cima e para inspiratória e pelo volume corrente, e apresenta
esquerda pela elevação de 4 cm do diafragma. Pela aumento em decorrência deste último.
Everaldo Leite 2
-A dispneia e sintomas relacionados com congestão -Progesterona também produz efeito na musculatura
nasal são comuns pela hiperventilação e pela ureteral, ocasionando dilatação, logo favorecendo a
hipervascularização e edema da mucosa nasal, estase. Logo conferindo riscos para ITU.
respectivamente.
-Ocorre:
-Aparelho digestório:
• ↑Fluxo plasmático (80%)
-As gestantes nos primeiros meses da gestação • ↑TFG (60%)
apresentam: • Creatinina plasmática (0,73 1ºT / 0,58 2ºT /
0,53 3ºT)
• Náusea • ↓ Ureia: Devido aumento TFG
• Vomito • Glicosuria
-Tais sintomas mais comuns pela manhã. São causados • Uricosúria
pela elevação progressiva da gonadotrofina coriônica • ↓ osmolaridade plasmática
humana (hCG) e do estrogênio no 1º trimestre. • Polaciuria
• Poliuria
-Podem apresentar sangramento gengival
• ↑Reabsorção túbulo-renal em 50% (Na+Cl e
(gengivorragia) devido hiperemia e edema.
H2O)
-Os efeitos da progesterona no tubo digestivo causam
-Valor referencia creatinina é 0,7 a 1,2.
uma redução do tônus, causando:
-A glicosúria deve-se a aumento da oferta de glicose
• Pirose
em nível renal, que ultrapassa a capacidade de
• Obstipação absorção.
• Hemorroidas
-O aumento da taxa de filtração glomerular (TFG) e a
-No 1º trimestre ocorre diminuição da secreção ação dos estrógenos promovendo uricosúria levam à
gástrica. diminuição do ácido úrico sanguíneo durante a
-O peso do útero gravídico comprimindo as veias do gravidez, atingindo valores próximos ou menores que
plexo hemorroidário e a obstipação podem provocar a 3 mg/l no primeiro trimestre, contudo no último
manifestação de hemorroidas. trimestre sofre acréscimo, podendo alcançar níveis de
4 a 5 mg/dl.
-Em multíparas, encontra-se propensão para a
formação de cálculos de colesterol pela potente ação -Ativação do SRAA e diminuição limiar do ADH
relaxante da musculatura lisa provocada pela promove a diminuição da osmolaridade plasmática.
progesterona na vesícula biliar e pela alteração do -Os rins gravídicos apresentam dificuldade de
metabolismo lipídico no período gestacional. O concentrar a urina.
aumento dos níveis de estrógeno também facilita a
colestase intra-hepática por meio da inibição do -Pela ação da aldosterona e ADH, ocorre a reabsorção
transporte intraductal dos ácidos biliares. de sódio e água no túbulo renal, que compensa a maior
quantidade desses no glomérulo.
-Aumenta o fluxo e diâmetro da veia porta. O fígado
permanece com mesmo tamanho. Ocorre: -Contribuem também para essas modificações do
aparelho urinário algumas substâncias como óxido
Everaldo Leite 3
• ↑ Hipófise
• ↑ Prolactina
• GH permanece inalterado no 1º trimestre
• ↑GH 2º trimestre
• ↓ TRH
-Sistema esquelético:
• Marcha anserina
• ↑ Elasticidade articular
Everaldo Leite 5
• Anacefalia
• Espinha bífida
-Sinais de probabilidade:
-Sinais de certeza:
Diagnostico clinico e laboratorial da gravidez -É possível visualizar o saco gestacional por meio da
ultrassonografia transvaginal. O saco gestacional é
-O diagnóstico de gravidez precoce baseia-se visualizado entre 4,5 e 5 semanas de gestação (três a
principalmente na avaliação laboratorial da quatro semanas após a ovulação), quando atinge
gonadotrofina coriônica humana (hCG) na urina ou no tamanho de 2 a 4 mm no seu diâmetro médio. O saco
sangue. A história e o exame físico não são métodos vitelino é a primeira estrutura a ser visualizada no saco
altamente sensíveis para o diagnóstico. gestacional e aparece entre cinco e seis semanas,
permanecendo até aproximadamente 10 semanas; a
-Sinais clínicos:
atividade cardíaca pode ser detectada pela primeira
-Suspeitar sempre em casos de atraso menstrual, vez em 5,5 a 6 semanas. Essas estruturas são
especialmente quando for mais que 1 semana. observadas um pouco mais tarde com a abordagem
transabdominal.
-Didaticamente, os achados na gravidez podem ser
divididos em sinais de presunção, probabilidade e -Diagnostico:
certeza.
-O diagnóstico de gravidez baseia-se na presença de
-Presunção: qualquer um dos seguintes achados:
pacientes podem ser preditivos de que um teste de interpretação dos usuários. Pode ser usado
gravidez seja positivo. Entretanto, eles não são após 7 dias do atraso menstrual. O TRG mais
suficientemente confiáveis para diagnosticar ou excluir utilizado no Brasil é o de tira. Os resultados
a gravidez. positivos do TRG, se possível, devem ser
confirmados com outros testes de dosagem de
-Tipos de testes de gravidez:
hCG ou outro exame de certeza, por exemplo,
-Testes de gravidez se baseiam na detecção do hCG confirmação com Doppler de atividade
secretado pelo trofoblasto, tanto na urina como no cardíaca fetal ou visualização ultrassonográfica
soro. da gravidez.
riscos. Nessa categoria, o método não é a alcance o óvulo. Ela também impede o ovo
primeira escolha e, quando usado, deve ser fertilizado de implantar-se no útero. Indicado
acompanhado com cautela; para quem não pode tomar estrogênio.
• Categoria 3: os riscos decorrentes do seu uso • Injetáveis: Diferente da pílula combinada, a
superam os benefícios, sendo necessário mini-pílula tem somente o hormônio
acompanhamento rigoroso da usuária; progestina (progestágeno sintético), e não
• Categoria 4: o método não deve ser usado, estrogênio mais progestina. Tomada
pois apresenta risco inaceitável. diariamente, a mini-pílula reduz e engrossa o
muco cervical para prevenir que o esperma
-Métodos de barreira:
alcance o óvulo. Ela também impede o ovo
• Condom masculino e feminino fertilizado de implantar-se no útero
• Diafragma: Pode ser associado a espermicidas • Implante: Consiste de um bastonete de
para ter mais eficácia plástico com 4 cm de comprimento e 2 mm de
• Espermicidas: Forma uma barreia química ao diâmetro que é colocado na face interna da
acesso dos SPZ parte superior do braço, por baixo da pele,
assegurando uma eficácia contraceptiva
-Dispositivo intrauterino: durante três anos. Vai liberando lentamente
• Cobre: Imobiliza o SPZ. Causa fortes dores progesterona (não tem estrogênio) que evita a
menstruais. liberação mensal de oócitos secundários do
ovário. O método inibe a ovulação, aumenta a
• Progesterona: Tem baixa dosagem de
viscosidade do muco cervical, inibindo a
hormônio, não influencia no ciclo hormonal
penetração do espermatozóide, e provoca
(ovulação) e diminui o sangramento vaginal,
atrofia do endométrio diminuindo sua
podendo até suspender a menstruação. A
espessura. Não indicado mulher com mais de
progesterona faz com que o muco cervical
35 anos e fumantes.
fique espesso, de modo que o esperma não
consegue alcançar o ovo, e o ovo fertilizado • Adesivos: O adesivo é uma forma recente de
fica impedido de implantar-se dentro do contracepção, mas com eficácia igual a dos
revestimento do útero anticoncepcionais orais, entre 99,3% a 99,6% e
possui os hormônios (estrogênio e
-Métodos hormonais: progestágeno) que caem diretamente na
corrente sanguínea e inibem a ovulação
- Geralmente são uma mistura de derivados sintéticos
• Emergência: Indicado até 72 horas após o
de estrogênios e progesterona (combinado), que
coito. É feito a base de doses fortes de
inibem o aumento de LH (responsável pela ovulação)
hormônios (levonorgestrel) que impedem a
impedindo a concepção por inibir a ovulação pelo
ovulação e a mobilidade dos espermatozoides
bloqueio da liberação de gonadotrofinas pela hipófise.
no útero, impedindo a fecundação e,
Algumas pílulas contêm apenas derivados da
consequentemente a gravidez.
progesterona (isolado).
-Diversos fatores concorrem para a gestação na –adolescente usuária de álcool ou de outras drogas
adolescência. No entanto, a desinformação sobre lícitas ou ilícitas (cocaína/crack ou medicamentos sem
sexualidade, sobre direitos sexuais e reprodutivos é o prescrição médica);
principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e
–gestação decorrente de abuso/estupro ou outro ato
contextuais também contribuem, inclusive para a falta
violento/ameaça de violência sexual;
de acesso à proteção social e ao sistema de saúde,
incluindo o uso inadequado de contraceptivos, como –existência de atitudes negativas quanto à gestação ou
métodos de barreira e preservativos. rejeição ao feto;
-Existem outras causas inerentes ao desenvolvimento – tentativa de interromper a gestação por quaisquer
psíquico ou fatores culturais, tais como pensamentos meios;
mágicos e inconscientes de ser amado/a ou de ser
conquistado/a como reflexo dos papéis estereotipados –dificuldades de acesso e acompanhamento aos
e veiculados pelas mídias e sociedade em geral, muitas serviços de pré-natal;
vezes envolvendo romance e violência. –não realização do pré-natal ou menos do que seis
-Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a visitas de rotina;
gestação nesta faixa etária é uma condição que eleva a –presença de doenças crônicas: diabetes, doenças
prevalência de complicações maternas, fetais e cardíacas ou renais; infecções sexualmente
neonatais, além de agravar problemas transmissíveis; sífilis, HIV, hepatite B ou C; hipertensão
socioeconômicos existentes. Como em outras arterial;
condições de saúde, o prognóstico da gravidez na
adolescência depende da interação de fatores – presença de doenças agudas e emergentes: dengue,
biológicos, sociais, psicológicos, culturais e zika, toxoplasmose, outras doenças virais;
econômicos. – ocorrência de pré-eclâmpsia ou desproporção
-As complicações e gravidade da gestação pélvica-fetal, gravidez de gêmeos, complicações
correlacionam-se à idade da adolescente (maiores obstétricas durante o parto, inclusive cesariana de
riscos para meninas com menos de 16 anos, urgência;
especialmente menores de 14 anos, ou com menos de – falta de apoio familiar à adolescente.
dois anos da menarca/primeira menstruação),
paridade, início e aderência ao pré-natal, ganho de Riscos para a mãe adolescente e para o filho recém-
peso e aspectos nutricionais. nascido:
-Não se pode esquecer a influência de fatores – RN com anomalias graves, problemas congênitos ou
psicossociais, como a presença ou ausência do apoio traumatismos durante o parto (asfixia, paralisia
familiar, apoio ou não de companheiro/pai do recém- cerebral, outros);
nascido, e fatores ambientais, como acesso aos
– abandono do RN em instituições ou abrigos;
cuidados básicos em saúde, forças que exercem
variações nos resultados da gestação, como no peso, – ausência de amamentação por quaisquer motivos;
na prematuridade e outros achados neonatais, além
– mãe adolescente com transtornos mentais ou
das complicações maternas obstétricas do parto e pós-
psiquiátricos antes, durante ou após a gestação e o
parto.
parto;
Fatores que aumentam os riscos da gestação na
– abandono, omissão ou recusa do pai biológico ou
adolescência:
parceiro pela responsabilidade da paternidade;
– idade menor que 16 anos ou ocorrência da primeira
– RN é resultado de abuso sexual incestuoso ou por
menstruação há menos de 2 anos (fenômeno do duplo
desconhecido, ou relacionamento extraconjugal;
anabolismo: competição biológica entre mãe e feto
pelos mesmos nutrientes); – quando a família rejeita ou expulsa a adolescente e o
RN do convívio familiar;
– altura da adolescente inferior a 150 cm ou peso
menor que 45kg;
Everaldo Leite 11
- Clinicamente, o TP é definido por uma mudança na atividade uterina, que em nenhum momento durante o ciclo
gestatório é absolutamente quiescente ou ausente, com a escalada de aumento progressivo de contrações, de maior
duração, intensidade e ritmicidade, progressivo esvaecimento, afinamento e dilatação do colo uterino, elementos
que se combinam para desencadear os fenômenos passivos indicadores de seu início.
A frequência foi definida como o número de ocorrências de contrações em 10 minutos. Por conceito, consideraram
como ATIVIDADE UTERINA o produto da intensidade das contrações por sua frequência, sob a unidade de
mmHg/10 minutos ou Unidades Montevidéu (UM) e, como trabalho uterino, o somatório de todas as contrações
uterinas para uma dada função, como o trabalho de parto.
PARTO
No trabalho de parto, as contrações uterinas são frequentes, intensas e dolorosas. Ocorre transição gradativa com
acréscimo da intensidade e da frequência, de forma a passar do período pré-parto para o franco trabalho de parto.
Em média, as contrações atingem 30 mmHg, com frequência de duas a três em 10 minutos e duração média de 30
segundos, durante o período inicial da dilatação (2 a 3 cm), até atingir 40 mmHg de intensidade com frequência de
quatro a cinco contrações em 10 minutos no período final da dilatação.
Durante o período expulsivo, as contrações chegam a 5 em 10 minutos, com duração média de 50 segundos e
intensidade de 50 mmHg. Os ligamentos redondos se contraem como o útero, tracionando o fundo para diante,
colocando o eixo longitudinal da matriz na direção do eixo da escavação pélvica, facilitando a progressão do feto.
Everaldo Leite 2
Também no período expulsivo, somam-se às contrações uterinas movimentos involuntários de fechamento da glote
com retesamento dos músculos abdominais, como uma vontade incontrolável de fazer força como nas evacuações:
esse fenômeno se denomina “puxo”. Da mesma forma que as contrações uterinas do período expulsivo, os puxos
têm intensidade de 50 mmHg, que então, somados (contrações do período expulsivo e puxos), chegam à incrível
intensidade de 100 mmHg.
Também durante o trabalho de parto, o útero vai encurtando e espessando na região do fundo, à medida que as
contrações vão evoluindo e o colo uterino dilatando. O istmo é tracionado para cima e, em conjunto com a pressão
exercida pela bolsa amniótica ou pelo polo cefálico, contra o colo, atuando em forma de cunha, constitui também
fator determinante para a dilatação cervical.
SECUNDAMENTO
Após a expulsão do feto, as contrações uterinas se mantêm, a fim de promover o desprendimento da placenta da
sua área de inserção, para que ocorra a dequitação. Geralmente as três primeiras contrações desinserem a placenta
da sua topografia, e demora em média 6 minutos até que ela atinja o segmento inferior, chamado de tempo
corporal. O segmento inferior não tem força contrátil para expulsá-la. Para tanto, a mulher sente novamente
necessidade dos puxos ou, em alguns casos, é necessária a intervenção do obstetra.
Reconhecer o início do trabalho de parto é um desafio. A definição de trabalho de parto baseia-se no início das
contrações uterinas, apagamento do colo uterino com consequente dilatação cervical e expulsão fetal.
Alguns dias antes do início do trabalho de parto, ocorre aumento gradativo das contrações uterinas, dando início a
insinuação da apresentação fetal, esvaecimento e dilatação progressiva do colo e distensão do segmento inferior
para preparar o útero para o trabalho de parto.
A fase preparatória, denominada de PRÉ-PARTO, precede esses eventos em alguns dias ou semanas. Os sinais mais
importantes dessa fase são: descida do fundo uterino geralmente de 2 a 4 cm, eliminação do muco pelas glândulas
cervicais podendo vir acompanhado ou não de pequena perda sanguínea, amolecimento do colo com posterior
apagamento, modificação do direcionamento do colo para o centro do eixo da vagina, contrações uterinas
dolorosas, incoordenadas e irregulares.
O período premunitório é caracterizado principalmente pela descida do fundo uterino. A cúpula do útero gravídico,
localizada nas proximidades do apêndice xifoide, baixa de 2 a 4 cm, condicionando maior amplitude à ventilação
pulmonar, a qual está dificultada, até esse momento, pela compressão diafragmática.
A adaptação do polo proximal do feto ao estreito superior traz consigo, no entanto, a incidência de dores lombares,
o estiramento das articulações da cintura pélvica e distúrbios circulatórios decorrentes dos novos contatos. Há
grande quantidade de secreções das glândulas cervicais, com eliminação de muco e, eventualmente, mesclado de
sangue; encurta-se a porção vaginal do colo; inicia-se a percepção, por vezes dolorosa, das metrossístoles
intermitentes do útero, com espaços que passam a ser frequentes e contrações que se intensificam, prenunciando a
deflagração do parto (dolores praeparantes).
A atividade uterina, presente desde o início da gravidez, se mantém reduzida até 30 semanas, ficando, sobretudo,
limitada a pequenas áreas da matriz. Passado esse período, vai crescendo paulatinamente, com aumento gradual,
especialmente após 36 semanas, como consequência do incremento, na intensidade e na frequência das contrações
de Braxton-Hicks, apresentando melhor coordenação e envolvendo áreas cada vez maiores.
O falso trabalho de parto e as contrações dolorosas do pré-parto são quadros clínicos frequentes no final da
gravidez; apresentam em comum as metrossístoles, de ritmo irregular e semcoordenação, que, pelo fato de não
produzirem modificações do colo, são um diferencial no diagnóstico do verdadeiro trabalho. Assim, é difícil e, muitas
vezes, até mesmo impossível determinar o exato momento do início do parto, que poderá começar de modo
gradual, quase insensível.
As fases clínicas do parto são processos fisiológicos que culminarão com o parto propriamente dito, divididos em
QUATRO períodos ou fases clínicas principais:
O início do trabalho de parto pode ser definido no momento da admissão da paciente ao centro obstétrico. A partir
do momento que ela chega com membranas íntegras e contrações efetivas, pressupõe-se dilatação cervical de 3 a 4
cm ou mais como sendo dados confiáveis para o diagnóstico do trabalho de parto, momento em que termina a fase
de pré-parto e se inicia a fase de dilatação.
Clinicamente, o estudo do parto analisa três fases principais (dilatação, expulsão e secundamento), precedidas de
estágio preliminar, o período premunitório (pré-parto). Há tendência a considerar um 4º período, que
compreenderia a hora imediata à saída da placenta. O conjunto desses episódios constitui os fenômenos passivos do
parto, que se completam com a análise dos movimentos executados pelo feto, na sua penetração rotativa pelo canal
parturitivo, impulsionado pelas contrações uterinas (mecanismo do parto).
Resumem-se na abertura de dois diafragmas, o cervicossegmentário (colo do útero) e o vulvoperineal, através dos
quais o feto passa. Do ponto de vista clínico, a ampliação do diafragma cervicossegmentário corresponde ao 1º
Everaldo Leite 4
período do parto (fase de dilatação), e a passagem do feto pelo diafragma vulvoperineal corresponde ao 2º período
(fase de expulsão).
Clinicamente, o diagnóstico do início real do parto nem sempre será estabelecido facilmente. É necessário
considerar o trabalho parturiente como síndrome: os elementos que a compõem não têm, isoladamente, valor
absoluto e somente o conjunto deles é fiador da precisão. De maneira esquemática, podem ser considerados:
• Contrações dolorosas, rítmicas (no mínimo, duas em 10 min), que se estendem a todo o útero e têm duração
de 50 a 60 s. Doze contrações por hora (2/10 min) é sinal importante de trabalho de parto verdadeiro ou
iminente.
• A fase ativa do parto pode não ter se iniciado com 5 cm de dilatação em multíparas e até comdilatação
maior em nulíparas
• Formação da bolsa-das-águas
• Perda do tampão mucoso, denunciando o apagamento do colo.
Período de esvaecimento e dilatação do colo uterino e formação do segmento inferior do útero e da “bolsa das
águas”. Nas nulíparas, geralmente o esvaecimento do colo precede a dilatação, enquanto nas multíparas esses
processos são concomitantes.
Para um efetivo trabalho de parto, essas contrações devem apresentar frequência regular entre duas e três
contrações a cada 10 minutos, intensidade em média de 40 mmHg e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60
segundos). A sensação dolorosa se deve à hipóxia das fibras musculares do útero durante as contrações. Essas
contrações, ditas efetivas, provocarão a dilatação do colo devido à tração que as fibras musculares do corpo uterino
exercem sobre o segmento inferior e pela apresentação fetal insinuada, que exerce pressão hidrostática sobre a
cérvix.
Inicia-se a fase de dilatação com as contrações uterinas dolorosas (que começam a modificar ativamente a cérvice) e
termina quando a sua ampliação está completa (10 cm). O colo dilata-se graças ao efeito de tração das fibras
longitudinais do corpo, que se encurta durante as contrações uterinas, e de outros fatores convergentes (bolsa das
águas e apresentação).
Nas multíparas, ocorre a simultaneidade dos dois: o colo se desmancha em sincronismo com a dilatação.
Em 80% dos casos, a ruptura (amniotomia), com evasão parcial do conteúdo líquido do óvulo, ocorre no final da
dilatação ou no início da expulsão.
Friedman, em 1954, descreveu uma abordagem científica que caracterizou um padrão sigmoide para o trabalho de
parto ao elaborar um gráfico de dilatação cervical em relação ao tempo.
Com base nas observações gráficas, elaborou o conceito de três divisões funcionais do trabalho de parto.
1ª > Na primeira divisão, divisão preparatória ou de aceleração, mesmo que haja dilatação mínima, já se iniciam
alterações plásticas do colo.
2ª > A divisão de aceleração máxima ou de dilatação, período de dilatação rápida, quando a dilatação vai de 3 a 9
cm.
O padrão de dilatação cervical durante as divisões de aceleração e de dilatação é representado por uma curva
sigmoide dividida em duas fases.
FASE LATENTE
Essa fase é o momento em que a parturiente percebe as contrações uterinas regulares, pouco dolorosas.
Normalmente, é o período até a dilatação de 3 a 5 cm, definido como limite de dilatação da fase latente e o início da
fase ativa. A dilatação nessa fase é em média de 0,35 cm por hora, com duração variável, de difícil delimitação. A
fase latente é considerada prolongada quando se estende por mais de 20 horas nas nulíparas e 14 horas nas
multíparas.
FASE ATIVA
Fase caracterizada por contrações dolorosas, com aumento gradual de frequência e intensidade, levando à rápida
dilatação do colo. As taxas de dilatação cervical, segundo Friedman (1972), variam de 1,2 a 6,8 cm por hora. A fase
ativa tradicionalmente se inicia com entre 3 e 4 cm; multíparas evoluem, em média, 1,5 cm por hora, com 2,4 horas
(máximo de 5,2 horas) de duração, e nulíparas, 1,2 cm por hora, com 4,6 horas (máximo de 11,7 horas) de duração
(Figura 89.4).
O período se inicia com a dilatação cervical total estendendo-se até o nascimento do feto. Tem duração média de
aproximadamente 50 minutos para nulíparas e 20 minutos para multíparas.
Inicia-se quando a dilatação está completa e se encerra com a saída do feto. Caracteriza-se, fundamentalmente,
pela associação sincrônica às metrossístoles, da força contrátil do diafragma e da parede abdominal, cujas formações
musculoaponeuróticas, ao se tornar tenso, formam cinta muscular forte, que comprime o útero de cima para baixo e
de frente para trás.
No curso do 2º período, ocorre a sucessão das contrações uterinas, cada vez mais intensas e frequentes, com
intervalos progressivamente menores, até adquirirem o aspecto subintrante de cinco contrações em cada 10 min.
Everaldo Leite 7
Por efeito das metrossístoles, o feto é propelido através do canal do parto, franqueia o colo dilatado e passa a
distender lenta e progressivamente a parede inferior do diafragma vulvoperineal, depois de palmilhar a vagina.
Ao comprimir as paredes vaginais, o reto e a bexiga, o polo inferior do feto provoca, por via reflexa, o aparecimento
das contrações voluntárias da prensa abdominal. Assim, origina-se a “vontade de espremer”, os puxos, movimentos
enérgicos da parede do ventre, semelhantes aos suscitados pela evacuação ou micção penosas.
Para maior eficiência do período expulsivo, é necessário que dois fatores estejam presentes e somados: sístole
involuntária do útero e contração voluntária da prensa abdominal.
Na primíparas, a fase latente dura, em média, 20 h; nas multíparas, 14 h. O parto propriamente dito (fase ativa) tem
o período de dilatação completo em torno de 12 h, nas primíparas, e de 7 h nas multíparas; a expulsão leva,
respectivamente, 50 e 20 min. Contudo, com a assistência ativa à parturição, a maioria dos partos normais ocorre
dentro de 6 h.
O fundo uterino passa a se localizar abaixo do nível da cicatriz umbilical e, com essa diminuição, diminuirá a área de
implantação da placenta e forçará que ela seja expulsa do útero, o que é facilitado pela estrutura frouxa da decídua
esponjosa.
Descolamento.
A placenta se descola como se destacaria um selo colado a uma superfície elástica, previamente distendida, quando
essa se retraísse.
Decorre, essencialmente, da retração do músculo uterino, após o parto fetal, e em consequência de suas contrações.
Assim, reduz-se de maneira acentuada a superfície interna do útero, pregueando-se a zona de inserção da placenta,
o que vai ocasionar o seu descolamento
Existem dois tipos de mecanismo de dequitação, conforme o local do útero em que a placenta está inserida:
Descida.
As contrações uterinas, que não cessam, e a possível ação da gravidade condicionam a migração da placenta, que se
cumpre de acordo com a modalidade do descolamento, a locação placentária e a maior ou menor facilidade com
que se desprendem as membranas. Do corpo uterino, a placenta passa ao segmento inferior, que então se distende;
percorre a cérvice e cai na vagina.
Expulsão ou desprendimento.
No canal vaginal, a placenta provoca nova sensação de puxo, determinando esforços abdominais semelhantes aos
do 2º período do parto, responsáveis pela expulsão do órgão para o exterior.
No antigo local de inserção da placenta, forma-se ferida viva, com os seus vasos abertos, dando saída a certa
quantidade de sangue, até que se obliterem, pelo mecanismo descrito por Pinard (ligaduras vivas), subsecutivo à
retração uterina.
Denominado de quarto período de Greenberg, corresponde à primeira hora após a dequitação. Nesse período, após
o desprendimento da placenta, ocorre a retração uterina com a formação de coágulos fisiológicos. É necessário
salientar-se a importância da boa compreensão do mecanismo da retração uterina e de formação normal de
coágulos na superfície interna da matriz, que ficou aberta e sangrante após a expulsão da placenta. Esse período é
caracterizado por mecanismos que atuarão na prevenção fisiológica do sangramento do leito uteroplacentário
Miotamponagem
O primeiro mecanismo é a contração do útero, pós-dequitação, provocando obliteração dos vasos miometriais pela
contração muscular, o miotamponamento, descrito por Pinard e denominado de ligaduras vivas de Pinard.
Trombotamponamento
Provocando um tamponamento devido à formação de trombos intravasculares que obliteram os grandes vasos
uteroplacentários e de coágulos que preenchem a cavidade uterina, fase conhecida como segunda fase de proteção
contra a hemorragia, o trombotamponamento.
Everaldo Leite 9
Após 1 hora do parto, o útero evoluirá com a fase de contração uterina fixa, por adquirir maior tônus, mantendo a
hemostasia.
PARTOGRAMA
Partograma é a representação gráfica do trabalho de parto. É um instrumento fácil de ser utilizado, prático e barato
que permite documentar sua evolução, diagnosticar alterações e indicar intervenções apropriadas para s correção
desses desvios ou distocias, evitando, assim, que se adotem condutas desnecessárias na assistência à parturiente.
Como possibilita o registro da evolução do trabalho de parto, o partograma detecta quando ele não está
progredindo normalmente e, se adequadamente interpretado, indica quando há necessidade de estímulo desse
trabalho de parto ou se há desproporção cefalopélvica.
FASE DE DILATAÇÃO
Friedman demonstrou que a relação entre a progressão da dilatação cervical e o tempo, (na primeira fase clínica do
parto ou de dilatação) é representada por uma curva sigmoide.
Além disso, essa fase foi dividida em latente e ativa, a depender da velocidade com que a dilatação ocorre. A fase
latente se inicia com o diagnóstico de trabalho de parto, ou seja, com a associação de pelo menos duas contrações
rítmicas em 10 minutos e dilatação cervical de 2 a 3 cm, e se estende até 4 cm de dilatação. É a fase mais longa,
com duração média de 8 horas, mas podendo ter até 20 horas.
Na fase ativa, que se inicia com 4 cm e termina com a dilatação completa do colo, a velocidade da dilatação cervical
aumenta significativamente e é de 1 cm por hora, em média. Nessa fase é possível estabelecer os diagnósticos de
distocias.
Sendo assim, é importante salientar que, para análise da progressão do trabalho de parto, a fase de interesse para
aplicação do partograma é a fase ativa da dilatação. Portanto, o partograma deve ser iniciado no momento em que
a parturiente apresenta dilatação cervical de 4 cm.
Em sua forma mais comum, o cervicograma é documentado em papel quadriculado. Na abscissa (eixo X), coloca-se o
tempo, sendo cada divisória correspondente a 1 hora.
Everaldo Leite 10
Nas ordenadas (eixo Y) a dilatação é representada à esquerda e a descida da apresentação à direita. Cada divisória
das ordenadas corresponde a 1 cm.
Na representação da descida fetal, considera-se como plano zero de DeLee aquele das espinhas ciáticas, no estreito
médio da pelve materna. Acima desse ponto estão os valores negativos e abaixo, os positivos de DeLee.
Na construção do partograma, existem duas linhas paralelas denominadas linhas de alerta e de ação. Quando a
dilatação atinge ou cruza a linha de alerta, isso significa a necessidade de melhor observação clínica; a intervenção
médica torna-se necessária somente quando a curva de dilatação cervical atinge a linha de ação, o que não significa
conduta cirúrgica
Vale enfatizar que, no cervicograma do partograma do MS (Brasil, 2001), a dilatação cervical é representada por um
triângulo colocado na linha que representa quantos centímetros a paciente apresenta no momento de sua
avaliação, imediatamente à esquerda da linha de alerta. A apresentação fetal é representada por um desenho que
demonstra a variedade de posição.
O intervalo em que a paciente é submetida a toques vaginais para seu preenchimento varia de 2 a 4 horas, a
depender da parturiente e evolução de seu trabalho de parto.
FASE EXPULSIVA
O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) (2014) sugere manter a tentativa de parto vaginal por
pelo menos 2 horas em gestantes multíparas e 3 horas em primigestas, se as condições maternas e fetais assim o
permitirem.
Observações referentes às contrações são realizadas a cada hora. Considerando um período de avaliação de 10
minutos, devem ser anotadas quantas contrações ocorrem (cada quadrado representa uma contração) e qual é a
intensidade dessas contrações. Contrações fortes são representadas por quadrados totalmente preenchidos,
contrações moderadas por quadrados preenchidos pela metade (Brasil, 2001) ou hachurados (Dalal e Purandare,
2018) e contrações fracas por quadrados vazios (Brasil, 2001) ou preenchidos por fino pontilhado
Essa seção é utilizada para documentar condições fetais evolutivas importantes durante o trabalho de parto. É
possível avaliar a vitalidade fetal por meio da ausculta fetal eletrônica intermitente, a integridade das membranas
corioamnióticas e, quando rotas, as características do líquido amniótico e fenômenos plásticos do polo cefálico.
Ausculta fetal
No local destinado a documentar esse parâmetro, deve-se colocar: letra I para membranas íntegras. Caso haja
rotura, as letras serão as seguintes: C para líquido claro, M para mecônio, S para líquido tinto de sangue e A para
ausência de líquido.
No partograma da OMS (2000) há espaços destinados à documentação, além das contrações uterinas, de sinais vitais
e de intervenções maternas importantes na condução do trabalho de parto, tais como: temperatura, pressão
Everaldo Leite 11
arterial, frequência cardíaca e tipos e posologias de fluidos e/ou drogas que porventura estejam sendo
administrados.
A curva de Friedman ainda é utilizada na assistência à parturiente para avaliar a normalidade de um trabalho de
parto e ditar quando intervenções devem ser instituídas para correção de distocias. De acordo com os conceitos de
Friedman, podem ser diagnosticadas, com o uso correto do partograma, distocias de dilatação (fase ativa) e de
descida (período expulsivo).
DISTOCIAS DE DILATAÇÃO
Essas distocias são diagnosticadas antes da dilatação completa do colo uterino e independem da altura da
apresentação fetal.
Essa distocia é diagnosticada quando a dilatação cervical é progressiva, em toques sucessivos, porém se dá em
velocidade inferior a 1 cm por hora. No partograma, a curva de dilatação cervical cruza a linha de alerta.
A principal causa dessa anormalidade é a presença de contrações em número ou qualidade insuficiente para
promover a dilatação do colo uterino. Portanto, sua correção é feita, em um primeiro momento, pelo emprego de
movimentação da parturiente priorizando posturas verticalizadas e por alívio de dor. Caso não se obtenha o
resultado desejado, administração de ocitocina ou rotura artificial das membranas são outras opções para correção
do quadro.
Nesse caso, a distocia é definida como ausência de progressão da dilatação em dois exames cervicais sucessivos,
com intervalo maior de 2 horas, na presença de contrações uterinas adequadas.
A causa dessa distocia é a desproporção cefalopélvica, que na maioria dos casos, é relativa e secundária a
apresentações fetais defletidas ou em variedades de posição transversas ou posteriores. Logo, para sua correção,
devem-se utilizar estratégias que auxiliem o mecanismo de parto, tais como priorização de posturas verticalizadas,
alívio importante da dor (incluindo analgesia farmacológica) e rotura artificial das membranas (Brasil, 2001). Vale
destacar que, nessa condição, as contrações uterinas geralmente são em número e intensidade adequados, assim a
prescrição de ocitocina não deve ser vista como intervenção.
Distocia diagnosticada, frequentemente de maneira retrospectiva, quando o período que se estende do início da
fase ativa da dilatação e a expulsão do feto é de 4 horas ou menos.
O padrão de contrações é de taquissistolia e a principal causa dessa intercorrência é o uso iatrogênico de ocitocina.
Nesse caso, a parada de infusão de ocitocina é mandatória. No partograma, a curva de dilatação se distancia da linha
de alerta para a esquerda.
DISTOCIAS DE DESCIDA
Essas distocias são diagnosticadas após dilatação completa do colo uterino e estão relacionadas à velocidade de
progressão do feto pelo trajeto, durante o período expulsivo.
Essa distocia é diagnosticada no partograma quando a descida da apresentação é progressiva, porém ocorre em
velocidade inferior à esperada para a paridade e condições clínicas da paciente.
A expulsão fetal não se dá no tempo máximo de período expulsivo estabelecido, ou seja, em 2 horas para nulíparas e
em 1 hora para multíparas. Em 2003, o ACOG recomendou o acréscimo de mais 1 hora ao período expulsivo caso a
parturiente esteja sob efeito de analgesia farmacológica. Essa distocia está frequentemente associada a contrações
deficientes. Intervenções voltadas para sua correção são: posturas de parto verticalizadas, administração de
ocitocina, rotura de membranas.
Everaldo Leite 15
Nesse caso, a distocia é definida como ausência de progressão da descida em dois exames cervicais sucessivos, com
intervalo de 1 hora ou mais.
Como o principal motivo dessa intercorrência é a desproporção cefalopélvica, sua • • • • correção deve ser rápida e
por meio de intervenções que promovam o mecanismo de parto, especialmente as rotações. Logo, a verticalização
da parturiente, rotura de bolsa e rotação manual do polo cefálico podem auxiliar na sua correção.
EXPLICAR OS CRITERIOS PARA INDUCAO DE PARTO CORRELACIONADO COM O PARTOGRAMA (OCITIOCINA 310 E
MISU)
➢ Assistência à dilatação
Ocitocina.
Embora acelere o trabalho de parto, aumentando a intensidade e a frequência das contrações uterinas, seu uso deve
ser limitado aos casos em que está hipoativa a dinâmica da matriz.
A resposta do útero à ocitocina, no período de dilatação, é quase imediata. Nunca será irrelevante insistir sobre a
necessidade imprescindível de observação atenta da perfusão, repetindo-se periodicamente a contagem do gotejo, a
variar constantemente; é fundamental averiguar, repetidamente, a frequência das contrações e sua duração, bem
como auscultar, cuidadosamente, os bcf. A sensibilidade da matriz varia muito, individualmente.
Caso não seja possível registrar a pressão amniótica, pode-se inferir da contratilidade, anotando o número e a
duração das contrações. Sua frequência possibilita avaliar a eficácia da perfusão venosa de ocitocina; impedindo-se
elevação superior a 4/10 min faz-se, contemporaneamente, a profilaxia do sofrimento do concepto. Pela duração da
metrossístole, avalia-se, indiretamente, a intensidade contratural (normal: 50 a 60 s).
Everaldo Leite 16
Deambulação
A parturiente poderá locomover-se durante o período de dilatação, até a ruptura das membranas, e desde que não
esteja sob analgotocia. Depois, será mais prudente permanecer no leito, em decúbito lateral, para melhoria das
contrações uterinas e da oxigenação fetal.
➢ Assistência à expulsão
Episiotomia
Proteção ao períneo. A passagem do feto pelo anel vulvoperineal será raramente possível sem lesionar a integridade
dos tecidos maternos, com lacerações e rupturas das mais variadas, a condicionarem frouxidão do assoalho pélvico.
Manobra de Kristeller
Por vezes, a expressão do fundo do útero poderá ser efetuada por ajudante qualificado. Esta técnica é denominada
manobra de Kristeller. Não é o procedimento inofensivo. Desarranja a contratilidade uterina, produz hipertonia,
repercutindo ominosamente na vitabilidade fetal; pode culminar inclusive com descolamento prematuro de placenta
e embolia amniótica.
Fórceps de alívio.
Havendo o menor impedimento à progressão da cabeça, é aconselhável terminar o parto a fórceps, uma intervenção
profilática.
MECANISMO DO PARTO
No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede
abdominal, o feto é compelido a executar certo número de movimentos, denominados mecanismo do parto. São
movimentos puramente passivos, e procuram adaptar o feto às exiguidades e às diferenças de forma do canal. Com
esses movimentos, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos.
O mecanismo do parto tem características gerais constantes, que variam em seus pormenores de acordo com o tipo
de apresentação e a morfologia da pelve. Em 95 a 96% dos casos, o parto processa-se com o feto em apresentação
cefálica fletida (ATITUDE) – apresentação de vértice. De todas as apresentações, esta é a menos sujeita a
perturbações do mecanismo. Será estudado aqui apenas o mecanismo do parto fisiológico: apresentação cefálica
fletida em bacia ginecoide.
O trajeto, ou canal da parturição, estende-se do útero à fenda vulvar (Figura 13.2). Constituído por formações de
diversas naturezas, partes moles do canal do parto (segmento inferior, cérvice, vagina, região vulvoperineal), o canal
da parturição é sustentado por cintura óssea, também chamada de pequena pelve, pequena bacia ou escavação.
No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede
abdominal, o feto é compelido a executar certo número de movimentos, denominados mecanismo do parto. São
movimentos puramente passivos, e procuram adaptar o feto às exiguidades e às diferenças de forma do canal. Com
esses movimentos, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos.
O mecanismo do parto tem características gerais constantes, que variam em seus pormenores de acordo com o tipo
de apresentação e a morfologia da pelve. Em 95 a 96% dos casos, o parto processa-se com o feto em apresentação
cefálica fletida – apresentação de vértice. De todas as apresentações, esta é a menos sujeita a perturbações do
mecanismo. Será estudado aqui apenas o mecanismo do parto fisiológico: apresentação cefálica fletida em bacia
ginecoide.
Everaldo Leite 17
INSINUAÇÃO
A insinuação (ou encaixamento) é a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito
superior. Nessas condições está o ponto mais baixo da apresentação à altura das espinhas ciáticas (plano “O” de
DeLee). Tem como tempo preliminar a redução dos diâmetros, o que, nas apresentações cefálicas, é conseguido pela
flexão (apresentação de vértice), ou deflexão (apresentação de face).
Para que se processe a insinuação, é necessário haver redução dos diâmetros da cabeça, o que será obtido pela
orientação de diâmetros e por flexão (Figura 13.4).
No início dessa fase, a cabeça fetal encontra-se acima do estreito superior da bacia, em flexão moderada, com a
sutura sagital orientada no sentido do diâmetro oblíquo esquerdo ou do transverso e com a pequena fontanela
(fontanela lambdoide) voltada para esquerda (Figura 13.5). Os autores franceses, no que têm sido seguidos pelos
demais latinos, consideram a variedade de posição mais frequente (60%) a occípito-esquerda-anterior (OEA), que
designam de primeira posição.
Na realidade, o encaixamento depende, essencialmente, da morfologia da pelve. Nas de tipo ginecoide, ele se dá,
preferencialmente, pelo diâmetro transverso.
De qualquer maneira, o aproveitamento dos diâmetros oblíquos ou transversos (os mais amplos do estreito
superior) é indispensável para a passagem do diâmetro anteropostorior, o maior da circunferência de encaixamento.
A atitude de moderada flexão (atitude indiferente), em que se encontra a cabeça no início do mecanismo do parto,
apresenta ao estreito superior da bacia o diâmetro occipitofrontal, maior do que o suboccipitobregmático, que
mede 9,5 cm. Para apresentar esse último diâmetro, mais favorável, a cabeça sofre um 1 o movimento de flexão.
DESCIDA:
Passagem da apresentação do estreito superior para o estreito inferior. Ocorre concomitante a insinuação.
Everaldo Leite 18
Até aí mantém a mesma atitude e conserva o mesmo sentido, apenas exagerando um pouco a flexão. O ápice do
ovoide cefálico atinge o assoalho pélvico, e a circunferência máxima encontra-se na altura do estreito médio da
bacia.
Durante esse mecanismo do parto, o movimento da cabeça é turbinal: à medida que o polo cefálico roda, vai
progredindo no seu trajeto descendente. É a penetração rotativa.
O objetivo é coincidir o maior diâmetro da apresentação com o maior diâmetro da pelve materna. Será compelido a
sofrer movimento de rotação, capaz de dirigir o seu facilimum de flexão de modo que o occipital entre em contato
com a sínfise pubiana.
DESPRENDIMENTO CEFÁLICO:
Deflexão fetal com auxílio da retro pulsão do cóccix. Terminado o movimento de rotação, o suboccipital coloca-se
sob a arcada púbica; a sutura sagital orienta-se em sentido anteroposterior
Morfologia da pelve
Há quatro tipos fundamentais de bacia (Figura 1.4): ginecoide, antropoide, androide e platipeloide. O elemento
dominante na determinação do tipo de bacia é fornecido pela porção posterior do estreito superior, limitada pelo
diâmetro transverso máximo, enquanto a região anterior tem importância secundária.
Everaldo Leite 19
São imaginários, traçados na entrada, na saída e em várias alturas da escavação pélvica. Merecem referência os
planos paralelos de Hodge: o primeiro plano paralelo passa pela borda superior do púbis e pelo promontório; o
segundo corresponde à borda inferior do púbis; o terceiro é traçado nas espinhas ciáticas; e o quarto parte da ponta
do cóccix e mistura-se com o assoalho pélvico.
Exame da bacia
A semiologia da pelve é fundamental. Em seu aspecto mecânico, o prognóstico do parto pode ser razoavelmente
percebido, sendo concluído por meio da utilização correta dos métodos habituais de exame da bacia.
O estudo da capacidade da bacia é realizado por meio da pelvimetria, que procura estimar os diâmetros, ora
medindo-os externamente (pelvimetria externa), ora internamente (pelvimetria interna).
Pelvimetria interna.
Na prática obstétrica atual, a avaliação das mensurações internas da bacia é superficial. Pelo fato de o estreito
superior ser inacessível, procura-se medir a chamada conjugata oblíqua ou diagonalis, cujo valor é deduzido em 1,5
cm, a fim de se obter a conjugata vera obstétrica.
Everaldo Leite 20
Ao introduzir o dedo, procura-se aplicar seu extremo (do índice, no toque unidigital, e do médio, no bidigital) sobre a
saliência do promontório, e duas hipóteses podem ocorrer: ou ele é inatingível ou está acessível. Com o dedo
explorador sobre o promontório, a borda radial do índice posiciona-se sob o ligamento arcuatum e, com o índice da
outra mão, marca-se o ponto de encontro da face anterior do púbis com a mão que toca. A seguir, mede-se a
distância entre esse ponto e a polpa digital do dedo que se aplicou no promontório, obtendo-se o valor da conjugata
diagonalis.
Nos casos de promontório inatingível, conclui-se que o diâmetro anteroposterior é amplo. No entanto, para
considerar a bacia normal ou espaçosa, não basta que esse diâmetro tenha grandes proporções, pois o vício pélvico
pode se localizar em outros pontos. Se percebermos não ser a conjugata diagonalis que desejamos avaliar, mas a
conjugata vera obstétrica, e que a diferença entre ambas não é constante como se supunha (1,5 cm), podendo variar
de 0 a 3 cm.
CO 1,5 cm < CD
Estreito Médio: Sínfise púbica, ísquio, ílio, sacro (Diâmetro transversoOu Bi ciático: 10,5cm)
CONJUGATA EXITUS: Distancia da borda inferior do púbis até a ponta do cóccix Diâmetro 9,5cm que com a retro
pulsão provada pelo feto pode ultrapassar 11,5cm
Everaldo Leite 21
As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em obstetrícia. São uma
das principais causas de internação de gestantes no período anteparto, com importante aumento da
morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios.
Várias são as possíveis causas de sangramento. Entre as CAUSAS OBSTÉTRICAS, as mais importantes são o
descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos diagnósticos. Não
podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes causas obstétricas.
Entre as CAUSAS NÃO OBSTÉTRICAS, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do útero durante a
dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de útero e trauma vaginal.
PLACENTA PRÉVIA
A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre.
Placenta prévia é denida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero. Ela
pode ser classicada de três maneiras, de acordo com sua posição em relação ao colo do útero:
Um achado ultrassonográco frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação Contudo, até 90%
desses achados normalizarão até o termo, devido à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre devido o
crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem vascularizado.
O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior, e entre elas a principal é a cesariana
anterior. Entre outras causas estão as intervenções uterinas prévias como a miomectomia e curetagem.
Multiparidade, idade materna avançada, tabagismo e gemelaridade também são fatores associados.
Everaldo Leite 22
A chance de ter uma placenta prévia numa gravidez futura aumenta signicativamente para aquelas mulheres que
possuem uma cicatriz uterina.
Com uma cesariana anterior, o risco de placenta prévia pode ser de 4,5 vezes maior; com duas cesáreas pode ser 7,4
vezes; com três 6,5 vezes e com quatro ou mais chega a 45 vezes maior.
Diagnóstico Clínico
O sangramento na placenta prévia caracteriza-se por ser indolor, no segundo ou terceiro trimestre. Geralmente
ocorre em pequena quantidade e é autolimitado, não levando a uma espoliação materna signicativa.
Nas placentas prévias marginais, muitas vezes o sangramento não se apresenta até o momento do parto. Algumas
gestantes, principalmente, as com placenta prévia centro-totais, podem apresentar um sangramento entre a 26ª e
28ª semana de gestação, chamado de sangramento sentinela. Nestas, o sangramento é intermitente e abundante,
de coloração vermelho vivo, com necessidade de internações e transfusões frequentes.
Propedêutica auxiliar
O melhor, mais seguro e mais simples método para realização do diagnóstico de placenta previa é a ultrassonograa
abdominal. Ela irá nos mostrar exatamente a localização placentária e a sua posição em relação ao orifício interno do
colo do útero.
Exames laboratoriais
Everaldo Leite 23
• Hematócrito e hemoglobina;
• Tipagem sanguínea ABO Rh;
• Coagulograma
Conduta
No pré-natal: recomenda-se que a gestante com placenta prévia seja encaminhada a um centro de referência.
O uso de suplementação de ferro no pré-natal é indicado para evitar anemia, com constante monitoração dos níveis
de hematócrito e hemoglobina. Em gestantes Rh-negativo, deve ser feita a prescrição de imunoglobulina anti-D
quando ela apresentar sangramento.
O descolamento prematuro de placenta (DPP) é denido como a separação da placenta da parede uterina antes do
parto. Essa separação pode ser parcial ou total e é classicada em três graus, levando em conta os achados clínicos e
laboratoriais.
Grau 1: Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina signicativa. Vitalidade fetal preservada. Sem
repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós-parto com a identicação do coágulo
retroplacentário.
Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e alterações da
pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais
presentes, porém com sinais de comprometimento de vitalidade.
Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito fetal.
Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade hemodinâmica pode ocorrer
mesmo sem a exteriorização do sangramento.
O DPP ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas, com aumento
muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, de anemias, coagulopatias,
hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte materna; podem ocorrer ainda complicações perinatais, como
prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal e óbito perinatal. O DPP é
descrito como a principal causa de óbito perinatal.
Everaldo Leite 24
A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos. Tanto a pré-eclâmpsia quanto a
hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para o DPP.
O acidente automobilístico é a maior causa de DPP relacionada ao trauma. O descolamento pode ocorrer pela
desaceleração ou por trauma direto ao abdome. Esse diagnóstico muitas vezes é subestimado devido ao não uso de
monitoração fetal em gestantes vítimas de traumas. A monitoração fetal rotineira nessas gestantes diminuiria o
número de perdas fetais decorrentes de trauma automobilístico.
Quadro clínico
O quadro clínico característico do DPP é a dor abdominal, associada ou não a sangramento vaginal. A dor varia de
leve desconforto até dor intensa, associada a aumento do tônus uterino, que pode se manifestar em graus variados,
desde uma taquihiperssistolia até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor é lombar.
Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo retroplacentário e infiltração sanguínea
intramiometrial. Esse sangramento é responsável pela apoplexia útero-placentária ou “útero de Couvelaire” que
ocasiona décit contrátil, sendo importante causa de hemorragia pós-parto.
Exames laboratoriais
Os exames que devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de DPP são: • Hemograma com contagem de
plaquetas; • Tipagem sanguínea ABO Rh; • Coagulograma; • Exames de rotina para doença hipertensiva se
apropriado.
ROTURA UTERINA
A rotura uterina, ou ruptura uterina, é uma complicação obstétrica grave em que há rompimento da musculatura do
útero.
Everaldo Leite 25
É uma complicação muito grave em obstetrícia sendo uma importante causa de morbimortalidade materna.
– Completa: há a total rotura da parede uterina. É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida tanto da mãe
quanto do feto.
– Incompleta: o peritôneo parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo permanecer
assintomática após um parto vaginal.
O maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o principal delas.
Outras causas possíveis são antecedentes de: curetagem uterina com perfuração, miomectomia, acretismo
placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso inapropriado de ocitocina.
Quadro clínico
VASA PRÉVIA
A vasa prévia é definida como sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas
passando pelo orifício interno do colo. Vasa prévia é uma condição rara em que vasos fetais correm desprotegidos
pelas membranas ovulares, interpostos entre o orifício interno do colo e a apresentação fetal.
A perda sanguínea é de origem fetal, fato este que mostra a urgência do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade
fetal são altas, ao redor de 50%.
Everaldo Leite 26
DESCEVER O CEM FRENTE AO CASO (LEI; ARTIGO; CONCEITO; PREVENCAO E ERRO MEDICO).
Art. 54. Deixar de fornecer a outro médico informações sobre o quadro clínico de paciente, desde que autorizado
por este ou por seu representante legal.
Art. 57. Deixar de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à comissão de ética da instituição em que
exerce seu trabalho profissional e, se necessário, ao Conselho Regional de Medicina.
APG22
Everaldo Leite 1
• Infecção transplacentária: Microrganismo no -Sorologia não é mais rotina no pré-natal, salvo sinais
sangue materno cruza a placenta até atingir o clínicos e áreas epidemiológicas.
feto -20 a 50% das pessoas não apresentam exantema,
• Infecção transamniotica: Os germes da vagina quando diagnostico é feito pelo método ELISA, deve
e do colo acometem a cavidade amniótica e o considerar duas situações:
feto. A via transamniótica é ascendente,
geralmente após a ruptura das membranas. • Gravida com exantema (os seguintes
resultados indicam infecção):
-Infecção paranatal: ➢ Soroconversão: Paciente já feito outro
teste
- É adquirida por contato direto com as secreções
➢ Aumento IgG 4x em 2 exames com
maternas, no momento da passagem do feto pelo
intervalo 3sem
canal do parto; o mesmo ocorre com relação à infecção
➢ IgM Positivo
pelo herpes simples genital, hepatite B, estreptococo
• Nas grávidas que tiveram contato com a
do grupo B (GBS) – condicionam infecção neonatal.
rubéola aplicam-se os mesmos critérios,
-Consequência dessas infecções: apenas o intervalo dos exames pareados será
de 4 a 5 semanas
-As consequências das infecções estão relacionadas
com o período da gestação, pode ser destacado 3 -Diagnostico da infecção fetal:
períodos:
-Realiza PCR amniótico.
• Pré-implantação: Aplica-se aqui a lei do “tudo
-Para reduzir falso-negativo necessário esperar 6-8
ou nada”. Se o número de células afetadas
semanas após infecção materna e a partir da 21
pela infecção for grande, ocorrerá o
Everaldo Leite 2
-Vacina:
-Caso Bebe se infecte, tem 70 a 90% de chances de -A principal fonte de contágio do HIV é feita pelas
desenvolver infecção crônica e evoluir para cirrose e células infectadas por ele – transmissão por
adenocarcinoma hepático. celularidade. Os linfócitos CD4 geralmente são
parasitados pelo HIV existente no sangue e no
-Profilaxia: esperma, sendo os elementos contaminantes:
-Embora a infecção seja paranatal, não há indicação de ➢ transfusão de sangue
cesárea. ➢ compartilhamento de seringas por usuários de
-Vacina mãe: É obrigatória para evitar infecção no RN drogas ilícitas
(avaliar calendário na primeira consulta). ➢ relações sexuais (especialmente o coito anal).
-Diagnostico:
-Exames:
-Tratamento:
➢ ELISA (mais utilizado)
-Aqueles com mãe HBsAg-positiva receberão, nas ➢ Western blot (confima o elisa positivo- É o
primeiras 12 h, além da vacina, uma dose (0,5 mℓ IM) melhor)
de imunoglobulina hiperimune anti-hepatite. ➢ Teste rápido (pronto em 30min)
-É a doença causada pelo vírus HIV (vírus da -É exame de rotina na primeira consulta pré-natal
imunodeficiência humana), retrovírus RNA,
-As vias de transmissão na gravidez são:
linfotrópico, que pode permanecer por um longo
período no corpo (fase assintomática) antes que danos ➢ Transplacentária
Everaldo Leite 4
➢ Paranatal
➢ Amamentação.
-Transmissão congênita:
-Tratamento:
-Tratar sintomáticos.
• Diagnostico de infecção materna antiga: igM 2 semanas para a detecção de anormalidades; neste
positivo primeiro trimestre e alta avidez IgG cenário, 25% dos fetos apresentarão anomalia.
• Diagnostico sorológico de rotina: Um trabalho
-A interrupção da gravidez foi indicada somente nos
francês aconselha sorologia na rotina do pré-
casos anormais à ultrassonografia.
natal
-Um trabalho recente francês mostrou que a
-Diagnostico de infecção fetal:
amniocentese e a ultrassonografia diagnosticaram
-Maior risco em infecções primarias de transmitir para todos os bebês sintomáticos.
o feto.
-Diagnostico de infecção no recém-nascido:
-Os achados ultrassonográficos são importantes, mas
-A infecção congênita pelo CMV pode ser diagnosticada
não diagnósticos, pois são comuns a outras doenças
se o recém-nascido apresentar o vírus na urina, na
fetais. Além disso, as alterações sonográficas somente
saliva, no sangue ou em qualquer outro tecido até 2 a
são observadas em não mais de 25% dos fetos
3 semanas após o nascimento.
infectados (SOGC, 2010). As mais frequentes incluem
crescimento intrauterino restrito (CIR) (cerca de 10%), -Caso teste seja realizado após esse período não tem
ventriculomegalia, calcificações intracerebrais como diferenciar se é CMV congênito ou adquirido.
periventriculares e hepáticas, microcefalia, intestino
-Como metade das grávidas apresenta anticorpos IgG
hiperecogênico (Figura 39.20) e ascite.
específicos para o CMV, e eles atravessam a placenta,
-Contudo, o teste usual para o diagnóstico da infecção o achado deles no recém-nascido reflete apenas
fetal pelo CMV é a PCR no líquido amniótico (PCR-LA). imunidade passiva.
Para conseguir boa sensibilidade, a amniocentese deve
-Não testa rotineiramente RN saldável, salvo se a mãe
ser realizada 6 semanas após o início da infecção
for positiva primaria.
materna e depois de 21 semanas da gravidez.
-Em geral, bebês com infecção pelo CMV adquirida
após o parto não apresentam problemas, a não ser
quando extremamente pré-termo ou de muito baixo
peso.
-Tratamento:
-HSV materno:
-Seguro e inseguro:
Referências
Doenças da mama
• Dor na mama
• Descarga de papilas
• Tumor palpável
-Cada um deles pode ser visto como uma treliça de -Avaliação de massas palpáveis:
canais destituídos de valvas que se interconectam e
-É impossível distinguir a massa mamária entre benigna
drenam para um ou dois linfonodos axilares
e maligna, ou cística e sólida pelo exame clínico.
(linfonodos sentinelas). Esses são mais envolvidos nas
Entretanto, os achados do exame, interpretados em
metástases mamarias.
conjunto com a imagem e o exame patológico (teste
-No entanto, também existem vias alternativas de triplo), contribuem significativamente para as decisões
drenagem que não parecem estar interconectadas com sobre o tratamento.
outras redes e que drenam diretamente nas bacias
-Exame físico:
internas de linfonodos mamários, subclávios, axilares
contralaterais ou abdominais. -O exame físico começa com a inspeção (Ver estática e
dinâmica - Movimento dos braços):
• Ondulação
• Retração
• Nódulos
• Pele
• Simetria
• Secreção
• Formato
• Tamanho
-1ºTamanho massa.
2º Quadrante. 3º
Horas. 4º distância
até mamilo.
Everaldo Leite 3
• Simples
• Complicado
• Complexo
-Simples:
-Fibroadenoma:
• Uniductal
• Espontânea
• Serosa ou hemorrágica.
-O exame ultrassonográfico é altamente sensível para • Todos esses abcessos são drenados e tratados
identificação de abscessos subjacentes, se a mastite com ATB.
não melhorar rapidamente com os antibióticos.
-Subareolares:
-Mulheres lactantes com mastite devem continuar
aleitamento, podem retirar o leite por bombas caso • Origina de ductos lactíferos obstruídos por
prefira, durante o tratamento, para evitar estase do tampão de queratina imediatamente atas dos
leite e piorar infecção. mamilos.
• A drenagem simples está associada a uma taxa
-Mamilos rachados ou escoriados podem ser fontes de de recorrência próxima de 40% e, assim, o
entrada de bactérias, devendo ser tratados com loções tratamento para ser efetivo requer excisão do
ou unguentos à base de lanolina. ducto subareolar e remoção total do complexo
ductal subareolar.
-Os antibióticos adequados para o tratamento de
mastite puerperal são aqueles que cobrem espécies de -A excisão desses abcessos não puerperal deve ser
estafilococos, embora estreptococos dos grupos A e B, seguida de biopsia de parede do abcesso, devido CA de
Corynebacterium, espécies de Bacteroides e mama se apresentar na forma de abcesso.
Escherichia coli também sejam isolados com
frequência.
• Periféricos -Acíclica:
• Subareolares
• É focal e não demostra relação com ciclo
-Periféricos: menstrual. A mastalgia focal frequentemente
está relacionado a cistos simples, o câncer de
• Os abcessos periféricos costumam ser mama pode apresentar na forma de mastalgia
infecções cutâneas, como foliculite ou focal na mama.
infecções de cisto de inclusão epidérmica, ou
de glândula de Montgomery.
Everaldo Leite 7
-No carcinoma ductal in situ as células cancerosas -Grau nuclear é a mais preditiva para câncer invasivo
preenchem porções de um sistema ductal mamário associado, extensão da doença e recorrência após o
sem invadir sítios além da membrana basal do ducto. tratamento.
-As células do CDIS possuem varias alterações no DNA -CDIS sem tratamento completo tem grande chance de
comuns ao carcinoma invasivo, contido não tem recidiva, e a metade das recorrências estão associados
alterações decisivas para permitir a invasão. a câncer invasivos.
-Na maioria das vezes é diagnosticado pela mamografia -O tratamento principal do CDIS é excisão ampla com
de rastreamento e frequentemente está associado: margem negativa. Para tanto, talvez haja necessidade
de mastectomia se o CDIS for extenso ou se houver
• calcificações pleomórficas, lineares ou outras contraindicações à conservação da mama.
ramificadas
-Estadiamento axilar quase não é feito nos CDIS.
Everaldo Leite 9
-Fatores reprodutivos:
Everaldo Leite 10
-Cerca de 30% dos câncer de mama tem fatores -A ooforectomia (Retirar ovário) bilateral precoce
familiares. antes da menopausa reduz significativamente a
incidência de câncer de mama e de ovário nas
-Cerca de 10% dos cânceres de mama estão associados mulheres com a síndrome do câncer de mama/ovário
com mutações herdadas em genes. Esses genes atuam hereditária.
de forma autossômica dominante e estão envolvidos
na correção do DNA ou no controle do ciclo celular, a -Tratamento:
fim de que o DNA possa ser reparado antes da divisão Tratamento é o mesmo para as que tem o câncer não
celular. relacionado a essa sindrome.
-Os históricos familiares que sugerem suscetibilidade -Muitas das mulheres vivendo nessa situação
hereditária incluem: específica optam por mastectomia bilateral, já que o
• Câncer precoce <50 anos risco de um segundo câncer de mama primário
ipsilateral em mama preservada é de de 3 a 4% por ano,
Everaldo Leite 11
e o risco de câncer de mama contralateral é -Em mulheres jovens tem maior sensibilidade se
semelhante (Haffty, 2002; Seynaevea, 2004). comparado a mulheres mais velha que podem adotar a
mamografia para melhor rastreio.
-A conservação da mama é, entretanto, uma opção
aceitável para paciente bem-informada e altamente -É recomendado o ECM (exame clinico das mamas)
motivada. durante o exame ginecológico em todas as pacientes
com >19 anos.
-Rastreamento câncer de mama:
-Recomendado que as mulheres façam Autoexame de
-Mamografia de rastreamento:
mama (AEM).
-Esse método radiológico é o mais usado e mais valido
para rastreamento do CA de mama.
-Câncer de mama invasivo:
-Mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a mamografia
de rastreamento reduz a mortalidade por câncer de - Nos Estados Unidos, o câncer de mama é o mais
mama. comum nas mulheres e a segunda causa de morte
relacionada com câncer (a primeira é o câncer de
-Recomenda iniciar anualmente mamografia em pulmão).
mulheres com 40 anos.
- No Brasil, o câncer de mama é o mais incidente e o
- É importante reconhecer que a maioria das mulheres mais frequente entre as mulheres.
com anormalidades detectadas por rastreamento
(~95%) não são portadoras de câncer de mama, -Características do tumor:
embora a taxa real positiva aumente com o avanço da
-Dos cânceres que afetam as mamas, 97% representam
idade.
malignidades primárias, ao passo que 3% são
-Até 25% das mulheres com CA de mama podem ter metástases de outros sítios.
mamografia normal nos 12 a 24 meses precedentes.
-Mai comuns, em origem:
-USG de rastreamento:
• 1ºContralateral
-Tem precisão dependente do operador. • 2º Linfoma
• 3ºPulmão
-Detecta até 1% dos CA não identificados na
• 4ºMelanoma
mamografia.
-Os cânceres de mama de origem epitelial são a maioria
-RM de rastreamento:
dos canceres primários (Origem nas mamas).
-Mais indicado para rastreio em mulheres com idade
-Incidência de tumores malignos invasivos na mama:
entre 25 e 50 anos, período em que a sensibilidade da
mamografia é reduzida pela densidade do tecido • Carcinoma Ductal Invasivo (CDI): 80%
mamário. • Carcinoma lobular invasivo (CLI) :15%.
• Filoides, sarcoma, linfoma
- Em geral, a RM mostra-se mais sensível e específica
do que a mamografia, mas o teste tem sido criticado -Sem considerar o estádio, as características do tumor
por seu alto custo e alta taxa de resultados falso- primário que mais influenciam o prognóstico e as
positivos. decisões de tratamento são:
-Pode usar contraste intravenoso. • status de receptor hormonal
• grau nuclear
-Outras ferramentas de diagnostico:
• expressão Her-2/neu
-Outras modalidades de rastreamento em
-2/3 dos cânceres de mama são positivos para
desenvolvimento são tomossíntese da mama,
receptores de estrogênio e progesterona. Sendo isso
rastreamento com sestamibi, rastreamento por
um bom prognostico com mais opções de tratamentos.
impedância elétrica e termografia.
-Her-2/neu é uma membrana com atividade
-Exame físico de rastreamento:
tirosinoquinase que coopera com outros receptores da
Everaldo Leite 12
família Her para gerar sinalização de proliferação e de de forma sistêmica, tem que adotar a Quimioterapia ou
sobrevivência nas células cancerosas de mama. Quase tratamento hormonal.
25% dos cânceres de mama apresentam expressão
-Quimioterapia:
aumentada de Her-2/neu, esses canceres costumam
ser sensíveis a anticorpos monoclonal humanizado, -A quimioterapia neoadjuvante é administrada antes
trastuzumabe, que é o primeiro medicamento de uma da cirurgia definitiva e está ganhando popularidade.
nova classe de terapias focadas. Ela permite a avaliação da sensibilidade de um
determinado tumor a agentes selecionados e a
-Prevê-se que no futuro os tratamentos individuais
redução do tumor, sendo que os resultados costumam
serão selecionados com base no padrão dos receptores
possibilitar uma cirurgia menos agressiva.
nucleares e do fator de crescimento que estejam ativos
em cada tumor. -Terapia hormonal e terapia direcionada:
-Estadiamento do câncer de mama: -A terapia hormonal adjuvante é empregada para
tumores positivos para receptor de estrogênio.
-É essencial fazer estadiamento para previsão de
resultado, planejamento do tratamento e comparação - Nas pacientes antes ou após a menopausa, uma
dos efeitos dos tratamentos. opção é o modulador seletivo do receptor de
estrogênio, tamoxifeno.
-Existem 3 tipos de estadiamento:
-Efeitos colaterais mais importantes do tamoxifeno são
• Clinico
sintomas de menopausa, risco aumentado de eventos
• Patológico tromboembólicos e aumento nas taxas de pólipos
• Cirúrgico endometriais e de câncer de endométrio.
- Cada paciente é classificada em um estádio clínico e - Nas mulheres pós-menopáusicas, pode-se utilizar um
em um estádio patológico. inibidor da aromatase, tendo sido aprovados pela FDA
-Estádio clinico: Tem como base achados de imagem e os agentes anastrozol, letrozol e examestano.
exame clinico. - Diferentemente do tamoxifeno, os inibidores da
-Estádio patológico: tem como base as medidas reais aromatase estão associados a taxas elevadas de perda
do tumor e as avaliações patológicas dos linfonodos óssea e fraturas. Por este motivo, recomenda-se a
após a cirurgia primária. realização de densitometria óssea nas pacientes
tratadas com esses medicamentos. Mulheres com
-Estadiamento cirúrgico: Tem como base a classificação perda óssea elevada esta indicado uso de
TNM (Tamanho, Linfonodos atingidos, metástase). T1- Biofosfonatos (Alendronato e Rizendronato).
4, N0-3 e M0-1
- Terapias com alvo em vias biológicas específicas estão
-O sítio de metástase mais comum no câncer de mama sendo disponibilizadas. O trastuzumabe é um
é o osso, e a prática varia em relação ao rastreamento anticorpo monoclonal humanizado muito efetivo
para doença metastática. No entanto, as modalidades contra os tumores com sobre expressão de Her-2/neu.
de rastreamento comuns incluem TCs do tórax, do
abdome e da pelve combinadas com cintilografia óssea -Acompanhamento:
ou com tomografia por emissão de pósitrons (PET, de
- O acompanhamento em longo prazo das pacientes
positron emission tomography) de todo o corpo e TC
com câncer de mama após o tratamento deve incluir
(PET/TC).
anamnese e exame físico periódicos, tanto gerais
-Tratamento do câncer de mama: quanto direcionados para a detecção de sinais ou
sintomas de recorrência.
- O câncer de mama é mais bem tratado em um
ambiente multidisciplinar com cirurgiões, oncologistas - Exames laboratoriais e de imagem são realizados para
clínicos e oncologistas radioterapeutas. investigação complementar de sinais ou sintomas
específicos. Não se recomenda o uso de outros testes
-Cirurgia e radioterapia usadas para tumores locais, de rastreamento, diferentes da mamografia, para
pacientes com células cancerosas no sangue, ou seja, identificar recorrências assintomáticas.
Everaldo Leite 13
• Acompanhamento assíduo
• Quimioprevenção
• Cirurgia profilática
-Cerca de 15% não apresentam sintomas no climatério. -Está relacionado à maior duração dos sintomas:
-A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a • Presença de aterosclerose grandes vasos
pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. • História familiar
• HAS
-Os pequenos lábios perdem tecido e pigmentação.
• Tabagismo
-Vagina passa a ser mais curta e estreita. • Diabetes
• Síndrome metabólica
• Obesidade central
Everaldo Leite 5
-Terapia:
• TH combinada
• Estrogênio tópico (ITU) -Qualidade de vida:
-TH não é recomendada como tratamento isolado da -Estudos indicam o uso por pelo menos cinco anos em
disfunção sexual. mulheres saudáveis que iniciaram a TH na “janela de
oportunidade” e que a continuidade além desse
-Sistema cardiovascular: período pode ser realizada baseada no perfil de risco
individual de cada mulher.
-As doenças cardiovasculares na mulher pós-
menopausa, são: IAM, AVC. -Câncer de mama:
-O TH tem potencial para melhorar o risco -O efeito da TH sobre o risco de câncer de mama pode
cardiovascular por meio dos seus efeitos benéficos depender do tipo de TH, da dose, duração do uso,
sobre a função vascular, os níveis lipídicos e o regime, via de administração, exposição prévia e
metabolismo da glicose. características individuais.
-Terapia: -Existe diferença de risco em relação a TH isolada e
combinada.
• TH isolado (estrogênio) ou combinado
-Tromboembolismo venoso:
-Beneficio supera os riscos para mulheres na peri e pós-
menopausa inicial.
Everaldo Leite 7
• Ressecamento genital
• Prurido,
• Dor durante a relação
• Corrimento
• Perda de urina dor ao urinar
-Referência:
-Livro- Febrasgo
APG25
Everaldo Leite 1
• Bacilos (Lactobacillus)
• Microrganismos Anaeróbicos
• Microrganismos Aeróbicos
• Gardnerella
-VB isolado não causa dispareunia e disuria. - A colonização vaginal por fungos parece ser
hormôniodependente, já que é rara na infância e pós-
-Diagnostico (Critérios de Amsel): Pelo menos 3 dos 4
menopausa e frequente na idade reprodutiva ou em
critérios.
mulheres em uso de terapia hormonal. Ocorre
• Corrimento branco-acinzentado homogêneo principalmente durante menacme.
aderido parede vaginal
-Fatores de risco:
• pH >4,5
• Teste aminas (Winff test) positivo • Gravidez
• Clue Cells • Contraceptivos
• ATB
-Apresenta ausência de leucócitos por não ser ima
infecção. -Condições que alterem a quantidade de hormônio
favorecem a candidíase.
-Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja,
desprendimento de odor fétido após a adição de KOH -Um dos fatores do hospedeiro que impedem
10% a uma gota de conteúdo vaginal. proliferação da condida seria aproteina lectina ligadora
de manose, presente nos fluidos corporais e na
-Clue cells: São células epiteliais recobertas por
secreção vaginal, essa lectina liga a cândida. Tal ligação
cocobacilos Gram variáveis na bacterioscopia.
desencadeia a cascata do sistema complemento,
levando à lise celular e à fagocitose.
-Quadro clinico:
• Prurido
• Corrimento esbranquiçado (Leito talhado)
• Dor, dispareunia e disuria
-Exame ginecológico:
• Hiperemia vulvar
• Edema
• Fissura
• Parede com aspecto de flocular: Conteúdo
-Tratamento:
esbranquiçado aderido ou não a parede.
• pH <4,5
Everaldo Leite 3
-Exame ginecológico:
• Hiperemia extragenital
• Corrimento espesso (purulento)
• Corrimento exterioriza pela vulva
Everaldo Leite 4
• Parede vaginal com conteúdo amarelo- • Treponema pallidum (Sifilis- Cancro duro)
esverdeado • Haemophilus ducreyi (Cancro mole)
• Colo aspecto de morango (pequenas • Clammydia trachomatis L1 a L3
hemorragias) (Linfogranuloma venero LGV)
• pH >4,5 • Klebsiella granulomatis (granuloma inguinal
• Teste aminas (whiff test) pode ser positivo ou donovanose).
-pH >4,5 e Whiff test positivo pode ocorrer devido -UGs não relacionado a IST:
associação com VB.
• vasculites autoimunes
-Diagnostico: • traumática,
• vascular
• Bacterioscopia a fresco (+usado): Observa o
• neoplásica
parasita movimentando-se
• Bacterioscopis Gram: Pode ser usado -Complicações: facilitador para a aquisição de outros
• Cultura agentes relacionados às DSTs, em especial o vírus da
imunodeficiência humana (HIV).
-Tratamento:
-Diagnostico:
• Metronidazol ou tinidazol
• Metronidazol Gel: Para VB associada -Em mais de 50% dos casos, não se consegue fechar o
diagnóstico etiológico.
-Trata o parceiro sexual por se tratar de uma IST.
- Há, portanto, uma tendência a se fazer o diagnóstico
sindrômico, e não o etiológico. Tanto o Ministério da
Saúde Brasileiro como a Organização das Nações
Unidas (ONU) sugere o tratamento sindrômico das
UGs, para não correr o risco de deixar passar uma DST
sem tratamento.
• Herpes simples
Everaldo Leite 5
-Tratamento:
-Tratamento: -Diagnostico:
-Tratamento:
• Dixiciclina.
-Diagnostico:
• É considerado de exclusão
-Tratamento:
• Doxicilcina ou Azitromicina
-Danovanose:
-Tratamento:
-Principais sintomas:
• Corrimento vaginal
• Sangramento intermenstrual
• Dispareunia e disúria
- Neisseria gonorrhoeae:
-Achados do exame físico:
Everaldo Leite 8
-Tratamento:
-Referência:
Livro – febrasgo
APG26
Everaldo Leite 1
-Genes retrovirais:
-Cepas do HVI:
-Fase Latente:
-No início do curso da doença, o indivíduo pode 2. Destruição das CD4+ infectada por Linfócitos
continuar produzindo novas células T CD4+ e, portanto, citotóxicos
essas células podem ser substituídas quase tão 3. Ativação de inflamassomos e eliminação
rapidamente quanto são destruídas. células infectadas por piroptose.
-Nessa fase até 10% das CD4+ nos órgãos linfoides -Defeitos funcionais do sistema imune em indivíduos
podem estar infectadas, mas o número de células T infectados pelo HIV agravam a imunodeficiência
CD4+ circulantes infectadas a qualquer momento pode causada pela depleção das células T CD4+. Esses
ser inferior a 0,1% do total de células T CD4+ em um defeitos incluem:
indivíduo.
• Redução resposta células T
-Eventualmente, ao longo de um período de anos, o • Fraca resposta humoral
ciclo contínuo de infecção pelo vírus, morte de células
T e nova infecção leva a uma perda inexorável das -Células infectadas liberam gp120 que se ligam a CD4.
células T CD4+ dos tecidos linfoides e da circulação. O CD4 que se ligou à gp120 pode não estar disponível
para interagir com as moléculas do MHC de classe II nas
APCs, e, dessa forma, as respostas das células T aos
antígenos seriam inibidas.
• contato sexual
• picada por agulha
• passagem transplacentária
-Progressão da doença:
-O curso da doença causada pelo HIV pode ser -Leucoplasia Pilosa Oral (Sintoma do paciente): é um
acompanhado por meio da avaliação da quantidade de espessamento epitelial benigno causado
vírus no plasma do paciente e pela contagem de células provavelmente pelo vírus Epstein-Barr, que
T CD4+ no sangue. clinicamente apresenta-se como lesões brancas que
→Fase aguda: variam em tamanho e aparência, podendo ser planas
ou em forma de pregas, vilosidades ou projeções.
• Fase sindrômica inespecífica
-Diagnostico:
• Desenvolve-se em 50% a 70% dos indivíduos
• Geralmente entre 3 a 6 semanas após infecção -Paciente chega na unidade para fazer teste rápido de
• Intensa replicação viral e diminuição CD4+ HIV.
→Fase crônica de latência: • Resultado teste rápido negativo: não confronta
o resultado do teste, salvo pacientes que
• Pode duras alguns anos
tiveram exposição ao vírus <30 dias, indicado
• Redução da replicação viral, devido resposta
repetir o teste rápido 30 após o resultado do
imunológica
primeiro teste rápido.
• Soroconversão: Desenvolvimento de
anticorpos - Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem
• O vírus fica contido nos tecidos linfoides, ser divididos basicamente em quatro grupos:
ocorre destruição e reconstituição das cd4+
• detecção de anticorpos; +usado
• Entre 2-6 semanas a concentração viral
• detecção de antígenos;
plasmática baixa.
• cultura viral;
• Conforme a doença progride, os pacientes
tornam-se suscetíveis a outras infecções e as • amplificação do genoma do vírus.
respostas imunes a estas infecções podem -As técnicas com identificação viral são usadas para:
estimular a produção do HIV e acelerar a exames sorológicos indeterminados ou duvidosos
destruição dos tecidos linfoides
• Carga viral reduzida • Acompanhamento laboratorial de pacientes
• Mensuração da carga viral para controle de
→AIDS: tratamento
• Contagem CD4+ no sangue <200 células/mm3 -Anticorpos: ELISA, WESTERN-BLOT
• Intensa replicação viral
• Infecções oportunistas -Antígeno viral: Pesquisa de Antígeno p24: este teste
• Neoplasias quantifica a concentração da proteína viral p24
presente no plasma ou no sobrenadante de cultura de
• Caquexia (Emagrecimento)
tecido.
• Nefropatia
• Degradação SNC -Amplificação do genoma do vírus: Analise
quantitativa direta da carga viral, através do PCR.
-Como as células T CD4+ auxiliares são essenciais para
Avaliar de 1 a 2 meses de tratamento.
as respostas imunes mediada por células e humoral
para vários microrganismos, a perda desses linfócitos é • <10.000 cópias de RNA por ml: Baixo risco de
a principal razão pela qual os pacientes com AIDS se progressão ou piora da doença
Everaldo Leite 5
- São muito comuns, a partir da meia-idade e, em especial, após os 60 anos, os processos inflamatórios, congestivos e
neoplásicos da próstata, trazendo assim sinais e sintomas, principalmente, ligados a distúrbios da micção. Por essa
razão, os homens apenas percebem a existência da próstata a partir do momento em que tais distúrbios se
manifestam. No adulto jovem e na meia-idade, predominam os casos de prostatite. A partir dos 60 anos de idade, são
prevalentes a hiperplasia prostática benigna (HPB) e o carcinoma.
A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um dos processos mórbidos mais comuns que afetam o homem idoso.
Há relatos de estimativas de que, em homens com 80 anos de idade ou mais, 90% deles apresentam evidências
histológicas dessa condição, 81% têm sinais ou sintomas relacionados com a HPB e 10% desenvolvem retenção urinária
aguda.
Devido à íntima relação anatômica entre próstata, uretra e colo vesical, qualquer aumento da próstata, permanente
ou não, trará graus variáveis de obstrução ao fluxo urinário.
Na dependência da intensidade desse fenômeno, sua duração, bem como reações de adaptação encontradas nos
músculos detrusores da bexiga, o paciente poderá manter-se desde assintomático até apresentar situações de
desconforto e gravidade variados, tais como: sintomas do sistema urinário baixo (LUTS), antigamente denominado
genericamente prostatismo
São também comuns sinais como hematúria, litíase vesical, incontinência urinária, infecções locais e insuficiência
renal.
-Prevalência e incidência:
Ao fim da puberdade, a próstata apresenta de 20 a 26 g, mantendo esse peso até que se iniciem os fenômenos
histopatológicos da HPB, presentes em aproximadamente 8% dos homens na quarta década de vida. Essa
porcentagem se eleva para 50% entre 51 e 60 anos e 90% a partir dos 80 anos de vida.
Mediante todas essas considerações, estima-se que homens entre 40 e 50 anos de vida têm de 20 a 30% de
probabilidade de requerer prostatectomia ao longo de suas vidas para solucionarem sinais e sintomas limitantes de
HPB.
Etiologia:
A idade e os hormônios androgênios atuantes são os maiores fatores de risco para o desenvolvimento da HPB.
Vários estudos epidemiológicos têm mostrado não haver relação estatisticamente significativa entre maior
Everaldo Leite 2
prevalência de HPB e outras variáveis como raça, fumo, obesidade, estados de hiperestrogenismo relativo, como na
cirrose hepática, vasectomia e atividade sexual.
O desenvolvimento da HBP resulta, provavelmente, de vários mecanismos interativos, entre os quais se destacam a
ação da diidrotestosterona (DHT). A testosterona penetra na célula epitelial prostática e por ação de uma enzima, a
5α-redutase, é transformada em DHT. Esse intermediário liga-se a receptores androgênicos nucleares, formando um
complexo que atua sobre genes específicos, iniciando-se um processo de transcrição e de síntese das proteínas que
modulam a proliferação das células epiteliais. A DHT, além de atuar diretamente no contingente celular, representa
um potente estimulador das células do estroma prostático, levando-as a secretar, junto com o estradiol, fatores de
crescimento que também promovem a proliferação das glândulas prostáticas.
-Fisiopatologia:
A fisiopatologia da HPB não é de todo bem compreendida. Não há nenhuma relação diretamente proporcional entre
o tamanho da próstata e a intensidade dos sinais e sintomas. A HPB origina-se na zona de transição da próstata. Essa
zona rodeia a uretra prostática entre o colo vesical e o veru montanum.
- No desencadeamento da HPB, o aumento da zona de transição é observado pela cistoscopia como uma hipertrofia
dos lobos lateral ou medial. Essa hiperplasia do estroma e dos elementos glandulares se expande em direção ao lúmen
uretral, favorecendo sintomas obstrutivos locais.
Esses sintomas têm três componentes diferentes: estáticos ou mecânicos, dinâmicos e disfunção vesical ou
detrusora.
O COMPONENTE ESTÁTICO diz respeito ao efeito de massa exercido pela próstata crescida, composta de nódulos
adenomatosos. Os andrógenos, principalmente testosterona e dihidrotestosterona, possuem papel fundamental
nesse processo, por estimularem o crescimento acinar e do estroma fibromuscular da próstata.
Essa ação se dá tanto pelo estímulo trófico exercido pela dihidrotestosterona nos ácinos e estroma de próstatas
normais ou hiperplásicas como pela supressão dos mecanismos de autorregulação celular, ao reduzir a morte
celular programada.
Esses padrões anormais de crescimento hiperplásico são mediados por anormalidades presentes, no
envelhecimento, nos fatores de crescimento locais e nos seus receptores. Os mais estudados e correlacionados com
a gênese dos fenômenos hiperplásicos são: (EGF), (TGFalfa), (FGF), (KGF) e os (IGF I e IGF II).
O COMPONENTE DINÂMICO está diretamente relacionado com o tônus dos músculos lisos da cápsula prostática e
do colo vesical. Essas regiões são ricas em receptores adrenérgicos alfa1, e um aumento no tônus muscular local
pode justificar alguns dos sintomas de caráter obstrutivo vistos nos homens com HPB.
O TERCEIRO COMPONENTE SINTOMÁTICO diz respeito às reações de adaptação da bexiga frente aos dois
componentes anteriores, que, mediante processos de irritabilidade e/ou instabilidade detrusora, poderão responder
por sintomas chamados irritativos. Inicialmente, as reações vesicais tendem ao surgimento de instabilidade ou à
redução da complacência vesical, frequentemente associada a sintomas de urgência e frequência. Posteriormente,
Everaldo Leite 3
ocorrem perda da capacidade contrátil do detrusor e deterioração da capacidade de esvaziamento vesical, surgindo,
pois, hesitação, intermitência e aumento do volume urinário residual.
-Manifestações clinicas:
Os pacientes com HBP apresentam manifestações referidas como “prostatismo”, que podem ser divididas em
obstrutivas (esforço miccional, hesitância, jato fraco e interrompido, esvaziamento incompleto da bexiga) e
irritativas (urgência, polaciúria, nictúria, capacidade vesical reduzida, incontinência de urgência).
Pacientes com HBP podem evoluir com complicações como retenção urinária, litíase vesical, infecção urinária,
insuficiência renal e hematúria macroscópica.
-Diagnostico:
-Anamnese:
- É de fundamental relevância a coleta de uma história clínica detalhada, focalizando o sistema urinário, o
estado geral de saúde, cirurgias prévias e o uso de medicamentos com potencial influência na dinâmica
urinária, como, por exemplo, substâncias de ação anticolinérgica e substâncias de ação alfassimpaticomimética.
-Dentro da avaliação de sinais e sintomas referidos como obstrutivos e/ou irritativos, a AUA validou a
padronização de sistemas de pontuações de sintomas visando facilitar o dimensionamento desses sinais e
sintomas para o paciente, e também facilitando regras para a padronização de pesquisas médicas sobre o
assunto. A mais difundida internacionalmente é a pontuação internacional de sintomas prostáticos (IPSS), que
apresentamos no Quadro 66.3.
- A avaliação inicial de um indivíduo com STUI e provável etiologia por HPB, sem doença neurológica
concomitante consiste de:
➢ História clínica
➢ Questionário de sintomas I-PSS
➢ Exame físico incluindo Toque retal
➢ Exame de urina
➢ Dosagem de creatinina plasmática
➢ Dosagem do antígeno prostático específico (PSA)
-História clínica
Deve abordar a condição global da saúde, a duração e natureza dos STUI, antecedentes de cirurgias, doenças
neurológicas e metabólicas que possam afetar o trato urinário e uso de medicamentos. Antecedentes familiares
de câncer de próstata, HPB e litíase.
Everaldo Leite 4
-Exame físico
São imprescindíveis o exame digital da próstata por toque retal e um exame urológico acurado. O toque retal se
apresenta de grande valia na avaliação não só da HPB, mas, principalmente, na detecção precoce de nódulos ou
endurações que sugiram a presença de carcinoma prostático.
-Exame de urina
A análise dos elementos do sedimento (urina tipo 1) pode demonstrar hematúria, piúria, glicosúria, proteinúria
e outras anormalidades que implicarão em necessidade de investigações complementares.
-Urinálise
A urinálise (EAS) deverá ser avaliada para afastar infecção do sistema urinário e hematúria, que, se presentes,
sugerem outras causas para os sintomas urinários que não HPB.
-Antígeno prostáticoespecífico
Deverá ser rotina na avaliação laboratorial de todos os pacientes portadores de HPB, tanto para dimensionar
prospectivamente a evolução desses pacientes para tratamentos mais intervencionistas como para se rastrear
o carcinoma da próstata.
-Tratamento:
- O objetivo do tratamento é a melhoria dos STUI e da qualidade de vida do paciente, bem como prevenir
complicações relacionadas com a evolução da HPB.
-Vigilância ativa
-Uma proporção significativa de homens com HPB não necessitam de tratamento. A observação não
implica necessariamente ausência de tratamento. Podemos obter melhora nos STUI adotando algumas
medidas não farmacológicas, como a redução da ingestão hídrica noturna, a redução do consumo de
cafeína e seus derivados e de bebida alcoólica, evitando o uso descongestionantes e antihistamínicos.
-A despeito do conceito clássico, ainda vigente, de que a prostatectomia aberta, a ressecção transuretral da próstata
(RTUP) e a incisão transuretral da próstata (ITUP) são os tratamentos de escolha para a cura dessa morbidade, com o
surgimento de novos fármacos, em especial os alfabloqueadores de última geração, os inibidores da 5alfarredutase,
como a finasterida e dutasterida, verifica-se no mundo uma redução significativa do número de cirurgias realizadas
para HPB.
-Tratamento medicamentoso
-Alfabloqueadores
-Dose de 5 mg/dia. A 5alfarredutase age convertendo testosterona em dihidrotestosterona, que, por sua
vez, atua no trofismo glandular e participa, como já mencionado, na fisiopatologia do componente
mecânico ou estático da HPB.
-Anti-muscarínicos
-Tratamento cirúrgico
-A exérese do tecido prostático, reduzindo o volume do adenoma, diminuindo assim o componente mecânico
ou estático da obstrução, é o principal objetivo de metodologias cirúrgicas tais como a ressecção transuretral
da próstata (RTUP), a prostatectomia aberta e a maioria das terapias à base de laser. Reduzir o componente
obstrutivo dinâmico é o principal objetivo, por exemplo, da incisão transuretral da próstata (ITUP).
De forma geral, as indicações para o tratamento cirúrgico da HPB associada a sintomas do sistema urinário
baixo podem ser divididas didaticamente em absolutas e relativas.
➢ As indicações absolutas estão relacionadas com complicações mórbidas da HPB e são, principalmente,
retenção urinária aguda, infecção urinária recorrente, hematúria macroscópica recorrente, litíase
vesical, incontinência urinária por hiperfluxo (overflow), insuficiência renal pós-renal e hidronefrose.
➢ As indicações relativas restringem-se aos sintomas do sistema urinário baixo (LUTS), em especial com
pontuação de moderada a grave (IPSS acima de 7), principalmente na falha do tratamento
medicamentoso.
-A RTUP é adequada e eficaz para o tratamento cirúrgico primário em homens com sintomas urinários do trato
inferior moderados ou intensos. Este procedimento é considerado padrão para próstata entre 30 e 80 mL.
As vantagens da RTUP sobre a cirurgia aberta são ainda seu maior conforto, ausência de incisão cutânea, rápida
recuperação e menor tempo de hospitalização. Suas desvantagens relativas são: técnica mais complexa, limites
quanto ao peso da próstata, maior índice de reoperações e aparente maior mortalidade tardia.
-Prostatectomia aberta:
-Está indicada para pacientes com próstatas maiores que 80g, ou na presença de grandes divertículos ou
cálculos de bexiga. As complicações perioperatórias são maiores quando comparadas a RTUP. A prostatectomia
aberta é o procedimento mais invasivo, porém o mais eficaz e duradouro para o tratamento dos STUI
decorrente da HPB.
-Está indicada apenas para pacientes com próstatas menores, idealmente ao redor de 30 g, com hiperplasia de
estroma, colo vesical fechado, lábio posterior do colo vesical proeminente e aumento discreto ou ausência de
lobos laterais.
Everaldo Leite 6
ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA
-A importância do adenocarcinoma de próstata reside tanto em sua alta incidência e prevalência em nosso
meio e no mundo todo quanto na sua potencialidade em ser precocemente diagnosticado e tratado de forma
curativa.
-Incidência:
- O câncer de próstata é tipicamente uma doença de homens com mais de 50 anos de idade, faixa etária em
quem é bastante comum. Com base nos estudos de autópsia, sua incidência aumenta de 20% em homens na
faixa dos 50 anos, para aproximadamente 70% em homens entre 70 e 80 anos de idade.
-Etiologia:
-O crescimento do câncer da próstata depende assim da perda do equilíbrio entre a proliferação e a morte
celular programada geneticamente. O surgimento de lesões precursoras do câncer, como lesões intraepiteliais
(PIN), envolve aumento nos ritmos de proliferação e de morte celular, abrindo caminho para mutações
genéticas, redução posterior da morte celular programada e consequente elevação da replicação celular
displásica.
-Aproximadamente 9% de todos os cânceres prostáticos e 45% dos casos diagnosticados abaixo dos 55 anos de
idade podem ser atribuídos à suscetibilidade genética, caracterizada pela presença de um alelo autossômico
dominante.
-Um número expressivo de homens carrega, pois, uma mensagem genética, os protooncogenes, que levam ao
surgimento de células autônomas na sua replicação neoplásica. A presença de genes protetores, os
oncossupressores, evita a ocorrência indiscriminada dessas transformações cancerígenas. Essa proteção é dada
principalmente pelos genes p21, p53 e Rb, que, durante o envelhecimento, tendem a perder sua eficácia
funcional, favorecendo o predomínio da replicação celular desordenada, disfunções na metilação do DNA
celular, inativação da glutationa S-transferase, com posterior elevação do aumento da oxidação intranuclear,
culminando com o surgimento do câncer.
-Aparentemente, os andrógenos não são agentes oncogenéticos em relação à próstata. Eles apenas aceleram o
crescimento tumoral, caso ele já exista, assim como estimulam e promovem, também, a manutenção trófica do
tecido prostático normal.
-Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das hiperplasias surge
na zona de transição, enquanto a maioria dos carcinomas é originada na zona periférica.
-Fatores de risco:
-Idade:
-A prevalência do câncer da próstata aumenta com a idade. Após os 50 anos, tanto a incidência como a
mortalidade se elevam exponencialmente. A probabilidade de se desenvolver o câncer de próstata abaixo dos
39 anos de idade é menor do que 1 em 10.000, de 1 em 103 entre 40 e 59 anos de idade, e de 1 em 8 para
homens entre 60 e 79 anos de idade.
-Histórico familiar:
-O risco de um homem desenvolver câncer de próstata liga-se à idade de início do câncer, bem como ao número
de parentes portadores dessa neoplasia. Os pacientes portadores do câncer prostático podem ser divididos em
grupos hereditários (5 a 10%), familiares (15 a 25%) e esporádicos. Os casos hereditários apresentam cerca de
Everaldo Leite 7
três casos em parentes de primeiro grau ou em gerações prévias sequenciais. O familiar é definido pela presença
de dois casos diagnosticados em família. Nos casos de história familiar definida, recomenda-se a busca precoce
de sinais de malignidade pelos exames de toque retal e dosagem sérica do PSA a partir dos 40 anos de idade.
-Raça:
-A incidência na raça negra é 1,5 vezes superior à raça branca, sendo também naquele grupo maiores as taxas
de metástases e de mortalidade.
-Dieta:
-Fatores ambientais parecem influenciar o aumento da incidência do câncer prostático, em especial o aumento na
ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas. Opostamente, estudos nutricionais têm sugerido uma ação
protetora significativa das vitaminas D e E e do selênio, assim como também dos isoflavonoides presentes na soja.
-Patologia:
-Estadiamento:
-Como a evolução dos pacientes portadores de adenocarcinoma de próstata relaciona-se à extensão da neoplasia,
bem como à definição da melhor estratégia de tratamento, buscando relações de custos e riscos/benefícios
satisfatórias, procurase, pois, estadiar o tumor com base, principalmente, pelo sistema TNM.
-Quadro clinico:
- Na maioria dos pacientes, portanto, a doença é assintomática. Na neoplasia regional ou localmente avançada, 90%
dos pacientes apresentam queixas miccionais relacionadas com a obstrução vesical, bem como hematúria
relacionada com a invasão do trígono vesical. Nas fases mais avançadas, dependendo dos órgãos acometidos, os
pacientes poderão apresentar sinais e sintomas, tais como: ostealgia, emagrecimento, anemia, linfedema, trombose
venosa de membros inferiores, hidronefrose e uremia, hemospermia, linfadenopatias, dispneia por metástases
pulmonares e síndromes colestáticas por metástases hepáticas.
-Diagnostico:
-É fundamental o diagnóstico precoce, sendo, pois, importantes os programas de detecção do câncer prostático em
populações gerais, em especial indivíduos de maior risco, como familiares de portadores do câncer e negros.
- A detecção do câncer depende, assim, de exame digital, dosagem sérica do PSA e ultrassonografia transretal.
-Toque retal:
-Tendo sido no passado a modalidade básica de busca de endurações prostáticas a sugerirem a presença do câncer,
o toque retal persiste hoje como importante método propedêutico, por sua simplicidade, baixo custo e ausência de
complicações.
Everaldo Leite 8
-Estudos recentes avaliando mais de 6.000 pacientes em programas de rastreamento concluíram ser o toque retal
capaz de detectar o câncer de próstata em apenas 55% dos casos (USPSTF 2008). Outra limitação do toque retal é a
alta incidência de lesões falsopositivas, em torno de 33%, referentes a nódulos de hiperplasia prostática benigna,
calcificações prostáticas, prostatites, bem como áreas de fibrose e infarto prostático.
-O antígeno prostático específico (PSA) é uma proteína órgão-específica, e não câncer específica. Dessa forma, a
presença de outras patologias prostáticas que não o câncer, tais como as prostatites e a hiperplasia prostática benigna,
poderá justificar elevações séricas consideráveis do PSA.
-O médico atento deverá lembrar-se ainda de situações importantes que modificam a dosagem do PSA, conforme já
salientado, tais como: ejaculação recente, inflamações e infecções prostáticas, trauma perineal frequente (ciclistas),
toque retal vigoroso ou massagem prostática, biopsia de próstata recente, uso de produtos para reduzir o volume
prostático (finasterida/dutasterida), entre outros.
-Níveis de PSA acima de 10 ng/mℓ indicam alta probabilidade de câncer prostático, enquanto níveis abaixo de 2,5
ng/mℓ reduzem em muito tal possibilidade (< 10%).
-PSA total x Livre: O PSA livre não é ligado a proteínas plasmáticas. O PSA total seria a somatória do livre e dos ligados
as proteínas plasmáticas. Importante saber o valor de ambos para avaliar risco de CA. Livre/Total: >20% é indicativo
de HPB ou prostatite. Livre/Total: <20% é indicativo de CA próstata. Logo, médico deve solicitar biopsia.
-Sua principal utilidade está em propiciar a realização de biopsias prostáticas, orientadas para áreas de maior
sensibilidade em detectar o câncer local. A biopsia da próstata está indicada em todos os pacientes com áreas de
maior consistência na glândula e/ou com elevações anormais ou suspeitas de PSA. Essas alterações associadas
traduzem a presença de neoplasia maligna em 50 a 95% dos casos.
-Tratamento:
- Para definir o melhor tratamento do câncer de próstata, é necessário individualizar os casos. Os fatores a serem
analisados são a extensão da doença, o estado geral do paciente e sua perspectiva de sobrevida por outras
comorbidades, bem como o grau histológico do tumor.
-Câncer localizado:
-A despeito de inúmeras controvérsias quanto ao melhor recurso terapêutico nesses estágios, se cirurgia extirpativa
ou radioterapia, estudos multicêntricos sugerem ser a prostatectomia radical, realizada com técnica precisa, por
cirurgião experiente, de melhores resultados do que a radioterapia. O índice de cura, após 10 anos de
acompanhamento, mostrouse entre 89 e 93% para os pacientes submetidos à cirurgia radical e de 60 e 86% para
aqueles submetidos à radioterapia isolada.
- Câncer localmente avançado :
-Define-se por câncer localmente avançado aquelas neoplasias que apresentam, ao toque ou por estudos de imagem,
extensão da doença para os tecidos periprostáticos, mas sem metástases aparentes. De acordo com dados recentes
da literatura15, esses pacientes são melhor controlados com o emprego de hormonioterapia anti-androgênica por
três anos, associado à radioterapia externa iniciada no 3º ou 4º mês de tratamento.
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Disfunção erétil
-Nas últimas décadas tem havido um crescente reconhecimento, por parte da comunidade médica, da importância
dos problemas relacionados com a sexualidade humana. Embora haja diminuição da atividade sexual com o
envelhecimento, o interesse por ela muitas vezes é mantido entre os idosos. Por causa da sua alta prevalência e das
consequências sobre a qualidade de vida, a disfunção erétil (DE) é possivelmente o mais importante problema da
sexualidade masculina. Ela é definida como a persistente incapacidade de manter uma ereção suficiente para uma
relação sexual satisfatória.
-1) Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões
(aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em
todos os contextos): Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual Dificuldade acentuada em
manter uma ereção até o fim da atividade sexual Diminuição acentuada na rigidez erétil
-4) A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma
perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de uma
substância/medicamento, ou de uma condição médica geral.
-As alterações relacionadas com o envelhecimento que ocorrem no ciclo sexual masculino são retardo da ereção
durante a fase de excitação; redução da congestão vascular e da tensão muscular do saco escrotal; prolongamento da
fase de plateau; e diminuição do volume de secreção pré ejaculatória; o orgasmo pode ser mais curto, as contrações
prostáticas e uretrais mais fracas, e a força do jato ejaculatório diminuída. A fase de resolução é mais curta, com perda
mais rápida da ereção e descida mais precoce do testículo.
-O estudo epidemiológico de Pfeiffer et al. determinou que, na faixa de 46 a 50 anos, mais de 90% dos homens tinham
relações sexuais pelo menos 1 vez/semana, enquanto na faixa dos 66 a 71 anos somente 28% tinham relações
semanais. Essa tendência de queda da atividade sexual é corroborada por diversos outros estudos. No entanto, a
capacidade de ter prazer sexual permanece mesmo entre homens com mais de 70 anos, como foi constatado em
pesquisas que utilizam questionários de autoavaliação da qualidade de vida. Vale ressaltar que, apesar da alta
prevalência de distúrbios relacionados com a ereção entre homens mais velhos, o interesse pela atividade sexual é
mantido em muitos deles; a disfunção erétil é considerada anormal, não fazendo parte do chamado envelhecimento
saudável. Outrossim, a função sexual masculina normal não se limita à capacidade de ter ereção, mas é também uma
função da interação de fatores culturais, sociais e psicológicos.
-Fisiopatologia:
-Os corpos cavernosos contêm os chamados espaços lacunares onde o sangue se acumula após o relaxamento da sua
musculatura lisa. O fluxo sanguíneo para os corpos cavernosos é trazido pelas artérias peniana e cavernosa. A própria
tumescência peniana comprime as vias de drenagem venosa, o que impede o escoamento do sangue e ajuda na
manutenção da ereção. A inervação parassimpática, que vem dos plexos sacrais, é responsável pelo processo de
ereção, enquanto os nervos da cadeia simpática, ao liberarem norepinefrina, levam à vasoconstrição e à perda da
ereção.
O relaxamento da musculatura lisa é regulado pelo aumento da concentração intracelular de GMP cíclico (GMPc). A
produção desse mensageiro químico, por sua vez, é estimulada pelo óxido nítrico (NO), que é liberado principalmente
pelas terminações nervosas parassimpáticas. O GMPc é metabolizado e inativado pela fosfodiesterase tipo 5 (PDE5),
que o transforma em GMP. Com isso as células musculares lisas dos corpos cavernosos se contraem e o fluxo de sangue
é reduzido, o que leva à perda da ereção. Recentemente o papel do cálcio, cujo aumento de concentração intracelular
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dispara a reação da miosina com a actina, causando a contração do músculo liso, tem sido muito estudado, assim
como os papéis dos canais da membrana celular que regulam os fluxos de entrada e saída desse íon e de vias
enzimáticas (RhoA, Rho quinase) que potencializam seus efeitos sobre a contração celular. O potássio, por sua vez, é
um importante regulador dos níveis de cálcio intracelular. A compreensão desses processos já nos possibilita antever
novas alternativas terapêuticas para a DE.
Todo esse mecanismo depende do funcionamento adequado da inervação peniana, das artérias e veias, e de uma
anatomia peniana intacta. Danos a qualquer uma dessas estruturas podem causar DE. Os nervos podem ser afetados
por trauma (p. ex., na prática de ciclismo), ou irradiação (tratamento de tumores na região pélvica), ou patologia
sistêmica (diabetes melito). Uma obstrução do fluxo arterial por doença aterosclerótica pode impedir a ereção.
Anormalidades anatômicas e estruturais do pênis e dos corpos cavernosos, por patologias como a doença de Peyronie,
ou como consequência de traumas físicos, também podem interferir nesse mecanismo. Modificações estruturais das
moléculas de colágeno relacionadas com o processo de envelhecimento podem aumentar a vulnerabilidade da
anatomia peniana a essas doenças.
-Fatores de risco:
-A DE é causada, 80% das vezes, por patologia orgânica, sendo que a etiologia mais comum é vascular. Em um estudo
multinacional envolvendo 27.500 homens entre 20 e 75 anos de idade, fatores de risco para doença vascular
(hipertensão, tabagismo, dislipidemia) eram mais comuns naqueles com DE. O inverso também é verdadeiro, ou seja,
a prevalência de DE é mais alta entre homens com esses mesmos fatores de risco, mesmo que eles não tenham sinais
clínicos de doença vascular. Além disso, parece que a DE é um marcador de patologia cardiovascular nos seus estágios
iniciais, muitas vezes antecedendo por vários anos eventos catastróficos como acidente vascular encefálico (AVE) ou
infarto agudo do miocárdio e também ocorrendo provavelmente antes que haja doença vascular obstrutiva peniana
importante. A explicação fisiopatológica para isso seria a associação que existe entre DE e disfunção endotelial. O
endotélio vascular é um tecido dinâmico que, quando normofuncionante, libera NO em resposta a certos estímulos,
como, por exemplo, aumento do fluxo sanguíneo, e a liberação de NO resulta em vasodilatação. Na disfunção
endotelial essa liberação é deficiente, e a consequente resposta vasodilatadora arterial é insuficiente. Esse fenômeno
afeta toda a árvore arterial, incluindo a circulação coronariana.
-Outro ponto importante é que, em pacientes que têm sinais clínicos de doença vascular obstrutiva, a DE é um
marcador de gravidade. Um estudo sobre a ocorrência de DE em pacientes que foram submetidos a cintigrafia
miocárdica para avaliação de doença arterial coronariana revelou que a DE está associada a marcadores de doença
mais grave e de pior prognóstico; isso indica que, em pacientes com cardiopatia isquêmica, a ocorrência de DE deve
ser ativamente pesquisada. A disfunção venosa, mesmo sem patologia arterial concomitante, ao provocar o
escoamento de sangue pelas vênulas subtúnicas, pode impedir o desenvolvimento de pressões suficientemente altas
nos corpos cavernosos, impossibilitando assim a manutenção de uma ereção rígida. Essa disfunção venosa pode ser
consequência de trauma, da formação de fístula arteriovenosa, ou da doença de Peyronie.
-As doenças endócrinas mais comumente associadas à DE são o hipogonadismo, as doenças da tireoide (hipo ou hiper),
a hiperprolactinemia e o diabetes melito. As insuficiências renal e hepática são patologias sistêmicas metabólicas que
causam DE. A hipertrofia prostática benigna também está associada a dificuldades com ereção. Não podemos deixar
de lado a ansiedade, especialmente aquela ligada à pressão de desempenho, e a depressão, que parece ser uma causa
mais importante em pacientes mais jovens. Doenças neurológicas são comumente associadas à DE entre idosos. As
mais importantes são a neuropatia relacionada com o diabetes melito, sequelas de AVE e o mal de Parkinson. A
prostatectomia radical, assim como outros procedimentos cirúrgicos menos extensos envolvendo órgãos da região
pélvica masculina, pode causar dano neurológico e DE.
-A associação de medicações com DE merece um comentário à parte; essa é uma questão especialmente importante
na população geriátrica. Mais de 100 medicações têm sido ligadas à DE, mas existem poucos estudos realmente
confiáveis a respeito. As mais fortemente associadas ao problema são: antihipertensivos, especialmente diuréticos e
agentes de ação central; digoxina, provavelmente pelos seus efeitos antiandrogênicos; bloqueadores do receptor H2,
principalmente a cimetidina, mas também a ranitidina; existem relatos da DE relacionada com omeprazol;
metoclopramida, certamente porque causa hiperprolactinemia, está ligada à disfunção sexual; analgésicos opioides. -
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Quanto às medicações psicotrópicas, existem alguns dados surpreendentes: os antidepressivos tricíclicos na realidade
têm pouca associação com DE, enquanto os inibidores da recaptação de serotonina estão mais ligados a disfunção
ejaculatória; já os neurolépticos têm associação clara com a DE. Os relatos de disfunção com benzodiazepínicos são,
na verdade, bastante infrequentes. O álcool e, principalmente o alcoolismo, têm uma forte ligação com problemas
sexuais.
-A DE é muitas vezes de origem multifatorial, mesmo entre aqueles com menos de 60 anos. De maneira geral, podemos
afirmar que patologias vasculares e hipogonadismo são as causas mais comuns no grupo com mais do que 60 anos,
enquanto depressão e problemas conjugais são mais importantes no grupo com menos do que 60 anos.
-Abordagem paciente:
-Infelizmente, muitos homens não procuram ajuda médica para seus problemas na esfera sexual. Além disso, durante
a consulta, é comum esse tema não ser abordado pelo profissional de saúde. No entanto, uma pesquisa revelou que
pelo menos 70% dos pacientes adultos de ambos os sexos consideravam que é adequado para um generalista abordar
ativamente problemas sexuais durante a consulta. É importante que, no nível do atendimento primário, sejam feitas
perguntas de triagem a respeito de possíveis problemas sexuais para todos os pacientes que possam ter vida sexual
ativa. É particularmente importante que os pacientes que têm evidências de doença vascular, ou fatores de risco,
também sejam interrogados sobre sua função erétil. Eles devem ser assegurados da natureza confidencial do que está
sendo discutido, e as perguntas devem ser neutras. Exemplos de perguntas que podem ser feitas são: “A sua vida
sexual é satisfatória? ”, ou “Muitos dos meus pacientes masculinos na sua faixa etária notam uma mudança na sua
função sexual. Como está o senhor em relação a isso? ” Existem também questionários escritos que podem servir
como instrumentos de avaliação para detecção da DE.
-Uma vez determinada a presença da DE, é importante ter em mente que ela não é um diagnóstico em si, e sim a
consequência de outras patologias. O passo seguinte, portanto, consiste na determinação de todos os fatores que
podem estar contribuindo para DE no paciente em questão. A anamnese deve avaliar, além dos dados diretamente
relacionados com a disfunção, as histórias sexual e médica do idoso. Um dos objetivos é determinar se o problema é
essencialmente disfunção erétil, ou se existe um componente de perda de libido. A ocorrência de depressão pode ser
pesquisada aplicando-se instrumentos como a Escala de Depressão Geriátrica (EDG), por exemplo. O exame físico deve
buscar evidências de patologia cardiovascular, depressão, ou evidências sugestivas de hipogonadismo, como atrofia
dos testículos ou rarefação de pelos pubianos. O pênis deve ser examinado, buscando evidências da doença de
Peyronie; um exame neurológico focal, que inclua a pesquisa dos reflexos cremasteriano e bulbo cavernoso, também
é importante. No caso do hipogonadismo, a aplicação de instrumentos de avaliação padronizados, como o
questionário ADAM, pode auxiliar na sua detecção. Uma listagem das medicações em uso é fundamental. A avaliação
laboratorial deve incluir no mínimo um hemograma e um painel bioquímico para detecção de diabetes, dislipidemias,
nefropatia, hepatopatia e tireoidopatia. Nos casos em que há suspeita de hipogonadismo, os níveis de testosterona
livre ou biodisponível devem ser medidos, já que a dosagem da testosterona total não é confiável nesses casos; quando
há suspeita de patologia da hipófise, os níveis séricos de hormônio luteinizante (LH) e prolactina devem ser
determinados. EcoDoppler das artérias penianas pode revelar a existência de vasculopatia obstrutiva. Quando
possível, a parceira sexual deve ser entrevistada. Os problemas relacionados com a ereção costumam ter um impacto
na relação do casal, mesmo entre idosos. Além disso, tratamentos que incluem a parceira têm maior chance de êxito.
-Tratamento:
-SILDENAFIL:
-O Viagra (citrato de sildenafil) representou um grande avanço no tratamento da disfunção erétil, podendo beneficiar,
entre muitos outros, os portadores de doença cardiovascular ou com seus fatores de risco.
-Mecanismo de ação: Sildenafil pertence classe de agentes inibidores das fosfodiesterases. A ação erétil do sildenafil
combina o aumento do influxo arterial com a redução do efluxo venoso do corpo cavernoso. O sildenafil leva ao
relaxamento da musculatura lisa das artérias penianas e das trabéculas que circundam os espaços sinusoidais,
acarretando maior ingurgitamento do corpo cavernoso. As trabéculas dos espaços sinusoidais ingurgitados
comprimem, por sua vez, as vênulas penianas contra a túnica albugínea, reduzindo o efluxo venoso, contribuindo para
Everaldo Leite 12
a manutenção do ingurgitamento do corpo cavernoso. O relaxamento dessa musculatura lisa resulta da diminuição do
cálcio intracelular mediada pelo acúmulo do segundo mensageiro, o monofosfato cíclico de guanosina (GMPc), cuja
produção decorre da ativação da guanil-ciclase pelo óxido nítrico produzido pelo estímulo das células endoteliais,
gerado pelo desejo sexual. O fator limitante deste processo é a degradação do GMPc pela enzima fosfodiesterase 5
(PDE5), presente em altas concentrações nessas estruturas penianas. O sildenafil facilita a ereção por sua elevada
especificidade e potência como inibidor dessa fosfodiesterase. Atuando na fase final do ciclo bioquímico da ereção, a
ação do sildenafil depende do desejo sexual, não sendo, portanto, um afrodisíaco.
-Farmacodinâmica:
• × Efeito na tumescência peniana- O sildenafil é eficaz na disfunção erétil de causas várias, como vascular
(diabete), neurorreflexogênica (lesão medular) e psicogênica, o que foi constatado em 21 estudos
multicêntricos randomizados, duplo-cegos, controlados com placebo.
• × Efeitos cardiovasculares – 1)O sildenafil não altera a contratilidade miocárdica em voluntários sadios. Não
existem, contudo, estudos em paciente com insuficiência cardíaca; 2) induz a leve e transitória queda da
pressão arterial sistólica (8 a 10mmHg) e diastólica (4 a 6mmHg), com pico uma hora após a dose oral, em
jejum, e retorno ao nível basal em 4h. Este efeito é consequência da sua ação vasodilatadora periférica, arterial
e venosa, independe da dose (25 a 100mg) e da idade, e raramente provoca hipotensão ortostática; 3) não
tem efeito significativo sobre a frequência cardíaca.
• × Efeito sobre as plaquetas -Não foram observados episódios de sangramento e aumento dos tempos de
sangramento e de protrombina, mesmo em pacientes em uso de ácido acetilsalicílico ou warfarina. Contudo,
não existe avaliação com o uso simultâneo de outros antiagregantes plaquetários (ticlopidina, clopidogrel e
dipiridamol), ou em pacientes com discrasias sanguíneas, recomendando-se precaução, nessas circunstâncias.
• × Efeitos sobre a visão -Podem ocorrer aumento da sensibilidade à luz e visão azul-esverdeada ou turva devido
ação inibidora do sildenafil sobre a fosfodiesterase 6, presente nos fotorreceptores da retina. Pacientes nos
quais estes distúrbios visuais possam dificultar o exercício de alguma de suas atividades, como condução de
veículos automotores e pilotagem de aeronaves, devem ser especialmente alertados quanto aos mesmos.
Recomenda-se cautela no uso do sildenafil em presença de retinite pigmentosa.
-Efeitos adversos:
• Vasodilatadores: cefaléia (16%), rubor (10%) e rinite (4%). Tontura (2%), hipotensão comum e hipotensão
postural (2% cada) ocorreram com frequência idêntica nos grupos sildenafil e placebo;
• Gastrointestinais: dispepsia por refluxo (7%);
• Visuais: aumento da sensibilidade à luz ou visão azul-esverdeada ou turva (3%), principalmente com doses de
100mg;
• Músculoesqueléticos: mialgias, principalmente com múltiplas doses, sem alterações na concentração da
creatinofosfoquinase e no eletromiograma; 5. priapismo: têm sido descritos relatos ocasionais.
-Contraindicações:
-O uso do Viagra (citrato de sildenafila) está contra-indicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida ao fármaco
ou a qualquer componente da fórmula. Foi demonstrado que Viagra® potencializa o efeito hipotensor dos nitratos de
uso agudo ou crônico, estando, portanto, contra-indicada a administração a pacientes usuários de qualquer forma
doadora de óxido nítrico, nitratos orgânicos ou nitritos orgânicos; tanto os de uso frequente quanto os de uso
intermitente.
• Sildenafil é absolutamente contra-indicado para pacientes em uso de nitratos de longa e curta duração, devido
à possibilidade de desenvolverem hipotensão grave, potencialmente fatal.
• Em pacientes com doença arterial coronariana estável, tratados com nitratos de ação prolongada, a
possibilidade de suspensão do nitrato pode ser considerada, de comum acordo com o paciente, para que o
sildenafil possa ser usado.
• Pacientes que não usam nitratos de ação prolongada, mas requerem nitratos de curta duração para o
tratamento de crises de angina, devem ser informados da impossibilidade do uso do sildenafil, a não ser que
o nitrato possa ser substituído por medicação alternativa, sem interação de risco com sildenafil.
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• O uso eventual de qualquer tipo de nitrato está contra-indicado nas 24h que se seguem ao uso do sildenafil.
Também está contra-indicado o uso do sildenafil se um nitrato tiver sido usado nas 24h precedentes.
• Pacientes de alto risco cardiovascular, incluindo portadores de doença aterosclerótica, cardiopatas nas classes
funcionais II e III da NYHA, indivíduos acima de 65 anos, hipertensos, diabéticos, fumantes, portadores de
dislipidemia moderada a grave e obesos, mesmo que não tenham solicitado o uso do sildenafil, devem ser
informados do sério risco potencial da interação sildenafil-nitratos. Isto porque, eventualmente, podem obter
o sildenafil por outros meios, sem as necessárias recomendações para o seu uso