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FCM/AFYA

RESUMO
SOIIV

Everaldo
Leite
APG01
Everaldo Leite 1

Revisitar a Anatomia e Fisiologia do Sistema


Digestórios

Aspectos gerais do Sistema Digestório

-Divisão do sistema digestório:

• Canal alimentar: Boca, maior parte Faringe,


Esôfago, Estomago, Intestino delgado,
Intestino grosso. Todo O canal tem tamanho de
5 A 7 metros (em pessoas vivas).
• Órgãos acessórios: Dentes, Língua, Glândulas
salivares, Fígado, Vesícula biliar e pâncreas.
-Secreção: Diariamente, as células nas paredes do
-As contrações do canal alimentar são muito canal alimentar e nos órgãos digestórios acessórios
importantes, pois conduz o alimento da boca até o secretam um total de aproximadamente 7 ℓ de água,
anus, além de auxiliar a quebra do alimento e fazer a ácido, tampões e enzimas para o lúmen do canal
mistura com as secreções dos orações auxiliares. alimentar.

Digestão: Processos mecânicos e químicos


fragmentam os alimentos ingeridos em pequenas
moléculas. Na digestão mecânica, os dentes cortam e
trituram os alimentos antes de eles serem engolidos;
em seguida, os músculos lisos do estômago e do
intestino delgado agitam o alimento para ajudar ainda
mais no processo. Como resultado, as moléculas do
alimento são dissolvidas e bem misturadas às enzimas
digestórias. Na digestão química, as grandes moléculas
de carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos
dos alimentos são clivadas em moléculas menores por
meio da hidrólise (ver Figura 2.15). As enzimas
digestórias produzidas pelas glândulas salivares,
língua, estômago, pâncreas e intestino delgado
catalisam essas reações catabólicas.

Obs: Poucas substâncias dos alimentos podem ser


absorvidas sem digestão química. Estas incluem as
vitaminas, os íons, o colesterol e a água.

-Camadas do canal alimentar:

A parede do canal alimentar desde a parte inferior do


esôfago até o canal anal tem o mesmo o arranjo básico
de quatro camadas de tecido. As quatro camadas, de
profunda para superficial, são a túnica mucosa, a tela
submucosa, a túnica muscular e a túnica serosa/túnica
adventícia.

-Túnica mucosa: É a que fica em contato direto com o


alimento, dividida em; epitélio, lâmina própria (contem
o MALT), lâmina muscular da mucosa (fina camada).
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-Tela submucosa: Tecido conjuntivo areolar ligando a Entre os solutos estão íons, incluindo o sódio, o
túnica mucosa a muscular. Contém muitos vasos potássio, o cloreto, o bicarbonato e o fosfato. Também
sanguíneos e linfáticos. estão presentes alguns gases dissolvidos e substâncias
orgânicas, incluindo a ureia e ácido úrico, o muco, a
-Túnica muscular: A túnica muscular da boca, faringe e
imunoglobulina A, a enzima bacteriolítica lisozima e a
partes superior e média do esôfago contém músculo
amilase salivar, uma enzima digestória que atua sobre
esquelético que produz a deglutição voluntária. O
o amido.
músculo esfíncter externo do ânus é esquelético,
possibilitando o controle voluntário da defecação. No -A água na saliva fornece um meio para a dissolução de
restante do canal alimentar, a túnica muscular consiste alimentos, de modo que eles possam ser provados
em músculo liso, que geralmente é encontrado em pelos receptores gustativos e de modo que as reações
duas lâminas: uma camada interna de fibras circulares digestórias possam ter início. Os íons cloreto na saliva
e uma camada externa de fibras longitudinais. As ativam a amilase salivar, uma enzima que inicia a
contrações involuntárias do músculo liso ajudam a degradação do amido na boca em maltose, maltotriose
fragmentar os alimentos, misturá-los às secreções e α-dextrina. Os íons bicarbonato e fosfato tamponam
digestórias e levá-los ao longo do canal alimentar. alimentos ácidos que entram na boca, de modo que a
Entre as camadas da túnica muscular está um segundo saliva é apenas ligeiramente ácida (pH entre 6,35 e
plexo de neurônios – o plexo mientérico 6,85). As glândulas salivares (como as glândulas
sudoríparas da pele) ajudam a remover moléculas
-Túnica serosa: Estas partes do canal alimentar que
residuais do corpo, que respondem pela presença de
estão suspensas na cavidade abdominal têm uma
ureia e ácido úrico na saliva. O muco lubrifica o
camada superficial chamada túnica serosa. Como o
alimento para que ele possa ser movimentado
próprio nome indica, a túnica serosa é uma membrana
facilmente na boca, modelado em uma bola e
serosa composta por tecido conjuntivo areolar e
deglutido. A imunoglobulina A (IgA) impede a ligação
epitélio escamoso simples (mesotélio). A túnica serosa
de microrganismos, de modo que eles não são capazes
é também chamada peritônio visceral, porque forma
de penetrar o epitélio, e a enzima lisozima mata as
uma parte do peritônio, que examinaremos em
bactérias; no entanto, estas substâncias não estão
detalhes em breve. O esôfago não tem túnica serosa;
presentes em quantidades suficientes para eliminar
em vez disso, apenas uma única camada de tecido
todas as bactérias da boca.
conjunto areolar chamada túnica adventícia forma a
camada superficial deste órgão. Faringe

-A faringe é composta por músculo esquelético e


revestida por túnica mucosa; é dividida em três partes:
a parte nasal da faringe(atua apenas na respiração), a
parte oral da faringe e a parte laríngea da faringe.

-As partes oral e laríngea da faringe têm funções


digestórias e respiratórias. A comida engolida passa da
boca para as partes oral e laríngea da faringe; as
contrações musculares dessas áreas ajudam a
impulsionar o alimento para o esôfago e, em seguida,
para o estômago.

Boca Esôfago

-A boca, também chamada cavidade oral ou bucal, é -O esôfago é um tubo muscular colabável de
formada pelas bochechas, palatos duro e mole e língua. aproximadamente 25 cm de comprimento que se
encontra posteriormente à traqueia. O esôfago
-A boca contém várias glândulas salivares, há três pares começa na extremidade inferior da parte laríngea da
de glândulas salivares maiores: as glândulas parótidas, faringe, passa pelo aspecto inferior do pescoço, e entra
submandibulares e sublinguais. no mediastino anteriormente à coluna vertebral. Em
seguida, perfura o diafragma através de uma abertura
-Composição e funções da saliva: Quimicamente, a
saliva é composta por 99,5% de água e 0,5% de solutos.
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chamada hiato esofágico e termina na parte superior terceira fase (esofágica) onde o alimento passa do
do estômago. esôfago para estomago.

-Em cada extremidade do esôfago, a túnica muscular se


torna ligeiramente mais proeminente e forma dois
esfíncteres – o esfíncter esofágico superior (EES), que
consiste em músculo esquelético, e o esfíncter
esofágico inferior (EEI), que consiste em músculo liso e
está próximo do coração. O esfíncter esofágico
superior controla a circulação de alimentos da faringe
para o esôfago; o esfíncter esofágico inferior regula o
movimento dos alimentos do esôfago para o
estômago.

-O esôfago secreto muco e transporta os alimentos


para o estômago. Ele não produz enzimas digestórias
nem realiza absorção.

Estomago

-O estômago é um alargamento do canal alimentar em


formato de J diretamente inferior ao diafragma no
abdome. O estômago liga o esôfago ao duodeno, a
primeira parte do intestino delgado.

Como uma refeição pode ser consumida muito mais


rapidamente do que os intestinos podem digeri-la e
absorvê-la, uma das funções do estômago é servir
como uma câmara de mistura e reservatório de
retenção.

-Dentre as suas funções existe a de armazenar


alimentos, visto que o tempo de digestão é superior ao
tempo de uma alimentação.

-No estômago, a digestão de amido e triglicerídios


continua, a digestão das proteínas começa, o bolo
alimentar semissólido é convertido em um líquido, e
determinadas substâncias são absorvidas.

-Divisão do estomago: Cárdia, o fundo gástrico, o


corpo gástrico e a parte pilórica.

-Deglutição do bolo alimentar ocorre em 3 fases. A


primeira é voluntaria, seria realizado pela língua
empurrando o alimento para parte oral da faringe, logo
bem a segunda parte que seria involuntário é a fase
faríngea, onde passa da faringe para o esôfago, a
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-A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago.


A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia
é o fundo gástrico. Inferior ao fundo gástrico está a
grande parte central do estômago, o corpo gástrico. A
parte pilórica pode ser dividida em três regiões. A
primeira região, o antro pilórico, liga o corpo ao
estômago. A segunda região, o canal pilórico, leva à
terceira região, o piloro, que por sua vez se conecta ao
duodeno. Quando o estômago está vazio, a túnica
mucosa forma grandes rugas, as pregas gástricas, que
podem ser vistas a olho nu. O piloro se comunica com
o duodeno do intestino delgado por meio de um
esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter -As glândulas gástricas contêm três tipos de células
do piloro. A margem medial côncava do estômago é glandulares exócrinas que secretam seus produtos
chamada curvatura menor; a margem lateral convexa para o lúmen do estômago:
é chamada curvatura maior. • células mucosas do colo
• células principais gástricas
• células parietais.

-Tanto as células mucosas superficiais quanto as células


mucosas do colo secretam muco.

-As células parietais produzem fator intrínseco


(necessário para a absorção de vitamina B12) e ácido
clorídrico.

-As células principais gástricas secretam pepsinogênio


e lipase gástrica. As secreções das células mucosa,
parietal e principal gástrica formam o suco gástrico,
que totaliza 2.000 a 3.000 mℓ/dia. Além disso, as
glândulas gástricas incluem um tipo de célula
-A superfície da túnica mucosa é uma camada de
enteroendócrina, a célula secretora de gastrina, que
células epiteliais colunares simples, chamada células
está localizada principalmente no antro pilórico e
mucosas da superfície (Figura 24.12). A túnica mucosa
secreta o hormônio gastrina na circulação sanguínea.
contém a lâmina própria (tecido conjuntivo areolar) e
a lâmina muscular da mucosa (músculo liso) (Figura -Digestão mecânica e química no estomago.
24.12). As células epiteliais se estendem até a lâmina
própria, onde formam colunas de células secretoras -Ondas de peristaltismo atingem o estomago em
chamadas glândulas gástricas (várias células intervalos de 15 a 25 segundos, essas ondas são mais
secretoras superficiais agrupadas formam essa intensas no corpo gástrico e vai intensificando ao
glândula gástrica). Várias glândulas gástricas se abrem atingir o antro-piloro, essas ondas empurram o
na base de canais estreitos chamadas criptas gástricas. alimento para o piloro (é a propulsão).
Secreções de várias glândulas gástricas fluem para cada -O alimento passa do estomago para o intestino
cripta gástrica e, em seguida, para dentro do lúmen do delgado através do ostil pilórico, esse ostil encontra-se
estômago. quase fechado, permitindo passagem de pequenas
partículas alimentares. Quando tem a propulsão e os
alimentos são grandes para passarem ocorre o
processo de retropulsão (alimento voltando do ostil
para o corpo gástrico).

-Todd alimento sofre o processo de retropulsão se


misturando ao sulco gástrico e formando Quimo
(mistura do alimento quebrado com sulco gástrico).
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-Uma vez que as partículas de alimento no quimo são


suficientemente pequenas, elas podem passar através
do óstio pilórico, em um fenômeno conhecido como
esvaziamento gástrico. O esvaziamento gástrico é um
processo lento: apenas aproximadamente 3 mℓ de
quimo se movem através do óstio pilórico de cada vez.

-Os alimentos podem permanecer no fundo gástrico


durante aproximadamente 1 h sem serem misturados
ao suco gástrico. Durante este tempo, a digestão pela
amilase salivar das glândulas salivares continua. Logo,
no entanto, a ação de agitação mistura o quimo com o
suco gástrico ácido, inativando a amilase salivar e
ativando a lipase lingual produzida pela língua, que
começa a digerir os triglicerídios em ácidos graxos e
diglicerídios.

-As células parietais secretam H+ e Cl- que se


dissolvem no liquido formando o HCl (acido clorídrico),
as bombas de protons são alimentadas pelo H+ e K+
ATPase transportam ativamente para o lúmen
enquanto trazem o ions de K+ para dentro da célula. Ao
mesmo tempo, o Cl– e o K+ se difundem para fora para
o lúmen através dos canais de Cl– e K+ da membrana -Secreção de HCl pelas células parietais pode ser
apical. estimulada por várias fontes: a acetilcolina (ACh)
liberada pelos neurônios parassimpáticos, a gastrina
A enzima anidrase carbônica, que é especialmente secretada pelas células secretoras de gastrina e a
abundante nas células parietais, catalisa (acelera) a histamina, que é uma substância parácrina liberada
formação de ácido carbônico (H2CO3) a partir da água pelos mastócitos na lâmina própria das proximidades.
(H2O) e dióxido de carbono (CO2).
-O HCl desnatura parcialmente as proteínas dos
Quando o ácido carbônico se dissocia, ele fornece uma alimentos e estimula a secreção de hormônios que
fonte pronta de H+ para as bombas de prótons, mas promovem o fluxo da bile e do suco pancreático.
também produz íons bicarbonato (HCO3–). Conforme
o HCO3 – se acumula no citosol, ele sai da célula -A única enzima proteolítica (que digere proteína) no
parietal na troca por Cl– via antiportadores Cl–-HCO3 – estômago é a pepsina, que é secretada pelas células
na membrana basolateral (próxima da lâmina própria). principais gástricas. A pepsina é mais efetiva no
O HCO3 – se difunde nos capilares sanguíneos ambiente ácido do estômago (pH 2); torna-se inativa
em um pH mais alto.
próximos. Esta “maré alcalina” de íons bicarbonato
entrando na corrente sanguínea após uma refeição -Para que a pepsina não faça digestão das proteínas
pode ser grande o suficiente para elevar ligeiramente das suas células secretoras, ela é secretada na forma
o pH do sangue e deixar a urina mais alcalina. de pepsinogenio, esse é transformada em pepsina
quando entra em contado com HCL. Além disso, as

células epiteliais do estômago são protegidas do suco


gástrico por uma camada de 1 a 3 mm de espessura de
muco alcalino secretado pelas células mucosas da
superfície e células mucosas do colo.

-Outra enzima do estômago é a lipase gástrica, que


cliva os triglicerídios (gorduras e óleos) das moléculas
de gordura (como as encontradas no leite) em ácidos
graxos e monoglicerídios. Essa enzima opera melhor
em Ph 5 a 6.
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-Apenas uma pequena quantidade de nutrientes é ácinos secretam uma mistura de líquidos e enzimas
absorvida no estômago, porque suas células epiteliais digestórias chamadas suco pancreático. O 1% restante
são impermeáveis à maior parte dos materiais. dos aglomerados, as chamadas ilhotas pancreáticas
(ilhotas de Langerhans), formam a porção endócrina do
-Dentro de 2 a 4 h após a ingestão de uma refeição, o
pâncreas. Estas células secretam os hormônios
estômago já esvaziou seu conteúdo para o duodeno.
glucagon, insulina, somatostatina e polipeptídio
Os alimentos ricos em carboidratos permanecem
pancreático.
menos tempo no estômago; alimentos ricos em
proteína permanecem um pouco mais, e o -Composição e função do sulco pancreático:
esvaziamento é mais lento após uma refeição rica em
-O pâncreas produz diariamente de 1.200 a 1.500 mℓ
gordura contendo grandes quantidades de
triglicerídios. de suco pancreático, um líquido claro e incolor que
consiste principalmente em água, alguns sais,
Pâncreas bicarbonato de sódio e várias enzimas. O bicarbonato
de sódio dá ao suco pancreático um pH ligeiramente
-O pâncreas, uma glândula retroperitoneal que mede
alcalino (7,1 a 8,2) que tampona o suco gástrico ácido
aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento e 2,5
no quimo, interrompe a ação da pepsina do estômago
cm de espessura, encontra-se posteriormente à
e cria o pH apropriado para a ação das enzimas
curvatura maior do estômago. O pâncreas consiste em
digestórias no intestino delgado.
uma cabeça, um corpo e uma cauda e geralmente está
ligado ao duodeno por dois ductos (Figura 24.15A). A -As enzimas no suco pancreático incluem uma enzima
cabeça do pâncreas é a porção expandida do órgão, para digerir amido chamada amilase pancreática;
próxima da curva do duodeno; superiormente e à várias enzimas que digerem proteínas em peptídios
esquerda da cabeça estão o corpo do pâncreas central chamadas tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e
e a cauda do pâncreas afilada. elastase; a principal enzima que digere triglicerídios
em adultos, chamada lipase pancreática; e as enzimas
que digerem ácidos nucleicos chamadas ribonuclease
e desoxirribonuclease, que digerem ácido ribonucleico
(RNA) e ácido desoxirribonucleico (DNA) em
nucleotídios.

-As enzimas que digerem proteínas são secretadas de


forma inativa.

Fígado

-O fígado encontra-se inferiormente ao diafragma e


ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e parte das
regiões epigástricas da cavidade abdominopélvica (ver
-Ducto pancreático (maior) que se une ao ducto
Figura 1.12B).
colédoco (vem da vesícula e fígado) formando o ducto
hepatopancreatico. Além disso, tem o ducto acessório -A vesícula biliar é um saco em forma de pera que está
que vem do pâncreas. Ambos essas estruturas localizado em uma depressão da face posterior do
desembocam no duodeno. fígado. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e
normalmente pende da margem inferior anterior do
-A passagem do suco pancreático e biliar por meio da
fígado.
ampola hepatopancreática para o duodeno do
intestino delgado é regulada por massa de músculo liso O fígado é dividido em dois lobos principais – um lobo
que circunda a ampola conhecida como músculo hepático direito grande e um lobo hepático esquerdo
esfíncter da ampola hepatopancreática. menor – pelo ligamento falciforme, uma prega do
-Histologia do pâncreas: O pâncreas é composto por mesentério.
pequenos aglomerados de células epiteliais As partes da vesícula biliar incluem o amplo fundo da
glandulares. Aproximadamente 99% dos aglomerados, vesícula biliar, que se projeta
chamado ácinos, constituem a porção exócrina do
órgão (ver Figura 18.18B, C). As células no interior dos
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inferiormente além da margem inferior do fígado; o -A bile é parcialmente um produto de excreção e


corpo da vesícula biliar, a parte central; e o colo da parcialmente uma secreção digestória. Os sais biliares,
vesícula biliar, a parte afunilada. O corpo e o colo se que são sais de sódio e sais de potássio dos ácidos
projetam superiormente. biliares (principalmente ácidos quenodesoxicólico e
cólico), desempenham um papel na emulsificação, a
-Histologia do fígado e vesícula biliar:
fragmentação de grandes glóbulos lipídicos em uma
-Hepatócitos: são as principais células funcionais do suspensão de pequenos glóbulos lipídicos. Os
fígado e realizam uma grande variedade de funções pequenos glóbulos lipídicos apresentam uma área de
metabólicas, secretoras e endócrinas. São células superfície muito grande que possibilita que a lipase
epiteliais especializadas com 5 a 12 lados que pancreática realize mais rapidamente a digestão dos
compõem aproximadamente 80% do volume do triglicerídios. Os sais biliares também ajudam na
fígado. Os hepatócitos formam arranjos absorção de lipídios após a sua digestão.
tridimensionais complexos chamados lâminas
Intestino delgado
hepáticas
-A maior parte da digestão e absorção de nutrientes
-Canalículos de bile: Os canalículos de bile são
ocorre em um tubo longo chamado intestino delgado.
pequenos ductos entre os hepatócitos que coletam a
bile produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos de -O intestino delgado começa no músculo esfíncter do
bile, a bile passa para os dúctulos biliares e, em piloro do estômago, serpenteia a parte central e
seguida, para os ductos biliares. Os ductos biliares se inferior da cavidade abdominal e, por fim, se abre no
unem e, por fim, formam os ductos hepáticos esquerdo intestino grosso. A média é de 2,5 cm de diâmetro; seu
e direito, que são maiores e se unem e saem do fígado comprimento é de aproximadamente 3 m na pessoa
como o ducto hepático comum (ver Figura 24.15). O viva e de cerca de 6,5 m no cadáver.
ducto hepático comum junta-se ao ducto cístico da
vesícula biliar para formar o ducto colédoco. Por ele, a -O intestino delgado é dividido em três regiões:
bile entra no duodeno do intestino delgado para • Duodeno, a região mais curta, que é
participar da digestão. retroperitoneal. Inicia-se no músculo esfíncter
-Sinusoides hepáticos: Os sinusoides hepáticos são do piloro do estômago e tem a forma de um
capilares sanguíneos altamente permeáveis entre tubo em C. Estende-se por aproximadamente
fileiras de hepatócitos que recebem sangue oxigenado 25 cm até que se funde com o jejuno.
de ramos da artéria hepática e sangue venoso rico em • Jejuno: é a próxima parte e tem
nutrientes de ramos da veia porta do fígado. aproximadamente 1 m de comprimento e se
estende até o íleo.
• Íleo, mede aproximadamente 2 m e junta-se ao
intestino grosso em um esfíncter de músculo
liso chamado óstio ileal. É a região maior do
intestino delgado.

-Função do fígado e vesícula biliar:

-Os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000


mℓ de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-
oliva. Ele tem um pH entre 7,6 e 8,6 e é constituído
principalmente por água, sais biliares, colesterol, um
fosfolipídio chamado lecitina, pigmentos biliares e
vários íons.
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-As células absortivas do epitélio liberam enzimas que -Lâmina própria da túnica mucosa do intestino delgado
digerem o alimento e contêm microvilosidades que contém tecido conjuntivo areolar e tecido linfoide
absorvem os nutrientes no quimo do intestino delgado. associado à mucosa (MALT) abundante.

-A túnica mucosa do intestino delgado contém muitas -A tela submucosa do duodeno contém glândulas
fendas profundas revestidas com epitélio glandular. As duodenais (Figura 24.20A) que secretam um muco
células que revestem as fendas formam as glândulas alcalino que ajuda a neutralizar o ácido gástrico no
intestinais ou criptas de Lieberkühn, e secretam suco quimo.
intestinal -Embora a parede do intestino delgado seja composta
-Existem também células caliciformes secretoras de - pelas mesmas quatro camadas básicas que o restante
muco no ID. do canal alimentar, as características estruturais
especiais do intestino delgado facilitam o processo de
-Além das células absortivas e células caliciformes, as digestão e absorção, As pregas circulares aumentam a
glândulas intestinais também contêm células de absorção pelo aumento da área de superfície e fazem
Paneth e células enteroendócrinas. As células de com que o quimo se mova em espiral, em vez de em
Paneth secretam lisozima, uma enzima bactericida, e linha reta, conforme passa pelo intestino delgado.
são capazes de realizar fagocitose. Estas células podem
atuar na regulação da população microbiana do -No intestino delgado também há vilosidades, que são
intestino delgado. São encontrados três tipos de projeções digitiformes da túnica mucosa que medem
células enteroendócrinas nas glândulas do intestino de 0,5 a 1 mm de comprimento (ver Figura 24.19B, C).
delgado: células S, células CCK e células K, que Numerosas vilosidades (20 a 40 por mm2) aumentam
secretam os hormônios secretina, colecistocinina muito a área de superfície do epitélio disponível para a
(CCK) e polipeptídio inibidor gástrico (PIG), absorção e digestão e dão à túnica mucosa intestinal
respectivamente. um aspecto aveludado. Cada vilosidade é recoberta por
epitélio e tem um centro de lâmina própria;
incorporados ao tecido conjuntivo da lâmina própria
estão uma arteríola, uma vênula, uma rede capilar e
um vaso lactífero, que é um capilar linfático (ver Figura
24.19C). Os nutrientes absorvidos pelas células
epiteliais que recobrem a vilosidade atravessam a
parede de um capilar ou vaso lactífero para entrar no
sangue ou na linfa, respectivamente.

-Microvilosidades: São projeções da membrana apical


(livre) das células absortivas. À microscopia óptica, as
microvilosidades são muito pequenas para serem
visualizadas individualmente; em vez disso, formam
uma linha felpuda chamada borda em escova.

-Como as microvilosidades aumentam


substancialmente a área da superfície da membrana
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plasmática, grandes quantidades de nutrientes fragmentos de proteínas), e as lipases lingual e gástrica


digeridos conseguem se difundir para as células convertem alguns triglicerídios em ácidos graxos,
absortivas em um dado período. A borda em escova diglicerídios e monoglicerídios. Assim, o quimo que
também contém várias enzimas da borda em escova, entra no intestino delgado contém carboidratos,
que têm funções digestórias proteínas e lipídios parcialmente digeridos. A
conclusão da digestão dos carboidratos, proteínas e
-Papel do sulco intestinal e das enzimas da borda em
lipídios é um esforço coletivo do suco pancreático, bile
escova:
e suco intestinal no intestino delgado.
-Aproximadamente 1 a 2 ℓ de suco intestinal, um
• Digestão carboidratos:
líquido amarelo-claro, são secretados diariamente. O
• Digestão de proteínas:
suco intestinal contém água e muco e é ligeiramente
• Digestão de ácidos nucleicos:
alcalino (pH 7,6). O pH alcalino do suco intestinal é
decorrente da sua elevada concentração de íons -Absorção intestino delgado:
bicarbonato (HCO3–).
-Todas as fases químicas e mecânicas da digestão, da
-As células absortivas do intestino delgado sintetizam boca ao intestino delgado, são controladas de modo a
diversas enzimas digestórias, chamadas enzimas da alterar os alimentos em formas que possam passar
borda em escova, e inserem-nas na membrana através das células epiteliais absortivas que revestem a
plasmática das microvilosidades. Assim, parte da túnica mucosa e entrar nos vasos sanguíneos e
digestão enzimática ocorre na superfície das células linfáticos subjacentes.
absortivas que revestem as vilosidades, em vez de
-A absorção de materiais ocorre por meio da difusão,
exclusivamente no lúmen, como ocorre em outras
difusão facilitada, osmose e transporte ativo.
partes do canal alimentar.
Aproximadamente 90% de toda a absorção de
-Digestão mecânica: nutrientes ocorre no intestino delgado; os outros 10%
ocorrem no estômago e no intestino grosso. Qualquer
-Os dois tipos de movimentos do intestino delgado –
material não digerido ou não absorvido que sobra no
segmentações (ocorre no local distendido pelo quimo,
intestino delgado passa para o intestino grosso.
serve para aumentar a área de superfície, naõ empurra
o quimo) e um tipo de peristaltismo chamado -Absorção de : Monossacaridios, aminoácidos, lipídeos
complexo mioelétrico migratório. e sais biliares, eletrólitos, vitaminas, agua.

-Depois de a maior parte de uma refeição ter sido Intestino grosso


absorvida, o que diminui a distensão da parede do
-O intestino grosso (Figura 24.23), com
intestino delgado, a segmentação para e o
aproximadamente 1,5 m de comprimento e 6,5 cm de
peristaltismo começa. O tipo de peristaltismo que
diâmetro em seres humanos vivos e cadáveres, se
ocorre no intestino delgado, denominado complexo
estende do íleo ao ânus. Está ligado à parede posterior
mioelétrico migratório (CMM), inicia-se na parte
do abdome por seu mesocolo, que é uma camada
inferior do estômago e empurra o quimo para a frente
dupla de peritônio (ver Figura 24.4A). Estruturalmente,
ao longo de um trecho curto do intestino delgado antes
as quatro principais regiões do intestino grosso são o
de cessar. O CMM desce lentamente pelo intestino
ceco, o colo, o reto e o canal anal.
delgado, alcançando o final do íleo em 90 a 120 min.
Em seguida, outro CMM começa no estômago. Ao
todo, o quimo permanece no intestino delgado por 3 a
5 h.

-Digestão química:

Na boca, a amilase salivar converte o amido (um


polissacarídio) em maltose (um dissacarídio),
maltotriose (um trissacarídio) e α-dextrina
(fragmento de amido de cadeia curta ramificada com 5
a 10 unidades de glicose). No estômago, a pepsina
converte as proteínas em peptídios (pequenos
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embora em um ritmo mais lento (3 a 12 contrações por


minuto) do que nas partes mais proximais do canal
alimentar. Um último tipo de movimento é o
peristaltismo em massa, uma forte onda peristáltica
que começa aproximadamente na metade do colo
transverso e leva rapidamente o conteúdo do colo para
o reto. Como os alimentos no estômago iniciam esse
reflexo gastrocólico no colo, o peristaltismo em massa
geralmente ocorre 3 ou 4 vezes/dia, durante ou
imediatamente após uma refeição.
-A abertura do íleo para o intestino grosso é guardada
por uma prega de túnica mucosa chamada óstio ileal, -Digestão química:
que possibilita que os materiais do intestino delgado
passem para o intestino grosso. Pendurado -A fase final da digestão ocorre no colo por meio da
inferiormente ao óstio ileal está o ceco, uma pequena ação das bactérias que habitam o lúmen. O muco é
bolsa de aproximadamente 6 cm de comprimento. secretado pelas glândulas do intestino grosso, mas não
são secretadas enzimas. O quimo é preparado para a
-A extremidade aberta do ceco se funde a um tubo eliminação pela ação de bactérias, que fermentam
longo chamado colo, que é dividido em ascendente, quaisquer carboidratos restantes e liberam hidrogênio,
transverso, descendente e sigmoide. Tanto o colo dióxido de carbono e gases metano. Estes gases
ascendente quanto o descendente são contribuem para os flatos no colo, denominada
retroperitoneais; o colo transverso e o sigmoide não o flatulência quando é excessiva. As bactérias também
são convertem quaisquer proteínas restantes em
aminoácidos e fragmentam os aminoácidos em
-O colo sigmoide começa perto da crista ilíaca
substâncias mais simples: indol, escatol, sulfeto de
esquerda, projeta-se medialmente em direção à linha
hidrogênio e ácidos graxos. Um pouco de indol e
média, e termina como o reto aproximadamente no
escatol é eliminado nas fezes e contribui para o seu
nível da terceira vértebra sacral (S III).
odor; o restante é absorvido e transportado para o
-Reto mede aproximadamente 15 cm de comprimento fígado, onde estes compostos são convertidos em
e se situa anteriormente ao sacro e cóccix. Os 2 a 3 cm compostos menos tóxicos e excretados na urina. As
terminais do intestino grosso são chamados canal anal. bactérias também decompõem a bilirrubina em
pigmentos mais simples, incluindo a estercobilina, que
-A abertura do canal anal para o exterior, o chamado
dá às fezes a sua coloração marrom. Os produtos
ânus, é guardada pelo músculo esfíncter interno do
bacterianos que são absorvidos pelo colo incluem
ânus comporto por músculo liso (involuntário) e pelo
várias vitaminas necessárias para o metabolismo
esfíncter externo do ânus composto por músculo
normal, entre as quais algumas vitaminas B e a
esquelético (voluntário). Normalmente, estes
vitamina K.
esfíncteres mantêm o ânus fechado, exceto durante a
eliminação das fezes. -Absorção e formação das fezes no intestino grosso:

-Epitélio do IG contém principalmente células -Até agora o quimo permaneceu no intestino grosso
absortivas e caliciformes (Figura 24.24B, D). As células por 3 a 10 h, tornou-se sólido ou semissólido por causa
absortivas atuam principalmente na absorção de água; da absorção de água e agora é chamado fezes.
as células caliciformes secretam muco, que lubrifica a Quimicamente, as fezes consistem em água, sais
passagem do conteúdo do colo. inorgânicos, células epiteliais da túnica mucosa do
canal alimentar, bactérias, produtos da decomposição
-Digestão mecânica:
bacteriana, materiais digeridos e não absorvidos e
-Um movimento característico do intestino grosso é a partes não digeríveis de alimentos. Embora 90% de
agitação das saculações do colo. Neste processo, as toda a absorção de água ocorra no intestino delgado, o
saculações do colo permanecem relaxadas e são intestino grosso absorve o suficiente para torná-lo um
distendidas enquanto se enchem. Quando a distensão órgão importante na manutenção de equilíbrio hídrico
alcança um determinado ponto, as paredes se do corpo. Dos 0,5 a 1,0 ℓ de água que entra no intestino
contraem e espremem o conteúdo para a próxima grosso, tudo exceto aproximadamente 100 a 200 mℓ
saculação do colo. O peristaltismo também ocorre,
Everaldo Leite 11

normalmente é absorvido por osmose. O intestino -Gastrite crônica: São inflamações classificadas em 3
grosso também absorve íons, incluindo sódio e cloreto, tipos. Para fechar diagnostico deve juntar(sinais
e algumas vitaminas. clínicos do paciente, EDA, histopatológico).
Autoimune, H. Pylori.
-Reflexo defecação:

-Os movimentos peristálticos em massa empurram o


material fecal do colo sigmoide para o reto. A distensão -Gastrite por H. Pylori:
resultante da parede retal estimula os receptores de
estiramento, que iniciam um reflexo de defecação que -Definição:
resulta na defecação, a eliminação das fezes do reto -Essa bactéria coloniza cerca de 50% da população
por meio do ânus. mundial durante a vida. É considerada como principal
-referencia: Tortona (pág. 1701 a 1785). fator de risco para o desenvolvimento de ulceras
péptica, adenocarcinoma gástrico e linfoma do malt. O
tratamento dessas doenças visando medicamentos
que ajam sobre a H. Pylori tem sido escolhido como
Fisiopatologia Gastrite (H. Pylori*)
primeira linha, em exceção de adenocarcinoma
gástrico. O tratamento desse adenocarcinoma gástrico
seria outro, a prevenção dele seria medicamentos que
-Introdução:
agem na H. Pylori.
- Voltando ao funcionamento do estômago, podemos
-Agente etiológico:
destacar a função da mucosa que, além de revestir
internamente o estômago, auxilia na proteção das -O H. pylori é um bacilo Gram-negativo que coloniza
células contra a agressão causada pelo ácido, quando a naturalmente os seres humanos. Reside na mucosa
mucosa está inflamada o estômago produz menos gástrica, com uma pequena proporção de bactérias
ácido, enzimas e muco. aderentes à mucosa, havendo, possivelmente, um
pequeno número que entra nas células ou que penetra
A gastrite nada mais é do que a inflamação da mucosa
na mucosa; sua distribuição nunca é sistêmica.
do estômago. Essa inflamação desenvolve-se como
uma resposta do organismo quando ocorre uma -Tem forma helicoidal e flagelos, conferindo-lhe
agressão à sua integridade. Entretanto, essa resposta mobilidade no ambiente mucoso.
pode ir além da normalidade e levar ao
-Possui vários mecanismos de resistência ao ácido,
desenvolvimento de sinais e sintomas característicos
principalmente a alta expressão de urease, que catalisa
dessa doença. A agressão que desencadeia o processo
a hidrólise da ureia produzindo amónia tamponante.
pode ser aguda ou crônica e, de acordo com seus tipos,
podemos classificar as diversas formas de gastrite. -Epidemiologia:
-Tipos de gastrite a serem abordadas: -A prevalência de H. Pylori em adultos nos EUA é de
30%, já em países em desenvolvimento chega aos 80%.
1. -Atrofica (Autoimune relacionada ao
adenocarcinoma e B12. Ambiental, -Essa bactéria é mais comum adquirida na infância, a
relacionada ao H. Pylori) transmissão pode ser por via oral-fecal ou por via oral.
2. -Edematosa Geralmente a transmissão ocorre de mãe para o filho.
3. -Eosinofilia
-Patologia e patogenia:
4. Aguda
5. Crônica - A colonização pelo H. pylori induz uma resposta
tecidual no estômago, a gastrite superficial crônica,
que inclui a infiltração da mucosa por células
-Gastrite aguda: Atinge o antro onde tem maior mononucleares e polimorfonucleares.
concentração de células principais, produtoras de
- O termo gastrite deve ser usado especificamente para
Pepsinogênio. Paciente sente; dor epigástrica, náusea
descrever aspectos histológicos; também tem sido
e vomito, edema, hiperemia da mucosa, infiltrado de
utilizado para descrever os aspectos endoscópi- cos e
neutrófilo.
até mesmo os sintomas que, no entanto, não se
Everaldo Leite 12

correlacionam estreitamente com os achados -As cepas mais ativas são encontradas em pessoas que
microscópicos e nem mesmo com a presença do H. apresentam ulceras pépticas e adenocarcinoma
pylori.) gástrico. Outros fatores bacterianos que estão
associados a um risco aumentado de doença incluem
- Embora seja capaz de numerosas adaptações que
adesinas, como BabA e SabA, e genes que não estão
previnem a excessiva estimulação do sistema imune, a
completamente caracterizados, como dupA. Adesinas
colonização se acompanha de uma considerável e
são proteínas que mediam a adesão da H. pylori ao
persistente resposta imune, incluindo a produção de
epitélio gastrointestinal, juntamente com algumas
anticorpos locais e sistêmicos, bem como de respostas
proteínas da membrana externa que também são
mediadas por células. Entretanto, estas respostas são
reconhecidas como fatores de virulência
ineficazes na eliminação da bactéria. Essa eliminação
ineficiente parece dever-se em parte à inibição, pelo H. -Os determinantes de doença no hospedeiro mais bem
pylori, do sistema imune, o que facilita a sua caracterizados são os polimorfismos genéticos que
persistência. acarretam aumento na ativação da resposta imune
inata, como polimorfismos em genes das citocinas ou
-A maioria das pessoas colonizadas pelo H. pylori não
genes que codificam proteínas de reconhecimento
apresenta sequelas clínicas. O fato de algumas
bacteriano, como os receptores Toll-like (TLR). Por
manifestarem doença franca e outras não relaciona-se
exemplo, as pessoas colonizadas com polimorfismos
a uma combinação de fatores: diferenças nas cepas
no gene da interleucina (IL) 1, que determinam a
bacterianas, suscetibilidade do paciente à doença e
produção de grandes quantidades desta citocina em
fatores ambientais.
resposta à infecção por H. pylori, correm risco
-O fator de virulência é diferente, pois existem cepas aumentado de adenocarcinoma gástrico.
capazes de causar doenças. Existe um grupo de genes
-O tabagismo aumenta os riscos de úlcera e câncer em
(ilha Cag), onde genes específicos (Cag A) são
indivíduos H. pylori-positivos. As dietas ricas em sal e
translocados da bactéria para o interior das células
os alimentos em conserva aumentam o risco de câncer,
epitelial afetando a transdução do hospedeiro,
e as dietas ricas em antioxidantes e vitamina C
induzindo alterações em funções dessas células como;
conferem proteção.
Proliferação, Citoesqueleticas e inflamatórias.
-O padrão de inflamação gástrica se associa com o risco
-Alguns camundongos que expressão esse gene Cag A
de doença: gastrite predominantemente antral é mais
no estomago apresentam adenocarcinoma gástrico.
estreitamente relacionada com ulceração duodenal, ao
- O sistema de secreção também transloca passo que a pangastrite é ligada à ulceração gástrica e
componentes solúveis da parede celular de ao adenocarcinoma. Esta diferença provavelmente
peptidoglicano para dentro da célula epitelial gástrica; explica por que os pacientes com úlcera duodenal não
esses componentes são reconhecidos pelo receptor correm alto risco de desenvolver adenocarcinoma
bacteriano de emergência intracelular, Nodl, que gástrico mais tarde na vida, a despeito de serem
estimula uma resposta das citocinas pró-inflamatórias colonizados por H. pylori.
(IL-8), resultando em aumento da inflamação gástrica.
-A colonização gástrica pelo H. Pylori pode causar
-Pacientes que apresentam ulceras gástricas ou ulcera duodenal devido a inflamação causada por essa
adenocarcinoma gástrico são mais propensos a bactéria diminuir o número de células D (produtoras de
apresentarem Cag A positivo. Existe também a somatostatina), esse hormônio inibe a liberação de
proteína VacA secretada pela H. Pylori ocorre em varias gastrina, então pessoas com H. Pylori tem mais
formas. A proteína VacA, ou “citotoxina gastrina. esses níveis mais elevados levam a um
vacuolizadora”, é um fator de virulência com papel aumento da secreção ácida estimulada pelas refeições
crucial na patogênese da H. pylori. Tem três atividades no corpo do estômago, que está apenas levemente
celulares confirmadas: vacuolização celular, apoptose inflamado quando a gastrite predomina no antro. a
e ativação dos linfócitos T CD4 positivos e proliferação. secreção aumentada de ácido pode contribuir para a
Esta toxina foi descoberta como uma proteína formação da metaplasia gástrica potencialmente
secretada pela H. pylori que induz uma enorme protetora observada no duodeno de pacientes com
vacuolização citoplasmática in -vitro. úlcera duodenal. A metaplasia gástrica no duodeno
pode tornar-se colonizada por H. pylori e
subsequentemente inflamada e ulcerada.
Everaldo Leite 13

-A patogenia da úlcera gástrica e do adenocarcinoma antro quanto no corpo do estômago, de células


gástrico é menos bem compreendida, embora ambas mononucleares e neutrófilos.
as condições surjam em associação com pangastrite ou
-Estudos demonstraram que a fase aguda da
gastrite que predomina no corpo. As alterações
colonização com H. pylori pode estar associada com
hormonais descritas anteriormente ainda ocorrem,
sintomas dispépticos inespecíficos e transitórios, tais
mas a inflamação do corpo gástrico significa que ele
como empaxamento, náuseas e vómitos. Também
produz menos ácido (hipocloridria), a despeito da
apresentam uma extensa inflamação da mucosa do
hipergastrinemia. Úlceras gástricas geralmente
estômago.
ocorrem na junção entre as mucosas do antro e do
corpo, região particularmente inflamada. O câncer a colonização persistente da bactéria H. pylori, que leva
gástrico provavelmente origina-se do dano progressivo a gastrite crônica, existe uma estreita correlação entre
ao DNA e da sobrevivência de clones de células o nível de secreção ácida e a distribuição de gastrite.
epiteliais anormais. De forma geral, quanto menos ácido é secretado maior
é a disseminação da bactéria, portanto a produção de
ácido é importante na determinação do prognóstico da
infecção pela H. pylori.

-Quando há baixa secreção ácida a evolução para a


pangastrite pode levar a gastrite atrófica que por sua
vez pode evoluir para a metaplasia intestinal, displasia
e finalmente chegar ao câncer gástrico. Na presença de
secreção ácida elevada, a gastrite fica limitada ao
antro, geralmente evoluindo para a úlcera péptica.

-Diagnostico:
-Manifestações clinicas:
-Existem 2 testes para identificar a H. Pylori:
-Todas as pessoas colonizadas com H. pylori têm
respostas teciduales gástricas, porém menos de 15% • Invasivo: Precisa fazer EDA, baseia-se em
apresentam doenças associadas, como úlcera péptica, biopsia (teste da urease)
adenocarcinoma gástrico ou linfoma gástrico • Não invasivo: Teste da ureia no ar exalado.
Teste de antígeno nas fezes.
-Muitos pacientes apresentam sintomas
gastrintestinais altos, mas têm resultados normais na -Endoscopia: não é usado na consulta inicial frente a
endoscopia digestiva alta (a chamada dispepsia uma dispepsia sem sintomas de alarme (ver esses
funcional ou não ulcerativa). sintomas na palestra), é comumente usado para excluir
câncer em idosos.
-**Pode desencadear o início da gastrite autoimu- ne e
da anemia perniciosa, bem como predispor alguns -Ao realizar endoscopia realiza o exame mais
pacientes à deficiência de ferro por meio da perda conveniente baseando na biopsia é o da teste da
oculta de sangue e/ou hipo- cloridria e redução da urease, esse teste colhe 2 amostras pequenas ou uma
absorção de ferro.** grande de biopsia do antro são colocadas em gel
contemdo ureia e um indicador. A presença de urease
-Relação da H. Pylori com a Gastrite:
do H. pylori leva a uma alteração do pH e, por
Apesar da colonização gástrica com H. pylori induzir conseguinte, a uma mudança de cor, que
uma gastrite histológica em todos os indivíduos frequentemente ocorre em alguns minutos, mas que
infectados, apenas uma minoria desenvolvem sinais pode requerer até 24 h.
clínicos aparentes desta colonização.
-Se forem obtidas amostras de biópsias do antro e do
-Os riscos para o desenvolvimento de úlcera e câncer corpo, o estudo histológico fornecerá informações
gástrico distal são dependentes de fatores do adicionais, como o grau e o padrão de inflamação,
hospedeiro, bacterianos e ambientais relacionados ao atrofia, metaplasia e displasia. A cultura microbiológica
padrão e a gravidade da gastrite. A colonização com H. é mais específica, mas pode ser insensível devido à
pylori leva à infiltração da mucosa gástrica, tanto no dificuldade de isolamento do H. pylori.
Everaldo Leite 14

-As amostras de biópsia que eventualmente


contenham espécies gástricas menos comuns de
Helicobacter, isto é, espécies outras que não o H.
pylori, produzem apenas resultados fracamente
positivos no teste de urease na biópsia.

-Não invasivos: Os exames não invasivos para a


pesquisa de H. pylori são atualmente a norma, quando
não é necessário excluir o câncer gástrico por
endoscopia. O exame de acurácia mais constante é o
teste da ureia no ar exalado. Nesse teste simples, o
paciente ingere uma solução de ureia marcada com o
isótopo não radioativo C13, e em seguida, sopra dentro
de um tubo. Se a urease do H. pylori estiver presente,
a ureia será hidrolisada e o dióxido de carbono
marcado detectado nas amostras de ar exalado.

-O teste de antígeno nas fezes, um outro exame


simples, é mais conveniente e possivelmente menos
dispendioso que o teste da ureia no ar exalado, mas -Conduta para infecção por H. Pylori:
tem sido um pouco menos preciso em alguns estudos
comparativos.

-Os melhores entre estes testes são tão precisos


quanto os outros métodos diagnósticos, mas muitos
testes comerciais - especialmente os testes rápidos
para uso no consultório - não têm bom desempenho.

-O teste da ureia no ar exalado, o teste de antígeno nas


fezes e os exames de biópsia podem ser usados para
avaliar o sucesso do tratamento. Entretanto, como
esses testes dependem da quantidade de H. pylori, seu
uso antes de 4 semanas após o tratamento pode
produzir resultados falsos negativos. Além disso, estes -Tratamento:
testes também não são confiáveis quando realizados
no período de 4 semanas após tratamento -Não existem estudos que comprovem o beneficio de
intercorrente com antibióticos ou compostos de tratar pessoas assintomáticas com H. Pylori.
bismuto, ou cerca de 2 semanas após a interrupção do -Na atualidade, os esquemas terapêuticos consistem
tratamento com inibidores da bomba de prótons (IBP). em IBP ou citrato de bismuto- -ranitidina mais dois ou
-Na avaliação do sucesso do tratamento, dá-se três agentes antimicrobianos administrados por 7 a 14
geralmente preferência a exames não invasivos; dias.
entretanto, no acompanhamento da úlcera gástrica a
endoscopia deve ser repetida para garantir a cura e
excluir o carcinoma gástrico por meio de amostras
histológicas adicionais.

-Teste sorológico não é usado para acompanhar


melhoras do tratamento.

-Mecanismo de ação dos fármacos:

• -Omeprazol:

- Faz parte dos medicamentos IBP.


Everaldo Leite 15

-Mec. Ação: O omeprazol atua na bomba de -A gastrite autoimune (GAI) é uma condição
H+/K+ATPase inibindo diretamente o mecanismo de inflamatória crónica progressiva que resulta na
secreção de HCl da célula parietal. Após a substituição da massa celular parietal do fundo e corpo
administração, o início de ação dos IBPs é rápido, com gástricos por mucosa atrófica e metaplásica,
o efeito inibitório máximo na secreção ácida ocorrendo sequelares à presença de autoanticorpos contra a
dentro de duas a seis horas. Esses agentes atuam com ATPase H+/K+ das células parietais (ACP) e/ou antifator
maior eficácia quando a bomba de prótons se encontra intrínseco (AFI). O progredir destas alterações, induz
ativada, por isso há recomendação de serem um estado de hipocloridria ou até acloridria e perda da
administrados em jejum . secreção de fator intrínseco, o que por sua vez
prejudica a absorção de ferro e vitamina B12,
-Farmacocinética e Farmacodinâmica do Omeprazol: O
respetivamente, podendo originar, em fases mais
omeprazol possui eficácia por via oral, com
avançadas da doença, um quadro de anemia
biodisponibilidade absoluta de cerca de 30 a 40% após
ferropénica e/ou perniciosa.
administração, visto que esse valor se deve ao
metabolismo pré-sistêmico. Esse valor aumenta em -Hipergastrinemia: como a produção e secreção do
pacientes mais velhos do que em pacientes jovens. Sua ácido gástrico está prejudicada, ocorre
distribuição chega a uma taxa de ligação com as um feedback positivo para a produção
proteínas plasmáticas entre 95 a 96%, possuindo de gastrina pelas células G estomacais, hormônio
ligação principal com a albumina sérica e com a estimulador da secreção ácida. Tendo em vista que
glicoproteína alfa-1-ácida. Possui uma meia-vida curta, uma das maneiras de estimular essa secreção é através
entre 0,5 a 2 horas. Seu metabolismo ocorre no fígado do estímulo a células semelhantes a enterocromafins
no sistema citocromo P450, e com eliminação ocorre (ECL) – responsáveis pela produção de histamina,
majoritariamente via urina, e o restante por fezes. hormônio intensificador dos efeitos da gastrina nas
células parietais. No contexto da GAMA, a
-Referencias: Harrison (pag. 204). Artigo
hipergastrinemia crônica leva a uma hiperplasia das
(https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/5710/1/5886
ECL. Então, partindo do pressuposto que está havendo
-16316-1-PB%5b1%5d.pdf)
uma proliferação anormal dessas células, faz sentido
(https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/fil
pensar que há um risco aumentado para o crescimento
e/guidelines/helicobacter-pylori-portuguese-
de tumores. Com a contribuição ou não de fatores
2021.pdf)
genéticos, essa hiperplasia pode levar ao
-Gastrite Atrófica: desenvolvimento de tumores neuroendócrinos
gástricos (carcinoides). Na endoscopia, esses tumores
-A gastrite atrófica é um processo inflamatório da aparecem como múltiplos nódulos ou pólipos
mucosa gástrica que se apresenta de diferentes formas pequenos (< 1 cm).
(autoimune e ambiental). Em outras palavras, trata-se
de uma doença de quadro clínico e fisiopatológico -As manifestações clínicas da GAI agrupam-se em três
distintos. categorias principais: hematológicas, neurológicas e
gastrointestinais (GI). Os achados iniciais mais
-A forma autoimune se caracteriza pelo acometimento frequentes são as alterações hematológicas (37%),
total ou parcial da mucosa — o que incorre em uma seguidas dos achados histológicos típicos (34%) e em
mudança significativa da acidez do estômago. Este 50% dos doentes com GAI, sendo a manifestação mais
processo, por sua vez, está diretamente relacionado a comum a dispepsia associada a dismotilidade em até
fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasias, 70% dos casos. As manifestações neurológicas podem
como o adenocarcinoma e algumas alterações preceder as hematológicas, sendo a neuropatia
hormonais. periférica a mais comum (25%), que melhora após a
-Já a gastrite atrófica ambiental se manifesta a partir suplementação adequada de vitamina B12
da presença de agentes biológicos que provocam um - Deficiência de ferro: fisiologicamente, a acidez
quadro infeccioso e inflamatório agudo. Como já gástrica cria um mecanismo que converte a forma
destacamos, ela é adquirida na infecção crônica pelo H. férrica do ferro (Fe3+) em sua forma ferrosa (Fe2+), que
pylori e está diretamente associada aos hábitos é mais facilmente absorvida. Como a destruição das
alimentares dos pacientes. células parietais leva a uma menor secreção do ácido
-Autoimune: gástrico (HCl), a absorção do ferro é prejudicada.
Everaldo Leite 16

Instala-se, assim, uma anemia ferropriva, uma vez que -Esse RGE esta incluído entre os distúrbios
o ferro é também uma substância importante para a gastrointestinais funcionais e são recomendada
produção de hemácias. específicos nos critérios de diagnostico no critério de
roma IV.
-Gastrite Nervosa:
-A frequência de regurgitações é variável (5% dos
-Também chamada de Dispepsia funcional. A gastrite lactentes têm seis ou mais episódios de regurgitação
nervosa, por outro lado, não é causada por nenhuma por dia). Estas regurgitações aumentam em número e
condição clínica. Seus sintomas surgem como volume entre dois e quatro meses e, posteriormente,
resultado do estresse e ansiedade no dia a dia do diminuem progressivamente com o aumento de idade,
paciente. Apesar disso, se este tipo de gastrite não for sendo que 90% a 95% dos casos resolvem até o
tratado, pode resultar no desenvolvimento da gastrite primeiro ano de vida.
crônica
-Importante lembrar que o RGE não causa problemas
-Gastrite Enematosa: clínicos como perda de peso.
-Quando a gastrite crônica ou aguda causa ferimentos -A DRGE por outro lado, ocasiona, nos lactentes, outras
à parede do estômago, ela é conhecida como gastrite manifestações além das regurgitações, como vômitos
enantematosa. Esse tipo de gastrite pode apresentar intensos, dificuldades durante as mamadas, déficit de
alguns sintomas além dos sintomas já conhecidos das ganho ponderal, choro, irritabilidade e alteração na
gastrites crônica e aguda. posição cervical.
-Diferentemente da gastrite comum, que afeta -A diferenciação entre regurgitação do lactente e DRGE
somente a mucosa do estômago, na gastrite no lactente deve ser feita pela história e exame clínico
enantematosa, a inflamação que o paciente possui minuciosos, que determinam se o lactente necessita ou
afeta o tecido que recobre o estômago de forma um não de intervenção terapêutica, investigação
pouco mais aprofundada, atingindo o epitélio laboratorial, radiológica e/ou endoscópica1. Nas
estomacal, causando uma vermelhidão e um inchaço crianças maiores e adolescentes as principais
generalizado no local, além de ferimentos e lesões manifestações clínicas gastrintestinais são azia, dor
localizadas, que podem evoluir. retroesternal ou epigástrica.
-Gastrite Eosinofilica: -Apresentação clínica:
Gastrenterite eosinofílica representa um grupo de -RGE em crianças ocorrem nos primeiros meses de vida
doença em que ocorre infiltração eosinofílica no e desaparecem antes dos 12 meses.
estômago e duodeno; em alguns casos, a inflamação
pode envolver esôfago e colo, em que uma causa de -O critério de Roma IV apresenta as seguintes
eosinofilia conhecida não esteja presente. recomendações para o diagnóstico da regurgitação do
lactente. Ocorrência obrigatória das duas
características seguintes em um lactente saudável com
idade entre três semanas e 12 meses:

• 1) Dois ou mais episódios diários de


Refluxo gastresofágico
regurgitação por pelo menos três semanas;
• 2) Ausência de náuseas, hematêmese,
aspiração, apneia, déficit de ganho ponderal,
-O RGE é um processo fisiológico e normal ocorrer
dificuldade para alimentação ou deglutição,
alguns episódios durante o dia, principalmente no
postura anormal.
período pós-pradial, durando cada episódio em média
3 min. A DRGE ocorre quando esse refluxo causa -Para esse tipo de apresentação clínica os lactentes
manifestações clinicas como esofagite. com regurgitação não necessitam de investigação
complementar. Pesquisa de anormalidades
-No lactente devido a imaturidade do TGI é comum
anatômicas no trato gastrintestinal superior, como
acontecer essa regurgitação (golfo). Essa imaturidade
obstrução gástrica ou má-rotação, deve ser
vai até o primeiro ano de vida, logo tem um maior
considerada quando as regurgitações são
controle.
acompanhadas de vômitos desde o início do período
Everaldo Leite 17

neonatal ou persistem após o primeiro ano de vida ou,


ainda, quando há associação com vômitos biliosos.

-Orientação e apoio aos familiares são princípios


fundamentais do tratamento. A compreensão pelos
pais de que se trata de uma manifestação transitória
inócua pode aumentar a segurança e reduzir a tensão
e estresse e melhorar a interação entre os pais e o
lactente.

-Tratamento:

-O pediatra, deve enfatizar aos familiares, que não se


faz necessário intervenção medicamentosa para o
controle dos sinais e sintomas.
-Referencias: Artigo
-Em relação à orientação postural, o lactente deve ser (https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/200
mantido em posição vertical pelo período de 20 a 30 31c-DocCient_-_Regurg_lactente_RGEF_e_RGE.pdf)
minutos após a mamada, o que facilita a eructação e o
esvaziamento gástrico, diminuindo os eventos de
regurgitação. Nos períodos de sono, o lactente deve
permanecer em decúbito supino (dorsal), com a
elevação da cabeceira entre 30 e 40 graus, pois as
posições em decúbito lateral e/ou prona associam-se
com maior risco de ocorrência de morte súbita.

-Em relação lactentes orientar em relação as técnicas


da mamada, dieta da mãe podem ajudar a evitar o
RGE.

-As modifcações dietéticas propostas para reduzir os


episódios de refluxo devem respeitar as necessidades
nutricionais da criança. Entre as medidas
recomendadas, o espessamento da dieta é o de maior
eficácia no alívio das regurgitações.

-As fórmulas AR (anti-regurgitação) podem ser


espessadas com carboidratos digeríveis à base de
arroz, milho, batata ou com carboidratos não digeríveis
(alfarroba/jataí). O princípio básico das fórmulas à base
de carboidratos digeríveis consiste na redução de
aproximadamente 24% no teor de lactose,
acrescentando-se em contrapartida, o mesmo teor de
amido.
APG02
Everaldo Leite 1

Revisar Sistema Digestório (Estomago-ID-IG)

Estomago

-O estômago é um alargamento do canal alimentar em


formato de J diretamente inferior ao diafragma no
abdome. O estômago liga o esôfago ao duodeno, a
primeira parte do intestino delgado.

Como uma refeição pode ser consumida muito mais


rapidamente do que os intestinos podem digeri-la e
absorvê-la, uma das funções do estômago é servir
como uma câmara de mistura e reservatório de
-A superfície da túnica mucosa é uma camada de
retenção.
células epiteliais colunares simples, chamada células
-Dentre as suas funções existe a de armazenar mucosas da superfície (Figura 24.12). A túnica mucosa
alimentos, visto que o tempo de digestão é superior ao contém a lâmina própria (tecido conjuntivo areolar) e
tempo de uma alimentação. a lâmina muscular da mucosa (músculo liso) (Figura
24.12). As células epiteliais se estendem até a lâmina
-No estômago, a digestão de amido e triglicerídios
própria, onde formam colunas de células secretoras
continua, a digestão das proteínas começa, o bolo
chamadas glândulas gástricas (várias células
alimentar semissólido é convertido em um líquido, e
secretoras superficiais agrupadas formam essa
determinadas substâncias são absorvidas.
glândula gástrica). Várias glândulas gástricas se abrem
-Divisão do estomago: Cárdia, o fundo gástrico, o na base de canais estreitos chamadas criptas gástricas.
corpo gástrico e a parte pilórica. Secreções de várias glândulas gástricas fluem para cada
cripta gástrica e, em seguida, para dentro do lúmen do
estômago.

-A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago.


A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia
é o fundo gástrico. Inferior ao fundo gástrico está a
grande parte central do estômago, o corpo gástrico. A
-As glândulas gástricas contêm três tipos de células
parte pilórica pode ser dividida em três regiões. A
glandulares exócrinas que secretam seus produtos
primeira região, o antro pilórico, liga o corpo ao
para o lúmen do estômago:
estômago. A segunda região, o canal pilórico, leva à
terceira região, o piloro, que por sua vez se conecta ao • células mucosas do colo
duodeno. Quando o estômago está vazio, a túnica • células principais gástricas
mucosa forma grandes rugas, as pregas gástricas, que • células parietais.
podem ser vistas a olho nu. O piloro se comunica com
o duodeno do intestino delgado por meio de um -Tanto as células mucosas superficiais quanto as células
esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter mucosas do colo secretam muco.
do piloro. A margem medial côncava do estômago é -As células parietais produzem fator intrínseco
chamada curvatura menor; a margem lateral convexa (necessário para a absorção de vitamina B12) e ácido
é chamada curvatura maior. clorídrico.
Everaldo Leite 2

-As células principais gástricas secretam pepsinogênio A enzima anidrase carbônica, que é especialmente
e lipase gástrica. As secreções das células mucosa, abundante nas células parietais, catalisa (acelera) a
parietal e principal gástrica formam o suco gástrico, formação de ácido carbônico (H2CO3) a partir da água
que totaliza 2.000 a 3.000 mℓ/dia. Além disso, as (H2O) e dióxido de carbono (CO2).
glândulas gástricas incluem um tipo de célula
Quando o ácido carbônico se dissocia, ele fornece uma
enteroendócrina, a célula secretora de gastrina, que
fonte pronta de H+ para as bombas de prótons, mas
está localizada principalmente no antro pilórico e
também produz íons bicarbonato (HCO3–). Conforme
secreta o hormônio gastrina na circulação sanguínea.
o HCO3 – se acumula no citosol, ele sai da célula
-Digestão mecânica e química no estomago. parietal na troca por Cl– via antiportadores Cl–-HCO3 –
na membrana basolateral (próxima da lâmina própria).
-Ondas de peristaltismo atingem o estomago em
intervalos de 15 a 25 segundos, essas ondas são mais O HCO3 – se difunde nos capilares sanguíneos
intensas no corpo gástrico e vai intensificando ao próximos. Esta “maré alcalina” de íons bicarbonato
atingir o antro-piloro, essas ondas empurram o entrando na corrente sanguínea após uma refeição
alimento para o piloro (é a propulsão). pode ser grande o suficiente para elevar ligeiramente
o pH do sangue e deixar a urina mais alcalina.
-O alimento passa do estomago para o intestino
delgado através do ostil pilórico, esse ostil encontra-se
quase fechado, permitindo passagem de pequenas
partículas alimentares. Quando tem a propulsão e os
alimentos são grandes para passarem ocorre o
processo de retropulsão (alimento voltando do ostil
para o corpo gástrico).

-Todd alimento sofre o processo de retropulsão se


misturando ao sulco gástrico e formando Quimo
(mistura do alimento quebrado com sulco gástrico).

-Uma vez que as partículas de alimento no quimo são


suficientemente pequenas, elas podem passar através
do óstio pilórico, em um fenômeno conhecido como
esvaziamento gástrico. O esvaziamento gástrico é um
processo lento: apenas aproximadamente 3 mℓ de
quimo se movem através do óstio pilórico de cada vez.

-Os alimentos podem permanecer no fundo gástrico


durante aproximadamente 1 h sem serem misturados
ao suco gástrico. Durante este tempo, a digestão pela
amilase salivar das glândulas salivares continua. Logo,
no entanto, a ação de agitação mistura o quimo com o
suco gástrico ácido, inativando a amilase salivar e -Secreção de HCl pelas células parietais pode ser
ativando a lipase lingual produzida pela língua, que estimulada por várias fontes: a acetilcolina (ACh)
começa a digerir os triglicerídios em ácidos graxos e liberada pelos neurônios parassimpáticos, a gastrina
diglicerídios. secretada pelas células secretoras de gastrina e a
histamina, que é uma substância parácrina liberada
-As células parietais secretam H+ e Cl- que se
pelos mastócitos na lâmina própria das proximidades.
dissolvem no liquido formando o HCl (acido clorídrico),
as bombas de protons são alimentadas pelo H+ e K+ -O HCl desnatura parcialmente as proteínas dos
ATPase transportam ativamente para o lúmen alimentos e estimula a secreção de hormônios que
enquanto trazem o ions de K+ para dentro da célula. Ao promovem o fluxo da bile e do suco pancreático.
mesmo tempo, o Cl– e o K+ se difundem para fora para
-A única enzima proteolítica (que digere proteína) no
o lúmen através dos canais de Cl– e K+ da membrana
estômago é a pepsina, que é secretada pelas células
apical.
principais gástricas. A pepsina é mais efetiva no
Everaldo Leite 3

ambiente ácido do estômago (pH 2); torna-se inativa


em um pH mais alto.
-Ducto pancreático (maior) que se une ao ducto
-Para que a pepsina não faça digestão das proteínas colédoco (vem da vesícula e fígado) formando o ducto
das suas células secretoras, ela é secretada na forma hepatopancreatico. Além disso, tem o ducto acessório
de pepsinogenio, esse é transformada em pepsina que vem do pâncreas. Ambos essas estruturas
quando entra em contado com HCL. Além disso, as desembocam no duodeno.

células epiteliais do estômago são protegidas do suco -A passagem do suco pancreático e biliar por meio da
gástrico por uma camada de 1 a 3 mm de espessura de ampola hepatopancreática para o duodeno do
muco alcalino secretado pelas células mucosas da intestino delgado é regulada por massa de músculo liso
superfície e células mucosas do colo. que circunda a ampola conhecida como músculo
esfíncter da ampola hepatopancreática.
-Outra enzima do estômago é a lipase gástrica, que
cliva os triglicerídios (gorduras e óleos) das moléculas -Histologia do pâncreas: O pâncreas é composto por
de gordura (como as encontradas no leite) em ácidos pequenos aglomerados de células epiteliais
graxos e monoglicerídios. Essa enzima opera melhor glandulares. Aproximadamente 99% dos aglomerados,
em Ph 5 a 6. chamado ácinos, constituem a porção exócrina do
órgão (ver Figura 18.18B, C). As células no interior dos
-Apenas uma pequena quantidade de nutrientes é
ácinos secretam uma mistura de líquidos e enzimas
absorvida no estômago, porque suas células epiteliais
digestórias chamadas suco pancreático. O 1% restante
são impermeáveis à maior parte dos materiais.
dos aglomerados, as chamadas ilhotas pancreáticas
-Dentro de 2 a 4 h após a ingestão de uma refeição, o (ilhotas de Langerhans), formam a porção endócrina do
estômago já esvaziou seu conteúdo para o duodeno. pâncreas. Estas células secretam os hormônios
Os alimentos ricos em carboidratos permanecem glucagon, insulina, somatostatina e polipeptídio
menos tempo no estômago; alimentos ricos em pancreático.
proteína permanecem um pouco mais, e o
-Composição e função do sulco pancreático:
esvaziamento é mais lento após uma refeição rica em
gordura contendo grandes quantidades de -O pâncreas produz diariamente de 1.200 a 1.500 mℓ
triglicerídios. de suco pancreático, um líquido claro e incolor que
consiste principalmente em água, alguns sais,
Pâncreas
bicarbonato de sódio e várias enzimas. O bicarbonato
-O pâncreas, uma glândula retroperitoneal que mede de sódio dá ao suco pancreático um pH ligeiramente
aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento e 2,5 alcalino (7,1 a 8,2) que tampona o suco gástrico ácido
cm de espessura, encontra-se posteriormente à no quimo, interrompe a ação da pepsina do estômago
curvatura maior do estômago. O pâncreas consiste em e cria o pH apropriado para a ação das enzimas
uma cabeça, um corpo e uma cauda e geralmente está digestórias no intestino delgado.
ligado ao duodeno por dois ductos (Figura 24.15A). A
-As enzimas no suco pancreático incluem uma enzima
cabeça do pâncreas é a porção expandida do órgão,
para digerir amido chamada amilase pancreática;
próxima da curva do duodeno; superiormente e à
várias enzimas que digerem proteínas em peptídios
esquerda da cabeça estão o corpo do pâncreas central
chamadas tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e
e a cauda do pâncreas afilada.
elastase; a principal enzima que digere triglicerídios
em adultos, chamada lipase pancreática; e as enzimas
que digerem ácidos nucleicos chamadas ribonuclease
e desoxirribonuclease, que digerem ácido ribonucleico
(RNA) e ácido desoxirribonucleico (DNA) em
nucleotídios.

-As enzimas que digerem proteínas são secretadas de


forma inativa.

Fígado
Everaldo Leite 4

-O fígado encontra-se inferiormente ao diafragma e


ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e parte das
regiões epigástricas da cavidade abdominopélvica (ver
Figura 1.12B).

-A vesícula biliar é um saco em forma de pera que está


localizado em uma depressão da face posterior do
fígado. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e
normalmente pende da margem inferior anterior do
fígado.

O fígado é dividido em dois lobos principais – um lobo -Função do fígado e vesícula biliar:
hepático direito grande e um lobo hepático esquerdo
-Os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000
menor – pelo ligamento falciforme, uma prega do
mℓ de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-
mesentério.
oliva. Ele tem um pH entre 7,6 e 8,6 e é constituído
As partes da vesícula biliar incluem o amplo fundo da principalmente por água, sais biliares, colesterol, um
vesícula biliar, que se projeta fosfolipídio chamado lecitina, pigmentos biliares e
vários íons.
inferiormente além da margem inferior do fígado; o
corpo da vesícula biliar, a parte central; e o colo da -A bile é parcialmente um produto de excreção e
vesícula biliar, a parte afunilada. O corpo e o colo se parcialmente uma secreção digestória. Os sais biliares,
projetam superiormente. que são sais de sódio e sais de potássio dos ácidos
biliares (principalmente ácidos quenodesoxicólico e
-Histologia do fígado e vesícula biliar:
cólico), desempenham um papel na emulsificação, a
-Hepatócitos: são as principais células funcionais do fragmentação de grandes glóbulos lipídicos em uma
fígado e realizam uma grande variedade de funções suspensão de pequenos glóbulos lipídicos. Os
metabólicas, secretoras e endócrinas. São células pequenos glóbulos lipídicos apresentam uma área de
epiteliais especializadas com 5 a 12 lados que superfície muito grande que possibilita que a lipase
compõem aproximadamente 80% do volume do pancreática realize mais rapidamente a digestão dos
fígado. Os hepatócitos formam arranjos triglicerídios. Os sais biliares também ajudam na
tridimensionais complexos chamados lâminas absorção de lipídios após a sua digestão.
hepáticas
Intestino delgado
-Canalículos de bile: Os canalículos de bile são
-A maior parte da digestão e absorção de nutrientes
pequenos ductos entre os hepatócitos que coletam a
ocorre em um tubo longo chamado intestino delgado.
bile produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos de
bile, a bile passa para os dúctulos biliares e, em -O intestino delgado começa no músculo esfíncter do
seguida, para os ductos biliares. Os ductos biliares se piloro do estômago, serpenteia a parte central e
unem e, por fim, formam os ductos hepáticos esquerdo inferior da cavidade abdominal e, por fim, se abre no
e direito, que são maiores e se unem e saem do fígado intestino grosso. A média é de 2,5 cm de diâmetro; seu
como o ducto hepático comum (ver Figura 24.15). O comprimento é de aproximadamente 3 m na pessoa
ducto hepático comum junta-se ao ducto cístico da viva e de cerca de 6,5 m no cadáver.
vesícula biliar para formar o ducto colédoco. Por ele, a
bile entra no duodeno do intestino delgado para -O intestino delgado é dividido em três regiões:
participar da digestão. • Duodeno, a região mais curta, que é
-Sinusoides hepáticos: Os sinusoides hepáticos são retroperitoneal. Inicia-se no músculo esfíncter
capilares sanguíneos altamente permeáveis entre do piloro do estômago e tem a forma de um
fileiras de hepatócitos que recebem sangue oxigenado tubo em C. Estende-se por aproximadamente
de ramos da artéria hepática e sangue venoso rico em 25 cm até que se funde com o jejuno.
nutrientes de ramos da veia porta do fígado. • Jejuno: é a próxima parte e tem
aproximadamente 1 m de comprimento e se
estende até o íleo.
Everaldo Leite 5

• Íleo, mede aproximadamente 2 m e junta-se ao


intestino grosso em um esfíncter de músculo
liso chamado óstio ileal. É a região maior do
intestino delgado.

-As células absortivas do epitélio liberam enzimas que


digerem o alimento e contêm microvilosidades que
absorvem os nutrientes no quimo do intestino delgado. -Lâmina própria da túnica mucosa do intestino delgado
-A túnica mucosa do intestino delgado contém muitas contém tecido conjuntivo areolar e tecido linfoide
fendas profundas revestidas com epitélio glandular. As associado à mucosa (MALT) abundante.
células que revestem as fendas formam as glândulas -A tela submucosa do duodeno contém glândulas
intestinais ou criptas de Lieberkühn, e secretam suco duodenais (Figura 24.20A) que secretam um muco
intestinal alcalino que ajuda a neutralizar o ácido gástrico no
-Existem também células caliciformes secretoras de - quimo.
muco no ID. -Embora a parede do intestino delgado seja composta
-Além das células absortivas e células caliciformes, as pelas mesmas quatro camadas básicas que o restante
glândulas intestinais também contêm células de do canal alimentar, as características estruturais
Paneth e células enteroendócrinas. As células de especiais do intestino delgado facilitam o processo de
Paneth secretam lisozima, uma enzima bactericida, e digestão e absorção, As pregas circulares aumentam a
são capazes de realizar fagocitose. Estas células podem absorção pelo aumento da área de superfície e fazem
atuar na regulação da população microbiana do com que o quimo se mova em espiral, em vez de em
intestino delgado. São encontrados três tipos de linha reta, conforme passa pelo intestino delgado.
células enteroendócrinas nas glândulas do intestino -No intestino delgado também há vilosidades, que são
delgado: células S, células CCK e células K, que projeções digitiformes da túnica mucosa que medem
secretam os hormônios secretina, colecistocinina de 0,5 a 1 mm de comprimento (ver Figura 24.19B, C).
(CCK) e polipeptídio inibidor gástrico (PIG), Numerosas vilosidades (20 a 40 por mm2) aumentam
respectivamente. muito a área de superfície do epitélio disponível para a
absorção e digestão e dão à túnica mucosa intestinal
um aspecto aveludado. Cada vilosidade é recoberta por
epitélio e tem um centro de lâmina própria;
Everaldo Leite 6

incorporados ao tecido conjuntivo da lâmina própria inferior do estômago e empurra o quimo para a frente
estão uma arteríola, uma vênula, uma rede capilar e ao longo de um trecho curto do intestino delgado antes
um vaso lactífero, que é um capilar linfático (ver Figura de cessar. O CMM desce lentamente pelo intestino
24.19C). Os nutrientes absorvidos pelas células delgado, alcançando o final do íleo em 90 a 120 min.
epiteliais que recobrem a vilosidade atravessam a Em seguida, outro CMM começa no estômago. Ao
parede de um capilar ou vaso lactífero para entrar no todo, o quimo permanece no intestino delgado por 3 a
sangue ou na linfa, respectivamente. 5 h.

-Microvilosidades: São projeções da membrana apical -Digestão química:


(livre) das células absortivas. À microscopia óptica, as
Na boca, a amilase salivar converte o amido (um
microvilosidades são muito pequenas para serem
polissacarídio) em maltose (um dissacarídio),
visualizadas individualmente; em vez disso, formam
maltotriose (um trissacarídio) e α-dextrina
uma linha felpuda chamada borda em escova.
(fragmento de amido de cadeia curta ramificada com 5
-Como as microvilosidades aumentam a 10 unidades de glicose). No estômago, a pepsina
substancialmente a área da superfície da membrana converte as proteínas em peptídios (pequenos
plasmática, grandes quantidades de nutrientes fragmentos de proteínas), e as lipases lingual e gástrica
digeridos conseguem se difundir para as células convertem alguns triglicerídios em ácidos graxos,
absortivas em um dado período. A borda em escova diglicerídios e monoglicerídios. Assim, o quimo que
também contém várias enzimas da borda em escova, entra no intestino delgado contém carboidratos,
que têm funções digestórias proteínas e lipídios parcialmente digeridos. A
conclusão da digestão dos carboidratos, proteínas e
-Papel do sulco intestinal e das enzimas da borda em
lipídios é um esforço coletivo do suco pancreático, bile
escova:
e suco intestinal no intestino delgado.
-Aproximadamente 1 a 2 ℓ de suco intestinal, um
• Digestão carboidratos:
líquido amarelo-claro, são secretados diariamente. O
• Digestão de proteínas:
suco intestinal contém água e muco e é ligeiramente
• Digestão de ácidos nucleicos:
alcalino (pH 7,6). O pH alcalino do suco intestinal é
decorrente da sua elevada concentração de íons -Absorção intestino delgado:
bicarbonato (HCO3–).
-Todas as fases químicas e mecânicas da digestão, da
-As células absortivas do intestino delgado sintetizam boca ao intestino delgado, são controladas de modo a
diversas enzimas digestórias, chamadas enzimas da alterar os alimentos em formas que possam passar
borda em escova, e inserem-nas na membrana através das células epiteliais absortivas que revestem a
plasmática das microvilosidades. Assim, parte da túnica mucosa e entrar nos vasos sanguíneos e
digestão enzimática ocorre na superfície das células linfáticos subjacentes.
absortivas que revestem as vilosidades, em vez de
-A absorção de materiais ocorre por meio da difusão,
exclusivamente no lúmen, como ocorre em outras
difusão facilitada, osmose e transporte ativo.
partes do canal alimentar.
Aproximadamente 90% de toda a absorção de
-Digestão mecânica: nutrientes ocorre no intestino delgado; os outros 10%
ocorrem no estômago e no intestino grosso. Qualquer
-Os dois tipos de movimentos do intestino delgado –
material não digerido ou não absorvido que sobra no
segmentações (ocorre no local distendido pelo quimo,
intestino delgado passa para o intestino grosso.
serve para aumentar a área de superfície, naõ empurra
o quimo) e um tipo de peristaltismo chamado -Absorção de : Monossacaridios, aminoácidos, lipídeos
complexo mioelétrico migratório. e sais biliares, eletrólitos, vitaminas, agua.

-Depois de a maior parte de uma refeição ter sido Intestino grosso


absorvida, o que diminui a distensão da parede do
intestino delgado, a segmentação para e o -O intestino grosso (Figura 24.23), com
peristaltismo começa. O tipo de peristaltismo que aproximadamente 1,5 m de comprimento e 6,5 cm de
ocorre no intestino delgado, denominado complexo diâmetro em seres humanos vivos e cadáveres, se
mioelétrico migratório (CMM), inicia-se na parte estende do íleo ao ânus. Está ligado à parede posterior
do abdome por seu mesocolo, que é uma camada
Everaldo Leite 7

dupla de peritônio (ver Figura 24.4A). Estruturalmente, as células caliciformes secretam muco, que lubrifica a
as quatro principais regiões do intestino grosso são o passagem do conteúdo do colo.
ceco, o colo, o reto e o canal anal.
-Digestão mecânica:

-Um movimento característico do intestino grosso é a


agitação das saculações do colo. Neste processo, as
saculações do colo permanecem relaxadas e são
distendidas enquanto se enchem. Quando a distensão
alcança um determinado ponto, as paredes se
contraem e espremem o conteúdo para a próxima
saculação do colo. O peristaltismo também ocorre,
embora em um ritmo mais lento (3 a 12 contrações por
minuto) do que nas partes mais proximais do canal
alimentar. Um último tipo de movimento é o
peristaltismo em massa, uma forte onda peristáltica
que começa aproximadamente na metade do colo
transverso e leva rapidamente o conteúdo do colo para
o reto. Como os alimentos no estômago iniciam esse
reflexo gastrocólico no colo, o peristaltismo em massa
geralmente ocorre 3 ou 4 vezes/dia, durante ou
-A abertura do íleo para o intestino grosso é guardada imediatamente após uma refeição.
por uma prega de túnica mucosa chamada óstio ileal, -Digestão química:
que possibilita que os materiais do intestino delgado
passem para o intestino grosso. Pendurado -A fase final da digestão ocorre no colo por meio da
inferiormente ao óstio ileal está o ceco, uma pequena ação das bactérias que habitam o lúmen. O muco é
bolsa de aproximadamente 6 cm de comprimento. secretado pelas glândulas do intestino grosso, mas não
são secretadas enzimas. O quimo é preparado para a
-A extremidade aberta do ceco se funde a um tubo eliminação pela ação de bactérias, que fermentam
longo chamado colo, que é dividido em ascendente, quaisquer carboidratos restantes e liberam hidrogênio,
transverso, descendente e sigmoide. Tanto o colo dióxido de carbono e gases metano. Estes gases
ascendente quanto o descendente são contribuem para os flatos no colo, denominada
retroperitoneais; o colo transverso e o sigmoide não o flatulência quando é excessiva. As bactérias também
são convertem quaisquer proteínas restantes em
-O colo sigmoide começa perto da crista ilíaca aminoácidos e fragmentam os aminoácidos em
esquerda, projeta-se medialmente em direção à linha substâncias mais simples: indol, escatol, sulfeto de
média, e termina como o reto aproximadamente no hidrogênio e ácidos graxos. Um pouco de indol e
nível da terceira vértebra sacral (S III). escatol é eliminado nas fezes e contribui para o seu
odor; o restante é absorvido e transportado para o
-Reto mede aproximadamente 15 cm de comprimento fígado, onde estes compostos são convertidos em
e se situa anteriormente ao sacro e cóccix. Os 2 a 3 cm compostos menos tóxicos e excretados na urina. As
terminais do intestino grosso são chamados canal anal. bactérias também decompõem a bilirrubina em
-A abertura do canal anal para o exterior, o chamado pigmentos mais simples, incluindo a estercobilina, que
ânus, é guardada pelo músculo esfíncter interno do dá às fezes a sua coloração marrom. Os produtos
ânus comporto por músculo liso (involuntário) e pelo bacterianos que são absorvidos pelo colo incluem
esfíncter externo do ânus composto por músculo várias vitaminas necessárias para o metabolismo
esquelético (voluntário). Normalmente, estes normal, entre as quais algumas vitaminas B e a
esfíncteres mantêm o ânus fechado, exceto durante a vitamina K.
eliminação das fezes. -Absorção e formação das fezes no intestino grosso:
-Epitélio do IG contém principalmente células -Até agora o quimo permaneceu no intestino grosso
absortivas e caliciformes (Figura 24.24B, D). As células por 3 a 10 h, tornou-se sólido ou semissólido por causa
absortivas atuam principalmente na absorção de água; da absorção de água e agora é chamado fezes.
Everaldo Leite 8

Quimicamente, as fezes consistem em água, sais


inorgânicos, células epiteliais da túnica mucosa do
canal alimentar, bactérias, produtos da decomposição
bacteriana, materiais digeridos e não absorvidos e
partes não digeríveis de alimentos. Embora 90% de
toda a absorção de água ocorra no intestino delgado, o
intestino grosso absorve o suficiente para torná-lo um
órgão importante na manutenção de equilíbrio hídrico
do corpo. Dos 0,5 a 1,0 ℓ de água que entra no intestino -Alergia ao leite de Vaca:
grosso, tudo exceto aproximadamente 100 a 200 mℓ - Trata-se de uma reação adversa, imunologicamente
normalmente é absorvido por osmose. O intestino mediada, à proteína alimentar
grosso também absorve íons, incluindo sódio e cloreto, - Os alérgenos alimentares mais comuns são o leite de
e algumas vitaminas. vaca, a soja, a clara do ovo, o trigo, o amendoim, as
-Reflexo defecação: nozes, os peixes e os frutos do mar. Como o leite de
vaca está entre os primeiros alimentos introduzidos na
-Os movimentos peristálticos em massa empurram o dieta, em crianças, a alergia à proteína do leite de vaca
material fecal do colo sigmoide para o reto. A distensão (APLV), tema abordado neste capítulo, constitui a
resultante da parede retal estimula os receptores de principal causa de AA.
estiramento, que iniciam um reflexo de defecação que
resulta na defecação, a eliminação das fezes do reto -Epidemiologia:
por meio do ânus. - A prevalência da AA é maior em lactentes e crianças
-referencia: Tortona (pág. 1701 a 1785). (6 a 8%) e decresce com a idade, acometendo 4% dos
adultos.

-Fisiopatologia:
Intolerância x Alergia alimentar (Ênfase no Leite)
- As manifestações da APLV podem ser:

• mediadas por IgE


-Intolerância x alergia: • não mediadas por IgE
• mistas.

-As mediadas por anticorpos IgE são reações bem


caracterizadas.

-O processo pelo qual a alergia não IgE mediada se


desenvolve ainda não está totalmente estabelecido,
inclui todas as manifestações de hipersensibilidade em
que os anticorpos IgE não têm participação, sendo os
sintomas gastrointestinais os principais exemplos
desse mecanismo.

-Os pacientes portadores de APLV são clinicamente e


imunologicamente diferentes. As diferenças podem ser
determinadas pelas variações nos epítopos alérgicos,
que influenciam no grau de alergenicidade da proteína,
-O agente responsável por toda essa reação são
bem como pelos fatores de defesa do paciente
proteínas do LV, tais como a caseína (CS), α-
(barreira intestinal, sistema imune, composição da
lactoglobulina, β-lactoalbumina, soroalbumina,
microbiota, entre outros).
imunoglobulinas
Obs: Epitopo ou determinante antigênico é a menor
porção de antígeno com potencial de gerar a resposta
imune
Everaldo Leite 9

- Os epítopos constituem as regiões dos imunógenos


que são reconhecidas pelo sistema imune e se ligam ao
receptor da célula T e/ou anticorpos. Esses epítopos
podem ser Linear e Conformacionais, ambos podem
causar reações alérgicas.

-Se os aminoácidos que compõem um epítopo estão


dispostos sequencialmente, de maneira linear em um
antígeno proteico, esse epítopo é classificado como
linear. Se a sequência de aminoácidos do epítopo - Após o estabelecimento desses conceitos, fica fácil
depende das estruturas secundárias, terciárias ou compreender que os alérgenos com epítopos lineares
quaternárias, resultantes do dobramento tendem a ter um potencial alergênico mais persistente
tridimensional de uma proteína, ou seja, da e resistente do que os relacionados aos epítopos
conformação da proteína, eles são considerados conformacionais.
epítopos conformacionais. -Destruição dos epítopos conformacionais e lineares
-O processamento dos alimentos, que altera a pela hidrólise, que constitui o princípio da
conformação tridimensional das proteínas hipoalergenicidade das fórmulas infantis.
alimentares, pode causar uma alteração no tamanho - Assim, pacientes que não toleram nem as
da resposta imunogênica dos epítopos preparações lácteas submetidas ao calor, com uma
Conformacionais, isso não acontece no Linear. forma persistente de APLV, possuem, em geral,
- Como os conformacionais se localizam em regiões não anticorpos IgE específicos contra epítopos lineares.
contíguas da proteína, eles são significativamente -Manifestações clinicas:
modificados ou destruídos pelo calor intenso ou
hidrólise parcial. Assim, as altas temperaturas podem As manifestações clínicas da APLV são diversas e
destruir epítopos conformacionais dependem dos mecanismos envolvidos (IgE e não IgE
mediados) e do órgão acometido.
por desnaturação das proteínas e, nesses casos, a
ligação da IgE ao antígeno (epítopo) não seria possível Neste capítulo, serão abordadas as manifestações
para os conformacionais, mas aconteceria nos lineares, digestivas como a enterocolite, a proctocolite/colite
que dependem apenas da sequência linear dos alérgica e a enteropatia induzida por proteínas
aminoácidos e não da forma (dobra) da proteína. alimentares

-Epítopo conformacional é significativamente


modificado ou destruído quando a forma nativa da -As manifestações clínicas apresentadas pelos
proteína é alterada, o que pode ocorrer pelo processo pacientes com AA podem ser variáveis e dependentes
de desnaturação da proteína, como pelo cozimento, do mecanismo imunológico envolvido.
enquanto o linear permanece inalterado.
-Nos quadros mediados por IgE (Figura 3), os sintomas
iniciam em geral nas duas primeiras horas após a
ingestão do alimento.
Everaldo Leite 10

-Na pele as manifestações mais comuns são: -Manifestações não mediadas por IgE: As
manifestações não mediadas por IgE, e
• urticaria e o angioedema
consequentemente não tão imediatas, compreendem
-No trato gastrintestinal, pode ocorrer: as reações citotóxicas, reações por imunocomplexos
que são aquelas envolvendo a hipersensibilidade
• síndrome da alergia oral ou vômitos e mediada por células (Figura 5). Neste grupo estão
diarreias imediatos e as representados os quadros de proctite, enteropatia
-Manifestações respiratórias: induzida pela proteína alimentar e enterocolite
induzida por proteína alimentar.
• Broncoespasmo e sintomas de rinite
imediatamente após a ingestão do alimento

-Os sinais e sintomas da APLV (Quadro 1)


característicos partem da hipersensibilidade
-Manifestações mistas: Na reação mista estão gastrintestinal imediata após a ingestão do alérgeno,
incluídas as manifestações decorrentes de mecanismos podendo gerar náuseas, vômitos, dores abdominais e
mediados por IgE, com participação de linfócitos T e de diarreia, ocorrendo déficit no ganho de peso e
citocinas pró-inflamatórias, resultando em destruição desnutrição, decorrente também da má absorção
celular ou sequestro mediado por uma interação entre intestinal ou perda da energia dos alimentos
anticorpos IgG e/ou IgM, complemento e um antígeno eliminados nos vômitos e regurgitações. Em alguns
associado a membranas celulares (Figura 4). São pacientes ocorre urticária (Figura 8), prurido,
exemplos clínicos deste grupo a esofagite eosinofílica, angiodema, broncoespasmo, alergia oral, esofagite
a gastrite eosinofílica, a gastrenterite 24 eosinofílica, a eosinofílica, refluxo-gastresofágico, cólicas,
dermatite atópica, a asma e a hemossiderose. gastroenteropatia eosinofílica, enteropatia,
enterocolite,colite alérgica, constipação intestinal
crônica, manifestações cutâneas e respiratórias
Everaldo Leite 11

-Manifestações clínicas da APLV relacionada com os Outra aplicação para avaliação do IgE seria identificar
mecanismos imunológicos (MI) envolvidos. pacientes que tem chances de tornar tolerantes.
Pacientes com pápulas menores que 5mm e IgE <
2kU/L. Esses resultados indicam que cerca de 80% das
crianças ficarão tolerantes até 4 anos de idade.

-Pesquisas in vitro (sangue) para achar IgE especifico:


RAST, CAP-FEIA, UniCAP. Como o teste de puntura, o
IgE encontrado indica apenas presença de anticorpos
-Diagnostico:
específicos a proteína do leite, não necessariamente
-O diagnóstico preciso da APLV ainda é um desafio, que o paciente tenha alergia clínica.
uma vez que muitos sintomas da APLV são
-Em resumo, a determinação da IgE específica (in vitro
inespecíficos, e os testes diagnósticos ainda têm muitas
ou in vivo) pode ser utilizada para:
limitações.
• fins diagnósticos da AA
-Assim, para o diagnóstico da APLV, o primeiro passo é
• Indicar o melhor momento para o teste de
a suspeição e, para a sua comprovação, o desafio oral
provocação oral (TPO) ou para predição do
tem papel de destaque. Outros aspectos a serem
prognóstico, pois os pacientes com níveis
considerados são os testes diagnósticos e o diagnóstico
elevados de IgE específica parecem ter maior
diferencial com outras doenças, como: intolerâncias
probabilidade de apresentar alergia
alimentares, alterações anatômicas do trato digestório
persistente e maior risco de desenvolver
e respiratório, erros inatos do metabolismo, doença
doenças atópicas, como dermatite atópica,
celíaca, fibrose cística, insuficiência pancreática,
rinoconjuntivite e asma (marcha atópica).
linfangiectasia intestinal, imunodeficiências, infecções
(trato digestório e sepse), doença inflamatória -Poucos testes existem para diagnosticar alergia não
intestinal, entre outras. IgE mediadas. Dificultando o diagnóstico. Existe o teste
de contato, porém, apresenta apenas um guia de
-Suspeição diagnostico: A história clínica minuciosa do
diagnóstico.
paciente, com recordatório alimentar associado aos
sintomas, continua sendo fundamental para a Pelos vários fatores limitantes dos exames
suspeição diagnóstica. Nos casos não IgE mediados, diagnósticos, tanto nos casos de alergias alimentares
deve- se levar em consideração que os sintomas mediadas pela IgE quanto nas não IgE mediadas, o
podem ser tardios e ocorrerem dias ou semanas após teste de provocação com alimento duplo-cego e
a introdução das PLV. Ao desconfiar do alimento controlado por placebo continua sendo o padrão-ouro
causador fazer a suspensão do seu consumo por 2 a 4 para o diagnóstico de alergia alimentar.
semanas, caso o resultado seja favorável, fazer testes
para confirmar e evitar uma coincidência. -Dietas de eliminação e teste de provocação oral: A
eliminação do antígeno fornece informações
-Testes de diagnóstico: Exames complementares diagnosticas e melhora dos sintomas, caso positivo
devem levar em consideração o tipo de reação de (tirou o alimento que causava alergia). Caso paciente
hipersensibilidade e o órgão acometido, mas ainda após a suspensão não apresente melhora, ou não se
hoje não existe um teste laboratorial considerado trata de APLV ou o paciente não tirou completamente
padrão-ouro para o diagnóstico da APLV. o antígeno (está ingerindo alimentos que contenham
antígenos do leite). Em caso de sucesso na dieta de
-A pesquisa de anticorpos IgE específicos para o leite
suspensão o TPO está indicado.
de vaca pode ser solicitada. Existem 2 categorias de
exames que avalia esse IgE: -O teste provação oral (paciente ingere alimento que
possivelmente está causando alergia para ver se
• Teste cutâneo (in vivo): Teste de puntura
realmente ele apresenta a alergia) faz parte de testes
• Teste no sangue (in vitro):
para diagnosticar APLV mediadas ou não por IgE. Esse
-Teste de puntura: seu valor preditivo para positivo é teste pode causar anafilaxia. Pode ser usado em 2
baixo, cerca de 50%, já o valor preditivo para negativo situações:
é alto, cerca de 95%. Então esse teste é melhor usado
• Confirmar diagnostico
para avaliar se o paciente não tem alergia ao alimento.
Everaldo Leite 12

• Avaliar tolerância dos pacientes em -Intolerância a lactose: É uma síndrome clínica na qual
tratamento o paciente deve apresentar um ou mais dos seguintes
sintomas:
-O TPO consiste em oferecer alimentos em doses
crescentes e intervalos regulares, sob supervisão • dor abdominal, diarreia, náusea, flatulência
médica, para detecção de possíveis reações clínicas. e/ou distensão abdominal.
Pessoas com histórico de anafilaxia ou antígeno IgE
-A intolerância à lactose resulta da má digestão e/ou
especifico, estão contraindicados a fazer esses testes,
má absorção da lactose, não havendo nenhum
salvo em ambientes hospitalar.
mecanismo imunológico envolvido na sua
-Esses TPO (teste desencadeante) pode ser feito das fisiopatologia.
seguintes formas:
-Fisiopatologia:
• Aberto: paciente e medico tem conhecimento
-Os carboidratos da dieta humana são constituídos
do alimento ingerido
principalmente de polissacarídios (amido e celulose) e
• Simples-cego: Apenas o medico tem
dissacarídios (lactose e sacarose) e, em menor
conhecimento do alimento que está sendo
extensão, de monossacarídios (frutose). Para que os
ingerido (se é ou não placebo)
polissacarídios e dissacarídios da dieta possam ser
• Duplo-cego: ninguém sabe de nada se placebo
absorvidos, há necessidade da sua digestão prévia até
ou não. Padrão-ouro
monossacarídios por meio da ação de enzimas
-Geralmente usa o simples cego devidos condições específicas, pois monossacarídios constituem a única
socioeconômicas da população. forma sob a qual os carboidratos são assimilados pelas
células epiteliais. Os polissacarídios são hidrolisados
-Os pacientes portadores de APLV devem ser em dissacarídios e oligossacarídios pelas amilases
submetidos ao teste de desencadeamento oral, em salivar e pancreática, produzidas respectivamente
intervalos de 6 a 12 meses, para determinar se pelas glândulas salivares e pelo pâncreas. Os, por sua
desenvolveram tolerância. vez, são hidrolisados em monossacarídios pelos
-Tratamento: complexos enzimáticos lactase florzina-hidrolase,
sacarase/isomaltase e maltase/glicoamilase
-O tratamento da APLV baseia-se na exclusão das localizados na borda estriada das células epiteliais
proteínas do leite de vaca da dieta, devendo-se intestinais. O complexo lactase florizina-hidrolase,
também evitar a inalação e o contato com a pele, e habitualmente denominada apenas de lactase (beta-
manter as necessidades nutricionais do paciente. galactosidase), hidrolisa a lactose enquanto os demais
-Referencias: SBP (vol1 pag 803-811) complexos enzimáticos, sacarase/ isomaltase e
maltase/glicoamilase, são alfa-glicosidases e
-Intolerância à lactose: hidrolisam sacarose, isomaltose e maltose.

-A alergia alimentar caracteriza-se por uma reação -Resumo: Os carboidratos polissacarídeos e


imunológica desencadeada por uma proteína presente dissacarídeos são hidrolisados (pela amilase salivar e
no alimento. pancreática) formando dissacarídeos e
oligossacarídeos, os mesmos são hidrolisados (pelo
-Intolerância alimentar corresponde às alterações que
complexo enzimático Lactase beta-galactosidase;
podem ocorrer nos processos metabólicos de digestão
Hidrolisa a lactose) formando monossacarídeos, esse
e absorção de determinado componente do alimento
monossacarídeo pode ser absorvido pelas células
sem haver envolvimento de resposta imunológica
epiteliais. Além disso, temos o complexo enzimático
nesse processo.
Lactase alfa-galactosidase, que hidrolisa a sacarose,
-As reações adversas podem ser de 2 tipos: isomaltose e maltose.

• Toxicas: Ingesta de alimentos contaminado -Digestão da lactose:


com substancias tóxicas.
-Lactose é um dissacarídeo formado por 2 moléculas
• Não Toxicas: englobam tanto reações de (galactose+glicose).
alergia alimentar quanto de intolerância
alimentar
Everaldo Leite 13

-Sua absorção ocorre na borda em escova da mucosa decorrência do qual ocorre passagem essencialmente
do intestino delgado, por meio da ação da enzima de água e de eletrólitos para a luz intestinal,
lactase, que tem a função de hidrolisar a ligação entre provocando aumento de peristaltismo e rápida
as moléculas de glicose e galactose. passagem desses componentes para o intestino
grosso.
-A atividade dissacaridasica (quebrar dissacarídeos) da
lactase, esta associada as vilosidades dos enterócitos -No colo esses produtos não digeridos e/ou absorvidos,
(células epiteliais absortivas da camada superficial do parte é excretada nas fezes e outra sofre fermentação
ID e IG) maduros e não nas celulas imaturas da cripta, através das bactérias residentes no colo. Essa
sua concentração varia ao longo do tubo, tendo maior fermentação faz a hidrolise dos carboidratos
quantidade no jejuno proximal, e menor quantidade no permitindo sua absorção no colo, além de aumentar
jejuno distal e íleo terminal. absorção da água devido perda de solvente (pois
absorve carboidratos). Isso é um mecanismo fisiológico
-Lactase, por ser a mais superficial das dissacaridases,
para evitar as percas dos carboidratos não
a de menor concentração (em geral um terço a um
digeridos/absorvidos no delgado. Além disso, esse
quarto dos valores da sacarase) e a mais sensível a
mecanismo pode atenuar ou evitar a diarreia.
alterações na luz intestinal, é a mais vulnerável e a que
mais precoce e frequentemente se altera. Além disso, -Quando a capacidade de absorção do intestino
ela é a última que se recupera e por vezes não volta aos delgado é ultrapassada, a LC chega ao cólon, onde será
níveis normais anteriores, mesmo após a total fermentada por bactérias da microbiota resultando em
remissão do processo básico. Consequentemente, a gases, como gás carbônico, hidrogênio e ácidos graxos
lactase é facilmente afetada por qualquer agente de cadeia curta. Com isto, as fezes ficam mais
agressor lumina. acidificadas, líquidas ocasionando a distensão
abdominal e hiperemia perianal, sintomas comuns na
Possíveis fontes de obtenção de lactase são: plantas,
IL.
como pêssego, amêndoa e algumas espécies de rosas
selvagens; organismos animais, como intestino, -Deficiência de Lactase:
cérebro e tecido da pele; leveduras como
-Deficiência de lactase ou hipolactasia são termos
Kluyveromyces lactis, K. fragilise, Candida pseudo-
usados para indicar que o nível da atividade lactásica
tropicalis; bactérias como Escherichia coli, Lacto-
na borda em escova do epitélio intestinal está muito
bacillus bulgaricus, Streptococcus lactis; e fungos,
baixo.
como Aspergillus foetidus, A. niger, A. oryzae,
A.phoenecis. -São descritas quatro formas distintas de deficiência de
lactase:
-Absorção de monossacarídeos:
• deficiência congênita de lactase;
-Os monossacarídios (glicose, galactose e frutose),
produtos provenientes da dieta ou da digestão de • deficiência relativa de lactase do prematuro;
polissacarídios e/ou dissacarídios, são absorvidos na
membrana das microvilosidades por meio de dois • deficiência primária de lactase;
mecanismos distintos: • deficiência secundária de lactase
• Transporte ativo: Glicose e galactose. Seu
transportador (SGLTI) está localizado na borda
em escova, que possui receptor de afinidade
também para o sódio que é absorvido e
transportado ativamente para fora da célula.
• Difusão facilitada: Frutose. Pelo seu
uniportador GLUT5. -Deficiência congênita: Deficiência congênita de
lactase ou hipolactasia congênita de lactase é uma
-Resgate colonico: entidade relativamente rara que se caracteriza pela
ausência ou intensa deficiência isolada de atividade
-Os carboidratos, quando não digeridos e/ou não
lactásica, existindo poucos casos descritos na
absorvidos, acumulam-se na luz do intestino delgado.
literatura.
Esses produtos criam um gradiente osmótico em
Everaldo Leite 14

-Deficiência relativa de lactase no prematuro: No trato


gastrointestinal imaturo, as dissacaridases já são
detectadas a partir da 10ª semana de gestação. Entre a
26ª e a 34ª semana, os complexos sacarase/isomaltase
e maltase/glicoamilase atingem 70% do valor de
adulto, porém o complexo lactase florizina-hidrolase só
alcança 30% do valor do RN a termo e atinge 70%
somente entre 35 e 38 semanas.1,5 Esse incremento
na atividade de lactase somente nas últimas semanas
de gestação explica por que prematuros,
comparativamente aos RN a termo, apresentam
digestão e absorção diminuída de lactose.

-Deficiência primaria de lactase: atividade lactásica,


presente em todos os filhotes de mamíferos, inclusive
nos seres humanos, diminui acentuadamente após o
desmame. O declínio na expressão da lactase,
-Manifestações clinicas:
determinado ontogenicamente, chega a menos que 10
a 30% dos valores de sua atividade pico. Essa -Os sintomas de intolerância à lactose surgem quando
diminuição da atividade lactásica em crianças maiores é ultrapassada a capacidade de resgate colônico.
e em adultos constitui a entidade denominada Assim, defeito na digestão e/ou absorção da lactose,
deficiência primária de lactase também conhecida qualquer que seja a etiologia, acarreta, como
como hipolactasia tipo adulto, não persistência consequência:
primária de lactase, deficiência ontogênica de lactase,
deficiência de lactase do adulto ou deficiência • diarreia com grande conteúdo líquido, elevada
hereditária de lactase. carga osmótica, pH baixo, presença ou não de
açúcares redutores e com componente
-Deficiência secundaria da lactase: É a deficiência que fermentativo
se instala secundariamente a uma condição
fisiopatológica responsável pelo fenômeno de má -A IL exibe sintomas tipicamente abdominais como:
absorção da lactose. A deficiência secundária de flatulência, desconforto abdominal, diarreia, náusea,
lactase é a mais comum das intolerâncias aos borborigmo, vômito e constipação. Os sintomas da
carboidratos e, em nosso meio, constitui a entidade intolerância se manifestam de 30 minutos a 2 horas
mais importante pela sua frequência e gravidade em após o consumo, e normalmente é necessária a
pediatria, pois a maioria das condições a ela associadas ingestão de 12g de lactose (240mL de leite) por vez,
é comum na infância. Nas gastroenterocolites agudas, para iniciar o desconforto dos sintomas na maioria dos
a deficiência secundária de lactase assume particular pacientes com intolerância.
importância como principal causa de intolerância à -Diagnostico:
lactose, perpetuando o quadro diarreico e levando à
diarreia persistente e/ou protraída. Essa intolerância -O diagnóstico presuntivo pode ser levantado quando
ocorre concomitantemente e/ou posteriormente a há referência de diarreia do tipo aquoso com
uma infecção viral ou bacteriana intestinal e pode componente fermentativo.
persistir por semanas a meses.
-Aparecimento de sintomas em vigência da ingestão da
lactose e rápida regressão do quadro clínico, quando se
retira a lactose, praticamente fecha o diagnóstico.

-Nos distúrbios secundários, há história de doença


prévia que determinou lesão grave da mucosa
intestinal.

-Exames complementares:

• Medida do pH e de substâncias redutoras nas


fezes
Everaldo Leite 15

• Teste de absorção de lactose pela sobrecarga atividade enzimática em fragmento da mucosa


oral intestinal obtido por biópsia. Por ser um método
• Teste do H2 expirado invasivo, trabalhoso e que avalia apenas fragmentos da
• Teste rápido de lactose em fragmento de mucosa, sua indicação tem sido reservada somente
biópsia para fins de pesquisa ou nos raros casos em que se
• Dosagem das dissacaridases em fragmento de suspeita de deficiência congênita de lactase. Nesse
mucosa intestinal caso, o encontro de deficiência isolada de lactase, na
• Teste genético presença de mucosa intestinal íntegra, confirma o
diagnóstico.
-Medida do pH e de substâncias redutoras nas fezes:
Considera-se sugestivo de intolerância à lactose o -Teste genético: Recentemente, a avaliação da
achado de pH ≤ 5 e a presença de substâncias deficiência primária de lactase está sendo realizada por
redutoras ≥ 0,5 g% nas fezes. O pH fecal é o primeiro a meio da pesquisa das mutações do gene que controla
se alterar, sendo mais sensível que a presença de a expressão da enzima lactase florizina-hidrolase.
substâncias redutoras nas fezes. Verificou-se que o genótipo C/C 13910 está associado
à hipolactasia tipo adulto, enquanto os genótipos C/T-
-Teste de absorção de lactose pela sobrecarga oral: 13910 e T/T 13910 estão associados à persistência da
Este teste consiste na ingestão de uma determinada lactase.
quantidade de lactose e o registro do posterior
incremento da glicemia. É realizado com a criança -Tratamento:
assintomática por ao menos 3 dias após a retirada da -Produtos lácteos pré-digeridos com lactase;
lactose. Se surgirem sinais e sintomas até 48 horas após
a ingestão da solução-teste, pode-se falar em • cápsulas de lactase obtidas de Aspergillus
intolerância à lactose. oryzae (Lacdigest®), Kluyveromyces lactis
(Silact®) e de fungos ou leveduras (beta- -
-Teste do H2 expirado: Este teste baseia-se no fato de galactosidase) para serem ingeridas
que cerca de 20% do H2 formado durante a imediatamente antes da ingestão dos
fermentação bacteriana no nível do cólon é absorvido alimentos lácteos como terapia de reposição
e eliminado pelos pulmões, podendo, portanto, ser enzimática;
medido por cromatografia gasosa. A elevação dos
níveis de H2 no ar expirado indica defeito na digestão • probióticos com atividade beta-galactosidase
ou absorção. adicionados aos produtos lácteos ou usados
como suplementos;
-A técnica consiste na administração de lactose nas
mesmas doses empregadas nos testes de absorção e • agentes descontaminantes e agentes
colhe-se o ar expirado em uma seringa, usando-se um antimicrobianos, como rifaximina.
bocal ou máscara facial ou cateter nasal, procurando-
-Referencia: SBP (vol1 pág. 813-817). Artigo
se aspirar o ar da metade final da expiração. São
(Intolerância à Lactose e Alergia à Proteína do Leite:
coletadas amostras de jejum, 60, 90 e 120 minutos.
uma Revisão- ufcg)
-Esse teste é sensível e não invasivo, muito usado.

- Teste rápido de lactose em fragmento de biópsia: É


um método novo para o diagnóstico endoscópico da
deficiência primária de lactose. Este teste é baseado na
reação colorimétrica que se desenvolve quando a
biópsia endoscópica da porção pós-bulbar do duodeno
é incubada com a lactose. Em indivíduos com
normolactasia, a reação desenvolve-se dentro de 20
minutos após a hidrólise da lactose (resultado
positivo), enquanto em pacientes com hipolactasia
nenhuma reação aparece (resultado negativo).

-Dosagem das dissacaridases em fragmento de


mucosa intestinal: Baseia-se na determinação da
APG03
Everaldo leite 1

Relembrar MALT -Semelhante a pele, a primeira proteção do TGI provem


das células epiteliais, devido as suas secreções (Muco e
Lisoenzimas), além de formar uma barreira física, seria
-Subjacente ao epitélio (Túnica mucosa), há uma essas células agrupadas (unidas por uma proteína)
camada de tecido conectivo frouxo chamada lâmina impedindo a passagem dos microrganismos para a
própria, que contém vasos sanguíneos, vasos linfáticos lamina própria, é a chamada de Zona de Oclusão.
e MALTs.
-Além das células epiteliais, nas mucosas também
existem DCs e IL, capazes de montar uma resposta
inflamatória e antivirais.

-Camadas de Muco:

-No intestino delgado, o muco forma uma camada


única, e a maioria das bactérias é encontrada na
direção da porção externa dessa camada. Sendo assim,
as bactérias raramente entram em contato direto com
as células epiteliais do intestino delgado, exceto nas
extremidades dos vilos que se estendem na direção do
topo da camada de muco.

-Em contraste, a mucosa colônica tem duas camadas:


uma camada externa menos densa e colonizada por
bactérias, e uma camada interna mais densa presa ao
epitélio e livre de bactérias.

-Alguns estímulos imunes e ambientais podem induzir


o aumento da produção de mucinas (muco): Esses
-No intestino existem bactérias comensais (localizadas estímulos incluem as citocinas (IL-1, IL-4, IL-6, IL-9, IL-
no lúmen) que tem 2 principais funções: 13, TNF.

• 1º faz digestão de alimentos que nosso corpo -OBS: Vários estudos identificaram defeitos na
não consegue através da fermentação. produção de defensina pelas células epiteliais nas
• 2º Competem com patógenos, sendo uma regiões intestinais afetadas pela doença de Crohn.
espécie de sistema de defesa.
-Existem receptores do tipo Toll-like e NOD
-O tubo digestivo tem 3 principais mecanismos os quais (citoplasma), nas células epiteliais, permitindo uma
protegem o corpo contra infecções: resposta imune a patógenos. Quando esse receptor é
ligado por um antígeno (PAMP) ele gera uma cascata
1. Camada espessa de muco; ao qual promove:
2. Produção de peptídeos antibiótico
(antimicrobianos) por células epiteliais; • Aumenta a força da junção dessas células
3. IgA produzido pela lâmina própria. epiteliais;
• Aumento da proliferação das mesma;s
-Imunidade inata do TGI:
• Aumento do estimulo para secretar
-As próprias células epiteliais que revestem o TGI fazem Lisoenzimas e IgA.
parte do sistema imune inato gastrointestinal, essas -Em indivíduos saudáveis as DCs e Macrófago na
células estão envolvidas na resposta a patógenos e lâmina própria inibem a inflamação e controlam a
amostragem do antígeno as células adaptativas do homeostasia; Esses macrófagos intestinal exibem um
sistema imune adaptativo do TGI; fenótipo o qual permite a eles fagocitarem e liberarem
-Existem vários tipos de células epiteliais, todas citocinas anti-inflamatória (IL-10). A expressão de TLR
derivadas de um mesmo precursor. São elas: Células nesses macrófagos é menor comparando em outros
Caliciformes (muco), Células M (Amostragem), Paneth tecidos, os seus genes inflamatórios são inibidos por
(Lisoenzimas). produtos microbiano. Esse mecanismo previne uma
inflamação danosa em resposta a bactérias comensais
Everaldo leite 2

e produtos bacterianos que atravessam a barreira -Uma das principais vias de distribuição de antígeno do
epitelial. lúmen para o GALT é por meio das células M. Estão
localizadas numa região chamada cúpula sobre as PP.
-Imunidade adaptativa do sistema gastrointestinal:
-Em adição, o epitélio folículo-associado onde as
-A principal forma de imunidade adaptativa no células M estão localizadas exibem características
intestino é a humoral dirigidas por microrganismos no distintas daquelas do epitélio de absorção, as quais
lúmen. Tal função mediada principalmente por IgA. promovem estreita associação com os antígenos
-A dominância do IgA é devida as células B do intestino microbianos luminais, incluindo uma escassez de
tendo a sofrer troca de classe para Iga, e as células B células caliciformes secretoras de muco e de células de
produtoras de IgA tendem a residir no sitio. Paneth secretoras de defensina, bem como capacidade
diminuída de transportar IgA para dentro do lúmen.
-A defesa células no intestino são mediadas por T
auxiliares, as células t efetoras são (Principalmente -As células M transportam o antígeno, e apresenta para
Th17, também tem Th1 e Th2). as APC. células M não se engajam em um extensivo
processamento das substâncias que englobam, em vez
-Um dos principais mecanismos para regular a disso movimentam as partículas e moléculas através de
inflamação é devido as células Treg. Essas Treg são vesículas endocíticas ao longo do citosol e as
produtoras de IL- (anti-inflamatoria). distribuem por exocitose à membrana basolateral para
-Anatomia Funcional do Sistema Imune Adaptativo no as DCs ou células B nas regiões de cúpula das placas de
Trato Gastrintestinal: Peyer e folículos linfoides subjacentes na lâmina
própria.
-Essa resposta adaptativa é iniciada em coleções
discretamente organizadas de Linfócitos e APC.
Existem nesses tecidos os linfócitos T naive que ao ser
exposta ao antígeno microbiano sofre diferenciação
em T efetor.

-Malt é chamado de Galt (intestino)

-Os tecidos linfoides associados ao GALT são chamados


de Placa de Peyer, são mais proeminentes do Íleo
distal.

-Essas PP tem estrutura de folículo linfoide, contem


centros germinativos de linfócitos B, células T auxiliares
foliculares, DC folicular e macrófago.

-Os centros germinativos nos folículos estão


circundados por células B foliculares naive
expressando IgM e IgD. Uma região chamada cúpula
(dome) está localizada entre os folículos e o epitélio
sobrejacente, e contém linfócitos B e T, DCs e
macrófagos.

-Entre os folículos, estão as áreas parafoliculares ricas


em células T, similares aos linfonodos, embora de
modo geral a razão células B/células T no GALT seja
cerca de 5 vezes maior do que nos linfonodos.

-Diferentemente dos linfonodos, as estruturas do GALT


não são encapsuladas e o antígeno é distribuído -Os linfonodos mesentéricos coletam antígenos
diretamente a essas estruturas, de modo originados na linfa a partir dos intestinos delgado e
independente dos linfáticos. grosso e são sítios de diferenciação de linfócitos
Everaldo leite 3

fetores e reguladores que retornam para residir na -As trocas de classe se da por 2 mecanismos, T-
lâmina própria. dependente (dependem das células t auxiliares) e o T-
Idepedente.
-Existe um sistema de homing onde os linfócitos T e B
efetores produzidos nos Linfonodos mesentéricos são -T-depedente:
teleguiados para a Lamina própria intestinal.

-A lâmina própria contém linfócitos efetores, DCs e


macrófagos difusamente distribuídos, além de ser o
sítio da fase efetora das respostas imunes adaptativas
gastrintestinais. Como discutido anteriormente, os
linfócitos efetores gerados nas placas de Peyer, em
outras estruturas do GALT e nos linfonodos
mesentéricos voltam a residir na lâmina própria. Neste
local, as células T podem responder aos patógenos
invasores, e as células B podem secretar anticorpos
que são transportados para dentro do lúmen e
neutralizam patógenos antes que estes invadam o
tecido.

-T-Independente:

-A produção de IgA no trato gastrintestinal é


intensificada ainda mais pelas propriedades seletivas
de homing intestinal das células produtoras de IgA que
surgem no GALT e nos linfonodos mesentéricos (Fig.
14.3). Uma parte da IgA transportada ao longo do
epitélio intestinal pode ser produzida por plasmócitos
que se diferenciaram e permaneceram junto aos
-Imunidade humoral no trato gastrointestinal:
folículos do GALT subjacentes. No entanto, os
-A principal da resposta humoral é neutralizar plasmócitos secretores de IgA estão amplamente
microrganismos luminais, através do IgA que é dispersos pela lâmina própria do trato gastrintestinal,
produzido na PP e transportado ao lúmen. Alem disso, não só nos folículos linfoides. Como já discutido, as
pequenas quantidades de IgG e IgM também vão para células B ativadas que sofrem troca e se tornam células
o lumen. produtoras de IgA no GALT e linfonodos mesentéricos
podem entrar na circulação sistêmica e então se
-Essa neutralização é o impedimento do antígeno alojarem de volta na lâmina própria intestinal, onde
opsionalizado por IgA se ligar a células. podem residir como plasmócitos.
-A abundância de plasmócitos intestinais produtores -A IgA secretada é transportada por meio das células
de IgA é devido, em parte, à indução seletiva da troca epiteliais para dentro do lúmen intestinal via um
do isotipo IgA nas células B presentes no GALT e nos receptor Fc chamado receptor de poli-Ig; Esse receptor
linfonodos mesentéricos. é sintetizado pelas células epiteliais da mucosa e é
expresso nas superfícies basal e lateral das células
Everaldo leite 4

epiteliais. Sua produção pode ser aumentada por -Na lâmina própria caso passe algumas bactérias os DC
estímulos inflamatórios. captam e transportam o antigeno por via linfática para
os linfonodos mesentéricos. Nos linfonodos o antígeno
-A IgA dimérica (e a IgM pentamérica) secretada pelos
é apresentado as T naives que se diferenciam em
plasmócitos na lâmina própria se liga ao receptor de
efetoras (Th1, Th2, Th17 ou ainda Treg foxp3)
poli-Ig nas células epiteliais da mucosa através de um
domínio da cadeia J (Fig. 14.6). O complexo anticorpo- -Algumas DCs derivadas de macrófagos junto ao íleo
receptor é endocitado para dentro da célula epitelial e, terminal do intestino emitem projeções dendríticas por
diferente dos outros endossomos que tipicamente entre as células epiteliais, e coletam amostras dos
transitam para os lisossomos, as vesículas contendo conteúdos luminais.
receptor de poli-Ig são dirigidas e se fundem à
membrana plasmática apical (luminal) da célula
epitelial. Na superfície celular apical, o receptor de poli-
Ig é proteoliticamente clivado, seus domínios
transmembrana e citoplasmático são fixos à célula
epitelial, e o domínio extracelular do receptor, que
carrega a molécula de IgA, é liberado no interior do
lúmen intestinal. Esse processo de transporte de IgA ao
longo do epitélio é chamado transcitose. A parte
clivada do receptor de poli-Ig, chamada componente
secretor, permanece associada à IgA dimérica no
lúmen. Acredita-se que o componente secretor ligado
protege a IgA (e a IgM) contra a proteólise por ação das
proteases bacterianas presentes no lúmen intestinal, e
esses anticorpos, assim, conseguem exercer sua função
de neutralizar microrganismos e toxinas nesse sítio.

-No trato gastrintestinal, diferentes subpopulações de


células T CD4+ efetoras são induzidas por e contra
diferentes espécies microbianas (hrlmintos, vírus e
bactérias); As células Th1, Th2 e Th17 são encontradas
na lâmina própria do intestino e a microflora
bacteriana comensal do lúmen intestinal exerce
-Imunidade baseada por células T no trato influências profundas sobre os fenótipos de célula T,
gastrointestinal: até mesmo durante a homeostasia.

-Células T são encontradas na Lamina própria e


submucosas, bem como ao redor dos folículos nas PP.

-As células t da lamina própria são principalmente T


CD4+, essas células efetoras são precursoras de T
naives do GALT e Linfonodos Mesentéricos.

-As células T que circundam os folículos da PP são T CD4


auxiliares, incluindo as T auxiliares foliculares e
reguladoras.

-Os macrófagos e DC podem participar da resposta


protetoras de células T ou na indução da respostas das
T reg, que suprimem a imunidade a antígenos ingeridos
(alimentos) e comensais.
Everaldo leite 5

-As células T efetoras Th17 e as células T reguladoras -Doenças relacionadas com resposta imune no
são abundantes na mucosa intestinal. As células Th17 intestino:
específicas para os antígenos bacterianos se
diferenciam a partir de células T CD4+ naive em tecidos -Enteropatias inflamatórias:
linfoides associados ao intestino (não mostrado) em -Consiste em um grupo heterogêneo de distúrbios
resposta aos antígenos apresentados pelas células caracterizados pela inflamação remitente crônica do
dendríticas e às citocinas por elas secretadas, incluindo intestino delgado e grosso. Essa inflamação é causada
IL-6 e IL-23. A diferenciação de células T reguladoras pela resposta inadequada a bactérias comensais.
(Tregs) específicas para o antígeno bacteriano é
promovida pelo TGF-β e ácido retinóico produzidos -Os 2 tipos de EI são:
pelas células epiteliais intestinais. As Tregs tímicas que • Doença de Cronh; pode afetar tudo tubo
migram para o intestino se expandem numericamente intestinal, com predomínio no íleo terminal.
sob influência de metabólitos bacterianos. • Colite ulcerativa; é restrita a mucosa colônia.
-Regulação da Imunidade no Trato Gastrintestinal por -Embora as causas da doença de Crohn e da colite
Células T Reguladoras e Citocinas; ulcerativa sejam pouco conhecidas, vários tipos de
-As células T reguladoras são abundantes no GALT e evidências sugerem que esses distúrbios resultam de
previnem reações inflamatórias contra defeitos na regulação das respostas imunes a
microrganismos comensais intestinais; organismos comensais no intestino em indivíduos
geneticamente suscetíveis. Algumas anormalidades
-Muitas células Tregs são induzidas no intestino em imunológicas podem contribuir para o
resposta aos antígenos encontrados localmente e, desenvolvimento de EI;
assim, pertencem à categoria de Tregs periféricas
(Capítulo 15) (Fig. 14.8). Os fatores que contribuem 1. Defeito na imunidade inata contra organismos
para a geração das Tregs periféricas incluem a comensais: 1º Pode ocorrer uma expressão
produção local de ácido retinoico e TGF-β por DCs defeituosa nas defensinas e com isso as bactérias
CD103+ e macrófagos da lâmina própria. Ambos, ácido comensais invadirem as células epiteliais. 2º pode
retinoico e TGF-β, promovem expressão de FoxP3+ e ocorrer regulação inadequada da resposta imune
inibem a geração de células Th1 e Th2. Além disso, os aos comensais.
metabólitos de fermentação, como o ácido graxo de 2. Resposta Th1 e Th17 anormais: Analises em
cadeia curta butirato, produzidos pelas bactérias humanos com EI mostram resposta ativa do Th17
comensais intestinais, especialmente espécies de na parte intestinal afetada. Polimorfismos em
Clostridia, estimulam a expansão periférica de Tregs genes que codificam receptores de IL-23 implicam
tímicas. Como discutido no Capítulo 15, acredita-se em risco aumentado para desenvolver EI. A doença
que as Tregs suprimam as respostas imunes por meio de cronh é caracterizada por inflamação
de vários mecanismos. Dentre esses, o mecanismo granulomatosa dirigidas por Th1 produtoras de
dominante no intestino parece ser a produção da INF-Y. Esses achados são a base do tratamento de
citocina imunossupressora IL-10. pacientes com EI usando anticorpo monoclonal
que se liga a um polipeptídeo (p40) compartilhado
-Várias citocinas (TGF-B, IL-2,IL-10) regulam essa pela IL-23 e IL-12. A IL-23 é requerida para as
homeostase, deficiência dessas citocinas ou de seus respostas imunes mediadas por Th17, enquanto a
receptores pode gerar uma inflamação intestinal IL-12 é requerida para respostas Th1. Com esse
patológica; A inflamação descontrolada observada no anticorpo se liga nessas IL elas não estimulas o Th1
intestino na ausência dessas citocinas ou de seus e Th17.
receptores é mais provavelmente causada pelas 3. Função defeituosa das Treg: A supressão da Treg-
respostas imunes à flora intestinal comensal, uma vez mediada inadequada a comensais, pode ser uma
que não ocorre inflamação em camundongos criados das causas da EI. Pacientes com falha de Treg
sob condições estéreis. devido falha nos genes codificadores da IL-2 ou em
seus receptores podem apresentar Colite
-No caso da regulação da inflamação intestinal
ulcerativas. Alem da ausência do gene que codifica
dependente de TGF-β e de IL-10, evidências indicam
o foxp3.
que as Tregs são uma fonte importante de citocinas.
Everaldo leite 6

4. Os polimorfismos de genes associados à relativo de desenvolvimento de enteropatia por glúten


macroautofagia e à resposta de proteína não entre pessoas portadoras dos dois alelos HLA de classe
dobrada ao estresse do retículo endoplasmático II, HLA-DQ2 e HLA-DQ8, e os peptídeos da gliadina se
constituem fatores de risco de enteropatia ligam fortemente às moléculas do complexo principal
inflamatória: Evidência experimental sugere que a de histocompatibilidade (MHC, do inglês, major
conexão entre EI e variantes na resposta de histocompatibility complex) codificadas por esses
proteína não dobrada e genes de autofagia está alelos. Além das respostas de células T CD4+, o killing
relacionada a uma secreção diminuída de enzimas de células epiteliais intestinais por linfócitos T
antimicrobianas e defensinas pela célula de citotóxicos (CTL, do inglês, cytotoxic T lymphocyte)
Paneth. A macroautofagia é um processo em que CD8+ também pode contribuir para a doença celíaca,
as células sequestram organelas citoplasmáticas embora a fonte de peptídeos reconhecidos pelas CTLs
junto aos autofagossomos que, então, se fundem não esteja esclarecida.
com lisossomos promovendo a destruição das
-Referencias: Abbs imuno 755-800
organelas.

-Doença celíaca:
Fisiopatologia das doenças inflamatórias intestinais
-A doença celíaca (enteropatia glúten-sensível ou
espru não tropical) é uma doença inflamatória da
mucosa do intestino delgado causada por respostas
-A doença intestinal inflamatória (DII) é uma condição
imunes dirigidas contra as proteínas do glúten
intestinal crônica de mediação imune. A retocolite
ingeridas presentes no trigo e em outros grãos.
ulcerativa (RCU) e doença de Crohn (DC) são os dois
-A doença celíaca é caracterizada pela inflamação tipos principais de DII.
crônica na mucosa do intestino delgado, levando à
-Epidemiologia:
atrofia dos vilos, má absorção e várias deficiências
nutricionais que levam a manifestações
extraintestinais.

-A doença é tratada com dietas restritas a alimentos


isentos de glúten.

-Os pacientes produzem anticorpos IgA e IgG


específicos para o glúten, bem como autoanticorpos
específicos para transglutaminase 2A, uma enzima que
modifica a gliadina, proteína do glúten.

-Acredita-se que esses autoanticorpos surjam quando


células B específicas para transglutaminase endocitam
a transglutaminase do hospedeiro covalentemente
ligada à gliadina, e as células B apresentam peptídeos
de gliadina para células T auxiliares, as quais então
ajudam na resposta de anticorpos anti-
-Etiologia e patogenia:
transglutaminase.

-Não é sabido se esses anticorpos contribuem para o -Uma hipótese consensual estabelece que, nos
desenvolvimento da doença, mas são um marcador indivíduos com predisposição genética, tanto os
diagnóstico para esta doença. fatores exógenos (p. ex., composição da microbiota
intestinal normal) quanto os fatores endógenos do
-Há forte evidência de que as respostas de células T hospedeiro (p. ex., função de barreira das células
CD4+ à gliadina estão envolvidas na patogênese da epiteliais intestinais, função imune inata e adaptativa)
doença. Células T específicas para os peptídeos da interagem, causando um estado crônico de função
gliadina são encontradas em pacientes com doença imune desregulada da mucosa, que é ainda mais
celíaca, e o processo inflamatório no intestino inclui modificada por fatores ambientais específicos (p.e.x,
células T e citocinas de células T. Há um alto risco tabagismo, ente- ropatógenos).
Everaldo leite 7

-DII é atualmente considerada uma resposta imune


inapropriada à microbiota comensal endógena no
intestino, com ou sem algum componente de
autoimunidade.

-Em indivíduos normais existem células imunológicas


fazendo a homeostase da resposta inflamatória,
impedindo inflamação gerada contra os
microrganismos comensais e antígenos da dieta.

-Em indivíduos normais, existem células imunológicas


em um estado crônico denominado inflamação
fisiologica, em que o intestino é impedido de elaborar
respostas imunológicas completas à microbiota
comensal e antígenos da dieta por meio de vias
reguladoras muito potentes, que atuam dentro do
sistema imune (p. ex., células reguladoras T FoxP3+). -Quando é administrado um antígeno solúvel por via
oral, sem ser por via cutâneo ou intramuscular, isso
-Durante a evolução das infecções no hospedeiro induz uma ausência de resposta antígeno-específica.
normal, a ativação integral dos tecidos linfoides
associados ao intestino ocorre, porém é rapidamente -Alguns mecanismos estão envolvidos nessa tolerância;
sobrepujada (ultrapassado) pela atenuação da 1º seria a atividade das células T CD4 que suprimem a
resposta imune e reparo tecidual. Na DII, esse processo inflamação (expressão das T reg (foxp3) atuam
pode não estar normalmente regulado. liberando citocinas anti-inflamatorias IL-10 e TGF-B) e
2º seria deleção ou anergia das T efetoras reativas a
-Considerações genéticas: antígenos.

-DII é um distúrbio poligênico. -Na DII, essa supressão da inflamação é alterada,


resultando em inflamação descontrolada. Os
-Existem fatores genéticos definidos ate o momento
mecanismos dessa imunossupres- são regulada não
que cursam com o risco de desenvolver a DII. Esses
estão totalmente elucidados.
genes incluem:
-Alguns estudos mostram revelaram que esses
• Associados a imunidade inata e autofagia:
alterações estão envolvidas com RCU:
NOD2, presente na imunidade inata
(parenquimatosas e hematopoiéticas) para • Deleção de citocinas específicas (p. ex., IL-2, IL-
responder a microrganismos e elimina-los. 10, TGF-(3) ou de seus receptores
• Associados ao reticulo endoplasmático: XBP1, • Deleção de moléculas associadas ao
que atuam regulando atividade secretora das reconhecimento de antígenos das células T (p.
células envolvidas na resposta a microbiota ex., receptores de antígenos das células T)
comensal (Paneth, Caliciformes) e a maneira • Interferência na função de barreira das
pela qual as células intestinais respondem a células epiteliais intestinais
metabólicos das bactérias. • Regulação das respostas a bactérias
• Associado a regulação da imunidade comensais (p. ex., XBP1, N-caderina,
adaptativa: IL-23, IL-12, IL-10. Regulam o glicoproteína do muco ou NF-kB) levam à
equilíbrio entre citocinas inflamatórias e colite ou enterite espontâneas.
reguladoras.
-Na maioria das circunstâncias essa inflamação
• Associada ao desenvolvimento e resolução
intestinal exige presença de microbiota comensal.
da inflamação: MST1
• Associados ao recrutamento de Leucócitos e -Tanto na RCU quanto na DC, uma via inflamatória
produção de mediadores inflamatórios; tende portanto a emergir da predisposição genética
que está associada ao reconhecimento e reatividade
-Regulação imune defeituosa na DII:
inapropriados do sistema imune inato a bactérias
-O sistema imune das mucosas normalmente não são comensais, juntamente com vias reguladoras
reativos ao conteúdo luminal, devido a tolerância oral. inadequadas que levam à ativação das células T CD4+
Everaldo leite 8

na lâmina própria, as quais secretam quantidades -As citocinas inflamatórias, como a IL-1, a IL-6 e o TNF,
excessivas de citocinas inflamatórias em relação às exercem efeitos diversificados sobre os tecidos.
citocinas anti-inflamatórias. Promovem a fibrogênese, a produção de colágeno, a
ativação das metaloproteinases teciduais e a produção
-Algumas citocinas ativam outras células inflamatórias
de outros mediadores inflamatórios; ativam também a
(macrófagos e células B), e outras atuam
cascata da coagulação nos vasos sanguíneos locais (p.
indiretamente, recrutando outros linfócitos, leucócitos
ex., produção aumentada do fator de von Willebrand).
inflamatórios e células mononucleares da corrente
Essas citocinas são normalmente produzidas em
sanguínea para o intestino, por meio de interações
resposta à infecção, porém são habitualmente
entre receptores de guiamento (homing) nos
eliminadas ou inibidas no momento apropriado para
leucócitos (p. ex., integrina a4(37) e adressinas no
limitar a lesão tecidual. Na DII, a sua atividade não é
endotélio vascular (p. ex., MadCAMl).
regulada, resultando em um desequilíbrio entre os
-As células T auxiliares (TH) CD4+ que promovem a mediadores pró-inflamatórios e anti-inflamatórios.
inflamação são de três tipos, e todos os três tipos
-Certos tratamentos, como compostos de ácido
podem estar associados à colite em modelos animais e,
aminossalicílico (5-ASA) são potentes inibidores desses
talvez, nos seres humanos:
mediadores inflamatórios, por meio da inibição de
• as células Th1 [que secretam interferon (IFN) fatores de transcrição, como o NF-kB, que regulam a
• as células TH2 (que secretam IL-4, IL-5, IL-13) sua expressão.
• as células TH17 (que secretam IL-17, IL-21). -Fatores exógenos:
-As células Th1 e células T natural killer relacionadas -Estudos observacionais sugerem que múltiplos
que secretam IL-13 induzem inflamação da mucosa patógenos (p. ex., espécies de Samonella, Shigella,
superficial que lembra a RCU, enquanto as células TH17 Campylobacter e Clostridium difficile) podem
podem ser responsáveis pelo recrutamento dos desencadear a DII ao induzir uma resposta inflamatória
neutrófilos. Cada um desses subgrupos de células T que o sistema imune da mucosa pode ser incapaz de
exercem uma regulação cruzada entre elas. A via da controlar. Entretanto, no paciente com DII, a
citocina TH1 é iniciada pela IL-12, uma citocina microbiota normal tende a ser percebida ina-
essencial na patogenia de modelos experimentais de propriadamente, como se fosse um patógeno.
inflamação mucosa. A IL-4 e a IL-23, juntamente com a
IL-6 e o TGF-B, induzem as células TH2 e TH17, -São encontradas alterações na microbiota em
respectivamente. pacientes com DC e RCU, não se sabe se essa alteração
é secundaria a inflamação ou primaria.
-Os macrófagos ativados secretam o fator de necrose
tumoral (TNF e IL-6). Por conseguinte, o uso de -Microrganismos anaeróbios, particularmente espécies
anticorpos para bloquear as citocinas proinflamatórias de Bacteroides e Clostridia, bem como algumas
(p. ex., anti-TNF, anti-IL-12, anti-IL-23, anti- -IL-6, anti- espécies aeróbias, como Escherichia podem ser
IFN-7) ou de moléculas associadas ao recrutamento de responsáveis pela indução da inflamação. Essa noção é
leucócitos (p. ex., anti-a4(37) ou a utilização de apoiada pela resposta imune observada em pacientes
citocinas que inibem a inflamação e promovem as com DC a diversos antígenos bacterianos
células T reguladoras (p. ex., IL-10) ou promovem a
-Além disso, os agentes que alteram a flora intestinal,
função de barreira intestinal podem ser benéficos para
como o metronidazol, o ciprofloxacino e dietas
os seres humanos com inflamação intestinal.
elementares, podem melhorar a DC (pode ser devido
-Cascada da inflamação DII: esses medicamentos erradicar a microbiota). A DC
também responde ao desvio fecal, demonstrando a
-A inflamação inidicada na DII pelo reconhecimento capacidade do conteúdo luminal de exacerbar a
imune anormal de uma bactéria pelas células doença.
parenquimatosas (epitelial intestinais) ou
hematopoiéticas (DC) a resposta imune é perpetuada -Em contrapartida, outros microrganismos,
pela ativação das células T. Uma cascata de mediadores denominados probióticos (p. ex., Faecalibacterium
inflamatórios ampliam a resposta, cada etapa dessa prausnitzii, espécies de Lactobacillus, Bifidobacterium,
cascata é um possível alvo para o tratamento. Taenia suis e Saccharomyces boulardii), podem inibir a
inflamação em modelos animais e nos seres humanos.
Everaldo leite 9

-Patologia: -Na RCU, duas características histológicas principais


sugerem cronicidade e ajudam a diferenciá-la da colite
-Colite ulcerativa: Características macroscópicas. infecciosa ou autolimitada aguda:
-RCU é uma doença da mucosa, limitada do reto ao • Primeiro; a arquitetura das criptas no colo é
colo. distorcida; as criptas podem ser bífidas e seu
-A disseminação proximal ocorre em continuidade, número reduzido, na maioria das vezes com
sem qualquer área de mucosa preservada. uma lacuna entre as bases das criptas e a
muscular da mucosa.
-Embora as variações na atividade macroscópica • Segundo; alguns pacientes possuem
possam sugerir áreas preservadas, as biópsias da plasmócitos basais e múltiplos agregados
mucosa de aspecto normal estão habitualmente linfoides basais. Pode haver congestão
anormais. Por conseguinte, é importante obter vascular mucosa, com edema e hemorragia
múltiplas biópsias da mucosa aparentemente não focal, assim como infiltrado de células
acometida, tanto proximal quanto distai, durante a inflamatórias de neutrófilos, linfócitos,
endoscopia. Uma ressalva é o fato de que o tratamento plasmócitos e macrófagos. Os neutrófi- los
clínico efetivo pode modificar o aspecto da mucosa, de invadem o epitélio, habitualmente nas criptas,
modo que áreas preservadas ou até mesmo o colo em dando origem a uma criptite e, finalmente,
sua totalidade podem ter aspecto microscópico evoluindo para abscessos das criptas (Fig.
normal. 17.2).
-Característica da mucosa de acordo com o grau e -As alterações ileais em pacientes com ileíte por
tempo da inflamação: contracorrente incluem atrofia vilosa e regeneração
• Inflamação leve: a mucosa fica eritematosa e das criptas com inflamação aumentada, aumento da
possui superfície delicadamente granulosa que inflamação por neutrófilos e mononucleares na lâmina
se assemelha a uma lixa. própria e criptite focal e abscessos das criptas.
• Inflamação mais grave: a mucosa apresenta-se
hemorrágica, edemaciada e ulcerada (Fig.
17.1).
• Inflamação de longa duração: podem existir
pólipos inflamatórios (pseudopólipos) como
resultado da regeneração epitelial.

- Durante remissão, a mucosa pode evidenciar um


aspecto normal - porém, nos pacientes com muitos
anos de doença, tem um aspecto atrófico e indistinto,
e o colo inteiro fica estreitado e encurtado. Os
pacientes com doença fulminante podem desenvolver
uma colite tóxica ou megacolo em que a parede
intestinal se torna mais fina, e a mucosa apresenta-se
extremamente ulcerada, o que pode resultar em
perfuração.

-Colite ulcerativa: Características microscópicas.


-Doença de Cronh; Características macroscópicas.
-Os achados histológicos se correlacionam muito bem
-A DC pode afetar qualquer parte do trato
com os aspectos endoscópicos e a evolução clínica da
gastrintestinal (GI) desde a boca até o ânus. Cerca de
RCU.
30 a 40% dos pacientes exibem apenas doença do
-O processo fica limitado à mucosa e à submucosa intestino delgado, 40 a 55% sofrem de doença com
superficial, sem acometimento das camadas mais acometimento dos intestinos delgado e grosso, e 15 a
profundas, exceto na doença fulminante. 25% sofrem apenas de colite. Nos 75% dos pacientes
com doença do intestino delgado, o íleo terminal é
acometido em 90% dos casos. Diferentemente da RCU,
Everaldo leite 10

que acomete quase sempre o reto, este segmento é -Doença de Cronh: Características microscópicas.
poupado com frequência na DC.
-As lesões mais precoces são ulcerações aftoides e
-A doença de Crohn é segmentar com áreas poupadas abscessos das criptas focais com agregados indefinidos
no meio do intestino doente. de macrófagos que formam granulomas sem caseação
em todas as camadas da parede intestinal (Fig. 17.4).
Os granulomas podem ser visualizados nos linfonodos,
mesentério, fígado e pâncreas. Apesar de os
granulomas serem um elemento patognomônico da
DC, são encontrados apenas raramente nas biópsias da
mucosa.

-A ressecção cirúrgica revela granulomas em cerca de


metade dos casos.

-Outras características histológicas da DC incluem


agregados linfoides submucosos ou subserosos,
particularmente longe das áreas de ulceração, áreas
poupadas macroscópicas e microscópicas, bem como
inflamação transmural acompanhada por fissuras que
-Fístulas, fissuras e abscessos perirretais assim como
penetram profundamente na parede intestinal e, às
estenose anal estão presentes em 33% dos pacientes
vezes, formam trajetos fistulosos ou abscessos locais.
com DC, particularmente os com acometimento
colônico. Embora raramente, a DC pode acometer -Manifestações clinicas:
também o fígado e pâncreas.
-Retocolite ulcerativas:
-Diferentemente da RCU, a DC é um processo
transmural. - Sinais sintomas.

-Caracteristica da mucosa de acordo com a grau e -Os principais sintomas de RCU são:
tempo da inflamação: Ao exame endoscópico
• Diarreia, sangramento retal, tenesmo
• Doença leve: ulcerações aftosas ou pequenas (esvaziamento incompleto), eliminação de
e superficiais; muco e dor abdominal em cólica.
• Doença mais ativa, ulcerações estreladas se -A intensidade dos sintomas se correlaciona com a
fundem longitudinal e transversalmente a fim extensão da doença. A RCU pode manifestar-se
de demarcar ilhas de mucosa, com bastante agudamente, porém geralmente os sintomas já
frequência histologicamente normais estiveram presentes por semanas a meses.
-Esse aspecto de “calçamento” é característico da DC Ocasionalmente, a diarreia e o sangramento são tão
tanto ao exame en- doscópico quanto na radiografia intermitentes e leves que o paciente não procura
baritada. Como acontece na RCU, podem formar-se assistência médica.
pseudopólipos na DC. -Pacientes com proctite (inflamação mucosa reto)
-A DC ativa caracteriza-se por inflamação focal e apresentam:
formação de trajetos fistulosos que desaparecem
• Liberam sangue vivo nas fezes ou secreção
graças à fibrose e ao estreitamento do intestino.
mucosanguinolenta.
- A parede intestinal sofre espessamento e torna-se • Referem também tenesmo.
estreitada e fibrótica, resultando em obstruções • Trânsito intestinal distal alterado, podendo
intestinais crônicas e recorrentes. As projeções do causar constipação.
mesentério espessado circundam o intestino (“gordura
-Quando a doença se estende além do reto
rastejante”), e a inflamação serosa e mesentérica
facilita o surgimento de aderências e a formação de • o sangue vem misturado as fezes ou pode
fístulas observar diarreia sanguinolenta.
Everaldo leite 11

• A motilidade colônica é alterada com transito negativo para bactérias, toxina de C. difficile bem como
rápido na parte inflamada. ovos e parasitos; aspecto sigmoidoscópico (ver Fig.
17.4A); e histologia dos espécimes de biópsias retal ou
-Quando a doença é grave:
colônica.
• os pacientes eliminam fezes líquidas que -A sigmoidoscopia (vai ate o reto) é usada antes do
contêm sangue, pus e material fecal. tratamento para avaliar a atividade da doença. A
-Com frequência, a diarreia é noturna e/ou pós- colonoscopia (Vai ate o seco- precisa de sedação) é
prandial. usada para saber a extensão e atividade da doença, ela
é usada quando o paciente não está tendo uma
-Apesar de a dor intensa não ser um sintoma atividade aguda da doença.
proeminente, alguns pacientes com doença ativa
podem experimentar desconforto vago no baixo ventre -A doença leve: ao exame endoscópico caracteriza-se
ou ligeira cólica abdominal central. por eritema, diminuição do padrão vascular e
friabilidade discreta.
-Cólica e dor abdominal intensas podem ocorrer nas
crises mais graves da doença. -A doença moderada: caracteriza-se por eritema
acentuado, ausência de padrão vascular, friabilidade e
-Outros sintomas na doença moderada a grave incluem erosões
anorexia, náuseas, vômitos, febre e redução ponderai.
-A doença grave; por sangramento espontâneo e
-Os sinais físicos da proctite são: Canal anal ulcerações.
hipersensível e presença de sangue no exame retal.
-As características histológicas se modificam mais
-Na doença mais extensa, quando atinge o colo, o lentamente que as clínicas, porém também podem ser
paciente pode apresentar dor a palpação direta do usadas para classificar a atividade da doença.
colo.
-A alteração radiográfica mais precoce da RCU,
visualizada no enema baritado,:

• É uma delicada granularidade mucosa.

-Com o aumento progressivo da gravidade, a mucosa


torna-se espessada, e acabam sendo visualizadas
úlceras superficiais.

-As ulcerações profundas podem aparecer como


úlceras tipo “botão de camisa”, as quais indicam que a
ulceração penetrou na mucosa.
-Características laboratoriais, endoscópicas e
radiográficas: -As pregas haustrais podem ser normais na doença leve
- porém, à medida que a atividade progride, tornam-se
-Na doença ativa pode apresentar: edemaciadas e espessadas. Pode ocorrer o
desaparecimento das haustrações, especialmente nos
• Elevação PCR
pacientes com a doença de longa duração.
• Elevação contagem de plaquetas
• Elevação velocidade hemossedimentação -Além disso, o colo fica encurtado e estreitado. Os
(VHS): VHS alto indica inflamação pólipos no colo podem ser pólipos ou pseudopólipos
• Redução hemoglobina pós--inflamatórios, pólipos adenomatosos ou
• Albumina baixa: Em pacientes graves carcinoma.

-Proctite raramente eleva o PCR -A TC não é usada para diagnostico.

-Lactoferrina é um potente marcador de infecção -Complicações:


intestinal.
-Hemorragia maciça ocorre em apenas 1% dos
-O diagnóstico baseia-se na história (anamnese) do doentes. Após o tratamento sessa o sangramento.
paciente; nos sintomas clínicos, no exame de fezes
Everaldo leite 12

-Está indicado colectomia (retirada do colo) caso -Essa enterorrafia difere da TC comum, pois a mesma é
paciente precise de 6 a 8 unidades de sangue em um usada para fins de identificar complicações
período de 48 horas. extraentericas da DC como: Fistulas e abcessos.

-Perfuração é a mais grave das complicações locais, os


sinais de peritonite podem não ser óbvios caso
paciente esteja recebendo corticoides.

-Os estreitamentos benignos podem formar-se a partir


da inflamação e fibrose da RCU, porém os
estreitamentos que não podem ser ultrapassados pelo
endoscópio devem ser considerados malignos até
prova em contrário. Um estreitamento que impede a
introdução do colonoscópio constitui indicação para a
cirurgia.

-Ocasionalmente, os pacientes com RCU desenvolvem


fissuras anais, abscessos perianais ou hemorroidas,
porém a ocorrência de lesões perianais extensas deve
sugerir a existência da doença de Crohn (DC).

-Doença de Cronh:

-Sinais e sintomas:

-A DC se manifesta habitualmente como inflamação


intestinal aguda ou crônica, esse processo inflamatório
pode evoluir formando ulceras estreladas
longitudinais, serpiginosas e lineares.

-A inflamação transmural da DC da origem a um


diâmetro luminal reduzido e distensibilidade reduzida.
Essas ulceras a medida que vão se aprofundando
podem resultar na formação de fistulas.

-O “sinal do barbante” radiográfico representa longas


áreas de inflamação e fibrose circunferenciais,
resultando em longos segmentos de estreitamento
luminal. A natureza segmentar da DC resulta em
extensas lacunas de intestino normal ou dilatado entre
os segmentos afetados.

-A enterografia TC combina a resolução espacial e


temporal aprimorada da TC realizada com múltiplas
fileiras de detectores com os grandes volumes de
material de contraste entérico neutro ingerido a fim de
permitir a visualização de todo o intestino delgado e de
seu lúmen. Esse método reproduz claramente a
inflamação do intestino delgado associado a DC por
evidenciar um realce mural exarcebado, estratificação
e espessamento; vasos retos ingurgitados, e alteração
inflamatória perienterica. Esse é o teste padão-ouro
para diagnosticar e avaliar complicações
Everaldo leite 13

-Complicações: -Uma vez estabelecido o diagnostico de DII a diferença


entre RCU e DC inicialmente é impossível em 15% dos
-Perfuração causando peritonite, Obstrução intestinal.
casos, e são chamadas de colite indeterminada,
-Marcadores sorológicos: contudo, com a evolução da doença começa a ter as
características e diferenciar a RCU e DC.
-Os pacientes com DC apresentam variações quanto ao
modo de apresentação da doença com passar do -Doença infecciosa, não infecciosas e colite atipicas:
tempo. Alguns pacientes desenvolvem a forma leve e
-As infecções do intestino delgado e colo podem
com medicações permanecem estáveis, outros
simular a DC ou RCU, podendo ser de origem
apresentam forma grave que evolui para complicações
bacteriana, fúngica, oral ou protozoária (Quadro 17.6).
maiores.
-A colite induzida por Campylobacter pode reproduzir
-Esses marcadores são usados para identificar um
o aspecto endoscópico de uma RCU grave e acarretar
melhor prognostico para o paciente, alguns desses
uma recaída da RCU já existente.
marcadores estão relacionados com certo grau e
complicações da doenças e com isso pode prever o que -A Salmonella pode causar diarreia aquosa ou
pode acontecer. sanguinolenta, náuseas e vômitos.

-A Shigellose causa diarreia aquosa, dor abdominal e


febre seguidas por tenesmo retal bem como
eliminação de sangue e muco pelo reto.

-Em geral, as três são autolimitadas, porém 1% dos


pacientes infectados com Salmonella torna-se
portador assintomático.

- A infecção por Yersinia enterocolitica ocorre


principalmente no íleo terminal e acarreta ulceração
mucosa, invasão de neutrófilos e espessamento da
parede ileal.

- Outras infecções bacterianas que podem simular a DII


incluem a infecção por C. difficile, que se manifesta
com diarreia aquosa, tenesmo, náuseas e vômitos; e
por E. coli, três categorias da qual podem causar colite,
tais como a E. coli êntero-hemorrágica, êntero-invasiva
e êntero-aderente, podendo todas elas causar diarreia
sanguinolenta e hipersensibilidade abdominal.

-O diagnóstico de colite bacteriana é feito enviando


amostras de fezes para cultura bacteriana e análise da
toxina do C. difficile. Gonorreia, Chlamydia e sífilis
também podem causar proctite.

-Diagnostico diferencial da RCU e DC:

-Ambas possuem características semelhantes a outras


doenças e entre si. Na ausência de exames
complementares utiliza característica das doenças.
Everaldo leite 14

anos antes do início dos sintomas intestinais, ter uma


evolução independente da doença intestinal,
responder precariamente a colectomia e manifestar-se
mesmo anos após a procto- lectomia. Está associado
habitualmente a doença grave.

-Reumatologicas:

-A artrite periférica se instala em 15 a 20% dos


pacientes com DII, é mais comum na DC e piora com as
exacerbações da atividade intestinal. É assimétrica,
poliarticular e migratória, bem como, com demasiada
frequência, afeta as grandes articulações das
extremidades superiores e inferiores. O tratamento
tem por finalidade reduzir a inflamação intestinal, e, na
RCU grave, a colectomia costuma curar a artrite.

-A espondilite anquilosante (EA) ocorre em cerca de


10% dos pacientes com DII, sendo mais comum na DC
que na RCU. Cerca de 33% dos pacientes com DII que
sofrem também de EA expressam o antígeno HLA-B27.
A atividade da EA não está relacionada com a atividade
intestinal e não cede com os glicocorticoides ou a
colectomia. Afeta mais comumente a coluna vertebral
e pelve, produzindo sintomas de lombalgia difusa, dor
nas nádegas e rigidez matinal.

-Oculares:

-A incidência de complicações oculares nos pacientes


com DII é de 1 a 10%. As mais comuns são a
conjuntivite, uveíte anterior/irite e episclerite.
-É preciso saber todos os métodos de exame para • A uveíte está associada tanto à RCU quanto à
diagnosticas essas etiologias diferenciais e seus colite de Crohn, pode ser encontrada durante
respectivos sintomas?. os períodos de remissão e manifestar-se nos
pacientes após ressecção intestinal. Os
-Manifestações extraintestinais:
sintomas consistem em dor ocular, fotofobia,
-Cerca de 1/3 dos pacientes apresentam pelo menos visão embotada e cefaleia. A intervenção
um sintoma extraintestinal. imediata, às vezes com glicocorticoides
sistêmicos, é necessária para prevenir a
-Dermatologica: formação de tecido cicatricial e a deterioração
-O eritema nodoso (EN) ocorre em até 15% dos visual.
pacientes com DC e 10% dos pacientes com RCU. As • A episclerite é um distúrbio benigno que se
lesões do EN são nódulos quentes, vermelhos e manifesta com sintomas de ligeira queimação
hipersensíveis que medem 1 a 5 cm de diâmetro, sendo ocular. Ocorre em 3 a 4% dos pacientes com
encontrados na superfície anterior das pernas, nos DII, mais comumente na colite de Crohn, e é
tornozelos, nas panturrilhas, nas coxas e nos braços. A tratada com glicocorticoides tópicos.
terapia é dirigida à doença intestinal subjacente. Essas -Hepatobiliares:
lesões ocorrem após o inicio dos sintomas intestinais.
-Nos pacientes com a DC e RCU, a esteatose hepática
-O pioderma gangrenoso (PG) é observado em 1 a 12%
pode ser identificada em cerca de metade das biópsias
dos pacientes com RCU e menos comumente na colite hepáticas anormais; os pacientes costumam se
de Crohn. Manifesta-se habitualmente após ter sido apresentar habitualmente com hepatomegalia. O
feito o diagnóstico de DII, porém o PG pode ocorrer
Everaldo leite 15

fígado gorduroso resulta habitualmente de uma fibrinólise prejudicada, acometimento das


combinação de enfermidade debilitante crônica, má microvesículas responsáveis pela produção do fator
nutrição e uso de glicocorticoides. A colelitíase ocorre tecidual, ruptura do sistema normal da coagulação
em 10 a 35% dos pacientes com DC, com ileíte ou pelos autoanticorpos, assim como predisposição
ressecção ileal. A formação de cálculos biliares é genética. Foi também observado amplo espectro de
causada pela má absorção de ácidos biliares, vasculites envolvendo vasos de pequeno, médio e
resultando em depleção do reservatório de sais biliares grande calibre.
e na secreção de bile litogênica.
-Outros distúrbios:
-A colangite esclerosante primária (CEP) é um
-As manifestações cardiopulmonares mais comuns
distúrbio caracterizado por inflamação dos duetos
incluem endocardite, miocardite, pleuropéricardite e
tanto intra-hepáticos quanto extrahepáticos e fibrose,
doença pulmonar intersticial. A amiloidose secundária
levando frequentemente ao desenvolvimento de
ou reativa pode ocorrer nos pacientes com DII de longa
cirrose biliar e insuficiência hepática; cerca de 5% dos
duração, especialmente nos com DC. O material
pacientes com DCU apresentam CEP, porém 50 a 75%
amiloide é depositado sistemicamente, podendo
dos pacientes com CEP sofrem de DII. A CEP ocorre com
causar diarreia, constipação e insuficiência renal. O
menos frequência em pacientes com DC.
tratamento da doença renal com colchicina pode ser
-Urológicas: bem-sucedido. A pancreatite é manifestação
extraintestinal rara da DII e resulta de fístulas
-As complicações geniturinárias mais frequentes são os
duodenais; DC ampular; cálculos biliares; CEP;
cálculos, a obstrução ureteral e as fístulas vesicais
medicamentos, como a 6-mercaptopurina, azatioprina
ileais. A frequência mais alta de nefrolitíase (10 a 20%)
ou, muito raramente, agentes 5-ASA; pancreatite
ocorre nos pacientes com DC após a ressecção do
autoimune; e DC primária do pâncreas.
intestino delgado. Os cálculos de oxalato de cálcio são
secundários à hiperoxalúria, que resulta do aumento -Tratamento de DII:
da absorção de oxalato dietético. Normalmente, o
cálcio dietético combina-se com o oxalato luminal para -Agente 5-ASA: (Sulfassalazina- Efeito anti-
formar oxalato de cálcio insolúvel, eliminado nas fezes. inflamatorio e antibiotico) É usado para remissão de
Porém, nos pacientes com disfunção ileal, os ácidos RCU. Não tem função na remissão de DC.
graxos não absorvidos fixam o cálcio e deixam livre o -Trata casos de leve a moderado de RCU, contudo, não
oxalato. O oxalato livre é levado, a seguir, até o colo, a é muito usado devido seus efeitos colaterais.
partir do qual será absorvido prontamente,
especialmente na presença de inflamação. -Esse fármaco pode atrapalhar produção do folato,
motivo o qual leva a suplementação para os pacientes.
-Distúrbio ósseo e metabólico:
-A evidência mais convincente para o uso da
-Uma massa óssea baixa é observada em 3 a 30% dos sulfassalazina é o tratamento da doença de Crohn ativa
pacientes com DII, sendo o risco aumentado por que acomete o colo.
glicocorticoides, ciclosporina, me- totrexato e nutrição
parenteral total (NPT). Má absorção e inflamação -A sulfassalazina foi desenvolvida originalmente para
mediadas por IL-1, IL-6, TNF e outros mediadores levar tanto a terapia antibacteriana (sulfapiridina)
inflamatórios também contribuem para a densidade quanto anti-inflamatória (5-ASA). Esse fármaco é
óssea mais baixa. Foi observada maior incidência de absorvido no intestino grosso, A estrutura molecular
fraturas do quadril, coluna vertebral, punho e costelas: proporciona um sistema de fornecimento conveniente
36% na DC e 45% na RCU. ao colo por permitir que a molécula intacta passe por
meio do intestino delgado após sua absorção apenas
-Distúrbio tromboembólico: parcial, e que seja desintegrada no colo pelas
-Os pacientes com DII correm maior risco de trombose redutases azo bacterianas que clivam a ligação azo que
tanto venosa quanto arterial mesmo quando a doença une os componentes sulfa e 5-ASA.
não é ativa. Os fatores responsáveis pelo estado -O nome químico da Sulfassalazina é ácido 5-[[ p-(2-
hipercoagulável consistem em anormalidades da piridilsulfamoil) fenil]azo] salicílico e seu modo de ação
interação plaquetário-endotelial, hiper- não está completamente elucidado, mas parece estar
homocisteinemia, alterações na cascata da coagulação, relacionado com suas propriedades anti-inflamatórias
Everaldo leite 16

e imunossupressoras observadas em modelos -Ciclosporina:


experimentais in vitro. Os seguintes mecanismos têm
-A ciclosporina (CSA) é um peptídio lipofíli- co com
sido propostos: inibição da síntese de citocinas,
efeitos inibitórios sobre os sistemas imunes tanto
prostaglandinas e leucotrienos; ação antioxidante;
celular quanto humoral. A CSA bloqueia a produção de
inibição da expansão clonal de populações de linfócitos
IL-2 pelos linfócitos T auxiliares. Une-se à ciclofilina,
B e T patogênicas e redução da adesão e função de
complexo que inibe a calcineurina, enzima fosfatase
leucócitos. A Sulfassalazina é uma pró-droga composta
citoplasmática que participa na ativação das células T.
de ácido 5-aminossalicílico (5-ASA) ligado a –
Inibe também indiretamente a função das células B por
sulfapiridina (SP) por um anel azo. O 5-ASA é
bloquear as células T auxiliares. O início de sua ação é
responsável pela eficácia da Sulfassalazina, enquanto a
mais rápido que para a 6-MP e azatioprina.
SP é responsável pela maioria dos seus eventos
adversos. -Tacrolimo:

-tacrolimo é um antibiótico macrolídio com


propriedades imunomoduladoras semelhantes às da
-Glicocorticoides:
CSA. É 100 vezes mais potente do que a CSA e não
-A maioria dos pacientes com RCU moderada a grave é depende da bile nem da integridade da mucosa para
beneficiada pelos glicocorticoides orais ou parenterais. sua absorção. Devido a essas propriedades
É usado a predinisona. farmacológicas, o tacrolimo apresenta boa absorção
oral, apesar do comprometimento do intestino
-Os glicocorticoides são efetivos também no
delgado proximal pela doença de Crohn.
tratamento da DC moderada a grave e induz a uma taxa
de remissão de 60 a 70%, em comparação com 30% de -Terapias biológicas:
resposta a um placebo.
-A terapia biológica é, com frequência, reservada para
-Antibióticos: pacientes moderada a gravemente enfermos com
doença de Crohn, que não responderam a outros
-Não desempenham qualquer papel no tratamento da
tratamentos. Os pacientes que respondem às terapias
RCU ativa ou quiescente.
biológicas apresentam uma melhora dos sintomas
-O metronidazol é eficaz na DC inflamatória ativa, clínicos, melhor qualidade de vida, menos
fistulosa e perianal, podendo prevenir a recidiva após incapacidade, fadiga e depressão e menor número de
ressecção ileal. cirurgias e hospitalizações.

-Azatioprina e 6-mercaptopurina: • Terapia com anti-TNF: A primeira terapia


biológica aprovada para doença de Crohn foi o
-A azatioprina e a 6-mercap- topurina (6-MP) são infliximabe, um anticorpo IgGl quimérico
análogos das purinas, que são comumente utilizadas dirigido contra o TNF alfa, que atualmente está
no tratamento da DII dependente de glicocorticoides.
aprovado para o tratamento da colite
A azatioprina sofre rápida absorção e é convertida em
ulcerativa moderada a gravemente ativa
6-MP, que é então metabolizada ao produto final ativo,
• Natalizumabe: As integrinas são expressas na
o ácido tioinosínico, um inibidor da síntese de
superfície dos leucócitos e atuam como
ribonucleotídios de purinas e da proliferação celular.
mediadores de adesão dos leucócitos ao
Esses agentes também inibem a resposta imune.
endotélio vascular. A integrina alfa4 (a4),
-Metotrexaco: juntamente com a sua subunidade betai ((31)
ou beta7 ((37), interage com ligantes endo-
-O metotrexato (MTX) inibe a diidrofolato reduta- se, teliais, denominados moléculas de adesão ou
resultando em menor síntese do DNA. As outras adressinas vasculares. A interação entre a4(37
propriedades anti-inflamatórias podem estar e a molécula de adesão celular adres- sina da
relacionadas com menor produção de IL-1. O MTX mucosa (MAdCAM-1) é importante na
intramuscular (IM) ou o subcutâneo (SC) (25 mg/ migração dos linfócitos até a mucosa intestinal.
semana) conseguem induzir a uma remissão e
permitem reduzir a dose de glicocorticoide; 15 -Terapias em desenvolvimento:
mg/semana são efetivos na manutenção da redução na
DC ativa.
Everaldo leite 17

-Outras terapias que atualmente estão em fase de -Suspeita que o paciente ta com DII pede 4 grupo de
desenvolvimento incluem anticorpos monoclonais exames:
contra a IL-12 e a IL-23. AIL-12, derivado de células
• Laboratorio: PCR,VSH (Avaliar a inflamação),
apresentadoras de antígenos intestinais, inicia a
Hemograma
inflamação mediada por TH1. A IL-23 é uma citocina
composta de uma subunidade pl9 singular, juntamente • Biomarcadores: Calprotetica (alto preditivo
com a subunidade p40 da IL-12, que também está su- negativo) e Lactoferrina.
prarregulada na mucosa da DC e que promove as • Endoscopia: Colonoscopia
células TH1 e inibe as células T reguladoras. • Radiologico: Entero-tc

-Terapias nutricionais: -Diagnostico diferencial: Deve perguntar a pacientes


com suspeita de crohn:
-Os antígenos dietéticos podem estimular a resposta
imune da mucosa. Os pacientes com DC ativa • Se já teve tuberculose: A tuberculose pode
respondem ao repouso intestinal, juntamente com apresentar no intestino como granulomas
NPT. O repouso intestinal e a NPT. O repouso intestinal caseosos, que pode ser confundido com DC
e a NPT são tão efetivos quanto os glicocorticoides para • Colite pseudomembranosa: Perguntar se o
induzir a remissão da DC ativa, porém não são tão paciente fez uso recente de ATB.
eficazes como terapia de manutenção. A nutrição • HIV: imunossuprimidos podem apresentar
enteral, na forma de preparados elementares ou a base com infecções que tem semelhança com DC.
de peptídios, também é tão efetiva quanto os • Colite isquêmica: Pacientes idosos com risco
glicocorticoides ou a NPT, porém essas dietas não são de aterosclerose.
saborosas. • Paciente em uso de AINES.

-Terapia cirúrgica: -Para tratar o paciente tem que levar em consideração


a classificação da doença (extensão, Gravidade,
Prognostico)

-Para RCU usa a classificação de montreal para avaliar


a extensão

-Referencia: Harisson (154-171).

-RCU gravidade usa o escore de truelove


-Curiosidades em vídeos de youtube.

-As DII são caracterizadas por surtos de remissão e


exacerbação.

-DC atinge mais o íleo terminal e colo direito.

-Doença perianal é característica de crohn visto que a


RCU não atinge o anus, somente o reto e colon.

-Pacientes tem hipercoagubilidade com risco de TEP.


Everaldo leite 18

-Manifestações clinicas em DC vai depender da área


afetada. Ex: Se atingir o jejuno (maior absorção) o
paciente vai ter diarreia.

-Em sangramento, como o sangue é um agente


irritativo e osmótico causa uma diarreia, que servo
como forma de mecanismo para remover esse agente
irritativo.
-DC classificação de montreal para saber extensão
-Fibrose: Tecido regride, ou seja, fica menor, ocorre no
achada clássico da DC endocopico que seria o padão de
calçamento, onde as ´´pedras´´ seria o tecido normal e
ao redor o tecido fibrosado.

-Dc faz ulceras, a RCU para fazer ulceras tem que ser
muito grave.

-Tratamento DC:

• Fase aguda: Sulfassalazina


• Glicocorticoides em DC grave: Usa em uma
fase aguda, após remissão do surto suspender
essa medicação.
-O objetivo do tratamento seria a remissão clinica e • Metronidazol/ciprofloxacino: Uso máximo de
endoscópica. ate 4 meses, previne infecções, indicado em
casos de fistulas e abcessos para prevenir
-Medicamentos: infecção. Quando vai entrar com corticoides,
• Derivados de 5-asa como a imunidade ´´baixa´´ usa antes esses
• Corticoesteroides: utiliza em casos de ATB para prevenir infecções oportunistas.
exacerbação -RCU: Lesões localizadas na mucosa e submucosa (não
• Imunosupressores: Azatiopirina causa fistulas)
• Terapia biológica: pacientes graves
-Pacientes diagnosticados com RCu tem que rastrear
-Os corticoides são suspensos ao passar quadro agudo. Câncer colorretal
-Tabela de tratamento: -Tratamento RCU:

• 1º: Aminossalicilato (suldassalazina): usado na


fase aguda e manutenção
• 2º Imunosupressores ( Azatiopina): Usado em
pacientes cuso não tiveram uma melhora
apenas com Sulfassalazina
• 3º: Glicocorticoides: Usa em casos refratários a
5-ASA, e em pacientes cujo não teve resposta
ao 1º e 2º tratamento, então paciente é
internado e faz uso dos 3 tratamentos juntops.
APG04
Everaldo Leite 1

Protozoários com transmissão hídrica (Giardia, -O ciclo se completa quando os Trofozoítos sofrem um
Amebíase, toxoplasmose, Cólera) encistamento (principalmente no Íleo) e são
exteriorizados por meio das fezes.

-Alguns fatores que contribuem para o encistamento:


-Giardíase: (Giárdia lamblia)
Ph intestinal, ácido biliar.
-E ardia é o principal parasito encontrado na -OBS: Esses cistos nas fezes podem permanecer viáveis
população, sendo a causa mais frequente de surtos por alguns meses em condições favoráveis como
epidêmicos de diarreia associados à água para temperatura e umidade.
consumo.
-É importante destacar que, além da resistência às
-Morfologia: condições ambientais, os cistos resistem à ação de
-Do ponto de vista estrutural, Giardia é um organismo desinferantes químicos, inclusive ao cloro empregado
simples que apresenta algumas características básicas nas estações de tratamento de água. Diante disso, os
das células eucariotas como a presença de núcleos cistos de Giardia cassaram a ser uma preocupação a
delimitados por uma membrana (carioteca) que está mais para os centros de abastecimento público de água
ligada ao retículo endoplasmático, um citoesqueleto
complexo e composto por microtúbulos e a presença
de estruturas semelhantes a vacúolos lisossômicos.

- Por sua vez, neste protozoário estão ausentes


organelas típicas dos eucariotas como mitocôndria,
peroxissomos e um complexo de Golgi característico.

-A Giárdia é encontrada em 2 formas:

• Trofozoito
• Cisto

-O Trofozoito seria a forma encontrada no Intestino


Delgado, causando as manifestações da doença, já o
Cisto é a forma infectante ingerido em água e
alimentos contaminados.

-Ciclo Biológico:

-É um protozoário Monoxeno (necessita apenas de um


hospedeiro) de ciclo direto.

-A forma que infecta o homen é o Cisto, são necessários


poucos Cistos para causar a infecção (10-100).
-Transmissão:
-Ao ingerir o Cisto, ele passa por um processo de
desencistamento que inicia no meio acido do -Ora-fecal (pelas mãos, principalmente em creche), a
estomago e completa-se no Duodeno e jejuno. principal via de transmissão é a agua, por uma via
direta ou indireta (alimentos contaminados).
-Esse cisto maduro libera uma forma chamada
Excitozoito. Há evidencias que o excitozoito sofre -Imunidade:
divisão nuclear sem duplicar material genético e em -Estudos evidencias desenvolvimento de imunidade
seguida este organismo divide-se formando 4 contra a giárdia, contudo, não se sabe como esse
Trofozoíto binucleado. Esses sofrem replicação por protozoário consegue vencer essa imunidade.
divisão binaria, aderindo a mucosa intestinal por meio
do Disco Adesivo. -Essa resposta não está bem compreendida, contudo
ela é evidenciada a partir de algumas achados:

1. Infecção é autolimitada;
Everaldo Leite 2

2. Presença de anticorpos específicos contra a entre cepas de Giardia, que podem estar relacionadas
Giárdia; com a virulência e com a patogenicidade do parasito.
3. Participação de monócitos citotóxicos na
-Estudos recentes reúnem evidências de que a
modulação da resposta imune;
recorrência da giardíase e as infecções crônicas podem
4. Maior suscetibilidade de
estar associadas à variação antigênica do parasito
imunocomprometidos a infecção;
(Giárdia troca seu antígeno como mecanismo de
5. Ocorre infecção crônica em animais tratados
escape).
com drogas que deprimem atividade humoral.
-Sintomatologia:
-No que se refere à resposta imune específica,
mecanismos humorais e celulares atuam diretamente -As manifestações podem se apresentar de diversas
no controle da infecção. Anticorpos IgG, IgM e IgA anti- formas, existem pacientes assintomáticos (maioria) e
Giardia têm sido detectados no soro de indivíduos com sintomáticos, os quais apresentam:
giardíase, no entanto, o papel destes anticorpos na
imunidade protetora ainda não foi totalmente • Diarreia aguda e autolimitada ou persistente
elucidado. • Má absorção, perda de peso

-Além dos anticorpos circulantes, estudos têm -De acordo com observações clínicas, em 50% dos
demonstrado a participação de IgA secretora (Do indivíduos a infecção é resolvida de forma espontânea;
GALT) na resposta imune que é induzida na mucosa em 5 a 15% a infecção é assintomática e o indivíduo
intestinal. A função exata de IgA na resposta imune pode eliminar cistos nas fezes por um período de até 6
local ainda não é bem conhecida, mas evidências meses, enquanto um grupo menor pode apresentar
sugerem que este anticorpo é capaz de reconhecer sintomas decorrentes de uma infecção aguda crônica.
proteínas presentes no disco adesivo dos trofozoítos -Na primo-infecção dependendo o número de cistos o
e assim, interferir na capacidade de adesão do indivíduo pode apresentar:
parasito à superfície das células do epitélio intestinal.
• Diarreia aquosa, explosiva, odor fétido;
-Na infecção humana, a deficiência de IgA secretora • Gases com distensão e dor abdominal;
pode ser responsável pela cronicidade da infecção.
• Muco e sangue (raramente).
-A participação da imunidade celular tem sido
-Essa forma aguda dura poucos dias e pode ser
evidenciada, devido alguns achados:
confundida com infecções virais e bacterianas.
• Somente animais que conseguem fazer uma -Fase crônica; os sintomas duram alguns anos e podem
resposta linfoproliferativa conseguem evoluir apresentar-se como diarreia continua, intermitente ou
para cura; esporádica.
• Aumento na relação T auxiliar/supressor na
lamina Própria no Jejuno de camundongos na -Em crianças podem apresentar-se com esteatorreia,
fase de cura; perda de peso e má absorção.

-Depleção de Tcd4+ pode levar a persistência da -Principais complicações: Má absorção de gordura e


inflamação e aumento excreção de cistos nas fezes. nutrientes, como: Vitaminas lipossolúveis (KEDA), b12,
ferro e lactose. Essas condições raramente causam
-Além da imunidade específica, mecanismos inatos de danos graves a adultos, já em crianças podem afetar o
defesa também participam do controle da infecção. desenvolvimento físico e cognitivo.
Dentre as barreiras naturais presentes no intestino
delgado, a camada de muco que protege o epitélio -Sem febre!!!
contra a ação das enzimas digestivas dificulta a adesão
-Patogenia:
dos trofozoítos a mucosa, e assim interfere no
estabelecimento da infecção. -Não se sabe ao exato como esse protozoário causa os
sintomas, alguns fatores interagem para determinar o
-A resposta adaptativa se da pelo reconhecimento de
grau de acometimento, como: Relacionado com o
antígenos específicos do Trofozoíto. O conhecimento
parasita (cepa, carga) relacionado com o Hospedeiro
desses antígenos tem revelado diferenças antigênicas
(Dieta, Ph intestinal, Resposta imune, Estado
nutricional)
Everaldo Leite 3

-A Giárdia pode causar alterações morfológicas e (furazolidona), dos corantes de acridina, dos
Fisiológicas do epitélio intestinal sem que haja invasão benzimidazóis (albendazol) e, mais recentemente, dos
tissular e celular. 5-nitrotiazóis. Muito embora estas drogas apresentem
altas taxas de cura, o tratamento ainda exibe
-É encontrado em biopsia de indivíduos infectados uma
inconvenientes associados à alta incidência de efeitos
atrofia das microvilosidades.
colaterais, sobretudo para as crianças que, com
-A explicação para essas alteração na morfológicas e frequência, devido às reinfecções, necessitam ser
funcionais do epitélio intestinal destacam-se a resposta tratadas várias vezes.
imune do hospedeiro em virtude da infecção.
-O Metronidazol (É um nitroimidazolico) apresenta
-Alguns estudos tentam mostrar a relação de toxinas gosto metálico e runia marro (normal). Não deve ser
produzidas pela Giardia com essa alteração epitelial usado em conjunto com álcool, pois apresenta o efeito
intestinal. dissulfiram (rubor facial, convulsões)

-Além disso, tem sido sugerido que as alterações na -Epidemiolgia:


mucosa, também, poderiam ser devidas a um processo
-É a mais comum das parasitoses.
inflamatório local desencadeado em resposta a estes
produtos de excreção/ secreção, uma vez que entre as -Amebíase: Entamoeba Histolytica
proteínas liberadas pelos trofozoítos estão antígenos
relevantes do parasito.

-Diagnostico: -É considerado a segunda maior causa de morte entre


as parasitoses.
-Clinico: Em crianças de 8 a 12 anos a sintomatologia
mais dominante é: -Todas as Entamoeba vivem no intestino grosso de
humanos.
• Diarreia com esteatorreia;
-Biologia:
• Irritabilidade;
• Insônia; -Os Trofozoítos (Anaerobios) da E. histolytica
• Náusea e vomito normalmente vivem na luz no intestino grosso
• Dor abdominal podendo, ocasionalmente, penetrar na mucosa e
• Hiporexia (com ou sem emagrecimento) produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do
organismo, como fígado, pulmão, rim e, mais.
-A comprovação é feita pelos exames laboratoriais.
-A Ameba é hábil a consumir oxigênio, se locomove
-Laboratorial:
através de pseudópodes e a alimentação é através da
• Parasitológico: É tentado identificar cistos ou fagocitose (Hemácia, Bactéria ou resto celular) ou por
trofozoítos nas fezes. Padão-ouro. pinocitose (partículas liquidas). A multiplicação se da
-Alguns fatores podem interferir no resultado por divisão binaria dos trofozoítos.
desse exame como aspecto e consistência das
- Ciclo Biológico:
fezes.
• Imunológico: Os métodos imunológicos mais -Tem um ciclo monóxeno, seu ciclo inclui várias fases:
empregados são a imunofluorescência indireta
• Cisto→ Metacisto→ Trofozoito→ Pré-cisto→
e o método ELISA. A detecção de anticorpos
Cisto
anti-Giardia no soro tem apresentado
problemas relacionados com a ocorrência de -O ciclo começa quando o humano ingere através de
falso-positivos e baixas sensibilidade e água ou alimentos contaminados com água contendo
especificidade. Cistos maduros.
-Tratamento: -Cisto é a forma infectante.
-Atualmente, as principais drogas empregadas no
tratamento da infecção incluem compostos derivados
dos 5-nitroimidazóis (metronidazol padão-ouro,
tinidazol, omidazol, secnidazol), dos nitrofuranos
Everaldo Leite 4

-Ao ingerir o cisto, ele sobrevive ao ambiente acido do -Ciclo patogênicos:


estomago, logo no final do Delgado ou início do grosso -Algum fator ainda não conhecido, o equilíbrio
sofre desencistamento com saída do Metacisto, a parasita-hospedeiro é rompido e os Trofozoítos
seguir, o Matacisto sobre divisão citoplasmatica e invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se
nuclear, formando 8 Trofozoitos metacisticos, esses ativamente no interior das úlceras e podem, através da
trofozoítos migram para o intestino grosso onde ficam circulação porta, atingir outros órgãos, como o fígado
aderidos a mucosa vivendo como comensal, algum e, posteriormente, o pulmão, o rim, o cérebro ou a
fator desconhecido influencia seu desprendimento pele, causando amebíase extraintestinal. O trofozoíto
para luz intestinal, principalmente no colón, e logo o presente nestas úlceras é denominado forma invasiva
trofozoíto sofre desidratação, liberação de substancias ou virulenta.
nutritivas presente no seu citoplasma, transformando-
se em Pré-cisto, em seguida secreta uma membrana -Patogenia e Virulencia:
cística, tornando-se Cisto (inicialmente mononuclear),
-Os pacientes podem ou não apresentar manifestações
a seguir sofrem mais divisão e esses cistos
clinicas.
mononucleares tornam-se tetranucleados que são
eliminados nas fezes. -Não se sabe explicar o potencial patogênico desse
protozoário, visto que de comensal para a adquirir uma
-Esses cistos normalmente não são encontrados nas
forma invasiva. Este fato parece estar diretamente
fezes liquefeitas ou disentéricas.
ligado à natureza de fatores que determinam a
virulência do parasito, principalmente o que faz muda-
lo de um tipo comensal para um agressivo, invasor.
Parece que o início da invasão amebiana é resultante
da ruptura ou quebra do equilíbrio parasito-
hospedeiro, em favor do parasito. São inúmeros os
fatores ligados ao hospedeiro: localização geográfica,
sexo, idade, resposta imune, estado nutricional, dieta,
alcoolismo, clima e hábitos sexuais.

-Dentre os fatores diretamente ligados ao meio onde


as amebas vivem, destaca-se a microbiota bacteriana
Everaldo Leite 5

associada. Determinadas bactérias, principalmente -Essas ulceras podem atingir toda parede do Intestino
anaeróbicas, são capazes de potencializar a virulência grosso, tendo como uma das complicações a
de cepas de E. histolytica, cujos mecanismos perfuração.
envolvidos nesta interação são ainda especulativos.
-Ocasionalmente os trofozoítos podem levar uma
Dentre estas bactérias encontram-se várias cepas de
reação inflamatória proliferativa, com formação de
Escherichia coli, Salmonella, Shiguela, Enterobacter e
uma massa Granulomatosa, chamada de Ameboma.
Clostridium. Outros fatores, como o colesterol,
passagens sucessivas em diversos hospedeiros ou -As amebas podem penetrar nos vasos sanguíneos e,
reinfecções sucessivas, podem aumentar a sua através da circulação porta, atingir primeiramente o
virulência. fígado, que é o principal órgão com acometimento
extraintestinal, formando “abscessos” ou, mais
-Com relação ao parasito, sabe-se que a evolução da
propriamente, necrose coliquativa. Podem também
patogenia ocorre após a invasão dos tecidos pelos
atingir o pulmão e mais raramente o cérebro.
trofozoítos invasivos e virulentos.
-Manifestações clinicas:
-Esta adesão parece estar mediada por lectinas
contidas na superfície das amebas, sendo auxiliadas -Varias são as formas para classificar as manifestações
por formações filopódicas que ampliam a adesão, logo causado pela Amebiase:
seguida pela fagocitose. Então primeiro tem a adesão
ao tecido logo a fagocitose. • Forma assintomática;
• Forma sintomática;
-A lectina Gal/GalNac se destaca na adesão da ameba • Amebiase intestinal;
à célula-alvo. Uma vez vencida a barreira epitelial, os • Amebiase extraintestinal;
movimentos ameboides e a liberação de enzimas
proteolíticas (hialuronidases, proteases e -O período de incubação pode variar, chagando a anos,
mucopolissacaridases) favorecem a progressão e a no entanto o mais comum são 2 a 4 semanas.
destruição dos tecidos (se passou da barreira epitelial, -Amebiase intestinal:
a ameba se encontra na lâmina própria). Dentre as
muitas enzimas produzidas por E. histolytica, as • Forma assintomática: Ate 90% das infecções
cisteíno proteases constituem importantes efetoras da são assintomáticas, sendo diagnosticadas
lesão tecidual. através da presença de cisto nas fezes.
• Forma sintomática:
-Outra ferramenta usada pela E. histolytica para
➢ Diarreia: É a mais frequente, se
lesionar os tecidos são os amebaporos, induzindo
manifesta com 2-4 evacuações
apoptose e lise osmótica da célula-alvo.
diarreicas ou não por dia, com fezes
-Há evidencias que a ameba tenha dificuldade de moles ou pastosas podendo conter
penetrar na mucosa normal (intacta), havendo muco. Raramente causa febre.
indicações que a penetração inicie nas regiões ➢ Forma disentérica: Aparece de modo
intraglandulares. agudo, podendo apresentar muco
e/ou sangue, cólica, tenesmo, náusea,
-Ao invadir a mucosa, os trofozoítos começam a vomito, calafrio e febre. 8-10
replicar e prosseguem penetrando sobre a forma de evacuações por dia.
microulceração em direção a túnica mucosa, sem -Nos casos mais graves observam-se
reação inflamatória. inúmeras evacuações
-Na submucosa, as amebas podem progredir em todas mucossanguinolentas, febre elevada
as direções, determinando inicialmente a típica e persistente, prostração, dor
ulceração chamada “botão de camisa” ou “colo de abdominal e grave desidratação. Ao
garrafa” (Figura 15.'7A). Estas são resultado da necrose exame físico pode-se encontrar além
liquefativa produzida inicialmente pelas amebas, de distensão abdominal e
podendo haver invasão bacteriana secundária, hepatomegalia, sinais de irritação
agravando a lesão. As lesões amebianas são mais peritoneal, ou seja, abdome agudo,
frequentes no ceco e na região retossigmoidiana. que pode ser devido à perfuração
Everaldo Leite 6

intestinal, esse tipo mais grave pois muitas vezes a cromatina e o cariossoma ficam
acometem principalmente crianças de mais grosseiros.
baixa idade, gravidas e
➢ Fezes liquefeitas: O exame a fresco das fezes
imunocomprometidos (ou em uso de
deve ser feito tão logo ela seja emitida, após
corticoides).
no máximo, 20 a 30 minutos, pois tem como
-Amebiase extraintestinal: objetivo o encontro dos trofozoítos. O
diagnóstico diferencial baseia-se
-E. histolytica pode se localizar em qualquer parte do
principalmente no movimento, na
corpo, tal como pulmões, cérebro, trato geniturinário
diferenciação citoplasmática (ecto e
e figado, sendo este último o mais frequente.
endoplasma) e na presença de hemácias
-Abscesso amebiano do fígado (Figura 15.7B) é a forma fagocitadas.
mais comum da amebíase extraintestinaí. Pode ser ➢ Fezes formadas: Nas fezes formadas ou
encontrado em todas as faixas etárias, com normais, o diagnóstico laboratorial é feito pelo
predominância em adultos entre 20 e 60 anos, e é mais encontro dos cistos, utilizando-se técnicas de
frequente nos homens. concentração

-Os sintomas associados ao abscesso amebiano podem -Diagnostico imunológico:


se iniciar de modo agudo ou gradual, mas com piora
-Os métodos sorológicos estão sendo cada vez mais
progressiva. As principais manifestações clínicas são
empregados, principalmente na amebíase
representadas pela tríade composta por dor, febre e
extraintestinal. Os métodos mais utilizados são: ELISA,
hepatomegalia. A dor se localiza no quadrante superior
imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta,
direito do abdome, podendo estar acompanhada de
além da contraimunoeletroforese.
febre intermitente e irregular, variando de 38°C a 40°C,
com calafrio ou não, além de anorexia e perda de peso. -Na amebíase extraintestinal, e principalmente no caso
de abscesso hepático, em que os exames de fezes
-Diagnostico:
podem ser negativos, os exames sorológicos podem
-Diagnostico Clinico: detectar cerca de 95% dos casos.

-Devido os pacientes apresentarem sintomas comuns a -Esse exame sorológico é usado como método de
outras infecções, o diagnostico só pode ser fechado diagnóstico do Abcesso hepático.
após achados laboratoriais de cistos nas fezes.
-Esse exame pode apresentar títulos por anos mesmos
-No caso de abcessos hepáticos, além da tríade de após o tratamento.
sintomas, o Raio-x e TC podem funcionar como
-Geralmente dão resultado negativo nos casos
diagnostico.
assintomáticos. Por outro lado, são importantes na
-A associação do abscesso hepático amebiano com a distinção entre amebíase invasiva e não invasiva.
amebíase intestinal, para um possível diagnóstico, nem
-Outros exames:
sempre é correspondida, pois somente 20% dos
pacientes com abscesso hepático amebiano têm A retossigmoidoscopia é um importante método na
retocolites com amebas nas fezes. visualização das ulcerações, possibilitando a
identificação do agente etiológico obtido do material
-Diagnostico Laboratorial:
das lesões. Radiografias, tomografias,
-Exame de fezes é o mais usado, tem como objetivo ultrassonografias e ressonância magnética constituem
encontrar cistos e trofozoítos nas fezes. métodos de diagnóstico auxiliares que podem
identificar a localização, o número e o tamanho dos
-A verificação do aspecto e da consistência das fezes é abscessos, como também podem distingui-los de
muito importante, principalmente se ela é disentérica outras etiopatologias.
e contém muco e sangue. A utilização de fezes
liquefeitas após o uso de purgativos (fezes purgadas) é
frequente e, em muitos casos, aumenta a positividade
dos exames. Nas fezes purgadas, o diagnóstico
diferencial entre os trofozoítos é um pouco dificultado,
Everaldo Leite 7

-Derivados imidazólicos: estão incluídos neste grupo os


amebicidas mais efetivos e mais usados: metronidazol
(padrão-ouro), omidazol, secnidazol e tinidazol.

-Tratamento:

-Os medicamentos utilizados no tratamento da


amebíase podem ser divididos em três grupos:

1. Amebicidas que atuam diretamente na luz


intestinal.
2. Amebicidas tissulares.
3. Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal
quanto nos tecidos.

-Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal:

- São os que têm uma ação direta e por contato sobre


E. histolytica aderida à parede ou na luz do intestino.
Neste grupo estão relacionados:

•Derivados da quinoleína, diiodo-


hidroxiquinoleína, iodocloro-hidroxiquinoleína
e cloridroxiquinoleína.

• Antibióticos: paramomicina e eritromicina.


-Referencia: Devid neves (pag 150-163), Site
•Outros derivados: furoato de diloxamina, (https://pt.slideshare.net/Betulino/aula-2-amebiase)
clorobetamida e clorofenoxamida.

-Amebicidas tissulares:
Toxoplasmose: Toxoplasma Gondii
- Atuam na submucosa do intestino e no fígado. São
compostos de cloridrato de emetina, cloridrato de
diidroemetina e cloroquina, e esta última só atua no -É um parasita intracelular obrigatório.
fígado. A emetina e a diidroemetina são usadas por via
intramuscular; são muito tóxicas e só usadas quando os -Ciclo Biológico:
outros medicamentos não apresentarem bons -O ciclo do T. Godii ocorre em 2 fases:
resultados.
1. Sexuada: nas células intestinais de gatos e
-Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto outros felinos não imunes.
nos tecidos; 2. Assexuada: Em vários tecidos de diversos
-Antibióticos são utilizados isolados ou principalmente hospedeiross: aves, gatos.
em combinações com outros amebicidas: tetraciclinas -Apresentas um ciclo heteróxeno, os gatos são
e seus derivados, clorotetraciclina e oxitetraciclinas; considerados hospedeiros definitivos pois apresentam
eritromicina; espiramicina e paramomicina. um ciclo completo (sexuado e assexuado). O homem é
Everaldo Leite 8

considerado hospedeiro intermediário (incompleto) (intracelular) onde sofrerão divisões sucessivas por
pois apresentam apenas uma fase do ciclo (assexuada). endodiogenia, formando novos taquizoítos (fase
proliferativa), que irão romper a célula parasitada (ou
evadir destas células), liberando novos taquizoítos que
invadirão novas células.

-A disseminação do parasito no organismo é através do


trofozoíto livre ou intracelular, na linfa ou sangue.

-Essa fase proliferativa caracteriza a fase aguda da


doença.

-Logo após essa disseminação o sistema imune entra


em ação diminuindo o numero de taquizoitos.

-Alguns taquizoitos se diferem em bradizoitos e


formam cistos. Logo essa fase cística juntamente com
a diminuição do parasitismo (pelo sistema imune)
caracteriza a fase crônica da doença. Em
imunocomprometido pode ter a remissão dessa
doença.

-Fase sexuada:

-Ocorre somente nas células epiteliais do intestino


delgado dos gatos não imunes.
-Fase assexuada:

-O homem pode adquirir o parasito e desenvolver a -O gato se infecta com as formas: Cisto, Oocito e
fase assexuada, existe algumas formas para se infectar: taquizoito. Após a infecção ocorre a fase sexuada no
seu intestino.
➢ Ingesta de oocitos maduros (esporulados)
contendo esporozoítos encontrado em -Esses parasitos (oocito, cisto e taquizoito) no intestino
alimentos ou água contaminada; do gato se multiplicam formando merozoítos, esse
➢ Ingesta de Cisto contendo bradizoito conjunto de merozoíto dentro do vacúolo parasitoforo
da célula é chamado de Meronte ou esquizonte
encontrado em carne crua ou mal cozinha
(porco e caprino); maduro. Esse meronte se rompe liberando merozoítos
➢ Ingesta de trofozoíto eliminado no leite. Esses que penetram em novas células epiteliais, e se
taquizoitos não resistem ao acido gástrico, transformam nas formas sexuadas masculona e
contudo, os que penetram na mucosa oral feminina.
podem infectar. -Os gamontes que após um processor de maturação
-Oocito, cisto e trofozoitos. formaram os gametas masculinos moveis
(microgameta) e feminino imóvel (macrogameta).
-Cada esporozoíto ou bradizoíto (após diferenciação Esses se juntam formando o zigoto, esse evoluirá
para taquizoíto) sofrerá intensa multiplicação formando um Oocito. A célula epitelial se rompe
intracelular, após rápida passagem pelo epitélio liberando esses Oocitos imaturos, que alcançara o
intestinal e invadirá vários tipos de células do meio ambiente através das fezes.
organismo formando um vacúolo parasitóforo
Everaldo Leite 9

-Os Oocitos imaturos sofrem um processo de de taquizoítos irá diminuir e cessar em função do
maturação quando são liberado junto com as fezes, aparecimento de resposta imune específica.
chamado de esporogonia, após 1 a 5 dias da sua
-Após 10 dias da infecção o taquizoito começa a se
liberação, e apresentara 2 esporocistos, cada um
diferenciar em bradizoito, onde esse começa a se
contendo 4 esporozoitos.
multiplicar dentro do cisto e assim evadir da resposta
-O oocisto, em condições de umidade, temperatura e imunológica e farmacêutica.
local sombreado favorável, é capaz de se manter
-Essa transformação do taquizoito em bradizoito é a
infectante por cerca de 12 a 18 meses.
fase crônica da doença. Pode ocorrer o inverso, que
-Transmissão: seria a remissão da doença, onde o bradizoito torna-se
taquizoito, em pacientes imunocomprometidos.
-Existem 3 formas de ocorrer a infecção em humanos:
-A forma cística contendo bradizoítos contribui para o
1. Ingestão de oocistos presentes em água,
sucesso do Toxoplasma como parasito devido às
verduras mal lavadas, solo, ou disseminados
seguintes características:
mecanicamente por moscas, baratas etc.
2. Ingestão de cistos encontrados em carne crua ➢ o cisto sobrevive à ingestão e à passagem pelo
ou mal cozida, especialmente de porcos ovinos estômago para invadir o intestino delgado;
e caprinos. Os cistos resistem por semanas ao ➢ o cisto é refratário à resposta imune do
frio, mas o congelamento a 0°C ou o hospedeiro e aos medicamentos;
aquecimento acima de 67°C os toma inviáveis ➢ o estado dormente dos bradizoítos dentro do
à infecção. cisto previne o Toxoplasma de causar danos
3. Via transplacentária: Transmite mais no 3º significativos ao hospedeiro, permitindo que o
trimestre de gestação parasito persista de forma benigna;
4. Formas de transmissão mais raramente ➢ os bradizoítos, em cistos teciduais
observadas podem ocorrer pela ingestão de permanecem infectantes, sendo a transmissão
taquizoítos em leite cru de cabra com do parasito realizada pelo consumo de vísceras
toxoplasmose aguda, acidente de laboratório, do hospedeiro pelo predador. (carne crua).
por transplante de órgãos ou transfusão
-Para transmissão transplacentária é necessária que a
sanguinea de indivíduos infectados na fase
gravida esteja na fase água ou na fase de remissão da
proliferativa.
doença.
-Patogenia:
-As alterações ou lesões fetais mais comuns causada
-T. gondii geralmente parasita seus hospedeiros por toxoplasmose na gravidez varia de acordo com o
(definitivo e intermediário), sem produzir sinais tempo de gestação:
clínicos. Apenas em raras ocasiões o parasito causa
➢ 1º Trimestre: Maior risco de aborto
manifestações clínicas graves. Taquizoítos de T. gondii
➢ 2º Trimestre: Aborto ou prematuridade
(livres ou intracelulares) podem disseminar a partir do
(criança pode nascer normal ou com
local da infecção para linfonodos mesentéricos e para
anomalias)
outros órgãos mais distantes através da linfa ou do
➢ 3º Trimestre: Criança pode nascer normal e
sangue.
alguns dias/meses após o nascimento
-Durante essa disseminação poderá ocorrer um quadro apresentar evidencias das doenças. (lesão
polissintomático, cuja gravidade dependerá da ocular, hepatomegalia, edema).
quantidade de formas infectantes adquiridas, do tipo
-Portanto, a toxoplasmose congênita é uma das formas
de cepa do parasito (virulenta ou avirulenta) e da
mais graves da doença, em geral provocando sintomas
suscetibilidade do hospedeiro. Neste ponto, devido a
variados, mas comumente enquadrados dentro da
áreas de necrose causadas em diferentes órgãos pelo
“síndrome de Sabin”, assim caracterizada:
crescimento intracelular de taquizoítos, a evolução da
coriorretinite (90% dos casos), calcificações cerebrais
doença poderá levar até a morte do hospedeiro, o que
(69%), perturbações neurológicos - retardamento
ocorrerá principalmente em fetos ou em indivíduos
psicomotor (60%) e alterações do volume craniano -
com comprometimento imunológico com parasitismo
micro ou macrocefalia (50% dos casos). Outras
de órgãos vitais. Na maioria dos casos, a proliferação
Everaldo Leite 10

possíveis manifestações clínicas são: epilepsia, anemia, -Toxoplasmose em RN:


rash cutâneo, icterícia e encefalite.
O método de escolha é a pesquisa dos anticorpos do
-Toxoplasmose adquirida: ripo IgM no soro do recém-nascido. Esse anticorpo é
incapaz de atravessar a placenta materna (então não
-Ganglionar ou febril aguda: É a forma mais comum.
tem como a mão ter passado pela placenta). Os
Há um comprometimento ganglionar (geral ou não),
anticorpos do tipo IgG atravessam passivamente a
febre alta. Pode ocorrer hepatomegalia, dor
placenta de uma mãe com sorologia positiva. Para
abdominal, mialgia.
comprovar a infecção no recém-nascido utilizando as
-Ocular: Coriorrenite, é consequência de uma infecção reações de RSF, RIFI ou ELISA*, as recomendações são:
aguda onde o taquizoito esta lesando a retina e
• Título de anticorpos IgG no recém-nascido
coroide. Esses taquizoitos podem tornar-se cisto
ser maior que o título da mãe em, pelo menos,
(bradizoito) e ficar crônico, podendo ter remissão.
duas diluições.
-Encefalite: Ocorre normalmente em pacientes com
• Elevação significativa dos títulos de
AIDS. Os parasitos invadem as células nervosas e
anticorpos IgG no recém-nascido em amostras
provocam lesões necróticas focais múltiplas,
sucessivas, coletadas em intervalos de 15 dias.
principalmente no hemisfério cerebral (área
frontoparietal) ou no gânglio basal e cerebelo. Como • Persistência da reação positiva no lactente,
consequência, pode ocorrer cefaleia, febre, anomalias após 6 meses do nascimento. Sabe-se que,
focais manifestando hemiparesia (paralisia) leve até quando há transferência passiva de anticorpos
perda da capacidade de coordenação muscular, IgG matemos para o filho, o título desses
confusão mental, convulsões, letargia, que pode anticorpos no lactente diminuirá
progredir para estupor, coma, até a morte do paciente. significativamente mês a mês.
Em alguns doentes, foram encontradas manifestações
-Toxoplasmose em adultos:
de delírio e alucinação visual.
-Devem realizar testes sorológicos com intervalo de 2-
-Diagnostico:
3 semanas. ELISA
-O diagnóstico da toxoplasmose pode ser clínico ou
-Tratamento:
laboratorial. O diagnóstico clínico não é fácil de
realizar, pois os casos agudos podem apresentar -É um doenças incurável devido presença de cistos no
apenas febre, cansaço e linfadenopatia, evoluindo para hospedeiro.
a forma crônica. A suspeita clinica devera ser
confirmada pelo laboratorial. -O medicamento atua apenas contra a forma
proliferativa (taquizoito).
-Demonstração do parasita:
-É recomendado apenas tratamento de casos agudos
-Utilizadas em raras situações. É utilizada em fases sintomáticos, de gestantes em fase aguda e de
agudas, em amostras colhidas do líquido amniótico ou toxoplasmose ocular ativa, além de tratar pacientes
LCR (Imunodeficientes). A forma encontrada é imunodeficientes com toxoplasmose sintomática.
taquizoito.
-Medicamentos usados são:
-Teste sorológico:
• Aguda sintomática: Pirimetamina +
-O Sorológico é o padrão-ouro. Vai identificar IgM e sulfadiazina.
IgG. • Aguda gestante:
-Imunoensaio enzimático ou teste ELISA: tem se • 1º Trimestre: Espiramicina, manter ate
tornado um dos testes mais utilizados atualmente em o final da gestação, caso feto se
seres humanos, por permitir desde uma simples contamine adicionar; sulfadiazina.
triagem inicial de toxoplasmose até a determinação da • 3º Trimestre: Sulfadiazina +
fase da infecção com alta eficiência. pirimetamina + acido fólico
• Ocular ativa: Anti-inflamatorio (predinisona) +
antiparasitário (pirimetamina) + Sulfadiazina.
Everaldo Leite 11

Políticas de saneamento

-Elemento vital para o fortalecimento da democracia,


as políticas públicas visam assegurar o cumprimento
das necessidades coletivas da população e dialogar
com os interesses da sociedade.

-O saneamento é um conjunto de medidas que busca


preservar as condições do meio ambiente de modo a
prevenir doenças e promover a saúde, com vistas à
melhora da qualidade de vida dos indivíduos

-Contudo, a realidade no Brasil está longe do ideal. Em


2017, segundo estimativas da Organização Mundial da
Saúde (OMS), o país ocupava a 117.ª posição no
ranking de população com acesso ao saneamento
básico. Uma pesquisa realizada pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI) reforça a situação do
cenário brasileiro: 57% das cidades brasileiras, com
delegações para o serviço de esgotamento sanitário,
estão em situação irregular e um total de 1.277 cidades
mantêm contrato para coleta de esgoto, porém não
contam com o serviço.

-Já nos anos 2000, foram criados o Ministério das


Cidades e a Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental, bem como o início de investimentos no
setor por meio do Programa Saneamento para Todos.
Mas foi em 2007 que um dos principais marcos na área
aconteceu: o Congresso Nacional aprovou a Lei
Nacional do Saneamento Básico (Lei 11.445), que
dispunha sobre o planejamento, regulação,
fiscalização, prestação de serviços, entre outros, e
previa a elaboração de um Plano Nacional de
Saneamento. Em 2010 houve o lançamento da Política
Nacional de Resíduos Sólidos e, em 2013, após consulta
pública, o Plano Nacional de Saneamento foi aprovado
por decreto presidencial.
APG05
Everaldo Leite 1

Fisiopatologia dos Helmintos transformam em L4, as quais atravessam a membrana


alveolar e através da arvore brônquica conseguem
atingir a Faringe (podem ser deglutidas ou expelidas
-Estrongiloidiase: Strongyloides stercoralis pela tosse), através da deglutição chegam no estomago
e logo no Intestino Delgado, onde transformam-se em
-LOS Femeas Partenogenéticas, onde depositam poucos
-É um Helmindo da classe dos nematódeo. ovos por dia na mucosa intestinal, esses Ovos maturam
formando as Larvas rabtidoides que vão para luz
-Ciclo Biológico: intestinal e saem nas fezes, colaborando com
diagnostico na microscopia ótica.
-As Fêmeas patogenéticas ficam aderidas a parede
intestinal do Duodeno, mergulhada entre as criptas, -O período pre-patente, que seria o tempo decorrida
nas formas mais graves são encontradas no piloro e do inicio da contaminação pela L3 Filarioide, ate a
intestino grosso. deposição e eclosão dos ovos na luz intestinal são de
15 a 25 dias.
-Apresentam 2 cliclos, ambos monoxenicos:
-Larva L3 Filarioide (Forma infectante)
1. Direto (partenogenético)
2. Indireto (sexuado ou vida livre) -Resumo: A partir da infecção pela pele ou mucosa pela
L3 Filarioide ondem através do ciclo de LOS chegam no
-As femeas podem produzir 3 tipos de ovos, dando
Delgado e nesse local existe a deposição de Ovos que
origem a 3 tipos de larvas rabditoide.
eclodem na luz intestinal formando larvas rabtidoides.
1. Larva Rabditoide que se diferencias em Larva Essas larvas podem formar 3 tipos de Larvas, em casos
filarioide infectante, completando ciclo direto; que as fezes ficam na região perianal por falta de
2. Larva Rabditoide que originam femeas de vida higiene pode existir a diferenciação em Filarioide, que
livre; penetram novamente na pele formando o Ciclo Direto,
3. Larva Rabditoide que se diferenciam em isso seria a auto infecção exogena, já as que saem para
macho de vida livre o solo se diferenciam em macho e femea onde realizam
de forma sexuada a formação da L Essas larvas na luz
-O macho e fêmea de vida livre completam o ciclo
podem ser de 3 tipos, onde a filarioide faz uma
indireto. Essa fase ocorre no solo e precisam de
autoinfecção (ciclo direto) e a forma macho e Feema
algumas condições, como: Temperatura 25 a 30 graus,
de vida livre realizam o ciclo indireto no solo.
arenoso e ausência de luz solar direta.
-Pode existir a autoinfecção endógena, onde no
-No ciclo direto as larvas rabditoides no solo ou pele
intestino as rabtidoides se diferenciam em filarioide L3.
perianal em um período de ate 72 horas se diferenciam
Onde penetram na mucosa e realizam o LOS, nesses
em Larva Filarioide Infectante.
casos mais raros é possível encontrar fêmea
-No ciclo indireto que ocorre no solo, as rabditoides partenogenética nos pulmões.
produzem femea ou macho de vida livre. Esse ciclo de
vida livre só consegue ser completado uma única vez,
visto que, os Ovos formados a partir do acasalamento
das formas livres, uma vez originados a partir desses
ovos, as Larvas Filarioides infectantes, não conseguem
sobreviver muito tempo no ambiente livre no solo,
tendo uma sobrevida nesse local de 4 semanas.

-Ambos os ciclos, Direto e Indireto se completam com


a penetração da larva L3 na pele ou pela mucosa oral,
esofágica ou gástrica do hospedeiro.

-Essa larvas secretam uma metaloprotease que


auxiliam a penetração e migração ate conseguir atingir
a via linfática ou circulação sanguínea, onde vão para o
coração e logo pulmão. No capilar pulmonar se -A autoinfecção interna pode acelerar-se, provocando
a elevação do número de parasitos no intestino e nos
Everaldo Leite 2

pulmões (localizações próprias das larvas), fenômeno -São discretas, ocorrem no local da penetração das
conhecido como hiperinfecção; ou disseminar-se por larvas (pele ou mucosa) e são concentradas ao redor
vários órgãos do paciente, condição conhecida como das larvas que morreram na tentativa de infectar.
forma disseminada. Ambas são consideradas formas
-Já na reinfecção a resposta local é mais exacerbada,
graves, potencialmente fatais, em individuos
tendo:
imunodeprimidos.
• Eritema
-Imunidade:
• Edema
-A infecção no humano pode tomar 3 caminhos: • Prurido
• Pápula hemorrágica e urticaria
1. Erradicação
2. Cronicidade pela autoinfecção -No caso de disseminação é possível encontrar essas
3. Disseminação ou hiperinfecção larvas filarioide no tecido subcutâneo, determinando
um aspecto linear ou serpiginoso urticariforme com
-Imunidade humana não consegue combater a forma
prurido e lesão. É mais comum no Tronco, Nadegas,
L3a (atuoinfecção).
Períneo, Virilha e coxa.
-A defesa inicial contra a L3 são os mastócitos, eles
podem fazer o controle da infecção, de forma direto
(pela sua capacidade de lesar o parasito) e forma
indireta (degranulação de substancias que ativam os
eosinófilos).

-Existem o desenvolvimento do IgG que aparece após


2 semanas da infecção. Também, tem o
desenvolvimento do IgE.

-Em doença disseminada os níveis de IgE permanecem -Pulmonar:


normais.
-Apresenta intensidade variável, porém presente em
-Tem presença de eosinofilia em pacientes todos os indivíduos infectados, caracterizada por tosse,
imunocompetentes com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises
asmatiformes decorrentes das larvas filarioides e,
-As células T são do tipo Th2.
ocasionalmente, de fêmeas, que aí podem alcançar a
-Patogenia e sintomatologia: maturidade, produzindo ovos e larvas rabditoides. A
travessia das larvas do interior dos capilares para os
-O tempo de permanência do parasito no hospedeiro alvéolos provoca hemorragia, infiltrado inflamatório
depende de alguns fatores como: propriedades da constituído de linfócitos e eosinófilos, que podem ser
superfície externa do parasito L3, é muito importante limitados, ou em casos mais graves, provocar
essas caracterizações no parasitológico. broncopneumonia, síndrome de Lõeffler, edema
-A carga parasitaria é importante, pacientes com pulmonar e insuficiência respiratória.
pequeno numero de L3 podem ser assintomáticos ou -Intestinal:
oligosintomaticos, já pacientes com grande carga
parasitaria podem apresentar a forma grave. Existe a -As fêmeas se fixam na mucosa do Duodeno e Jejuno,
ação de fatores extrínsecos (carga parasitaria), fatores limitando-se a zona glandular. Essas femeas
intrínsecos (Vomito facilitando autoinfecção, partenogenéticas, ovos e larvas no Intestino Delgado
alcoolismo, infecção bacteriana associada e ou Grosso, podem determinar a ordem crescente da
imunidade). gravidade.

-As principais alterações da Estrongiloidiase são • Enterite catarral: Parasitos localizam nas
devidas: Ação mecânica, traumática, antigênica, criptas glandulares e ocorre reação
irritativa e toxica. inflamatória leve, com aumento produção de
mucina, com característica reversível.
-Cutânea:
Everaldo Leite 3

• Enterite edematosa: Parasito encontrado em -Método parasitológico ou diretos fundamentam os


todas as túnicas da parede intestinal, achados da forma evolutiva da S. Stercoralis.
ocorrendo reação inflamatória com edema da
-Métodos indiretos: Os imunológicos podem ser
submucosa e desaparecimento do relevo
utilizados, quando positivo realizar pesquisa de
mucoso. Caracterizando má absorção. É
parasito.
reversível.
• Enterite ulcerosa: Parasitos em grandes -Método parasitológico ou diretos:
quantidades causam uma inflamação com
Resultados parasitológicos negativos podem não
eosinofilia intensa; com formação de ulceras,
indicar ausência de infecção.
com invasão bacteriana, que logo é substituída
por tecido fibroso, causando uma rigidez • Exame de fezes: Realiza pesquisa de larvas.
intestinal. É IRREVERSIVEL. Para aumentar as chances de encontrar as
-Disseminada: Larvas é importante no mínimo 3 amostras de
fezes.
-Alguns fatores contribuem para essa disseminação: • Coprocultura: Os métodos de cultura têm
Íleo paralitico, antidiarreico, constipação intestinal. como base o desenvolvimento do ciclo indireto
Esses fatores aumentam o tempo de permanência das do parasito, com possibilidade de visualização
fezes, facilitando o aumento da produção das lavas e de diversas formas evolutivas, principalmente
sua disseminação na circulação. a caracterização da larva filarioide. A
coprocultura é um método limitado pela
-Rins: Paciente tem hematúria e disuria com presença
demora na obtenção dos resultados (cinco a
de larvas na urina
sete dias) e risco de infecção durante a
-Figado: Causando causando uma obstrução no manipulação de larvas infectantes.
sistema porta e aumento da bilirrubina. • Pesquisa de larvas em secreção e outros
líquidos orgânicos: Urina, Escarro, vomito.
-Coração, Cérebro, Linfonodos e etc.
• EDA: Recomendado em pacientes com
-Esse quadro pode ter como complicação infecções infecção maciça, e alterações no duodeno e
secundarias bacterianas, devido bactérias intestinais jejuno. Propicia a ampla visualização do
serem carregadas para circulação pelas larvas. aspecto da mucosa intestinal, que se apresenta
principalmente edemaciada, com vilosidades
-Em pacientes crônicos podem apresentar: Anemia
esbranquiçadas e eritema, e possibilita a
(hipocromia com redução Hb), Eosinofilia, Sudorese,
realização de biópsia em várias localizações.
incontinência urinaria, depressão, insônia.
• Biopsia e analise histológica: Pode ser colhida
-Nos casos graves são relatadas perda de proteínas, em todo trato gastrointestinal.
hipoalbuminemia e lipopotassemia. As alterações
-Métodos indiretos:
sanguíneas na estrongiloidose (anemia e eosinofilia)
são semelhantes às demais helmintoses intestinais, -Utilizado para complementar o diagnostico
apresenlando-se discretas nas infecções leves, porém
• Hemograma: Mesmo sem sintomas o paciente
com características peculiares nas formas graves por
pode apresentar eosinofilia.
hiperinfecção :u disseminação.
• Imagem: Radiografia de tórax, identificando a
-Diagnostico: síndrome de Lõeffler, e de trato digestivo,
demonstrando aceleração do trânsito
-Clinico:
intestinal, ou apagamento difuso do relevo
-50% não tem sintomas, quando apresentam são mucosa duodenojejunal e imagem de tubo
comuns a outras infecções por helmintos. rígido nos casos graves, mas não há nenhum
sinal patognomonico, detectado na radiologia.
-A tríade clássica: Diarreia, Dor abdominal e urticaria • Imunológico: Pesquisar presença de
-Sorologia, radiografia e eosinofilia podem ajudar na anticorpos.
suspeita do diagnóstico. • Biologia molecular: PCR

-Laboratorial:
Everaldo Leite 4

-Tratamento: esôfago rabditoide, logo ocorre a mudança para forma


infectante, com esôfago filarioide, que seria a L3.
-Das causadas por nematódeos essa é a mais difícil de
tratar. -A L3 apesar de livre movimentação, não se alimenta e
apresenta dupla cutícula (Durante a transformação de
-São usados medicamentos do grupo dos L2-L3 ela preserva sua cutícula externa e prosterior
benzimidazolicos. adquire outra cutícula interna).
-Mebendazol que é eficaz nas demais infecções por -O ambiente é de suma importância para que os ovos
nematódeos não funciona na Estrongiloidiase, salvo consigam chegar na forma de larva L3. A temperatura,
em alterações na posologia. Proibido gestantes. umidade, oxigenação fazem influencia nesse processo.
-Tiabendazol: Atua somente nas fêmeas, os efeitos -Em ambiente em boas condições a eclosão de L1
colaterais são: Náuseas, vômitos, diarreia, tontura e ocorre em 12 a 24 horas, muda de L1 para L2 em 3 a 4
cefaleia. dias e a muda para l3, após 5 dias.
-Cambendazol: Atua nas fêmeas e Larvas, são raros os -A transmissão ocorre por penetração na pele ou
efeitos colaterais. ingestão da L3.
-Albendazol: Atua nas fêmeas e Larvas, não deve ser -Após o contato com a pele, sinais químicos e térmicos
administrado nas formas disseminadas. Efeitos do hospedeiro disparam a expressão genica da larva
colaterais são: Cefaleia, tontura e desconforto que culminam na produção de produtos de secreções
gastrointestinal. e excreções (principalmente enzimas) que auxiliam a
-Ivermectina: padrão-ouro. Pode ser administrada nas penetração da Larva, junto com sua capacidade de
formas graves e disseminadas. Efeitos colaterais: movimentação. Esse processo de penetração dura
prurido, diarreia e anorexia. cerca de 30 minutos e a L3 após eliminar sua cutícula
externo no meio atinge a circulação sanguínea e
-Nos indivíduos com a forma grave e principalmente linfática até os pulmões. Nos capilares pulmonares
naqueles com a forma disseminada da doença, migram para luz dos alvéolos e ascendem a arvore
recomenda-se, além do balanço hidreletrolítico, o brônquica em direção a faringe, essa migração é
tratamento concomitante com antibióticos que atuem favorecida pelo movimento ciliar e carregamento junto
para bactérias gram-negativas, uma vez que a ao muco. No pulmão, devido alta oxigenação o L3
bacteremia está geralmente presente graças ao transforma-se em L4 que apresenta uma capsula bucal
acompanhamento das enterobactérias na migração provisória.
das larvas pelo organismo.
-Ao atingir a laringe, a L4 pode ser deglutida ou
-Ancilostomose: Ancylostomatidae expectorada. Na deglutição as larvas vão ate o
-É um Helminto da espécie Nematódeo Intestino Delgado. No intestino já exercem a
hematofagia, e ao decorrer 15 dias tornam-se adultos
-LOS jovens, que darão origem a vermes adultos
sexualmente maduros.
-Jeca tatu
-Após o cruzamento das femeas com os machos, as
-Das centenas de espécies pertencentes à esta família,
femeas depositam os ovos na luz intestinal que são
apenas três são agentes etiológicos da ancilostomose
eliminados junto das fezes.
humana: Ancylostoma duodenale (predomina na
américa do sul), Necator americanus (predominante no -A hematofagia resulta em perda de sangue do
mundo) e A. ceylanicum hospedeiro.
-Ciclo biológico: -Esses vermes adultos podem viver cerca de 3-10 anos
no intestino.
-Apresentam um ciclo direto sem a necessidade de
hospedeiro intermediário. -Período pré-patente é em média 35-60 dias.

-Os Ovos liberado nas fezes do hospedeiro dão origem -A ingestão de L3 em alimentos contaminados é
aos dois primeiros estágios larvais, L1 e L2, com possível, no estomago perdem a cutícula e migram
para o Intestino Delgado (Região do Duodeno), onde
Everaldo Leite 5

penetram na mucosa e transformam-se em L4, logo


esses emergem a luz intestinal, começa a hematofagia
e dão origem a adultos jovens e posterior maduros.

-O período pré-patente nessa infecção oral é menor,


cerca de 15-30 dias.

-Patogenia e manifestações clinicas:

-O primeiro sintoma é o da penetração na pele:


Eritema, pápulas, prurido. Na primo-infecção essas
manifestações são fracas, já na reinfecção pode ter
uma piora do quadro local: pápulas vesicular, edema e
inchaço nos linfonodos locais.

-Os próximos sintomas decorrem da migração da -Diagnostico:


Larva: Tosse, Inflamação garganta, Febre. Pode
apresentar odinofagia. Na migração esofágica o -Diagnostico clinico: Após uma anamnese bem colhida,
paciente pode apresentar dor epigástrica. tenta encontrar os sintomas cutâneos, pulmonares e
intestinais, acompanhado ou não de anemia e
-O verme adulto pode ocasionar: Perda apetite, eosinofilia.
diarreia, cólicas, indigestão, náusea, vomito e
flatulência. Em casos mais graves pode apresentar -Diagnostico laboratorial: Coproparasitológico
ulcerações intestinais e colicistite (inflação vesícula (Parasitológico)
biliar). -Tratamento:
-Após o estabelecimento do habitat final, ocorre
-Utiliza os benzimidazois.
laceração da mucosa e submucosa pelos aparos bucais
cortantes dos vermes adultos, acompanhado por -Albendazol
sucção e secreção de enzimas hidrolíticas e
-Associa tratamento antianêmico (sulfato ferroso)
anticoagulante, resultando em intensa perda de
sangue intestinal.

-As principais condições clinicas são decorrentes dessa -Ascaridiase: Ascaris lumbricoides
perda de sangue, levando a uma Anemia e
-Ciclo biológico:
Hipoalbuminemia.

-Anemia do tipo microcítica e hipocromica e a -Seu local de residência é o jejuno e íleo em infecções
eosinofilia coincidem com a instalação dos vermes moderadas, em casos graves estendem-se por todo
adultos. Delgado.

-A hipoalbuminemia é decorrente da incapacidade da -Tem um ciclo monóxeno.


síntese de albumina pelo fígado, perda de plasma pela -Cada fêmea fecundada libera cerca de 200.000 ovos
hematofagia e desnutrição do hospedeiro. não embrionado por dia na luz, que saem junto das
-Indivíduos com baixa carga (1 a 1999 ovos por grama fezes. OS ovos férteis em clima favorável (boa
nas fezes) são assintomáticos. Infecção moderada umidade, temperatura entre 25 e 30 graus e oxigênio)
(2000 – 3999 ovos nas fezes), Infecção grave (>4000 tornam-se embrionados em ate 15 dias.
ovos). -A primeira larva L1 é formada dentro do ovo, é do tipo
rabditoide, cerca de uma semana sofre transformação
dentro do ovo em L2, e em seguida L3 (infectante) com
esôfago filarioide. Essa forma infectante permanece no
ovo, o mesmo fica no solo por meses, e através da
ingestão dos ovos contendo L3, ocorre a
contaminação.
Everaldo Leite 6

-Esse ovo ingerido eclode no intestino Delgado. Alguns -Dependendo do número de formas presentes, a
fatores do próprio hospedeiro contribuem para migração das larvas pelos alvéolos pulmonares pode
eclosão no delgado, são essas: Ph intestinal, agentes determinar um quadro pneumônico com febre, tosse,
redutores, temperatura e principalmente maior dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e
concentração de CO2. eosinofilia.

-Após a eclosão as larvas penetram no ceco, logo -A conjunção de sintomatologia das vias respiratórias é
atingem o sistema linfático e veia mesentérica superior denominada síndrome de Lõeffler. Na tosse produtiva
atingindo o fígado cerca de 14 – 18 horas após ingesta (com muco), o catarro pode ser sanguinolento e
do ovo. Em 2-3 dias são encontrados no átrio direito e apresentar larvas do helminto. Estas manifestações
4-5 dias no pulmão (Ciclo de LOSS). Cerca de 8 dias da geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao
infecção essas larvas tornam-se L4, as quais rompem os estado nutricional e imunitário.
capilares tornando-se L5, esse L5 migra pela arvore
-Vermes adultos:
brônquica, onde na faringe é deglutida e fixando no
intestino Delgado. Transformando-se em adulto cerca -A presença de ate 5 verme geralmente é
de 20-30 dias da infecção. assintomática, já em infecções medias, de 30-40
vermes e maciças >100 vermes, apresentam:
-Em 60 dias tornam-se maturas, onde realizam a copula
e a ovipostura, onde já é possível encontrar ovo nas • Ação espoliadora: Os vermes consomem
fezes do hospedeiro. carboidratos, proteínas, lipídeos e vitaminas A e C,
levando o paciente, principalmente crianças a uma
-Esses vermes adultos tem longevidade de 1-2 anos.
subnutrição e depauperamento físico e mental.
Esses vermes podem causar uma semiobstrução ou
obstrução intestinal.
▪ Ação toxica: Reação com antígeno-
anticorpo causa edema, urticaria e
convulsões.
▪ Ação mecânica: Irritação na parede
intestinal e obstrução. Sendo a
complicação aguda mais comum.
▪ Localização ectópica: Devido carga
parasitaria e ingesta de alimentos
(condimentos) os vermes são deslocados
do seu habitat.

-Em algumas condições esses vermes podem ser


encontrados na urina, ouvido, podem ser eliminados
pela boca, ducto colédoco.

-A transmissão é pela agua ou alimentos contaminados -E muito comum entre crianças o aparecimento de uma
com os ovos (L3). alteração cutânea, que consiste em manchas circulares
disseminadas em rosto, tronco e braços. Tais manchas
-Patogenia:
são popularmente denominadas de “pano”, e são
-Larva: comumente relacionadas com o parasitismo pelo A.
lumbricoides. Na realidade não existe nenhuma
- Em infecções de grande intensidade há lesão hepática comprovação cientifica deste fato, mas algumas
e pulmonar. observações sugerem uma analogia entre estas
-No fígado várias formas de larvas são encontradas, manchas e ascaridiose. Parece que seriam causadas
podem ser vistos focos hemorrágicos, necrose que pelo parasito que consume grande quantidade de
posteriormente são substituir por tecido fibrótico. vitaminas A e C, provocando despigmentações
circunscritas. Após a terapêutica e a eliminação do
-No pulmão por onde a larva migra para os alvéolos verme, as manchas tendem a desaparecer.
existem pontos fibróticos, edemaciação com infiltrado
de polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos.
Everaldo Leite 7

-Diagnostico: 2. tratamento das fezes humanas que,


eventualmente, possam ser utilizadas como
-Clinico: fertilizantes;
-Como a sintomatologia muitas vezes é branda, o 3. saneamento básico;
exame clinico não mostra alterações concretas. A
gravidade da doença é relacionado com o número de 4. educação para a saúde.
larvas, como o parasito não multiplica dentro do
hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a
única fonte responsável pelo acúmulo de vermes -Esquistosomose: Schistosoma mansoni
adultos no intestino do hospedeiro.

-Laboratorial:
-Ciclo biológico:
-Parasitológico de fezes com procura de ovos. Esse
exame na fase inicial da infecção pode dá negativo. Os -Tem um ciclo monóxeno.
primeiros ovos aparecem cerca de 40 dias após a -Esse parasito tem vida média de 5 anos, podendo ficar
infecção. 30 anos colocando ovos.
-Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente -Os vermes adultos vivem no sistema porta. Os
com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão esquistossômulos quando chegam no fígado
inférteis, enquanto em infecções somente com vermes apresentam um ganho de biomassa, atingem a
machos o exame de fezes será consistentemente maturidade sexual e cerca de 25 dias migram para veio
negativo mesentérica inferior, onde acasalam e cerca de 35 dias
-Tratamento: as fêmeas começam a postura de ovos.

-O S. Mansoni ao atingir a fase adulta de seu ciclo


-Albendazol e mebendazol (ambas padão ouro). Pode
biológico no sistema vascular do homem, alcançam a
usar a Ivermectina.
veia mesentérica, principalmente a inferior, migrando
-Os medicamentos são eficientes contra vermes contra corrente circulatória. As fêmeas fazem a
adultos, não havendo ação contra as larvas. Por isso, postura a nível da submucosa, a quantidade de ovos é
após 3 meses do tratamento, o paciente deve fazer de acordo com a idade do parasito, de 1-a anos tendo
novamente o exame de fezes para o controle de cura. uma posição de 400 ovos/dia, os mesmos são
depositados nos capilares e vênulas e 50% deles
-No tratamento da ascaridiose quando há
ganham o meio externo.
complicações como oclusão e suboclusão pelos vermes
adultos recomenda-se manter o paciente em jejum e -Esses Ovos demoram 7 dias para ficarem maduros
com o uso de sonda nasogástrica administrar hexa- (Miracídio formado).
hidrato de piperazina (100 mg/kg) e 50 mL de óleo
-Esses ovos ganham a luz intestinal, alguns fatores
mineral. A piperazina causa paralisia flácida nos vermes
contribuem para isso:
por meio da ação sobre os canais de cloro dependente
do ácido gama-aminobutírico (GAMA). Caso não haja ▪ Reação inflamatória: Em imunossuprimidos
resolução do processo oclusivo é recomendado ocorre acumulo de ovos na submucosa;
intervenção cirúrgica. ▪ Pressão dos ovos, visto que são postos um
atrás do outro;
-Controle:
▪ Enzimas produzidas pelo Miracídio, lesando os
Em geral quatro medidas são bem conhecidas para o tecidos;
controle das infecções por helmintos: ▪ Adelgaçamento da parede do vaso provocado
pela distensão dele, com a presença do casal
1. repetidos tratamentos em massa com
na sua luz;
drogas ovicidas nos habitantes de áreas
▪ Após a junção desses fatores, existe também a
endêmicas;
descamação epitelial devida passagem do bolo
fecal, logo os ovos ganham luz e são eliminados
junto das fezes.
Everaldo Leite 8

Da implantação do ovo até ganhar a luz demora cerca - -Essas últimas gerações de células germinativas vão da
de 6 dias. origem aos Esporocistos Terciários. Esses novos
esporocistos fazem novamente o ciclo, essa seria
-Os ovos que não conseguiram atingir a luz podem ser
explicação a qual o caramujo consegue liberar Cercaria
arrastados para o fígado.
por tempo prolongado.
-Esses ovos arrastados pelas fezes tem uma
-Cercaria:
expectativa de vida de 24horas (fezes liquidas) e 5 dias
(fezes solidas). Alcançando a agua, os ovos liberam o -É produzida nos esporocistos secundários, e são
Miracídio, estimulados pela; temperatura, oxigênio e liberadas para o meio aquático, esse processo demora
luz intensa. cerca de 30 dias.

-Esses ovos eclodem no meio ambiente e liberam os -Um Miracídio pode gerar cerca de 300 mil cercaria.
Miracídio, os quais tem uma capacidade de penetração Essa tem sobrevida de 36 a 48 horas, seu maior
que dura cerca de 8 horas, são atraídos para os potencial de replicação é nas primeiras 8 horas.
caramujos através de substancias exaladas pelos
-Essas nadam na água até achar algum hospedeiro, no
mesmos, então, através de movimentos rotatórios e
caso o Homem e outros mamíferos. Fixam no folículo
contrateis, juntamente com secreção de enzimas
piloso, através de movimentos, vibrações e enzimas
proteolíticas liberadas pelos Miracídio garantem sua
conseguem fazer essa penetração, ao penetrar perde
penetração nesse molusco.
sua calda. Processo dura 5 a 15 minutos.
-Dentro do caramujo, no processo de penetração os
-Essa infecção pode ocorrer na mucosa oral, pois ao
Miracídios vão perdendo estruturas e transformam-se
ingerir junto da água morrem no sulco gástrico.
em sacos contendo geração de células germinativas ou
reprodutiva que é denominado Esporocisto. -Essa cercaria após a penetração e alterações
estruturais transforma-se em Esquistossômulos, os
- Esporocisto:
quais atingem a corrente sanguínea e chegam no
-Esses Esporocistos tem no seu interior várias células pulmão.
germinativas que começa um processo de
-Dos pulmões migram para o sistema porta por 2 vias:
multiplicação, fazendo com que em ate 72 horas, essa
larva denominada esporocisto primário, dobre de ▪ Via sanguinea: Capilar pulmonar,
tamanho. Arteriolas pulmonares, Veias pumonares,
-Cerca de 14 dias após a infecção do Miracídio, inicia a Atrio esquerdo, Ventriculo esquerdo,
formação do Esporocisto secundário, os esporocistos Aorta e chegando no sistema porta. A mais
primários adquirem uma grande quantidade de células comum.
germinativas que se dividem em septos, cerca de 200 ▪ Via intratecidual: Essa via ocorre da
septos, cada um desses septos pode ser chamado de seguinte forma,: Alveolos, parenquima,
Esporocisto secundário. pleura, cavidade peritoneal, perfurando
-A migração do esporocisto secundário demora cerca capsula e parenquima hepatico e atingindo
de 18 dias após a infecção pelo Miracídio, eles migram finalmente o sistema porta.
para a glândula digestiva do caramujo onde encontram
-No sistema porta, os esquistossômulos se
vários nutrientes e começam a sofrer modificações
anatômicas no seu conteúdo de células germinativas. alimentam e desenvolvem-se, transmormando-se
em macho e fêmea cerca de 28 dias após a
-Esse esporocisto secundário após atingir o seu destino penetração. Logo migra, acasalando, para a veia
final, apresentam 3 áreas estruturais bem definidas: mesenterica inferior, onde vai ocorrer ovopisição.
▪ 1º Pronto de nascimento; Os primeiros ovos são vistos após 42 dias do inicio
▪ 2º Cercaria desenvolvida ou em da infecção.
desenvolvimento;
▪ 3º Células embrionadas que poderiam
apresentar outro tipo de reprodução.
Everaldo Leite 9

-Cercaria:
-São as causadoras dos sintomas cutaneos no
hospedeiro devido sua penetraçaõ na pele. Essa
dermatite é caracterizada pela presença de
´´sensibilização de comichão, erupção
urticariforme´´ , e após 24 horas apresenta:
eritema, edema, pequenas papulas e dor. Na
reinfecção os sintomas são mais intensos,
ocorrendo hipersensibilidade com atuação dos
mastocitos, eosinofilos e IgE.
-Esquistossômulos:
-3 dias após a penetração os esquistossômulos são
levados ao pulmão, a partir da 2 semana após a
infecção são encontrados no sistema porta. Nessa
fase pode ocorrer Linfadenia generalizada, febre,
esplenomegalia, sintomas pulmonares.
-Verme adulto:
-Esses vermes ficam na veia mesenterica inferior
por anos sem causar lesões, quando eles morrem
são carregados para o figado pelo sistema porta, e
no figado ocorre as lesões. Esses vermes
consomem 2,5 mg de ferro por dia.
-Ovos:
-Uma grande quantidade de ovos podem causar
lesões, como: hemorragia, edema da submucosa,
formação de ulceras superficiais, logo há
recontrução tecidual. Os ovos mortão são levados
para o figado e la causam alterações importantes
da doença.
-Esses ovos mortos promove uma inflamação
granulomatosa, onde existe necrose e logo reparo
-Patogenia: dessa area necrosada, logo tera a fibrose como
-Os fatores que estão relacionado com a fase de reparação da lesão. Logo o ovo calcifica
sintomatologia são: Idade hospedeiro, resposta no0 figado ou no intestino grosso.
imunologica, estado nutricional, carga parasitaria. -Manifestações clinicas:
Paciente com grande garga parasitaria podem
apresentar a forma pulmonar e hepaticoesplenica -Esquistosomose aguda:
da doenças. -Fase pré-postural: Sintomas variados, ocorre
-Alterações cutaneas (dermatite), e hepaticas sçao entre 10 a 35 dias após a infecção. Podem
influenciadas pela peculiaridade da resposta apresentar mal-estar, febre, tosse, mialgia,
imune do hospedeiro contra os antigenos e ovos desconformo abd, hepatite aguda.
dos esquistossômulos.
Everaldo Leite 10

-Fase aguda: Ocorrem geralmente no 50 dias após -Ascite (Barriga D´guaa):


a infecção e duram ate 120 dias após a infecção
-Esse achado clinico é visto na forma
(fase aguda toxemica). Pode ocorrer uma
hepatoesplenomegalia mais graves e decorrente
disseminação miliar, na parede do intestino com
das alterações hemodinamicas, principalmente a
areas de necrose, causando enterocolite. No
hipertensão.
figado (e em outros orgãos: pulmão, pode simular
tuberculose), provoca formação de granulomas, -Lesões a distância:
caracterizando a forma toxemica, que pode
-São imunocomplexos que são depositados em
apresentar como doença aguda, febril, sudorese,
varios orgãos, gerando ativação de resposta
calafrio, emagrecimento, febre alta, fenomeno
inflamatoria nos locais de depositos.
alergico, diarreia, disenteria, colica, tenesmo,
hepatoesplenomegalia, linfadenia, eosinofilia, -Diagnostico:
alteração transaminidase.
-Diagnóstico clínico:
-Esquistossomose cronica:
-Deve-se levar em conta a fase da doença (pré-
-Cronifica cerca de 4 a 6 meses após inicio postural, aguda ou crônica, já definidas
manifestação aguda. anteriormente). Além disso, é de fundamental
-Apresenta padão clinico variado, as alterações importância a anamnese detalhada do caso do
são predominantementes intestinais, paciente (origem; hábitos, contato com água:
hepatointestinal, hepatoesplenica. pescarias, banhos, trabalhos, recreações etc.).

-Intestino: Paciente apresenta diarreia -Parasitologico ou direto:


mucosanguinolenta, dor abdominal e tenesmo. -os metodos parasitologico tentam encontrar ovos
Nos casos mais graves pode haver fibrose nas fezes ou nos tecidos.
retossigmoide, diminuindo o peristaltismo local e
constipação. ▪ Exame de fezes;
▪ Biopsia;
-Figado: As alterações hepaticas iniciam a parir da ▪ Ultrassonografia; Usado principalmente na
ovoposição e formação de granulomas. O quadro fase cronica, para avaliar lesões hepaticas.
vai depender do numero de ovos e do tamanho da
resposta imune. Inicialmente o figa apresenta um -Metodos imunologicos ou Indiretos:
aumento, e dor a palpação, logo após formação de ▪ ELISA
granulomas e fibrose apresenta-se diminuido em
-Tratamento:
um estado mais avançado e tardio da doença.
-O tratamento quimioterápico da esquistossomose
-Esplenomegalia:
através das drogas mais modernas, oxamniquina e
-Devido o baço ser um orgão linfatico, há grande praziquantel (padrão-ouro), deve ser preconizado
resposta proliferativa com hiperplasia das suas para a maioria dos pacientes com presença de ovos
celulas para combater a infecção. viáveis nas fezes ou na mucosa retal.

-Varizes: -Teníase e Cisticercose:

-Ocorre o desenvolvimento de circulação colateral


intra-hepatica e de anastomose (ligação entre os -Ciclo biológico:
vasos) para compensar a obstrução do sistema
-Tanto a T. Solium quanto a T. Saginata vivem no
porta e diminuir a hipertenão portal. Essa
Intestino Delgado em humanos, o Cisticerco da T.
anastomose do esofago leva formação de varizes
Solium é encontrado nos tecidos subcutâneos,
esofagicas, que podem romper, provocando muscular, cardíaco, cerebral e ocular em suínos.
hemorragia.
Everaldo Leite 11

-Os humanos liberam nas fezes Proglote gravidas cheia


de ovos para o exterior. Em alguns casos esses ovos
podem sair da proglote no próprio intestino.

-Essa proglote libera os ovos no ambiente, os quais em


condições adequadas (longe de luz intensa),
permanecem infectantes por meses.

-Esses ovos são ingeridos pelo hospedeiro


intermediário (Porco ou Boi), o homem também pode
ingerir. Ao ingerir o ovo, no estomago desses
hospedeiros intermediários, o ovo sofre ação da
pepsina, tornando-se Oncosfera, as quais no intestino
sofre ação dos sais biliares, que são importantes para
sua ativação, após sua ativação, a Oncosfera libera
embrióforo e movimenta-se no sentido da vilosidade,
onde penetram. Permanecem nesse local por 4 dias se
adaptando as condições fisiológicas do novo
hospedeiro. Logo penetram nas vênulas atingindo a
circulação linfática e sanguínea mesentéricas, sendo
transportada por todo corpo ate chegar no seu local de
origem que será determinado pelo bloqueio capilar
(vaso pequeno passa passagem do verme). Logo
atravessam a parede do vaso e instalam-se no tecido.

-As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em


qualquer tecido mole (pele, músculos esqueléticos e
cardíacos, olhos, cérebro etc.), mas preferem os
músculos de maior movimentação e com maior
oxigenação (masseter, língua, coração e cérebro).

-No interior do tecido perdem os ganchos com exceção


da T. Solium, e transformam-se em Cisticerco Delgado.
Esses Cisticercos permanecem viáveis nos tecidos por
meses e a T. Solium por anos no sistema nervose.

-O humano se infecta da seguinte forma, ingere carne -Transmissão:


crua de um desses animais ingerindo o Cisticerco, esse
sofre ação do sulco gástrico no estomago, -O homem é o hospedeiro definitivo, pode ocorrer a
envaginando-se e fixa-se na mucosa do intestino infecção pela ingesta de carne contaminada com
Delgado, transformando-se em uma Taenia adulta. cisticerco da T. Solium e Saginata, através da carne de
Essa pode chegar a 8 metros. Teniase porco e boi. Com isso o paciente desenvolve teníase.

-3 meses após a ingesta do cisticerco começa a -O paciente pode ingerir os ovos de animais
liberação de proglotes gravidas. Durante o parasitismo, contaminados com Teníase (T. Solium) e desenvolver
várias proglotes grávidas se desprendem diariamente cisticercose.
do estróbilo, três a seis de cada vez em T. Solium e oito -Autoinfecção externa: ocorre pelo contato com as
a nove (individualmente) em T. Saginata. O colo, próprias fezes.
produzindo novas proglotes, mantém o parasito em
crescimento constante. -Auto infecção interna: ocasionada pelo vomito ou
retroperistaltismo.

-Heteroinfecção: Humano ingere água ou alimentos


contaminados com ovos.
Everaldo Leite 12

-Patogenia e sintomatologia: 70 a 90% dos pacientes, já a neurocisticercose é tida


como a principal causa de epilepsia de início tardio nos
-Teniase: países endêmicos.
-Causada pela T. Solium e T. Saginata. Ocorre uma
reação alérgica devido substancias excretadas,
hemorragia devido adesão a mucosa, destruição
epitelial e produzir inflamação com infiltrado celular
com hipo ou hipersecreção de muco.

-O crescimento da Taenia necessita de um bom aporte


nutricional, e passa a disputar alimentos com o
Hospedeiro. Causando:

▪ Tontura, Astenia, Apetite excessivo, Náusea,


Vomito, Alargamento do ABD, dor em varias
regiões do ABD e perda de peso.
▪ Pode causar obstrução, só que é raro.

-Cisticercose:

-Ocorre quando paciente por diversas formas ingerem


ovos da T. Solium.

-É uma doença pleomorfica pela possibilidade de o


cisticerco alojar-se em diversos locais do organismo,
como tecidos musculares ou subcutâneos; glândulas
mamarias (mais raramente); bulbo ocular e, com maior -Diagnostico:
frequência, sistema nervoso central. Em estudo
-Teniase:
clinicoepidemiologico da neurocisticercose no Brasil
observou-se que as oncosferas apresentam grande -Diagnostico clinico: A maioria são assintomáticos,
tropismo (79-96%), pelo sistema nervoso central. mesmos quando apresentam sintomas, esses são
comuns a outras infecções.
-As formas musculares e subcutâneas normalmente
são assintomáticas. O cisticerco aí instalado, faz uma -Diagnostico Laboratorial: Parasitológico de fezes
reação local, formando uma membrana adventícia (proglote e raramente ovos).
fibrosa. Com a morte do parasito há tendência de
-Cisticercose:
formar calcificação no local.
-Tem como base aspectos clínicos, laboratoriais e
-Vários cisticercos em um musculo (calcificado ou não),
epidemiológicos.
podem causar fadiga, dor e cãibras.
-Diagnostico clinico: Além de perguntar sobre a
-No tecido subcutâneo o cisticerco é palpável.
presença de alguns sintomas, colher uma anamnese
-Pode atingir o coração, glândulas mamarias, olho e sobre as condições de vida do paciente e como é sua
cérebro. alimentação.

-A neurocisticercose de localização parenquimatosa é -Diagnostico laboratorial: Pesquisa de parasitas por


habitualmente associada a bom prognóstico. Pacientes meio de observações anatomopatológicas de biopsia,
com pouca quantidade de cisticercos frequentemente necropsia e cirurgias. Pode ser identificado o cisticerco
são assintomáticos, embora alguns apresentem crises no exame do fundo olho.
epilépticas. Em contraposição, pacientes com infecção
-Diagnostico da neurocisticercose é fundamentada no:
maciça podem apresentar síndrome de hipertensão
Exame do licor (Padrão-Ouro), imagem TC (Padrão-
intracraniana, crises de difícil controle medicamentoso
ouro) e sorológico.
e déficit cognitivo.

-As crises epilépticas são unanimemente descritas


como a manifestação mais frequente, ocorrendo em
Everaldo Leite 13

-Tratamento: -Autoinfecção interna: Essas larvas podem eclodir


dentro do reto, migrando para o ceco.
-Teniase:
-Retroinfecção: As larvas que eclodem na região
-T. Solium e Saginata, os medicamentos indicados são perianal, adentram novamente o tubo digestivo,
Niclosamida (promove imobilização da Taenia, migrando para o ceco.
favorecendo sua saída junto com as fezes) e
Praziquantel. -

-Neurocisticercose:

-Praziquantel e Albendazol (padão-ouro)

-Oxiuriase: Enterobius vermiculares

-Os machos e as fêmeas tem como seu habitat o ceco


e apêndice cecal. Podem estar livres na luz ou aderidos
na mucosa, se alimentam do conteúdo intestinal.

-Vermes mais jovens são encontrados no Íleo.

-Fêmeas gravidas, abarrotadas de ovos são


encontradas nos anus e região perianal.

-Em mulheres é mais comumente encontrado em


regiões ectópicas, sobretudo na uretra e vagina.

-Tem o ciclo monóxeno.


-Patogenia e sintomatologia:
-Após a copula, os machos são eliminados nas fezes e
morrem, as femeas fecundadas se desprendem do -As características patológicas e clinicas observadas
ceco, percorrem todo intestino grosso, passa pelo podem ser devido aos seguintes mecanismos:
esfíncter anal, atingindo o meio externo. A teoria para ▪ Alteração causado pelo verme no intestino
explicar tal fato seria devido os ovos intrauterinos ▪ Lesão anal e perianal;
pressionar o esôfago, fazendo com que ela afrouxe sua ▪ Lesões decorrente do parasitismo ectópico
fixação e desprenda do ceco, e levada junto com as (extra intestinal);
fezes, podendo ser expulsas ou aderem ao anus. ▪ Evento secundário a esse processo.
-Na região perianal existe a postura de ovos, contudo, -Não há alterações microscópicas e macroscópicas no
a postura mais importante é no momento em que tem ceco relacionado a essa infecção.
o desprendimento do ceco, liberando os ovos no
Intestino Grosso. -Podem causar irritação local, pequenas lesões, erosão
e discreta inflamação.
-Alguns desses ovos podem por ação mecânica serem
levados até a vulva. -Pode apresentar ulcerações decorrentes de infecções
secundarias bacterianas.
-Após ingesta de ovos pelo hospedeiro, eles eclodem
no Duodeno, liberando larvas rabditoides passando -Os efeitos diretos do parasito na mucosa intestinal
pelo jejuno e íleo, chegando no ceco. Nesse trajeto não causam sintomas importantes.
ocorre 2 novas mudas, transformando-se em vermes -Um dos sintomas mais característico é o prurido anal,
adultos. Femeas são encontradas no anus e região devido migração das fêmeas. Ocorre mais a noite.
perianal 45 a 60 dias após a infecção. Não havendo
reinfecção o parasito extingue-se. -Existe a possibilidade de ovos e femeas mortas em
contato com a mucosa e pele tenham relação com o
prurido.
Everaldo Leite 14

-Esse prurido afeta a qualidade do sono. -Tratamento:

-O sintoma mais comum é o prurido que pode gerar -Considerando-se também que os fármacos não
falta de sono e por ser próximo a genitália feminina apresentam efeito sobre os ovos do parasito, o
causa um erotismo e masturbação. tem uma presença tratamento anti-helmíntico deve ser repetido por no
de muco no ceco, encontra-se também ovos e vermes mínimo duas vezes, com intervalo de 14 dias entre as
adultos. O ato de coçar pode causar uma infecção doses até que nenhuma pessoa da família ou
secundárias, devido a proximidade com o genitalia instituição esteja parasitada. Os fármacos mais
feminino pode ocasionar uma infecção na vagira que utilizados são:
chama vaginite e metrite.
▪ Pomada de Pirantel;
-Alguns casos graves o verme atinge o fígado através ▪ Albendazol;
da perfuração a parede cecal e caindo no sistema ▪ Ivermectina.
porta, e atinge também o pode atingir o rim e próstata
através da uretra.
-Referência: David neves

-Diagnostico:

-Diagnostico clinico:

-Quando tem sintomatologia típica, essa, como


explicado anteriormente, e caracterizada pelo prurido
anal, sobretudo noturno, o qual pode ser referido
como intolerável e se associar-se a insônia e alterações
neurocomportamentais secundarias, especialmente-
irritabilidade. Havendo esses sintomas clínicos, o
médico deve sempre suspeitar de infecção por E.
vermicularis e aprofundar a sua anamnese, buscando,
além de dados clínicos adicionais, informações
epidemiológicas, como, p. ex., aqueles referentes a
sintomatologia compatível com enterobiose também
em outros membros da família e pessoas do convívio
do paciente.

-O médico deve manter-se sempre vigilante quanto às


características clínicas do parasitismo ectópico em
localizações extraintestinais, bem como às potenciais
complicações da enterobiose. No sexo feminino, p. ex.,
o acometimento da vagina é relativamente comum,
sendo o prurido vulvar e corrimento as principais
queixas. Uma adequada propedêutica ginecológica
para vulvovaginites é indispensável para o correto
diagnóstico diferencial.

-Diagnostico laboratorial:

-O diagnóstico de certeza da enterobiose dá-se pela


observação de ovos ou espécimes adultos do
nematódeo.

▪ Método da fita adesiva ou de Graham


(identifica ovos e fêmeas)
APG06
Everaldo Leite 1

-INTRODUÇÃO:

- Define-se diarreia quando o peso das fezes é superior a 200 g em 24 h e contendo mais de 200 mℓ de líquidos no
mesmo intervalo de horas ou mais de três evacuações em um dia.

-Utiliza-se também a escala temporal para classificar a diarreia:

• Aguda: <2 semanas e geralmente etiologia é infecção.


• Persistente: 2 a 4 semanas
• Crônica: >4 semanas

-DEFINIÇÃO:

-Do ponto de vista fisiopatologico, diarreia significa um aumento no teor de agua eliminada com as fezes no periodo
de 24 horas, independentemente do numero diario de evacuações.

-CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLOGICA DAS DIARREIAS:

-Alguns mecanismos fisiopatologicos estão envolvidos no desencadeamento de diarreias, as quais podem se


manifestar de forma continua ou intermitente.

• Osmotica: Presença, na luz intestinal, de substancias que, pelo seu poder osmótico, impedem a absorção de
água e eletrólitos ou até favoreçam seu retorno do meio interno para o lúmen. Predomina em quadros virais.
• Secretora: Aumento na secreção de íons e de água para o lúmen intestinal.
• Inflamatória: Inflamação da mucosa e submucosa
• Funcional: Hipermotilidade intestinal.

Diarreia Aguda

-Diarreia aguda é potencialmente autolimitada, que curse num período <14 dias. Apresenta causas
predominantemente infecciosas.

-Existem alguns fatores que podem contribuir para epidemiológica da doença:

-Fatores do meio: Saneamento, socioeconômicas, higiene da família, desmame precoce, permanência em creches,
internação hospitalar;

-Fatores do hospedeiro: Idade e estado nutricional. Ambos relacionados com imaturidade ou comprometimento do
sistema de defesa gastrointestinal;

-Fatores do agente: Relacionado ao mecanismo de ação e localização do hospedeiro no tubo digestivo.

-Essas gastroenterites são comuns acontecer até os 5 anos de vida, pode acontecer em toda vida, principalmente as
causadas por Shiguela e E. Coli que causam a diarreia do viajante. O Rotavírus é incomum acometer pacientes com
menos de 6 meses de vida, devido imunidade materna.

-A contaminação ocorre através de água contaminada, oral-fecal, gotículas.

-Etiologia, patogenia e fisiopatológica:

-Os principais agentes são Bactérias e Vírus, as Parasitoses podem estar relacionada, porém, em menor frequência.

-Podem ser divididas em:

• Infecciosas;
• Não-infecciosas.
Everaldo Leite 2

-O Rotavírus e E. Coli são os principais causadores de diarreia.

-Mecanismos reesposáveis pela diarreia aguda:

-Vários são os mecanismos responsáveis por diarréia aguda segundo o agente etiológico, podendo alguns patógenos
agirem através de mais de um mecanismo.

-Bactérias invasivas:

-Ocorre a invasão da mucosa e submucosa, induzindo um processo inflamatório com exsudação (exsudato) e produção
de substâncias vasoativas, bem como bacteremia (disseminação pela circulação).

-O local no intestino mais acometido é o Colón, a E. Coli e Salmonela podem atingir também a parte distal do Intestino
Delgado, e a Shiguela se manifesta principalmente na parte distal do Intestino grosso.

-E. coli enteroinvasiva (EIEC): Penetra na mucosa intestinal e se reproduz nos enterócitos. Leva à lesão das células
cursando, inicialmente, com diarreia aquosa e, posteriormente, sanguinolenta. Portanto, leva a um quadro de
disenteria.

-Rotavírus:

-Localizam no Intestino Delgado, principalmente nas partes proximais. Invadem os enterócitos, destruindo as
microvilosidades; como consequência há migração acelerada de células das criptas para os vilos, causando diminuição
absortiva por diminuição da área e imaturidade das células de migração rápida.

-Desencadeando uma diarreia osmótica.

-Agentes produtores de enterotoxinas:

-As enterotoxinas atuam estimulando, através da adenilciclase, a transformação de ATP (GMP) em AMPC (GMPC), que
diminui a absorção em vilosidade e aumenta a secreção em criptas.

--E. Coli (ECET- ETEC) é a principal causadora da diarreia do viajante. Ela não ultrapassa a mucosa, são promove
lesão, diarreia sem muco, pus ou sangue. É do tipo explosiva, dura 5 dias.
Everaldo Leite 3

-Produtores de citotoxinas:

-O exemplo clássico seria a E. Coli enterohemorrágica e o provável mecanismo produtor de diarréia seria por
destruição da célula da mucosa intestinal. A shiguela também produz toxina que tem função de citotoxina,
enterotoxina e neurotoxina.

-E. coli enterohemorrágica (EHEC): Adere-se à mucosa e é capaz de produzir toxinas como a “shiga-like”. Essa toxina
é a responsável por causar a colite hemorrágica e manifestações sistêmicas. Cursa com diarreia sanguinolenta, dor
abdominal, podendo apresentar febre discreta. Após 1 a 2 semanas, pode cursar com síndrome hemolítico-urêmica
(anemia hemolítica microangiopática, insuficiência renal e plaquetopenia).

-Mecanismo de adesão:

-Vários padrões de adesão têm sido demonstrado em um grupo de E. coli, dos quais o de adesão localizada é o único
cuja relação com diarréia está bem determinada. O mecanismo de produção de diarréia por estes patógenos ainda
está pouco claro, sugerindo-se destruição de microvilosidades do enterócito e produção de enterotoxinas.

-E. coli enteropatogênica (ECEA-EPEC):

-Existem muitas controvérsias a respeito do mecanismo patôgenico deste grupo de bactérias, que se confunde com
os de aderência ou adesão, embora atue de modo diferente.

-E. coli enteropatogênica (EPEC): Tem capacidade de se aderir a mucosa intestinal, promovendo alteração estrutural
das células, com modificação do citoesqueleto e apagamento das vilosidades. A absorção e secreção ficam
prejudicadas, levando a uma diarreia bem aquosa. É comum surtos dessa cepa em crianças, principalmente nas que
não são amamentadas.

-Fisiopatologia da diarreia:

-Osmótica: Causada pela presença de substancias osmoticamente ativas (soluto), mal absorvidas em alta
concentração no lúmen, induzindo o movimento da agua do plasma para a luz intestinal, além de impedir absorção de
água e eletrólitos. São observadas em síndromes de má absorção (deficiência dissacaridase).

-As características desse tipo de diarreia é o fato de ter gap osmolar alto, melhora em jejum e com suspensão de
substâncias osmóticas. Ex.: deficiência de dissacarídeos, alta ingestão de carboidratos pouco absorvíveis (sorbitol,
manitol, lactulose), abuso de laxativos.

-Essa diarreia se caracteriza por fezes liquidas, volumosas, explosivas, amareladas e grande perda hidroeletrolítica.

-Secretora: É mediado por enterotoxinas produzidas, as quais estimulam secreção de eletrólitos e fluidos, e bloqueiam
a absorção dos mesmos.

-Distúrbio no processo hidroeletrolítico pela mucosa intestinal, por meio do aumento de secreção de íons e água para
o lúmen ou inibição da absorção, por meio de drogas ou toxinas. Diferentemente da osmótica, tem gap osmolar baixo
(é a estimativa da contribuição dos eletrólitos de reter agua no lumen), não melhora com jejum e é responsável por
um grande volume de fezes aquosas. Esse é o tipo de diarreia provocada por E. coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae,
Salmonella sp.
Everaldo Leite 4

-A diarreia secretora caracteriza-se por perda de grande volume de água e de eletrólitos, por ação de enterotoxinas
que estimulam os mediadores da secreção, a adenosina monofosfato cíclico (AMPc), guanosina monofosfato cíclico
(GMPc) e o cálcio (Ca2+), levando à diminuição da absorção de água e íons e à secreção ativa pela criptas. Causada
pela ETEC.

-Há poucos sintomas sistêmicos, a febre está ausente ou é baixa e os vômitos surgem com a desidratação, que é a
principal complicação pela perda rápida e volumosa de água e eletrólitos pelas fezes.

-Inflamatória: Inflamação da mucosa e submucosa. Tem edema, sangramento da mucosa e infiltrado leucocitário.

-É causada por uma alteração inflamatória, levando a produção de muco, pus e/ou sangue nas fezes. Pode ter alteração
laboratorial da calprotectina ou lactoferrina fecal.

-A diarreia inflamatória é causada por patógenos que invadem a mucosa do intestino delgado ou grosso,
ocasionando resposta inflamatória local ou sistêmica, dependendo da extensão da injúria.

-O quadro clínico caracteriza-se por febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal do tipo cólica e diarreia disentérica, com
fezes contendo sangue, muco e leucócitos. Os sintomas sistêmicos serão tão mais intensos quanto maior for o
potencial invasivo do patógeno.

-Disarbsotiva: Má absorção por doenças do intestino delgado, caracterizado por esteatorreia. Ex: D. celíaca, Crohn,
Giardiase, Estrogiloidiase, Whipple.

-Funcional: Causada pela hipermotilidade intestinal.

-Diagnostico:

-A abordagem do paciente com diarreia deve-se iniciar pelo exame físico, com avaliação do estado de hidratação do
paciente.

-Anamnese completa e exame físico. Dados da anamnese e do exame físico já possibilitam elaborar uma hipótese
diagnóstica diferencial.

➢ (1) anamnese detalhada sobre o processo diarreico (características das fezes) desde o seu início,
➢ (2) história alimentar pregressa,
➢ (3) presença de outros familiares e/ou cuidadores com a mesma sintomatologia,
➢ (4) convívio com animais domésticos,
➢ (5) condições socioeconômicas e de habitação,
➢ (6) antecedentes pessoais e familiares sobre episódios anteriores.
Everaldo Leite 5

-Esclarecer se o comprometimento é de segmentos distais (evacuações são muito frequentes, com sangue vivo,
urgência ou tenesmo) ou proximais (evacuações em pequeno número, volumosas) do tubo digestivo;

-Obter evidência sobre a etiopatogenia (infecciosa, por toxina pré-formada, iatrogênica, etc).

-Deve estar presente na anamnese:

• Volume das evacuações;


• Frequência das evacuações;
• Sangue, muco ou pus nas fezes;
• Características das fezes (coloração, odor, consistência);
• Presença de febre;
• Dor abdominal associada, náuseas, vômitos ou outros sintomas;
• Ausência de melhora após 48h;
• Surtos na comunidade;
• Viagens recentes;
• Uso recente de antibióticos ou outros medicamentos;
• Idade do indivíduo (> 70 anos) e imunocomprometidos (ambos sinais de alarme).

-A partir disso, a base para o diagnóstico é a cultura das fezes, para bactérias e vírus, parasitológico de fezes e
imunoensaios para toxinas de vírus, bactérias e protozoários. Além disso, solicitação de hemograma, para avaliar
leucocitose; bioquímica séria, para avaliar perda de eletrólitos. A colonoscopia não é indicada para casos de diarreia
aguda.

Esses exames devem ser solicitados em pacientes com mais de 70 anos, duração maior que uma semana, ≥ 6
episódios/dia, desidratação grave, toxemia, imunossupressão, etiologia hospitalar ou sinais de diarreia inflamatória.

-Exames laboratoriais:

-Mesmo para as diarreias consideradas funcionais, alguns exames laboratoriais gerais, não invasivos, podem ser
solicitados de imediato, para análise de certos parâmetros e, objetivamente, compará-los com a impressão clínica
inicial:

➢ Hemograma (anemia)
➢ Albumina (nutrição)
➢ PCR (inflamação)
➢ Glicemia (diabetes insuspeito)
➢ Sodio e Potassio (perda fecal aumentada)
➢ T4 livre e TSH (avaliar tireoide-hipertireoidsmo)
➢ Calcio (hipoparatireoidismo)
➢ Protoparasitologico: avaliar leucócitos, gordura, sangue
➢ A dosagem da calprotectina nas fezes pode diferenciar a diarreia funcional da secundária à inflamação ou
neoplasia.
➢ Ph fecal e presença de substancias redutoras (que apresenta componentes osmóticos)

-Nas fezes, pH fecal, substâncias redutoras, leucócitos, hemácias, sangue oculto e coprocultura, ELISA para vírus e
pesquisa de toxina para Clostridium são os exames mais frequentemente solicitados.

-Deve-se ressaltar que, antes da indicação de colonoscopia, outros exames menos invasivos podem ser realizados
dependendo da suspeita clínica do subtipo de diarreia:

➢ (1)secretória – coprocultura, protoparasitológico de fezes;


➢ (2) osmótica – pH fecal ácido sugere má absorção intestinal a carboidratos;
➢ (3) inflamatória – presença de sangue e/ou de pus nas fezes, endoscopias digestivas baixas, pesquisa de
toxinas do Clostridium difficile após uso de antibióticos;
➢ (4) gordurosa – pesquisa de gordura nas fezes e avaliação da função pancreática
Everaldo Leite 6

-TRATAMENTO:

-Em geral, o tratamento com antibiótico é feito com quinolonas, com base em alguns patógenos mais frequentes,
como Shigella, Salmonella, E. coli e Campylobacter, e vai ser restrito a alguns grupos, como pacientes com:

• Febre;
• Disenteria;
• Frequência de evacuações maior que 8x por dia;
• Idosos e imunocomprometidos;
• Pacientes hospitalizados.

-O tratamento para casos de diarreia crônica divide-se em de suporte e farmacológico, sendo este último subdividido
em sintomático e causal.

-Havendo a necessidade de medicamentos sintomáticos, podem ser incluídos:

➢ (1) inibidores da motilidade e da secreção intestinal, como loperamida e difenoxilato. Devese ter cuidado
especial com antidirreicos que contenham opioides como codeína ou derivados de atropina, pelo risco de
fecaloma e de delirium;
➢ (2) formadores de massa fecal: como caolimpectina;
➢ (3) antissecretórios como análogos da somatostatina: A somatostatina é um hormônio produzido pelo
pâncreas consiste na principal via de inibição da secreção ácida estomacal

-MANEJO DO PACIENTE COM DIARREIA:

-Paciente diagnosticado com diarreia avalia primeiro seu estado de hidratação para realizar a devida conduta, a
parter das categorias A,B e C seguem um fluxograma de recomendações.
Everaldo Leite 7

- PLANO C: Para tratar a desidratação grave na unidade hospitalar, o plano c contempla duas fases para todas as
faixas etárias: a fase rápida e a fase de manutenção e reposição.

▪ Fase rápida: tende a fazer uma rápida hidratação desse paciente.

▪ Fase de manutenção: Realizada após a estabilização do paciente na fase rápida.

- Os pacientes que estiverem sendo reidratados por via endovenosa devem permanecer na unidade de
Saúde até que estejam hidratados e conseguindo manter a hidratação por via oral e conseguindo manter hidratação
por VO.

-Uso de medicamentos em pessoas com diarreia:

• Antibióticos: devem ser usados somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e comprometimento
do estado geral ou em casos de cólera grave. Em outras condições, os antibióticos são ineficazes e não devem
ser prescritos.

•Antiparasitários: devem ser usados somente para:


Everaldo Leite 8

• Amebíase, quando o tratamento de disenteria por Shigella sp fracassar, ou em casos em que se


identifi cam nas fezes trofozoítos de Entamoeba histolytica englobando hemácias.

• Giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se identificarem cistos ou trofozoítos nas fezes ou
no aspirado intestinal.

• Zinco: deve ser administrado, uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias:

• Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia.

• Probioticos

-Algumas condições importantes:

• A maioria das cepas de Escherichia coli, Salmonela e Shigella é sensível às quinolonas;


• Em indivíduos imunocompetentes, a evolução do quadro clínico de Shigellose, mas não de Salmonellose, é
influenciada, favoravelmente, pela administração de antimicrobianos;
• O risco para a síndrome hemolítico/urêmica é elevado, quando se administram antibióticos a portadores de
Escherichia coli O157 H7 (portadora do bacilo de Shiga) ;
• O uso de antibióticos contribui para o desenvolvimento de cepas de microorganismos resistentes, implica em
risco de iatrogenia e de colite pseudomembranosa;

Diarreia persistente:

-O termo diarréia persistente foi estabelecido em 1987 pela Organização Mundial da Saúde e definido como a diarréia
que surge como conseqüência de um processo agudo, geralmente de causa infecciosa e tem duração superior a 14
dias. Foi inicialmente referida por Avery, em 1968, dentro da síndrome denominada de “diarréia intratável”,
posteriormente denominada também diarréia prolongada ou pós-enterite.

-Alguns fatores de risco para apresentar essa diarreia:

▪ Idade: Crianças
▪ Estado nutricional
▪ Alimentação previ: Sem aleitamento materno
▪ Diarreias previas
▪ Baixo peso ao nascer

-Patogenia e Fisiopatologia:

-Patogenia da diarreia persistente está esquematizada na figura 2. Os dois mecanismos principais seriam a lesão de
mucosa e o supercrescimento bacteriano em intestino delgado.

-As conseqüências da lesão da mucosa variam segundo a intensidade da mesma. A mais comum é a redução dos níveis
da lactase. Esta enzima é mais comprometida por localizar-se de forma mais superficial nas vilosidades, o que origina
redução significativa de sua produção mesmo em lesões menos acentuadas. Se o acometimento da mucosa é maior,
as outras dissacaridases podem estar baixas, sendo as maltases as últimas a se alterarem, por serem produzidas em
Everaldo Leite 9

maior quantidade. Ainda pode ocorrer, quando a atrofia vilositária é muito importante, deficiência de absorção de
todos os nutrientes, inclusive monossacáridios, o que se traduz numa má absorção global de nutrientes; esta
intensidade de processo está presente, geralmente, em crianças previamente muito desnutridas, pequenas e/ou
imunodeprimidas.

-Por outro lado, a lesão de mucosa leva a aumento da permeabilidade intestinal e comprometimento da barreira da
mucosa à passagem de moléculas grandes; as macromoléculas protéicas têm alto poder alergênico e podem
sensibilizar o indivíduo, levando à alergia secundária à proteína do leite de vaca. O supercrescimento bacteriano de
intestino delgado levaria à lesão intestinal e teria ação nos sais biliares, desconjugando-os precocemente e
prejudicando a miscelinização de gorduras. A presença de sais biliares livres na luz intestinal inibe absorção de glicose
e tem ação lesiva sobre a mucosa intestinal, agravando a máabsorção.

-Diagnostico:

-O diagnóstico desta síndrome é eminentemente clínico. Baseia-se na história de diarréia aguda, geralmente
infecciosa, que se prolonga por período superior a 14 dias. O exame físico deve ser cuidadoso, avaliando-se o estado
nutricional, sinais que sugiram alergia alimentar e presença de edema (possibilidade de enteropatia com perda
protéica), bem como assadura perianal (sugestiva de diarréia fermentativa).

-Os exames laboratoriais auxiliam muito pouco o diagnóstico, visto que na maioria das vezes o agente da
gastroenterite não está mais presente, sendo a cultura de fezes negativa. Os exames de laboratório são utilizados
principalmente para diagnóstico de doenças associadas, como infecções extra-intestinais, parasitoses, distúrbios
hidro-eletrolíticos, anemia. Um exame de pH e sustâncias redutoras nas fezes pode auxiliar no diagnóstico de
distúrbios de absorção de carboidratos, desde que feito na vigência de dieta com o açúcar a ser testado e com os
cuidados exigidos pela técnica (fezes recém emitidas, pesquisa na porção líquida das fezes, que não deverá estar
contaminada com urina).

-Tratamento:

-O tratamento é basicamente dietético e deve ter como princípio o conhecimento das alterações fisiopatológicas
presentes na diarréia persistente. O tratamento medicamentoso não é necessário na grande maioria dos casos, exceto
polivitamínicos, recomendados quando a criança é desnutrida. A escolha do tipo de alimentação tem como base os
aspectos clínicos de cada paciente, principalmente no que diz respeito às características da diarréia e
comprometimento do estado nutricional da criança, além da presença de outros fatores de risco, como idade e
imunodeficiência.

-Em resumo, tem como base o conhecimento dos mecanismos patogênicos desta síndrome e consta de manobras
dietéticas adequadas a cada caso, tendo como princípio o de não fazer manipulações desnecessárias, sem, contudo,
aumentar o comprometimento do estado nutricional ou o risco de vida da criança.

-As manobras dietéticas variam desde a simples redução ou retirada da lactose até nos casos muito graves, a
introdução de alimentação parenteral.

Diarreia crônica

-A diarreia é caracterizada por perda de fluidos e eletrólitos nas fezes. Quando o processo em curso ultrapassa 14 dias,
define-se como diarreia crônica. Alguns autores utilizam o termo “diarreia persistente” quando o processo em questão
decorre de etiologia infecciosa, e denominam crônica quando não associada à infecção pregressa.

-Síndrome diarréica cujo curso não é autolimitado e não se origina de processo agudo. Tem duração superior a 3
semanas, sem início bem definido, evolução progressiva e contínua ou com surtos frequentes, com ou sem
recuperação clínica completa entre eles.

-Etiologia, Patogenia e Fisiopatologia;

-São descritas aproximadamente 60 causas de diarreia crônica na infância, sendo que seis a sete são mais comuns,
dependendo do local e grupo populacional estudado.
Everaldo Leite 10

-Em nosso meio, segundo nossa experiência, as causas mais frequentes são:

• Diarreia crônica inespecífica;


• Enteropatia ambiental (na qual estão presentes as parasitoses intestinais);
• Intolerância primária à proteína heteróloga;
• Doença celíaca;
• Fibrose cística.

-Do ponto de vista etiopatogênico e de fisiopatologia, podemos, didaticamente, dividir as causas de diarreia crônica
em quatro grupos:

• Doença que cursa com má absorção de nutrientes: Doença celíaca


• Doença que cursa com má absorção de intensidade variável; Parasitoses intestinais, intolerância à
lactose
• Doença que não cursa com má absorção; quando a diarreia surge por alterações funcionais. Ex:
Diarreia crônica inespecífica.
• Doença que há associação de fatores geradores de diarreia; DII

-É importante localizar o processo no trato gastrointestinal:

• Intestino delgado: Predomina a má absorção de nutrientes e de água, quer por lesão ou defeito no
enterócito, deficiência de enzimas que agem no lúmen. Tem menor frequência e maior volume.
• Intestino grosso: Tem um menor volume e maior frequencia.

-Diagnostico:

-Ela é mais comumente de início insidioso e de caráter contínuo, mas pode ser intermitente (parasitoses,
intolerâncias alimentares).

-Alguns aspectos importantes a serem avaliados:

• Idade de início:

• Características das fezes e evacuações:


▪ Frequência: Uma frequência aumentada esta relacionada com comprometimento do Intestino
Grosso.
▪ Período do dia que predomina evacuação: Período da manhã (Doenças funcionais do colón), a
tarde (má absorção).
▪ Volume e consistência: Delgado (menos consistentes e mais volumosas).
▪ Odor das fezes: Está alterado na má absorção de nutrientes.
▪ Presença de restos alimentares: Levar em consideração a visualização de alimentos que
normalmente deveriam serem completamente absorvidos.
▪ Presença de muco: Representa comprometimento colônico,
▪ Presença de sangue: É característica de colite de qualquer etiologia.
• Outras manifestações do tubo digestivo:
▪ Vomito: comuns em alergias a proteínas
▪ Dor abdominal tipo cólica: Pode estar presente nas parasitoses e na má absorção
▪ Distensão abdominal: É frequente em doença celíaca, mas pode ocorrer na má absorção
Everaldo Leite 11

• Manifestações extraintestinais:
▪ Sintomas respiratórios: Pode estar presentes em alergias
▪ Febre prolongada: Acompanha quadro de DII.
• Relação do inicio do quadro com a introdução de algum alimento. Saber a dieta do paciente.
• Avaliar o uso de medicamentos ou suplementos

-Anamnese:

▪ Características da diarreia (decálogo)


▪ Dieta
▪ Uso de medicamentos ou suplementos
▪ Imunodeficiente

-É importante saber a fisiopatologia da diarreia que acomete o paciente:

▪ Osmótica: Diminui quantidade de fezes do jejum. Gap alto


▪ Secretória: Grande quantidade de fezes, fezes não diminuem no jejum, gap baixo
▪ Disabsortiva: Perda de peso, gordura fecal
▪ Inflamatória: Sangue oculto, leucócitos.

-Laboratorial:

-Não há exame de rotina, deve pedir de acordo com a suspeita do diagnostico, ate mesmo o EPF que é comumente
pedido pode não ser de escolha em alguns casos.

▪ Exame parasitológico de fezes: As parasitoses que cursam com diarreia crônica são (Giardia, Amebiase,
Estrongiloidiase)
▪ Hemograma com VSH: Anemia, Eosinofilia e VSH quando suspeita de doença inflamatória.
▪ Teste da D-Xilose (respiratório): Utilizado para avaliar integridade da mucosa, na suspeita de doença com
lesão de vilosidade.
▪ Teste da absorção de gordura: Avaliar presença de gordura nas fezes.
▪ Teste de tolerância a açucares: Na suspeita de má digestão/absorção de carboidratos.
▪ Sorologia doença celíaca
▪ Biopsia intestinal: Para confirmar doença celíaca

-Teste para avaliar a função digestiva-absortiva, pancreática e inflamatória:

▪ Má absorção de carboidratos: Pode ser indicado com presença de agentes redutores nas fezes.
▪ H2 Expirado: Indica má absorção intestinal.
▪ Sangue oculto e leucócitos: Sinal de inflamação intestinal
▪ Calprotectina: Eleva-se quando há processo inflamatório intestinal agudo em curso.

-Marcadores sorológicos não invasivos:

▪ Anticorco antitransglutaminase e antiendomissio: Diagnostica doença célica (confirmado somente com


biopsua)
▪ P-anca e ASCA: RCU e DC

-Imagem:

▪ USG abd
▪ Enterografia TC

-Analise fecal:

▪ EPF
▪ Gap
▪ Ph
Everaldo Leite 12

▪ Substancias redutoras
▪ Calprotectina
▪ Elastase

-Tratamento:

- Terapêutica de exclusão ou redução de nutrientes:

-Lactose, Sacarose e Isomaltose, monossacarídeos, gluten, proteínas heterólogas (leite de vaca), redução de ácido
gorduroso de cadeia longa.

-Tratamento medicamentoso:

-Reposição de enzimas, que podem estar ausentes no tubo digestivo.

-Reposição de zinco:

-Droga anti-inflamatória: Em casos de doenças inflamatórias

-Antiparasitários: Em casos de parasitas.


APG07
Everaldo Leite 1

Constipação Intestinal

-Definição:

-Várias são as formas de se definir constipação intestinal. Este capítulo utilizará os critérios de Roma III, que agregam
sintomas objetivos e subjetivos:

➢ Objetivos: Frequência das evacuações e manobras manuais para auxiliar a defecação.


➢ Subjetivos: Esforço defecatório intenso, bolo fecal com formatos irregulares e/ou de consistência endurecida,
sensação de evacuação incompleta e/ou de obstrução anorretal.

-Considera-se constipação intestinal funcional como diagnóstico quando dois ou mais dos seguintes critérios são
relatados pelo paciente: Classificação de ROMAIII

• Grande esforço durante pelo menos 25% das defecações


• Fezes duras ou grumosas em pelo menos 25% das defecações
• Sensação de evacuação incompleta pelo menos em 25% das defecações
• Sensação de obstrução anorretal e/ou de evacuação incompleta em pelo menos 25% das defecações
• Manobras manuais para facilitar pelo menos 25% das defecações
• Menos de três evacuações por semana.

-Tais critérios devem estar presentes nos últimos 3 meses, e o início dos sintomas, em 6 meses ou mais antes do
diagnóstico

-Outros dois itens independentemente dos anteriormente citados não são incluídos entre os critérios:

• Fezes amolecidas raramente estão presentes sem o uso de laxantes


• Critérios insuficientes para síndrome do intestino irritável

-Considera-se normal 3 ou mais evacuações por semana.

-A constipação intestinal pode ser classificada: Aguda e crônica

• Aguda: quando ocorrem mudanças em hábitos alimentares, diminuição de atividade física, ou uso de
medicamentos em pós-operatório. A normalidade é restabelecida espontaneamente, após a cessação dos
fatores desencadeantes.
• Crônica: sendo essa subdividida em funcional (primaria) e orgânica (secundaria)

-Fisiopatologia constipação intestinal crônica Funcional:

-Funcional: A constipação intestinal é funcional, quando não se origina de alterações anatômicas do canal alimentar,
ou motivada por doenças metabólicas, musculares ou neurológicas.

-Constipação intestinal crônica primária (Funcional_ pode ser diagnosticada de acordo com três grupos de causas:

• Constipação de transito normal Funcional, com trânsito colônico normal. *mais comum*.
• Constipação de transito lento: Trânsito intestinal prolongado de passagem do bolo fecal pelo intestino grosso,
associado à queixas de distensão abdominal e perda de borborigmo.
Everaldo Leite 2

• Doencas do ato evacuatório: Disfunção anorretal, como a coordenação ineficaz da musculatura pélvica no
ato da defecação

-Pacientes que apresentam esta condição têm a sensação de evacuação incompleta ou obstrução à defecação e ou, a
necessidade de manipulação digital do orifício retal.

- Constipação de trânsito normal: Também denominada funcional, e a forma mais comum de apresentação. Embora
o tempo de passagem pelo colon seja normal, o paciente refere ser constipado, queixando-se de fezes endurecidas ou
insatisfação com a evacuação. São indivíduos com distúrbios psicossociais frequentes, e queixam-se também de
desconforto abdominal e flatulência.

-Respondem a fibra/água/laxante osmótico

- Doencas do ato evacuatório: Ocorrem em virtude da disfuncao do assoalho pelvico ou do esfincter anal.

-Medo de dor ao defecar (fezes volumosas e endurecidas), fissura anal e hemorroidas podem estar associados a
distúrbios da defecação, assim como abuso físico ou sexual ou distúrbios alimentares. Causas menos comuns incluem
anormalidades estruturais: intussuscepção retal, retocele, sigmoidocele obstrutiva e deiscência perineal extrema.:

-Constipação de trânsito lento: É de ocorrência mais comum em mulheres jovens que evacuam até uma vez por
semana, comumente iniciando-se na puberdade. Clinicamente, apresenta-se como dor abdominal ou desconforto,
flatulência e urgência fecal, essa menos frequente. Os quadros leves respondem bem a tratamento dietético com
aumento de fibras, o que não ocorre nos casos mais graves. O trânsito colonião lento, associado a falta de incremento
na atividade motora após ingesta de carnes, ou administração de substancias, caracteriza a inércia colônica.

- O exame histopatológico mostra um número diminuído de neurônios do plexo mioentérico, bem como outras
anormalidades que alterariam a motilidade gastrointestinal

-Constipação orgânica (secundaria):


Everaldo Leite 3

-Avaliação clínica:

-Realizar anamnese completa dos sintomas (ROMA III), hábitos de vida, socioeconômico.

-Deve descartar causas secundarias. Logo investigar os sinais de alarme; como emagrecimento, hemorragia, febre,
anorexia e anemia, que podem nos orientar para uma causa anatômica

-Em pacientes com >50 anos, ou que se tornaram constipados recentemente é indicado pesquisa de sangue oculto
nas fezes, dosagem sanguínea de eletrólitos (Hemograma, cálcio, glicemia , TSH).

-Pacientes que não responderam as orientações iniciais ou apresentam sanguem oculto nas fezes é indicado a
colonoscopia.

- Nos pacientes com menos de <50 anos sem sinais de alerta e história longa de constipação, opta-se por uma
terapêutica progressiva. Cintilografia sugestivo de trânsito do Intestino grosso lentificado.

-Para avaliar o tempo colônico faz um exame chamado: Tempo de trânsito colônico (TTC), o tempo de trânsito normal
é inferior a 72 horas. Uma radiografia abdominal deve ser realizada 120 horas após marcadores radiopacos serem
deglutidos em uma cápsula de gelatina. Previamente, deve-se fazer dieta rica em fibras, e laxativos/enemas e
medicamentos que afetem a função intestinal não devem ser utilizados. Caso haja retenção de mais de 20% dos
marcadores, o trânsito é considerado prolongado, e se for predominantemente em cólon esquerdo e reto, é sugestiva
de distúrbio defecatório
Everaldo Leite 4

-A abordagem da constipação intestinal em idosos merece inicialmente duas observações:

• Primeira: relacionasse com situações idade-dependentes (imobilidade, depressão e polifarmácia), fatores


com potencial para desencadear e/ou agravar quadros intestinais.
• Segunda: Está relacionada com várias condições médicas graves e/ou crônicas em idosos, que também
provocam e/ou intensificam quadros de constipação intestinal.

-Manifestações clinicas:

-As manifestações clinicas são heterogênicas.

-Algumas queixas como: Menor número de evacuações e consistência fecal alterada eventualmente encontram-se
ausentes ou o idoso as considera como próprias da idade e não as relata.

-As principais queixas relatadas pelo idoso são:

• Desconforto à evacuação
• Necessidade de manobras digitais intrarretais ou intravaginais para auxiliar a eliminação das fezes
• Acompanhados de sensação de evacuação incompleta.

-Essas queixas relatadas, referem-se normalmente a pacientes portadores de disfunções do assoalho pélvico, podendo
haver outras queixas como dificuldade à micção e dispareunia

-Alguns desses pacientes também apresentam episódios de perda fecal involuntária, o que leva ao diagnóstico
incorreto de incontinência fecal.

-É preciso ter cautela ao prescrever medicamentos em casos com perda involuntária fecal particularmente
antidiarreicos, haja vista o risco potencial do desenvolvimento ou da piora de fecalomas (massa de fezes acumulada
no reto), diarreia paroxística associada a eles, úlceras estercorais e sangramentos retais.

-Alguns idosos podem apresentar uma menor mobilidade do intestino, digestivo alto, secundário a constipação. Esses
pacientes podem apresentar: vomito, náusea, pirose, sensação de esvaziamento lento, flatulência excessiva.

-Na anamnese no constipado crônico, merece atenção detalhes como:

• Medicamentos em uso
• Incapacidades físicas e mentais
• Comorbidades
• Hábitos alimentares
• Situação psicossocial

-Exemplo clássico dessa junção de fatores é a paciente idosa; viúva; residindo sozinha; em uso de prótese dentária
mal ajustada (o que a impede de mastigar vários alimentos), sofrendo de osteoartrite grave com quadro álgico aliviado
por opioides e que a limita fisicamente para a compra de frutas e legumes frescos regularmente; deprimida,
desmotivada para manufaturar refeições mais elaboradas do que macarrão instantâneo e/ou pão com manteiga,
mesmo em uso de antidepressivo tricíclico; é hipertensa controlada com bloqueadores do canal de cálcio. Essa
paciente apresenta alguns fatores e subfatores obstipantes:
Everaldo Leite 5

• Ausência de suporte familiar ou profissional, o que dificulta seu autocuidado e a feitura de refeições
adequadas;
• Prótese dentária que a impede de mastigar alimentos com resíduos ou laxativos;
• comorbidades como osteoartrite com limitação física, depressão com baixa iniciativa a se alimentar
adequadamente e hipertensão arterial contribuindo como eventual colaborador para baixa imobilidade;
• Medicamentos obstipantes como opioides, antidepressivo tricíclico e bloqueadores do canal de cálcio;
• Incapacidade física parcial, dificultando o ato de sentar no vaso sanitário e realizar a defecação
adequadamente.

-DIAGNOSTICO:

-Constipação intestinal não necessariamente é relatada pelo idoso ou questionada pelo profissional de saúde; por
isso é subestimada, com potencial de piora na qualidade de vida do paciente e passível de reversão em muitos casos,
com a compensação clínica de doenças coadjuvantes e/ou com ajuste ou trocas de medicamentos.

-A geriatria usa uma regra mnemônica dos ´´9 Ds´´ de ´´Defecação´ ´como orientação diagnóstica e terapêutica
durante a primeira avaliação clínica em pacientes com essa queixa.

• (1) drogas
• (2) desidratação
• (3) dieta inadequada
• (4) depressão
• (5) demência
• (6) defecação difícil
• (7) doenças degenerativas
• (8) diminuição da mobilidade e/ou atividade
• (9) dependência de cuidadores

-O exame clínico deve abranger avaliação perianal e exame digital retal. Desse modo, será possível a detecção:

• Massas tumorais e fecalomas;


• Grau de contratibilidade do esfíncter anal;
• Estenoses e fissuras orificiais.

-Exames laboratoriais:

• Hemograma completo
• Dosagem de eletrólitos séricos
• Calcemia
• Função tireoidiana

-Realizados após a avaliação inicial, particularmente em pacientes com múltiplas doenças e/ou medicamentos. Tem
baixa capacidade para diagnostico causal da constipação.
Everaldo Leite 6

-Indica-se colonoscopia em 2 situações: (técnica de imagem semelhante a esdoscopia).

• Em quadros de constipação intestinal de instalação recente associada a hematoquesia (sangue nas


feses).
• Perda de peso significativa, e quando há antecedentes familiares de neoplasia colônica

-obs: pacientes igual ou superior a 70 anos para realizar esse exame tem que fazer uma hospitalização.

-Tabela usada para diagnostico clinico, de acordo com ROMAIII.

-TRATAMENTO:

-Tratamento não farmacológico:

• Orientar ingesta de 30-50 ml/Kg/dia de água


• Aumentar ingesta de fibras

-Tratamento farmacológico:

• Fibras sintéticas (formadores do bolo fecal)


• Laxantes (osmótico, lubrificante, irritativo procinético_

- Com a ingestão suplementar de fibras aumenta-se o volume fecal, diminui-se a consistência das fezes e estimula-se
fisiologicamente a evacuação. As fibras retêm água em sua estrutura e, por isso, os pacientes devem ingerir volume
hídrico adequado.

-Em casos de uma constipação secundaria, tratar a causa base.

-Recomenda-se revisão do quadro clínico e medicamentoso antes da indicação de laxantes, utilizando-se, por exemplo,
a regra mnemônica dos nove “Ds”. Caso essa evisão não reduza ou cesse o quadro, recomenda-se o incremento na
ingesta de fibras e líquidos, mesmo com essas orientações não medicamentosas indicadas a constipação insistir, está
recomendado um tratamento farmacológico.

-Laxante Osmotico: É primeiro laxante de escolha (sal amargo, lactulose, manitol, sorbitol, polietilenoglicol e leite de
magnésia). A preferência dessa classe de laxantes deve-se basicamente ao seu grau de evidência clínica (1A ou 1B)
Everaldo Leite 7

mais consistente do que das outras classes de laxantes (grau B ou C): Agentes hidrofílos, emolientes, laxante de
contato, estimulantes do peristaltismo, lubrificantes.

-Mesmo os laxantes osmóticos apresentam potenciais limitações, como distensão e dor abdominal, flatulência e
diarreia. Esses efeitos colaterais ocorrem com mais frequência no uso de lactulose (tipo de laxante osmótico), devido
à sua metabolização bacteriana intestinal em ácidos carboxílicos.

-mec de ação Laxante osmótico: Provocam secreção de água para a luz intestinal por atividade osmótica. Ocorre
aumento da secreção de colescistocinina, responsável por estimular o peristaltismo.

-Laxante lubrificante (óleo mineral): Esses laxativos agem facilitando o deslizamento das fezes. São substâncias
oleosas que podem, em médio prazo, diminuir a absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).

-Laxantes irritativos: Agem provocando aumento da contração da musculatura lisa intestinal por meio de estímulo ao
plexo mioentérico (Quadro 8). A grande vantagem é a ação rápida, em torno de seis a 12 horas; no entanto, seu uso
crônico pode provocar lesão no plexo mioentérico, levando à dismotilidade colônica. São contraindicados na gravidez
e na amamentação. Em nossa opinião, devem constituir medicamentos de exceção.

-Laxantes procinéticos: Por fim, merecem menção os laxativos procinéticos, que agem aumentando o trânsito
intestinal de maneira mais fisiológica.

-Resumindo: O tratamento primeiro deve ser realizado uma revisão do quadro clinico e medicamentoso do paciente,
pode utilizar a regra dos 9 Ds, visto que a 1º conduta para tratar a constipação crônica seria remover possíveis causas,
após essa conduta avalia se teve melhoras no quadro, caso paciente não melhores segue a 2º conduta, que seria
solicitar ingesta de mais liquido e fibras, novamente avalia a resposta, em casos onde o paciente não evolui bem deve
iniciar o uso de Laxantes, sendo a classe mais indicada os ´´´LAXANTES OSMOTICOS´´.
Everaldo Leite 8

Doença Hemorroidária

-Introdução:

-Mamilos hemorroidários são estruturas anatômica presentes em todos os indivíduos. O Plexo Hemorroidário se
situa na porção distal do reto, canal anal, mais comumente nos quadrantes laterais esquerdo, anterior direito e
posterior direito do canal.

-São “coxins”, ou “almofadas” muito vascularizadas e especializadas que formam massas de submucosa espessa
contendo vasos sanguíneos, músculo liso e tecido elástico conjuntivo.

-Essas estruturas permitem ingurgitamento dos coxins, promovendo auxilio e manutenção da continência fecal em
situação de aumento de pressão intrarrenal, como espirro, tosse ou manobra de valsalva.

-Essas hemorroidas constituem a anatomia normal do humano, a Doença Hemorroidária surge quando os mamilos
prolapsos, inflamam e produzem sintomas.

-Esses coxins são irrigados pela artéria retais media e inferior.

-O tecido hemorroidário é dividido em Hemorroida externa e interna.

• Externa: Hemorroidas externas, localiza no terço distal do


canal anal, acima da linha pectínea (são essas dobras vistas
na imagem) e são recobertos por enoderma. São formados
pelo plexo hemorroidário inferior, que é subsidiário das
artérias e veias retais inferiores, e apresentam sensibilidade
ao toque, temperatura, distensão e dor.
• Interna: Hemorroidas internas, localiza-se na linha pectínea
e é recoberta por mucosa epitelial colunar. É formado pelo
plexo hemorroidário Superior (coxins arteriovenoso
subsidiários das artérias e veia retais superior) com
inervação autônoma. Não são sensíveis a dor.

-Fisiopatologia e fatores etiológicos:

-As causas da DH não são bem entendidas, existem 3 teorias que tentam explicar
sua etiologia:

Primeira: Com o passar dos anos ou situações agravantes, o tecido conjuntivo que
ancora o plexo hemorroidário ao esfíncter se deteriora. O plexo começa a deslizar
pelo canal e com isso vem os sintomas.

• Segunda: Sugere que os sintomas da DH surgem devido a hipertrofia ou


aumento do tônus do esfíncter anal interno (involuntário). Durante a
defecação o bolo fecal forçaria o plexo hemorroidário contra o esfíncter
interno, causando seu aumento e tornando-se sintomático.
• Terceira: Seria devido edema dos coxins.

-Outra explicação da fisiopatologia:

As hemorroidas resultam de congestão e hipertrofia dos coxins (mamilos)


posicionados acima da linha pectínea, que se comunicam com os situados abaixo
dela (externo). Nessas condições podem apresentar manifestações que dependem
de diferentes mecanismos:
Everaldo Leite 9

• Desregulação do shunt (derivação) arteriovenoso ao nível da formação glomerular dos vasos

• Insuficiente retorno através das veias retais superiores, resultando em estase, engorgitamento e inchaço dos
coxins

• Aumento da pressão intra-abdominal, com compressão dos pedículos venosos, dificultando o retorno
sanguíneo, o que acontece durante o esforço de evacuação nas pessoas obstipadas, durante os esforços para
micção, nos prostáticos, e especialmente durante a gravidez.

-Dentre os fatores etiológicos estão:

• Bloqueio evacuatório
• Fezes endurecidas
• Esforço evacuatório exagerado
• Obesidade

-Esse último causa ingurgitamento dos mamilos aumentando seu prolapso e, associado à degeneração senil do tecido
de sustentação mantém o prolapso e deixa as estruturas suscetíveis a trauma. Os mamilos prolapsados ainda sofrem
ação do esfíncter que, segundo demostrado por autores, estão hiperativos em pacientes com DH.

-Manifestações clinicas e Diagnostico:

-Principais sintomas:

• sangramento dos mamilos hemorroidários: normalmente indolor


• Prolapso dos mamilos (podendo exteriorizar)
• Dor: Não cursa com hemorragia, se tem dor pode ter relação com fissura anal
• Incontinência fecal leve
• Prurido
• Volume perianal

-Esse sangue é vivo, pode está junto das fezes, gotejando ou em jato no momento da defecação. Não depende do ato
evacuatório, paciente pode apresentar esse sangramento antes, durante ou após a defecação.

-Quando a queixa principal do paciente for dor, deve avaliar possíveis complicações da DH: Fissura perianal, Abcessos
perianais, Trombose hemorroidária aguda

-Hemorroidas externas em geral tornam-se sintomáticas na ocorrência de quadros agudos como trombose
hemorroidária e crise hemorroidária. Cronicamente podem estar associadas à desconforto anal, sangramento e
dificuldade de higiene.

-A trombose hemorroidária (Figura 2) se caracteriza pela presença de nódulo perianal bem delimitado,
usualmente azulado e doloroso. Sua história natural é de início abrupto de dor, que aumenta nas primeiras 48
horas e apresenta regressão após o quarto dia. A pele sobre a hemorroida trombosada pode necrosar e ulcerar,
causando sangramento ou saída de secreção. Quando não há drenagem espontânea, o trombo pode demorar
algumas semanas para sumir completamente. Podem haver casos assintomáticos, nos quais a alteração é
percebida pelo paciente durante a higiene.

Crise hemorroidária (Figura 3) é o quadro doloroso causado pelo prolapso de hemorroidas internas de grau III e
IV que se tornam encarceradas devido a edema prolongado. Pode estar associado com trombos hemorroidários.
Everaldo Leite 10

-Diagnostico:

• História clínica
• Exames proctológicos (inspeção anal estático e dinâmica- Valsalva)
• Toque digital do reto
• Anuscopia (representado na imagem 1)

-Para um diagnostico diferencial usa-se a retossigmoidoscopia.

-Classificação das DH internas e suas abordagens terapêuticas;

• Grau I: Não há prolapso; apenas sangramento;


• Grau II: Os mamilos internos exteriorizam-se durante o esforço de evacuação e se reduzem (voltam à posição
inicial) espontaneamente após o ato;
• Grau III: Existe exteriorização ao defecar e a redução é feita digitalmente;
• Grau IV: Os mamilos estão permanentemente exteriorizados e, na maioria das vezes, ocorre em pessoas
idosas.

-Não há subclassificação para DH Externa, visto que seu tratamento é exclusivamente cirúrgico.

-Tratamento:

-O manejo da DH varia de acordo com sua classificação e severidade dos sintomas, podendo ser uma mudança nos
hábitos alimentares, chegando até a casos de cirurgia.
Everaldo Leite 11

-Clinico:

-O tratamento da DH mesmo que medicamentoso é aconselhado uma mudança na alimentação e hábitos de vida do
paciente.

-É indicado manter sempre as fezes amolecidas para facilitar sua passagem sem maior esforço. Dieta rifa em fibras
(20 – 35 g/dia) e aumentar ingesta de liquido.

-Medicamentoso:

• Formadores do bolo fecal (pacientes com diarreia): Psyllium, Dextrina


• Sintomas tópicos (anestésico, AINEs, Adstringente-constritor): Alivio da dor associado a DH,
▪ Cinchocaina+policreluseno---Proctyl (anestésico): É um supositório, usado na DH externa,
sugerindo que seja causada pelos mamilos internos.
• Agentes venoativos: Diosmina, Flavonoides. Melhoram o tônus venoso e diminuem sintomas agudos e sua
recorrência. Muito usado para plurido e sangramento.

-Manejo de quadros agudos:

• Trombose hemorroidária: Banho de assento, analgesia, ingesta de fibra + água. Pode usar anestésicos
tópicos para alivio da dor. Policruseleno + cinchocaina pomada até resolução dos sintomas.

-No caso de trombos grandes e muito dolorosos, pode ser indicada a incisão da pele sobre a lesão e a retirada
completa do trombo sob anestesia local com ou sem vasoconstritor (Figura 4). Tal procedimento pode ser
realizado na atenção primária se o médico se sentir confortável e apto para realiza-lo. Casos de trombose
hemorroidária com necrose são muito raros, porém devem ser avaliados pelo especialista em caráter de
urgência.

• Crise hemorroidária: Analgesia, banho de assento e aplicação de de acetato de chumbo. Que auxilia redução
do edema.

-Invasivos:

-Na ausência de hemorroidas externas sintomáticas, as hemorroidas de tipo B e algumas de tipo C podem ser tratadas
ambulatorialmente com procedimentos que produzem fixação mucosa.

-Embora tenham sido descritas a escleroterapia, a coagulação com infravermelho, a sonda de calor e a
eletrocoagulação bipolar, o procedimento mais simples, mais eficaz e mais amplamente aplicado é a ligadura com
elástico.

• Ligadura com elástico: Trata os tipos 3 e 4, é uma forma invasiva bem rápida. Consiste na aplicação de anéis
de borracha, causando necrose isquêmica e cicatrização do tecido hemorroidário, gerando fixação do tecido
conjuntivo a parede do canal anal.

-A colocação do anel de borracha muito perto da linha pectínea (cristas) pode levar a dor intensa pela presença
de inervação somática aferente que requer remoção rápida. É uma técnica segura podendo ser realizada em uma
Everaldo Leite 12

ou várias sessões. As complicações são sangramento leve pela ulceração mucosa, retenção urinária, trombose
hemorroidária externa e, raramente, sepse pélvica. Esse método é bastante eficaz e sua taxa de sucesso varia
entre 79% a 97%

• Fotocoagulação de radiação infravermelho: Indicada para tipo 1 e 2. Consiste em uma unidade elétrica e um
aplicador manual tipo pistola. A ponta da pistola é encostada sob leve pressão na mucosa normal, adjacente
e cranial ao mamilo. A energia infravermelha penetra nos tecidos e é convertida em calor, que coagula os
vasos irrigadores do mamilo.

-A profundidade da lesão tecidual é determinada pela duração do pulso. Realizam-se 3 a 5 disparos de 1 a 1,5
segundos em cada mamilo, para a coagulação de 1mm de tecido. Até 3 mamilos são coagulados por sessão.

-Formam-se, no local da aplicação, pequenas úlceras que cicatrizam e, por meio de fibrose, aumentam a
aderência da mucosa redundante à muscular adjacente.

- Não há na literatura médica relato de complicações graves.

-Dor leve é descrita, porém é uma técnica bem aceita pelos pacientes e possui taxa de sucesso terapêutico
entre 85% e 92%. Uma diferença importante da ligadura elástica é o preço, pois o infravermelho é um aparelho
de alta tecnologia e, portanto, com alto custo de manutenção.

• Escleroterapia: Indicado para tipo 1 e 2. Consiste na injeção de agentes esclerosantes (em nosso meio,
principalmente fenol 5% em óleo de amêndoas) no interior do mamilo hemorroidário criando cicatrização,
fibrose, redução e fixação das hemorroidas por obliterar sua vascularização. O procedimento não requere
anestesia e é realizado em minutos. Cuidados são necessários a fim de evitar injeções intramucosa ou
intramuscular e prevenir descamação mucosa com ulceração ou dor excessiva. As complicações são
infreqüentes e usualmente estão relacionadas à injeção incorreta do esclerosante.

• Hemorroidectomia cirúrgica: Indicada pacientes com HD Externa sintomática mista ou interna com prolapso
permanente.

-Existem várias técnicas cirúrgicas, todas apresentam elementos essenciais como ligadura do suprimento
arterial, ressecção dos plexos hemorroidários dilatados, remodelagem do anoderma com excisão da pele
redundante (plicomas), indução de inflamação e fibrose. Podem ser feitas técnicas abertas, com cicatrização
por segunda intenção, fechada ou semi-fechadas.

-Os riscos de infecção e sangramento pós-cirúrgicos ficam em torno de 5%, e a retenção urinária em 10 a 32%.
Essa pode ser prevenida pelo uso restrito de reposição hídrica no transoperatório.

-Referências:

https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/880211/doenca-hemorroidaria.pdf

Tratado de gerontologia 4ed

http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2013/v101n2/a3987.pdf
APG08
Everaldo Leite 1

Obstrução intestinal (*intussuscepção) • Alta: Próximo ao ângulo de Treitz


• Baixa: Próxima ao colón

-Obstrução mecânica:
-Definição:
-O obstáculo pode estar:
Obstrução intestinal é uma condição em que há falha
na progressão normal do conteúdo intestinal. O • Na luz intestinal, como no íleo biliar;
conteúdo do tubo digestivo percorre um trajeto da • Na parede intestinal, como no carcinoma
boca em direção ao ânus. Obstrução intestinal estará obstrutivo da sigmoide
presente a partir do momento em que qualquer • Fora da parede intestinal, como nas grandes
obstáculo impeça esta progressão, seja por uma massas abdominais, nas bridas e hérnias.
barreira física ou por distúrbio funcional da força
propulsora da musculatura intestinal. -Na investigação de um paciente com suspeita de
obstrução, temos que responder as seguintes
A obstrução intestinal ocorre quando a propulsão do perguntas.
conteúdo em direção ao ânus sofre interferência1. Há
vários critérios para classificá-la: quanto ao nível • Há obstrução?
(delgado alto e baixo ou cólon), quanto ao grau • Há estrangulamento?
(completa, incompleta - suboclusão ou “alça fechada”), • Há desidratação importante?
quanto ao estado de circulação sanguínea (simples ou • Qual causa obstrutiva?
estrangulada), quanto ao tipo de evolução (aguda ou • Qual nível da obstrução?
crônica) e quanto à natureza da obstrução (mecânica,
-Para responder a primeira pergunta tem que fazer o
vascular ou funcional).
diagnóstico diferencial. O paciente se queixa de dor do
-Atualmente a causa mais comum de obstrução é de tipo cólica, deve fazer um diagnostico diferencial, visto
aderências. que somente podem causar esse tipo de dor os órgãos
que tem musculatura lisa: Estomago, Intestino, Ureter,
-Hérnia inguinal estrangulada, outrora causa mais
Trompas, Útero. Então, a investigação é nesses órgãos.
comum, figura em segundo lugar, seguida de neoplasia
intestinal. Esses três agentes etiológicos respondem -O estrangulamento pode ser identificado desde que se
por mais de 80% de todas as obstruções. tenha uma boa história associado ao exame físico.
Deve questionar o paciente se teve mudança no tipo
-Classificação:
da dor (cólica para continua), se teve aumento
-Pode classificada a obstrução em 2 grupos: sensibilidade coetânea e a dor localizada, avaliar
leucocitose (acima de 15,000 com desvio importante a
• Mecânica: Existe uma barreira física esquerda), agravamento do estado geral.
impedindo a passagem do alimento. Na
ausculta os sons estão presentes. -Exames de imagem pode mostrar a alteração
• Reflexa: Existe um distúrbio na força anatômica na alça acometida.
propulsora da musculatura intestinal. Pode ter: -A desidratação é comum em pessoas obstruídas, seja
Íleo Adinâmico (relaxamento da musculatura), devido não ingesta de líquidos, vômitos e pela
Íleo Dinâmico (A ineficiência é devida espasmo presença de liquido no lúmen intestinal. É importante
na musculatura). Na ausculta existe sons investigar o estado volêmico dos pacientes, realizando
ausentes uma aferição da PA, pulso e volume urinário.
-Inda pode ser classificada em: -A causa de obstrução é variada, não é o alvo principal
• Simples: Não apresenta risco à vitalidade da da investigação, primeiro é importante avaliar se o
alça envolvida pois não há restrição sanguínea. paciente estão ou não obstruído.
• Estrangulamento: Apresenta risco à vitalidade -As causas mais comuns da constipação são: Hernia
da alça pois apresenta restrição do fluxo. interna, bridas, invaginação, hernia externa e câncer.
-Pode ser classificada de acordo com o local da Como a hérnia externa e a brida são as duas causas
obstrução por barreira física: mais frequentes no nosso meio (70% das obstruções
intestinais), o diagnóstico é facilitado, porque a simples
Everaldo Leite 2

inspeção mostrará a presença da hérnia ou da cicatriz mecanismo o qual o corpo tenta eliminar a sobrecarga
cirúrgica abdominal. intestinal.

-Vomito que vem do estomago é claro, já o que vem do


duodeno tem aspecto esverdeado (bilioso), quanto
mais tempo demorar e mais baixo for o material
eliminado no vomito, terá um aspecto mais fecaloide,
marrom, espesso e fétido.

-A distensão é o resultado do acúmulo de líquido e gás


dentro das alças acima do ponto de obstrução. Os
líquidos ficam retidos na luz intestinal, sem nenhuma
-O diagnóstico de obstrução intestinal é clínico. Com a utilidade para o meio interno, perdidos no chamado
ajuda dos métodos de imagem, podemos obter terceiro espaço.
informações sobre o:

• Tipo de alça envolvida;


• Extensão do comprometimento; -Obstrução alta do delgado:
• Melhor acesso para uma abordagem cirúrgica -A dor é menos intensa, pois, estando mais próximo do
confortável do ponto de obstrução. ângulo de Treitz, o conteúdo luminal pode facilmente
-Sintomas gerais da obstrução: voltar para o estomago, onde é eliminado (vomito).

- Os sintomas cardinais são: dor, náuseas e vômitos, -Pouca distensão devida conteúdo refluir para o
parada da eliminação de gases e fezes e distensão intestino.
abdominal, sendo que esta manifestação ocorre mais
tarde2. A dor é tipicamente em cólica, de início brusco,
em salva, ocorrendo a intervalos regulares, de
localização epigástrica, periumbilical ou hipogástrica,
dependendo do nível da obstrução.

-Se a dor se tornar contínua, localizada ou difusa nos


intervalos entre as cólicas, é grande a suspeita de
comprometimento vascular.

-Obstrução do delgado:
-A proximidade do Treitz deixa grande extensão do
-Diagnostico clinico: tubo digestivo com gases e fezes, e o paciente poderá
-Os sintomas clássicos: eliminar gases e fezes mesmo já estando obstruído. Na
obstrução alta, os vômitos são o sintoma
• Dor: Tipo cólica predominante e poderá levar 48 horas para ser
• Vomito completa e evidente.
• Parada eliminação de gases e fezes
-Obstrução baixa do delgado:
• Distensão

-Esses correspondem a um quadro de obstrução e são -Na obstrução baixa, a dor é típica.
influenciados pelo tempo e ponto da obstrução. -Pelo vômito, o paciente elimina conteúdo das partes
-Essa dor é devido a força do intestino para vencer a mais baixas do delgado, podendo chegar ao vômito
barreira física. Sendo o melhor momento para fazer fecaloide.
ausculta o período de exacerbação dolorosa. -O fato de o local da obstrução situar-se na parte distal
-O vomito é um reflexo consequentemente devido a do intestino delgado faz com que o aparecimento dos
intensidade da dor. Posteriormente representa o episódios de vômito leve algum tempo para acontecer.
Everaldo Leite 3

-O intervalo do início da dor e o aparecimento do perfuração. O contraste hidrossolúvel está indicado


vomito orienta o diagnostico do pondo de obstrução. quando existe suspeita de perfuração.

-PCTs podem apresentar grande distensão abdominal, -Enfatizamos que se deve usar o exame contrastado
podendo levar a desconforto respiratório. somente diante da dúvida.

-Exame físico: Antes de iniciar o exame, é importante -A presença de pneumoperitônio confirma a existência
que o paciente informe o lugar exato do início da dor, de perfuração, que dispensa o exame contrastado.
seu deslocamento, sua intensidade, irradiação
-A TC não é acessível a todos. É capaz de mostrar
característica e se existe um lugar onde é mais intensa.
detalhes que a radiologia convencional não consegue
-Pcts devem tirar toda vestimenta abdominal, de captar, como aqueles da estrutura da parede intestnial,
maneira que os orifícios herniários sejam vi tanto do lado da luz, quanto da parte externa da
parede, o que o torna de grande utilidade para o
• Inspeção: Avaliar distensão abdominal, tipo
diagnóstico de obstrução por torção do meso e de
respiratório, abaulamento da parede,
estrangulamento.
movimentos peristálticos visíveis, cicatrizes e
cirurgias (pode o paciente ter bridas).
• Palpação: Avaliar pontos dolorosos, percebes
movimentos peristálticos, sentir borborismo
produzido pelo peristaltismo exacerbado.
• Percussão: Verificar timpanismo da alça
distendida, macicez de declive, bexiga cheia.
• Ausculta: Perceber aumento dos ruídos
hidroaéreos produzidos pela exacerbação do
peristaltismo.

-Diagnostico por imagem: RX de tórax simples do


abdômen. TC. PCTs com suboclusão pode usar o
contraste na TC.
-Imagem A; RX simples de abdome em posiçào
-Esses exames tem como finalidade avaliar o local da ortostática. Obstrução do delgado mostrando os níveis
obstrução. líquidos em diferentes alturas. Observar a opacidade
abaixo dos níveis, representando alças cheias de
-Os cólons são reconhecido pelas saculações,
líquido. Não há gás nos cólons.
chamadas de haustrações, que são dilatações em
forma de crescente, delimitadas pelas plicas -Imagem B. RX simples de abdome em ortostatismo.
semilunares. Obstrução do delgado. Observar o padrão da mucosa
com as pregas de Kerkring. Ausência de gás nos cólons.
-O delgado ocupa uma posição central. As pregas
mucosas orientam-se transversalmente, colocando-se
paralelamente, próximas umas das outras.

-Quando distendido, o delgado é reconhecido pelas


pregas de Kerkring.

- O delgado não tem gás, ao contrário do cólon, que


sempre tem gás. Este é o padrão radiológico normal.
Toda vez que observarmos inversão do padrão
radiológico normal, ou seja, delgado distendido, cheio
de gás, e o cólon vazio, estaremos diante de um quadro
de obstrução mecânica.

-Pode ser usado os contrastes para melhor diagnosticar A. RX simples de abdome em ortostatismo mostrando
os pacientes: Para usar o bário, é necessário preencher níveis aéreos no intestino delgado. As setas mostram
determinadas condições: não pode haver a menor bolhas de gás, em série, retidas dentro da alça, que
suspeita de estrangulamento, peritonite ou
Everaldo Leite 4

representam o sinal das contas do rosário, significando -Obstrução do colón:


que o paciente está realmente obstruído.
-Diagnostico clinico:
B. RX simples de abdome em decúbito dorsal
mostrando o gás retido no intestino delgado. As setas - A sintomatologia da obstrução do cólon difere da do
assinalam o gás na forma de faixas sequenciais, que delgado por condições anatômicas e fisiológicas: o
representam o sinal do "strech sign” significativo de cólon está preparado para reter gases e fezes, está
que o paciente está realmente obstruído. distante do estômago e muito próximo do orifício de
esvaziamento, o ânus.

-Rara ocorrência de vomito devido o colón ter essa


capacidade de distensão, menor dor (evitando reflexo
do vômito).

-Os primeiros sintomas são parada de gases e fezes.

-A distensão abdominal é um sinal predominante.

-Exame físico:

-A mesma conduta utilizada para a obstrução do


delgado deve ser mantida quando a suspeita é de
obstrução do cólon.

-Os achados são:


A. RX simples de abdome, em decúbito dorsal, • Grande distensão será evidente;
mostrando delgado distendido com gás. Não é possível • Timpanismo aumentado;
a percepção de níveis hidroaéreos devido à incidência • Dor fraca referida ao hipogástrio;
dos feixes de RX, em relação à posição do paciente. • Ceco facilmente palpável; O que já nos dará
B. RX simples de abdome em decúbito dorsal informações do problema atual, preditivo da
mostrando a apresentação em escada na obstrução do possibilidade de rotura do ceco, antes mesmo
delgado. do exame radiológico.

-Diagnóstico por imagem:

- imagem radiológica do cólon é influenciada pelo local


e

duração da obstrução, composição do conteúdo


intestinal e pela competência da válvula ileocecal.

-O colón sempre tem gás.

-Na obstrução o quadro radiológico apresenta


alterações:

• Colón extremamente distendido e delgado


sem gás;
• Colón apresenta haustrações: São pregas
espessadas;
A. Exame contrastado do delgado mostrando o local de • Contém material solido;
estreitamento responsável pelo quadro de suboclusão • Apresenta partes fixas no retroperitônio
intestinal. facilmente identificável;

B. Exame contrastado do delgado mostrando o local do -A passagem do conteúdo do delgado para o grosso se
estreitamento responsável pelo quadro de suboclusão da pela valva ileocecal, podemos ter 3 situações
intestinal. envolvendo essa valva:
Everaldo Leite 5

1. Valva competente: Aqui tem a situação clássica -Exames laboratoriais:


de alça fechada. É o mais comum. No RX
-Em casos de abdômen agudo os exames laboratoriais
simples a presença da distensão do ceco em
são ideais para avaliar o quadro geral do pcts.
>12cm apresenta um grande risco de ruptura.
2. Valva competente, porém, grande pressão no -A Leucocitose: Pode estar presente em quadros de
seco; A valva esta normal, só que como o ceco estrangulamento.
está com uma grande pressão, o bolo fecal não
progride do íleo para o ceco, e acumula no -Tratamento clinico:
delgado distal. -É muito importante tratar os efeitos e a causa. Por isso
3. Valva incompetente: Nesse caso o conteúdo é antes de realizar intervenção, deve administrar
facilmente retornado ao intestino delgado. O reposição hidroeletrolítica para o paciente, visto que os
risco de ruptura do ceco é mínimo. obstruídos podem ter volemia. Essa reposição
-Para fazer exame contrastado do colón tem que seguir hidroeletrolítica continua durante a cirurgia e no pós-
algumas recomendações: operatório.

- Inicia-se o tratamento clínico com aspiração


• Não pode ter suspeita de perfuração,
isquemia, ceco <10 cm nasogástrica, reposição hídrica, medida do volume
urinário, monitorização do pulso, pressão venosa
-Indicações para uso de contraste no colón: central (PVC) e pressão arterial.
1. Local da obstrução com precisão; -A escolha do momento certo para operar o paciente é
2. Fazer diagnostico diferencial de pseudo- a decisão mais importante que o cirurgião deve tomar.
obstrução e obstrução mecânica; O momento ideal para iniciar o procedimento cirúrgico
3. Ocasionalmente, reduzir o volvo do sigmoide dá-se quando o paciente apresentar:
ou invaginação intestinal.
• Pressão normal e estável
-O exame contrastado de emergência se faz sem • Diminuição da frequência do pulso
preparo intestinal, visto que o motivo desse exame não • Eliminar, pela primeira vez, 30 ml de urina em
é avaliar a mucosa, e sim o local da obstrução. 1 h.
-A TC é muito importante, podendo ser feita com -Pacientes dividem-se em 2 grupos, os que são
administração de contraste hidrossolúvel. diagnosticados em até 24 horas do inicio dos sintomas
(são os pacientes mais estáveis), e os diagnosticados
após 24 horas do início dos sintomas.

-Essa obstrução se não houver intervenção pode ser


fatal, ela pode tomar 3 caminhos:

1. A obstrução se desfaz, possivelmente com a


ajuda da aspiração nasogástrica;
2. Forma-se uma fístula;
3. Realiza-se uma intervenção cirúrgica.

-Obstrução sem alivio a melhor saída é a cirurgia.

-É muito importante destacar o estrangulamento.


Dentro deste raciocínio, a utilização da TC, por sua
habilidade em revelar alterações da estrutura da
parede intestinal e maior segurança na avaliação de
que realmente não há estrangulamento, é atualmente
indicada.

-Inicia-se o tratamento clínico e acompanha-se


-Clister opaco em tumor obstrutivo do cólon
atentamente a evolução do quadro obstrutivo, com
descendente. Há distensão do delgado em
reavaliações a cada 2 a 3 h. São sinais que o paciente
consequência da válvula ileocecal incompetente.
está evoluindo bem:
Everaldo Leite 6

1. Diminuição da distensão; do delgado - indicam, com grande probabilidade de


2. Diminuição da drenagem gástrica; acerto, o diagnóstico de obstrução por brida.
3. Interromper a aspiração nasogástrica e
observa a tolerância do paciente;
4. Fazer nova avaliação radiológica.

-Entretanto, se na reavaliação, após a interrupção da


aspiração nasogástrica, houver recidiva da
sintomatologia inicial, significa que a melhora clínica
era devida à aspiração nasogástrica. Não há
necessidade de nova investigação radiológica.
Interrompe-se a tentativa de tratamento sem -As complicações são: Necrose, perfuração, abcessos,
operação e, com os cuidados necessários, operamos o fistulas.
paciente. -Obstrução do colón:
-Tratamento cirúrgico: -Segmento mais envolvido é o colón descendente, em
-Os procedimentos cirúrgicos tem como alvo a causa da especial na parte retossigmoidiana, onde os tumores
obstrução e suas complicações. são infiltrantes e estenosantes. Classicamente referido
como anel de guardanapo.
-Hernia estrangulada:
-O colón tem suas particularidades, em vigência da
-Causa mais frequente. obstrução há uma grande proliferação bacteriana.
- Este fato obriga o médico a sempre examinar os - Quando se tratar de diverticulite do sigmoide, com
orifícios herniários, com paciência e cuidado nos obstrução, o melhor exame para investigar o estado da
pacientes obesos, em que o grande panículo adiposo alça é a TC, pela sua habilidade de revelar o que está
associado a pequenas hérnias pode trazer alguma acontecendo na luz, na parede e fora da parede
dificuldade para se estabelecer o diagnóstico quando a intestinal. Quando há indicação cirúrgica, o melhor
causa da obstrução não é facilmente identificável. A procedimento é aquele em que se retira o segmento
técnica cirúrgica segue as regras básicas da cirurgia das doente, inflamado e abscedido de dentro do abdome,
hérnias. habitualmente a colostomia de duas bocas ou a cirurgia
de Hartmann.

-Pontos importantes:
-Bridas e aderências: -O alvo da investigação é o local da obstrução, a partir
-2º maior causa em nosso meio. deste ponto as alças estarão dilatadas, cheias de gás e
líquido a montante e vazias a jusante;
- Quando toda a parede abdominal está exposta à
inspeção, teremos aproximadamente 75% de -A ausência de peristaltismo significa que o intestino
probabilidade de identificar a causa da obstrução: entrou em estafa ou que há necrose da alça envolvida;

1. o paciente terá uma hérnia externa ou; -A presença de peritonite pode ter outra causa que
2. uma cicatriz cirúrgica abdominal, muitas vezes será difícil de esclarecer somente com o
independentemente do tamanho. RX simples. Nesse caso quem assume é a TC;

-O delgado é o segmento intestinal mais envolvido, e -Qualquer tentativa de tratamento clínico, a não ser
estes dois elementos - cicatriz abdominal e obstrução em casos muito especiais, já descritos, pode levar o
paciente à morte;
Everaldo Leite 7

-Intussuscepção:

- A intussuscepção é a causa mais comum, na infância,


de obstrução do intestino delgado. Geralmente, ocorre
com a invaginação do segmento proximal no distal.

-Pico do 5º ao 9º mês de vida. Tem maior incidência no


sexo masculino.

-Tríade clássica dos sintomas são:

• Dor abdominal aguda; Na fase aguda é


intermitente, duração 4-5min o episódio com
intervalos de 20 min. -
• Vômito;
• Eliminação de muco com sangue (geleia de
morango) pelo reto. -Referências:

-A presença de massa abdominal é um achado DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo


importante no diagnóstico, com uma incidência de F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. [Digite
o Local da Editora]: Grupo GEN, 2011. E-book.
48%, e a localização mais frequente é a flexura hepática
978-85-277-1970-4. Disponível em:
(hipocôndrio direito).
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/book
-O primeiro sintoma não se deve ao fator obstrutivo, s/978-85-277-1970-4/. Acesso em: 02 set. 2022.
mas a mecanismo reflexo da dor, que é muito intensa;
ILIAS, Elias Jirjoss; KASSAB, Paulo; CASTRO,
- Quando a invaginação ocorre no intestino delgado, Osvaldo Antonio Prado. Intussuscepção
intestinal. Revista da Associação Médica Brasileira,
situação mais rara, espera-se uma sintomatologia
v. 58, p. 404-405, 2012. (ver dnv)
obstrutiva mais precoce, com dor, vômitos e
enterorragia. Nesse caso, a massa abdominal é mais -Artigo: https://sbcp.org.br/pdfs/25_4/03.pdf (ver dnv)
difícil de ser palpada assim como a realização do
https://cbcsp.org.br/wp-
diagnóstico. Essa forma normalmente acomete content/uploads/2016/aulas_curso/abdome_agudo_p
crianças maiores de 2 anos, que, geralmente, or_obstrucao_27_09.pdf (der dnv)
apresentam alguma doença que sirva como ponto fixo
para a intussuscepção.

-A TC é o método para melhor diagnosticar.

-Etiologia:

-A intussuscepção, cuja etiologia seria um ponto fixo,


tem uma incidência de apenas 10% dos casos, sendo o
divertículo de Meckel o mais comum (75% dos casos),
seguido por pólipos intestinais (15% dos casos) e o
restante estaria dividido em púrpura de Henoch-
Schonlein, linfoma e duplicação ileal.
APG09
Everaldo Leite 1

Pólipos - Robbins -Pólipo inflamatório:

- Os pólipos que formam a partir da síndrome da ulcera


solitária são exemplo lesão puramente inflamatória.
-Os pólipos são mais comuns na região colorretal, mas
podem ocorrer no esôfago, estômago ou intestino
delgado.
-O paciente apresenta uma tríade clássica:
-A maioria dos pólipos, senão todos, começa como
pequenas elevações da mucosa. • Sangramento retal;
• Descarga de muco;
-Os pólipos podem ser classificados de acordo com sua • Lesão inflamatória na parede retal anterior.
forma, do tipo Sesseis e Pedunculado:
-A causa subjacente a essa ulcera seria o relaxamento
• Sesseis (sem pedúnculo), à medida que esses do esfíncter anorretal prejudicado, formando uma
pólipos aumentam, a proliferação das células pressão dessa ulcera na passagem das fezes.
adjacentes a massa e a força de protusão
luminal contribuem para formar o pólipo -Esses pólipos inflamatórios surgem a partir do ciclo
Pedunculado. crônico de lesão e cura.

-Classificação quanto a sua natureza: -A característica histológica desse pólipo inclui:

• Neoplásico: Adenoma (pode evoluir para • Infiltrado inflamatório misto;


malignidade) • Erosão;
• Não Neoplásico: Inflamatório, • Hiperplasia epitelial com hiperplasia epitelial
hemartomatosos e hiperplásico da lâmina própria.

-OBS: ADENO (célula glandular), OMA (Benigno). CAR e -Pólipo Hamartomatoso:


SAR (são malignos).
-Ocorrem esporadicamente ou como componente de
-Pólipos não neoplásicos: várias síndromes geneticamente determinada ou
adquiridas.
-Hiperplásico:
-Muitas das síndromes de pólipos harmatomatosos são
-Os pólipos hiperplásicos colônicos são proliferações causadas por mutações da linhagem germinativa nos
epiteliais benignas, tipicamente descobertas na 6ª ou genes supressores de tumores ou proto-oncogenes.
7ª década de vida.
-Algumas dessas síndromes estão associadas ao risco
-Sua patologia: resultam da reposição diminuída de de câncer, tanto dentro dos pólipos quanto em
células epiteliais e do atraso na descamação das células qualquer outro lugar intra ou extraintestinal. Dessa
epiteliais superficiais, levando ao empilhamento das forma, em algumas síndromes do pólipo
células caliciformes e das células absortivas. Não evolui harmatomatoso, os pólipos podem ser considerados
para malignidade. lesões neoplásicas pré-malignas, parecidas com
-Sua principal importância é que elas devem ser adenomas.
distinguidas dos adenomas serrilhados sésseis, os quais -Além disso, é importante reconhecer esses pólipos,
são histologicamente similares, mas que têm potencial devido às manifestações extraintestinais associadas e à
maligno, como descrito adiante. possibilidade de que outros membros da família sejam
-Também é importante lembrar que a hiperplasia afetados. Diversas dessas síndromes são discutidas a
epitelial pode ser uma pista da presença de uma lesão seguir:
próxima, clinicamente importante.

-São mais comuns no colón esquerdo e tem menos de


5 mm de diâmetro.
Everaldo Leite 2

-Pólipo Juvenil: -Os adenomas são neoplasias epiteliais que variam de


pequenos pólipos frequentemente pedunculados a
Os pólipos juvenis são malformações focais do epitélio grandes lesões sésseis.
e da lâmina própria. Estes podem ser esporádicos ou
sindrômicos. Afeta principalmente crianças <5anos, -Esses pólipos Adenomas são mais frequentes no sexo
sua apresentação é predominantemente no reto, masculino, presente em até 30% da população com 60
paciente pode apresentar sanguramento. anos de idade.

-Esse tem menos de 3 mm de diâmetro. -Como esses adenomas são precursores de


adenocarcinomas colorretais, após 50 anos de idades
os indivíduos devem passar por uma vigilância. Os
pacientes com histórico familiar devem iniciar o
rastreamento 10 anos antes da idade do diagnóstico do
-Síndrome de Peutz-Jeghers: Esta síndrome seu parente.
autossômica dominante rara se apresenta em uma -Essa avaliação é através da colonoscopia.
idade média de 11 anos com múltiplos pólipos GI
hamartomatosos e hiperpigmentação mucocutânea. -Adenomas são caracterizados pela presença de
displasia epitelial. A colonoscopia por vigência e
-Os pólipos de Peutz-Jeghers podem iniciar uma remição desses pólipos adenomatosos reduzem a
intussucepção, que ocasionalmente é fatal. incidência de adenocarcinomas colorretais.
-Essa síndrome esta associada a desenvolvimento de -A maioria dos adenomas é clinicamente silenciosa,
tumores malignos. com exceção dos pólipos grandes que produzem
sangramento oculto e anemia, além de raros
adenomas vilosos que causam hipocalemia
-O risco de morte é de aproximadamente 40% e a hipoproteinêmica, pela secreção de grandes
vigilância regular é recomendada desde o nascimento quantidades de proteína e potássio.
para tumores do cordão testicular, durante a infância
-Esse tem diâmetro de 0,3 a 10 cm de diâmetro. Podem
para cânceres gástricos e do intestino delgado, e na 2ª
ser pedunculados ou sesseis. Superfície semelhante a
e 3ª décadas de vida para cânceres do cólon,
framboesa.
pancreáticos, de mama, de pulmão, de ovário e
uterinos. -O pedículo é geralmente recoberto por epitélio não
neoplásico, mas o epitélio displásico pode estar
-Esses pólipos são mais comuns no intestino delgado,
presente.
podem ocorrer no estomago, colón e até mesmo no
pulmão e bexiga.

-Múltiplos pólipos no intestino delgado, de


hiperpigmentação mucocutânea e um histórico
familiar positivo, é a chave para o diagnóstico. A
detecção de mutações no STK11 pode ser útil para se
fazer o diagnóstico em pacientes com pólipos e que
não apresentam hiperpigmentação cutânea. Não
identificação da mutação de STK11 não exclui -Embora a maioria dos adenomas colorretais seja de
diagnostico. lesões benignas, uma pequena proporção pode abrigar
um câncer invasivo no momento da detecção.
-Pólipos neoplásicos
-O tamanho é a característica mais importante
-Qualquer lesão de massa neoplásica no TGI pode
correlacionada ao risco de malignidade. Por exemplo,
formar pólipos, devido proliferação excessiva.
enquanto o câncer é extremamente raro em adenomas
-Os pólipos neoplásicos mais comuns são os adenomas com menos de 1 cm de diâmetro, alguns estudos
colônicos, os quais são precursores da maioria dos sugerem que aproximadamente 40% das lesões
adenocarcinomas colorretais. maiores que 4 cm de diâmetro contêm focos de câncer.
A displasia de alto grau também é um fator de risco de
Everaldo Leite 3

câncer em um pólipo individual, mas não confere um ser detectado ao nascimento e, portanto, pode ser um
aumento de risco em outros pólipos no mesmo adjuvante para a investigação precoce.
paciente.
-Mutações específicas no APC têm sido associadas ao
-Poliose adenomatosa: desenvolvimento de outras manifestações da PAF e
explicam, parcialmente, variantes como a síndrome de
-A polipose adenomatosa familiar (PAF) é um distúrbio Gardner e a síndrome de Turcot.
autossômico dominante, no qual os pacientes
desenvolvem numerosos adenomas colorretais, -Alguns pacientes com polipose, sem perda de APC,
quando adolescentes. possuem mutações bialélicas do gene reparador da
excisão da base MYH (também conhecido como UTYH).
-Ela é causada por mutações do gene da adenomatose Esse distúrbio autossômico recessivo é conhecido
polipose coli ou gene APC, sobre o qual você lembrará como polipose associada ao MYH. O fenótipo colônico
que é um regulador negativo fundamental da via de é semelhante ao da PAF atenuada, com o
sinalização Wnt (Cap. 7). desenvolvimento do pólipo em idades mais avançadas,
-Aproximadamente 75% dos casos são hereditários, presença de menos de 100 adenomas e atraso no
enquanto o restante aparenta ser causado por surgimento do câncer de cólon, comumente a partir
mutações adquiridas. dos 50 anos.

-Pelo menos 100 pólipos são necessários para um -Câncer colorretal hereditário não polipose:
diagnóstico de PAF clássica, mas várias centenas
-Também conhecido como síndrome de Lynch, foi
podem estar presentes.
originalmente descrito com base no agrupamento
familiar de cânceres em vários locais, inclusive no
cólon, reto, endométrio, estômago, ovário, útero,
cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar,
pâncreas e pele.

-Acredita-se que o CCHNP represente entre 2% e 4% de


todos os cânceres colorretais, tornando-o a forma
sindrômica mais comum do câncer do cólon.

-Os cânceres de cólon em pacientes com CCHNP


tendem a ocorrer em idades mais precoces do que os
cânceres de cólon esporádicos e estão frequentemente
-Polipose adenomatosa familiar. A, Centenas de localizados no cólon direito.
pequenos pólipos estão presentes neste cólon, com
um pólipo dominante (à direita). -O CCHNP é causado por mutações hereditárias nos
genes que codificam proteínas responsáveis pela
-O adenocarcinoma colorretal desenvolve-se em 100% detecção, excisão e reparo de erros que ocorrem
dos pacientes que não realizaram tratamento para a durante a replicação do DNA.
PAF, comumente antes dos 30 anos e quase sempre
aos 50. -Existem pelo menos cinco desses genes de reparo de
erro de pareamento, mas a maioria dos pacientes com
-A colectomia profilática é a terapia padrão para CCHNP possui mutações em MSH2 ou MLH1.
indivíduos carregando mutações APC. A colectomia
previne o câncer colorretal, mas os pacientes -Esses pacientes herdam um gene mutante e um alelo
continuam sob risco de neoplasia em outros locais. normal, então para o desenvolvimento do câncer, é
Adenomas podem se desenvolver em qualquer parte necessário ter contribuição do meio para haver
do trato GI, particularmente próximo à ampola de mutação no alelo sem alteração.
Vater e no estômago. -Adenocarcinoma:
-PAF está associada a uma variedade de manifestações -Adenocarcinoma do cólon é a malignidade mais
extraintestinais, incluindo hipertrofia congênita do comum no trato GI e a principal causa de morbidade e
epitélio pigmentado da retina, o que geralmente pode mortalidade do mundo.
Everaldo Leite 4

-Adenocarcinoma colorretal é responsável por quase aumentar a sobrevivência de clones


10% de todas as mortes por câncer. geneticamente anormais.

-Os fatores dietéticos mais estreitamente associados


com o aumento das taxas de câncer colorretal são a
baixa ingestão de fibras vegetais inabsorvíveis e a alta
ingestão de carboidratos refinados e gorduras. Embora
essas associações estejam claras, a relação mecanística
entre a dieta e o risco permanece pouco
compreendida.
-Referencias: Robbins bases patológicas 9ed (1463-
-Diversos estudos epidemiológicos sugerem que a 1484).
aspirina ou outros AINEs tenham um efeito protetor.
Pólipos – gastroenterologia essencial
Isso é consistente com estudos que mostram que os
AINEs causam a regressão do pólipo em pacientes com
PAF, nos quais o reto foi deixado no lugar após a
colectomia. Esse fato é devido os AINEs inibirem a COX- -Define-se como pólipo do aparelho digestivo: “Toda
2 que seria necessária para produção de PGE2, que estrutura com origem na sua parede, que se projeta
promove proliferação epitelial, após a lesão. em direção a sua luz, de forma circunscrita.”

-O processo de transformação de Adenoma em -Esses pólipos podem ser formados a partir de


Carcinoma tem 2 vias. qualquer uma das 4 camadas intestinais. Devido a
serosa ser a mais externa, dificilmente a origem do
• APC/B-Catenina: APC é um regulador negativo pólipo seria dessa.
da B-Catenina, asse APC inibe a B-catenina,
-O que confere maior importância clínica a essas
sem o APC a B-Catenina transloca-se ao núcleo
estruturas é que algumas delas são neoplásicas e,
e induz a transcrição de genes, dentre eles o
portanto, podem se transformar em malignas, e sua
MYC e a Ciclina D, ambos promovem uma
remoção, endoscópica ou cirúrgica, pode prevenir ou
proliferação descontrolada.
tratar esta transformação.

-Sintomas:

-Habitualmente, os pólipos do cólon e do reto são


assintomáticos. Quando são volumosos, podem
ocasionar quadros de suboclusão ou obstrução
intestinal. Também podem ser sítio de algumas
hemorragias, de relevante impacto clínico, quando
• Via de instabilidade microssatélite: Essa está ulceram ou necrosam.
relacionado a defeito no reparo de erros do -Lesões vilosas do reto podem se manifestar com
pareamento do DNA e a acumulação de mucorreia, às vezes causando perdas hidroeletrolíticas
mutações em região de repetição substanciais.
microssatélite do genoma. Algumas
sequências de microssatélites estão -Os pólipos mais distais, principalmente os pólipos
localizadas nas regiões de codificação, ou juvenis em crianças, podem se manifestar com sua
promotoras de genes, envolvidas na regulação exteriorização pelo ânus durante as manobras de
do crescimento celular, tais como aquelas que esforço físico ou evacuatório, além de causarem
codificam o receptor de TGF-β tipo II e a sintomas como puxo e/ou tenesmo.
proteína pró-apoptótica BAX (Fig. 17-50). -Diagnostico:
Como o TGF-β inibe a proliferação de células
epiteliais do cólon, as mutações do receptor de -Exame físico e proctológico:
TGF-β tipo II pode contribuir para o
-Os exames físico e proctológico são pobres quando se
crescimento celular descontrolado, ao passo
investiga a possibilidade de pólipos do cólon, nesse
que a perda de BAX (promove apoptose) pode
casos é indicado colonoscopia.
Everaldo Leite 5

-No entanto, nas lesões do reto e sigmoide distal, uma -Abertura glandular (magnificação de imagem):
adequada inspeção da região perianal e o toque retal, -É realizada durante a colonoscopia, associado a
seguidos de anorretoscopia ou sigmoidoscopia rígidas, cromoscopia (corante). Isso colaborou para que se
são fundamentais para o seu diagnóstico. criasse outra classificação, segundo as aberturas das
criptas da superfície mucosa do pólipo, conforme o
-Exames complementares: Quadro 72.2.5 Atualmente, sua acurácia em definir
lesões neoplásicas ou não neoplásicas da mucosa está
-Pode ser usado a USG, Tomografia abdominal
próximo a 100%.
computadorizada.

-A colonoscopia óptica, que passou a ser utilizada


desde o início da década de 1970, é um dos exames
mais importantes no diagnóstico dos pólipos
colorretais. Sua grande vantagem em relação aos
exames de imagem, anteriormente citados, é que ao
mesmo tempo que se faz o diagnóstico, pode-se -Origem histológica:
realizar seu tratamento.
-Pode ser classificada em:
-A pesquisa de sangue oculto nas fezes tem uma baixa • Epiteliais: Divididos em 2 grupos
sensibilidade para essas lesões (20 a 25%). É mais bem • Não Epiteliais
indicada para o rastreamento do câncer colorretal
(CCR), quando atinge sensibilidade superior a 80%,
principalmente se forem utilizados os métodos mais
modernos, tipo FIT (fecal Immuno test), ou o do
guaiaco.

-Classificação dos Pólipos:

-Pode ser classificado de acordo com algumas


características, como:

• Aspectos morfológicos Os adenomas (Figuras 72.1 e 72.2) são os mais


• Abertura das glândulas frequentes e de maior relevância clínica. São, na
• Origem histológica maior parte das vezes, os precursores do
adenocarcinoma, que é o câncer mais comum do cólon
-Morfologia: e reto.

-Nos adenocarcinomas (Figura 72.3), os fatores de pior


prognóstico são:

• indiferenciação celular;
• presença de invasão vascular linfática ou
venosa;
• margem de ressecção, lateral e/ou profunda,
comprometida;
• presença de brotamento.
Everaldo Leite 6

- As lesões hiperplásicas distais (Figura 72.6), que


-O termo brotamento é utilizado pelos patologistas geralmente são diminutas (< 1 cm), róseas e abobadais,
para ressaltar presença de grupo de células neoplásicas não têm relevância clínica. São achados frequentes na
malignas (5 a 10 celulas) na submucosa, próximas ao população geral, principalmente na terceira idade.
câncer.

-Os carcinoides quando secretam substâncias


vasoativas podem causar a síndrome carcinoide, que
apresenta sintomas como taquicardia, hipertensão,
hiperemia facial e cervical, entre outras. Nessa
síndrome, geralmente a doença é metastática,
apresentando múltiplas lesões no fígado, pulmões e
outros sítios, e acaba evoluindo em longo prazo para o
êxito letal do paciente.

- Os hamartomas são lesões epiteliais caracterizadas


por uma desorganização tecidual. Raras vezes são
únicos e quase sempre estão associados a síndromes
genéticas, como veremos melhor adiante neste
capítulo.

-Os pólipos não epiteliais podem ser divididos em


mesenquimais, neurogênicos e outros. São lesões
oriundas das camadas mais profundas da parede do
- Os pólipos inflamatórios (Figura 72.5) formam-se após cólon, como da camada submucosa ou da camada
ter ocorrido algum tipo de agressão à mucosa, como muscular. Podem ser benignos ou malignos.
crises de diverticulite, na retocolite ulcerativa
inespecífica (RCUI) e na doença de Crohn (DC), após • Mesenquimais: Lipoma, Tumor estromal
algumas infecções (p. ex., na salmonelose crônica) ou • Neurogenicos
infestações (na esquistossomose ou amebíase, entre • Outros
outras) etc. Habitualmente, não necessitam ser
removidos. -Essas lesões são subepiteliais e caracterizam-se por
ter, habitualmente, bordas bem delimitadas e suaves,
além de serem recobertas por uma superfície mucosa
de aspecto endoscópico normal, ou seja, com
aberturas das criptas do tipo I de Kudo (ver
classificação no Quadro 72.2).

- Ainda nas camadas mucosa e submucosa pode haver


Everaldo Leite 7

a proliferação de células pertencentes ao sistema -Tratamento:


nervoso entérico formando estruturas polipoides.
Podem ser lesões únicas ou múltiplas, caracterizando- -Os pólipos que originam da mucosa e submucosa
se, às vezes, como uma polipose. podem ser tratados pela colonoscopia, já o da camada
muscular tem que fazer cirurgia.
- Assim, um lipoma é amarelado (amarelo mais
intenso) e normalmente depressível (sinal do -Pode ser realizada a polipectomia (remover o pólipo)
travesseiro) (Figura 72.8) e de tamanho geralmente quando encontrados em pequenas quantidades. Além
superior a 1 cm. Habitualmente é séssil, mas pode de servir como tratamento, os pólipos removidos são
também ser pediculado. base para analise histopatológica.

-O carcinoide é levemente amarelado, endurecido ao


toque e quase sempre não chega a 1 cm de diâmetro,
sempre séssil

-Pólipo da camada muscular tem coloração mais


avermelhada (por compressão da mucosa), tem
tamanho mais avantajado (maior que 2 cm) e quase
sempre é séssil ou subpediculado.

-Tamanho:

- A mensuração adequada dos pólipos permite


classifica-los, segundo seu tamanho, como:
-Os pólipos sésseis, bem como as lesões planas,
• Gigantes (>30 mm) devem, sempre que possível, ser ressecados em uma
• Grandes (20 a 30 mm) única pega (em bloco). No entanto, as lesões maiores
• Pequenos (5 a 10 mm) (quase sempre maiores que 2 cm) poderão ter de ser
• Diminutos (de 1 a 5 mm) ressecadas em fragmentos (ressecção fatiada).

-A maioria dos pólipos colorretais tem ate 1 cm de -Malignização:


diâmetro.
-Quando o carcinoma está restrito a mucosa, do colón
-Os pólipos grandes habitualmente localizam no colón e reto o risco de metástase é zero. Essa lesão tem como
direito e reto. única forma de tratamento a retirada desses pólipos.
Everaldo Leite 8

-Informações dos artigos:

-Para a população de risco médio, por outro lado,


recomenda-se a estratégia de diagnóstico precoce,
com divulgação ampla dos sinais de alerta para a
população e profissionais de saúde, acesso imediato
aos procedimentos de diagnóstico dos casos suspeitos

-Os sinais e sintomas de alerta para o câncer


colorretal, apesar de não serem específicos, são bons
indicadores de suspeição e devem ser valorizados na
avaliação geral: mudança de hábito intestinal (diarreia
ou constipação), anemia ferropriva sem causa
presumível, perda inexplicável de peso, fezes escuras
ou com sangue visível (especialmente se não atribuível
a doença orificial ou em paciente acima de 50 anos),
massa abdominal, dor ou desconforto abdominal
constante.

-Os pólipos colorretais usualmente são excisados -O rastreamento para pessoas sem risco aumentado
através da polipectomia no próprio procedimento em para câncer colorretal, quando realizado, é iniciado
que são encontrados [1,4]. entre os 50 e 75 anos com: PSOF (preferencialmente
pelo método imunoquímico - FIT) anual ou
- Pólipos maiores e lesões não polipoides podem bienalmente e/ou retossigmoidoscopia a cada 5 anos
necessitar de técnica de mucosectomia, procedimento ou com colonoscopia a cada 10 anos
um pouco mais extenso e com risco ligeiramente maior
de complicações [4]. Na mucosectomia é utilizada
-Se o paciente apresentar PSOF positivo está indicado
injeção de solução na submucosa para elevar a lesão e
a colonoscopia.
reduzir o risco de perfuração da parede colônica.

-Colonoscopia:

-As orientações do preparo são feitas no local onde o


exame é realizado. O preparo para o procedimento
envolve a limpeza intestinal com dieta pobre em
resíduos e uso de laxante – usualmente bisacodil e
manitol

-É recomendado a suspensão de algumas medicações:

• ASS: suspender por 7 dias antes do


procedimento
-A partir dos 75 anos, algumas diretrizes não
• Clopidogrel e anticoagulante:
recomendam o prosseguimento do rastreamento,
• Sulfato ferroso: Suspender uso por 7 dias antes
enquanto outras indicam que a continuação do
do exame
rastreamento deve ser individualizada, mantendo-se
Everaldo Leite 9

apenas naqueles pacientes sem comorbidades graves


e com expectativa de vida acima de 10 anos.

-Encaminhamento para serviço especializado: As


seguintes condições clínicas podem ter indicação de
encaminhamento para colonoscopia ou início de
rastreamento na APS, devendo ser a conduta adaptada
à disponibilidade de recursos locais) [9,12]:

• hematoquezia persistente não atribuível a


doença orificial;
• hematoquezia em paciente acima de 50 anos;
• hematoquezia com sinais de alarme para
neoplasia colorretal;
• episódio de melena após exclusão de origem
do sangramento no trato gastrointestinal
superior;
• anemia ferropriva (hemoglobina < 13 g/dL em
homens ou < 12 g/dL em mulheres) sem causa
definida após investigação inicial na APS;
• sintomas ou sinais de alarme para neoplasia
colorretal;
• acompanhamento de lesões pré-malignas
(pólipos) em colonoscopia prévia (quadro 3);
• rastreamento de paciente com história
familiar de primeiro grau de câncer colorretal
ou Polipose Adenomatosa Familiar (quadro 5).

Condições clínicas que indicam a necessidade de


encaminhamento para Oncologia Cirurgia
Coloproctologia incluem:

• diagnóstico histopatológico de neoplasia


maligna de cólon;
• massa abdominal em topografia colônica
identificada em exame de imagem;
• suspeita (massa anal/retal ou úlcera anal
persistente) ou diagnóstico de neoplasia
maligna de reto ou canal anal.

-Referências:

-Tratado de gastroenterologia (da graduação a pos


graduação)

https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/telec
ondutas/tc_polipo_colorretal.pdf

https://cbcsp.org.br/wp-
content/uploads/2016/aulas/Polipos_intestinais_07.p
df
APG10
Everaldo Leite 1

Hepatites Virais -O vírus HAV é secretado nas fezes 1 a 2 semanas antes


dos sintomas e permanece por 1 semana após
surgimento do quadro clinico (fase maior
-As hepatites agudas são processos inflamatórios que transmissibilidade).
acometem de maneira difusa o parênquima hepático
-Vírus B:
e que têm duração, em geral, inferior a seis meses.
-DNA
-Os quadros de hepatite aguda caracterizam-se pela
presença de alterações predominantemente lobulares, -Transmitido por:
representadas por infiltrado inflamatório misto de
• Parenteral
intensidade variável e presença de sinais de
degeneração de hepatócitos, como a balonização e • Sexual (principal)
figuras de retração. • Vertical

Na maior parte dos casos há necrose focal, que -Infecta predominantemente a faixa etária de 20 a 40
acomete difusamente o parênquima. anos.

-Nos quadros mais graves, o processo inflamatório -Período de incubação de 45 a 90 dias.


forma septos que caracterizam a necrose submaciça ou -Pode cronificar
“em ponte”, podendo chegar à necrose maciça do
órgão, que corresponde ao quadro clínico de hepatite -Vírus C:
fulminante. -RNA
-Vírus Hepatotropicos: -Transmissão parenteral
-As hepatites agudas virais podem ser causadas por -Vírus D:
cinco diferentes tipos de vírus: A, B, C, Delta e E,
denominados vírus hepatotrópicos. -RNA, necessita do vírus da hepatite B para infectar.

- Conforme a via de transmissão, podem ser -Transmissão parenteral


classificados em dois grupos:
-Pode infectar simultaneamente com a Hepatite B
• Enterais; cuja transmissão se faz por via fecal- (Coinfecção) ou infectar portadores de Hepatite B
oral. Hepatite A, Hepatite E. (superinfecção).
• Parenterais: nos quais a transmissão ocorre -Portadores do HBV na fase crônica ao se infectar pelo
através do sangue ou outras secreções. HDV, adquire a infecção aguda do HDV e acarreta na
Hepatite B, Hepatite C, Hepatite D, Hepatite e. evolução para fase grave, podendo levar a hepatite
-OS vírus A, B e C tem mais relevância no Brasil. fulminante e evolução para cronicidade do HDV.

-Vírus A: -Vírus E:

-RNA (picornavirus). -RNA

-Transmissão enteral: -Transmissão enteral e parenteral: Oral-fecal

• oral-fecal (principal), água e alimentos -Pouco comum no brasil


contaminados -Manifestações clinicas:
• Vertical: Da mãe para o RN no momento do
parto -O quadro clínico das hepatites agudas virais é bastante
• Droga IV semelhante, seja qual for o vírus envolvido, e
• Transfusão compreende quatro períodos distintos:

-Forma mais comum de hepatite aguda. Em países em • Incubação


desenvolvimento atingem crianças • Prodrômico
predominantemente de 6 a 15 anos. • Estado
• Convalescença
-Periodo de incubação em medica 28 dias (15 a 45).
Everaldo Leite 2

-Incubação: Vai do momento da infecção até o tem transplante de fígado. Vômitos,


surgimento do primeiro sintoma. sonolência, confusão mental, piora da icterícia
e regressão rápida da hepatomegalia
-Prodrômicos (Pre-icterico): São manifestações de
prenunciam esta condição, que
quadro viral inespecífico (Febre baixa, náusea, vomito,
laboratorialmente se caracteriza por queda
astenia, fadiga, diarreia e etc). Dura em média 1
rápida das aminotransferases e elevação das
semana podendo ser mais longa. Ocorre após período
bilirrubinas.
de incubação e antes do aparecimento da ictericia
• Hepatite prolongada: É aquela que a fase
-Pode ocorrer manifestações decorrente da formação aguda dura mais que 4 meses, com melhora do
de imunocomplexos como; Artralgia, purpuras, quadro de forma lenta. Esses casos evoluem
glomerulite e manifestações dermatológicas. para cura. Muitas vezes pode se apresentar
com características de quadro recorrente, com
-Estado (icterícia): Na forma de icterícia clássica, a
reativação clínica e bioquímica após
colúria é o primeiro sintoma que faz sugerir hepatite.
recuperação aparentemente completa do
Precede 1 a 2 dias o quadro de icterícia. Conforme a quadro. Tem sido frequentemente relatada em
icterícia se estala, as fezes começam a perder cor,
adultos com hepatite A.
podendo ficar acólicas. Nessa fase, os sintomas
• Hepatite Colestática: Caracterizada por
prodrômicos começa a desaparecer e o paciente tem
prurido intenso, elevação significativa das
uma melhora no quadro geral. De acordo com a
enzimas colestáticas e da bilirrubina, É
intensidade da icterícia o paciente pode ser
importante estabelecer o correto diagnóstico
acompanhado por prurido. Exame físico mostra
diferencial com icterícia obstrutiva. Em geral, a
hepatomegalia (70% dos casos), com aumento
evolução é favorável, com recuperação
sensibilidade, e esplenomegalia (20% dos casos). A
completa do quadro em 2 a 6 meses.
rápida regressão do tamanho do fígado e piora da
icterícia pode ser má evolução. Esse período de -Diagnostico Laboratorial:
icterícia dura de 4 a 6 semanas, em geral.
-É feito através dos exames inespecíficos e específicos:
-Convalescença: Ocorre após desaparecimento da
icterícia. Os sintomas desaparecem e os achados -Exames inespecíficos:
laboratoriais tendem a normalizar, que em geral ocorre • Aminotransferases
até o quarto mês. • Bilirrubina
-A cronificação das hepatites: • Fosfatase alcalina
• GGT
• Não cronifica: Hepatite A • Coagulograma
• Cronifica: Hepatite B, C, D e E. A Hepatite C
cronifica em 80% dos casos. A Hepatite E -Exames específicos:
cronifica em imunossuprimidos. • Marcadores sorológicos das hepatites
-Embora a maior parte das hepatites agudas virais -Do pondo de vista bioquímico não se tem como
tenha boa evolução, algumas formas particulares identificar a etiologia da hepatite viral.
merecem ser consideradas:
-O diagnóstico é feito através de exames que mostre
• Hepatite Anictérica: É a forma mais comum valores das aminotransferases aumentadas 10x do
(70%), em geral essa forma passa despercebida valor normal (ASL e ALT). Essa dosagem das enzimas
e o diagnóstico de hepatite viral aguda não aminotransferases serve para diagnostico e
chega a ser confirmado laboratorialmente. acompanhamento do tratamento.
Tem uma maior incidência de cronificação nos
tipos B e C. -As aminotransferases séricas aspartato
• Hepatite Fulminante: ocorre em apenas 1% aminotransferase (AST) e ALT mostram aumento
das hepatites, independente da etiologia, é variável durante a fase prodrômica da hepatite virai
muito rara nas infecções pelo HCV. É a forma aguda e precedem a elevação no nível de bilirrubina.
mais grave da doença, apresentando taxa de
mortalidade de até 80% nos centros onde não
Everaldo Leite 3

-Níveis de aminotransferases superior a 6 meses indica -HBeAg: É um indicador relacionado a infectividade.


uma hepatite crônica, que necessita confirmação por Está presente no início da infecção aguda, sua dosagem
um diagnostico histológico do fígado. é indicada no acompanhamento da infecção crônica.
Indica replicação viral, surge simultaneamente com
-Após o pico das aminotransferases a bilirrubina atinge
HBsAg, seus níveis somem rapidamente.
seu valor máximo. Em feral os níveis de bilirrubina não
passam de 10 mg/dl, diminuindo mais lentamente que -Os marcadores de cronificação são HBsAg> 6 meses e
as aminotransferases. HBeAg reaparecer em casos de reativação.

-Formas colestáticas podem ocorrer, com importante


elevação dos níveis de bilirrubinas, fosfatase alcalina e
gama-GT; o diagnóstico diferencial com icterícias
obstrutivas extra-hepática, nesses casos, precisa de
uma USG.

-O diagnóstico da etiologia da hepatite é através dos


marcadores sorológicos, que são os antígenos e
anticorpos detectados no soro.

-Marcador Hepatite A:

• Anti-HAV IgM: Positividade coincide com início


do quadro clinico e dura cerca de 6 a 12 meses. -Marcadores Hepatite C:
• Anti-HAV IgG: Identificado após a fase aguda e
dura por toda vida. • Não existe teste para diferenciar sua forma
• Partículas e antígenos virais podem ser aguda da crônica
encontrado nas fezes, porém, pouco utilizado. • Anti-HCV; Identificado na fase aguda, se
possível com documentação e soroconversão
(paciente negativo para o teste e logo torna
positivo).
• Como nem sempre é possível rastrear essa
soroconversão, o diagnóstico da fase aguda
utiliza a clínica e epidemiologia, juntamente
-Marcadores Hepatite B: com elevação das aminotransferases e
aparecimento do Anti-HCV. Esse Anti-HVC é
• HBsAg e Anti-HBc IgM: O primeiro aparecer um anticorpo tardio, aparecendo após 8-12
seria o HBsAg e logo após sua queda, é semanas após contaminação.
encontrado o seu anticorpo (Anti-HBsAg). • Diagnostico mais precoce: Pode ser feito pela
- O HBsAg pode aparecer no período de pesquisa de DNA do HCV, por PCR.
incubação (1-2 semanas após infecção), e
preceder o aparecimento de sintomas e -Cronifica em 80% dos casos.
elevação aminotransferases em 2 a 6 semanas. -Marcadores Hepatite D:
Seus níveis somem 2 semanas após icterícia, e
geralmente não dura mais que 6 meses, após • Antígeno Delta e Anti-HDV IgM
seu desaparecimento surge o Anti-HBsAg. • Na coinfecção além dos marcadores delta,
-Anti-HBc aparece 1-2 semanas após apresenta marcadores da HBV (HBsAg ou Anti-
aparecimento do HBsAg. HBc IgM)
• HBsAg: quando paciente evolui para cura seus • Na superinfecção: Estão presentes
níveis não são mais identificáveis antes do 6º marcadores de infecção crônica da HBV:
mês. HBsAg e Anti-HBc IgG, em geral está positivo o
• Cicatriz sorológica (Anti-HBc IgG e Anti-HBe, indicando a inibição da replicação do
aparecimento de anticorpo Anti-HBs). HBV ocasionada pela superinfecção do vírus
delta.
Everaldo Leite 4

• Tenofovir

-Essas têm finalidade de prevenir forma fulminante.


Indicação de terapia avalia caso a caso.

-Outra indicação de tratamento antiviral seria Hepatite


C. Pode usar Interferon na fase aguda para prevenir a
-Marcadores Hepatite E:
cronificação.
• Anti-HEV IgM: Permanece positivo de 4 a 6
-Na forma fulminante de hepatite aguda, cuidados
meses após o episódio agudo, dando lugar ao
gerais são de extrema importância, e a transferência
IgG.
para um centro que disponha de transplante de fígado
deve ser imediatamente providenciada. Enquanto se
avalia com precisão a indicação do transplante ou se
aguarda a disponibilidade do órgão, medidas gerais de
controle devem ser adotadas, como:

• adequada hidratação
• controle rigoroso de eletrólitos
• Níveis de glicemia
• adequada monitoração da ocorrência de
sangramentos digestivos.

O emprego de antibióticos estará indicado sempre que


houver sinais de infecção bacteriana associada.

-Em casos de encefalopatias (evolução hepatite


fulminante), algumas medidas devem ser adotadas:

• Sulfato de neomicina (promove esterilização


da flora intestinal)
-Tratamento:
• Lactulose: Açúcar não absorvível que promove
-Recomendado repouso relativo até que se tenha acidificação do bolo fecal, pode também levar
melhora do bem-estar. a 2 a 3 evacuações amolecidas por dia.

-O regresso das atividades deve ser de forma -Quando instala edema cerebral, usar mantinol.
progressiva, baseando nos níveis das -Melhor tratamento para forma agressiva da hepatite
aminotransferases (menos 2x o valor normal). fulminante acompanhada de encefalopatia é o
-Não há restrição na dieta. transplante de fígado.

-É recomendado que o paciente não consuma álcool, -Como profilaxia:


durante a doença e até 6 meses da sua resolução. -Vacina contra hepatite A e B.
-Pacientes com prurido importante secundário a -Esquema vacinal:
Colestase, é indicado uso de Tiramina (4g/dia).
• Hepatite B: 0,1,6 meses. A 1º ao nascer junto
-Em algumas situações especiais o tratamento da
com a BCG.
hepatite B aguda está indicado. Na hepatite B aguda
• Hepatite A: 0,6 meses. 1º dose com 12 meses
grave tem recomendado terapia antiviral. Essa situação
é marcada pela coagulação (INR >1,6 ou protrombina -Tratamento sanar:
<40%)
-Hepatite A: Fica em casa/repouso
-As drogas antivirais são:
-Hepatite B: Para conduzir o tratamento correto tem
• Lamivudina que avaliar o estado da doença do paciente. Pede
• Entecavir exames inespecíficos, todos os específicos, USG abd,
carga viral.
Everaldo Leite 5

-Deve tratar o paciente com hepatite B, quando: • 1º Infecção perinatal


• 2º Infecção Infância
• HBeAg (positivo) e AST 2x
• 3º Infecção adulto
• >30 anos com HBeAg (positivo) e
aminotransferase normal ou alterada -A história natural da hepatite B depende,
• HBeAg (negativo), porém a Carga viral >2000 principalmente, das respostas do hospedeiro em
eliminar os hepatócitos infectados pelo VHB e pode ser
-Medicamentos:
dividida em cinco fases:
• Tenofovir 1º escolha (não cirrótico)
• 1º Fase de tolerancia: Geralmente ocorre na
• Entecavir (cirróticos)
infancia ou em adultos jovens. Nota-se elevada
• Interferon puguilado (HBeAg+, não cirrótico) replicação viral, niveis sericos do DNA do HBV
e HBeAg. O paciente tem tolerancia conta o
virus e com isso a resposta aos hepatocitos é
Hepatite B leve, cursa com lesões discretas, assintomatica
e sem elevação aminotransferases.
• 2º Fase da atividade da doença (Hepatite
-Não é um vírus citopático, a lesão aos hepatócitos se cronica HBe positiva): há perda de tolerancia
da pelo sistema de defesa, o vírus não destrói os imunologica, com episodios de exacerbação
hepatócitos diretamente. semelhante a hepatite B aguda. Ocorre
-Sistema imune produz citocinas, como os interferons destruição dos hepatocitos pelo sistema de
que tem atividade antiviral e impede a replicação viral. defesa. Queda do HBeAg e aparecimento do
Anti-HBeAg, com diminuição do DNA do HBV.
-Transmissão: A prolongação dessa fase com aumento do ALT
pode resultar em fibrose progressiva e cirrose.
• As vias parenteral e sexual são altamente
• 3º Fase de interação do DNA do HBV e
efetivas para transmissão
tolerancia (Hepatite cronica inativada):
-O VHB é passível de infecção quando localizado em Replicação do HBV para, as células que contem
soro, sêmen, secreção vaginal, exsudatos, serosas e o DNA do HBV integrado continua expressando
liquor. HBsAg. Anti-HBe é detectado no soro.
Caracteriza pela baixa do DNA do HBV ou
-Apesar de ser detectado em leite materno, a indetectibilidade, aminotransferase normal,
transmissão pela amamentação não se mostra efetiva. desaparecimento necroinflamação hepatica.
-Quadro clinico: • 4º Fase de reativação (Hepatite cronica
HBeAg negativa): Apesar da soroconversõa
-Hepatite B é uma doença necroinflamatoria do fígado (HBe para anti-HBe) ocorre replicação do DNA
causada pela infecção persistente do VHB. do HVB mutante (mutações do virus).
Caracteriza-se por Anti-HBe, niveis flutuantes
de DNA do HBV e ALT e alto risco para fibrose.
• 5º Fase do HBsAG negativo: após o
clareamento do AgHBs, baixos níveis de
replicação do VHB podem persistir com
detectabilidade do DNA do VHB no fígado, mas
raramente no soro. Imunossupressão
significativa pode ocasionar seroconversão
reversa (reativação do VHB com
reaparecimento do AgHBs).

-A hepatite crônica pelo VHB geralmente é


assintomática até o aparecimento de sinais e sintomas
-Nesse quadro mostra o curso que ocorre geralmente de doença hepática avançada. Os principais sintomas
das infecções pelo VHB, nesse caso se tem 3 situações: são:
Everaldo Leite 6

• Astenia conseguiu eliminar o vírus. Caso após 12 semanas for


• Artralgia positivo a indicação é TRATAR o paciente.
• Anorexia
-Casos assintomáticos: Após o diagnostico inicial
-Alguns sintomas indicam aparecimento da forma realizar PCR na 4º semana. Caso PCR caia menos de
avançada da doença, com a evolução para cirrose e 2log tem que tratar. Caso caia mais de 2log repete PCR
carcinoma hepatocelular. na 12º semana, se positivo realiza Tratamento e se
negativo paciente se curou.
• Sangramento facil
• Ictericia -PCR positivo após a sorologia positiva é o marcador de
• Edema cronicidade.
• Ascite -Para tratar o paciente deve solicitar:

• Genotipagem
• Exames inespecíficos
• Exames específicos (HVA,HVB e HIV)

-Estadiamento hepático:

• Elastografia

-Em quais situações está indicado tratamento de


pessoas com hepatite C:

• Trata todo mundo


-Tratamento: -Medicamentos:

Os principais objetivos do tratamento da hepatite B • Usa drogas de ação direta (DAA): Declarasvir,
crônica são erradicar o VHB e reduzir a progressão da Sofosbuvir e etc.
lesão hepática para, assim, prevenir o • Não usa mais interferon
desenvolvimento de cirrose, insuficiência hepática e
carcinoma hepatocelular.

As medicações disponíveis para o tratamento da


hepatite B crônica são:

• Interferon-alfa
• Interferon--alfa peguilado 2a e 2b
• Lamivudina -A escolha do tratamento é de acordo com o genótipo
• Telbivudina do vírus que infecta o paciente.
• Adefovir
• Tenofovir
• Entecavir

-Sanar-flix, Hepatite C:

-Triagem inicial para diagnostico

-Realiza ELISA, se positivo indica que paciente estou em


contato com o vírus. E está indicado fazer PCR para
saber ou não se é crônico.
-Hepatite crônica pode evoluir para fibrose e
-Casos sintomáticos: Após 12 semanas dos sintomas
carcinoma hepatocelular.
realiza PCR. Caso for negativo indica que o corpo
Everaldo Leite 7

-O vírus da HBV tem fator mutagênico que


independente da lesão pode causar carcinoma
hepatocelular.

-Anti-HBc é um marcador que indica contato prévio ou


atual do paciente com o vírus. Já o marcador anti-HBs
na ausência do anti-HBc pode ser marca sorológica
indicando que o paciente já foi vacinado.

-Na hepatite crônica tem que fazer o estadiamento


pela de METAVIR:

-Ver material do Sanar, tem um resumo bom


APG11
Everaldo leite 1

Cirrose hepática -Fisiopatogenia:

-Os principais achados histopatológicos da cirrose


incluem:
-Cirrose representa a via final de uma lesão hepática
crônica e persistente em indivíduos geneticamente • Fibrose difusa
predisposto e que independente da etiologia • Nódulo regenerativo
acarretará; fibrose, formação nodular simples, com • Arquitetura lobular alterada
consequente desorganização da estrutura lobular e • Estabelecimento de variações vasculares
vascular. intra-hepáticas
-Dessa maneira a composição da MEC e estrutura do • Capilarização sinusoide
fígado na cirrose será a mesma, independe da • Fibrose perissinusoidal
etiologia. • Trombose vascular
• Lesão obliterativa no trato portal e veias
-Etiologia e classificação: hepáticas
-De acordo com estudos sorológicos e histopatológicos -Juntas, essas alterações são responsáveis pelo
a classificação da cirrose é de acordo com a sua desenvolvimento da hipertensão portal e suas
etiologia. complicações.
-Principais causadores da cirrose: -Fibrose hepática e fibrogênese;
• Metabólicos: Seria decorrente de erros -Fibrose seria o acumulo de material da MEC em
congênitos ou adquiridos que causam consequência do dano da matriz.
alterações no metabolismo, exemplos de
alguns erros que acometem crianças e adultos -Esse acumulo de Tecido conjuntivo no fígado é
jovens; galactosemia, tirosemia, doença de consequência de uma maior produção e/ou falha da
Wilson. degradação do mesmo.
• Virais: Pode ser causada pelo vírus da hepatite -Os mecanismos que determinam a reparação ou
B (associado ou não ao Delta) e o Vírus C. progressão do tecido são mediados por citocinas,
• Alcoólico: Principal causa da cirrose em decorrente da necrose e inflamação local, essas são
adultos. Ocorre devido ingestão de álcool liberadas por linfócitos e macrófagos que podem
diária durante 5 a 10 anos, 80g/dia de etanol estimular ou inibir a proliferação, síntese proteica, e
para homens e 60g/dia mulheres. movimento das células responsáveis pela produção do
• Induzida por fármacos: Alguns fármacos tecido fibroso (fibrogênese) e de sua degradação
podem causar cirrose; Metotrexato, (fibrólise).
isoniazida, oxifenisatina e alfametildopa e
outros. -Dentre essas citocinas liberadas por essas células:
• Autoimune: Consequente da evolução da • TGF-B (Fator de crescimento): Promove
hepatite ou colangiopatia autoimune (afeta fibrogênese
mulheres jovens e pós-menopausa) e as • TNF:
hepatites autoimunes. • Interleucina:
• Biliares: A cirrose biliar primaria representa • Fibronectina:
entidade clinica bem definida, a cirrose biliar
• PDGF (Fator de crescimento plaquetário):
secundaria é o processo final da doença
crônica que acomete a arvore biliar com -Os fibroblastos produz a MEC, ele pode ser
colangite de repetição, como na colangite diferenciado em miofibloblastos que tem atividade
esclerosante e obstrução das vias biliares. contrátil. Esses miofibroblastos podem ser formados a
• Obstrução do fluxo hepático: Causa anorexia partir de fibroblastos e células estreladas dos
congênita do fígado, como ocorre na doença sinusoides.
venosa obstrutiva e pericardite constritiva.
-Essas células estreladas do sinusoides podem
• Criptogênica: São as que não tem etiologia
sintetizar proteínas da MEC e esta relacionadas com a
definida, correspondem de 10 a 15%.
Everaldo leite 2

Fibrolise. Essa fibrolise é devido produção das no processo fibrogênico, atuando como mediador
metaloproteases: Colagenase. desse processo.

-A tividade dessas metaloproteases decorre de um -Manifestações clinicas e classificação:


balanço entre a sua produção, e produção dos seus
inibidores, que seria as TIMPs. Ambas são produzidas
pelas células estreladas sinusoidal, a produção vai de -O diagnostico da cirrose pode ser feito a partir das
acordo com a estimulação de citocinas inflamatórias. manifestações clinicas:
-Dessa maneira, no caso de uma lesão hepática crônica, • Icterícia
a progressão para a fibrose hepática ou para a • Hemorragia digestiva
reparação do tecido dependerá do tipo de estímulo • Encefalopatia
desencadeado pela lesão e da genética do indivíduo.
-Esse diagnostico pode ser baseado também no
-Além desses mecanismos mediados por citocinas, acompanhamento da doença base (que causou a
podem ocorrer outros mecanismos fibrogênicos. cirrose), como: Hepatite crônica viral, Álcool, doença
-Existe o papel do Sistema do estresse oxidativo (EOx) metabólicas.
e reduzida na produção de Oxido nítrico (vasodilatador -Cerca de 45% dos diagnósticos são feitos a partir de
na circulação porta-esplênica). Ambos teriam exames clínicos ou complementares quando os
participação direta no processo fibrogênico, bem como sintomas do paciente são inespecíficos para
na disfunção endotelial hepática que acompanha a hepatopatias. Nesses casos temos como exemplo:
progressão da doença até o estabelecimento da cirrose
e da hipertensão portal (HP). • Aumento nas aminotransferases
• Plaquetopenia
-A ativação do EOx resulta em ultima instancia na
• Varizes esofágicas (em EDA para avaliar
produção de ROS (espécies reativas de oxigênio), que
dispepsia)
culmina na destruição e necrose celular por meio da
• Sinais de hepatopatias (USG e TC): Solicitados
peroxidação lipídica. Os produtos dessa
para buscar outras lesões abd
lipoperoxidação que tem como representando o SOD e

outros (peroxidação lipídica) estimulam o processo
fibrogênico por meio da estimulação direta das células -De acordo com a apresentação clinica do paciente ele
estreladas (produz miofibloblastos e proteínas da pode ser classificado como:
mec). Esse processo de lipoperoxidação so ocorre
quando se tem falha no sistema antioxidante hepático. • Compensado
(Glutationa, Betacarotenos, Vit E e C), esses atuariam • Descompensado
como receptores de radicais livres impedindo a • Critérios clínicos e laboratoriais
lipoperoxidação. -Descompensado: Ictericia, Ascite, Encefalopatia.
-A redução na biodisponibilidade do ON esta
relacionada com aumento da atividade do sistema pro-
oxidante, o ON se liga aos produtos da peroxidação
(SOD), esse SOD estimula um importante agente
oxidante (ONOO) com grande papel na lesão hepática
oxidativa.

-A participação dos radicais livres e lipoperoxidação -As complicações da doença hepática apresentam
tem sido documentada na lesão hepática crônica e importante impacto na sobrevida desses pacientes,
hepatite C crônica, entre outras. como pode ser observado na Tabela 100.2.21

-Por outro lado, as alterações da MEC proporcionadas


pela fibrose, auxiliam a perpetuação o processo
fibrótico. Os conteúdos da MEC (colágeno,
proteoglicano e glicosaminoglicano) presentem em
alta quantidade no tecido hepático, podem interferir
Everaldo leite 3

-A hipertensão portal é um fator de complicação -Esses marcadores diretos não tem muita utilidade
significativo da cirrose descompensada, e é pratica. Dentre eles o que tem um valor mais confiante
responsável pelo surgimento de ascite e pelo é o acido hialurônico, produzidos pelas células
sangramento através de varizes esofágicas, duas estreladas e degradado pelas células endoteliais dos
complicações que indicam a existência de cirrose sinusoides hepáticos. Em casos de cirrose, tem a
descompensada. colagenização dos sinusoides e com isso não ocorre sua
depuração.
-Diagnostico:
-AST e ALT é um dos marcadores indiretos mais
-O diagnostico da cirrose é sobretudo conhecidos na pratica clínica. Tem baixa sensibilidade.
anatomopatológico, realiza biopsia por agulha.
-Os testes respiratórios utilizando carbono marcado
-Como o paciente apresenta alterações de coagulação, (C13 ou C14) são medidas quantitativas que permitem
e pela alteração da vasculatura hepática e peri- uma avaliação dinâmica da massa hepática funcional,
hepatica a realização dessa biopsia pode ter por meio da mensuração da capacidade de
complicações. metabolização e de eliminação de determinada
-Por esse motivo, em alguns pacientes com alguns substância exógena, quase exclusivamente
achados no exame físico e/ou exame de imagem e metabolizada pelo fígado.
exame endoscópico, não é necessário fazer biopsia. -Na atualidade, observa-se uma tendência na utilização
-Alguns achados do exame físico são: combinada e escalonada dos marcadores não invasivos
na avaliação da fibrose hepática, e não isoladamente.
• Hepatoesplenomegalia A combinação de método mecânico como a
• Fígado nodular elastografia hepática com biomarcador, como
• Sinais periféricos de insuficiência hepática Fibrotest® ou APRI ou Fibrometer (ou ainda de dois
biomarcadores como Fibrotest® e APRI), mostraram-se
-Alguns achados de exame de imagem:
as melhores opções para avaliar os pacientes.
• Alteração da ecogenicidade
• Método mecânico: Elastografia
• Retenção do parênquima com insuficiência
• Marcadores: Fibrotest, APRIL, Fibrometer
nodular
• Sinais de hipertensão portal -É utilizado 1 mecânico + 1 biomarcador ou 2
biomarcadores (APRIL + FIBROTEST)
-Achados de exames endoscópicos:
• Elastografia: Mede a elasticidade do tecido.
• Varizes esofágicas
Tem alta sensibilidade
-Em função dos riscos da biópsia, vários marcadores • Fibrotest: Não é utilizado pois preciosa da
não invasivos têm sido empregados no estudo dos patente francesa.
pacientes hepatopatias, e é exatamente nos cirróticos • APRIL: Utiliza resultado de AST + Contagem de
que eles têm encontrado sua melhor aplicação plaquetas. ASRx100/Plaqutas
• Fibrometer:
-Marcadores não invasivos de fibrose herpética:
-Utilizada em algoritmo, a biópsia hepática pôde ser
• Biomarcadores diretos: São os envolvidos com
evitada em 67 a 77% dos pacientes, sendo indicada
a síntese e degradação da mec. Ex: Pró-
somente nos pacientes em que os testes eram
colágeno III, colageno IV, metaloproteases,
discordantes.
TIMPs, ácido hialurônico.
• Biomarcadores indiretos: Composto por
parâmetros não relacionados a MEC, mas que
referem alterações bioquímicas da fibrose. EX:
AST/ALT, bilirrubina, Plaquetas, proteínas.

-Curiosidade: A trombopoietina, produzida


principalmente no fígado, estimula a medula óssea a
fabricar células grandes (megacariócitos) que, por sua
vez, fabricam plaquetas a partir de seu citoplasma.
Everaldo leite 4

nutricional e o equilíbrio orgânico quando da vigência


de anormalidades na função hepática.

-Alterações no metabolismo energético e proteico em


pacientes cirróticos, independentemente da etiologia,
podem contribuir para a piora do estado nutricional.

-Intolerância à glicose, aumento da oxidação de lipídios


e aminoácidos, resultam em perdas energéticas e,
consequentemente, depleção nos depósitos de
gordura e de proteínas.

-A DPC (desnutrição proteica-calorica) associa-se


geralmente à deficiência de vitaminas e minerais,
sendo uma complicação comum da cirrose hepática,
-Tratamento: com impacto na morbidade e mortalidade dos
pacientes.

-Pacientes com cirrose apresenta alterações em


-Sempre que possível o objetivo do tratamento é proteínas plasmáticas, com isso há risco retenção
erradicar a causa da cirrose. liquida, dificultando a percepção da desnutrição.
-A reversibilidade para normalidade do fígado pode -O IMC não é indicado nesses casos pois sofre alteração
acontecer, há relatos que pacientes curados da causa devido retenção hídrica, edema e ascite.
base da cirrose teve reversibilidade do quadro
hepático. Há uma linha onde a partir dela a fibrose é -Deve-se mensurar a gordura subcutânea por meio das
irreversível. Não resta dúvida de que aqueles casos nos dobras cutâneas (triciptal, biciptal e subescapular) e da
quais a cirrose é mais histológica que clínica massa magra, por serem os indicadores que menos
representam o grande contingente dos pacientes em sofrem interferência da retenção hídrica.
que a fibrose regride; em contrapartida, quando a -De acordo com Consenso elaborado pela Sociedade
cirrose já apresenta grande retração do órgão e Internacional de Encefalopatia Hepática e
hipertensão portal bem estabelecida, a possibilidade Metabolismo de Nitrogênio, em 2013,63 a necessidade
de regressão é bem menor, se existir (se). energética deve ser:
-Esses dados sugerem que a desorganização estrutural • 30 a 40 kcal/kg de peso ideal
do fígado e/ou a maturidade do colágeno depositado • Proteínas de 1,2 a 1,5 g/kg de peso ideal
no órgão, podem estar relacionadas à irreversibilidade • pequenas refeições distribuídas durante o dia
da lesão.
-É preciso estimular dieta com alto teor de proteínas
-Hoje não existe nenhuma droga antifibrogênica. vegetais e lácteas.
-Metionina sulfatada: Droga estimuladora de -Importante ressaltar que a restrição proteica não é
glutationa (um antioxidante). Apresentou menor recomendada, exceto por período curto de tempo na
número de mortalidade e transplante hepático. ocorrência de hemorragia gastrointestinal.
-Bloqueadores dos receptores 1 da angiotensina II ------------------------------------------------------------------------
(AT1): Apresenta em animais redução do número de
biomarcadores de fibrose após uso dessa classe de -Harrisson:
medicamento. Esse medicamento ainda está em
-A hipertensão portal é um fator de complicação
estudos.
significativo da cirrose descompensada, e é
-Nutrição na doença hepática crônica: responsável pelo surgimento de ascite e pelo
sangramento através de varizes esofágicas, duas
-A destacada participação do fígado no metabolismo complicações que indicam a existência de cirrose
de hidratos de carbono, lipídios, proteínas, vitaminas e descompensada.
minerais pode afetar significativamente o estado
-A perda de função hepatocelular resulta em:
Everaldo leite 5

• Icterícia, -Maior parte de oxidação do etanol se da pela ADH


• Distúrbios da coagulação citosólico, formando acetaldeído, que é uma molécula
• Hipoalbuminemia altamente reativa, capaz de induzir múltiplos efeitos.
• Contribui para as causas de encefalopatia
-Logo o acetaldeído é metabolizado em acetato pelo
portossistêmica
aldeído desidrogenase (ALDH).

-A ingesta de álcool induz acumulo de triglicerídeo


intracelular por aumentar a captação de acido graxo e
reduzir sua oxidação, assim como secreção de
lipoproteínas.

-A síntese, glicosilação e secreção de proteínas são


afetadas.

-O dano oxidativo dos membranas dos hepatócitos, é


devido a formação de ROS; o acetaldeído é uma
molécula altamente reativa que forma complexos com
as proteínas, esses complexos interferem função de
-Cirrose alcoólica: enzimas especificas, incluindo a formação
microtubular e a movimentação de proteínas
-Uso crônico ou excessivo de álcool pode causar hepáticas.
algumas hepatopatias como: E
-Com o dano dos hepatócitos produzidos pelo
• Esteatose hepática alcoólica acetaldeído, algumas ROS podem estimulam as células
• Hepatite alcoólica de Kupffler. Com resultado da ativação de kupffer
• Cirrose alcoólica serão produzidas citocinas pro-fibrogênicas, que
iniciam e perpetuam a ativação das células estreladas,
-O consumo de álcool pode produzir fibrose na com produção subsequente de quantidade excessiva
ausência de inflamação e/ou necrose concomitante. de colágeno e MEC.
Essa fibrose pode ser: Centrolobular, pericelular e
periportal. -O tecido conectivo aparece nas zonas tanto periportal
quanto pericentral e, eventualmente, acaba
-Quando a fibrose alcança um determinado grau, conectando as tríades portais com as veias centrais,
ocorre alterações na arquitetura do fígado e formando nódulos regenerativos.
substituição das células hepáticas por nódulos
regenerativos. -Ocorre perda dos hepatócitos e maior produção de
colágeno, juntamente com destruição continua dos
-na cirrose alcoólica se tem esses nódulos com <3 mm hepatócitos, o fígado se contrai e diminui de tamanho.
de diâmetro, sendo chamada de micronodular, com a Esse processo demora de anos a década para ocorrer.
interrupção do uso de álcool pode formar nódulos
maiores, um macronodular. -Manifestações clinicas:

-Patogenia: -É necessário um anamnese bem detalhado e


quantificar quantidade e tempo da ingesta de álcool.
-O etanol é absorvido principalmente pelo intestino
delgado, e em pequena parte pelo estomago. A -Pacientes com hepatopatia alcoólica podem
Desidrogenase alcoólica gástrica (ADH) inicia o apresentar sintomas indefinidos como:
metabolismo do álcool.
• Dor QSD
-Três sistemas enzimáticos são responsáveis pela • Febre
metabolização do álcool no fígado: • Náusea e vomito
• Diarreia
• ADH citosólico
• Anorexia
• Sistema de oxidação do etanol microssomal
• Mal-estar
(MEOS)
• Catalase peroxissomal
Everaldo leite 6

-Pode apresentar como complicações dessa relacionado com a hipertensão portal, ou como efeito
hepatopatia crônica, como: supressivo direto do álcool sobre a medula óssea.

• Ascite -Com frequência, as contagens de plaquetas são


• Edema reduzidas no início da doença, como um reflexo da
• Hemorragia gastrointestinal alta (HDA) hipertensão portal com hiperesplenismo.

-Outras manifestações incluem: -Os tempos de protrombina são com frequência


prolongados e, em geral, não respondem à
• Icterícia administração de vitamina K parenteral.
• Encefalopatia
-Os níveis séricos de sódio em geral são normais, a não
-Exame físico: ser quando os pacientes apresentam ascite e, a seguir,
• Hepatoesplenomegalia com bordas hepáticas podem ficar deprimidos, essencialmente em virtude da
nodulares ingestão de quantidades excessivas de água pura.
• Icterícia esclerótica -A alanina e a aspartato aminotransferases séricas
• Eritema palmar (ALT, AST) estão elevadas, particularmente nos
• Angiomas aracneiformes pacientes que continuam a beber, com os níveis de AST
• Aumento parótidas sendo mais altos que os níveis de ALT, habitualmente
• Baqueteamento dos dedos em uma relação de 2:1.
• Desgaste muscular
-Diagnostico:
• Edema
• Ascite -Os pacientes que têm qualquer uma das
características clínicas, achados do exame físico ou
-Os homens podem evidenciar:
exames de laboratório anteriormente mencionados
• redução dos pelos corporais devem ser considerados como tendo uma hepatopatia
• ginecomastia alcoólica.
• atrofia testicular, que pode ser consequência -O diagnóstico requer um conhecimento preciso de
de anormalidades hormonais ou um efeito que o paciente continua usando e abusando do álcool.
tóxico direto do álcool sobre os testículos. Além disso, outras formas de doença hepática crônica
- Nas mulheres com cirrose alcoólica em fase (p. ex., hepatite virai crônica ou doenças hepáticas
avançada, ocorrem habitualmente: metabólicas ou autoimunes) devem ser aventadas ou
excluídas ou, se presentes, deverá ser feita uma
• irregularidades menstruais estimativa da causalidade relativa, juntamente com o
• amenorreia. uso de álcool.
- Com frequência, essas mudanças são reversíveis após -A biópsia do fígado pode ser útil no sentido de
o abandono do álcool. confirmar o diagnóstico, porém em geral, quando os
pacientes se apresentam com hepatite alcoólica e
ainda estão bebendo, a biópsia hepática é protelada
até que a abstinência tenha sido mantida durante pelo
menos 6 meses para determinar a doença irreversível
residual.

-Tratamento:

-Paciente deve fazer a interrupção do uso de álcool,


-Os exames laboratoriais podem ser normais em sendo esse a base do tratamento, além de associar
pacientes com cirrose alcoólica inicial compensada. uma dieta adequada e acompanhamento medico para
Nas hepatopatias avançadas existem alterações. tentar controlar as possíveis complicações.

Os pacientes podem ser anêmicos seja em virtude de -Surgimento de complicações como: Ascite, edema,
uma perda sanguínea crônica por meio do trato GI, de encefalopatia, hemorragia por varizes devem ser
deficiências nutricionais ou do hiperesplenismo tratadas especificamente.
Everaldo leite 7

-Pode usar glicocorticoides em pacientes com hepatite -Intra-hepática: Responsáveis por 95% das
alcoólica grave, na ausência de infecções. hipertensões portais. As causas dessa hipertensão
podem ser divididas em:
-Complicações da cirrose:
• Pré-sinusoidal: Fibrose hepática congênita e
esquistossomose
-Hipertensão portal: • Sinusoidal: Cauda por cirrose
• Pós-sinusoidal: Doença venosa oclusiva
-A hipertensão portal é definida como a elevação do
gradiente de pressão venosa hepática (GPVH) para > 5 -A cirrose é a principal causa de hipertensão portal.
mmHg. A hipertensão portal é causada por uma
combinação de dois processos hemodinâ- micos que
ocorrem simultaneamente:

• Resistência intra-hepática aumentada à


passagem do fluxo sanguíneo através do fígado
em virtude da cirrose e dos nódulos
regenerativos.
• Fluxo sanguíneo esplâncnico aumentado
secundário à vasodilatação dentro do leito
vascular esplâncnico.

-Essa hipertensão é responsável pelas 2 principais


complicações da cirrose: Ascite e Hemorragia por
varizes.

-Manifestações clinicas:

-As três complicações primárias da hipertensão portal


são:

• Varizes gastresofágicas com hemorragia


• Ascite
• Hiperesplenismo.

-Assim sendo, os pacientes podem apresentar-se com


-As causas da hipertensão portal são classificadas em: sangramento GI alto, que ao exame endoscópico
constata-se que é devido a varizes esofágicas ou
• Pré-hepática gástricas, com o surgimento de ascite juntamente com
• Intra-hepática edema periférico, ou com um baço aumentado de
• Pós-hepática volume com redução associada das plaquetas e dos
-Pré-hepática: São aquelas que atingem o sistema leucócitos nos exames laboratoriais de rotina.
venoso antes de entrar no fígado. Ex: Trombose veia -33% dos pacientes com cirrose histologicamente
porta e veia esplênica. confirmada tem ascite.
-Pós-hepática: Atingem a veia hepática e a drenagem -Diagnostico:
venosa para o coração. Ex: SBC, Doença venosa-
oclusiva, congestão cardíaca crônica do lado direito -Nos pacientes com cirrose que estão sendo
(ICC VD). acompanhados cronicamente, o desenvolvimento de
Everaldo leite 8

hipertensão portal é habitualmente revelado pela no cérebro e produzem alguns dos efeitos a seguir
presença de: (MERCK, 1992):

• trombocitopenia • Reduzem a ansiedade e a tensão;


• baço aumentado de volume • Causam alegria, euforia ou outras mudanças
• surgimento de ascite, de humor;
• encefalopatia • Produzem a impressão de aumento da
• varizes esofágicas com ou sem sangramento. capacidade mental e física;
• Alteram a percepção sensorial;
-Tratamento:
• Alteram o humor e as sensações. Isso ocorre
-Beta bloqueadores ou ligadura elástica. porque o álcool atua no sistema de
recompensa.
-Outras complicações estão descritas no Harrison pág.
355. - Além dos neurônios dopaminérgicos da área
tegmental ventral e núcleo accumbens, incluem
--------------------------------------------------------------------- também estruturas que usam o ácido gama-
Aspectos psicossocial de etilistas aminobutílico (GABA) como transmissor, tais como o
córtex, cerebelo, hipocampo, folículos superiores e
- O risco de se tornar um dependente de álcool é maior inferiores e a amídala (NIDA, 1996) o que contribui para
quando estas substâncias são usadas fora dos desencadear a Síndrome da Abstinência Alcoólica
contextos recreativos, ou seja, isoladamente e em (SAA) quando o indivíduo passa por longos períodos de
momentos de estresse emocional. Um dependente privação da droga.
geralmente se isola e fica agressivo. Perceber esses
sintomas é o primeiro passo para se conseguir -Fatores Psicológicos
abandonar o vício. Apesar de alguns estudos indicarem que os alcoolistas
-Dentre os fatores ambientais que contribuem para o podem ter uma resposta geneticamente diminuída aos
uso nocivo do álcool, tem-se algumas variáveis efeitos do álcool, tem sido dado muita atenção aos
significantes como as psicológicas, sociais e fatores psicológicos.
demográficas (WALL et al, 2003). O consumo do álcool As características psicológicas de um indivíduo
é influenciado, durante a infância e a adolescência, resultam da constituição genética e ambiental na qual
principalmente por atitudes e comportamentos está inserido. Os estudos psicológicos buscam
adotados pelos pais, por amigos, pela sociedade e por características específicas como traços de
relacionamentos familiares. personalidade, conflitos e problemas nas relações
-A pessoa que desenvolve a dependência de álcool, no precoces ou hábitos aprendidos ao longo do
transtorno alcoólico mais severo, geralmente, desenvolvimento do indivíduo (ALMEIDA, 2005).
experimenta tolerância e abstinência. A tolerância é a -Dentre esses estudos que investigam fatores
necessidade de quantidades de álcool cada vez psicológicos de suscetibilidade ao alcoolismo
maiores para levar a embriagues e ao efeito desejado. destacam-se:
-A abstinência se apresenta quando o consumo de • - A psicanálise,
álcool se suspende ou se reduz. A pessoa com
• - A teoria cognitivo-comportamental
dependência alcoólica passa muito tempo consumindo
• - A teoria sistemática
álcool (ENCICLOPÉDIA MÉDICA, 2005). Os alcoolistas
são bebedores-problemas, vivem para o consumo de -Para a psicanálise o alcoolismo é visto como resultado
bebidas alcoólicas, apresentam problemas físicos e das experiências e relações precoces de natureza
psicológicos mais sérios e uma maior compulsão para altamente emocional, como a dimensão oral, o
beber. comportamento homossexual, a dimensão depressiva
e autodestrutiva e até o masoquista e a patologia
-As drogas podem causar dependência psicológica ou
narcísica (ALMEIDA, 2005).
dependência psicológica e física. A dependência
psicológica baseia-se no desejo de continuar tomando -Já a teoria cognitivo-comportamental vê o alcoolismo
uma droga para induzir o prazer ou aliviar a tensão e como um comportamento inadequado e aprendido,
evitar o desconforto. Estas drogas normalmente atuam que pode surgir em qualquer pessoa, ou seja, um
Everaldo leite 9

hábito passível de análise e de modificações. Almeida álcool em relação a filhos de não-dependentes


(2005) afirma que o efeito psicofarmacológico do (MOSS, et.al, 1992)
álcool funciona como reforço positivo para reduzir a • 2) Emotividade - Definindo esse traço como a
tensão interna em resposta a estímulos internos ou propensão à grande reação emocional aos
externos. estímulos do ambiente (SHER, et al, 1994),
encontrou-se maior resposta emocional em
-Ainda segundo Almeida (2005), para os autores que
filhos de dependentes do álcool em relação à
defendem a teoria sistemática, o alcoolismo é visto
não-dependentes. No mesmo sentido,
como um princípio organizador de um sistema
encontrou-se suscetibilidade aumentada para
complexo de interações familiares que realça interação
ativação do sistema 32 nervoso autônomo em
complementar estabelecidas entre o alcoolista e a
indivíduos de alto risco para desenvolvimento
família, podendo ser causa ou conseqüência de
de dependência do álcool (FINN, et al, 1990).
disfunções.
• 3) Capacidade de arrefecimento emocional -
- Ainda há outros fatores que podem contribuir para o Um único estudo encontrou uma maior
alcoolismo, como personalidade aditiva, a de procura dificuldade em jovens do sexo masculino de
de sensações fortes e outros traços que levam à alto risco para dependência do álcool para
necessidade de experiências novas e complexas. retomar a linha de base emocional após
ativação autonômica, indicando a
-A adição é a atividade compulsiva e o envolvimento
possibilidade de este traço estar envolvido na
excessivo em uma atividade específica. A atividade
vulnerabilidade à dependência. (MESSAS e
pode ser o jogo, ou se referir ao uso de praticamente
VALLADA, 2004)
qualquer substância.
• 4) Persistência da atenção - Estudos têm
-Os drogaditos, quase sempre, têm baixa estima, são demonstrado uma maior prevalência de
imaturos, resistem pouco à frustrações e têm distúrbios de atenção em populações de alto
dificuldades para resolver problemas pessoais e de risco para desenvolvimento de dependência ao
relacionamento com o sexo oposto. Eles tentam fugir álcool. Além de uma investigação
da realidade e geralmente são descritos como neurofisiológica ter encontrado alterações de
medrosos, retraídos e deprimidos. Alguns apresentam onda P300, um marcador fisiológico
uma história de tentativas frequentes de suicídio ou de relacionado a mecanismos de atenção, em
autoagressão. Outros demonstram uma raiva explícita filhos de dependentes do álcool. (MESSAS e
e inconsciente e uma expressão sexual descontrolada VALLADA, 2004)
e podem utilizar drogas para controlar o seu • 5) Sociabilidade - pessoas que desenvolveram
comportamento. Algumas vezes, os familiares ou os alcoolismo demonstram variações na maneira
amigos podem comportar-se de modo que permitam de socialização, que poderiam ser resumidas
ao adito continuar a utilizar drogas ou álcool. Essas sob o nome de desinibição comportamental,
pessoas são consideradas co-dependentes ou seja como agressividade, busca de sensações,
facilitadores (MERCK, 1992). impulsividade ou inconformismo social.
(MESSAS e VALLADA, 2004)
-O álcool é uma das substâncias psicoativas mais
precocemente consumida pelos jovens. Nesta faze, -Referencia:
alguns riscos são mais freqüentes, como o desafio a
-Artigo:
regras e a onipotência. Os adolescentes se sentem mais
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/825
autônomos na transgressão, envolvendo-se em
1/1/arquivo4168_1.pdf
situações de maior risco, geralmente com
conseqüências mais graves (PECHANSKYA, et.al, 2004) -Harrison
Os outros traços que vêm sendo relacionados com a -Tratado de gastroenterologia da graduação a pós.
vulnerabilidade ao alcoolismo são:

• Nível de atividade comportamental – foram


observados taxas significativamente mais
elevados de nível de atividade
comportamental em filhos de dependentes do
APG12
Everaldo Leite 1

Morfofisiológica Pâncreas e Vias biliares -Pâncreas é composto por pequenos aglomerados de


células epiteliais glandulares. Aproximadamente 99%
dos aglomerados, chamados de ácinos, constituem a
função exócrina do pâncreas.

-As células no interior desses ácinos secretam uma


mistura de liquido e enzimas, chamado sulco
pancreático.

-1% restante são formados pelas ilhotas pancreáticas,


que constituem função exócrina do pâncreas. Essas
secretam hormônios: Glucagon, insulina,
Somatostatina e Polipeptídio pancreática.

-Composição sulco pancreático:

-Pâncreas produz diariamente cerca de 1,5 litros de


sulco pancreático. É um liquido claro, incolor que
contem:

• Água
• Sais
• Bicarbonato de sódio
• Enzimas

-Ph do sulco pancreático devido o Bicarbonato, é de 7,1


a 8,2 (ligeiramente alcalino). Sua função devido ao Ph,
são:

• Realiza o tamponamento do sulco gástrico


ácido do quimo.
-Ampola de Vater fica no terço médio do duodeno. • Inativa a Pepsina (produzida no estomago)
• Cria Ph apropriado para ação das proteínas
digestórias no Intestino Delgado

-As enzimas do sulco pancreático, são:

• Amilase pancreática: Digere amido


(Carboidratos)
• Tripsina, Quimotripsina, Carboxipeptidase,
Elastase: Digere proteínas em peptídeos
• Lipase pancreática: Digere triglicerídeos
(Gordura)
• Ribonuclease e Desoxirribonuclease: Digere
RNA e DNA

-As enzimas que digerem proteínas são produzidas de


uma forma inativa. A tripsina é liberada de forma
inativa (Tripsinigenio), as células acinares secreta uma
proteína chamada de inibidor da tripsina, que combina
com qualquer tripsina formada acidentalmente no
pâncreas ou no sulco pancreático e bloqueia sua
atividade.
Everaldo Leite 2

-Esse tripsinogênio ao chegar no intestino entra em -Pode se apresentar de forma leve que responde bem
contato com a enteroquinase, transformando ao tratamento conservador, até uma forma mais grave
tripsinogênio em tripsina. que pode levar a internação em unidade de terapia
intensiva, uso de antimicrobianos de amplo espectro e
- Essa tripsina no intestino agora na sua forma ativa, vai
cirurgia.
atuar sobre precursores inativos (chamados
Quimitripsinogenio, Procarboxipeptidase, Proelastase) -Para distinguir a forma da doença, utiliza aspectos
para produzir Quimiotripsina, carboxipeptidase e clínicos, laboratoriais e radiológicos isolados ou
elastase. agrupados sob forma de prognostico.

-Quando o pâncreas é lesado gravemente ou quando -A mortalidade da doença nas 2 primeiras semanas é
ocorre bloqueio do ducto, grande quantidade de decorrente da inflamação sistêmica e das alterações
secreção pancreática, às vezes, se acumula nas áreas orgânicas por ela induzida. Após esse período as
comprometidas do pâncreas. Nessas condições, o mortes costumam ocorrer devido as complicações da
efeito do inibidor de tripsina é insuficiente, situação em pancreatite.
que as secreções pancreáticas ficam ativas e podem
-A classificação da pancreatite. Classificação de
digerir todo o pâncreas, em questão de poucas horas,
Atlanta:
levando à condição denominada pancreatite aguda.
Esse distúrbio, por vezes, é letal em razão do
consequente choque circulatório; se não for letal, em
geral, leva à insuficiência pancreática crônica
subsequente.

-Estímulos que causam secreção do sulco pancreático:

• Acetilcolina: Neurotransmissor
• Secretina: Secretada pela mucosa duodenal e
jejunal quando o alimento por ali se encontra.
Atinge corrente sanguínea e estimula secreção
pancreática. Produzida quando alimento muito
acido entra no intestino.
• Colecistocinina: Secretada pela mucosa É interessante ressaltar que as pancreatites graves
duodenal e jejunal quando o alimento por ali geralmente são de etiologia biliar.
se encontra. Atinge circulação sanguínea e
-Etiologia:
estimula secreção pancreática.

-A acetilcolina e Colecistocinina estimula as células


acinares a produzir enzimas digestivas e pequena
quantidade de água e eletrólitos. Sem água essas
enzimas ficam armazenadas nos ácinos ate que se
tenha uma certa quantidade para leva-las para o
duodeno.

-Já a secretina estimula a produção de grande


quantidade solução aquosa de bicarbonato de sódio,
-Litíase biliar:
pelo epitélio do ducto pancreático.
-A migração dos cálculos biliares é a principal etiologia
-Referencias: Netter, Tortora e Guyton
da pancreatite aguda, correspondendo a 40% dos
Pancreatite aguda casos.

O mecanismo pelo qual os cálculos provocam a


pancreatite aguda é desconhecido, mas as hipóteses
-A pancreatite aguda é uma inflamação do pâncreas, são:
que pode envolver tecidos peri-pancreaticos e/ou
órgãos a distância.
Everaldo Leite 3

• A passagem do cálculo resulta em edema de triglicerídeo decorrente ao uso de fármacos


transitório da papila, logo, em discreta (Tamoxifeno, corticoides, estrógeno).
obstrução ao esvaziamento do ducto
- De maneira geral, três tipos de pacientes apresentam
pancreático principal;
pancreatite aguda por hipertrigliceridemia:
• Durante a passagem do cálculo através da
ampola, há refluxo de bile em virtude de 1) diabéticos mal controlados com antecedente
obstrução transitória. de hipertrigliceridemia;
2) alcoolistas com hipertrigliceridemia;
-Cerca de 7% dos pacientes que apresentam esses
3) 3) indivíduos magros, não diabéticos e não
cálculos desenvolvem pancreatite.
alcoolistas com hipertrigliceridemia induzida
-Os fatores de risco para o desenvolvimento da por drogas.
pancreatite decorrente da litíase são:
-Hipercalcemia:
• Sexo masculino
- Trata-se de causa rara de pancreatite aguda. Nesse
• Pedras <5mm
contexto, a doença surge pela deposição excessiva de
-O barro biliar é uma suspensão viscosa de bile na cálcio no ducto pancreático e ativação prematura do
vesícula biliar que pode conter cálculos pequenos ou tripsinogênio.
microlitíase (cálculos menores que 3 mm). Os
-Pode ocorrer em pacientes com hiperparatireoidismo,
portadores de barro biliar/microlitíase em geral são
hipercalcemia paraneoplásica.
sintomáticos, e a ultrassonografia permite sua
identificação, embora possa ser difícil identificar -Drogas:
microcálculos em meio à lama biliar.
-Causa cerca de 1,4% das pancreatites, é muito difícil
-Em geral esse barro ocorre devido a uma estase biliar diagnostico, salvo em suspeitas (paciente informa).
funcional ou mecânica. Jejum prolongado pode causar
-Algumas drogas que podem causar pancreatite aguda.
um aumento da viscosidade da bile.

-Álcool:

-Responsável por 30% das pancreatites agudas, comum


em homens jovens que fazem abuso de álcool. De
modo geral, considera-se que os pacientes que
apresentam pancreatite aguda por álcool apresentam,
na maioria das vezes, evidências funcionais ou
morfológicas de pancreatite crônica, de tal maneira
que é inadequado falar em pancreatite aguda, mas,
-Infecções:
sim, em pancreatite crônica agudizada.
- Vários agentes infecciosos são potenciais causadores
-Hipertrigliceridemia:
de pancreatite aguda, mas a frequência com que estas
-Um importante causa de pancreatite aguda em ocorrem é desconhecida.
pacientes sem história de litíase biliar e consumo de
-O diagnóstico etiológico nesses casos é complexo e
álcool. Paciente vai apresentar elevado índice de
depende da definição do quadro de pancreatite
Triglicerídeo plasmático (>1000mg/dL. Havendo claro
(Quadro 81.4) paralelamente à definição da existência
predomínio do VLDL). Não esta bom compreendido
da infecção. Uma pancreatite aguda de causa
como isso pode levar a pancreatite, mas parece
infecciosa deve ser cogitada se o paciente apresentar a
envolver liberação de acido graxo livre e lesão direta
síndrome causada pelo agente
das células acinares pancreáticas e do endotélio.

-De acordo com o professor do mape, esse


hipertriglicerídeo leva a formação de uma lama nas vias
biliares, causando obstrução da mesma.

-Ao diagnosticar pancreatite aguda por


hipertrigliceridemia, sempre investigar esse aumento
Everaldo Leite 4

quadro de disfunção de múltiplos órgãos, entre os


quais destaca-se principalmente a síndrome do
desconforto respiratório do adulto.

- Na fase tardia das pancreatites agudas graves,


infecções do tecido pancreático e peripancreático
surgem como principal causa de mortalidade.

-Hipotensão secundária ao extravasamento de água


-Tumores livre para o terceiro espaço por alteração da
- Quaisquer tumores pancreáticos ou papilares que permeabilidade capilar resulta em isquemia intestinal
provoquem obstrução à drenagem do suco pancreático e queda da barreira mucosa, ocasionando o
podem ocasionar quadros de pancreatite aguda, surgimento de microfraturas epiteliais que permitem
sobretudo em indivíduos acima dos 40 anos de idade. deslocamento de microrganismos provenientes da luz
do cólon para a circulação linfática e venosa.

-Cabe ressaltar que, muitas vezes, esses pacientes têm


-Fisiopatologia: algum grau de supercrescimento bacteriano subclínico,
seja por íleo prolongado ou por uso concomitante de
-A pancreatite aguda tem como evento inicial a
antimicrobianos de amplo espectro. Uma vez em
ativação prematura do tripsinogênio no interior das
contato com o tecido pancreático necrótico, esses
células pancreáticas em quantidade suficiente para
microrganismos encontram ambiente propício para
vencer seu inativado (inibidor do tripsinogênio). Isso
sua proliferação.
leva ativação das demais enzimas e da fosfolipase A2,
promovendo autodigestão do parênquima
pancreático.
-Quadro clinico:
- Essa agressão inicial resulta em complicações
inflamatórias locais e desencadeamento de uma -Principal queixa é a dor abdominal:
resposta inflamatória sistêmica. • Tem intensidade variada (podendo
-Os mecanismos implicados incluem lesão endotelial incapacitar)
(elastase), liberação de citocinas pró e anti- • Continua
inflamatórias, estresse inflamatório e translocação • Mal definida
bacteriana a partir do trato gastrointestinal, sobretudo • Localizada: No epigástrio ou andar superior do
o cólon. abdômen
• Irradia: para dorso, podendo ir para flanco
-A migração das células inflamatórias para o pâncreas direito ou esquerdo
faz com que a agressão perpetue e possa generalizar. • Fator melhora: Posição genupeitoral
-Alterações microcirculatórias são importantes na • Fator piora: Posição supina e com esforço
fisiopatologia das formas mais graves. Observa-se: • Sintomas associados: Vomito e náuseas
(em90% dos casos)
• Vasoconstrição
• Estase capilar
• Aumento permeabilidade capilar
• Isquemia tecidual

-Essas alterações podem causar edema local e em


casos mais graves, esse processo pode generalizar e
resultar em extravasamento relevante de liquido do -Exame físico: varia de acordo com a intensidade do
plasma para o terceiro espaço. Provocando hipotensão caso.
e hemoconcentração.
• Doença leve: Dor a palpação do epigástrio e
- Circulação sistêmica das citocinas (IL-1, IL-8, IL- 6, TNF- andar superior do abd, pode notar massa
alfa), fosfolipase A2 e espécies reativas do oxigênio
provoca ocorrência de lesões em órgãos a distância e
Everaldo Leite 5

inflamatória. Não nota distensão abd ou -O diagnóstico diferencial deve incluir os seguintes
descompensação hemodinâmica. distúrbios:
• Forma grave:
• víscera perfurada, especialmente úlcera
o Sinais de toxemia, abdômen doloroso,
péptica;
distendido
• colecistite aguda e cólica biliar;
o Respiração superficial (em virtude da
irritação frênica pelo processo • obstrução intestinal aguda;
inflamatório) • oclusão vascular mesentérica;
o Evidencia de irritação peritoneal • cólica renal;
o Hipotensão (não é frequente) • infarto do miocárdio;
o Febre • aneurisma dissecante da aorta;
o Taquicardia • distúrbios do tecido conectivo com vasculite;
o íleo paralitico • pneumonia;
o Alterações sensoriais (encefalopatia • cetoacidose diabética.
pancreática).

-Até 25% dos pacientes tem icterícia em decorrência da


-Prognostico:
litíase biliar.
-A pancreatite tem curso distinto nas formas leves e
-Diagnostico e exames complementares:
graves.
-Para diagnostico de pancreatite aguda utiliza-se dos
• Forma leve:
seguintes critérios:
▪ Corresponde a 85% das pancreatites
1) Dor abd persistente, forte intensidade, agudas.
localizada andar superior abd, irradiação para ▪ Autolimitada (melhora clítica em 7 dias
dorso, associada a náusea e vômitos. como tratamento conservador com
2) Amilase e/ou lipase >3x que valor limite jejum e analgésicos). Se o paciente se
3) Achados tomográficos compatível com alimentar vai estimular liberação de
pancreatite aguda mais sulco pancreático, piorando o
quadro.
-Só os exames laboratoriais não podem fechar ▪ Mortalidade de 3%
diagnostico, visto que a amilase e lipase pode • Formas grave:
aumentar em outras condições. ▪ Disfunção orgânica múltipla
-Elevação consistente da amilase e lipase após ▪ Complicações infecciosas
resolução do caso indica complicações. ▪ Necessidade de internação
prolongada em ambiente de terapia
intensiva
▪ 30% mortalidade

-Por esse motivo torna-se importante determinar o


prognostico, e reconhecimento precoce da forma
grave, de modo a implementar medidas de
monitorização e tratamento intensivo nos pacientes
graves. Para tanto, foram desenvolvidos diversos
escores prognósticos e identificados parâmetros
clínicos e laboratoriais capazes de predizer a gravidade.

- Escore de Ranson é o mais tradicional, mas tem como


desvantagem principal a necessidade de pelo menos 48
horas de observação após a admissão para a definição
do prognóstico. ≥ 3 significa caso grave.
Everaldo Leite 6

-De modo geral, recomenda-se a realimentação


quando houver melhora da dor, presença de ruídos
hidroaéreos e redução dos níveis de amilase/lípase
abaixo.

-Na forma grave, deve optar pela dieta via enteral após
estabilização hemodinâmica, pois seus efeitos tróficos
-Tratamento: sobre a mucosa intestinal reduzem translocação
bacteriana e incidência de complicações infecciosas.
-Medidas gerais:

-Realização dos sinais vitais 4/4 horas durante 24 horas

▪ FC
▪ FC
▪ Temperatura
▪ PA -Complicações da dieta por via enteral são menores
▪ Saturação periférica que a via parenteral (ex: infecção de cateter,
▪ Diurese trombose venosa).

-Caso tenha queda saturação ou oferecido narcóticos A forma de administração da dieta enteral é mal
oferecer oxigênio para o paciente. definida, mas a maioria dos consensos recomenda o
uso de sondas nasojejunais, embora dados
-Gasometria artéria: Realizar caso saturação <95%, se preliminares sugiram que sondas nasogástricas sejam
houver hipotensão ou alteração no parâmetro eficazes e não impliquem exacerbação da pancreatite.
respiratório, nesse caso é necessário controle
radiográfico. -Aqueles que não toleraram a via enteral, seja por íleo
paralítico ou outras complicações, e naqueles cuja
-Reposição volêmica: meta calórica não foi atingida somente com a dieta
-Hipovolemia secundária ao sequestro de grandes enteral em até 48 horas após sua introdução devem
quantidades de líquido para o terceiro espaço implica receber nutrição parenteral.
acentuação dos fenômenos isquêmicos no pâncreas -Antimicrobianos profiláticos:
inflamado, aumentando o risco de necrose, bem como
outras complicações secundárias à hipovolemia, como -Não há consenso em relação a utilização de
insuficiência renal aguda. antimicrobianos em pancreatite aguda grave, vale
ressaltar que os casos graves são responsáveis pela
-A reposição em casos de hipovolemia é necessária, maior parte da mortalidade nos casos agudos.
tentar manter níveis diuréticos maior que 0,5 - 1,0
mL/Kg/hora e normalização hematócrito (% de -30% dos casos graves aposentam necrose pancreática.
hemácia no sangue) 70% das necroses infectam, sendo o risco maior após a
2º a 4º semana da doença ou em pacientes com área
-Pode fazer reposição em veias periféricas (pacientes pancreática >30% atingida por necrose.
leves) e veias centrais (pacientes graves).
-Maior parte das infecções acontece por translocação
Analgesia: de bactérias intestinais, normalmente essas infecções
-Para dores abd, pode usar analgésicos opioides IV são monobacterianas (E.coli, klebsiella).
(MEPIRIDINA). -Devem ser utilizados antimicrobianos de amplo
-Nutrição: espectro e com boa penetração no tecido pancreático,
como:
-O tratamento padrão-ouro para formas leves é o
Jejum oral. ▪ Carbapenêmicos
▪ Metronidazol
-Os pacientes na forma leve são mantidos em jejum ▪ Fluoroquinolonas
oral de 3-7 dias ate que possa introduzir dieta. ▪ Clindamicina
▪ Cefalosporinas.
Everaldo Leite 7

-Em pacientes com necrose maior que 30% do tecido


pancreático e disfunções orgânicas clinicamente
Pancreatite crônica
importantes pode introduzir antibióticos profiláticos.

-Manejo da necrose pancreática:


-As pancreatites crônicas (PC) caracterizam-se pela
-É um marcador de gravidade da pancreatite aguda,
substituição irreversível do parênquima pancreático
refletindo maior dano ao parênquima e disfunção da
normal por áreas de fibrose e pelo surgimento de
microcirculação.
estenoses e irregularidades nos ductos pancreáticos.
-Para saber se o paciente tem necrose pancreatica, Tais lesões são, em geral, progressivas, mesmo com a
usa-se o diagnóstico por imagem. É feito retirada do fator causal.
preferencialmente por meio de tomografia
-De acordo com a classificação de Roma, existem 2
computadorizada com contraste venoso, mas pode ser
tipos de pancreatite crônica:
suspeitado quando há sinais inflamatórios persistentes
(p. ex., febre, leucocitose, proteína C reativa elevada > • Calcificante (PCC)
15 mg/dL após 48 horas de doença), instabilidade • Obstrutivas (PCO)
hemodinâmica e disfunção de órgãos e sistemas.
-Pancreatite crônica calcificantes (PCC):
-Quando identifica necrose, tem que classifica-la em:
-Ocorre calcificação do pâncreas com passar do
▪ Estéril tempo.
▪ Infectada: presenças de bolhas no
retroperitônio (identificado na TC), quando -Representa a maioria dos casos de pancreatite
não encontradas, realizar a Aspiração crônica.
percutânea guiada por tomografia de áreas -Corresponde as Pancreatites:
suspeitas, com coloração pelo Gram e cultura
no material obtido. • Alcoólicas
• Hereditárias
-Tratar a necrose estéril: Por método conservador,
• Metabólicas
pode fazer a necrosectomia, só é indicado após a 3º-4
• Nutricional
semana para melhor organização do processo
• Idiopática
inflamatório e demarcação do tecido viável. Após esse
período paciente ainda tem dor abdominal que impeça -Pancreatite crônica obstrutiva (PCO):
alimentação oral, e persistência da desorganização
-São raras, decorrente de alterações anatômicas que
orgânica importante, indica-se intervenção cirúrgica
impossibilitem a drenagem da secreção pancreática
(opta por endoscopia).
para o duodeno (Estenose, trauma, cirurgia).
-Tratar Necrose infectada: O tratamento consiste em
-Etiologia:
desbridamento. O momento para o desbridamento
não é conhecido, devendo ser avaliado conjuntamente -Álcool:
pelo gastroenterologista, pelo intensivista e pelo
cirurgião. -É a causa mais comum de pancreatite crônica.

-Tratamento endoscópico: -Os exatos mecanismos pelos quais o álcool promove a


lesão pancreática não são conhecidos, mas acredita-se
-Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica que isso ocorra por uma série de fatores, como:
(CPRE) com esfincterotomia é indicada para remoção
de cálculos biliares em pacientes com colangite • Toxicidade direta às células acinares
(inflamação vias biliares) associada a pancreatite • Produção de um suco pancreático litogênico
aguda, pancreatites agudas graves, (forma pedras)
colecistectomizados com pancreatite aguda biliar, • Aumento do estresse oxidativo
pacientes com evidências de obstrução biliar • Indução da ativação prematura dos
importante e naqueles que não são bons candidatos à zimogênios pancreáticos e carências
colecistectomia.11 Idealmente, deve ser realizada nas nutricionais relacionadas ao alcoolismo.
primeiras 48 a 72 horas do início do quadro.
Everaldo Leite 8

-Hereditária: • duração de 1 a 7 dias, intercaladas por


períodos de acalmia variáveis de meses a anos,
-A pancreatite crônica hereditária apresenta-se como
• precipitadas, quase sempre, pelo abuso
uma síndrome de pancreatite aguda recorrente,
alcoólico e/ou por alimentação gordurosa
geralmente provocando pancreatite crônica, com
menção familiar de casos e ausência de fatores -A sua fisiopatologia não é adequadamente conhecida,
etiológicos evidentes para a doença. mas seu aparecimento é atribuído à:
-Nutricional: • Fase inicial: Hipertensão ductal provocada
pela presença de rolhas proteicas
-Portadores de desnutrição proteica grave podem
• Fase tardia: Por estenoses ductais; inflamação
evoluir com lesões compatíveis com o diagnóstico de
perineural dos nervos intra e peripancreáticos
pancreatite crônica, embora o mecanismo exato para
também pode contribuir para o quadro
sua ocorrência seja pouco conhecido.
doloroso.
-No brasil não é comum.
-A dor é considerada a principal causa de indicação
cirúrgica em portadores de pancreatite crônica.
-Obstrutivas: -A redução do peso corporal é notada, pelo menos
temporariamente, em quase todos os pacientes; o grau
-Qualquer situação que resulte em dificuldade de
de emagrecimento depende, inicialmente, da
drenagem da secreção pancreática para o duodeno
pode provocar pancreatite crônica. A • frequência e da intensidade das crises
dolorosas e, em seguida, do grau de
-As principais causas são:
envolvimento do parênquima glandular,
• estenoses cicatriciais determinando má absorção e diabete.
• congênitas
-A má absorção e o diabete melito são manifestações
• traumáticas
tardias da afecção, surgindo, em média, dez anos
• cirúrgicas do ducto pancreático principal
apóso início das crises dolorosas, quando já houve
• inflamações da papila duodenal, comprometimento de mais de 70% do parênquima
• pâncreas divisum pancreático.
• malformações da junção biliopancreática
• neoplasias intraductais mucinosas -As complicações podem ocorrer em qualquer fase da
doença, tem um predomínio na fase inicial quando não
-Idiopáticas: houve extenso comprometimento do parênquima
No Brasil, em virtude da esmagadora prevalência da pancreático. Essas complicações podem ser locais ou
pancreatite alcoólica, essa forma de pancreatite sistêmicas.
responde por até 9% dos casos.

-Autoimune:

-Essa forma de pancreatite crônica é caracterizada pela


presença de massas inflamatórias pancreáticas e
irregularidades ductais nos exames de imagem,
associadas à presença de hipergamaglobulinemia e,
em geral, de autoanticorpos.

-Quadro clinico:

-Dor abdominal é o primeiro sintoma a exteriorizar.

Manifesta-se sob a forma de:

• crises dolorosas recorrentes


• intensas
• localizadas no andar superior do abdome
Everaldo Leite 9

-A icterícia, clínica e/ou laboratorial, observada em -Nas fezes, a pesquisa qualitativa de gordura pode
aproximadamente 25% dos pacientes, resulta da sugerir a síndrome de má absorção relacionada à
compressão do colédoco terminal, retropancreático, insuficiência pancreática.
por aumento do volume da cabeça do pâncreas,
-A US abdominal, método não invasivo e que pode ser
secundário a:
repetido várias vezes, tem elevada especificidade
• edema diagnóstica e detecta eventuais complicações, sendo
• nódulos fibróticos as principais alterações ecográficas observadas a
• cálculos pancreáticos textura heterogênea do parênquima, a presença de
• cistos cefálicos. calcificações e a dilatação e tortuosidade do ducto
pancreático principal.
-Os cistos estão presentes em 1/3 dos pacientes, pode
surgir em qualquer fase da afecção, pode causar -RX simples sem contrate pode identificar em 50% dos
algumas complicações. pacientes calcificações pancreáticas. A ausência de
calcificação pancreática ao exame radiológico simples
-Ascite, derrame pleural e, raramente, derrame do abdome não afasta o diagnóstico de
pericárdico podem surgir durante a evolução da comprometimento crônico da glândula, pois sabe-se
pancreatite crônica, sendo a ascite a mais frequente. que os cálculos surgem, em média, 5 a 10 anos após o
Esta, quando presente, deve-se à fistulização de início das manifestações clínicas.
pseudocisto ou do próprio ducto pancreático principal
para a cavidade abdominal. -A TC abdominal, sobretudo a helicoidal, é útil no
diagnóstico das afecções pancreáticas, possibilitando o
-Durante a evolução das pancreatites crônicas, os acesso ao retroperitônio, com observação direta da
pacientes podem desenvolver hemorragia digestiva, glândula pancreática e dos tecidos adjacentes, sendo
exteriorizada sob a forma de hematêmese ou melena, os principais achados tomográficos os cálculos
causada, em geral, pela ruptura de varizes intraductais, a dilatação do ducto pancreático principal
esofagogástricas, secundárias à compressão ou e as alterações do parênquima glandular por edema,
trombose da veia esplênica, pela presença de cisto ou fibrose ou necrose e atrofia (Figura 82.3). Possibilita,
pelo aumento de volume do pâncreas. também, como a US, diagnosticar e acompanhar
-Diagnostico: determinadas complicações das pancreatites crônicas,
em particular os cistos intra ou extraglandulares,
-O diagnóstico das pancreatites crônicas depende de ascite, necrose (infectada ou não), fístulas, abscessos,
um contexto clínico apropriado (p. ex., homem jovem coleções líquidas, além de dilatações das vias biliares
com intenso e prolongado consumo alcoólico e dor intra ou extra-hepáticas.
abdominal típica, perda ponderal, insuficiência
exócrina e/ou endócrina) associado a exames que
reflitam a perda da função pancreática e a presença de
anormalidades anatômicas compatíveis

-Na fase inicial da doença o paciente pode apresentar


níveis elevados da Amilase e Lipase devidos
parênquima não estar totalmente acometido. Na fase
tardia os níveis dessas enzimas não se elevam.

-Quando houver colestase (diminuição fluxo biliar), a


fosfatase alcalina e a gamaglutamiltransferase (GGT),
além das bilirrubinas séricas, também podem se elevar.

-Nos derrames cavitários (abdominal, pleural ou


pericárdico), a quantificação da amilase e da proteína
total no líquido obtido por punção possibilita a
caracterização da origem pancreática do derrame, já
que ambos os parâmetros estão elevados, -A pancreatocolangiorressonância magnética é útil
especialmente a proteína. para a observação de alterações do ducto pancreático
principal, da via biliar principal e de complicações
Everaldo Leite 10

como os cistos de pâncreas. Gradativamente, com o -Cerca de 20% dos pacientes portadores de pancreatite
aprimoramento das imagens que fornece, ocupa cada crônica são tratados cirurgicamente, especialmente
vez mais espaço no estudo dos pancreatopatas quando há persistência das manifestações dolorosas,
crônicos, especialmente em relação aos métodos impossibilitando o exercício das atividades normais,
endoscópicos. mesmo após abstinência do álcool e cuidados
terapêuticos adequados, ou quando surgem
A ecoendoscopia realiza detalhado estudo anatômico
complicações durante a evolução da doença, como
do parênquima pancreático e do sistema ductal, sem
pseudocistos pancreáticos complicados, ascite,
sofrer com a interposição gasosa que limita a US
derrame pleural, necrose infectada, abscessos, fístulas
convencional. Os principais achados de uma
pancreáticas, hemorragia digestiva de repetição ou
ecoendoscopia são a textura heterogênea do
incoercível e icterícia persistente.
parênquima, os cistos, as dilatações e irregularidades
ductais e as calcificações. Além das imagens obtidas, -O tratamento cirúrgico deve buscar controlar a dor,
essa técnica permite punção aspirativa por agulha fina corrigir a obstrução canalicular, fazer ressecções
do próprio parênquima ou do cisto. econômicas do parênquima glandular, retornar as
enzimas ao tubo digestivo e corrigir as alterações de
órgãos e estruturas vizinhas. De modo geral, as
-Tratamento: intervenções cirúrgicas podem ser divididas em dois
grandes grupos – as derivações e as ressecções –,
-Tratamento clinico: sendo preferíveis as primeiras em relação às últimas,
-O tratamento da pancreatite crônica alcoólica é por permitirem maior preservação do parênquima
incialmente clinico, visando melhoras dos sintomas e pancreático.
prevenindo complicações.

-Deve primeiro suspender o álcool. E tabaco se


presente (tabaco potencializa o efeito do álcool).

-Fora das crises dolorosas, nos períodos


assintomáticos da doença, preconiza-se dieta pobre
em lipídios e hiperproteica

-Nas crises de exacerbação, os cuidados terapêuticos


assemelham-se aos preconizados para as pancreatites
agudas. O jejum oral por 1 ou 2 dias ou a manutenção
de uma dieta à base de hidratos de carbono, associada
à administração de analgésicos injetáveis
(meperidona), costumam ser suficientes para o
retorno às condições normais em curto período.

-A má absorção é tratada pela administração de


extratos pancreáticos, cuja dosagem varia em função
do teor de gordura perdido nas fezes, avaliado após
dieta padronizada (balanço de gordura fecal). Os -Tratamento endoscópio:
extratos pancreáticos são apresentados sob forma de
cápsulas ou drágeas (para evitar inativação das -Nos últimos anos, vários procedimentos endoscópicos
enzimas, em particular da lipase, pelo suco gástrico) e têm sido propostos no tratamento das pancreatites
administrados fracionadamente durante as principais crônicas, sobretudo quando seus portadores
refeições. desenvolvem crises dolorosas recidivantes, colestase,
pseudocistos e derrames cavitários.
-O diabete melito deve ser tratado, além da orientação
dietética, com hipoglicemiantes orais e/ou insulina. -Os resultados do tratamento endoscópico são, até o
momento, pouco satisfatórios e não modificam a
-Tratamento cirúrgico: tendência evolutiva da pancreatite crônica.

-Referência:
Everaldo Leite 11

Tratado de gastroenterologia da graduação a pós


APG13
Everaldo Leite 1

Abdômen Agudo • Perfurativo: Ulcera perfurada, Diverticulite


perfurada, e outras perfurações.
• Vascular: Obstrução arterial e venoso das
-O abdômen agudo é uma condição clinica em que o artérias mesentéricas inferior e superior
paciente apresenta afecção abdominal caracterizada • Hemorrágico: Gravidez ectópica rota, trauma
por uma dor aguda, súbita que o faz procurar o serviço hepático, esplênico e intestinal
hospitalar imediatamente para tratamento clinico ou • Obstrutivo (ou por obstrução): Obstrução
cirúrgico de urgência ou emergência. intestinal secundário a tumores, volvo, bridas
e aderências intestinais.
-É uma das principais emergências medicas, sendo
necessário fazer uma intervenção o mais rápido -A anamnese detalhada é muito importante para
possível para evitar piora do paciente. Deve-se fazer estabelecer o diagnóstico, deve ser perguntado:
esforço para identificar a causa, como pode ter várias
etiologias e tem que fazer intervenção o mais rápido • Idade
possível, as vezes a principal decisão é se opera o • Sexo
paciente ou não. Muitas vezes o paciente é • Doença e cirurgia previam
diagnosticado durante a cirurgia. • Local e característica da dor
• Irradiação da dor
-A precisão e a rapidez do diagnóstico são • Tempo e hora da evolução da dor
imprescindíveis, pois o quadro traduz, em geral, • Alteração intestinal
situação grave e muitas vezes com risco de morte,
• Febre
exigindo tratamento imediato, o qual será tanto mais
• Vômitos
efetivo quanto mais cedo for instituído.
• Uso medicamentos
-Para alcançar o objetivo mencionado (diagnostico), é
-O exame físico geral deve incluir:
fundamental obter a:
• Mucosas
• História clínica do episódio atual
• PA
• História pregressa
• FC
• Exame físico
• Hidratação
• Exame laboratorial
• Condição geral paciente (BEG, MEG)
• Exame de imagem
-O Exame físico especifico avalia:
-Os profissionais que atuam em pronto atendimentos
devem ter a clara noção desse quadro abdominal, • Local da dor
saber identificar a sua gravidade, indicar os exames e • Irradiação
conhecer o seu manuseio. • Presença ou não de rigidez na parede
abdominal
-Embora o método de imagem tenha ajudado muito no
diagnóstico do abdômen agudo, a principal ferramenta • Dor a palpação
é a história clinica bem colhida. • Distensão

-Os exames laboratoriais e de imagem fornecerão -O médico precisa


subsídios para comprovar ou não a hipótese ficar muito atento,
diagnóstica, elaborada a partir dos dados colhidos na pois há várias
história clínica e no exame físico do paciente. afecções que podem
simular abdome
-Etiologia e Diagnostico: agudo:

-Quanto a etiopatogenia o abdômen agudo poder ser


dividido em 5 classes:

• Inflamatório (ou por inflamação): Apendicite


aguda, Colecistite, diverticulite, pancreatite e
outras.
Everaldo Leite 2

-Alguns sinais devem ser realizados no exame físico:

• Sinal de Blumberg: Dor a compressão com


piora na descompressão. Se realizado no
quadrante inferior direito pode indicar
apendicite.
• Sinal da descompressão bruta: Relacionado a
peritonite no local da dor.
• Sinal de Giordano: Percussão com punho no
dorso a esquerda e direita a altura renal. Indica
processo inflamatório renal.
• Sinal de Jobert: Timpanismo na percussão em
toda região hepática. Significa -Quadro clinico:
pneumoperitonio.
-Todo sintoma relatado pelo paciente deve ser
• Sinal de Murphy: Consiste em dor a palpação
valorizado pelo médico, na anamnese deve:
do bordo inferior do fígado durante inspiração.
Indica colicistite aguda. • Caracterizar a dor
• Sinal de Psoas: Dor em quadrante inferior do • Antecedentes de náuseas e vômitos
abdome direito a elevação contra resistência • Presença de evacuações ou não, e parada
da coxa ipsilateral, relacionado com eliminação de gases e fezes
apendicite, pielonefrite e abcesso em
-Algumas informações importantes devem ser colhidas
quadrante inferior do abdome.
do paciente ou acompanhante, como:

• História de doença abdominal previa


• Operação (cirurgia previa)
• Doença sistêmica associada
• Medicamentos (ASS, AINEs)
• Antecedentes ginecológicos e obstétricos
(Gestação, Aborto, Partos, Ciclo menstrual)

-Segue no quadro algumas causas de abdômen agudo


extra intestinais:
• Sinal de Rovsing: Contração do quadrante
inferior direito com dor no quadrante inferior
esquerdo. Indica apendicite.
• Sinal de torres-homem: percussão dolorosa na
região hepática. Indica abcesso hepático.

Caso não seja possível determinar o diagnóstico do


paciente após anamnese e exame físico, exames
complementares devem ser solicitados, conforme
demonstrado no algoritmo 1 (Figura 1).
Everaldo Leite 3

-A dor aguda abdominal referida pelo paciente é o


início da inflamação visceral. Maioria das vezes não
consegue perceber a víscera afetada no exame físico.

-Na evolução do quadro, a inflamação visceral atinge o


peritônio parietal, que é ricamente inervado pelos
nervos da parede abdominal adjacente e, por esse
motivo, esta presente na defesa e contratura muscular
(defesa involuntária).

-Além disso, a inflamação peritoneal faz com que o


paciente apresente dor imediata, a qualquer estimulo
de manipulação, palpação e descompressão do
abdome.

-É por esses motivos que, a essa altura da evolução da


doença, a dor à palpação abdominal localiza com
eficiência a origem da irritação peritoneal e a provável
víscera envolvida.

-As regiões anteriores e lateral do abdome são mais


sensíveis à dor, ao passo que a parede posterior e a
região pélvica são menos, o que se explica pela
diferença de inervação.

-Pacientes que apresentam inflamação próximo e junto


ao diafragma referem dores no ombro ou no pescoço,
também em consequência da irritação das terminações
do nervo frênico.

-Resumo: Paciente apresenta uma inflamação visceral,


tendo uma dor difusa, não sendo possível a sua
localização, com evolução do quadro se tem a
inflamação do peritônio parietal adjacente a víscera, a
partir que inflama o peritônio parietal adjacente, se
tem a localização da origem da dor.
-Durante a realização do exame físico, é fundamentale
-Quadro representa a região anatomia e as principais
indispensável o exame minucioso de toda a parede
causas de dores nos respectivos locais.
anterior do abdome, palpando-se delicadamente
todos os quadrantes, para avaliar o:

• local ou locais mais dolorosos


• se a dor é difusa
• se estão presentes tumorações
• se há irradiação da dor referida
• distensão abdominal.

-Os toques retal e vaginal podem trazer informações


importantes na avaliação do quadro de abdome agudo
e devem fazer parte da rotina do exame físico em todos
os casos.

-A pesquisa de dor nas lojas renais por meio do sinal de


Giordano (percussão da região lombar), além da
palpação, a inspeção simples (movimentos
peristálticos, hérnias e abaulamentos, equimoses) e a
Everaldo Leite 4

percussão da região mais dolorosa do abdome • Arritmias e doença arterial previa


fornecem subsídios para mostrar a irritação peritoneal. • Distensão Abd
A ausculta do abdome é imprescindível para avaliar a • Tendencia a hipotensão arterial e choque
presença de ruídos hidroaéreos – variação e • Ruídos hidroaéreos ausente a auculta
intensidade – e auxilia na definição do tipo de abdome
agudo que o paciente apresenta.

-Exame físico especifico (Do abd) completo com 4 fases


(Inserção, Ausculta, Palpação e Percussão).

-Os seguintes sinais, sintomas e exames devem ser


valorizados e pesquisados em cada um dos tipos de
abdome agudo:

-Inflamatório:

• Febre
• intervalo do início dos sintomas até o
atendimento
• dor (súbita ou insidiosa),
• Sinais de infecções ou sepse
• Quadro abdominal de peritonite evidente
• Hemograma
• RX simples do Abd

-Perfurativo:

• Dor súbita de alta intensidade que se torna -Obstrutivo:


difusa em algumas horas
• Náusea e vômitos
• Intervalo início da dor até o atendimento
• Parada eliminação fezes e gases
medico
• Dores abdominais em cólica e episódicas
• Sinais de infecção e sudorese
• Peristaltismo visível
• Hipotensão arterial
• Distensão abdominal
• Taquicardia
• Sinais de peritonite (acompanhados de
• Sinais evidentes de peritonite a palpação e
isquemia intestinal)
descompressão
• Aumento de ruídos hidroaéreo na ausculta
• RX de tórax e Abd mostrando
• RX simples de Abd mostra distensão alças e
pneumoperitônio
níveis hidroaéreos característicos

-Vascular:

• Intervalo início dos sintomas até o


atendimento
Everaldo Leite 5

• Urina tipo 1: útil para caracterizar processos


urológicas e renais, desencadeantes de dores
abdominais. Presença de pigmentos biliares
pode indicar obstrução das vias biliares.
Hematúria pode indicar cálculos renais.
• Amilase e lipase: Podem indicar pancreatite
aguda.
• Na suspeita de peritonite bacteriana
espontânea em pacientes com hepatopatia
crônica e ascite: A contagem de
polimorfonucleares tem que estar >250mm3.
• B-HCG, Função hepática, Função renal
(creatinina e ureia)
• RX tórax (AP e Perfil), abdominal (Supino e
ortostático)

-O RX simples é um dos exames mais utilizados. Esses


exames trazem elementos diagnósticos para os
quadros agudos dos tipos perfurativo, inflamatório e
-Hemorrágico:
obstrutivo, nos quais os mais significativos são,
• Trauma anterior respectivamente:
• Dor súbita localizada tornando-se
• pneumoperitônio
generalizada
• tumorações inflamatórias
• Hipotensão
• íleo paralítico
• Taquicardia
• distensão de alças
• Mucosa descorada
• Choque hemorrágico -Outras informações úteis podem ser obtidas, como
• Alterações níveis de hematócrito e elevação da cúpula frênica, líquido intra-abdominal,
hemoglobina opacidade ou velamentos, distensão de intestino
• Sinais de peritonite delgado ou dos cólons, edema de alças intestinais (ver
Figura 31.2), íleo regional, dilatação colônica, níveis
-Exames subsidiários: líquidos hidroaéreos (ver Figura 31.3), aerobilia, corpos
-Alguns exames fornecem importante valor no estranhos, imagens de abscesso e cálculos vesiculares,
diagnóstico do abdômen agudo: renais e ureterais.

• Laboratorial -O trânsito intestinal pode ser empregado na suspeita


• Radiografia (RX) diagnóstica de obstrução intestinal, para a localização
de fístulas de intestino delgado, hérnias internas e
• USG
diafragmáticas e volvos, que, em geral, são indicados
• TC
quando já existe pretensão de submeter o paciente à
-Alguns outros exames podem fornecer informações, laparotomia exploradora.
são mais invasivos: Laparotomia exploratória,
-O enema opaco (contraste de bário e RX, utilizado
videolaparoscopia.
para avaliar Intestino grosso e reto) está indicado nas
-O pedido dos exames vai ser de acordo com as obstruções distais de intestino grosso e reto e no volvo
informações obtidas na anamnese e exame físico. do sigmoide.

-Alguns achados dos exames: -A Ultrassonografia pode ser usada, é contraindicada


em pacientes sem jejum, distensão por gases. Pode
• Hemograma: pode mostrar presença de
confirmar ou afastar causas inflamatórias, tem
anemia e suas características, fornecendo
facilidade para avaliar gravidez ectópica, DIP, abcessos,
elementos para indicação de transfusão, como
perfurações. É o exame de escolha para pacientes
eventual operação de urgência.
gravidas.
Everaldo Leite 6

-A tomografia computadorizada é muito usada,


podendo usar contraste oral e/ou venoso. É o exame
de escolha para diagnosticar e avaliar evolução de
pacientes com pancreatite e abdômen agudo vascular,
além de ser usada para punção de líquidos intra-
abdominais. Permite visualização de lesões
inflamatórias, neoplásicas, vasculares e hemorrágicas.

- Laparotomia e lavado peritoneal estão quase em


desuso. O grande avanço nos últimos anos no
diagnóstico – e até mesmo para a terapêutica – foi a
videolaparoscopia. Seu uso é cada vez mais frequente
nos pacientes com alto risco operatório e dúvida na
indicação cirúrgica. Com ela, evitam-se laparotomias
desnecessárias e vários

- A Figura 31.6 mostra o algoritmo utilizado para o -O tratamento do abdômen agudo inflamatório:
diagnóstico de quadro de dor abdominal aguda, Consiste na eliminação da infecção e origem da
preconizado pelo Consenso do XXVI Congresso contaminação, assim como exérese do órgão ou
Brasileiro de Cirurgia (2005). víscera comprometida, drenagem ampla e sutura.

-Antibioticoterapia de amplo espectro deve ser


considerada caso a caso.

-Tratamento cirúrgico e clinico devem ser realizados


em tempo hábil para evitar morbimortalidade.

-Tratamento abdômen agudo perfurativo:

-Depende de alguns fatores, a saber:

• Etiologia
• Local perfuração
• Tempo de evolução
• Grau de contaminação cavidade intra-
-Com exceção da suspeita de abdômen agudo dpor abdominal
causas hemorrágicas, que usa para confirmar • Condições clinicas do paciente
diagnostico a ultrassom (mais fácil que a TC) e também
a TC, todos os outros tem como 1º exame o RX. -Na maioria dos casos o tratamento consiste em:

-Tratamento: • Sutura
• Lavagem exaustiva da cavidade peritoneal
-O tratamento cirúrgico reque uma ampla exposição da • Drenagem adequada
cavidade abdominal, para permitir visualização
completa das vísceras e espaços peritoneais. -Em determinadas situações, está indicada a ressecção
do segmento com perfuração; por exemplo, quando se
-A Figura 31.7 mostra o algoritmo para conduta no tem perfuração de intestino delgado e não há condição
abdome agudo não traumático, preconizado pelo local para uma simples sutura, é imperativa a exérese
Consenso do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia
de um segmento do intestino ou, ainda, pode ser
(2005). realizada a ostomia do segmento perfurado, por
exemplo, em caso de diverticulite de sigmoide
perfurada,
Everaldo Leite 7

-Portanto, resumindo, diante de contaminação lesadas, exérese parcial ou total do órgão lesado e,
acentuada da cavidade peritoneal e condições pouco eventualmente, também realização de ostomias.
satisfatórias do paciente, devem-se evitar
-Pacientes com lesão de trauma no fígado e baço com
anastomoses primárias ou suturas, tornando
presença de hemoperitônio, desde que a lesão não seja
aconselhável optar pela realização de ostomias
muito extensa, o paciente não apresentar dor
(ileostomia, colostomia).
abdominal intensa e estiver com estabilidade
hemodinâmica e com anemia sob controle, pode
adotar um tratamento conservador. Paciente fica em
observação rigorosa no ambiente hospitalar.

-O sucesso do tratamento do abdome agudo depende


do diagnóstico correto e precoce, da intervenção
cirúrgica nos momentos e ocasiões oportunas e de o
doente estar na melhor condição clínica possível para
tal. Como se trata de operação de urgência/
emergência, além da correta conduta operatória, há
necessidade de cuidados pós-operatórios (locais e
gerais), respiratórios, metabólicos, hidroeletrolíticos,
nutricionais e de adequada antibioticoterapia, que são
mais bem administrados se houver o envolvimento de
equipe multidisciplinar.

-Referencias:

Tratado de gastroenterologia da graduação a pós


-Tratamento abdômen agudo vascular:
Artigo
-O tratamento vai depender da extensão da área (https://www.saudedireta.com.br/docsupload/13402
acometida. depende basicamente da extensão da área 028917_abdomen_agudo.pdf)
acometida. Como se trata de diagnóstico difícil, em um
grande número de casos, quando a intervenção Artigo
cirúrgica é indicada, a necrose de vários segmentos (https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882479/
intestinais, do estômago e de outras vísceras é total ou abdome-agudo-diagnostico-sindromico.pdf)
quase total, o que caracteriza que nada mais há para
fazer e o paciente está em fase irreversível de
evolução.

-É recomendado fazer a ressecção da parte necrosada


e anastomose primaria.

Nos casos de suspeita de obstrução da artéria


mesentérica superior, está indicada a exploração do
vaso com o auxílio de cateteres balão. Se a
desobstrução não for possível, outra tentativa é a
revascularização.

-Tratamento do abdômen agudo hemorrágico:

-Tem que realizar tratamento imediatamente após o


diagnostico, pois em grande parte o paciente vai estar
com instabilidade hemodinâmica e em choque.

-A conduta dependerá da víscera lesada, consistindo


em sutura e hemostasia das estruturas e vísceras
APG14
Everaldo Leite 1

Morfofisiológica Renal -Os rins liberam os materiais indesejados ingeridos ou


produzidos pelo metabolismo. Além disso, faz o
controle do volume e a composição dos eletrólitos no
corpo. Essa função regulatória dos rins mantém o
ambiente interno estável, necessário às células para a
realização de suas várias funções.

-Os rins realizam suas funções mais importantes pela


filtração do plasma e pela posterior remoção de
substâncias do filtrado em intensidades variáveis,
dependendo das necessidades do corpo. Portanto, os
rins “limpam” as substâncias indesejáveis do filtrado
(e, portanto, do sangue) por excretá-las na urina,
enquanto devolve as substâncias que são necessárias à
corrente sanguínea.

-Embora este Capítulo e os próximos desta unidade se


concentrem principalmente no controle da excreção
de água, dos eletrólitos e dos resíduos metabólicos, os
rins desempenham muitas funções homeostáticas
importantes, incluindo as seguintes:

• Excreção de produtos indesejáveis do


metabolismo e de substâncias químicas
estranhas.
• Regulação do equilíbrio de água e dos
eletrólitos.
• Regulação da osmolalidade dos líquidos
corporais e da concentração de eletrólitos.
• Regulação da pressão arterial.
• Regulação do equilíbrio ácido-base.
• Regulação da produção de hemácias.
• Secreção, metabolismo e excreção de
hormônios.
• Gliconeogênese.

-Excreção de Produtos Dejetados do Metabolismo,


Substâncias Químicas Estranhas, Fármacos e
Metabólitos Hormonais.

-Os rins eliminam os produtos indesejados produzidos


pelo metabolismo e/ingeridos:

• Ureia
• Creatinina
• Ácido Úrico
• Bilirrubina
• Metabolitos de hormônios
• Toxinas
• Fármacos

-Quando se pede a exames para avaliar a função renal


geralmente, pede Ureia e Creatinina. Caso encontradas
em altas doses no sangue indica má filtração renal.
Everaldo Leite 2

-Regulação do equilíbrio de Água e eletrólitos: -Regulação do equilíbrio ácido-base:

-Para controlar a homeostase, a excreção de água e -Os rins contribuem para regulação do equilíbrio ácido-
eletrólitos tem que ser cuidadosamente combinada base, junto com os pulmões e os tampões dos líquidos
com seus respectivos ganhos. corporais, através da excreção de ácidos e pela
regulação dos estoques de tampões líquidos corporais.
A entrada de água e de muitos eletrólitos é controlada
Os rins são a única forma de liberar alguns tipos de
principalmente pelos hábitos da ingestão de sólidos e
ácidos do corpo, como ácido sulfúrico e fosfórico,
de líquidos da pessoa, requerendo que os rins ajustem
gerados pelos metabólicos de proteínas.
suas intensidades de excreção para coincidir com a
ingestão de várias substâncias. -Regulação da produção de eritrócitos:

-Es -Os rins secretam a eritropoetina que estimula a


produção de hemácias pelas células-tronco
hematopoéticas na medula óssea. Um estimulo muito
importante para produção da eritropoetina é a hipoxia.

-Regulação da produção da 1,25-di-hidroxivitamina


D3:

-Os rins produzem a forma ativa de vitamina D, 1,25-


di-hidroxivitamina D3 (calcitriol), pela hidroxilação
dessa vitamina na posição “número 1”.

-Síntese de glicose:

-Realiza a gliconeogêneses, esse processo ocorre em


longo período de jejum, essa síntese de glicose ocorre
a partir de aminoácidos e outros precursores. A
capacidade dos rins de adicionar glicose no sangue
-Essa figura mostra como funciona o balanço renal. durante períodos de jejum é equivalente a capacidade
Uma pessoa ingere uma quantidade de 30mEq/dia de do fígado.
sódio, para o experimento passou a ingerir um valor
10x maior, logo o rins tenta excretar mais sódio, só que -Anatomia fisiológica dos rins:
isso demora de 2 a 3 dias para ocorrer essa alteração
-Organização geral dos rins e do trato urinário:
na excreção renal, que logo começa a excretar 300
mEq/dia de sódio após 2 a 3 dias. Durante esse meio -São órgãos retroperitoneal.
tempo, a elevada quantidade de sódio no meio leva a
um aumento do volume extracelular. Durante o a
elevação do volume extracelular, se tem alterações
hormonais e respostas compensatórias. Essas
respostas sinalizam para os rins secretarem mais sódio.

-Esse fenômeno também se aplica à água e à maioria


dos eletrólitos, tais como cloreto, potássio, cálcio,
hidrogênio, magnésio e íons fosfato.

-Regulação da pressão arterial:

-Os rins tem um importante papel na regulação da -Os rins são recoberto pela Capsula renal, logo em
pressão arterial a longo prazo, pela excreção de seguida vem o Córtex renal, e Medula.
quantidades variável de água e sódio. -A ureter e Capsula das pirâmides tem elementos
-A curto prazo os rins também podem participar da contrasteis que propelem a urina.
regulação da PA, pela secreção de hormônios e fatores
ou substancias vasoativas (Renina), que leva produção
de produtos vasoativos (AngII).
Everaldo Leite 3

-Suprimento sanguíneo: -O rim não pode regenerar novos néfrons. Portanto,


com a lesão renal, doença ou envelhecimento, o
-O fluxo sanguíneo para os 2 rins corresponde a 22% do
número de néfrons reduz-se gradualmente. Após os 40
DC (1,1 L/min).
anos de idade, o número de néfrons funcionais
geralmente diminui por cerca de 10% a cada 10 anos;
dessa forma, com 80 anos, muitas pessoas têm 40% a
menos de néfrons funcionais em comparação à idade
de 40 anos. Essa perda não põe risco à vida, porque
alterações adaptativas nos néfrons remanescentes os
permitem excretar a quantidade apropriada de água,
eletrólitos e produtos residuais.

-Cada néfron contém:

• Grupo de capilares glomerulares, chamados de


Glomérulo. Realiza filtração de grande
quantidade de líquidos.
• Túbulos, onde o liquido filtrado é convertido
-A artéria renal ao entrar nos rins sofre ramificações: em urina no trajeto para pelve renal
• A. Interlobares → A. arqueada → A.
interlobulares.

-A circulação renal é única, visto ter dois leitos


capilares, o glomerular e o peritubular, organizados em
série e separados pelas arteríolas eferentes. Essas
arteríolas auxiliam na regulação da pressão
hidrostática nas duas redes de capilares. A alta pressão
hidrostática nos capilares glomerulares (cerca de 60
mmHg) resulta na filtração rápida de líquidos e de
eletrólitos, enquanto pressão hidrostática mais baixa,
nos capilares peritubulares (cerca de 13 mmHg),
permite sua rápida reabsorção. Por meio de
modificações da resistência das arteríolas aferente e
eferente, os rins podem regular a pressão hidrostática
nos capilares glomerulares e peritubulares, alterando,
assim, a intensidade da filtração glomerular, da
reabsorção tubular ou de ambas, em resposta às
demandas homeostáticas do corpo. -Os Glomérulos tem uma rede capilar que se unificam
e anastomosam e que, tem uma pressão hidrostática
-Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do alta (cerca de 60 mm/Hg). Esses capilares são
sistema venoso que cursam paralelos aos vasos recobertos por células epiteliais e cada glomérulo é
arteriolares. Os vasos sanguíneos do sistema venoso recoberto pela Capsula de bawman.
progressivamente formam a:
-O liquido filtrado pelos glomérulos flui para interior
• veia interlobular→ veia arqueada →veia dessa capsula de bawman, por ondem chegam nos
Tubulos proximais (situa na zona cortical renal).
interlobar → veia renal

-Que deixam o rim pelo hilo, paralelo à artéria renal e


ao ureter.

-Néfron é a unidade funcional do Rim:

-Cada Rim contem cerca de 1milhão de nefrons


capazes de formar urina.
Everaldo Leite 4

-Os néfrons que têm os glomérulos localizados na zona


cortical externa são chamados néfrons corticais; eles
têm alças de Henle curtas, que penetram apenas em
pequena extensão no interior da medula.

-Cerca de 20% a 30% dos néfrons têm glomérulos mais


profundos no córtex renal, perto da medula, e são
chamados néfrons justamedulares. Esses néfrons têm
longas alças de Henle que mergulham profundamente
no interior da medula, em direção às papilas renais.

-As estruturas vasculares que suprem os néfrons


justamedulares também diferem das que suprem os
néfrons corticais.

-Para os néfrons corticais, todo o sistema tubular é


envolvido por extensa malha de capilares
peritubulares. Para os néfrons justamedulares, longas
arteríolas eferentes se estendem dos glomérulos para
-Após passar pelo Túbulo proximal, o liquido chega na a região externa da medula e, então, se dividem em
alça de henlen (estrutura medular), essas alças capilares peritubulares especializados, denominados
consistem em 2 ramos, um descendente e outro vasa recta que se estendem para o interior da medula,
ascendente. A parede do descendente e parte do acompanhando, paralelamente, as alças de Henle.
ascendente são delgadas e por isso são chamadas de Assim como a alça de Henle, os vasa recta retornam
Segmento delgado da alça de henlen, já o restante da para a zona cortical e se esvaziam nas veias corticais.
alça ascendente é chamada de Segmento espesso do Essa rede especializada de capilares na medula tem
ramo ascendente. No final dessa parte ascendente papel importante na formação de urina concentrada.
espessa existe algumas células epiteliais especializadas
chamadas de macula densa, logo o liquido chega nos
túbulos distais (córtex), O túbulo distal é seguido pelo
túbulo conector e o túbulo coletor cortical, que levam
ao ducto coletor cortical.

-Diferenças Regionais na Estrutura do Néfron:


Néfrons Corticais e Justamedulares.

ITU

-DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO:

-Seria a colonização microbiana na urina com invasão


tissular de qualquer estrutura do trato urinário.

-Pode ser classificada quanto a:


➢ Localização (trato urinário alto e baixo)
➢ Frequência (esporádica e recorrente)
➢ Sintomatologia (assintomática e sintomática)
➢ Gravidade (complicada e não complicada)

-Localização:
Everaldo Leite 5

➢ Alta: comprometimento renal e pielocalicais -Um dos fatores que explicam esse fenômeno de
(pielonefrite). Ureter e Rins virulencia é a relação entre as bactérias e os tecidos do
➢ Baixa: bexiga (cistite). Bexiga e Uretra hospedeiro, ou seja, mecanismos que facultam a união
do microrganismo às células do hospedeiro, designado
-Frequência;
de aderência bacteriana. Esse é o ponto inicial da
➢ Esporadica: 1 episódio bacteriano sintomático instalação da infecção do trato urinário.
<6meses.
-As bactérias possuem pilli, flagelos ou adesinas, essas
➢ Recorrente: 2 ou mais episódios em 6 meses.
estruturas são as responsáveis pela ligação nos
receptores específicos no trato intestinal, as bactérias
que tem essas estruturas são principalmente GRAM-
-Sintomatologia: negativas e algumas positivas. Temos os receptores d-
➢ Assintomático: não tem sintomas manose, as fimbrias das bactérias que ligam nesses
➢ Sintomáticos: Refere a sintomas urinários receptores são chamadas de tipo I, estão mais
como, oliguria, urgência, polaciúria e etc. relacionados com a Cistite. Outro receptor é a
galactose, as bactérias que se ligam nele são do tipo P,
-Gravidade: tendo maior relação com Pielonefrite (80% dos casos
➢ Não complicada: infecções que se instalam em causadas por E. Coli).
um aparelho urinário livre de qualquer -Outros fatores de virulência: Escherichia coli, podem
alteração estrutural e/ou neurológica, e liberar toxinas após a aderência ao tecido do
costumam responder muito bem à hospedeiro, estimulando uma resposta inflamatória
terapêutica. que pode lesar diretamente o uroepitélio
➢ Complicada: acometem um aparelho urinário
previamente alterado na sua forma estrutural -Fatores relacionado ao hospedeiro:
e/ou neurológica, com resposta terapêutica
-As alterações dos mecanismos de defesa do trato
clássica habitualmente menos eficaz.
urinário bem como a presença de comorbidades são
-EPIDEMIO: condições que facilitam o surgimento da infecção no
idoso.
-A prevalência de ITU aumenta com a idade em ambos
os sexos pela diminuição dos mecanismos de defesa do -Mecanismos de defesa: O trato urinário é composto
trato urinário. por vários mecanismos que dificultam de formas
diferentes tanto a aderência quanto o crescimento
-No sexo masculino, esse aumento é maior pela bacteriano:
incapacidade do esvaziamento miccional completo
secundária ao aumento do volume prostático no ➢ microrganismos da flora vaginal normal,
envelhecimento. especialmente lactobacilos e difteroides,
dificultam a aderência e o crescimento
-PATOGENESE: bacteriano;
-Fundamentalmente existem duas vias para o ➢ pH ácido da secreção vaginal dificulta o
desenvolvimento da ITU: crescimento bacteriano;
➢ sistema imunológico local, especialmente a
➢ Via ascendente, sem dúvida a principal presença de IgA e IgG, dificulta a aderência
responsável pela invasão microbiana. bacteriana;
➢ Via hematogênica, menos frequente, ➢ fator bactericida prostático inibe a
resultante de embolização via hematogência multiplicação bacteriana.
do agente infeccioso, como Staphylococcus
aureus. -A própria composição da urina pode criar condições
adversas para o crescimento bacteriano, devido a pH
-Fatores relacionados com o agente etiológico: ácido, extremos da osmolalidade e alta concentração
de ureia e ácidos orgânicos.
-Enterobacteriaceae é a família mais comumente
responsável pela ITU em todas as faixas etárias -Outros fatores locais podem dificultar a aderência
bacteriana, como a presença da proteína de Tamm
Everaldo Leite 6

Horsfall, glicoproteína que contém manose em sua -Trato urinário alto: Na pielonefrite, febre alta e dor
cadeia de carboidratos, inibindo por competitividade a lombar ( e nos flancos) geralmente estão presentes,
ligação da Escherichia coli ao uroepitélio, e a camada mas podem ser substituídos ou mascarados por
de glicosaminoglicanas (GAG), que reveste a superfície manifestações gastrintestinais, como náuseas,
interna da bexiga. Tal superfície, por sua propriedade vômitos, distensão e dor abdominal, marcada confusão
hidrófila, atrai moléculas de água e atua como uma mental, desidratação grave, ou mesmo hipotermia e
barreira mecânica entre a superfície vesical e a urina. choque.

-Dentre todos esses mecanismos o principal seria o -A pielonefrite crônica descreve um rim contraído e
completo esvaziamento. cicatricial, cujo diagnóstico se baseia em evidências
morfológicas,

radiológicas ou funcionais de doença renal, que pode


ser pós‑infecciosa, mas que frequentemente não está
associada a ITU.

A prostatite bacteriana, na sua apresentação aguda,


pode manifestar-se com dor em região perineal, bolsa
escrotal ou pelve, acompanhada de sintomas urinários
como disúria, hesitação ou urgência miccional e
noctúria, além de complicações na ejaculação que
incluem hematospermia e dor.

-Na modalidade crônica o quadro clínico descrito é


-BACTERIOLOGIA: habitualmente de menor intensidade ou mesmo
assintomático, sendo que a suspeita diagnóstica deve
-Além da E. Coli são encontrados outros gram-
incidir sobre pacientes idosos do sexo masculino com
negativos com aumento da idade, como:
infecções do trato urinário recorrente.
➢ Klebsiella, Proteus, Enterobacter, Serratia e
-Exames complementares:
Pseudomonas.
-URINA TIPO I: Deve compreender uma análise sob
- Além desses, tem aumento prevalência de gram-
três aspectos:
positivos, como:
➢ Físico: Deve se atentar a mudança do aspecto
➢ Enterococcus faecalis, estafilococos
de límpido para turvo, e o odor que passa de
coagulasenegativos, estreptococos do grupo
sui generis para fétido.
B e cândida.
➢ Bioquímico: Avaliar presença de Nitrito,
-Essa mudança no padrão uropatógeno deve-se leucócitos qualitativos (teste da estearase
principalmente a alguns fatores, como uso prévio de leucocitária), de maneira indireta, pode
antibióticos, diabetes melito, manipulação do trato evidenciar a presença de leucocitúria
geniturinário com fins diagnósticos ou terapêuticos, (aumento leucócitos na urina).
uso de sonda vesical e institucionalização ou -Esterase é um produto dos leucócitos.
hospitalização. ➢ Sedimento urinário: Muco em grande
quantidade pode indicar um processo
-DIAGNOSTICO:
inflamatório de vias urinárias. Cilindros
-O diagnóstico é feito com base no quadro clínico e leucocitários indica geralmente infecção.
em exames complementares. Porém, a anormalidade mais valorizada
quanto a uma provável infecção do trato
-Quadro clinico: urinário é a Piúria (≥ 10 leucócitos/mm3).
-Trato urinário baixo: Disúria, polaciúria e urgência -Condições como calculose renal, necrose papilar, uso
miccional, incontinência urinária e noctúria. Adinamia, crônico de analgésicos, vaginite, nefrite
prostração, anorexia, se predominantes, também tubulointersticial e cistites inespecíficas também
podem dificultar o diagnóstico. podem causar piúria, na ausência de infecção.
Everaldo Leite 7

-Pode ocorrer também, em alguns casos, ausência de ➢ Novo ou marcado aumento da incontinência
piúria na presença de bacteriúria significativa. ➢ Novo ou marcado aumento da urgência
Portanto, não se deve estabelecer o diagnóstico de ITU ➢ Novo ou marcado aumento da frequência
apenas a partir da análise isolada do resultado
-2: Um dos seguintes subcritérios microbiológicos:
encontrado no exame de urina tipo I.
➢ Pelo menos 105 UFC/mℓ de não mais do que
-UROCULTURA: Com a identificação e a quantificação
duas espécies de microrganismos em uma
do número de colônias do agente etiológico, confirma
amostra de urina vertida
a presença de bacteriúria significativa. Geralmente so
➢ Pelo menos 102 de qualquer número de
indicada na forma complicada. Pedir sempre na
microrganismos.
pielonefrite, falha no tratamento inicial ou sepse.

-HEMOCULTURA: Pode ser útil nos casos de


pielonefrite aguda, visto que 15 a 30% dos pacientes -TRATAMENTO:
apresentam bacteriemia.
-Quatro questões principais devem ser discutidas:
-Outros exames, tais como hemograma, ureia,
creatinina, sódio e potássio, auxiliam quanto a ➢ Se existe a necessidade do uso de antibiótico;
gravidade e extensão do processo infeccioso. ➢ Qual antibiótico deve ser indicado;
➢ Por quanto tempo ele deve ser utilizado;
-USG/TC: Utilizado apenas nas formas complicadas de ➢ O que mais pode ser feito além do uso de
ITU, ou nas formas não complicadas sem resposta antibiótico.
terapêutica adequada após 72 h.
-Quando tratar:
-Idosos de em unidades de longa permanência o
diagnostico fica mais complicado devido algumas -Só é indicado tratar formas sintomáticas. Salvo em
comorbidades como: EVA e demência, dificultando a grávidas.
comunicação: nesse grupo há também alta prevalência -Bacteriúria (aumento bactéria) é normal em gerontes.
de bacteriúria significativa, gerando a dúvida se o Não deve ser tratado na forma assintomática.
quadro é sintomático com manifestações não clássicas
de ITU ou se as mesmas são decorrentes de outra -Qual antibiótico usar:
etiologia. Alguns critérios foram propostos (Loeb et al.,
-Deve levar em consideração a escolha do
2001) para fins de vigilância e diagnóstico. Mais
medicamento o espectro de atividade contra o
recentemente esses critérios foram revisados (Stone et
uropatógeno e a sua concentração renal.
al., 2012) e incluem critérios de 1, 2 ou de ambos:
-Devem ser considerados, especialmente na
-1: Pelo menos um dos seguintes subcritérios ou
terapêutica dos pacientes idosos, como:
sintomas:
➢ potenciais efeitos adversos dos fármacos
-Disúria aguda ou dor aguda; edema ou sensibilidade
➢ interação medicamentosa
de testículos, epidídimo ou próstata; ou febre ou
➢ diminuição da reserva funcional renal
leucocitose: e pelo menos um dos seguintes
➢ tipo e gravidade da infecção e custo
subcritérios do trato urinário:
- Não há, infelizmente, antibiótico ideal, e o tratamento
➢ Dor aguda no ângulo costovertebral
específico deve ser baseado no agente bacteriano
➢ Dor suprapúbica
encontrado e na avaliação dos fatores citados
➢ Hematúria macroscópica
anteriormente.
➢ Novo ou marcado aumento da incontinência
➢ Novo ou marcado aumento da urgência -Farmacos mais usados são: sulfametoxazol +
➢ Novo ou marcado aumento da frequência trimetoprima, fluorquinolonas, cefalosporinas,
penicilinas, nitrofurantoínas e fosfomicina.
-Na ausência de febre ou leucocitose, dois ou mais dos
seguintes subcritérios do trato urinário: -Os aminoglicosideos não são a primeira escolha
devido: nefrotoxicidade e ototoxicidade.
➢ Dor suprapúbica
➢ Hematúria macroscópica
Everaldo Leite 8

-Idoso hospitalizado com risco de sepse: cefalosporina colonização bacteriana sem infecção das vias urinárias.
de terceira geração (ceftriaxona) pode ser uma boa A piúria sem bacteriúria justifica uma avaliação quanto
opção até estar disponível o resultado da urocultura à possibilidade de tuberculose, cálculos ou câncer.
que irá direcionar a terapêutica.
-
-Para pacientes ambulatoriais, fluoquinolonas,
nitrofurantoínas, sulfametoxazol + trimetoprima e
fosfomicina são os fármacos de primeira linha,
indicados para o tratamento inicial.

-Quanto a duração do tratamento:

-Existem alguns esquemas terapêuticos:

➢ Curta duração: 3 dias. Cistite não complicada


em idosas (mulheres).
➢ Clássico: 7-14 dias. Pielonefrite, é importante
avaliar o idoso 24-48h com antibiótico
parenteral para possível internação.
➢ Prolongado: 4 – 12 semanas. Prostatite
bacteriana (fluorquinolonas ou
sulfametoxazol+trimetoprima)

-Ressalta-se, porém, a dificuldade em se estabelecer o


que é infecção complicada e não complicada, optando-
se pelo tratamento mais prolongado.

- Pacientes que não apresentam melhora após o


terceiro dia da terapêutica devem ser avaliados quanto
a uma possível falha no esquema utilizado ou na causa
obstrutiva, como cálculo, outra anormalidade
anatômica ou abscesso renal.

-Alguns casos de pielonefrite não complicada têm boa


resposta à terapêutica por via oral, mas devem ser
acompanhados rigorosamente até o término do
tratamento.

-Medidas adicionais:

-Interpretação do Exame de urina Tipo I:

-A piúria, que se refere à presença de leucócitos na


urina, indica geralmente uma infecção e/ou uma
resposta inflamatória do urotélio à presença de
bactérias, cálculos ou outro corpo estranho residente.
A bacteriúria sem piúria em geral indica uma
APG15
Everaldo Leite 1

Litíase Urinária -Fatores de risco:

• Questões dietéticas: Baixa ingesta hídrica,


dieta pobre em cálcio, rica em proteínas e
-Introdução:
sódio.
-Litíase renal é uma doença frequente que acomete • Histórico familiar ou prévio de litíase
mais homens que mulheres (atualmente em proporção • ITU de repetição
inferior a 2:1) e pode estar localizada nos rins, ureter, • Medicamentos (aciclovir, sulfadiazina)
bexiga e uretra. • Hipertensão, diabetes (aumenta pH urina) e
obesidade
-Epidemiologia:
-Processo físico-químico, patogênese. (Formação
Cálculos):

-O processo físico da formação dos cálculos acontece


após passagem do filtrado glomerular pelo néfron.
Começa a formação quando a urina fica supersaturada
(muito soluto) de sais formadores de cálculos, de modo
que íons dissolvidos ou moléculas se precipitam (vai
para baixo do liquido por ser mais denso) para fora da
solução e formam cristais ou núcleos. Após formação
-Tipos de cálculos: desses cristais ou núcleos eles podem fluir junto da
urina ou ficar preso em pontos de ancoragem que
-Aproximadamente 75-80% dos pacientes com promove crescimento e agregação, finalmente levando
urolitíase apresentam cálculos de cálcio, sendo que a formação de cálculos.
maioria destes são compostos primariamente de
oxalato de cálcio e, com menor frequência, fosfato de -Processo de formação de cálculos de ponto de vista
cálcio. Os outros tipos principais incluem cálculos de físico-químico:
ácido úrico, estruvita (fosfato de amônio magnesiano) • Estado de saturação
e cistina. O mesmo paciente pode ter um cálculo misto.
• Nucleação e crescimento, Agregação e
• Oxalato de cálcio retenção de cristais
• Oxalato de fosfato • Inibidores e promotores da formação de
• Ácido úrico cristais
• Estrutiva • Matriz
• Cistina -Estado de saturação:
-Os mecanismos fisiopatogênicos responsáveis pela -Um determinado liquido é considerado saturado
sua formação são: quando a adição de qualquer quantidade de cristais de
• distúrbios metabólicos sal não conseguirá se dissolver. O produto de
• infecções urinárias solubilidade termodinâmica é o ponto de equilíbrio
• anormalidades anatômicas entre os sais e o liquido, onde qualquer sal adicionado
não dissolve, e sim precipita.
• causas idiopáticas
• pH urinário: pH alcalino está relacionado com -Na urina, a pesar da concentração dos sais formadores
cálculos Apatita e estruvita. pH ácido está de cálculos (ex: Oxalato de cálcio) ultrapassarem o
relacionado com Ácido úrico e cistina. Os de produto de solubilidade, não ocorre formação de
Oxalato de cálcio não tem relação com pH. cristais devido presença de inibidores e outras
• volume urinário moléculas que permitem que maiores concentrações
• dieta de oxalato de cálcio sejam mantidas em soluções antes
que precipitem. Nesse estado de saturação a urina é
considerada metaestável em relação ao sal. Conforme
as concentrações do sal aumentam ainda mais, o ponto
no qual ele já não pode ser mantido em solução é
Everaldo Leite 2

atingido e os cristais se formam. O produto de existentes, a formação de novos cristais não pode
concentração neste ponto é chamado produto de ocorrer no período de tempo que normalmente
formação (Kf). demora até que a urina filtrada chegue à bexiga.

-O produto de solubilidade e o produto de formação -A formação de cristais na fase de metaestável pode


diferenciam os três principais estados de saturação na ocorrer em algumas circunstâncias:
urina:
• Em parte dos nefrons o produto de
• Insaturada concentração pode exceder o produto de
• Metaestável formação por período de tempo suficiente
• Instável para permitir a nucleação.
• Áreas de obstrução ou estase no trato urinário
-Abaixo do produto de solubilidade, cristais não serão
pode prolongar tempo de trânsito urinário e
formados em nenhuma circunstância e a dissolução
permitir formações de cristais em urinas
dos cristais teoricamente é possível (Solução é
metaestáveis.
insaturada). Em concentrações acima do produto de
• Impurezas microscópicas ou outros
formação, a solução é instável e os cristais se formarão
componentes da urina podem facilitar o
(supersaturada). Na faixa metaestável entre o produto
processo de nucleação pela adsorção dos
de solubilidade e o produto de formação, onde estão
componentes cristalinos de um moto
situados os produtos de concentração dos
geométrico, que lembra cristais nativos. A
componentes de cálculos mais comuns, a nucleação ou
energia necessária para essa nucleação
precipitação espontânea não ocorre apesar de uma
heterogênica é muito menor que a necessária
urina supersaturada (Não cristaliza devido os
para nucleação homogênea.
inibidores). É nessa área que a modulação dos fatores
que controlam a formação de cálculos pode ocorrer e -Obs: Produto de concentração (concentração do
a intervenção terapêutica é dirigida. produto) seria a quantidade do produto em uma certa
quantidade de liquido. Produto de formação, seria a
-Resumo: Urina pode ter baixa concentração de sais, ou
concentração do produto se eleva a ponto de precipitar
seja, abaixo do produto de solubilidade, cristais não
e formar cristais.
são formados. Já concentrações acima desse ponto,
onde a concentração ultrapassa a quantidade -Obs: Adsorção, processo em que moléculas são retidas
permitidas pelos inibidores, existirá formação de na superfície de uma substância. A adsorção é o
cálculos. Pode ainda a urina ser metaestável, ou seja, processo físico-químico em que as moléculas, átomos
supersaturada, so que não ocorre formação de sais ou íons ficam retidos na superfície de uma substância,
devido os inibidores. em geral, substâncias sólidas

-A razão de saturação relativa (RSR) ou a razão do


produto de concentração ( RPC) é definida como a
razão entre o produto de concentração da urina e o
produto de solubilidade do sal formador de um cálculo
específico. Uma redução do numerador provocará a
instauração da urina em relação ao sal formador de
cálculo e consequentemente reduzirá a probabilidade
de precipitação.

-Na faixa metaestável de produtos de concentração, -A redução de RSR pode ser obtida pela diminuição das
embora possa ocorrer o crescimento de cristais concentrações urinárias dos componentes do cálculo
Everaldo Leite 3

(p. ex., cálcio ou oxalato), pela redução da carga filtrada cálcio, com isso pode aumentar a precipitação
ou pelo aumento da reabsorção urinária. Além disso, a (cristalização).
formação de complexos com substâncias como citrato
-Quando o produto da concentração do oxalato de
reduz o cálcio iônico livre disponível e diminui o RSR.
cálcio ultrapassa o produto de formação, existe
Por outro lado, a manipulação de fatores como o pH
possibilidade de cristalização. Contudo, na presença de
pode afetar de modo significativo a concentração de
inibidores e outras substâncias, a precipitação do
íons como fosfato, cuja geração é altamente
oxalato de cálcio só acontece quando a supersaturação
dependente do pH. Entretanto, a manipulação do pH
excede a solubilidade em 11x.
tem pouco efeito sobre a concentração de oxalato,
uma vez que o ácido oxálico é um ácido forte (pK = 4) e
mudanças de pH dentro da faixa fisiológica terão pouco
efeito sobre a concentração de oxalato.

-Historicamente, o oxalato urinário é considerado um


contribuinte mais importante para a formação de
cálculos de oxalato de cálcio que o cálcio urinário,
porque uma elevação da concentração de cálcio
urinário afeta menos a saturação urinária de oxalato de -A nucleação homogênea é o processo de formação de
cálcio que um aumento da concentração de oxalato. núcleos em solução pura. Núcleos são as estruturas
Além disso, em altas concentrações urinárias de cálcio, cristalinas mais iniciais, que não serão dissolvidas.
a saturação do oxalato de cálcio atingiu um platô que Núcleos pequenos são instáveis; abaixo de um limiar de
não ultrapassa o produto de formação teórico de tamanho critico a dissolução dos cristais é favorecida
oxalato de cálcio, enquanto altas concentrações de em relação ao crescimento do cristal (se for pequeno é
oxalato o fazem, consequentemente aumentando o mais fácil dissolver do que crescer).
risco da formação de cristais de oxalato de cálcio.
-Se a força determinante (nível de saturação) e a
-Outros autores mostram que tanto o oxalato, quanto estabilidade dos núcleos forem adequadas e o tempo
o cálcio tem poder equivalente para formação do de demora até a nucleação for suficientemente curto
calculo de oxalato de cálcio. Medidas para prevenir a em comparação com tempo de trânsito urinário pelo
formação desses cálculos é reduzir a concentração de nefron, os núcleos persistirão.
cálcio e/ou oxalato na urina.
-Inibidores como o citrato desestabilizam os núcleos,
enquanto promotores vão estabilizá‑los ao fornecer
uma superfície com um local de ligação que acomoda a
estrutura cristalina do núcleo.

-Na urina, os núcleos de cristais geralmente são


formados por nucleações heterogênicas, por meio da
adsorção em superfícies existentes de células
epiteliais, resíduo celulares e outros cristais.
-Nucleação e crescimento, Agregação e retenção de
cristais: -No trânsito urinário pelos nefrons de 5 a 7 minutos
estima-se que não é possível formar cristais que
-Na urina humana normal, a concentração de oxalato possam ocluir a luz tubular. Contudo, se núcleos
de cálcio é maior 4x que a sua solubilidade em água. suficientes forem formados e crescerem, a agregação
-Fatores urinários que favorecem formação de cálculos dos cristais formará partículas maiores dentro de
incluem: minutos, que podem ocluir a luz tubular.

• Baixo volume urinário -Inibidores podem prevenir processo de crescimento e


• Baixo volume de Citrato agregação de cristais. Ex: Magnésio e citrato.

-Enquanto o aumento de oxalato, cálcio, fosfato e -A nefrocalcina, uma glicoproteína ácida fabricada nos
ácido úrico aumentam a supersaturação do oxalato de rins impede formação de núcleos, agregação e
crescimento do oxalato de cálcio.
Everaldo Leite 4

-Proteína de Tamm-Horsfall, a proteína mais possivelmente poderia provocar a morte celular e


abundante da urina inibe a agregação e a Uropontina deposição dos cristais no interstício ou então o
inibe a agregação dos cristais. transporte de cristais do lado luminal para a membrana
basal poderia promover lesão celular e subsequente
-Inibidores:
erosão na superfície papilar. As células epiteliais renais
• Magnesio eram mais vulneráveis aos efeitos tóxicos do oxalato
• Citrato em seu lado basolateral em comparação ao lado apical
• Tamm-Horsfall (luminal), implicando o interstício comopossível local
• Uropontina de formação de cálculos primários

-Visões opostas sobre a formação e o crescimento de -Em vista desses achados, vários pesquisadores
partículas cristalinas provocaram controvérsias sobre o revisitaram o papel das placas de Randall na
conceito de crescimento de partículas de cristal livre patogênese da formação de cálculo. Low e Stoller
versus crescimento de partículas fixas. (1997) mapearam as papilas de pacientes submetidos
à remoção endoscópica de cálculos, assim como
-Embora a formação de cálculos de partículas livres indivíduos‑controle submetidos a endoscopia por
tenha sido conclusa que não poderia ocorrer, em motivos não relacionados a litíase, e constataram que
trânsito normal do nefron, foi mostrado que é possível placas papilares ocorriam em 74% dos formadores de
formar cálculos a partir de partículas livres. cálculos em comparação a apenas 43% dos
- A teoria do crescimento de partículas fixas pressupõe indivíduos‑controle.
um local de ancoragem ao qual os cristais se ligam, -Entre formadores de cálculos de oxalato de cálcio
consequentemente prolongando o tempo pelo qual os idiopáticos, foi demonstrado que o volume da
cristais são expostos à urina supersaturada e superfície papilar coberta pela placa estava
facilitando o crescimento e a agregação dos cristais. correlacionado negativamente ao volume urinário e
-Uma teoria favorecida propõe que lesões das células positivamente à hipercalciúria e ao número de cálculos
epiteliais tubulares renais induzidas por oxalato formados, fornecendo evidência clínica adicional para
promovam a aderência de cristais de oxalato de cálcio. corroboração dessa sequência de eventos. Além disso,
O oxalato e o próprio oxalato de cálcio induzem uma observaram que em aproximadamente metade da
lesão epitelial, provocando apoptose das células coorte estudada de formadores de cálculo de oxalato
tubulares, essa lesão é devida produção de um estresse de cálcio, os cálculos estavam fixados às papilas renais,
oxidativo com formação de ROS. Pacientes com níveis sugerindo que a formação de cálculos fixos constitui
baixos de antioxidante tem certo fator de risco para uma etapa inicial no processo de formação de cálculo.
formação de cálculos. Agentes antioxidantes (B- -Usando microespectroscopia foi identificado que o
Caroteno) se ligam aos radicais livres (ROS) e impedem componente cristalino da placa foi determinado como
a peroxidação (Gera necrose). apatita de cálcio. A análise subsequente revelou que os
-O modo como a lesão das células do túbulo renal depósitos consistiam em partículas laminadas
induzida por oxalato possivelmente promoveria a individuais com camadas minerais e orgânicas. Todos
retenção de cristais não é conhecido. Observou pela os cristais eram revestidos por material orgânico, e
primeira vez áreas de lesão associadas a placas osteopontina foi identificada na superfície externa do
subepiteliais nas papilas renais. Logo outras pesquisas cristal, na junção com a camada molecular orgânica
em ratos hiperoxalúrico demostraram presenta de acima, possivelmente implicando a osteopontina na
cristais fixados em lesões epiteliais nos ductos biologia da placa.
coletores. -Uma hipótese intrigante, mas não comprovada, para a
-Não está claro se as células tubulares renais ou o origem das partículas de fosfato de cálcio descritas
interstício constituem o local primário de formação do anteriormente, envolve nanobactéria ou
cálculo. nanopartículas calcificantes (CNPs, do inglês calcifying
nanoparticles), que são entidades autopropagadas que
-Evidências de endocitose de cristais de oxalato de precipitam a apatita de cálcio em sua membrana
cálcio em células tubulares renais foram demonstradas externa, mas para as quais não foi identificado um
em pacientes com distúrbios de metabolismo do material genômico até o momento.
oxalato. A incorporação intracelular desses cristais
Everaldo Leite 5

-A patogênese da formação de cálculos em formadores -Na acidose tubular renal (ATR) distal, os pacientes
de outros cálculos de cálcio e em formadores de tipicamente exibem calcificações renais extensas. Em
cálculo não mediados por cálcio pode diferir dos alguns pacientes, foram observadas alterações
formadores de cálculos de oxalato de cálcio idiopáticos papilares mínimas, enquanto em outros as papilas
típicos. estavam pontilhadas e continham tampões de fosfato
de cálcio que sofriam protrusão dos ductos coletores
-Obs.: Fosfato de cálcio é a mesma coisa de calculo de
dilatados, com extensa fibrose ao redor. Placas de
hidroxiapatita ou apatita.
Randall foram encontradas raramente. Em contraste,
-Ao contrário dos formadores de cálculos de oxalato de pacientes com hiperparatireoidismo primário exibem
cálcio idiopáticos, pacientes com hiperoxalúria aspectos histológicos dos formadores de cálculos de
entérica resultante de derivação intestinal para bruchita, incluindo a obstrução dos ductos de Bellini e
obesidade não demonstram placas, mas, em vez disso, ductos coletores medulares internos, mas também
apresentam depósitos de cristal de apatita obstruindo apresentam depósitos intersticiais de placa e um
as luzes do ducto coletor medular interno, juntamente crescimento excessivo associado dos cálculos,
com lesão de células epiteliais associadas a inflamação tradicionalmente observados nos formadores de
e fibrose intersticial. Curiosamente, apesar da urina cálculos de oxalato de cálcio idiopáticos.
ácida tipicamente encontrada nesses pacientes, os
-Por fim, embora tenha sido constatado que pacientes
depósitos de cristais são compostos por apatita, que
com cistinúria apresentam obstrução dos ductos
geralmente é instável em baixo pH urinário (ácido),
coletores terminais de Bellini por massas de cristais de
sugerindo a discordância entre o pH tubular local e o
cistina, surpreendentemente também foram
pH urinário final.
identificados depósitos de apatita nos ductos coletores
-Foi constatado que formadores de cálculos de medulares internos e nos ramos ascendentes finos das
bruchita apresentam uma patologia intermediária alças de Henle. Foi especulado que talvez a carga
entre formadores de cálculos de oxalato de cálcio alcalina associada ao tratamento de formadores de
idiopáticos e pacientes com derivação intestinal, cálculos de cistina ou a obstrução dos ductos coletores
demonstrando placas de apatita intersticial e medulares internos pelos tampões de cistina,
obstrução por apatita dos ductos coletores medulares produzindo um defeito da acidificação, poderiam
internos e terminais, juntamente com lesão associada promover a cristalização da apatita.
do ducto coletor e fibrose intersticial postularam que
-Resumo: Saturação, Nucleação, Agregação, Retenção.
a patogênese dos cálculos de bruchita ocorreria pela
Esses são os processos para formar os cálculos: Para
cristalização de apatita nos ductos coletores,
formar um calculo primeiro precisamos ter uma
provocando lesão do ducto coletor, morte celular e
supersaturação, onde inibidores permitirão que a
dilatação dos ductos coletores. A inflamação
substancia fique supersaturada, porém, impedem a
intersticial em resposta às células lesadas poderia
nucleação (precipitação) dos sais, logo ao momento
provocar o envolvimento progressivo do tecido renal
que essa saturação excede os inibidores, ocorre
adjacente. Observando um aumento recente na
nucleação e com isso formação de cristais. A partir dos
incidência de cálculos de bruchita, levantaram a
cristais formados, eles precisam se agregar para
hipótese de que alguns cálculos de bruchita poderiam
promover seu crescimento, levando retenção desses
começar como cálculos de oxalato de cálcio após um
cálculos. Para formação de cálculos é preciso da
insulto inicial desencadear a formação da placa. O
retenção dos mesmos, vistos que os cristais podem ser
insulto subsequente, talvez causado por infecção ou
eliminados na urina, existe 2 teorias para retenção. 1º
litrotripsia por onda de choque, provocaria então uma
Teoria, a de partículas livres, que devido a algumas
disfunção tubular causando um ambiente alcalino,
condições já citadas permitem agregação dos cristais
inflamação e depósito intraductal de ácido hialurônico,
livres. 2º Teoria, a de particulares fixas em pontos de
promovendo por fim uma transição para os cálculos de
ancoragem onde ocorre sua agregação. Para ocorrer a
bruchita.
agregação é preciso ter a retenção, esses 2 processos
-Placa de Randall, denominado de´´ placa´´ é o local ocorrem simultaneamente.
ideal para fixação e crescimento do calculo de oxalato
-Inibidores e promotores de formação de cristais:
de cálcio. Essa placa localiza nas papilas.
-Nas concentrações em que a maioria dos
componentes salinos formadores de cálculos
Everaldo Leite 6

(incluindo cálcio, oxalato e fosfato) está presente na -Duas glicoproteínas urinárias, a nefrocalcina e a
urina, a urina é supersaturada, consequentemente glicoproteína de Tamm‑Horsfall, são inibidores
favorecendo a formação de cristais. Contudo, a potentes da agregação de cristais de oxalato de cálcio
presença de moléculas que elevam o nível de mono‑hidratado.
supersaturação necessário para iniciar a nucleação dos
-A osteopontina, ou uropontina, é uma glicoproteína
cristais ou reduzir a taxa de crescimento ou agregação
fosforilada ácida expressa na matriz óssea e nas células
dos cristais impede que ocorra a formação de cálculos
epiteliais renais do segmento ascendente da alça de
rotineiramente.
Henle e do túbulo distal. Foi demonstrado que a
-Embora tenham sido identificados inibidores que osteopontina inibe a nucleação, o crescimento e a
previnem a cristalização do oxalato de cálcio e fosfato agregação de cristais de oxalato de cálcio, além de
de cálcio, não é conhecido nenhum inibidor específico reduzir a ligação de cristais a células mepiteliais renais
que afete a cristalização do ácido úrico. in vitro.

-A urina total, quando adicionada a uma solução de -Matriz:


fosfato de cálcio, eleva o nível de supersaturação
-Os cálculos renais consistem em componentes
necessário para iniciar a cristalização do fosfato de
cristalinos e não cristalinos. O componente não
cálcio (produto de formação). O pirofosfato inorgânico
cristalino é chamado de matriz, que tipicamente
foi considerado responsável por 25% a 50% da
representa cerca de 2,5% do peso do cálculo. Em
atividade inibitória na urina total contra a cristalização
alguns casos, a matriz compreende a maior parte do
do fosfato de cálcio. Usando diferentes metodologias,
cálculo (até 65%), geralmente em associação a uma
foi observado que o citrato, o magnésio e o pirofosfato
infecção crônica do trato urinário.
juntos explicam aproximadamente 20% da atividade
inibitória da urina total, sendo que citrato representa o -É difícil verificar a composição exata da matriz porque
fator mais importante. apenas 25% dela é solúvel; contudo, a análise química
revela uma mistura heterogênea que consiste em
-Citrato: age como inibidor da formação de cálculos de
aproximadamente:
oxalato de cálcio e fosfato de cálcio, por uma variedade
de ações: • 65% de proteína
• 9% de açúcares não amino
• Forma complexo com o cálcio, diminuindo a
disponibilidade do cálcio para interagir com • 5% de glicosamina
oxalato e fosfato. • 10% de água ligada
• Inibe diretamente a precipitação espontânea • 12% de cinza orgânica
do oxalato de cálcio.
• Previne aglomeração de cristais de oxalato de
cálcio.
• Efeito inibitório limitado contra o crescimento
dos cristais de oxalato de cálcio
• Efeito inibitório contra crescimento de cristais
de fosfato de cálcio.
-Patogêneses dos cálculos de oxalato de cálcio:
• Previne nucleação heterogênica do oxalato de
cálcio -Dentre os cálculos renais, o mais comum decorre da
hipercalciúria familiar idiopática, ou seja, cálculo de
-Magnésio: Atividade inibitória através da formação de oxalato de cálcio sem identificação de nenhuma causa
complexo com o oxalato impedindo sua ligação com sistêmica.
cálcio e fosfato.
-Análise histológica do tecido papilar desses indivíduos
-Macromoléculas polianiônicas, incluindo mostrou acúmulo de sais de cálcio, que se localiza na
glicosaminoglicanos, mucopolissacarídeos ácidos e membrana basal da alça de Henle até a base do
RNA, demonstraram inibir a nucleação e o crescimento
urotélio e não na luz dos túbulos. Análise por
de cristais por meio da formação de pontes com íons microespectroscopia revelou que em todos os casos o
cálcio da superfície.
cristal inicial foi de hidroxiapatita (fosfato de cálcio),
Everaldo Leite 7

confirmando os estudos de Randall de que a placa é -Cálculos com Cálcio:


fundamental ao processo de formação do cálculo.
-Grande parte dos cálculos renais em adultos e crianças
-Patogêneses dos cálculos decorrentes de bypass é composta por sais de cálcio (Tabela 2). Em 76% dos
intestinal: pacientes, cálculos são compostos de oxalato de cálcio
(mono ou di-hidratado) e em 12% são formados por
Pacientes submetidos a cirurgia bariátrica com técnica
fosfato de cálcio (hidroxiapatita ou brushita).
de bypass jejunoileal são potenciais formadores de
cálculos renais de oxalato de cálcio decorrentes de -Os cálculos de cálcio estão relacionados com
distúrbios metabólicos induzidos pelo procedimento. alterações bioquímicas:

-Estudos no tecido papilar, semelhantes aos realizados • Hipercalciúria: Com ou sem hipercalcemia.
nos pacientes formadores de cálculos de oxalato de • Hiperoxaluria: Associada a DII e/ou má
cálcio idiopático, revelaram não haver qualquer absorção intestinal ou hiperoxaluria primaria.
evidência de placas de Randall. O que se observou • Hipocitratúria:
nesses indivíduos foram depósitos de cristais, também • pH urinário: Alcalino está relacionado com
de fosfato de cálcio, aderidos às paredes e formação de fosfato de cálcio
preenchendo a luz dos ductos coletores, o que sugere • Baixo volume urinário
patogênese distinta de formação de cálculos nesse
grupo.

-Patogêneses dos cálculos de brushitas:

-Aproximadamente 15% dos pacientes produzem


cálculos de fosfato de cálcio e, desses, um quarto
formam cálculos que contém brushita (fosfato de
cálcio mono-hidrogenado).

-Obs: Cálculos de fosfato de cálcio, podem ser


chamados de apatita. Em casos de ser mono-
hidrogenados ganham o nome de brishita.

-Análise papilar mostrou que o depósito de cristais se


faz tanto nas placas de Randall quanto na luz dos
túbulos renais.

-Em pacientes formadores de cálculo de cistina e em


portadores de acidose tubular renal distal, que formam • Hipercalciúria Idiopática: É o distúrbio
cálculos de fosfato de cálcio, os depósitos ocorreram metabólico mais comum encontrado em
no interior dos túbulos e não nas placas. adultos formadores de cálculos. É definida
-Composição dos cálculos: como excreção urinaria aumentada de cálcio
com dosagem sérica normal do cálcio, fosforo
e PTH.
• Hiperparatireoidismo primário: Pode ocorrer
devido adenoma na glândula, elevando os
níveis do PTH, com isso tem mais cálcio no
meio, maior absorção intestinal e menor
excreção urinaria. Pode ter formação de
calculo de oxalato de cálcio ou fosfato de
cálcio.
• Doença granulomatosa: Sarcoidose e outras
doenças granulomatosas podem provocar
aumento de cálcio sérico e urinário em 20 a
50% dos casos, respectivamente. Isso é
causado pelo aumento na produção de
Everaldo Leite 8

calcitriol nos macrófagos dos granulomas, que -Pacientes com baixa ingesta de cálcio favorecem a
não são influenciados pelo PTH. Com isso, oxalúria, aumentando absorção intestinal de oxalato.
ocorre aumento na reabsorção de cálcio no
-Não indicar dieta pobre em cálcio, mesmo que calculo
trato gastrintestinal e supressão do PTH.
seja de oxalato de cálcio.
• Hipocitratúria: Citrato é um ânion encontrado
na urina, que se liga ao cálcio urinário e forma
um complexo solúvel, diminuindo o cálcio
iônico que se liga no oxalato ou ao fosfato.
Concentração urinária de citrato é aumentada
pela alcalose e reduzida pela acidose, que pode
ser ocasionada por alta ingesta proteica,
diarreia e hipocalemia. Hipocitratúria também
pode ser idiopática.
• Hiperoxalúria: Em média, metade do oxalato é
proveniente da dieta e a outra metade da
produção endógena. O aumento desse oxalato
pode ser resultado do aumento da sua
absorção intestinal ou produção endógena.
▪ Hiperoxalúria da Dieta: Pode
ocorrer em indivíduos com -Cálculos sem cálcio:
baixa ingesta de cálcio, o que • Cálculo de Ácido úrico: Representa cerca de
provoca maior absorção 7% dos cálculos. São de origem congênita,
intestinal e dieta com alto teor adquirida ou idiopática (maior parte).
de proteínas e oxalato. Mostram associação com DM Tipo II,
▪ Hiperoxaluria entérica: Há obesidade, ganho de peso, situações em que
aumento na absorção ocorre aumento endógeno da produção de AU.
intestinal de oxalato em -Baixo volume urinário é fator de risco para sua
situações que resultem em má formação. Ocorre em urina ácida pH< 5,5.
absorção de gorduras, como • Estruvita: formam-se apenas em pacientes
na doença pancreato- com infecção urinária crônica devido a
duodenal e após cirurgias com microorganismo produtor de urease como
ressecção ileal ou bypass. No Proteus e Klebsiella; no entanto, tem-se
intestino, o cálcio proveniente observado que mesmo bactérias não
da dieta se liga a ácidos livres produtoras de urease, tal como a Escherichia
de gordura, permitindo coli, podem criar condições litogênicas por
absorção de oxalato livre. Não centralizarem o processo de cristalização.
há nenhum tratamento • Cistina: Podem se desenvolver em pacientes
específico, mas os pacientes com cistinúria (doença autossômica recessiva
podem se beneficiar de dieta caracterizada por uma inabilidade no
pobre em gordura e em manuseio dos aminoácidos dibásicos).
oxalato. Dietas ricas em cálcio
ou suplementação de cálcio -Manifestações clinicas:
ingerida durante a refeição
-Paciente pode apresentar sintomas clássicos como:
pode ser útil por reduzir o
oxalato livre. • Dor lombar, nos flancos ou fossa ilíaca, do tipo
▪ Hiperoxaluria primaria: cólica, súbita, intensa, sem fatores de melhora
Doença autossômica recessiva ou piora, irradiando para trajeto ureteral,
que interfere na síntese do bexiga e genitália externa.
oxalato. Aumentando sua • Hematúria macroscópica
síntese.
-Pode apresentar assintomático. Pode aparecer
sintomas atípicos:
Everaldo Leite 9

• Dor abdominal 1. Junção ureteropélvica: Dor irradiando para


• Náusea, vômitos e diarreia flanco
• Alteração do jato 2. Terço médio ureter (Ponto que cruza com a A.
• Dor no pênis ou testículo Iliaca): Dor irradiando para grandes lábios ou
testículo ipsilateral
-Ao exame físico: 3. Junção vesicureteral: Sintomas de cistite, dor
• Taquicardia peniana
• Sudorese -Diagnostico:
• Palidez
• Dor a palpação costo-vertebral -Anamnese:

-Quando o calculo é pequeno e localizado no cálice • Característica do episodio


renal pode causar apenas hematúria, sem sintomas, • História pregressa
sugerindo que existe litíase renal. • Hábitos de vida: Trabalho, ingesta de líquidos e
etc
-Caso calculo esteja localizado na pelve, pode causar
• Avaliar se o paciente apresenta: Bexiga
abrasão na movimentação, podendo causar dor
neurogênica, ITU de repetição, gota
lombar.
• Medicamentos: Antiácidos, vitaminas,
-A dor em cólica em maior intensidade, caracterizada suplemento de cálcio
pela cólica renal, ocorre após obstrução do fluxo • Histórico familiar
urinário e, consequentemente, hidronefrose (dilatação
-Além das manifestações clinicas, pode pedir 4 exames
do rim).
de imagem para o diagnostico:
-Dor pode irradiar para região lombar, flancos e
• Raio-X de abdômen: visualiza cálculos >2 mm
testículos.
• USG: Avalia também a presença de
-Essa dor pode ser acompanhada de náusea, vomito e hidronefrose
hematúria macroscópica durante o episódio. • Ecografia de vias biliares
• TC sem contraste: melhor exame, não usar em
-Presença de piuria e febre, sugere pielonefrite
gravidas.
sobreposta, com predisposição para bacteremia e
sepse. -Caso apresente incerteza, o exame de melhor acurácia
para avaliar presença de litíase renal seria a tomografia
-Tem que diferenciar a dor renal de outras parecidas,
computadorizada helicoidal sem contraste. Porém, não
fazendo um diagnostico diferencia:
é de fácil acesso na APS.
• Gravidez ectópica
-A USG pode identificar cálculos não eliminados
• Aneurisma de aorta
espontaneamente, além de identificar todos os tipos
• Diverticulite
de cálculos, independente da radiopacidade, identifica
• Apendicite aguda hidronefrose.

-Investigação metabólica:

-Após eliminação do cálculo/retirada o paciente será


submetido a exames para descobrir a etiologia do
cálculo, e planejar o tratamento.

-Avaliação metabólica completa, em adição aos testes


laboratoriais básicos, está indicada em todos os
pacientes com múltiplos cálculos na primeira
apresentação, em pacientes com história familiar
fortemente positiva para litíase renal e em indivíduos
com doença ativa, que é definida como formação
-Pedra pode impactar nesses pontos 1, 2 e 3. recorrente de cálculos, aumento de cálculo pré-
existente ou com passagem recorrente de cristais. A
Everaldo Leite 10

avaliação também está indicada em nefrolitíase em -Tratamento e prevenção de recorrência:


crianças ou adolescentes.
-Medicas gerais:
-A Avaliação metabólica completa: Consiste em
dosagem de sangue e urina (colhida 2 amostras em 24 • ingesta normal de cálcio alimentar;
horas) • redução da ingesta de sódio;
• redução da ingesta de proteína animal;
• Urina tipo I: Ver infecção, hematúria • dieta rica em fibras, legumes e frutas (citrato);
microscopia, pH, cristais e bacteriúria. • aumento da ingesta de potássio alimentar.
• Urocultura: Em casos de suspeita de litíase • controle do peso
infecciosa.
• Função renal: Paciente com função renal baixa -Medidas especificas:
e hidronefrose tem que retirar o cálculo. • Hipercalciúria (idiopática, afastar
• Dosagem de urina: Calcio, ácido úrico, Oxalato, hipercalcemia): ingesta normal de cálcio,
Fosforo, Cistina, Sódio e creatinina. hipossódica e baixa proteína animal.
• Sangue: Calcio, Fosforo, Albumina, Creatinina, -Diurético tiazídico: Diminui excreção urinaria
Bicarbonato e Ácido úrico. de cálcio.
-Pacientes com cálcio elevado, é indicado pedir exame • Hiperuricosúria (aumento ácido úrico):
para avaliar o PTH. -Alopurinol: Inibidor da síntese de acido urico
-Citrato de potássio: A fim de alcalinizar a urina
• Hipocitratúria:
-Citrato de potássio

-Cálculos de estruvita e coraliforme:

-Pacientes com cálculos de estruvita devem ser


submetidos a uma avaliação metabólica, similar à
avaliação realizada em pacientes com outros tipos de
cálculos. O tratamento antibiótico raramente é bem
sucedido, e estes pacientes devem ser encaminhados
ao urologista para realizar intervenção cirúrgica. No
entanto, se a urocultura for positiva, deve-se fazer
tratamento de acordo com sensibilidade, pois pode-se
-Tratamento Episodio Agudo: evitar crescimento do cálculo.
-Durante a crise é indicado analgesia: -Nefrolitíase assintomática:
-Cálculos pequenos assintomáticos (menores que 10
• Antiespasmoticos (buscopan) + AINES: Caso
mm), não infectados, sem evidência de obstrução
seja uma dor muito intensa pode usar opioides
podem ter manejo expectante. Em torno da metade vai
-Pacientes com cálculos maiores que 10 mm se tornar sintomático em 5 anos. Pacientes de alto
provavelmente não conseguirão expeli-los. risco, como pilotos de avião e outras profissões de
risco, podem ser submetidos a avaliação metabólica e
-Pacientes com cálculos menores que 10 mm que tratamento intervencionista, assim como pacientes
apresentam sintomas controláveis e não apresentam com doenças neurológicas, imunossupressão e
razão para remoção cirúrgica imediata, o tratamento anormalidades do trato urinário como rim único.
pode ser com analgesia e medicamentos que facilitem
a liberação do cálculo, tais como: -Quando está indicado intervenção:

• Bloqueador alfa-adrenérgico • Cálculos >1cm (10mm)


• Bloqueador canais de cálcio: usa na ausência • Dor refrataria a analgesia ou recorrente
do primeiro • ITUO + Litíase
• Função renal comprometida, paciente tem
-Paciente orientado a avaliar eliminação dos cálculos, e
apenas 1 rim
caso não ocorra, fazer novos exames de imagem em 6
• Obstrução persistente
semanas.
Everaldo Leite 11

-Cálculos maiores que 10mm ou ITU ou Sintomas


refratários ou obstrução:

-Intervenção Urológica:

• LOCE: Ondas de choque (<2cm no rim e <1cm


no ureter), ondas de choques aplicada de fora
para dentro, não tem acesso a via urinaria.
cálculos proximais
• Litotripsia por ureterorrenoscopia
(ureteroscopia): Passa o ureterorrenoscopio
na uretra, puxa ou quebra o cálculo. Usado
para cálculo distal. Pode usar cateter duplo J
(em pacientes com estenose do ureter).
• Nefrolitotomia percutânea: Cálculos > 2cm.
Cálculos proximais, refratários a LOCE. Corta a
lombar para ter acesso ao rim.

-Quando encaminhar:

Para emergência:

• cálculo com evidência de infecção -Nessa tabela mostra tratamento dos cálculos renais.
concomitante;
• cálculo obstrutivo em rim único ou em
paciente transplantado renal;
• dor refratária ao tratamento clínico (analgesia
e terapia expulsiva);
• Insuficiência renal aguda.

Para ambulatório de urologia:

• Cálculos ureterais e renais > 10 mm.


• Cálculos ureterais entre 4 e 10 mm que não
foram eliminados após seis semanas de
tratamento conservador.
• Cálculos vesicais.
• Cálculo renal sintomático (episódios
-Nessa tabela mostra tratamento da litíase ureteral:
recorrentes de dor, hematúria ou infecção de
Não usa nefrolitotomia percutânea. Usa LOCE e
trato urinário).
Ureteroscopia.
*Cálculos renais com menos de 10 mm assintomáticos
-Referencias:
não devem ser encaminhados para avaliação com
urologista. Livro:Urologia Campbell
Para ambulatório de nefrologia: Artigo:
https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/prot
• Impossibilidade de investigar etiologia dos
ocolos_resumos/nefrologia_resumo_litiase_renal_TSR
cálculos com exame de eletrólitos na urina de
S_20160323.pdf
24 horas e exames séricos.
• Nefrolitíase recorrente com causa metabólica Artigo:
identificada e com indicação de tratamento https://www.saudedireta.com.br/docsupload/133141
farmacológico que não pode ser realizado na 3510Urologia_cap12.pdf
APS.
Livro: PRINCÍPIOS DE NEFROLOGIA E DISTÚRBIOS
HIDROELETROLÍTICOS
Everaldo Leite 12

Artigo:
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/133208
2036Litiase_Renal.pdf
APG16
Everaldo Leite 1

Lesão Renal Aguda -A azotemia pré-renal (termo formado por “azo”, que
significa nitrogênio; e “emia”, sanguínea) é o tipo mais
comum de LRA. Esse termo é usado para descrever a
-A lesão renal aguda (LRA), antes conhecida como elevação da concentração da Ureia ou da SCr em
insuficiência renal aguda (IRA), caracteriza-se pela consequência do fluxo plasmático renal inadequado e
redução repentina da função renal com retenção de da pressão hidrostática intraglomerular insuficiente
escórias nitrogenadas e outros produtos residuais para manter a filtração glomerular normal.
eliminados normalmente pelos rins.
-Os distúrbios clínicos associados a azotemia, são:
-A LRA não é uma única doença, mas é o termo usado
• Hipovolemia
para descrever um grupo heterogêneo de distúrbios
• Baixa do Debito cardíaco
que têm em comum alguns elementos diagnósticos,
• Medicamentos que interferem com as
principalmente aumento da concentração de
respostas autorreguladoras renais: AINEs,
nitrogênio urêico sanguíneo (NAS) e/ou elevação da
IECA.
concentração plasmática ou sérica de creatinina (SCr),
geralmente associada à diminuição do volume urinário. -A LRA pré-renal pode coexistir com outras LRA
intrínseca.
-A gravidade da LRA pode variar das alterações
transitórias e assintomáticas dos parâmetros -O período prolongado da azotemia pré-renal pode
laboratoriais da taxa de filtração glomerular (TFG), até causar isquemia, condição conhecida como necrose
os casos de desequilíbrios agressivos e rapidamente tubular aguda (NTA).
fatais da regulação do volume circulante e da
composição eletrolítica e acidobásica do plasma. -A azotemia pré-renal não inclui lesão no parênquima
renal, e pode ser revertida rapidamente quando a
-Estadiamento hemodinâmica intraglomerular é normalizada.

-A TFG é mantida em parte pela resistência relativa das


arteríolas aferentes e eferentes que determinam, o
fluxo plasmático glomerular e o gradiente de
concentração hidráulica transcapilar responsável pela
ultrafiltração glomerular.

-Os graus baixos de hipovolemia e baixa do DC


resultam em alterações fisiológicas compensatórias
-Etiologia e fisiopatologia:
renais. O fluxo sanguíneo renal representa 20% do DC,
-Tradicionalmente, as etiologias da LRA são subdividas em resposta a diminuição do volume circulante efetivo
em três grupos gerais: ou debito cardíaco, ocorre vasoconstrição das
arteríolas renais e reabsorção de Na+ e água. Esse
• Azotemia pré-renal mecanismo permite manter a pressão arterial e
• Doença renal parenquimatosa intrínseca aumentar pressão intravascular para preservas
• Obstrução pós-renal. perfusão dos vasos cerebrais e coronarianos.

-Os mediadores dessa resposta são: AngII,


Norepinefrina e Vasopressina (hormônio
antidiurético).

-Apesar da redução do fluxo sanguíneo renal, a


filtração pode ser mantido devido vasoconstrição da
arteríola eferente mediada pela AngII, que mantem a
pressão hidrostática dos capilares glomerulares mais
próxima do normal, desse modo impede redução
profunda da TFG. Esse ocorre em redução do fluxo
Azotemia pré-renal sanguíneo brando, em casos de redução excessivo esse
mecanismo não é suficiente e como consequência se
tem menor TFG.
Everaldo Leite 2

-Além disso, um reflexo miogênico intrínseco à corporal total. A resistência vascular sistêmica diminui
arteríola aferente causa dilatação quando há acentuadamente em consequência da vasodilatação
diminuição da pressão de perfusão e, deste modo, arterial primária dos vasos esplâncnicos e, por fim,
mantém a perfusão glomerular. resulta na ativação das respostas vasoconstritoras
semelhantes às que ocorrem com a hipovolemia. A LRA
-Em resposta a diminuição da perfusão renal ocorre
é a complicação mais comum desse caso e pode ser
biossíntese de vasodilatadores: prostaglandinas e
desencadeada pela depleção do volume e pela
oxido nítrico.
peritonite bacteriana espontânea. É um mal
-A autorregulação também é feita pelo feedback prognostico quando o paciente apresenta a síndrome
túbulo-glomerular, no qual a redução na quantidade de hepatorrenal.
soluto apresentado a macula densa (células
especializadas localizadas nos túbulos proximais)
provoca dilatação da arteríola aferente justaposta de
forma a manter a perfusão glomerular. Tal mecanismo
é mediado por NO.

-Entretanto, existe um limite à capacidade de manter a


TFG por esses mecanismos contrarreguladores quando
a hipotensão sistêmica persiste. Mesmo nos adultos
saudáveis, a autorregulação renal geralmente falha
quando a pressão arterial sistólica diminui a menos de
80 mmHg.

-Alguns fatores regulam a intensidade da resposta


autorreguladora, desse modo, o risco de desenvolver
azotemia pré-renal. Alguns desses fatores são:

• Hipertensão arterial crônica


• Aterosclerose
• Idade avançada
LRA intrínseca
-Esses fatores podem causar hialose e hiperplasia
mioíntima, resultando em estreitamento das arteríolas -As causas mais comuns da LRS intrínsecas são:
intrarrenais e perda na sua capacidade de vasodilatar
as arteríolas aferentes. • Sepse
• Isquemia
-Com a doença renal crônica, a vasodilatação aferente • Nefrotoxinas exógenas e endógenas
renal pode estar operando em sua capacidade máxima
para aumentar a TFG em resposta à diminuição da -Em muitos casos da azotemia pré-renal progride para
massa renal funcionante. Os fármacos podem afetar as lesão tubular. Embora seja descrita como necrose
respostas compensatórias desencadeadas para manter tubular aguda (NTA), a confirmação dessa necrose não
a TFG: é possível em casos de sepse e isquemia; na verdade,
os processos como inflamação, apoptose, e alteração
• AINEs diminuem a síntese de prostaglandina da perfusão regional são mais importantes sob o ponto
renal e com isso impede a vasodilatação das de vista fisiopatológico. As outras causas de LRA
arteríolas aferentes. intrínsecas são menos comuns e podem serem
• IECA e BRA: Limitam a vasoconstrição eferente classificadas anatomicamente com base na localização
renal. da lesão do parênquima renal:
-Uso simultâneo de AINEs e IECA ou BRA pode causar • Glomérulos
um risco para desenvolver azotemia pré-renal. • Túbulos
-Muitos pacientes com cirrose avançada desenvolvem • Parênquima
um perfil hemodinâmico singular semelhante ao da • Vasos sanguíneos
azotemia pré-renal, apesar da sobrecarga de volume
Everaldo Leite 3

-A medula externa é vulnerável a lesão isquêmica


devido a arquitetura vascular, que fornecem oxigênio e
nutrientes aos túbulos.

-A intensificação da relação de leucócitos e células


endoteliais dos pequenos vasos causa inflamação e
reduz o fluxo sanguíneo do túbulo proximal, cuja
sobrevivência depende de metabolismo oxidativo.

-Nos rins normais a isquemia isolada não é capaz de


-LRS intrínsecas pode ser associada a: causar LRA grave.
• Sepse -Clinicamente, a LRA ocorre mais comumente quando
• Isquemia: Pós-operatório, Queimadura e a isquemia coincide com as reservas renais limitadas (p.
pancreatite aguda, doença de microcirculação ex., doença renal crônica ou idade avançada) ou com
com isquemia secundaria. insultos coexistentes como sepse, exposição aos
• Nefrotoxinas: Contraste, ATB, fármacos vasoativos ou nefrotóxicos, rabdomiólise e
quimioterápicos, toxinas ingeridas, toxinas estados inflamatórios sistêmicos associados às
endógenas, doença tubulointersticial aguda queimaduras e à pancreatite. A azotemia pré-renal e a
alérgica LRA associada à isquemia representam um continuum
de manifestações clínicas da hipoperfusão renal.
-LRA associada a Sepse:
-A vasoconstrição pré-glomerular persistente pode ser
-A redução da TFG pode ocorrer na sepse mesmo na
uma causa comum da redução da TFG associada à LRA;
ausência da hipovolemia.
os fatores implicados na vasoconstrição incluem
-Embora haja lesão tubular nítida nos casos de LRA ativação do feedback tubuloglomerular em
associada à sepse, conforme se evidencia pela consequência do aumento do fornecimento de solutos
presença de debris e cilindros tubulares na urina, a à mácula densa depois da lesão dos túbulos proximais;
patologia dos rins na necropsia dos pacientes com aumento do tono vascular basal e da reatividade aos
sepse grave sugerem que outros fatores agentes vasoconstritores; e diminuição da
(possivelmente relacionados com a inflamação e o responsividade aos vasodilatadores. Outros fatores
edema intersticial) devam ser considerados na que contribuem para a diminuição da TFG incluem o
fisiopatologia da LRA induzida pela sepse. refluxo do filtrado pelos epitélios tubulares isquêmicos
e desnudados e a obstrução mecânica dos túbulos
-Os efeitos hemodinâmicos da sepse atribuem-se a
pelos debris necróticos.
vasodilatação arterial generalizada, mediadas por
citocinas que hiperestimulam produção de NO nos
vasos sanguíneos, podendo reduzir TFG.

-Os mecanismos envolvidos podem ser: Dilatação da


arteríola eferente excessiva, principalmente nos
estágios iniciais da sepse, ou a vasoconstrição renal
causada pela ativação do SNC Simpático, renina-
angiotensina-aldosterona, vasopressina e endotelina.
A sepse pode causar lesão endotelial, que acarreta em
trombose a microcirculação, ativação de ROS e adesão
e migração de leucócitos. Todas essas alterações
podem lesão as células do túbulo renal.
• Pós-operatório: A LRA associada à isquemia é
-LRA associada a isquemia:
uma complicação grave no período pós- -
-Os rins recebem 20% do DC e são responsáveis pelo operatório, principalmente depois de
consumo de 10% do oxigênio em repouso. Os rins procedimentos cirúrgicos de grande porte com
possuem uma das regiões mais sujeitas a hipoxia do perdas sanguíneas e hipotensão
organismo que é a medula renal. intraoperatória significativas. Os
procedimentos cirúrgicos associados mais
Everaldo Leite 4

comumente à LRA são operações cardíacas as concentrações podem ser maiores que a do
com bypass cardiopulmonar (principalmente plasma. Geralmente a LRA ocorre depois de 5-
em operações de substituição valvar e bypass 7 dias de tratamento e pode aparecer após
simultâneos), intervenções vasculares com interrupção do tratamento. A Anfotericina B
clampeamento transversal da aorta e causa vasoconstrição renal devido feedback
operações intraperitoneais. tubuluglomerular e também lesão tubular
• Queimadura e pancreatite aguda: Em ambas direta devida produção de ROS. Sua toxicidade
essas situações é comum ter perda do de é dose dependente e tempo dependente, esse
volume, pois existe o extravasamento para medicamento se liga ao colesterol da
espaço extravascular. A LRA ocorre em cerca membrana tubular formando poros.
de 25% dos pacientes que queimam 10% da Manifestações da nefrotoxicidade por
superfície corpórea. anfotericina B incluem poliuria,
• Doença da microcirculação com isquemia hipomagnesemia, hipocalcemia e acidose
secundaria: As causas microvasculares da LRA metabólica.
incluem as microangiopatias trombóticas. -Vancomicina: Podem causar LRA, contido não
foi demostrado como acontece
-LRA associada a nefrotoxinas: -Aciclovir: Precipita nos túbulos causando
-Os rins são susceptíveis a nefrotoxicidade em razão da obstrução e com isso LRA.
perfusão sanguínea extremamente alta e da • Quimioterápicos: A cisplatina e carboplatina
concentração de substancias que circulam nos nefrons acumulam-se nos túbulos proximais e causam
e no interstício medular, isso acarreta exposição as necrose e apoptose. Pode evitar um pouco do
células tubulares, intersticiais e endoteliais. Essas efeito nefrotóxico com alta ingesta hídrica.
lesões nefrotóxicas podem ser causadas por: • Substancias toxicas ingeridas: Etilenoglicol
Fármacos, toxinas (endógenas e exógenas). podem causar lesão tubular direta.
• Toxinas endógenas: a LRA pode ser causada
-Alguns fatores de risco para LRA nefrotóxica: Idade
por alguns agentes endógenos, como:
avançada, ICC, azotemia pré-renal e hipoalbuminemia Mioglobina, hemoglobina e cadeias leves de
(aumenta toxinas livres circulantes). mieloma. Mioglobina é liberada quando se tem
• Contraste: Contraste iodado é um dos lesão das células musculares e as
principais causadores da nefrotoxicidade. hemoglobinas liberadas no processo de
Entretanto, esses contrastes são relevantes hemólise. Os fatores patogenéticos da LRA
quando paciente estão com LRC (lesão renal incluem vasoconstrição intrarrenal, toxicidade
crônica), em pacientes com função renal direta dos túbulos proximais e obstrução
normal não há muito risco. Evolução do mecânica do lúmen do néfron distai quando a
paciente que apresenta nefrotoxicidade ao mioglobina ou a hemoglobina precipita-se com
contraste seria a elevação da creatinina em 24 a proteína de Tamm-Horsfall, tal processo de
a 48 horas. A nefropatia por contraste tem 3 precipitação é favorecido pela acides da urina.
mecanismos que podem explica-la. 1º hipoxia • Doença tubulointersticial alérgica aguda e
da medula renal por obstrução dos pequenos outras causas de LRA intrínseca: Embora
vasos. 2º Lesão citotóxica direta nos túbulos ou algumas das etiologias tóxicas e isquêmicas da
por formações ROS. 3º Obstrução tubular LRA descritas acima causem doença
transitória devido contraste precipitado. tubulointersticial, muitos fármacos também
• Antibióticos: Vários agentes antimicrobianos estão associados à ocorrência de respostas
podem causar LRA. São eles: alérgicas evidenciadas por infiltrados
-Aminoglicosídeos e anfotericina B: Podem inflamatórios e, em geral, eosinofilia no sangue
causar necrose tubular. 10 a 30% dos pacientes periférico e na urina. A LRA pode ser causada
que fazem uso de aminoglicosídeos por várias infecções e doenças infiltrativas. As
apresentam LRA não oliguria (sem redução doenças dos glomérulos ou dos vasos
significativa do nível urinário). Os sanguíneos podem causar LRA quando
aminoglicosídeos são filtrados pelos comprometem o fluxo sanguíneo na circulação
glomérulos e acumulam no córtex renal, onde renal. A glomerulonefrite ou a vasculite é uma
causa relativamente incomum, mas
Everaldo Leite 5

potencialmente graves de LRA, que pode exigir • Elevação da Creatinina (> 0,3mg/dL ou 50%
tratamento imediato com agentes maior que o valor basal num período de 24-48
imunossupressores ou plasmaférese horas) ou;
terapêutica. • Redução do debito urinário em 0,5
mL/Kg/hora por mais de 6 horas.
Lesão pós-renal aguda dos rins
-Com base nessa definição, alguns pacientes com LRA
-Ocorre quando o fluxo unidirecional da urina é
não terão lesão glomerular ou tubular (ex: azotemia
bloqueado abruptamente (parcial ou total), resultando
pré-renal).
no aumento retrogrado da pressão hidrostática e
interferindo na filtração glomerular. -É importante diferenciara LRA da LRC (lesão renal
crônica) para definir diagnostico e tratamento. Essa
-Essa obstrução pode ocorrer em qualquer nível da
diferenciação é fácil quando se tem uma dosagem
pelve até a extremidade da uretra.
recente basal de creatinina, quando não se tem fica
-Um fluxo urinário normal não exclui a existência de mais difícil. Quando não se tem o resultado basal
obstrução parcial, porque a TFG normalmente é cerca anterior, para classificar em LRC deve utilizar métodos
de duas vezes maior do que fluxo urinário. Para que de imagem (rins pequenos e retraídos com
ocorra LRA nos indivíduos normais, a obstrução deve adelgaçamento cortical visto na USG) ou laboratorial
envolver os dois rins, a menos que apenas um deles (anemia normocítica e hiperparatireoidismo
seja funcional, porque nestes casos a obstrução secundário com hiperfosfatemia e hipocalcemia)
unilateral pode causar LRA. A obstrução unilateral compatível com LRC (Doença renal crônica DRC).
pode causar LRA quando há DRC coexistente
-Nenhum exame é capaz de excluir presença de LRA
significativa ou, raramente, em consequência do
superposta em pacientes com LRC.
vasospasmo reflexo do rim contralateral.
-Após diagnostico de LRA é preciso descobrir a
-Algumas causas da obstrução: Litíase, HPB, bexiga
etiologia.
neurogênica, tratamento com anticolinérgico.
-Anamnese e Exame fisico:
-A fisiopatologia da LRA pós-renal inclui alterações
hemodinâmicas desencadeadas pelo aumento súbito -O contexto clinico, história bem detalhada e um bom
das pressões intratubulares. O período inicial de exame físico reduzem as possibilidades do diagnostico
hiperemia causada pela dilatação das arteríolas diferencial da etiologia da LRA.
aferentes é seguido de vasoconstrição intrarrenal
secundária às sínteses de angiotensina II, tromboxano -Na Azotemia pré-renal:
A2 e vasopressina e à redução dos níveis de NO. A -Anamnese, considerar sempre que o paciente
redução da TFG é atribuída à hipoperfúsão dos apresentar:
glomérulos e, possivelmente, às alterações do
coeficiente de ultrafiltração glomerular. • Vomito
• Diarreia
• Glicosuria com poliuria secundaria
• Paciente utiliza: Diuréticos, AINES, IECA e BRA.

-No exame físico do paciente com azotemia pré-renal é


comum encontrar:

• Hipotensão ortostática
• Taquicardia
• Diminuição pressão jugular
• Redução turgor cutâneo
-Diagnostico: • Mucosas desidratadas

-A LRA é inferida pela presença de:


-Na LRA pós-renal:

-Anamnese:
Everaldo Leite 6

• História de doenças: Prostática, nefrolitíase, -A azotemia pré-renal pode evidenciar-se por cilindros
HPB e etc. hialinos ou sedimento urinário inexpressivo.
• Dor espasmódica nos flancos com irradiação
-A LRA pós-renal também pode produzir sedimento
para virilha.
urinário inespecífico, mas pode haver hematúria e
• Noctúria, hesitação ou urgência podem
piúria, dependendo da causa da obstrução.
ocorrem em doenças prostáticas.
• Distensão abdominal e dor suprapúbica -A LRA secundária à NTA causada por lesão isquêmica,
podem indicar distensão vesical grave. sepse ou algumas nefrotoxinas produz anormalidades
características no sedimento urinário: cilindros
-Presença de sinais e sintomas no inicio da obstrução
granulosos pigmentados “marrom turvo” e cilindros de
depende da localização da obstrução.
células do epitélio tubular. Entretanto, essas
-Para fechar diagnostico de causas obstrutivas ´´e anormalidades podem estar ausentes em mais de 20%
necessário exame de imagem. dos casos.

-Sempre na anamnese perguntar sobre fármacos em -A glomerulonefrite pode formar hemácias dismórficas
uso. ou cilindros hemáticos.

-As reações idiossincrásicas a uma gama variada de -A nefrite intersticial pode causar a formação de
fármacos podem causar nefrite intersticial alérgica, cilindros leucocitários. As anormalidades do sedimento
que pode acompanhar-se de febre, artralgias e erupção urinário são até certo ponto idênticas na
eritematosa pruriginosa. Entretanto, a inexistência de glomerulonefrite e na nefrite intersticial e o
manifestações sistêmicas de hipersensibilidade não diagnóstico nem sempre é possível com base apenas
exclui o diagnóstico da nefrite intersticial. na análise do sedimento.

-Anormalidade urinarias:

-Não é comum anuria total na LRA inicialmente, salvo


em casos de obstrução total das artérias ou canal
urinário.

-A redução do debito urinário (oliguria <400ml/24


horas) indica LRA mais significativa (ou seja, menor
TFG) que em casos de debito urinário preservado.

-Oliguria está relacionado a um pior prognostico. -Anormalidades do exame sanguíneo:


-Urina avermelhada ou marrom pode ocorrer com ou -Azotemia pré-renal causa elevações modestas da
sem hematúria macroscópica; quando a cor marrom- creatinina.
castanho persiste no sobrenadante depois da
centrifugação, deve-se suspeitar de nefropatia por -A nefropatia por contraste causa elevação transitória
pigmento secundário à rabdomiólise ou à hemólise. entre 24 a 48 horas da creatinina.

-Deve pedir o exame simples de urina (EAS) e -Hemograma pode fornecer informações importantes:
sedimentar urinário. Seus resultados devem ser • Anemia multifatorial é comum na LRA
relacionados com a clinica do paciente, visto que
• Eosinofilia pode estar associada a nefrite
valores laboratoriais isolados tem pouca
intersticial
especificidade.
-Em geral a LRA causa:
-LRA nefrotóxica ou isquêmica cursam com proteinúria
branda (<1g/dia). • Hiperpotassemia
• Hiperfosfatemia
-Quando o teste da fita urinária é positivo para
• Hipercalcemia
hemoglobina, mas há poucas hemácias evidentes no
sedimento urinário, deve-se suspeitar de rabdomiólise -Investigação radiológica:
ou hemólise.
Everaldo Leite 7

-Para avaliar etiologia pós-renal deve incluir exames de


imagem.

-Os exames de imagem também podem fornecer


informações adicionais úteis quanto às dimensões e à
ecogenicidade dos rins, de forma a facilitar a
diferenciação entre LRA versus DRC.

-Tratamento:

-Biopsia renal: -Profilaxia e tratamento;

-Quando a etiologia da LRA não é definida com base na -A abordagem de pacientes com risco para desenvolver
história clínica, no exame físico e nos exames ou já desenvolveu LRA dependerá da etiologia.
laboratoriais, a biópsia renal deve ser considerada. Os -Algumas medidas iniciais podem ser tomadas
resultados da biópsia podem fornecer informações independente da etiologia:
diagnósticas e prognósticas definitivas quanto às
doenças renais agudas e crônicas. Na maioria dos • Melhorar função hemodinâmica
casos, esse exame é realizado nos pacientes com LRA • Correção desequilíbrio hidroeletrolítico
quando as possibilidades de azotemia pré-renal, LRA • Interrupção uso de fármacos nefrotóxicos
pós-renal e LRA isquêmica ou nefrotóxica foram • Ajuste de dose de fármacos
consideradas improváveis e outros diagnósticos
-As causas comuns de LRA, inclusive sepse e NTA
possíveis ainda são considerados, inclusive
isquêmica, ainda não têm tratamentos específicos
glomerulonefrite, vasculite, nefrite intersticial,
depois que a lesão já ocorreu, mas a monitoração
nefropatia do mieloma, SHU e PTT e disfunção de um
clínica cuidadosa é necessária até que a LRA regrida (se
aloenxerto. A biópsia renal está associada ao risco de
isto ocorrer).
sangramento, que pode ser grave e colocar em risco o
rim ou a vida dos pacientes com trombocitopenia ou -Os rins tem alta capacidade de autorregeneração,
coagulopatia. mesmo em casos de LRA grave com dialise, alguns
pacientes não retornam à função renal completa e
necessitam de dialise.

-Azotemia pré-renal:

-Seu tratamento e profilaxia dependem da melhor


perfusão renal.

-Casos de sangramento agudo profusos devem ser


tratados com concentrados de hemácias.

-Cristaloides podem ser administrados em casos de


sangramentos moderados, queimaduras e pancreatite.

-melhoria da função cardíaca dos pacientes com a


síndrome cardiorrenal (ou seja, hipoperfusão renal por
redução do débito cardíaco) pode exigir a
administração de agentes inotrópicos, redutores da
pré-carga e da pós-carga, antiarrítmicos e recursos
mecânicos (p. ex., bomba com balão intra-aórtico). A
monitoração hemodinâmica invasiva pode ser
necessária para orientar o tratamento.
Everaldo Leite 8

-Cirrose e síndrome hepatorrenal: nos tecidos lesados e são liberados quando os tecidos
cicatrizam.
-A reposição de líquidos aos pacientes com cirrose,
ascite e LRA é difícil porque geralmente há dificuldade -LRA pós-renal:
em determinar precisamente as condições de volume
-O diagnóstico imediato e a correção precoce da
intravascular.
obstrução do trato urinário podem evitar o
-Administração de grandes quantidades de liquido desenvolvimento de lesões estruturais irreversíveis
pode piorar a ascite e comprometer função pulmonar induzidas pela estase urinária. O local da obstrução
dos pacientes com síndrome hepatorrenal ou LRA define a abordagem terapêutica. A catete- rização
associada a peritonite bacteriana. A possibilidade de transuretral ou suprapúbica da bexiga pode ser a única
peritonite deve ser excluída por cultura do líquido medida necessária inicialmente para tratar estenoses
ascético. uretrais ou disfunção vesical. A obstrução uretérica
pode ser revertida pela colocação de um tubo de
-O tratamento definitivo da síndrome hepatorrenal é o
nefrostomia percutânea ou stent urete- ral. O alívio da
transplante hepático ortotópico.
obstrução geralmente é seguido de diurese apropriada
-LRA intrínseca: ao longo de alguns dias. Em casos raros, a poliúria grave
persiste em consequência da disfunção tubular e pode
-Vários fármacos foram testados e não conseguiram exigir a administração contínua de líquidos e eletrólitos
produzir efeitos benéficos comprovados nos pacientes intravenosos por períodos longos.
com lesão tubular isquêmica aguda.
-Medidas de suporte:
-A LRA associada à glomerulonefrite ou à vasculite
pode responder com imunossupressores e/ou
plasmaférese.

-A nefrite intersticial alérgica causada por fármacos


requer a interrupção do agente desencadeante.

-Reposição de volume imediata e vigorosa é essencial


aos pacientes com rabdomiólise, que podem necessitar
de 10 L de líquidos por dia.

-Reposição de volume imediata e vigorosa é essencial


aos pacientes com rabdomiólise, que podem necessitar
de 10 L de líquidos por dia.

-Os líquidos alcalinos (p. ex., 75 mmol de bicarbonato


de sódio acrescentados à solução salina a 0,45%)
podem ajudar a evitar lesão tubular e formação dos
cilindros, mas acarretam o risco de agravar a
hipocalcemia.

-Os diuréticos podem ser administrados quando a


reposição de líquidos é adequada, mas não consegue
produzir taxas de fluxo urinário entre 200 e 300 mL/
hora.

-Além da diálise para os casos graves ou as medidas


gerais de suporte para manter o equilíbrio
hidreletrolítico e a perfusão tecidual, não há
tratamento específico para a LRA secundária à
rabdomiólise.

-Os níveis de cálcio e fosfato devem ser


cuidadosamente controlados porque podem precipitar
Everaldo Leite 9

-Referencia: urina. Não está identificada a fração do veneno


que produz esse efeito miotóxico sistêmico. Há
Livro: Harrison pág. 96-110
referências experimentais da ação miotóxica
Acidente Crotálico local da crotoxina e da crotamina. A
mioglobina, e o veneno como possuindo
-Acidente Botrópico: atividade hemolítica “in vivo”. Estudos mais
-Ação do veneno: recentes não demonstram a ocorrência de
hemólise nos acidentes humanos.
• Ação Proteolítica: As lesões locais, como • Ação coagulante: Decorre de atividade do tipo
edema, bolhas e necrose, atribuídas trombina que converte o fibrinogênio
inicialmente à “ação proteolítica”, têm diretamente em fibrina. O consumo do
patogênese complexa. Possivelmente, fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade
decorrem da atividade de proteases, sangüínea. Geralmente não há redução do
hialuronidases e fosfolipases, da liberação de número de plaquetas. As manifestações
mediadores da resposta inflamatória, da ação hemorrágicas, quando presentes, são
das hemorraginas sobre o endotélio vascular e discretas.
da ação pró-coagulante do veneno.
• Ação coagulante: A maioria dos venenos -Manifestações Locais:
botrópicos ativa, de modo isolado ou • São pouco importantes, diferindo dos
simultâneo, o fator X e a protrombina. Possui acidentes botrópico e laquético. Não há dor,
também ação semelhante à trombina, ou esta pode ser de pequena intensidade. Há
convertendo o fibrinogênio em fibrina. Essas parestesia local ou regional, que pode persistir
ações produzem distúrbios da coagulação, por tempo variável, podendo ser
caracterizados por consumo dos seus fatores, acompanhada de edema discreto ou eritema
geração de produtos de degradação de fibrina no ponto da picada.
e fibrinogênio, podendo ocasionar
incoagulabilidade sanguínea. Este quadro é -Manifestações sistêmicas:
semelhante ao da coagulação intravascular • Gerais: mal-estar, prostração, sudorese,
disseminada. Os venenos botrópicos podem
náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e
também levar a alterações da função
secura da boca podem aparecer precocemente
plaquetária bem como plaquetopenia.
e estar relacionadas a estímulos de origem
• Ação hemorrágica: As manifestações diversas, nos quais devem atuar o medo e a
hemorrágicas são decorrentes da ação das tensão emocional desencadeados pelo
hemorraginas que provocam lesões na acidente.
membrana basal dos capilares, associadas à • Neurológicas: decorrem da ação neurotóxica
plaquetopenia e alterações da coagulação. do veneno, surgem nas primeiras horas após a
-Acidente Crotálico: picada, e caracterizam o fácies miastênica
(fácies neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas
-Ação do veneno: por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da
musculatura da face (fig. 23), alteração do
• Ação neurotóxica: Produzida principalmente
diâmetro pupilar, incapacidade de
pela fração crotoxina, uma neurotoxina de
movimentação FUNASA - outubro/2001 - pág.
ação pré-sináptica que atua nas terminações
27 do globo ocular (oftalmoplegia), podendo
nervosas inibindo a liberação de acetilcolina.
existir dificuldade de acomodação (visão turva)
Esta inibição é o principal fator responsável
e/ou visão dupla (diplopia). Como
pelo bloqueio neuromuscular do qual
manifestações menos freqüentes, pode-se
decorrem as paralisias motoras apresentadas
encontrar paralisia velopalatina, com
pelos pacientes.
dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo
• Ação miotóxica: Produz lesões de fibras
do vômito, alterações do paladar e olfato.
musculares esqueléticas (rabdomiólise) com
• Musculares: a ação miotóxica provoca dores
liberação de enzimas e mioglobina para o soro
musculares generalizadas (mialgias) que
e que são posteriormente excretadas pela
Everaldo Leite 10

podem aparecer precocemente. A fibra • NTX de ação pré-sináptica: Estão presentes em


muscular esquelética lesada libera algumas corais (M. coralliunus) e também em
quantidades variáveis de mioglobina que é alguns viperídeos, como a cascavel
excretada pela urina (mioglobinúria), sulamericana. Atuam na junção
conferindo-lhe uma cor avermelhada ou de neuromuscular, bloqueando a liberação de Ach
tonalidade mais escura, até o marrom (fig. 24). pelos impulsos nervosos, impedindo a
A mioglobinúria constitui a manifestação deflagração do potencial de ação. Esse
clínica mais evidente da necrose da mecanismo não é antagonizado pelas
musculatura esquelética (rabdomiólise). substâncias anticolinesterásicas
• Distúrbio de coagulação: pode haver
-Tabela 2 mostra os 3 principais tipos de cobras
incoagulabilidade sanguínea ou aumento do
peçonhentas que tem maior incidência de ataques no
Tempo de Coagulação (TC), em
brasil.
aproximadamente 40% dos pacientes,
observando-se raramente sangramentos
restritos às gengivas (gengivorragia)

-Acidente Laquético:

• Ação proteolítica: Os mecanismos que


produzem lesão tecidual provavelmente são os
mesmos do veneno botrópico, uma vez que a
atividade proteolítica pode ser comprovada in
vitro pela presença de proteases.
• Ação coagulante: Foi obtida a caracterização -Curiosidades: Videoaula
parcial de uma fração do veneno com atividade
tipo trombina.
• Ação hemorrágica: Trabalhos experimentais
demonstraram intensa atividade hemorrágica
do veneno de Lachesis muta muta,relacionada
à presença de hemorraginas.
• Ação neurotóxica: É descrita uma ação do tipo
estimulação vagal, porém ainda não foi
caracterizada a fração específica responsável
por essa atividade.
-Bioquímica sérica e urina:
-Acidente Elapídico:

• NTX de ação pós-sináptica: Existem em todos


os venenos elapídicos até agora estudados. Em
razão do seu baixo peso molecular podem ser
rapidamente absorvidas para a circulçaão
sistêmica, difundidas para os tecidos,
explicando a precocidade dos sintomas de
envenenamento. As NTXs competem com a
acetilcolina (Ach) pelos receptores colinérgicos
da junção neuromuscular, atuando de modo
semelhante ao curare. Nos envenenamentos
onde predomina essa ação (M. frontalis), o uso
de substâncias anticolinesterásticas (edrofônio
e neostigmina) pode prolongar a vida média do
neurotransmissor (Ach), levando a uma rápida
melhora da sintomatologia.
Everaldo Leite 11
APG17
Everaldo Leite 1

Doença Renal Crônica toxinas com algumas doenças dos túbulos e do


interstício renais.
• Um conjunto de mecanismos progressivos que
-O termo doença renal crônica (DRC) engloba um envolvem hiperfiltração e hipertrofia dos
espectro de processos fisiopatológicos diferentes néfrons viáveis remanescentes, que são
associados à função renal anormal e ao declínio consequências comuns da redução prolongada
progressivo da taxa de filtração glomerular (TFG). da massa renal, independente da etiologia
primária.
- A DRC é definida por lesão renal ou TFG menor que 60
mℓ/min/1,73 m2 e/ou presença de alteração -As respostas a redução de quantidade de nefrons são
estrutural renal, há 3 meses ou mais. A DRC pode ser mediadas por hormônios vasoativos, citocinas e
causada por alguns distúrbios que acarretam perda fatores de crescimento. A adaptação em curto prazo
irreversível dos néfrons, inclusive diabetes, (hiperfiltração e hipertrofia) são deletérias na medida
hipertensão, glomerulonefrite, lúpus eritematoso que eleva a pressão e fluxo sanguíneo distorcendo a
sistêmico e doença renal policística (PORTH). arquitetura dos glomérulos, que está associado a
esclerose e destruição dos nefrons remanescentes.
-Os estágios da DRC são definidos com base na TFG
estimada. -A hiperatividade intrarrenal do sistema renina-
angiotensina-aldosterona contribuem para
hiperfiltração adaptativa inicial, bem como para
hipertrofia e esclerose desajustada subsequentes. Essa
esclerose é atribuída em parte à estimulação dos
fatores de crescimento transformados (TGF-B). Esse
processo explica porque a redução da massa renal
secundária a uma lesão isolada pode causar declínio
progressivo da função renal ao longo de alguns anos.

-A insuficiência renal crônica compreende um processo


de redução irreversível, significativa e continua da
quantidade de nefrons e, em geral, corresponde ao
estagio 3 a 5 da DRC.

-O termo doença renal terminal refere-se a um estágio


da DRC no qual a acumulação de toxinas, líquidos e
eletrólitos normalmente excretados pelos rins leva à
síndrome urêmica, a qual provoca a morte, a menos
que as toxinas sejam eliminadas pelo tratamento renal -Nos EUA, hipertensão e nefropatia diabética são as
substitutivo por diálise ou transplante de rim. O termo duas causas principais de DRC.
doença renal terminal foi substituído por DRC estágio
5. As Diretrizes de Prática Clínica da NFK definem
insuficiência renal “como:
-Fisiopatologia da Doença renal crônica:
• TFG menor que 15 mℓ/min/1,73 m2,
-A fisiopatologia da DRC caracteriza-se por dois amplos geralmente acompanhada da maioria dos
grupos gerais de mecanismos lesivos: sinais e sintomas de uremia, ou
• Necessidade de iniciar terapia renal
• Mecanismos desencadeantes específicos da
substitutiva (diálise ou transplante).”
etiologia subjacente (p. ex., anormalidades do
desenvolvimento ou da integridade renal
determinadas geneticamente, deposição de
imunocomplexos e inflamação com alguns
tipos de glomerulonefrite ou exposição às
Everaldo Leite 2

-Detecção dos fatores de risco e estadiamento da determinações convencionais da proteína urinária.


DRC: Essa microalbuminúria pode ser usada para detectar
lesão renal precoce. Caso paciente libere grande
-Os fatores de risco incluem: quantidade de albumina não é necessário fazer o
• Hipertensão exame de microalbuminúria.
• Diabetes melito -Quando tem proteinúria a microalbuminúria é
• Doença autoimune positiva, o contrario pode não ser verdadeiro.
• Idade avançada
• Africano -Estágios 1 e 2 da DRC não estão relacionados com
• História familiar de doença renal quaisquer sintomas atribuídos a diminuição da TFG.
Entretanto pode ter sintomas relacionado a doença
• Episódio de LRA
subjacente que está causando a DRC, por exemplo:
• Existência de proteinúria
Edema na síndrome nefrótica.
• Alterações no sedimento
• Anormalidade estruturais no trato urinário -Se o declínio da TFG progredir aos estágios 3 e 4, as
complicações clínicas e laboratoriais da DRC serão mais
-Com o propósito de determinar o estágio da DRC, é
proeminentes. Quase todos os sistemas do organismo
necessário estimar a TFG. As duas equações utilizadas
são afetados, mas as complicações mais evidentes são:
comumente para estimar a TFG estão descritas no
Quadro 11.2 e incorporam a concentração plasmática • anemia e fadiga associada
determinada da creatinina, a idade, o sexo e a etnia. • perda do apetite com desnutrição progressiva
• anormalidades do cálcio, fósforo e hormônios
que regulam os minerais, como a l,25(OH)2D3
(calcitriol), o paratormônio (PTH) e o fator 23
de crescimento dos fibroblastos (FGF-23)
• Anormalidades da hemostasia do sódio, do
potássio, da água e do equilíbrio acidobásico.

-Muitos pacientes, principalmente os idosos,


apresentam valores de TGF-e compatíveis com DRC 2
ou 3. Em geral não apresenta deterioração adicional da
função renal. Medico da APS deve realizar exames de
função renal e proteinúria, em caso de ausência de
proteinúria, podem ser tratados na Atenção básica.
-A quantificação da albuminúria também ajuda a
-Quando a DRC avança para o estágio 5, as toxinas
monitorar a lesão dos néfrons e a resposta ao
acumulam-se e o paciente geralmente demonstra
tratamento de alguns tipos de DRC, principalmente das
alterações marcantes em suas atividades da vida diária,
doenças glomerulares crônicas. Embora a obtenção
em seu bem-estar, em seu estado nutricional e na
cuidadosa da urina de 24 horas seja o “padrão de
homeostasia hidreletrolítica e, por fim, evolui para a
referência” para a quantificação da albuminúria, o
síndrome urêmica. Conforme já foi mencionado, essa
índice protenúria-creatinúria na primeira amostra de
síndrome leva à morte, a menos que seja iniciado
urina fornecida pela manhã geralmente é mais fácil e
tratamento renal substitutivo (diálise ou transplante).
correlaciona-se bem com as amostras de 24 horas,
embora não seja tão exata quanto estas últimas. -Etiologia:
-A eliminação urinária persistente de mais de 17 mg de -A cinco categorias mais frequentes das etiologias da
albumina por grama de creatinina nos homens adultos DRC que, em conjunto, representam mais de 90% de
e de 25 mg de albumina por grama de creatinina nas todos os casos mundiais da doença:
mulheres adultas geralmente significa lesão renal
crônica. • Doença glomerular diabética
• Glomerulonefrite
-O termo microalbuminúria refere-se à excreção de • Nefropatia hipertensiva
albumina em quantidades muito pequenas para serem
detectadas pelas fitas de teste urinário ou pelas
Everaldo Leite 3

o Glomerulopatia primária com negativos da fase aguda (p. ex., albumina e fetuína)
hipertensão o diminuem com a perda progressiva da função renal,
o Doença renal vascular e isquêmica mesmo que o indivíduo tenha doença renal sem
• Doença renal policística autossômica proteinúria. Desse modo, a inflamação associada à
dominante disfunção renal é importante para a síndrome de
• Outras nefropatias císticas e tubulointersticiais desnutrição-inflamação-aterosclerose/calcificação,
que contribui para a aceleração da doença vascular e a
-Fisiopatologia e bioquímica da uremia: incidência de comorbidade associada à doença renal
-A concentração de ureia e creatinina é usado para avançada.
avaliar capacidade de excreção renal. Entretanto, o -Em resumo, a fisiopatologia da síndrome urêmica
acumulo dessas duas substancias não explicam muito pode ser subdividida em manifestações disfuncionais
os sintomas da síndrome urêmica da insuficiência renal em três esferas:
avançada.
• Distúrbios secundários à acumulação das
-Centenas de toxinas que se acumulam na insuficiência toxinas normalmente excretadas pelos rins,
renal foram implicadas na síndrome urêmica. As como os produtos do metabolismo das
concentrações séricas da ureia e da creatinina, embora proteínas;
possam ser determinadas facilmente, devem ser • Anormalidades consequentes à perda das
entendidas como marcadores substitutos e imprecisos outras funções renais, como a homeostasia
desses compostos (se tem elevação de U e C, também hidreletrolítica e a regulação hormonal;
vai ter elevação da quantidade de toxinas); a
• Inflamação sistêmica progressiva e suas
monitoração dos níveis da ureia e da creatinina do
consequências vasculares e nutricionais.
paciente com disfunção renal é uma simplificação
exagerada do estado urêmico. -Manifestações clinicas e laboratoriais da DRC e da
uremia:
-A síndrome urêmica e o estado patológico de
disfunção renal avançada envolve mais que uma -A uremia causa distúrbios funcionais em quase todos
falência excretora dos rins. Vaias funções metabólicas os sistemas do organismo. A diálise crônica pode
e endócrinas renais são comprometidas, podendo reduzir a incidência e a gravidade de alguns desses
causar: distúrbios, de forma que as manifestações evidentes e
marcantes da uremia praticamente desapareceram do
• Anemia cenário de saúde moderno. Entretanto, como se pode
• Desnutrição observar no Quadro 11.4, mesmo o tratamento
• Anormalidade no metabolismo dos dialítico ideal não é totalmente eficaz como terapia
carboidratos, gordura e proteínas renal substitutiva, porque alguns distúrbios resultantes
-Em razão da retenção urinária ou da degradação da disfunção renal não melhoram com diálise.
reduzia ou da regulação hormonal anormal, os níveis -Distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-base;
plasmáticos de alguns hormônios podem alterar na
insuficiência renal: -Homeostasia do sódio e água:

• PTH -Na maioria dos pacientes com DRC estável, mostra


• FGF-23 aumento no sódio e água do corpo, esse aumento não
• Insulina é perceptível no exame clínico.
• Glucagon -O sódio e água é reabsorvido (parte) e excretado pelos
• Hormônios esteroidais (Ex: Vit D, sexuais e túbulos de acordo com a ingesta, quando existem
prolactina) patologias que interferem nesse processo como na
-Por fim, a insuficiência renal progressiva está glomerulonefrite, a ingesta de sódio facilmente exerce
associada à ampliação da inflamação sistêmica; a capacidade de excretar (reduzida devido doença) e
isso aumenta o sódio no corpo e consequentemente
-Os níveis altos de proteína C-reativa são detectados expansão liquida transcelular (VLEC). Tal fato pode
simultaneamente aos outros reagentes da fase aguda, contribuir para hipertensão, que é uma condição lesiva
enquanto as concentrações dos chamados reagentes aos rins. Enquanto a ingestão de água não for maior
Everaldo Leite 4

que sua capacidade de eliminação, a expansão do VLEC que afetam preferencialmente o néfron distai (p. ex.,
será isotônica e o paciente terá concentração uropatia obstrutiva e nefropatia falciforme).
plasmática de sódio e osmolaridade efetiva normais

-Hiponatremia (redução na concentração plasmática


de sódio) não é comum em pacientes com DRC, quando
presente pode melhorar com a restrição de água.

-Se o paciente tiver indícios de expansão do VLEC


(edema periférico, às vezes com hipertensão pouco
respon- siva ao tratamento), ele deve ser orientado a
fazer restrição de sal.

-No 3 a 5 estágio não usa diuréticos tiazídicos, pode ser


utilizado um diurético de alça (furosemida).

-Além dos distúrbios da excreção de sal e água, alguns


pacientes com DRC podem, em vez disto, ter reduzida
conservação renal de sódio e água. Quando há uma -A hipopotassemia não é comum na DRC e geralmente
causa extra-renal para a perda de líquidos (p. ex., reflete as reduções extremas da ingestão dietética de
perdas gastrintestinais), esses pacientes podem ser potássio, principalmente quando associadas ao
suscetíveis à depleção do VLEC em razão da tratamento diurético excessivo ou às perdas GI
incapacidade de os rins insuficientes reterem concomitantes.
quantidades adequadas de sódio filtrado. Essas
-À medida que tem declínio da TFG o potássio vai
condições podem ainda ser prejudiciais aos rins,
aumentando.
levando uma hipoperfusão.
-Acidose metabólica:
-Homeostasia do potássio:
-É um distúrbio comum na DRC avançada. Maioria dos
-Com a DRC, o declínio da TFG não acompanha
pacientes conseguem acidificar a urina, mas produz
necessariamente a redução na excreção urinária do
menos amônia, e por essa razão não consegue excretar
potássio. A excreção de potássio é mediada
a quantidade normal de prótons em combinação com
predominantemente pela resposta secretora
esse sistema de tamponamento urinário.
aldosterona-dependente nos segmentos distais do
nefron. Existe outra defesa para retenção de potássio -Se presente a hiperpotassemia, inibe mais ainda a
que seria aumentar sua excreção pelo TGI. formação de amônia.

-Embora exista esses 2 mecanismos para eliminar o -A combinação de hiperpotassemia com acidose
potássio, a hiperpotassemia pode ser desencadeada metabólica hiperclorêmica é observada comumente,
por algumas situações: mesmo nos estágios iniciais (estágios 1 a 3), nos
pacientes com nefropatia diabética ou nos indivíduos
• Aumento da ingesta de potássio
com doença predominantemente tubulointersticial ou
• Catabolismo proteico
uropatia obstrutiva; esta condição é conhecida como
• Hemólise acidose metabólica sem anion gap. A correção da
• Hemorragia hiperpotassemia pode aumentar a produção renal de
• Acidose metabólica amónia, ampliar a síntese renal de bicarbonato e
• Medicamentos: alguns inibem excreção renal melhorar a acidose metabólica.
de k+. (IECA, BRA, Espironolactona-
poupadores de potássio) -OBS. Acidose metabólica é a redução primária no
bicarbonato (HCO3−), tipicamente com diminuição
-Algumas causas de DRC podem estar associadas à compensatória da pressão parcial de dióxido de
alteração mais precoce e profunda dos mecanismos carbono (Pco2); o pH pode estar acentuadamente baixo
secretores de potássio no néfron distai, que se torna ou ligeiramente subnormal. A acidose metabólica
desproporcional ao declínio da TFG. Isso inclui os caracteriza-se como hiato aniônico elevado ou normal,
distúrbios associados ao hipoaldosteronismo com base na presença ou ausência de ânions não
hiporreninêmico (p. ex., diabetes) e as doenças renais
Everaldo Leite 5

mensurados no soro. As causas incluem acúmulo de DRC, pode ser complicada pela acidose metabólica com
cetonas e ácido láctico, insuficiência renal e ingestão anion gap à medida que a doença avança.
de fármacos ou toxinas (hiato aniônico elevado) ou
-No geral o pH raramente fica <7,35 e essa acidose
perdas renais ou gastrointestinais de HCO3− (hiato
pode ser corrigida pela ingesta oral de bicarbonato.
aniônico normal). Hiato aniônico = anion gap.
-Estudos em animais mostram que essa acidose pode
-Obs: Anion gap nada mais é do que a diferença entre
provocar catabolismo proteico.
os cátions (positivos) presentes no sangue
(principalmente sódio) e os ânions (negativos) -Resumo: Existem os anios e cátions mensuráveis que
(principalmente bicarbonato e cloro), ou seja, é o são (sódio, bicarbonato e cloro) e os não mensuráveis.
“buraco” entre um e outro. Para calcular o ânion gap Eles têm que ser iguais. Em casos de acidose, como
utiliza: mecanismo compensatório terá menor bicarbonato,
com isso vai elevar o Cloro ou os anions não
mensuráveis. Quando eleva o cloro é chamado de
acidose hipercloremica (causada pela perda de
bicarbonato, como na diarreia). Caso o cloro normal
com elevação dos produtos não mensuráveis é
chamado de acidose com ânion gap.

- A soma de todos os cátions deve ser igual a soma de -Distúrbios do metabolismo do cálcio e fosfato:
todos os ânions no nosso organismo. No entanto, -As principais complicações dos distúrbios metabólicos
somando o principal cátion (sódio) e os principais do cálcio e fosfato em decorrência da DRC ocorrem nos
ânions (cloro e bicarbonato), essa conta não fecha. Por ossos e vasos, com envolvimento ocasionalmente
isso, há uma quantidade de cargas negativas (das mais grave dos tecidos moles extraósseos.
variadas) que são formadas pelo famoso ânion gap
(principais componentes do anions gap são: Albumina, -Manifestações ósseas da DRC:
sulfato, fosfato e ácidos orgânicos como lactato e
-As principais manifestações da doença óssea podem
citrato ).
ser classificadas em 2 tipos:
- Usualmente, as acidoses metabólicas produzidas por
• Turnover ósseo acelerado com altos níveis de
geração de metabólitos ácidos (ex.: lactato, citrato,
PTH: Causa osteite fibrose cística, uma desão
entre outros) serão as acidoses metabólicas com ânion
clássica da hiperparatireoidismo secundária.
gap aumentado. Por outro lado, outras desordens
• Turnover ósseo reduzido associado a níveis
responsáveis pelo surgimento da acidose metabólica,
normais ou baixos no PTH: causa osteomalácia
geralmente, causam uma acidose hiperclorêmica
e doença óssea adinamica
(ânion gap dentro da faixa normal – em geral, acidose
por perda de bicarbonato). - A fisiopatologia do hiperparatireoidismo secundário e
da doença óssea consequente ao turnover acelerado
-Ou seja, caso tenha alterações no cloro, bicarbonato e
está relacionada com o metabolismo mineral anormal
sódio essa acidose terá um ânion gap normal, caso
em razão dos seguintes fatores:
altere os ácidos orgânicos, albumina esse ânion gap
aumenta. • TFG declinante diminui a excreção de fosfato e,
deste modo, causa retenção deste elemento;
- A acidose metabólica com hiato aniônico normal
• O fosfato retido estimula o aumento da síntese
também é denominada acidose hiperclorêmica, pois,
de PTH e o crescimento das paratireoides;
em vez de reabsorver cloreto (Cl−) os rins reabsorvem
HCO3−. • Os níveis baixos de cálcio ionizado, resultantes
da síntese reduzida de calcitriol (vitamina D
-Obs: quanto mais H+, menor será o pH. ativa) pelos rins insuficientes, assim como a
retenção de fósforo, também estimulam a
-Com a deterioração renal da função renal, os rins
produção de PTH. Os níveis baixos de calcitriol
limitam a excreção de ácidos e os ânions dos ácidos
contribuem para o hiperparatireoidismo
retidos podem causar acidose metabólica com ânion
porque causam hipocalcemia e também por
gap. Desse modo, a acidose metabólica sem anion
um efeito direto na transcrição dos genes do
gap, que pode ser observada nos estágios iniciais da
Everaldo Leite 6

PTH. Essas alterações começam quando a TFG claro se a mortalidade excessiva é mediada por este
diminui a menos de 60 mL/min. mecanismo.

-Calcitriol estimula absorção intestinal de cálcio. -Estudos mostram que pacientes com DRC tem
calcificação media da artéria coronariana e valvas
-O fator de crescimento de fibroblasto (FGF-23)
cardíacas. A gravidade da calcificação está relacionado
promove excreção renal do fosfato. Os osteócitos
com a idade e a hiperfosfatemia e também está
liberam esse FGF na fase inicial da DRC. O FGF-23 pode
associada a baixos níveis de PTH e ao turnover ósseo
manter os níveis séricos de fosfato por 3 mecanismos:
reduzido.
• Aumentar excreção urinaria de fosfato
-Obs: Turnover = Volume em português
• Estimula PTH, que também estimula excreção
urinaria de fosfato -Nos pacientes com doença renal avançada, é possível
• Supressão da síntese de calcitriol (1,25 OH) que que o cálcio ingerido não possa ser depositado nos
diminui absorção de fosforo no TGI ossos em vigência do turnover ósseo reduzido e, por
esta razão, seja depositado nos tecidos extraósseos
-Hiperparatireoidismo estimula o turnover ósseo e como os vasos sanguíneos e os tecidos moles.
causa osteite fibrose cística. A histologia óssea mostra
osteoide anormal, fibrose dos ossos e da medula óssea -Anormalidades cardiovasculares:
e, nos estágios avançados, formação de cistos ósseos,
- A doença cardiovascular é a principal causa de
algumas vezes com elementos hemorrágicos, razão
morbidade e mortalidade entre os pacientes com DRC
pela qual adquirem uma coloração castanha, daí o
em qualquer estágio.
termo tumor marrom. As manifestações clínicas do
hiperparatireoidismo grave consistem em dor e - Cerca de 30 a 45% dos pacientes que chegam ao
fragilidade ósseas, tumores marrons, síndromes estágio 5 da DRC já têm complicações cardiovasculares
compressivas e resistência à eritropoietina, em parte avançadas. Por essa razão, a maioria desses pacientes
relacionada com a fibrose da medula óssea. Além disso, morre da doença cardiovascular antes de chegar ao
o PTH é considerado uma toxina urêmica intrínseca e estágio 5 da DRC.
os níveis altos estão associados à fraqueza muscular,
fibrose do músculo cardíaco e sintomas constitucionais -Doenças vasculares isquêmicas:
inespecíficos. -A existência da DRC em qualquer estagio é um fator de
-A doença óssea com turnover reduzido pode ser risco para doenças cardiovasculares isquêmicas
classificada em dois subtipos: (coronariana, cerebrovascular e vasculares periféricas
obstrutivas).
• Doença óssea adinamica
- Os fatores de risco associados à DRC incluem:
• Osteomalácia
• Anemia
-Osteomalácia ocorre devido acumulo de substancia
desmineralizada possivelmente devido ausência de • Hiperfosfatemia
vitamina D e acidose metabólica. • Hiperparatireoidismo
• apneia do sono
-A doença óssea adinamica ocorre devido volume e • inflamação generalizada
mineralização óssea reduzida e pode ser causada pela
supressão da síntese de PTH, inflamação crônica ou - O estado inflamatório associado à perda da função
ambas. renal é refletido pelos elevados níveis circulantes dos
reagentes de fase aguda, como as citocinas
-Calcio, fosforo e sistema cardiovascular: inflamatórias e a proteína C-reativa, com reduções
-Evidencias mostraram uma relação direta com a correspondentes dos “reagentes negativos da fase
hiperfosfatemia e taxa de mortalidade cardiovascular, aguda” como albumina e fetuína séricas.
entre pacientes com DRC estagio 5 e em indivíduos -Esse estado inflamatório acelera a doença vascular e
com estágios iniciais. os níveis baixos de fetuina predispõe a calcificação.
-Hiperfosfatemia e a hipercalcemia estão associadas ao
aumento das calcificações vasculares, mas não está
Everaldo Leite 7

-Níveis de troponina cardíaca frequentemente estão A pericardite está associada à uremia avançada e, com
elevados em pacientes com DRC, embora sem o advento da diálise iniciada no momento adequado,
qualquer índice de isquemia aguda. esta complicação não é tão comum quanto antes.

-Insuficiência cardíaca: -Anormalidades hematológicas:

- A função cardíaca anormal resultante da isquemia -Anemia:


miocárdica, da hipertrofia ventricular esquerda e da
miocardiopatia avançada, somada à retenção de sal e -A anemia normocítica e homocrômica esta presente
água que pode ocorrer com a DRC, frequentemente em alguns pacientes a partir do estágio 3 da DRC e
causa insuficiência cardíaca ou até mesmo episódios de presente em todos os pacientes estagio 4.
edema pulmonar. -Causas da anemia:
-Hipertensão e hipertrofia ventricular esquerda: • A causa primaria seria a redução da produção
-Hipertensão é uma das complicações mais comuns da de eritropoetina pelos rins afetados.
DRC, geralmente começa nos estágios iniciais. • Deficiência de ferro
• Inflamação aguda ou crônica que aumenta
- A hipertrofia do ventrículo esquerdo e a demanda de ferro
miocardiopatia dilatada estão entre os fatores de risco • Hiperparatireoidismo com fibrose da medula
mais importantes para morbidade e mortalidade óssea
cardiovasculares entre os pacientes com DRC e, • Abreviação da sobrevida das hemácias devido
aparentemente, estão relacionadas principalmente uremia
(embora não apenas) com a hipertensão prolongada e
sobrecarga de VLEC. -As consequências fisiológicas causada pela anemia,
são:
- A ausência de hipertensão pode significar a existência
de doença renal com perda salina, o efeito do • Fala no fornecimento e utilização de resíduos
tratamento anti-hipertensivo ou da depleção de de oxigênio aos tecidos
volume, ou pode indicar disfunção do ventrículo • Dilatação e hipertrofia ventricular esquerda
esquerdo. • Aumento debito cardíaco

- A utilização dos fármacos que estimulam a - As manifestações clínicas incluem fadiga e diminuição
eritropoiese pode aumentar a pressão arterial e da tolerância aos esforços, angina, insuficiência
provocar a necessidade de agentes anti- - cardíaca, distúrbios da cognição e acuidade mental,
hipertensivos. A sobrecarga crônica de VLEC também bem como depressão das defesas contra infecção.
contribui para a hipertensão e a redução da pressão
-Hemostasia anormal:
arterial geralmente pode ser observada depois da
restrição da ingestão oral de sódio, do uso de diuréticos - Os pacientes nos estágios mais avançados da DRC
e da remoção de líquidos pela diálise. Apesar do podem ter prolongamentos do tempo de sangramento,
controle vigoroso do VLEC, alguns pacientes ainda sim atividade reduzida do fator III plaquetário, agregação e
ficam hipertensos devido desequilíbrio de agentes adesividade plaquetárias anormais, bem como
vasoconstritores e vasodilatadores, além da ativação consumo de protrombina alterado.
do sistema RAA (renina-angio-aldosterona).
-Paciente pode apresentar sangramento no TGI
-Doença pericárdica: espontâneo.
-A dor torácica agravada pela respiração e -Anormalidades neuromusculares:
acompanhada de atrito pericárdico é típica de
pericardite. - Entre as complicações bem conhecidas da DRC, estão
as doenças do sistema nervoso central (SNC),
-A pericardite pode estar acompanhada de derrame neuropatias periférica e autonômica, assim como as
pericárdico, que pode ser detectado à ecocardiografia anormalidades da estrutura e função dos músculos.
e raramente evolui para tamponamento.
-A retenção dos metabólitos nitrogenados e das
moléculas intermediárias (como o PTH) contribui para
a fisiopatologia dos distúrbios neuromusculares.
Everaldo Leite 8

-As manifestações clínicas sutis da doença -Avaliação da desnutrição proteico calórico tem que
neuromuscular urêmica geralmente se tornam começar no estagio 3.
evidentes no estágio 3 da DRC.
-Distúrbios endócrinos-metabólicos:
-As primeiras manifestações das complicações relativas
ao SNC incluem: -O metabolismo da glicose esta alterado na DRC,
conforme se evidencia pela redução da taxa com que
• distúrbios discretos da memória e da os níveis da glicemia declinam depois da administração
concentração e anormalidades do sono. de uma carga de glicose.
-A irritabilidade neuromuscular evidenciada por - Entretanto, a glicose plasmática em jejum geralmente
soluços, cãibras e fasciculações ou abalos musculares está normal ou ligeiramente elevada e a intolerância
torna-se mais evidente nos estágios mais avançados. branda à glicose não requer tratamento específico.
Na insuficiência renal avançada sem tratamento, os
- Como os rins contribuem para a remoção da insulina
pacientes podem ter asterixe, mioclonia, convulsões e
da circulação, os níveis plasmáticos deste hormônio
coma.
ficam ligeira ou moderadamente elevados na maioria
-Inicialmente os nervos sensoriais são mais acometidos dos pacientes urêmicos, tanto em jejum quanto no
que os motores. Primeiro acometem os segmentos estado pós-prandial. Em vista dessa redução da
distais e membros inferiores. degradação renal da insulina, os pacientes tratados
com este hormônio podem necessitar de reduções
- A “síndrome das pernas inquietas” caracteriza-se por
progressivas da dose, à medida que sua função renal
sensações mal definidas de desconforto
deteriora. As doses de alguns agentes hipoglicemiantes
ocasionalmente incapacitante nas pernas e nos pés,
devem ser reduzidas na insuficiência renal, enquanto
que é aliviado pelos movimentos frequentes. Se a
outros (p. ex., metformina) estão contraindicados
diálise não for instituída logo depois do aparecimento
quando a TFG está abaixo de 50% do normal.
das anormalidades sensoriais, os distúrbios motores
começam em seguida, inclusive fraqueza muscular. -Anormalidades dermatológicas:
-Algumas das complicações descritas antes regridem -Paciente pode apresentar prurido em decorrência da
com a diálise, embora as anormalidades inespecíficas uremia. Geralmente persiste com a dialise.
sutis possam persistir.
- Com a DRC avançada, mesmo em diálise, os pacientes
-Anormalidades gastrointestinais e nutricionais: podem ficar mais pigmentados e isto parece refletir a
deposição dos metabólitos pigmentados (ou
- O hálito urêmico (odor de urina no ar exalado) é
urocromos).
causado pela decomposição da ureia em amónia na
saliva e geralmente está associado a um paladar
metálico desagradável (disgeusia).

-Gastrite, doença péptica e ulceração em mucosas em


qualquer nível do trato GI ocorrem nos pacientes
urêmicos e podem causar dor abdominal, náuseas e
vômitos e sangramento GI. Esses pacientes também
são suscetíveis à constipação, que pode ser agravada
pela administração dos suplementos de cálcio e ferro.
A retenção das toxinas urêmicas também causa
anorexia, náuseas e vômitos.

-Restrição proteica pode melhorar sintomas de náusea -Avaliação e tratamento do paciente com DRC:
e vômitos. =DRC é tratada por medidas conservadoras para evitar
-A acidose metabólica e a ativação das citocinas ou retardar a taxa de destruição dos néfrons e, quando
inflamatórias podem predispor ao catabolismo necessário, por terapia renal substitutiva com diálise
proteico. ou transplante.
Everaldo Leite 9

-História e exame físico: -Presença de asterixe (tremor de mão em que ocorre


uma série de movimentos involuntários rápidos de
-Anamnese:
flexão e extensão do punho) e atrito pericárdico que
-Os sinais e sintomas da doença renal geralmente são não possa ser atribuída a outra causa é sinal de
fracos ou ausentes, até que o paciente entre em síndrome urêmica.
insuficiência renal.
-https://www.youtube.com/watch?v=sEnp2ss8VoA
-Elementos específicos da história clinica que sugerem (asterixe).
doença renal, incluem:
-Investigação laboratorial:
• Hipertensão (pode causar DRC ou ser uma
-Os exames laboratoriais devem buscar processos
consequência)
patológicos desencadeantes ou agravantes, além de
• DM avaliar a função renal e suas consequências.
• Anormalidade EAS
• Distúrbio gestacional (pré-eclampsia) -A eletroforese das proteínas séricas e urinárias à
procura do mieloma múltiplo deve ser realizada em
-É importante colher história de fármacos utilizados, todos os pacientes com mais de 35 anos e DRC
como: inexplicável, principalmente se houver anemia
• AINES associada e níveis altos ou inadequadamente normais
• Antimicrobianos de cálcio em presença de insuficiência renal.
• Penicilamina - Nos pacientes com glomerulonefrite, as doenças
• Quimioterápicos autoimunes (p. ex., lúpus) e as etiologias infecciosas (p.
• IBP ex., hepatites B e C e infecção por HIV) subjacentes
• Exposição previa a radiocorantes devem ser investigadas.
-Durante a avaliação da síndrome urêmica, deve -Deve fazer avaliações repetidas da função renal para
perguntar sobre: avaliar a velocidade de deterioração e confirmar se a
doença é crônica, aguda ou subaguda.
• Apetite
• Emagrecimento -As concentrações séricas:
• Náusea
• Cálcio
• Vomito
• Fósforo
• Soluço
• vitamina D
• Edema periférico
• PTH
• Cãiba
• Prurido -Devem ser determinadas para avaliar doença óssea
• Pernas inquietas metabólica.

-Deve se perguntar a respeito de história familiar -A concentração de:


patológica, se algum familiar já apresentou DRC.
• Hemoglobina
-É importante fazer um interrogatório sintomatológico • Níveis de ferro
de todos os sistemas. • B12
• Folato
-Exame físico:
-A coleta da urina por 24 horas pode ser útil, tendo
-Deve enfatizar a PA, lesão de órgão-alvo decorrente da
em vista que a excreção proteica > 300 mg pode
hipertensão. Desse modo deve realizar exame de
ser uma indicação para tratamento com inibidores
fundo de olho e do precórdio (batimento ventricular
da ECA ou BRA.
esquerdo e quarta bulha).
-Exame de imagem:
-Deve avaliar presença de edema e polineuropatias
sensorial. -O mais indicado é a USG. Permite verificar a
presença dos dois rins, determinar se são
simétricos, obter uma estimativa das dimensões
Everaldo Leite 10

renais e excluir a existência de massas renais e -Mesmo na presença de uma DRC, há possibilidade de
indícios de obstrução. um processo agudo sobreposto (ex. depleção do VLEC,
obstrução, infecção, ou exposição a uma nefrotoxina)
-Para os rins diminuírem de tamanho lesa um
agravando a condição crônica do paciente.
tempo, então se presenta na USG rins pequenos
indicam DRC de longa duração com componente - Se a história sugerir várias manifestações sistêmicas
irreversível de retração fibrótica. de início recente (p. ex., febre, poliartrite e erupção
cutânea), deve-se supor que a insuficiência renal faça
-Caso as dimensões dos rins sejam normais é
parte do processo agudo.
possível que seja uma LRA ou subaguda.
- Alguns dos exames laboratoriais e dos exames de
-Se houver suspeita de nefropatia por refluxo
imagens citados anteriormente podem ser úteis.
(infecções urinárias recidivantes na infância, rins
Indícios de doença óssea metabólica com:
com dimensões assimétricas e cicatrizes nos polos
renais), pode-se indicar uma cistografia miccional. • Hiperfosfatemia
• hipocalcemia
- Os exames radiográficos contrastados não são
• níveis altos de PTH
particularmente úteis à investigação da DRC.
• fosfatase alcalina óssea
-Biopsia renal:
-Ambos sugerem cronicidade.
- Nos pacientes com rins pequenos bilateralmente,
-Anemia normocrômica e normocítica indica que o
a biópsia renal não é recomendável porquê:
processo possa estar evoluindo há algum tempo.
• É tecnicamente difícil e tem maior
- A detecção de rins bilateralmente pequenos (< 8,5 cm
tendência a provocar sangramento e
em qualquer adulto, exceto nos indivíduos pequenos)
outras consequências desfavoráveis;
sugere DRC.
• Geralmente há tanta fibrose que a doença
primária não pode ser definida; - Sem o diagnóstico clínico, a biópsia renal pode ser o
• As chances de iniciar um tratamento para único recurso para determinar a etiologia da DRC em
a doença específica já são nulas. estágio inicial. Contudo, como já foi salientado, quando
a DRC está avançada e os rins são pequenos e retraídos,
-Hipertensos descontrolados não devem realizar
há pouca utilidade e risco significativo em tentar
biopsia.
chegar a um diagnóstico específico.
- biópsia percutânea orientada pela ultrassonografia é
a abordagem preferível, mas a técnica cirúrgica ou
laparoscópica pode ser considerada, especialmente
para os pacientes com rins únicos, nos quais a
visualização direta e o controle do sangramento são
cruciais

-Confirmação do diagnostico e da etiologia da DRC:

-A etapa mais importante no diagnostico de um


paciente com níveis séricos de creatinina aumentada é
diferenciar entre DRC, insuficiência renal aguda ou -Tratamento doença renal crônica:
subaguda.
- Os tratamentos dirigidos às causas específicas da DRC
-Pacientes agudos ou subagudos respondem ao estão descritos em outros capítulos. Isso inclui, entre
tratamento da especifico da doença subjacente. outros, o controle rigoroso da glicemia dos pacientes
-É importante ter exames prévio de creatinina sérica. diabéticos, o uso de agentes imunomoduladores na
Valores normais de até 365 dias sugerem que essa glomerulonefrite e a utilização das novas modalidades
elevação atual seja decorrente de uma LRA. Caso os de tratamento específico para retardar a citogênese na
resultados prévios indiquem a creatinina elevada, esse doença renal policística. Em geral, a ocasião ideal para
aumento atual significa uma evolução crônica. iniciar o tratamento é muito antes que haja declínio
Everaldo Leite 11

detectável da TRG e certamente antes que a DRC esteja -A pressão arterial elevada agrava a proteinúria porque
bem estabelecida (Quadro 11.6). aumenta o fluxo através dos capilares glomerulares.

-Em todos os pacientes, é útil determinar - Os inibidores de ECA e os BRA inibem a vasoconstrição
repetidamente a TFG e colocar os resultados em um das arteríolas eferentes da micro circulação
gráfico que expresse a taxa de declínio. glomerular, que é induzida pela angiotensina. Essa
inibição possibilita a redução da pressão de filtração
-Qualquer aceleração da taxa de declínio deve levar à
intraglomerular e da proteinúria.
investigação imediata de processos agudos ou
subagudos superpostos e potencialmente reversíveis, - Esse retardo da progressão da DRC está diretamente
inclusive depleção do VLEC, hipertensão associado ao efeito redutor da proteinúria. Quando
descontrolada, infecção do trato urinário, uropatia não há resposta antiproteinúrica com a utilização
obstrutiva de início recente, exposição aos fármacos isolada de um desses fármacos, pode-se tentar o
nefrotóxicos [como anti-inflamatórios não esteroides tratamento combinado com inibidores de ECA e BRA.
(AINEs) ou contraste radiográfico] e reativação ou
-Controle da glicemia:
agravamento da doença original (p. ex., lúpus ou
vasculite). -Controle glicêmico rigoroso reduz o risco de doença
renal e sua progressão no diabetes melito tipos 1 e 2.

-Controle pressão arterial e proteinúria:

- A hipertensão é detectada na maioria dos pacientes


com diabetes tipo 2 por ocasião do diagnóstico. Essa
anormalidade correlaciona-se com a presença de
albuminúria e é um forte preditor de eventos
cardiovasculares e nefropatia. A microalbuminúria
(albumina urinária indetectável pelo teste da fita na
urina) precede ao declínio da TFG e prenuncia
complicações renais e cardiovasculares. A pesquisa de
microalbuminúria é recomendável para todos os
pacientes diabéticos, ao menos anualmente.

-Se o paciente já tiver proteinúria detectável, a


pesquisa para microalbuminúria será desnecessária.

-Como retardar a progressão da DRC: -Tratamento anti-hipertensivo reduz a albuminúria e


retarda sua progressão, mesmo nos pacientes
-Redução da hipertensão intraglomerular e da diabéticos normotensos. Além do tratamento da
proteinúria: hipertensão em geral, a utilização dos inibidores de
-As pressões de filtração intraglomerular elevadas e a ECA e dos BRA em especial está associada à
hipertrofia dos glomérulos ocorrem como respostas à nefroproteção adicional.
perda quantitativa dos néfrons em virtude das -Restrição proteica:
diferentes doenças renais. Essas respostas são
desajustadas porque estimulam o declínio persistente - Embora a restrição proteica tenha sido recomendada
da função renal, mesmo que o processo para atenuar os sinais e os sintomas da uremia, esta
desencadeante tenha sido tratado ou tenha regredido medida também pode retardar a taxa de declínio da
espontaneamente. função renal nos estágios iniciais da nefropatia.

-O controle da hipertensão sistêmica e intraglomerular - Esse conceito está baseado em evidências clínicas e
é importante para retardar a progressão da DRC. Por experimentais sugestivas de que a hiperfiltração
essa razão, além de reduzir o risco de doença mediada pelas proteínas contribua para o declínio
cardiovascular, o tratamento anti-hipertensivo dos progressivo da função renal em muitos tipos de doença
pacientes com DRC também tem como objetivo renal. Alguns estudos demonstraram que a restrição
retardar a progressão da lesão dos néfrons por meio da proteica possa ser efetiva para retardar a progressão
diminuição da hipertensão intraglomerular.
Everaldo Leite 12

da DRC, principalmente nos casos de nefropatia


diabética com proteinúria.

- As proteínas são decompostas e formam escórias


nitrogenadas e, deste modo, a redução da ingestão
dietética de proteínas diminui os níveis de ureia
sanguínea e atenua os sintomas do paciente

Obs: A doença renal crônica é definida por lesão renal


diagnosticada ou TFG menor que 60 mℓ/min/1,73 m2
há 3 meses ou mais, enquanto a definição de
insuficiência renal é dada por TFG menor que 15
mℓ/min/1,73 m2, geralmente acompanhada da
maioria dos sinais e sintomas de uremia, ou com
necessidade de iniciar terapia renal substitutiva.

-Referencia:

Livro: Harrison nefrologia

Livro: PORTH
APG18
Everaldo Leite 1

Doenças glomerulares- Glomerulonefrite • Pressão hidrostática capsular: Joga o


conteúdo da capsula para a arteríola.
• Pressão coloideosmotica glomerular: Puxa o
conteúdo da capsula para o capilar.
• Pressão coloideosmotica da capsula: Puxa o
conteúdo da arteríola para capsula.
Geralmente essa pressão é zero, visto que o
normal é não ter proteínas na capsula.

-Essa pressão coloidosmotica é feita pelas proteínas


puxando a água.

-Membrana glomerular:

-Doenças glomerulares:

-Os dois rins humanos contêm cerca de 1,8 milhão de


tufos de capilares glomerulares. Cada tufo glomerular
está localizado dentro do espaço de Bowman.

-A cápsula que circunscreve esse espaço é revestida


por células epiteliais parietais, que realizam a transição
para os epitélios tubulares formando o néfron proximal
ou que migram até o tufo para a reposição dos
podócitos. O tufo de capilares glomerulares deriva de
uma arteríola aferente que forma um leito capilar
ramificado embutido na matriz mesangial. Essa rede
capilar se afunila e se transforma em uma arteríola
eferente, que transfere o sangue filtrado para dentro
dos capilares peritubulares corticais ou de vasa recta
medulares responsáveis pela irrigação e pela troca com
uma arquitetura tubular pregueada. Esta é a razão pela
qual o tufo de capilares glomerulares, alimentado e
drenado por arteríolas, representa um sistema portal
arteriolar.

-Células endoteliais fenestradas apoiadas sobre a


membrana basal glomerular (MBG) revestem os
capilares glomerulares.

-A superfície externa dos capilares, logo após a


-Filtração glomerular: membrana basal, é recoberto pelos Pedicelos que são
projeções dos podócitos.
-Forças de Starling:
-Os capilares glomerulares filtram 120-180 L/dia de
• Pressão hidrostática glomerular: Joga o água plasmáti- ca contendo vários solutos que deverão
conteúdo da arteríola para capsula de ser recuperados ou expelidos pelos túbulos a jusante.
bawman. A maioria das grandes proteínas e todas as células são
Everaldo Leite 2

excluídas da filtração por uma barreira físico-química secundário aos efeitos duradouros da hiperglicemia,
governada pelo tamanho dos poros e pela carga aos produtos finais da glicosilação avançada e a
eletrostática negativa (as proteínas tem carga negativa, espécies de oxigênio reativas.
portanto, negativo com negativo se repelem e então
-A inflamação dos capilares glomerulares é
não pode ser filtrada).
denominada glomerulonefrite.
-A mecânica da filtração e da recuperação é bastante
-A maioria dos antígenos glomerulares ou mesangiais
complicada para muitos solutos. Por exemplo, no caso
envolvidos na glomerulonefrite imunomediada é
da albumina sérica, o glomérulo é uma barreira
desconhecida (Fig. 15.2). As células epiteliais e
imperfeita. Apesar de a albumina ter uma carga
mesangiais glomerulares podem descamar ou
negativa, que tenderia a repelir a MBG (membrana
expressar epítopos (menor porção de um antígeno
glomerular) carregada negativamente, ela possui
capaz de gerar resposta imune) que simulam outras
apenas um raio físico de 3,6 nm, enquanto os poros da
proteínas imunogênicas produzidas em outros locais
MBG e das membranas com fendas e poros têm um
no corpo. Bactérias, fungos e vírus podem infectar
raio de 4 nm.
diretamente os rins, produzindo seus próprios
-Consequentemente, quantidades variáveis de antígenos.
albumina atravessam inevitavelmente a barreira de
-Doenças autoimunes como a glomerulonefrite
filtração para serem recuperadas pelos receptores da
membranosa (GNM) idiopática ou a GNMP estão
megalina e da cubilina ao longo do túbulo proximal.
confinadas ao rim, enquanto doenças inflamatórias
-A gama de doenças que afetam o glomérulo é extensa, sistêmicas, como a nefrite lúpica ou a granulomatose
pois os capilares glomerulares podem ser lesionados com poliangiite (de Wegener) se propagam para o rim,
de várias maneiras, produzindo muitas lesões causando uma lesão glomerular secundária.
diferentes e várias alterações singulares no exame de
-A doença antimembrana basal glomerular que produz
urina. Pode ser colocada alguma ordem nesse tópico
a síndrome de Goodpasture lesiona principalmente o
tão extenso agrupando todas essas doenças em um
pulmão e o rim por causa da estreita distribuição do
menor número de síndromes clínicas.
domínio a3 NC1 do colágeno tipo IV que é o antígeno-
-Patogenia das doenças glomerulares: alvo.

-Existem muitas formas de doenças glomerulares com -A ativação local de receptores Toll-like (receptores de
uma patogenia que se relaciona de maneira variável superfície presente nas células de defesa) nas células
com a presença de: glomerulares, a deposição de imunocomplexos, ou a
lesão infringida pelo complemento às estruturas
• mutações genéticas glomerulares induz a infiltração de células
• infecção mononucleares, que subsequentemente produz uma
• exposição a toxinas resposta imune adaptativa atraída ao rim pela
• autoimunidade liberação local de quimiocinas. Neu- trófilos,
• aterosclerose macrófagos e células T são atraídos pelas quimiocinas
• hipertensão para o interior do tufo glomerular, onde reagem com
• embolia antígenos e epitopos sobre ou próximo às células
• trombose somáticas ou suas estruturas, produzindo mais
• diabetes melito citocinas e proteases que lesionam o mesângio, os
capilares e/ou a MBG.
-A hipertensão sistêmica e a aterosclerose podem
produzir um estresse tensional, isquemia ou oxidantes -Os antígenos apresentados pelas moléculas do
lipídicos que dão origem a uma glomerulosclerose complexo de histocompatibilidade principal (MHC)
crônica. A hipertensão maligna pode rapidamente classe II nos macrófagos e nas células dendríticas em
complicar a glomerulosclerose com necrose fibrinoide combinação com moléculas de reconhecimento
das arteríolas e dos glomérulos, microangiopatia associativas participam do repertório das células T
trombótica e insuficiência renal aguda. CD4/8.

-A nefropatia diabética é uma lesão esclerótica


adquirida associada ao espessamento da MBG
Everaldo Leite 3

-As síndromes nefríticas agudas se manifestam


classicamente com:

• Hipertensão
• Hematúria* Macro ou Micro
• Cilindros hemáticos
• Piúria
• Proteinúria leve a moderada (Subnefrotica-
quantidade menor que 150mg a 3500mg por
dia).
• Oliguria
• Edema

-O dano inflamatório extenso dos glomérulos causa


uma queda da TFG e, por fim, produz sintomas
urêmicos com retenção de sal e de água, resultando em
edema e hipertensão.

-A rápida evolução das tecnologias moleculares,


genéticas e de gestão de dados levou ao entendimento
de que a maioria das formas imunomediadas da GN
tem um componente autoimune e está associada a
fatores de risco genético que determinam como o
indivíduo reagirá diante de estímulos ambientais e se
tal resposta incluirá elementos que resultem em lesões
imunomediadas ao glomérulo.
-Ver parte de doenças glomerulares.

-Síndrome nefrítica aguda:

-Existem 8 mecanismos que podem causar


glomerulonefrite:

• GN pós-infecciosa
• Nefropatia por IgA
• Doença por anticorpo antimembrana basal
glomerular (anti-MBG)
• Vasculite associada a ANCA (VAA)
• Nefrite lúpica
• GN membranoproliferativa
• GN mesangioproliferativa
• Endocardite

-Apesar da(s) etiologia(s) da maioria dos casos de GN


permanecer indefinida, acredita-se que seu início se
deva, em grande parte, a insultos ambientais,
particularmente na forma de processos infecciosos que
deflagram respostas de hospedeiro em indivíduos
geneticamente suscetíveis, levando assim a quadros de
GN.
Everaldo Leite 4

granulosos de IgG, IgM, C3, C4 e C5.9, e depósitos


subepiteliais (que aparecem como humps).

-Obs. Doença de Berger (mediada por IgA).

-Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica (Pós-


infecciosa):

-É uma sequela tardia da infecção pelo estreptococo


beta-hemolitico do grupo A.
-Mecanismo patogênico da GNPE: Envolve o
-A glomerulonefrite pós-estreptocócica é um protótipo aprisionamento glomerular passivo de
para a glomerulonefrite proliferativa endocapilar imunocomplexos circulantes (ICC) compostos por
aguda. antígenos bacterianos nefritogênicos e anticorpos IgG,
ativação do complemento por IgG através da via
-A glomerulonefrite pós-estreptocócica aguda nos clássica e atração e ativação de neutrófilos que liberam
países subdesenvolvidos afeta habitualmente crianças oxidantes, proteases e armadilhas extracelulares
entre 2 e 14 anos de idade, ao passo que, nos países neutrofílicas (NETs), que conjuntamente produzem
desenvolvidos, a sua ocorrência é mais típica no idoso, lesões no tecido glomerular. Essa GN são as únicas que
particularmente em associação a condições antígenos exógenos estão associadas aos ICC.
debilitantes.
-Outra teoria que explica a patogenicidade seria a
-As infecções da pele e da garganta por determinados deposição de antígenos bacterianos na membrana
tipos M de estreptococos (cepas nefritogênicas) basal glomerular, logo vem os anticorpos formando o
precedem a doença glomerular; os tipos M 47, 49, 55, complexo in situ. Teoria mais aceita.
2, 60 e 57 são observados após o impetigo e os tipos M
1, 2, 4, 3, 25, 49 e 12 com a faringite. A -Fenômenos autoimunes certamente são observados
glomerulonefrite pós-estreptocócica devida a um na GNPE, incluindo fatores reumatoides de IgG e IgM,
impetigo se manifesta 2 a 6 semanas após uma crioglobulinas, anticorpo anti-DNA, anti-C1q e
infecção cutânea ela 3 semanas após uma faringite anticélula endotelial, anti-C3 convertase (C3Nef),
estreptocócica. antireceptor de plasminogênio associado a nefrite e
outros.
-Biópsia renal na glomerulonefrite pós-estreptocócica
demonstra hipercelularidade das células mesangiais e -Foram propostos muitos antígenos candidatos ao
endoteliais, infiltrados glomerulares de leucócitos longo dos anos; os candidatos de estreptococos
polimorfonucleares, depósitos imunes subendoteliais nefritogênicos de interesse no momento são: uma
cisteína proteinase catiônica, conhecida como
exotoxina B estreptocócica pirogênica (SPEB), que é
gerada por proteólise de um precursor zimogênio
(zSPEB), e o NAPIr, o receptor de plasmina (enzima
presente no sangue que degrada muitas proteínas
plasmáticas) associado à nefrite. Esses dois antígenos
possuem afinidade bioquímica pela plasmina, ligam-se
como complexos facilitados por essa relação, e ambos
ativam a via alternativa do complemento. O antígeno
Everaldo Leite 5

nefritogênico, a SPEB, foi demonstrado no interior das -O tratamento consiste em medidas de suporte, com
humps subepiteliais em biópsia. controle da hipertensão , do edema e realização de
diálise, quando necessária. Pode utilizar furosemida
-As manifestações clássicas é um quadro de nefrite
para edema e consequentemente trata hipertensão,
aguda, como:
caso não resolva a hipertensão é indicado uso de
• Hematúria (com dismorfismo eritrocitário) Hidralazina (dilatador sistêmico).
• Piúria -Suspender sal e não aplicar soro.
• Cilindros hemáticos: proteínas tam-horsfall
presentem no túbulo coletor agrega nas -Não usar IECA, paciente está filtrando pouco e a IECA
hemácias, gerando certo acumulo formando dilata arteríola eferente piorando a filtração.
cilindro.
-O tratamento antibiótico não é indicado, visto que o
• Edema
GNPE seria uma complicação tardia dessa infecção, só
• Hipertensão usa em caso de cultura positiva de pelo ou orofaringe.
• Oligúria
-A resolução completa da hematúria e da proteinúria
-Obs: Caso no EAS venha hematúria, esse sangue pode na maioria das crianças ocorre dentro de 3-6 semanas
ser de origem vesical, caso venha com presença de após o início da nefrite, porém 3 a 10% das crianças
dismorfismo eritrocitário e cilindros hemáticos, podem apresentar hematúria microscópica
indicara que o sangue é devido lesão glomerular. persistente, proteinúria não nefrótica ou hipertensão.
-Oliguria é devido a ativação do sistema complemento
causar migração de células inflamatórias para os
glomérulos, vai superlotar os glomero de células
inflamatórias reduzindo o espaço onde ocorre a
filtração. Como paciente deixa de filtrar (reduz),
começa a acumular liquido, como consequência o
paciente fica edemaciado, causando hipertensão
arterial.

-Com a redução da infiltração, acumula ureia e


creatinina causando azotemia.

- Sintomas sistêmicos são relatados em até 50% dos


pacientes. Devido abaulamento da capsula renal:

• Cefaleia -Endocardite bacteriana aguda:


• mal-estar -A glomerulonefrite associada à endocardite constitui
• anorexia uma complicação da endocardite bacteriana subaguda,
• dor no flanco particularmente nos pacientes que não são tratados
-As culturas positivas para infecção estreptocócica por um período prolongado, que possuem
estão presentes de forma inconsistente (10 a 70%), hemoculturas negativas ou que sofrem de endocardite
porém os títulos aumentados de ASO (30%), de anti- do lado direito.
DNAase (70%) ou de anticorpos anti-hialuronidase -Glomerulonefrite é incomum na endocardite aguda,
(40%) podem ajudar a confirmar o diagnóstico. pois leva de 10-14 dias para elaborar uma lesão
-Então, laboratorialmente pede anticorpos ASLO (mais mediadas por imunocomplexos, época na qual o
especifico para faringite) e anti-DNAase B (mais paciente já estaria tratado.
especifico para piodermite). -Macroscopicamente na endocardite bacteriana
-Paciente com GNPE apresenta baixa no complemento. subaguda, os rins apresentam hemorragia subcapsular
Devido consumo do complemento. com aspecto de ‘’picada de pulga’’ e a microscopia da
biópsia renal revela proliferação focal ao redor de
-Obs: GN por IgA não consome complemento. focos de necrose associados a abundantes depósitos
Everaldo Leite 6

imunes mesangiais, subendoteliais e subepiteliais de -Classificação da nefrite lúpica:


IgG, IgM e C3.

-A patogenia tem como alicerce a deposição renal de


imunocomplexos circulantes no rim com ativação do
complemento.

-Os pacientes se apresentam com:

• hematúria macroscópica ou microscópica,


• piúria
• ligeira proteinúria
• GNRP com perda rápida da função renal.
• anemia normocítica
• velocidade de hemossedimentação elevada
• hipocomplementemia
• altos títulos do fator reumatoide
• crioglobulinas tipo III
• imunocomplexos circulantes

-O tratamento primário consiste na erradicação da


infecção com 4-6 semanas de antibióticos e, se isso for
realizado com rapidez, o prognóstico para a
-Doença antimembrana basal glomerular (anti-MBG):
recuperação renal é bom.
-Os pacientes que desenvolvem anticorpos dirigidos
-Nefrite lúpica:
contra os antí- genos da membrana basal desenvolvem
-Seria uma complicação do lúpus eritematoso com frequência uma glomerulonefrite denominada
sistêmico. doença antimembrana basal glomerular (anti-MBG).
-A nefrite lúpica resulta do depósito de -Quando se apresentam com hemorragia pulmonar e
imunocomplexos circulantes, que ativam a cascata do glomerulonefrite, eles apresentam uma síndrome
complemento e resultam em lesão mediada pelo pulmonar-rim denominada Síndrome Goodpasture.
complemento, infiltração de leucócitos, ativação dos
-A realização de uma biópsia renal urgente é
fatores pró-coagulantes e liberação de várias citocinas.
importante nos casos com suspeita de síndrome de
A formação de imunocomplexos in situ após a ligação
Goodpasture para confirmar o diagnóstico e
glomerular dos antígenos nucleares, particularmente
determinar o prognóstico.
nucleossomos necróticos, também desempenha algum
papel na lesão renal. -Com a progressão dessas lesões, haverá uma nefrite
intersticial concomitante com fibrose e atrofia tubular.
-A presença de anticorpos antifosfolipídios também
pode desencadear uma microangiopatia trombótica -A síndrome de Goodpasture se manifesta em dois
em uma pequena minoria dos pacientes. grupos etários:
-As manifestações clínicas, a evolução da doença e o • homens jovens no final de sua terceira década
tratamento da nefrite lúpica estão intimamente • homens e mulheres em suas sétima e oitava
relacionados com a patologia renal. décadas
-O sinal clínico mais comum de doença renal: - A doença no grupo etário mais jovem costuma ser
• proteinúria explosiva, com:
• hematúria • hemoptise
• hipertensão • queda brusca da hemoglobina
• graus variáveis de insuficiência renal • febre
• sedimento urinário ativo com cilindros • dispneia
hemáticos • hematúria
Everaldo Leite 7

-Os pacientes tratados com doença menos grave, em -A IgM, a IgG, o C3 ou cadeias leves das
geral, respondem a 8-10 tratamentos de plasmaférese imunoglobulinas podem se codistribuir com IgA. A IgA
acompanhados por prednisona oral e de ciclofosfamida depositada no mesângio é polimérica e da subclasse
nas duas primeiras semanas. O transplante de rim é IgAl, cujo significado patogênico ainda não foi
possível, porém e por causa do risco de recidiva, a esclarecido. Foram descritas anormalidades na
experiência sugere que os pacientes devam esperar 6 produção de IgA pelos plasmócitos, particularmente a
meses e até que não sejam mais identificáveis IgA secretória; na depuração de IgA,
anticorpos séricos. predominantemente pelo fígado; na depuração
mesangial de IgA e nos receptores para IgA; e nos
-O regime de tratamento recomendado consiste em
eventos mediados por fatores de crescimento e por
corticosteroides, inicialmente em pulsoterapia
citocinas.
endovenosa com 1000 mg três vezes ao dia,
ciclofosfamida oral e troca de plasma, geralmente -As duas manifestações clinicas mais comuns da
realizada diariamente ou em dias alternados durante nefropatia por IgA, são:
duas a três semanas até que o anticorpo anti-MBG não
• Episódios recorrentes de hematúria
seja mais detectado soro.
macroscópica durante ou imediatamente após
-Nefropatia por IgA: uma infecção do trato respiratório superior.
• Frequentemente acompanhados de
-Ela se caracteriza classicamente por hematúria
proteinúria ou hematúria microscópica
episódica associada à deposição de IgA no mesângio.
assintomática persistente.
-É uma das formas mais comuns de glomerulonefrite
-A nefropatia por IgA é uma doença benigna para a
em todo mundo.
maioria dos pacientes, e 5 a 30% dos pacientes podem
-Depósitos de IgA também são encontrados no sofrer remissão completa, enquanto outros
mesângio glomerular em uma variedade de doenças apresentram hematúria, porém com função renal bem
sistêmicas, incluindo a doença hepática crônica, a preservada.
doença de Crohn, o adenocarcinoma gastrintestinal, a
-tratamento: Os benefícios do bom controle da pressão
bronquiectasia crônica, a pneumonia intersticial
arterial e da redução da excreção urinária de proteína
idiopática, a dermatite herpetiforme, a micose
para < 500 mg/ dia com seis meses de tratamento
fungoide, a hanseníase, a espondilite anquilosante, a
conservador com inibidores da ECA e/ou bloqueadores
policondrite recidivante e a síndrome de Sjogren. A
dos receptores da angiotensina estão firmemente
deposição de IgA nessas condições não causam uma
estabelecidos como o único tratamento necessário
inflamação glomerular clinicamente significativa nem a
para mais de 75% dos pacientes.
uma disfunção renal e assim, não recebe designação de
nefropatia por IgA. -Amigdalectomia, terapia esteroide e óleo de peixe
foram todos sugeridos em pequenos estudos como
-A nefropatia por IgA é uma glomerulonefrite mediada
benéficos em pacientes selecionados com nefropatia
por imu- nocomplexos definida pela presença de
por IgA. Quando se manifesta como GNRP, os
depósitos mesangiais difusos de IgA frequentemente
pacientes recebem esteroides, agentes citotóxicos e
associados a hipercelularidade mesangial.
plasmaférese.

-Vasculite de pequenos vasos induzidos por ANCA:

-Um grupo de pacientes com vasculite dos pequenos


vasos (arterío-las, capilares e vênulas; raramente
pequenas artérias) e glomerulonefrite possui
anticorpos séricos contra o citoplasma de neutrófilos
(ANCA); os anticorpos são de dois tipos, antiproteinase
3 (PR3) ou antimieloperoxidase (MPO). Os ANCA são
produzidos com ajuda das células T e ativam os
leucócitos e os monócitos, que, juntos, lesionam as
paredes dos pequenos vasos.
Everaldo Leite 8

-A lesão endotelial também atrai mais leucócitos e -Manifestações clinicas:


exacerba a inflamação.
• Proteinúria
-Como a taxa de mortalidade apresenta-se alta sem • Hematúria
tratamento, praticamente todos os pacientes recebem
tratamento de urgência. A terapia de indução inclui -A doença mesangioproliferativa pode ser observada
habitualmente alguma combinação de plasmaférese, na nefropatia por IgA, na malária por Plasmodium
metilprednisona e ciclofosfamida. falciparum, na glomerulonefrite pós- -infecciosa em
fase de resolução e na nefrite classe II devida ao lúpus,
-Glomerulonefrite membranoproliferativa: todas as quais podem ter um aspecto histológico
semelhante.
-A GNMP às vezes é denominada glomerulonefrite
mesangiocapilar ou glomerulonefrite lobular. Trata-se -Existe pouca concordância quanto ao tratamento,
de uma glomerulonefrite de mediação imune porém alguns relatos clínicos sugerem algum benefício
caracterizada pelo espessamento da MBG com proporcionado pelo uso de inibidores do sistema
alterações mesangioproliferativas; 70% dos pacientes renina-angiotensina, na terapia com esteroides e até
exibem hipocomplementemia. mesmo nos agentes citotóxicos.
-A GNMP é subdividida patologicamente em doença
tipo I, tipo II e tipo III.

-Referencias:

Livro: Harrison

Artigo:
https://www.scielo.br/j/jbn/a/P6q7M7htdCZqJtQWC
DWtRZQ/?format=pdf&lang=pt

-Glomerulonefrite mensangiopriliferativa:

-A glomerulonefrite mesangioproliferativa caracteriza-


se pela expansão do mesângio, às vezes associada a
uma hipercelularidade mesangial; paredes capilares
finas, únicas e contornadas; e depósitos imunes
mesangiais.
APG19
Everaldo Leite 1

Síndrome nefrótica -Nessa lipidúria o sedimento urinário apresenta com


corpos graxos ovalados (células epiteliais com gotículas
de gordura) e cilindros graxos (formado por tais células
-Definição: aderidas a proteínas Tam-Horsefall).

-É um conjunto de sinais, sintomas e achados -Essa hiperlipidemia nefrótica contribui para processos
laboratoriais que se desenvolvem, quando por alguma aterogênicos e suas complicações (risco 5x maior de
razão ocorrem: doença coronariana).

• Aumento patológico exagerado da -A hiperlipidemia e lipidúria persistentes são fatores de


permeabilidade glomerular às proteínas, risco para perda função renal.
levando a proteinúria maciça (>3,5g/24h)
-Esa hipeproteinúria pode causar urina espumosa,
-Ocorre de forma insidiosa, diferente da nefrítica. podendo ser uma das primeiras queixas do paciente.

-Obs: Paciente sem HAS e Diabetes chega ao -Normal é perder em 24horas até 150g de proteínas.
consultório com urina espumosa. Desconfiar ne S.
-A síndrome nefrótica não é devido imunocomplexos,
Nefrótica.
são lesões que causam aumento da permeabilidade
-Obs: A S. Nefrítica mesmo que seja definido como uma glomerular. Podendo ser lesão podocitária e basal
proteinúria <3,5g, quase nunca passa de 2,5g. Caso glomerular.
paciente apresentes entre 2,5 e 3,5 suspeitar de S.
-Essa proteinúria maciça é o estigma dessa síndrome,
Nefrótica.
diferente da nefrítica que seria a hematúria.
-Proteinúria de faixa nefrótica: proteinúria de 24 horas
-Caso não seja feito o diagnostico e tratamento o
superior a 3,5 g/1.73 m2 de superfície corporal (ou
paciente pode ter lesão progressiva glomerular,
maior que 50 mg/kg de peso/dia em crianças).
reduzindo a TFG, levando a insuficiência renal.
-Manifestações clássicas da síndrome nefrótica:
-Todos os pacientes com hipercolesterolemia
• 1º Proteinúria maciça: >3,5g secundária à síndrome nefrótica devem ser tratados
• 2º Hipoalbuminemia com agentes redutores dos lipídios, visto que correm
• 3º Edema: Anasarca maior risco de doença cardiovascular. Nistatina?
• 4º Hiperlipidemia -O edema secundário a retenção de sal e água pode ser
• 5º Lipidúria controlado com tratamento diurético.
• Hematúria mínima: Não é comum
• Hipertensão -As complicações venosas secundárias ao estado
hipercoagulável associado à síndrome nefrótica
-Geralmente os acontecimentos ocorrem nessa podem ser tratadas com anticoagulantes.
sequência. (do 1º ou 5º). Paciente perdendo muita
proteína, como consequência terá uma -A proteinúria é nefrotóxica, seu tratamento com
hipoalbiminemia (sangue), com pouca albumina no inibidores do SRAA reduz a excreção urinaria de
sangue, a pressão oncótica diminui e com isso perde proteínas.
liquido para o terceiro espaço, levando ao edema.
Quando baixa o nível de albumina no sangue, o fígado
começa a sintetizar mais albumina, mesmo assim não
consegue compensar as perdas. Logo aumento o
colesterol (principalmente o LDL), esse aumento de
lipídeos ocorre devido o fígado estar produzindo mais
lipoproteínas, o fígado ao aumentar a síntese de
albumina, devido hipoalbuminemia, como ele não é
seletivo, começa sintetizar outras substancias,
inclusive lipoproteínas. Logo o aumento do lipídeo no
sangue, aumenta na urina, causando lipidúria.
Everaldo Leite 2

-Quais patologias primarias de base cursam com a


síndrome nefrótica?

Para ter confirmação é preciso fazer biopsia, outros


exames dão um norte de qual doença seria para poder
tratar a causa base, sem precisar biopsiar todos.

-Assim como a síndrome nefrítica, a síndrome nefrótica


pode ser primaria ou secundaria a alguma doença base.
A casas secundarias podem ser secundaria a fatores
extra-renal, como:

• Medicamentos
• Infecções
• Neoplasias (*mieloma)
• Doenças multissistêmicas (lúpus*)
-Imagem mostra evolução do edema, a DLM e as
• Distúrbio hereditário
demais evoluem com edema osmótico e a GESF com
edema pressórico. -A síndrome nefrótica primaria é classificado em cinco
formas principais:
-Existem 2 mecanismos para explicar o edema:
• Glomeruloesclerose focal e segmentar (GESF):
• Underfilling: ocorrem em sequência
35%
hipoalbuminemia, redução da pressão
• Glomerulopatia amiloidosa: 30%
oncótica que em determinado nível provoca
hipovolemia, ativação do sistema renina- • Doença de lesão mínima (DLM): 15%
angiotensina-aldosterona (RAA), retenção de • Glomerulonefrite membranoproliferativa
sódio e formação de edema; (GNMP): 15%
• Overflow: não há hipovolemia e o componente • Glomerulonefrite mesangioproliferativa: 10%
determinante do edema é a intensa retenção -Obs. Em crianças a mais comum é DLM.
de sódio (e não a hipoalbuminemia) que ocorre
em nível de túbulo distal. Um estado de -Investigação paciente com Síndrome Nefrótica:
resistência à ação do peptídeo natriurético • Sorologia HIV
atrial (PNA) parece ser o principal fator
• Sorologia hepatites B e C
associado ao balanço positivo de sódio, que
• Lúpus (marcador FAN)
acarreta um aumento do volume plasmático e
• Diabetes
da filtração glomerular, levando ao edema.
• HAS
-Pode utilizar diuréticos para reduzir edema. • Neoplasias
• Medicamentos

-Tratamento Síndrome Nefrótica:


Everaldo Leite 3

-Vai depender da causa base, só descobre com biopsia


renal.

-Tratamento geral, usa bastante;

• Corticoide
• IECA/BRA
• Estatina

-Doença de lesão mínima (DLM):

-Mais comum em crianças/ edema osmótico/Trat.:


Apenas corticoide.
-Manifestações clinicas:
-Obs. Paciente com lesão mínima é hipotenso.
• Edema (súbito)
-É uma das principais de síndrome nefrótica em • Síndrome nefrótica
crianças, responsável por 70 a 90% dos casos. É • Sedimento urinário acelular
incomum em adultos, responsável por apenas 15%.
-Na hipoalbuminemia grave a excreção urinaria de
-Essa doença pode manifestar-se de forma primaria ou proteína de 24horas é de 10 gramas.
secundária a outras condições, como:
-Sintomas menos comum:
• Doença de Hodgkin
• Alergia • Hipertensão (50% adultos e 30% crianças)
• Uso de AINES • Hematúria microscópica (20% crianças e 30%
• Nefrite intersticial significativa adultos)
• Sintomas alérgicos (40% crianças e 30%
-Na biopsia renal, a DLM não mostra lesão glomerular adultos)
obvia na microscopia óptica, ocasionalmente mostra • Função renal reduzia (5% crianças e 30%
depósitos de IgM no mesângio, pela técnica de adultos)
imunofluorescência.
-O aparecimento de insuficiência renal aguda em
-Na microscopia eletrônica é evidente apagamento dos adultos é, com frequência, observado mais
pedicelos, enfraquecimento da membrana com fendas comumente em pacientes com baixos níveis séricos de
e poros. albumina e edema intrarrenal (nefrosarca), que
Não se sabe a fisiopatologia da lesão, acredita-se que responde à albumina intravenosa e a diuréticos.
se deva pela presença de uma citocina circulante, -Pode ter necrose tubular aguda e inflamação
talvez relacionado com uma resposta à célula T que intersticial.
altera carga capilar (normalmente negativa) e a
integridade dos podócitos. -Em crianças, a urina anormal contém principalmente
albumina com quantidades mínimas de proteínas de
-A evidência de uma lesão imune relacionada com as alto peso molecular. Recebendo denominação de
citocinas é circunstancial e é sugerida pela presença de Proteinúria seletiva. 30% das crianças conseguem
alergias prévias, imunidade de mediação celular remissão espontânea, porém todas são tratadas com
alterada durante as infecções virais e uma alta esteroides (corticoides).
frequência de remissões com os esteroides.
-Respondedores primários são pacientes que têm uma
remissão completa (< 0,2 mg/24 h de proteinúria) após
um único curso de prednisona; os pacientes
esteroides-dependentes sofrem uma recidiva quando
a dose de esteroides é reduzida, geralmente tem 2
recaídas dentro dos 6 meses após redução da dose.

-Os adultos não são considerados esteroides-


resistentes até depois de 4 meses de tratamento.
Everaldo Leite 4

-Até 95% das crianças conseguirão remissão completa lesões podem passar despercebida, resultando em
dentro de 8 semanas de terapia esteroidal e 85% dos diagnostico errôneo de DLM.
adultos após 20-24 semanas de terapia.
- Além da fibrose focal e segmentar, foram descritas
-Crianças com recidivas geralmente 70% terão outra outras variantes, incluindo lesões celulares com
remissão. Frequência de recidivas reduz após hipercelularidade endocapilar e proteinúria maciça;
puberdade e são menos frequentes em adultos. glomerulopatia colapsante com colapso glomerular
focal ou global e rápido declínio da função renal, lesão
-Existe um maior risco de recidiva após a redução
do pedículo hilar.
rápida dos esteroides em todos os grupos.

-Medicamento:

• Prednisona: primeira linha, administrada


diariamente ou em dias alternados.

-Outros agentes imunossupressores, como a


ciclofosfamida, a clorambucila e o micofenolato de
mofetila, são reservados para os que sofrem recidivas
mais frequentes, os esteroides-dependentes ou
esteroide-resistente.

- O prognóstico a longo prazo em adultos é menos


favorável quando ocorre insuficiência renal aguda ou
resistência aos esteroides.

-Glomerulosclerose Segmentar focal (GESF):

-HIV+/ edema pressórico/ Cursa com HAS. -Manifestações clinicas:


-Não é que todo GESF é HIV+, mas sempre que o • Proteinúria (nefrótica)
paciente com S. Nefrótica e HIV+, pensar em GESF. • Hematúria
- A glomerulosclerose segmentar focal (GESF) refere-se • Hipertensão
a um padrão de lesão renal caracterizado por cicatrizes • Insuficiência renal
glomerulares segmentares que acometem alguns,
- A GESF só raramente sofre uma remissão espontânea,
porém nem todos os glomérulos.
porém a remissão da proteinúria induzida pelo
-Pode ser primaria ou secundária a algumas causas. tratamento aprimora acentuadamente o prognóstico.

• HIV/Hepatite B, Parvovírus, Nefropatia -Tratamento:


hipertensiva.
• GESF (primaria): Inibidores SRAA;
-É responsável por 33% das síndromes nefróticas em • GESF (secundário): Tratar causa base e
adultos. controle proteinúria. Não usa esteroide;
• Proteinúria (Nefrótica): Esteroides.
-Patogenia, é multifatorial. Os possíveis mecanismos
incluem: -Proteinúria regride apenas em 20 a 45% nos pacientes
que recebem um ciclo de esteroides durante 6-9
• Fator de permeabilidade circulante mediado meses.
por células T
• Proliferação celular - Existe uma quantidade limitada de evidências
• Síntese de matriz mediada por TGF-B sugerindo que o uso de ciclosporina nos pacientes que
• Anormalidades dos podócitos associados a respondem aos esteroides ajuda a garantir as
mutações genéticas remissões (período de tempo que a doença fica sob
controle).
-As alterações da GESF são mais proeminentes nos
glomérulos localizado nas junções corticomedulares, -As recidivas ocorrem frequentemente após
em casos de biopsia renal com conteúdo superficial, as interrupção da terapia com ciclosporina, e a própria
Everaldo Leite 5

ciclosporina pode levar a uma deterioração da função atrofia tubular ou a fibrose intersticial é mais preditivo
renal, devido a seus efeitos nefrotóxicos. de progressão que o estágio da doença glomerular.

-Papel de outros medicamentos que suprem o sistema - A presença de depósitos subendoteliais ou de


imune não foram descritos, somente a Ciclosporina. inclusões tubulorreti- culares aponta enfaticamente
para um diagnóstico de nefrite lúpica membranosa que
pode preceder as manifestações extra-renais do lúpus.
-Glomerulonefrite membranosa (GNM):
-Patologia: Foi demostrado em modelo animal que as
-Hepatite B/ Associação forte com trombose. lesões glomerulares na GNM, resultem a formação in
situ de imunocomplexos com a proteína associada a ao
-Não é que todo paciente com GNM é hepatite B+, mas receptor da megalina como o antígeno hipotético. Esse
paciente com S. Nefrótica e Hepatite B+, pensar em antígeno não é encontrado nos podócitos humanos,
GNM. mas foram descritos anticorpos humanos contra
-Responsável por cerca de 30% de síndrome nefrótica endopeptidase neutra expressa pelos podócitos, os
em adultos. Com pico de incidência entre 30 a 50 anos, antígenos B/C da hepatite, antígeno da H. Pylori e
mais comum em homens. antígenos tumorais.

-É rara na infância, é a causa mais comum de - Em um estudo mais recente, autoanticorpos dirigidos
glomerulonefrite em idosos. contra o receptor de fosfolipase A2 tipo M (PLA2R)
circulam e ligam-se a um epítopo conformacional
-Em até 30% dos casos a GNM está associada: presente no receptor em podócitos humanos,
produzindo depósitos in situ característicos da
• neoplasia maligna (tumores sólidos de
nefropatia membranosa idiopática.
pulmão, mama e colo)
• Infecções (Hepatite B, Malária, - Outras doenças renais e a nefropatia membranosa
esquistossomose) secundária não parecem envolver esses
• Distúrbios reumáticos (lúpus, artrite autoanticorpos.
reumatoide)
-Dos pacientes com GNM, 80% se apresentam com
-O espessamento uniforme da membrana basal ao síndrome nefrótica e proteinúria não seletiva.
longo das alças capilares periféricas é observado pela
-Hematúria microscópica observado em 505 dos
microscopia óptica do material da biópsia renal (Fig.
pacientes.
4.7); esse espessamento deve ser diferenciado daquele
observado no diabetes e na amiloidose. -Ocorre remissão espontânea em 20 a 33% dos
pacientes, as quais frequentemente são observadas
em uma fase avançada da evolução após vários anos de
síndrome nefrótica, tonando difícil a tomada de
decisões quanto ao tratamento.

- Cerca de 33% dos pacientes continuam tendo a


síndrome nefrótica recorrente, mas preservam uma
função renal normal, e aproximadamente outros 33%
dos pacientes desenvolvem insuficiência renal ou
morrem das complicações da síndrome nefrótica.

-Sexo masculino, idade avançada, hipertensão e a


persistência da proteinúria estão associados a um
prognóstico mais sombrio.
-A imunofluorescência demonstra depósitos
-As complicações trombóticas representam uma
granulosos difusos de IgG e C3 e a microscopia
característica de todas as síndromes nefróticas, porém
eletrônica revela depósitos subepiteliais de elétrons
a GNM exibe as mais altas incidências relatadas de
densos. Apesar de terem sido descritos estágios
trombose da veia renal, embolia pulmonar e trombose
diferentes (I a V) de lesões membranosas progressivas,
venosa profunda. A anticoagulação profilática é
algumas análises publicadas indicam que o grau de
Everaldo Leite 6

recomendada para os pacientes com proteinúria -A microscopia por imunofluorescência revela com
acentuada ou prolongada na ausência de fatores de frequência a deposição inespecífica de IgG (às vezes
risco para sangramento. seguindo um padrão linear) ou a coloração do
complemento sem depósitos imunes pela microscopia
- Além do tratamento do edema, da dislipidemia e da
eletrônica.
hipertensão, recomenda-se a inibição do sistema
renina-angiotensina. -Alterações vasculares proeminentes são observadas
com aterosclerose hialina e hipertensiva.
-A terapia com agentes imunossupressores também é
recomendada para os pacientes com GNM primária e -As alterações patológicas são resultados de inúmeros
proteinúria persistente (> 3,0 g/24 h). fatores postulados. Existe um papel importante nas
alterações de função e estrutura renal, a hipertensão
• Esteroides e ciclofosfamida, clorambucila,
intraglomerular.
micofenolato de mofetila ou ciclosporina.
-Os efeitos diretos da hiperglicemia sobre o
-Nefropatia diabética:
citoesqueleto de actina das células musculares lisas
-É a causa mais comum de IRC nos EUA. mesangiais e vasculares do rim, assim como as
mudanças associadas ao diabetes nos fatores
- O aumento dramático do número de pacientes com circulantes, tais como o fator natriurético atrial, a
nefropatia diabética reflete 0 aumento epidêmico na angiotensina II e o fator de crescimento similar à
obesidade, na síndrome metabólica e no diabetes insulina (IGF) podem ser responsáveis por isso.
melito tipo 2. Cerca de 40% dos pacientes com diabetes
tipos 1 ou 2 desenvolvem nefropatia, mas em virtude -A hipertensão glomerular persistente induz uma
da prevalência mais alta do diabetes tipo 2 (90%) em maior produção da matriz, alterações na MBG com
comparação com o tipo 1 (10%), a maioria dos ruptura da barreira de filtração (e, consequentemente,
pacientes com nefropatia diabética sofre de doença proteinúria) e glomerulosclerose.
tipo 2. -Foram também identificados diversos fatores que
- Os fatores de risco para o surgimento de nefropatia alteram a produção da matriz, incluindo o acúmulo de
diabética incluem hiperglicemia, hipertensão, produtos finais da glicosilação avançada, fatores
dislipidemia, tabagismo, uma história familiar de circulantes que incluem o hormônio do crescimento,
nefropatia diabética e os polimorfismos gênicos que IGF-I, angiotensina II, fator de crescimento do tecido
afetam a atividade do eixo renina- -angiotensina- conectivo, TGF-(3 e dislipidemia.
aldosterona. - A história natural de nefropatia diabética em
-Dentro de 1 a 2 anos após aparecimento clínico da pacientes com diabetes tipos 1 e 2 é semelhante. No
diabetes, surgem alterações morfológicos nos rins. entanto, sabendo-se que o início do diabetes tipo 1 é
Espessamento da MBG é um indicador sensível da prontamente identificável e o início do diabetes tipo 2
presença de diabetes, mas correlaciona precariamente não o é, um paciente recém-diagnosticado com
com presença ou ausência de uma nefropatia diabetes tipo 2 pode ter tido doença renal por muitos
significativa. anos antes de a nefropatia ser descoberta e
apresentar-se como uma nefropatia diabética
- A composição da MBG é particularmente alterada avançada.
com a perda dos componentes do sulfato de heparana
que formam a barreira de filtração carregada -No início da diabetes os rins aparecem hipertrofiados
negativamente. com hiperfiltração. Essa hiperfiltração tem risco para
paciente desenvolver nefropatia subsequente.
-Essa alteração resulta em maior filtração de proteínas
séricas, que irão aparecer na urina. A principal é - Nos cerca de 40% dos pacientes com diabetes que
albumina (tem carga negativa). desenvolvem nefropatia diabética, a manifestação
mais precoce é um aumento da albuminúria detectado
- A expansão do mesângio decorrente do acúmulo de por radioimunoensaio sensível.
matriz extracelular se correlaciona com as
manifestações clínicas da nefropatia diabética. Essa -Albumina de 30 a 300mg/24 horas é considerado
expansão está associada com desenvolvimento de microalbuminúria. Essa microalbuminpuria aparece 5 a
esclerose mesangial. 10 anos após inicio da diabetes do tipo 1 ou 2. Então,
Everaldo Leite 7

tem que dosar a microalbuminúria 5 anos pós -Essas medidas retardam a progressão da nefropatia
diagnostico da diabetes 1 e repetir a cada ano. Pelo diabética.
fato de a época do início do diabetes tipo 2 com
- Sabendo-se que a angiotensina II eleva a resistência
bastante frequência ser desconhecida, testar os
arteriolar eferente e, consequentemente, a pressão
pacientes tipo 2 por ocasião do diagnóstico de diabetes
nos capilares glomerulares, o mecanismo-chave para a
e anualmente daí em diante
eficácia dos inibidores de ECA ou dos bloqueadores do
-Após >300 de albumina, o exame de fita é positivo receptor de angiotensina (BRA) consiste em reduzir a
para proteinúria. Isso ocorre 5 a 10 anos após hipertensão glomerular.
surgimento da microalbuminúria.
-Pacientes com diabetes tipo 1 que desenvolvem
- A microalbuminúria é um poderoso fator de risco para Albuminuria ou declínio função renal em até 5 anos do
eventos cardiovasculares e morte nos pacientes com diagnostico devem ser tratados com IECA.
diabetes tipo 2. Muitos pacientes com diabetes tipo 2
- Os pacientes com diabetes tipo 2 e microalbuminúria
e microalbuminúria sucumbem a eventos
ou proteinúria podem ser tratados com inibidores da
cardiovasculares antes de progredirem para
ECA ou BRA.
proteinúria ou insuficiência renal.
-Doença por deposição glomerular:
- Mais de 90% dos pacientes com diabetes tipo 1 e
nefropatia sofrem de retinopatia diabética, razão pela - As discrasias de plasmócitos que produzem um
qual a ausência de retinopatia nos pacientes tipo 1 com excesso de imunoglobulina de cadeias leves às vezes
proteinúria deve induzir-nos a considerar um resultam na formação de depósitos glomerulares e
diagnóstico diferente de nefropatia diabética; apenas tubulares que causam uma proteinúria maciça e
60% dos pacientes com diabetes tipo 2 e com insuficiência renal; o mesmo é válido para o acúmulo
nefropatia sofrem de retinopatia diabética. de fragmentos proteicos séricos de amiloide A
-Os pacientes com nefropatia diabética avançada têm observado em várias doenças inflamatórias. Esse
rins normais ou aumentados, ao contrário de outras grande grupo de pacientes proteinúricos sofre de
doenças glomerulares em que o tamanho dos rins doença por deposição glomerular.
costuma ser reduzido. -Doenças por deposição de cadeia leve:
- Após o início da proteinúria, a função renal declina -As características bioquímicas das cadeias leves
inexoravelmente, com 50% dos pacientes evoluindo nefrotóxicas produzidas em pacientes com neoplasias
para a insuficiência renal no decorrer de outros 5-10 malignas por cadeias leves frequentemente conferem
anos; assim sendo, desde os estágios mais precoces de um padrão específico de lesão renal; aquele da
microalbuminúria, em geral terão que transcorrer de nefropatia de cilindros (Fig. 4.17), que causa
10-20 anos para alcançar a doença renal em estágio insuficiência renal, porém sem proteinúria maciça, ou
terminal. aquele da amiloidose, ou doença por deposição de
-A hipertensão permite predizer quais são os pacientes cadeias leves (Fig. 4.16), que produz síndrome
que irão desenvolver uma nefropatia diabética, pois a nefrótica com insuficiência renal.
presença de hipertensão acelera o ritmo de declínio da - Esses últimos pacientes produzem cadeias leves
função renal. Após o aparecimento da insuficiência kappa que não possuem as características bioquímicas
renal, porém, a sobrevida com diálise é muito mais necessárias para a formação de fibrilas amiloides. Pelo
curta para os pacientes com diabetes em comparação contrário, eles realizam a autoagregação e formam
com outros pacientes dialisados. depósitos granulosos ao longo do capilar glomerular e
-A sobrevida é melhor para pacientes com diabetes do mesângio, da membrana basal tubular e da cápsula
tipo 1 que recebem um transplante de um doador vivo de Bowman.
aparentado. -Quando é predomínio nos glomérulos, instala-se a
-Tratamento: síndrome nefrótica e cerca de 70% dos pacientes
progridem para diálise.
• Controle glicemia
- Os depósitos de cadeias leves não são fibrilares e não
• Controle PA
são corados pelo vermelho-congo, porém são
• Inibição SRAA
Everaldo Leite 8

facilmente identificados com o anticorpo anticadeias • melfalano


leves utilizando imunofluorescência, ou como • transplante de células-tronco
depósitos granulosos pela microscopia eletrônica. hematopoiéticas autólogas podem retardar a
evolução da doença em cerca de 30% dos
-Uma combinação de rearranjo das cadeias leves, das
pacientes.
propriedades de autoagregação em um pH neutro e do
metabolismo anormal contribui provavelmente para a -A amiloidose secundária também é inexorável, a
deposição. menos que a doença primária possa ser controlada.
Estão sendo desenvolvidos alguns fármacos novos que
-O tratamento consiste em tratar a causa base.
interrompem a formação de fibrilas e que poderão
-Amiloidose renal: tornar-se disponíveis no futuro.

- A maioria dos casos de amiloidose renal representa o - Glomeruiopatia fibrilar-imunotactoide:


resultado de depósitos fibrilares primários de cadeias
-A glomeruiopatia fibrilar imunotactoide é uma doença
leves de imunoglobulina conhecidas como amiloide L
morfologicamente definida de ocorrência rara (< 1%
(AL), ou são secundários aos depósitos fibrilares dos
das biópsias renais), caracterizada pelo acúmulo
fragmentos proteicos séricos de amiloide A (AA).
glomerular de fibrilas não ramificadas de disposição
- Apesar de ambas as formas ocorrerem por motivos aleatória.
diferentes, sua fisiopatologia clínica é bastante
-Doença de fabry:
semelhante e será abordada em conjunto.

-O amiloide infiltra o fígado, o coração, os nervos - A doença de Fabry é um erro inato ligado ao X do
periféricos, o túnel do carpo, o terço superior da metabolismo da globotriaossilceramida secundário a
faringe e o rim, produzindo uma miocardiopatia uma atividade deficiente de a-galactosidase A
restritiva, hepatomegalia, macroglossia e proteinúria lisossomal, resultando em armazenamento intracelular
maciça às vezes associada a trombose da veia renal. excessivo de globotriaossilceramida. Os órgãos
afetados incluem o endotélio vascular, o coração, o
-Obs. Amilóides são fibrilas proteicas que podem cérebro e os rins.
depositar em vários tecidos, prejudicando a função de
vários órgãos. -É uma doença que acomete crianças, em meninos com
acroparestesia, hipoidrose.
• Amiloidose AL sistêmica (Amiloidose
- Com o decorrer do tempo, os pacientes de sexo
primaria): As cadeias leves produzidas em
masculino desenvolvem miocardiopatia e lesão renal,
excesso pelas discrasias de plasmócitos clonais
ocorrendo morte em idade media de 50 anos.
são transformadas em fragmentos pelos
macrófagos, para que possam autoagregar-se -Muito raro no sexo feminino.
em um pH ácido.
• Amiloidose AA (Amiloidose secundária): - A biópsia renal revela células epiteliais viscerais-
Também se manifesta como síndrome glomerulares aumentadas de volume e apinhadas com
nefrótica. Ela é devida à deposição de lâminas pequenos vacúolos claros que contêm
B-pregueadas da proteína sérica do amiloide A, globotriaossilceramidas; os vacúolos também podem
um reagente da fase aguda cujas funções ser encontrados nos epitélios parietal e tubular (Fig.
fisiológicas consistem em transporte de 4.18).
colesterol, atração de células imunes e A nefropatia da doença de Fabry se manifesta na
ativação de metaloproteases. terceira década como uma proteinúria de leve a
-Dos pacientes com AA, 40% tem artrite reumatoide, moderada, às vezes com hematúria microscópica ou
10% espondilite anquilosante. síndrome nefrótica.

- Os depósitos amiloides se distribuem ao longo dos -O exame de urina pode revelar corpúsculos adiposos
vasos sanguíneos e nas regiões mesangiais dos rins. ovais e glóbulos de glicolipídios birrefringentes sob luz
polarizada (cruz-de-malta).
-O tratamento da amiloidose primária não é
particularmente efetivo; -A biópsia renal é indispensável para fazer o
diagnóstico definitivo.
Everaldo Leite 9

-A progressão para insuficiência renal ocorre por volta


da quarta ou quinta décadas.

-Recomenda-se o tratamento com inibidores do


sistema renina-angiotensina (SRAA).

-O tratamento com a-galactosidase A recombinante


elimina os depósitos endoteliais microvasculares de
globotriaossilceramida existentes nos rins, no coração
e na pele.

-Complicações da síndrome nefrótica:

-Fenômenos tromboembólicos -Provavelmente é uma GLM, a letra ´´C´´ seria na GESF.

• Trombose veia renal


• TVP (trombose veia profunda)
• TEP

-Esse estado de hipercoagulabilidade é devido perda


de Antitrombina III (é uma proteína) na urina.

-Quando suspeitar de TVR?

• Paciente com varicocele lado esquerdo;


• Hematúria microscópica; hematúria não é
comum na nefrótica.
• Mudança no padrão de proteinúria;
• Redução inexplicável do debito urinário;
• Assimetria da função/tamanho dos runs. -Letra A. Não é B pois o paciente tem glicemia normal.

-TVR esta mais relacionada com; Glomerulopatia -Referências:


Membranosa (principal), GNMP, amiloidose.
Livro: Harrison
-Alta susceptibilidade a infecções. Devido perda das
Artigo:
imunoglobulinas na urina.
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/
164004/000344787.pdf?sequence=1

Artigo:
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes
/2472/sindrome_nefrotica.htm

-Obs. Ler depois esse ultimo artigo.


APG20
Everaldo Leite 1

Alterações fisiológicas do corpo na gravidez hipervascularização mamária, na avaliação clínica,


podem ser detectados sopros cardíacos.

-Sistema hematopoiético:
-Sistema cardiovascular:
-Ocorre:
-Ocorre:
• ↑ Hemácias
• ↑FC
• ↑ Leucócitos
• ↑DC
• ↑ Fatores de coagulação (fibrogênico)
• ↑Volume sanguíneo
• ↓Plaquetas
• ↑Volume plasma
• ↓RVP -Devido aumento das hemácias é preciso na gestação
• ↓PA suplementação de ferro 1g durante a gestação.

-A FC aumenta a partir da quarta semana, já o volume -Leucócitos podem apresentar leve aumento, no parto
sanguíneo a partir da sexta semana. e puerpério podem chegar a até 30 mil.

-No terceiro trimestre (>6 meses), a frequência -Plaquetas estão levemente reduzidas devido a
cardíaca se situa cerca de 20% acima dos valores não hemodiluição.
gravídicos e o volume sanguíneo sofre acréscimo de
-Sistema respiratório:
45% a 50%. Com a elevação de 30% a 50% do volume
plasmático e de 25% do volume globular, a grávida -Ocorre:
desenvolverá a anemia fisiológica.
• ↓Volume residual pulmonar
-DC aumenta a partir da decima a decima segunda • ↓Capacidade respiratória total
semana. Obs. DC=volume sistólico x FC. • FR não altera
-A hipervolemia induzida pela gestação é uma • FR aumenta (guyton)
adaptação do organismo materno no sentido de suprir • ↑ Volume corrente e ventilação-minuto em
as necessidades fetais e evitar perdas importantes de repouso
sangue na hora do parto. • ↓pCO2

-RVP reduz drasticamente até a 20º semana. O -Progesterona sensibiliza os receptores de pCO2 , com
aumento dos níveis de prostaciclinas, as quais têm isso estimula sua excreção.
importante ação vasodilatadora, produzidas pelas -Devido elevação do diafragma ocorre uma
paredes dos vasos sanguíneos sobrepujam o compressão do pulmão, reduzindo sua capacidade de
desempenho vasoconstritor do tromboxano, expandir (menor 20%). Mesmo ocorrendo aumento
produzido pelas plaquetas e, assim, auxilia na circunferência toráxica.
diminuição da resistência vascular.
-Na gestante, a frequência respiratória não se altera,
-A pressão sanguínea arterial apresenta discreta queda contudo o volume corrente e a ventilação-minuto em
na pressão sistólica (5 a 10 mmHg) e maior na diastólica repouso aumentam com o decorrer da gravidez. Esta
(10 a 15 mmHg), atingindo os menores valores por última se modifica à custa da progesterona, da redução
volta de 20 semanas, decorrente da diminuição da do volume de reserva expiratória e da alcalose
resistência vascular, apesar da elevação do débito respiratória compensada.
cardíaco, e retornando ao nível normal no termo.
-Capacidade respiratória total encontra-se reduzida
-A partir da 20º as gestantes em posição supina (cerca de 200 mL), pois ocorre diminuição da
(decúbito dorsal ou lateral direito) podem ter capacidade residual funcional. Esta é constituída pelo
compressão venosa da veia cava pelo útero causando volume residual e pela reserva expiratória, que na
hipotensão e sincope. Por esse motivo o decúbito gravidez estão com valores menores.
lateral esquerdo causa alivio.
-A capacidade inspiratória é composta pela reserva
-O coração encontra-se desviado para cima e para inspiratória e pelo volume corrente, e apresenta
esquerda pela elevação de 4 cm do diafragma. Pela aumento em decorrência deste último.
Everaldo Leite 2

-O volume corrente provoca hiperventilação, que tem • ↑ Fosfatase alcalina (2x)


como efeito a diminuição da pressão parcial de dióxido • ↓Albumina sérica
de carbono (pCO2). Esse fenômeno facilita a excreção • Restante normal ou levemente diminuído
fetal de CO2 devida ao gradiente materno-fetal. Além
disso, a curva de dissociação de oxigênio encontra-se -Aparelho urinário:
desviada para a esquerda pelo aumento do pH, -As alterações urinarias são de origem mecânica,
ocasionando dificuldade de liberação de oxigênio para fisiológico e anatômica.
os tecidos maternos. A redução dos níveis circulantes
de bicarbonato tem como consequência a alcalose -Os rins, ureter e bexiga sofrem compressão pelo útero
respiratória compensada. gravídico.

-A dispneia e sintomas relacionados com congestão -Progesterona também produz efeito na musculatura
nasal são comuns pela hiperventilação e pela ureteral, ocasionando dilatação, logo favorecendo a
hipervascularização e edema da mucosa nasal, estase. Logo conferindo riscos para ITU.
respectivamente.
-Ocorre:
-Aparelho digestório:
• ↑Fluxo plasmático (80%)
-As gestantes nos primeiros meses da gestação • ↑TFG (60%)
apresentam: • Creatinina plasmática (0,73 1ºT / 0,58 2ºT /
0,53 3ºT)
• Náusea • ↓ Ureia: Devido aumento TFG
• Vomito • Glicosuria
-Tais sintomas mais comuns pela manhã. São causados • Uricosúria
pela elevação progressiva da gonadotrofina coriônica • ↓ osmolaridade plasmática
humana (hCG) e do estrogênio no 1º trimestre. • Polaciuria
• Poliuria
-Podem apresentar sangramento gengival
• ↑Reabsorção túbulo-renal em 50% (Na+Cl e
(gengivorragia) devido hiperemia e edema.
H2O)
-Os efeitos da progesterona no tubo digestivo causam
-Valor referencia creatinina é 0,7 a 1,2.
uma redução do tônus, causando:
-A glicosúria deve-se a aumento da oferta de glicose
• Pirose
em nível renal, que ultrapassa a capacidade de
• Obstipação absorção.
• Hemorroidas
-O aumento da taxa de filtração glomerular (TFG) e a
-No 1º trimestre ocorre diminuição da secreção ação dos estrógenos promovendo uricosúria levam à
gástrica. diminuição do ácido úrico sanguíneo durante a
-O peso do útero gravídico comprimindo as veias do gravidez, atingindo valores próximos ou menores que
plexo hemorroidário e a obstipação podem provocar a 3 mg/l no primeiro trimestre, contudo no último
manifestação de hemorroidas. trimestre sofre acréscimo, podendo alcançar níveis de
4 a 5 mg/dl.
-Em multíparas, encontra-se propensão para a
formação de cálculos de colesterol pela potente ação -Ativação do SRAA e diminuição limiar do ADH
relaxante da musculatura lisa provocada pela promove a diminuição da osmolaridade plasmática.
progesterona na vesícula biliar e pela alteração do -Os rins gravídicos apresentam dificuldade de
metabolismo lipídico no período gestacional. O concentrar a urina.
aumento dos níveis de estrógeno também facilita a
colestase intra-hepática por meio da inibição do -Pela ação da aldosterona e ADH, ocorre a reabsorção
transporte intraductal dos ácidos biliares. de sódio e água no túbulo renal, que compensa a maior
quantidade desses no glomérulo.
-Aumenta o fluxo e diâmetro da veia porta. O fígado
permanece com mesmo tamanho. Ocorre: -Contribuem também para essas modificações do
aparelho urinário algumas substâncias como óxido
Everaldo Leite 3

nítrico, a endotelina (estabilidade do tônus vascular) e • ↑ Volume


a relaxina (aumento da TFR). • Função alterada
• ↑Globulina transportadora
-A bexiga apresenta-se com retificação do trígono
• ↑ T4 e T3 total
vesical pela sua posição mais elevada na gestação,
provocando refluxo vesicoureteral. Essas • T4 livre alcança poco máximo com hCG logo
transformações podem favorecer a formação de retorna a valores basais
cálculos renais, infecções, incontinência urinária e até -Função alterada por 2 motivos:
hematúria, está principalmente mais frequente em
parturientes. • Menor quantidade de iodo decorrente da
maior TFG
-Quais fatores gestacionais podem contribuir para ITU? • Aumento globulina carregadora
Estase ureteral e refluxo vesicoureteral. transportadoras hormônios tireoidismos (↓
-A filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal fração livre)
aumentam até 50% durante a gravidez normal devido • B-HCG pela semelhança com o TRH
à vasodilatação renal. Embora os mecanismos que -Ocorre aumento taxa metabólica.
causem essa vasodilatação renal na gravidez ainda não
sejam claros, alguns estudos sugerem que os níveis -Suprarrenal:
elevados de óxido nítrico ou do hormônio ovariano
• ↓ Cortisol e ocorre aumento maia-vida
relaxina podem contribuir para essas alterações.
• Elevação progesterona acarreta em menor
-Sistema endócrino: resposta tecidual ao cortisol
• ↑ Desoxicorticosterona -DHEAS (precursor da
-Estrogênio causam uma hiperplasia e hipertrofia da aldosterona) devido estrogênio
adenoipófise. Logo com aumento da hipófise, ocorre • ↑ Androstenediona e Testosterona
elevação da prolactina para preparar a mama para
lactação.

• ↑ Hipófise
• ↑ Prolactina
• GH permanece inalterado no 1º trimestre
• ↑GH 2º trimestre
• ↓ TRH

-TRH diminui devido presença do B-HCG apresentar


semelhança molecular.

-GH permanece inalterado, a parir do 2º trimestre a


placenta começa liberar GH, elevando seus níveis que -Paratireoide:
retornam a valores basais a partir da 36º sem. Esse • ↑PTH 2ºT: Devido maior TFG, passagem cálcio
hormônio é importante no desenvolvimento fetal e para feto e diminuição cálcio pela
desenvolvimento de pré-eclâmpsia. hemodiluição
-O GH Ele é o elemento vital no desencadeamento da -Ocorre elevação calcitonina.
resistência à insulina na segunda metade da gestação.
Seu nível sérico materno tem correlação direta com o -Ocorre aumento 1,25 oh (VIT D ativa). Pode ser
peso do recém-nascido e inversa com a restrição ao ativada pelos rins, placenta e decídua.
crescimento fetal e resistência arterial uterina.
-Sistema metabolito:
-O ADH e a ocitocina são armazenados na neuroipófise.
-Ocorre:
O ADH e a ocitocina (promove centração uterina) não
apresentam alterações durante a gestação, apenas • ↑ Resistencia a insulina: Evidente no 3º T.
esta última aumenta no trabalho de parto e no parto. • Alteração metabolismo lipídeos
-Na tireoide, ocorre: • ↑ Lipoproteínas e Triglicerídeos
• ↑ Ganho peso (12kg)
Everaldo Leite 4

• ↑ Quantidade de proteínas contido em menor -Sistema Nervoso:


concentração devido hemodiluição
• Sonolência (devido alta progesterona)
• ↑ Fibrinogênio, da alfaglobulina e da
betaglobulina • Dificuldade na concentração e na memória,
talvez decorrente das alterações vasculares da
• ↓ Albumina e globilina
artéria cerebral média e da posterior
• ↓ pressão coloidosmotica
• ↑ Metabolismo basal em 15% -Dermatológica:
-Aumento resistência a insulina faz com que se tenha -São acarretadas pela elevação da progesterona e
valores de glicose aumentados no sangue para ter estrogênio.
sempre disponibilidade para o feto. Tal fator é
determinado pelo hLP, hPGH. Essas alterações são • Vasodilatação periférica: Eritema palmar,
evidenciadas no terceiro trimestre da gravidez e estão teleangiectasia, secreção sebáceo aumentada,
associadas às alterações catabólicas do metabolismo Hipertricose (mais pelos)
lipídico. • Pigmentação: Face, linhas nigra, aréola,
períneo e axila
-O metabolismo dos lipídeos muda de acordo com • Atrofia: estrias gravídicas e violáceas.
avanço da gestação.

• Fase anabólica (lipogênese): 1º e 2º T.


Aumentando reserva de gordura (energética). -Sistema genital:
• Fase catabólica (lipólise): 3º T
-Útero e mama:
-Nesse processo, a resistência insulínica reduz o efeito
• ↑ peso e volume
inibitório da insulina sobre a lipólise e favorece o
• Amolecido (lábio), pode ajudar no diagnóstico
recrutamento dos depósitos de gordura como fonte
de gravidez
energética para compensar o jejum materno e priorizar
• O pH vaginal oscila entre 3,5 e 6,0 e age na
a disponibilização de glicose e aminoácidos ao feto.
defesa contra infecções bacterianas, contudo
-Outro objetivo da lipólise é facilitar a disponibilização pode facilitar a candidíase.
dos ácidos graxos que são necessários à constituição de • O epitélio da vagina é submetido a altos níveis
estruturas importantes do cérebro e do aparelho de progesterona, que propicia a proliferação
ocular, bem como exercem fundamental importância de Lactobacillus acidophilus por meio do
na composição das membranas celulares fetais. acúmulo de glicogênio e da excessiva
descamação.
-Ocorre elevação das lipoproteínas e triglicerídeos, em
• As células naviculares são típicas de esfregaços
especial as de baixa densidade (VLDL). Em menor
de gestantes, provenientes da descamação da
quantidade elevam-se LDL e HDL.
camada intermediária.
-Ganho de peso materno é devido principalmente ao • Aumento da temperatura mamária
aumento de liquido intra e extravascular e em menor (hipervascularização da rede venosa,
contribuição se deve as proteínas, carboidratos e denominada de rede de Haller), mastalgia e
lipideos. hipersensibilidade são sintomas comuns.

No metabolismo hidroeletrolítico, advém a retenção


de líquido intra e extracelular determinada por
mecanismos adaptativos no sistema renina-
angiotensina-aldosterona, que estão relacionados à
preservação do sódio, bem como à redução da pressão
coloidosmótica, que está associada à redução da
concentração plasmática da albumina.

-Sistema esquelético:

• Marcha anserina
• ↑ Elasticidade articular
Everaldo Leite 5

-Resumindo de cada um desses hormônios:

-B-HCG: Produzido até a 9º sem pelo sincício


trofoblasto, sendo um hormônio importante para
persistência do corpo lúteo responsáveis pela secreção
de progesterona (hormônio pro-gestação) em grande
quantidade e estrogênio, a partir da 12º sem a placenta
consegui fazer a secreção necessária de progesterona
e estrogênio.

-Estrogênio: Sua principal função seria a proliferativa


na maioria dos órgãos reprodutores e anexos. Causa:
Aumento do (útero, mama, ductos mamários,
genitália) e relaxam os ligamentos pélvicos (articulação
sacrilíaca fica maleável).

-Progesterona: Promove desenvolvimento das cel.


-Referencia:
Decídua, tais células são importantes para nutrição do
embrião, diminui contratilidade do útero gravídico, Livro; Febrasgo e guyton
ajuda o estrogênio a preparar as mamas.
Suplementação durante a gestação
-Hormônio lactogênio placentário: Produzido a partir
-A suplementação diária oral de ferro e ácido fólico é
da 5º semana, suas funções são; realizar resistência à
recomendada como parte da assistência pré-natal para
insulina, tem função semelhante a do GH, promove
reduzir o risco de baixo peso no nascimento, anemia
liberação de acido graxo servindo de fonte alternativa
materna e deficiência de ferro (forte recomendação).
de energia para mãe.
-O ácido pteroil-L-glutâmico ou ácido fólico, é a
-Hipófise (adeno): Aumenta secreção de TRH, CRH Vitamina B9, portanto pertencente ao complexo B,
(ativa ACTH), prolactina. sendo este essencial para a vida útil das hemácias,
evitando doenças como anemia megaloblástica, e a
-Adrenal: Aumenta secreção de Aldosterona,
formação do feto nos primeiros meses da gestação,
-Tireoide: Aumento liberação de tiroxina, devido b- mais precisamente de seu sistema nervoso.
HCG agir em sinergismo com o TRH (apresentando uma -O Ácido Fólico está presente em diversos alimentos da
mesma estrutura), além de aumento secreção de TRH. nossa dieta, contudo é pouco absorvidos no nosso
organismo, sendo necessário a suplementação
-Paratireoide: Aumenta o PTH em especial se a mãe
apresentar baixa quantidade circulante de cálcio. -O folato (ácido fólico ou metil-folato): deve ser
suplementado desde o período em que se está
-Relaxina: Produzida por tecidos placentários e corpo
planejando a gravidez, por volta de 3 ou 4 meses antes,
lúteo, sua função é relaxar os ligamentos (Estrogênio
ou com início imediato assim que se descobre a
também tem essa função).
gestação. O uso do folato antes e no início da gestação
atua na prevenção de malformações fetais
relacionadas ao tubo neural (ou sistema nervoso)., tais
como.

• Anacefalia
• Espinha bífida

-O ferro deve ser suplementado, pois a gravidez, por si


só, leva à uma anemia (chamada anemia fisiológica)
que pode ser compensada com a reposição do ferro. As
mulheres que receberam suplementos diários de ferro
apresentaram menor probabilidade de ter bebês com
baixo peso no nascimento Deve iniciar suplementação
Everaldo Leite 6

assim que confirmar a gravidez, sua suplementação é • Rede de Haller


recomendada até 3 meses após o parto. • Sinal de Hunter: hiperpigmentação da aréola
primária e aparecimento da aréola secundária
com limites imprecisos

-Sinais de probabilidade:

• Atraso menstrual maior que 14 dias


• Amolecimento colo
• Aumento volume uterino

-Sinais de certeza:

-Outras indicações de suplementação: • BCF


• Percepção de movimentos e partes fetais na
• Vitamina D - regula o cálcio e o fosfato, palpação abd
essenciais para o desenvolvimento dos ossos e
dentes do bebê; -B-HCG:
• Ômega 3 - apoia o desenvolvimento do -hCG é secretado na circulação materna após a
cérebro e do sistema nervoso do bebê e implantação, que ocorre 6 a 12 dias após a ovulação.
contribui para um coração saudável:
• Vitamina B12 - ajuda o corpo a processar o -Valores acima de 25 mUI/mL sugerem gravidez.
ácido fólico e está envolvido na liberação de -A concentração máxima de hCG ocorre em 8 a 10
energia dos alimentos e na produção de semanas de gestação, com média de 60.000 a 90.000
glóbulos vermelhos. mUI/mL, mas novamente o intervalo de normalidade é
Referência: bastante amplo (5.000 a 150.000 mUI/mL ou mais);
assim, os níveis de hCG não são úteis para estimar a
-Artigo: idade gestacional.
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/document
os/guia_gestantes.pdf -Ultrassom:

Diagnostico clinico e laboratorial da gravidez -É possível visualizar o saco gestacional por meio da
ultrassonografia transvaginal. O saco gestacional é
-O diagnóstico de gravidez precoce baseia-se visualizado entre 4,5 e 5 semanas de gestação (três a
principalmente na avaliação laboratorial da quatro semanas após a ovulação), quando atinge
gonadotrofina coriônica humana (hCG) na urina ou no tamanho de 2 a 4 mm no seu diâmetro médio. O saco
sangue. A história e o exame físico não são métodos vitelino é a primeira estrutura a ser visualizada no saco
altamente sensíveis para o diagnóstico. gestacional e aparece entre cinco e seis semanas,
permanecendo até aproximadamente 10 semanas; a
-Sinais clínicos:
atividade cardíaca pode ser detectada pela primeira
-Suspeitar sempre em casos de atraso menstrual, vez em 5,5 a 6 semanas. Essas estruturas são
especialmente quando for mais que 1 semana. observadas um pouco mais tarde com a abordagem
transabdominal.
-Didaticamente, os achados na gravidez podem ser
divididos em sinais de presunção, probabilidade e -Diagnostico:
certeza.
-O diagnóstico de gravidez baseia-se na presença de
-Presunção: qualquer um dos seguintes achados:

• Náusea vomito • Detecção de hCG no sangue ou na urina;


• Polaciuria • Identificação da gravidez por ultrassonografia;
• Atraso menstrual em até 14 dias • Identificação da atividade cardíaca fetal por
• Aumento sensibilidade álgica mamaria ultrassom Doppler.
• Cloasmo (manchas)
-O atraso menstrual, a atividade sexual com uso
• Linha nigra
imperfeito de contracepção e a suspeita de gravidez de
Everaldo Leite 7

pacientes podem ser preditivos de que um teste de interpretação dos usuários. Pode ser usado
gravidez seja positivo. Entretanto, eles não são após 7 dias do atraso menstrual. O TRG mais
suficientemente confiáveis para diagnosticar ou excluir utilizado no Brasil é o de tira. Os resultados
a gravidez. positivos do TRG, se possível, devem ser
confirmados com outros testes de dosagem de
-Tipos de testes de gravidez:
hCG ou outro exame de certeza, por exemplo,
-Testes de gravidez se baseiam na detecção do hCG confirmação com Doppler de atividade
secretado pelo trofoblasto, tanto na urina como no cardíaca fetal ou visualização ultrassonográfica
soro. da gravidez.

-O hCG começa a ser produzido antes da implantação -Referência:


do embrião, e imediatamente após a implantação já é
Livro: Febrasgo
encontrado no sangue em níveis que duplicam a
intervalos de cerca de 48 a 72 horas. A dosagem de hCG Pré-natal e caderneta da gestante
permite o diagnóstico de gravidez antes do atraso
Segundo o Ministério da Saúde, a atenção obstétrica e
menstrual, com mais sensibilidade que qualquer outro
neonatal deve ter como características essenciais a
método disponível.
qualidade e a humanização. Estados e municípios
-Os testes de soro são preferíveis quando o atraso da necessitam dispor de uma rede de serviços organizada
menstruação é menor que uma semana, para a atenção obstétrica, com mecanismos
especialmente quando a exclusão da gravidez é um estabelecidos de referência e contrarreferência,
fator importante no atendimento à paciente. considerando os seguintes critérios: vinculação de
unidades que prestam atenção pré-natal às
• Soro: Método mais sensível que pode ser
maternidades/hospitais e garantia dos recursos
utilizado no inicio da gravidez. Os testes de
humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à
gravidez séricos qualitativos normalmente
atenção pré-natal (Brasil, 2005).
detectam níveis de hCG de 5 a 10 mUI/mL,
enquanto um teste de beta-hCG de soro Caso haja necessidade, o tratamento das
quantitativo de alta sensibilidade pode medir intercorrências da gestação deve ser realizado com a
valores de hCG tão baixos quanto 1 a 2 classificação de risco gestacional, que deve ser
mUI/mL. A concentração é maior no soro em realizada na primeira consulta e nas subsequentes.
relação a urina. Portanto, no início da gravidez,
-Avaliar em todas as consultas a classificação de risco
um teste de gravidez no soro pode ser positivo,
da gestante, visto que gestação de alto risco teria um
enquanto o teste de gravidez na urina ainda é
acompanhamento diferente, podendo precisar de um
negativo.
atendimento mais rigoroso em hospitais e
-A única vantagem potencial do teste de
ambulatórios.
gravidez no soro qualitativo em relação ao
teste quantitativo é que o resultado do teste -Dentre os fatores de risco gestacional, destacamos, na
qualitativo pode ser dado com mais rapidez (15 história obstétrica:
min).
• Urina: O teste de gravidez na urina não precisa • Antecedente de óbito fetal
de laboratório e leva apenas 1 a 5 minutos para • morte neonatal e aborto espontâneo
se ter o resultado. Na prática clínica, o recorrente
resultado apresenta positividade para valores • crescimento fetal restrito ou macrossomia
de hCG urinário a partir de 20 a 50 mUI/mL. fetal
Como a concentração de beta-hCG na urina • intercorrências clínicas ou cirúrgicas em
pode ser muito menor do que no soro, os gestação anterior
testes de gravidez na urina podem não ser -Fatores de risco na gestação atual:
positivos quando o beta-hCG sérico é positivo
• Testes rápidos de gravidez (caseiros ou de • gravidez na adolescência ou acima dos 40 anos
farmácia): Eles detectam hCG na urina • gravidez múltipla
usando métodos de ensaio imunométrico. O • aloimunização Rh
desempenho do TRG é afetado pela técnica e • hemorragia vaginal.
Everaldo Leite 8

-É importante também avaliar os antecedentes -Exames laboratoriais:


clínicos, tais como:
• Tipagem sanguínea: Se indicado pode fazer
• diabetes tipo 1 coombs indireto
• nefropatia, • Hemograma e ferritina sérica
• cardiopatia ou outras doenças. • Glicemia jejum e Hb glicada
• EAS e urocultura
-A presença de qualquer um desses fatores é suficiente
• Sorologia: Rubéola, toxoplasmose,
para classificar a gestação como de risco, devendo a
citomegalovírus, sífilis, hep B, hep C, HIV
gestante ser encaminhada a um serviço especializado.
• TSH e T4 livre
-Consultas: • Citológico
• TOTG (24 a 28 sem)
-Preconiza-se a realização de, no mínimo, seis
consultas de pré-natal, sendo, preferencialmente, uma Obs: Existem testes rápidos que podem ser feitos na
no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e UBS, logo na primeira consulta do pré-natal. São eles
três no terceiro trimestre da gestação (Sífilis- VDLR, Hep B, HIV e Hep C)

As consultas devem ser realizadas conforme este -Repetir exames no 3 Trimestre:


cronograma: até a 28ª semana – mensalmente; da 28ª
• Toxoplasmose
até a 36ª semana – quinzenalmente; da 36ª até a 41ª
semana – semanalmente (Caderneta gestante) • Sifilis
• HIV
-Deve sempre em toda consulta avaliar:
-Obs: A partir da 35º sem tem que rastrear a bactéria
• Peso materno Streptococcus B.
• BCF
• Altura uterina -Vacina da gestante:
• PA • dT e DTPa
-Exames de imagem: • Hep B
• Influenza
• USG transvaginal (6-9 semanas): objetiva
identificar a gestação tópica, única ou não, a -Importante: Na primeira consulta tem que avaliar os
vitalidade e as medidas do saco gestacional, hábitos da gestante e fazer algumas indicações em
que permitirão, com grande propriedade, relação ao consumo de álcool, tabaco e alimentação.
estabelecer a idade gestacional em semanas. Além disso, tem que já indicar suplementação de ácido
• USG morfológica (11-14 semanas): Avalia fólico e sulfato ferroso.
o(comprimento cabeçanádega – CCN – de 45 a
-Referência:
84 mm), via abdominal, com a
complementação da Dopplervelocimetria, Livro: febrasgo
permitindo rastrear cromossomopatias (em
Métodos contraceptivos
particular a trissomia do 21), por meio
principalmente da medida de translucência -Critérios de elegibilidade:
nucal, do fluxo no ducto venoso e da
- A OMS vem se preocupando em nortear a indicação
identificação do ossículo nasal, além de outros
marcadores ultrassonográficos. de critérios clínicos de elegibilidade para uso de
métodos contraceptivos, por meio da classificação em
• USG morfológica (18-24 semanas): Identificará
quatro categorias, estabelecendo a conveniência ou
toda a economia fetal em seus aspectos
restrição ao uso de determinado anticoncepcional:
morfológicos.
• USG Obstétrico (34-36 semanas): • Categoria 1: o método pode ser usado sem
Dopplerfluxometria das artérias uterinas, restrição;
umbilical e da artéria cerebral média, se • Categoria 2: o método pode ser usado com
identificará o crescimento fetal, bem como sua restrições; são situações nas quais as
vitalidade e volume do líquido amniótico. vantagens em usar o método superam os
Everaldo Leite 9

riscos. Nessa categoria, o método não é a alcance o óvulo. Ela também impede o ovo
primeira escolha e, quando usado, deve ser fertilizado de implantar-se no útero. Indicado
acompanhado com cautela; para quem não pode tomar estrogênio.
• Categoria 3: os riscos decorrentes do seu uso • Injetáveis: Diferente da pílula combinada, a
superam os benefícios, sendo necessário mini-pílula tem somente o hormônio
acompanhamento rigoroso da usuária; progestina (progestágeno sintético), e não
• Categoria 4: o método não deve ser usado, estrogênio mais progestina. Tomada
pois apresenta risco inaceitável. diariamente, a mini-pílula reduz e engrossa o
muco cervical para prevenir que o esperma
-Métodos de barreira:
alcance o óvulo. Ela também impede o ovo
• Condom masculino e feminino fertilizado de implantar-se no útero
• Diafragma: Pode ser associado a espermicidas • Implante: Consiste de um bastonete de
para ter mais eficácia plástico com 4 cm de comprimento e 2 mm de
• Espermicidas: Forma uma barreia química ao diâmetro que é colocado na face interna da
acesso dos SPZ parte superior do braço, por baixo da pele,
assegurando uma eficácia contraceptiva
-Dispositivo intrauterino: durante três anos. Vai liberando lentamente
• Cobre: Imobiliza o SPZ. Causa fortes dores progesterona (não tem estrogênio) que evita a
menstruais. liberação mensal de oócitos secundários do
ovário. O método inibe a ovulação, aumenta a
• Progesterona: Tem baixa dosagem de
viscosidade do muco cervical, inibindo a
hormônio, não influencia no ciclo hormonal
penetração do espermatozóide, e provoca
(ovulação) e diminui o sangramento vaginal,
atrofia do endométrio diminuindo sua
podendo até suspender a menstruação. A
espessura. Não indicado mulher com mais de
progesterona faz com que o muco cervical
35 anos e fumantes.
fique espesso, de modo que o esperma não
consegue alcançar o ovo, e o ovo fertilizado • Adesivos: O adesivo é uma forma recente de
fica impedido de implantar-se dentro do contracepção, mas com eficácia igual a dos
revestimento do útero anticoncepcionais orais, entre 99,3% a 99,6% e
possui os hormônios (estrogênio e
-Métodos hormonais: progestágeno) que caem diretamente na
corrente sanguínea e inibem a ovulação
- Geralmente são uma mistura de derivados sintéticos
• Emergência: Indicado até 72 horas após o
de estrogênios e progesterona (combinado), que
coito. É feito a base de doses fortes de
inibem o aumento de LH (responsável pela ovulação)
hormônios (levonorgestrel) que impedem a
impedindo a concepção por inibir a ovulação pelo
ovulação e a mobilidade dos espermatozoides
bloqueio da liberação de gonadotrofinas pela hipófise.
no útero, impedindo a fecundação e,
Algumas pílulas contêm apenas derivados da
consequentemente a gravidez.
progesterona (isolado).

- Os de estrogênio não devem ser usados por mulheres


Prevenção gravidez adolescência
com mais de 35 anos e fumantes (risco de trombose).
- A gravidez na adolescência é um fenômeno complexo
• Oral Pílula: Este método evita a gravidez de
e envolve múltiplas dimensões da vida humana,
diferentes maneiras: as pílulas impedem a
diretamente relacionada ao contexto sociocultural,
ovulação, evitam a nidação e engrossam o
econômico e político, assim como às dimensões étnicas
muco fértil, atrapalhando assim a passagem
e raciais e de gênero. Portanto, a prevenção da
dos espermatozóides.
gravidez durante a adolescência exige esforços dos
• Mini-pilula: Diferente da pílula combinada, a
distintos setores públicos responsáveis pela
mini-pílula tem somente o hormônio
formulação e pela implementação de políticas públicas
progestina (progestágeno sintético), e não
que têm como perspectiva central os direitos
estrogênio mais progestina. Tomada
humanos, mas demanda também o envolvimento de
diariamente, a mini-pílula reduz e engrossa o
todos os setores da sociedade civil.
muco cervical para prevenir que o esperma
Everaldo Leite 10

-Diversos fatores concorrem para a gestação na –adolescente usuária de álcool ou de outras drogas
adolescência. No entanto, a desinformação sobre lícitas ou ilícitas (cocaína/crack ou medicamentos sem
sexualidade, sobre direitos sexuais e reprodutivos é o prescrição médica);
principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e
–gestação decorrente de abuso/estupro ou outro ato
contextuais também contribuem, inclusive para a falta
violento/ameaça de violência sexual;
de acesso à proteção social e ao sistema de saúde,
incluindo o uso inadequado de contraceptivos, como –existência de atitudes negativas quanto à gestação ou
métodos de barreira e preservativos. rejeição ao feto;
-Existem outras causas inerentes ao desenvolvimento – tentativa de interromper a gestação por quaisquer
psíquico ou fatores culturais, tais como pensamentos meios;
mágicos e inconscientes de ser amado/a ou de ser
conquistado/a como reflexo dos papéis estereotipados –dificuldades de acesso e acompanhamento aos
e veiculados pelas mídias e sociedade em geral, muitas serviços de pré-natal;
vezes envolvendo romance e violência. –não realização do pré-natal ou menos do que seis
-Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a visitas de rotina;
gestação nesta faixa etária é uma condição que eleva a –presença de doenças crônicas: diabetes, doenças
prevalência de complicações maternas, fetais e cardíacas ou renais; infecções sexualmente
neonatais, além de agravar problemas transmissíveis; sífilis, HIV, hepatite B ou C; hipertensão
socioeconômicos existentes. Como em outras arterial;
condições de saúde, o prognóstico da gravidez na
adolescência depende da interação de fatores – presença de doenças agudas e emergentes: dengue,
biológicos, sociais, psicológicos, culturais e zika, toxoplasmose, outras doenças virais;
econômicos. – ocorrência de pré-eclâmpsia ou desproporção
-As complicações e gravidade da gestação pélvica-fetal, gravidez de gêmeos, complicações
correlacionam-se à idade da adolescente (maiores obstétricas durante o parto, inclusive cesariana de
riscos para meninas com menos de 16 anos, urgência;
especialmente menores de 14 anos, ou com menos de – falta de apoio familiar à adolescente.
dois anos da menarca/primeira menstruação),
paridade, início e aderência ao pré-natal, ganho de Riscos para a mãe adolescente e para o filho recém-
peso e aspectos nutricionais. nascido:

-Não se pode esquecer a influência de fatores – RN com anomalias graves, problemas congênitos ou
psicossociais, como a presença ou ausência do apoio traumatismos durante o parto (asfixia, paralisia
familiar, apoio ou não de companheiro/pai do recém- cerebral, outros);
nascido, e fatores ambientais, como acesso aos
– abandono do RN em instituições ou abrigos;
cuidados básicos em saúde, forças que exercem
variações nos resultados da gestação, como no peso, – ausência de amamentação por quaisquer motivos;
na prematuridade e outros achados neonatais, além
– mãe adolescente com transtornos mentais ou
das complicações maternas obstétricas do parto e pós-
psiquiátricos antes, durante ou após a gestação e o
parto.
parto;
Fatores que aumentam os riscos da gestação na
– abandono, omissão ou recusa do pai biológico ou
adolescência:
parceiro pela responsabilidade da paternidade;
– idade menor que 16 anos ou ocorrência da primeira
– RN é resultado de abuso sexual incestuoso ou por
menstruação há menos de 2 anos (fenômeno do duplo
desconhecido, ou relacionamento extraconjugal;
anabolismo: competição biológica entre mãe e feto
pelos mesmos nutrientes); – quando a família rejeita ou expulsa a adolescente e o
RN do convívio familiar;
– altura da adolescente inferior a 150 cm ou peso
menor que 45kg;
Everaldo Leite 11

– quando a família apresenta doenças psiquiátricas,


uso de drogas, álcool ou episódios de violência
intrafamiliar;

– falta de suporte familiar, pobreza ou situações de


risco (migração, situação de rua, refugiados);

– quando a mãe adolescente abandonou ou foi


excluída da escola, interrompendo a sua educação e
dificultando sua inserção no mercado de trabalho.

-Prevenção da gravidez na adolescência:

-Um dos mais importantes fatores de prevenção é a


educação. Educação sexual integrada e compreensiva
faz parte da promoção do bem-estar de adolescentes e
jovens ao realçar a importância do comportamento
sexual responsável, o respeito pelo/a outro/a, a
igualdade e equidade de gênero, assim como a
proteção da gravidez inoportuna, a prevenção de
infecções sexualmente transmissíveis/HIV, a defesa
contra violência sexual incestuosa, bem como outras
violências e abusos.

-A garantia de desenvolvimento integral na


adolescência e juventude é uma responsabilidade
coletiva que precisa unir família, escola e sociedade
para articular-se com órgãos e instituições, públicas e
privadas na formulação de políticas públicas de
atenção integral à saúde em todos os níveis de
complexidade, embasando-se em situações
epidemiológicas, indicadores e demandas sociais,
respeitando os princípios do Sistema Único de Saúde.

-A data foi instituída pela Lei nº 13.798/2019 e realiza-


se anualmente na semana que incluir o dia 1º de
fevereiro, com o objetivo de disseminar informações
sobre medidas preventivas e educativas que
contribuam para a redução da incidência da gravidez
na adolescência.
APG21
Everaldo Leite 1

DESCREVER A FISIOLOGIA DO MECANISMO DO TRABALHO DE PARTO

- Clinicamente, o TP é definido por uma mudança na atividade uterina, que em nenhum momento durante o ciclo
gestatório é absolutamente quiescente ou ausente, com a escalada de aumento progressivo de contrações, de maior
duração, intensidade e ritmicidade, progressivo esvaecimento, afinamento e dilatação do colo uterino, elementos
que se combinam para desencadear os fenômenos passivos indicadores de seu início.

CARACTERÍSTICAS DA PRESSÃO INTRAUTERINA E DAS CONTRAÇÕES

A frequência foi definida como o número de ocorrências de contrações em 10 minutos. Por conceito, consideraram
como ATIVIDADE UTERINA o produto da intensidade das contrações por sua frequência, sob a unidade de
mmHg/10 minutos ou Unidades Montevidéu (UM) e, como trabalho uterino, o somatório de todas as contrações
uterinas para uma dada função, como o trabalho de parto.

COMPORTAMENTO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS DURANTE O CICLO GRAVÍDICO

PARTO

No trabalho de parto, as contrações uterinas são frequentes, intensas e dolorosas. Ocorre transição gradativa com
acréscimo da intensidade e da frequência, de forma a passar do período pré-parto para o franco trabalho de parto.
Em média, as contrações atingem 30 mmHg, com frequência de duas a três em 10 minutos e duração média de 30
segundos, durante o período inicial da dilatação (2 a 3 cm), até atingir 40 mmHg de intensidade com frequência de
quatro a cinco contrações em 10 minutos no período final da dilatação.

Durante o período expulsivo, as contrações chegam a 5 em 10 minutos, com duração média de 50 segundos e
intensidade de 50 mmHg. Os ligamentos redondos se contraem como o útero, tracionando o fundo para diante,
colocando o eixo longitudinal da matriz na direção do eixo da escavação pélvica, facilitando a progressão do feto.
Everaldo Leite 2

Também no período expulsivo, somam-se às contrações uterinas movimentos involuntários de fechamento da glote
com retesamento dos músculos abdominais, como uma vontade incontrolável de fazer força como nas evacuações:
esse fenômeno se denomina “puxo”. Da mesma forma que as contrações uterinas do período expulsivo, os puxos
têm intensidade de 50 mmHg, que então, somados (contrações do período expulsivo e puxos), chegam à incrível
intensidade de 100 mmHg.

Também durante o trabalho de parto, o útero vai encurtando e espessando na região do fundo, à medida que as
contrações vão evoluindo e o colo uterino dilatando. O istmo é tracionado para cima e, em conjunto com a pressão
exercida pela bolsa amniótica ou pelo polo cefálico, contra o colo, atuando em forma de cunha, constitui também
fator determinante para a dilatação cervical.

Em média, o trabalho de parto de uma primípara demora 10 a 12 horas e o de multíparas 6 a 8 horas.

SECUNDAMENTO

Após a expulsão do feto, as contrações uterinas se mantêm, a fim de promover o desprendimento da placenta da
sua área de inserção, para que ocorra a dequitação. Geralmente as três primeiras contrações desinserem a placenta
da sua topografia, e demora em média 6 minutos até que ela atinja o segmento inferior, chamado de tempo
corporal. O segmento inferior não tem força contrátil para expulsá-la. Para tanto, a mulher sente novamente
necessidade dos puxos ou, em alguns casos, é necessária a intervenção do obstetra.

FASES CLÍNICAS DO PARTO

Reconhecer o início do trabalho de parto é um desafio. A definição de trabalho de parto baseia-se no início das
contrações uterinas, apagamento do colo uterino com consequente dilatação cervical e expulsão fetal.

Alguns dias antes do início do trabalho de parto, ocorre aumento gradativo das contrações uterinas, dando início a
insinuação da apresentação fetal, esvaecimento e dilatação progressiva do colo e distensão do segmento inferior
para preparar o útero para o trabalho de parto.

A fase preparatória, denominada de PRÉ-PARTO, precede esses eventos em alguns dias ou semanas. Os sinais mais
importantes dessa fase são: descida do fundo uterino geralmente de 2 a 4 cm, eliminação do muco pelas glândulas
cervicais podendo vir acompanhado ou não de pequena perda sanguínea, amolecimento do colo com posterior
apagamento, modificação do direcionamento do colo para o centro do eixo da vagina, contrações uterinas
dolorosas, incoordenadas e irregulares.

Período premunitório (pré-parto)


Everaldo Leite 3

O período premunitório é caracterizado principalmente pela descida do fundo uterino. A cúpula do útero gravídico,
localizada nas proximidades do apêndice xifoide, baixa de 2 a 4 cm, condicionando maior amplitude à ventilação
pulmonar, a qual está dificultada, até esse momento, pela compressão diafragmática.

A adaptação do polo proximal do feto ao estreito superior traz consigo, no entanto, a incidência de dores lombares,
o estiramento das articulações da cintura pélvica e distúrbios circulatórios decorrentes dos novos contatos. Há
grande quantidade de secreções das glândulas cervicais, com eliminação de muco e, eventualmente, mesclado de
sangue; encurta-se a porção vaginal do colo; inicia-se a percepção, por vezes dolorosa, das metrossístoles
intermitentes do útero, com espaços que passam a ser frequentes e contrações que se intensificam, prenunciando a
deflagração do parto (dolores praeparantes).

A atividade uterina, presente desde o início da gravidez, se mantém reduzida até 30 semanas, ficando, sobretudo,
limitada a pequenas áreas da matriz. Passado esse período, vai crescendo paulatinamente, com aumento gradual,
especialmente após 36 semanas, como consequência do incremento, na intensidade e na frequência das contrações
de Braxton-Hicks, apresentando melhor coordenação e envolvendo áreas cada vez maiores.

No pré-parto, acentua-se o amolecimento do colo, combinado ao apagamento, que anuncia a incorporação da


cérvice ao segmento inferior, e caracteriza-se a maturidade, a ser avaliada clinicamente com a rotina dos exames
vaginais. No amadurecimento da cérvice, a relaxina apresenta função relevante; trata-se de um polipeptídio
hormonal produzido pelo corpo lúteo, pela decídua e pelo cório. Em todo o curso da gravidez, a relaxina também
auxilia as transformações do tecido de conexão, peculiares ao ciclo gestativo, consignadas em muitos locais
anatômicos, servindo também de mediador da dilatação cervical e das alterações histológicas coincidentes com o
amadurecimento progressivo do colo, e que não se distinguem das induzidas artificialmente pelas prostaglandinas.

O falso trabalho de parto e as contrações dolorosas do pré-parto são quadros clínicos frequentes no final da
gravidez; apresentam em comum as metrossístoles, de ritmo irregular e semcoordenação, que, pelo fato de não
produzirem modificações do colo, são um diferencial no diagnóstico do verdadeiro trabalho. Assim, é difícil e, muitas
vezes, até mesmo impossível determinar o exato momento do início do parto, que poderá começar de modo
gradual, quase insensível.

As fases clínicas do parto são processos fisiológicos que culminarão com o parto propriamente dito, divididos em
QUATRO períodos ou fases clínicas principais:

➢ Primeiro período, ou fase de dilatação;


➢ Segundo período, ou fase de expulsão;
➢ Terceiro período, ou secundamento;
➢ Quarto período, ou primeira hora pós-parto.

O início do trabalho de parto pode ser definido no momento da admissão da paciente ao centro obstétrico. A partir
do momento que ela chega com membranas íntegras e contrações efetivas, pressupõe-se dilatação cervical de 3 a 4
cm ou mais como sendo dados confiáveis para o diagnóstico do trabalho de parto, momento em que termina a fase
de pré-parto e se inicia a fase de dilatação.

Clinicamente, o estudo do parto analisa três fases principais (dilatação, expulsão e secundamento), precedidas de
estágio preliminar, o período premunitório (pré-parto). Há tendência a considerar um 4º período, que
compreenderia a hora imediata à saída da placenta. O conjunto desses episódios constitui os fenômenos passivos do
parto, que se completam com a análise dos movimentos executados pelo feto, na sua penetração rotativa pelo canal
parturitivo, impulsionado pelas contrações uterinas (mecanismo do parto).

Resumem-se na abertura de dois diafragmas, o cervicossegmentário (colo do útero) e o vulvoperineal, através dos
quais o feto passa. Do ponto de vista clínico, a ampliação do diafragma cervicossegmentário corresponde ao 1º
Everaldo Leite 4

período do parto (fase de dilatação), e a passagem do feto pelo diafragma vulvoperineal corresponde ao 2º período
(fase de expulsão).

Diagnóstico do trabalho de parto

Clinicamente, o diagnóstico do início real do parto nem sempre será estabelecido facilmente. É necessário
considerar o trabalho parturiente como síndrome: os elementos que a compõem não têm, isoladamente, valor
absoluto e somente o conjunto deles é fiador da precisão. De maneira esquemática, podem ser considerados:

• Contrações dolorosas, rítmicas (no mínimo, duas em 10 min), que se estendem a todo o útero e têm duração
de 50 a 60 s. Doze contrações por hora (2/10 min) é sinal importante de trabalho de parto verdadeiro ou
iminente.
• A fase ativa do parto pode não ter se iniciado com 5 cm de dilatação em multíparas e até comdilatação
maior em nulíparas
• Formação da bolsa-das-águas
• Perda do tampão mucoso, denunciando o apagamento do colo.

PRIMEIRO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – FASE DE DILATAÇÃO

Período de esvaecimento e dilatação do colo uterino e formação do segmento inferior do útero e da “bolsa das
águas”. Nas nulíparas, geralmente o esvaecimento do colo precede a dilatação, enquanto nas multíparas esses
processos são concomitantes.

Para um efetivo trabalho de parto, essas contrações devem apresentar frequência regular entre duas e três
contrações a cada 10 minutos, intensidade em média de 40 mmHg e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60
segundos). A sensação dolorosa se deve à hipóxia das fibras musculares do útero durante as contrações. Essas
contrações, ditas efetivas, provocarão a dilatação do colo devido à tração que as fibras musculares do corpo uterino
exercem sobre o segmento inferior e pela apresentação fetal insinuada, que exerce pressão hidrostática sobre a
cérvix.

Inicia-se a fase de dilatação com as contrações uterinas dolorosas (que começam a modificar ativamente a cérvice) e
termina quando a sua ampliação está completa (10 cm). O colo dilata-se graças ao efeito de tração das fibras
longitudinais do corpo, que se encurta durante as contrações uterinas, e de outros fatores convergentes (bolsa das
águas e apresentação).

Às dores preparatórias do período premunitório sucedem-se as dores de presságio ou sinalização da fase de


dilatação, quando o trabalho de parto desencadeado é visível até para aqueles sem experiência diagnóstica. Durante
o 1º período, abre-se o DIAFRAGMA CERVICOSSEGMENTÁRIO e o canal do parto se forma, isto é, a continuidade
do trajeto uterovaginal, com dois fenômenos a predominar: o apagamento do colo (ou desaparecimento do espaço
cervical), incorporado à cavidade uterina, e a DILATAÇÃO DA CÉRVICE, ao fim da qual as suas bordas limitantes
ficam reduzidas a simples relevos, aplicados às paredes vaginais. Portanto, o apagamento e a dilatação são
fenômenos distintos, que, nas primíparas, se processam nessa ordem sucessiva.
Everaldo Leite 5

A. Apagamento do colo em primíparas nas


proximidades do parto (1, 2, 3 e 4) e
apagamento e dilatação do colo em
multíparas em pleno trabalho de parto (5, 6,
7 e 8). B. Apagamento e dilatação do colo em
multíparas durante o trabalho de parto.

Nas multíparas, ocorre a simultaneidade dos dois: o colo se desmancha em sincronismo com a dilatação.

Em 80% dos casos, a ruptura (amniotomia), com evasão parcial do conteúdo líquido do óvulo, ocorre no final da
dilatação ou no início da expulsão.

Friedman, em 1954, descreveu uma abordagem científica que caracterizou um padrão sigmoide para o trabalho de
parto ao elaborar um gráfico de dilatação cervical em relação ao tempo.

Com base nas observações gráficas, elaborou o conceito de três divisões funcionais do trabalho de parto.

1ª > Na primeira divisão, divisão preparatória ou de aceleração, mesmo que haja dilatação mínima, já se iniciam
alterações plásticas do colo.

2ª > A divisão de aceleração máxima ou de dilatação, período de dilatação rápida, quando a dilatação vai de 3 a 9
cm.

3ª > Por fim, a divisão pélvica ou de desaceleração precede a dilatação completa.

O padrão de dilatação cervical durante as divisões de aceleração e de dilatação é representado por uma curva
sigmoide dividida em duas fases.

• A FASE LATENTE, que corresponde à divisão de preparação.


• E a FASE ATIVA, que corresponde à dilatação, sendo esta composta, segundo Friedman, em fase de
aceleração, fase de aceleração máxima e fase de desaceleração.
Everaldo Leite 6

FASE LATENTE

Essa fase é o momento em que a parturiente percebe as contrações uterinas regulares, pouco dolorosas.
Normalmente, é o período até a dilatação de 3 a 5 cm, definido como limite de dilatação da fase latente e o início da
fase ativa. A dilatação nessa fase é em média de 0,35 cm por hora, com duração variável, de difícil delimitação. A
fase latente é considerada prolongada quando se estende por mais de 20 horas nas nulíparas e 14 horas nas
multíparas.

FASE ATIVA

Fase caracterizada por contrações dolorosas, com aumento gradual de frequência e intensidade, levando à rápida
dilatação do colo. As taxas de dilatação cervical, segundo Friedman (1972), variam de 1,2 a 6,8 cm por hora. A fase
ativa tradicionalmente se inicia com entre 3 e 4 cm; multíparas evoluem, em média, 1,5 cm por hora, com 2,4 horas
(máximo de 5,2 horas) de duração, e nulíparas, 1,2 cm por hora, com 4,6 horas (máximo de 11,7 horas) de duração
(Figura 89.4).

SEGUNDO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – FASE DE EXPULSÃO

O período se inicia com a dilatação cervical total estendendo-se até o nascimento do feto. Tem duração média de
aproximadamente 50 minutos para nulíparas e 20 minutos para multíparas.

Inicia-se quando a dilatação está completa e se encerra com a saída do feto. Caracteriza-se, fundamentalmente,
pela associação sincrônica às metrossístoles, da força contrátil do diafragma e da parede abdominal, cujas formações
musculoaponeuróticas, ao se tornar tenso, formam cinta muscular forte, que comprime o útero de cima para baixo e
de frente para trás.

No curso do 2º período, ocorre a sucessão das contrações uterinas, cada vez mais intensas e frequentes, com
intervalos progressivamente menores, até adquirirem o aspecto subintrante de cinco contrações em cada 10 min.
Everaldo Leite 7

Por efeito das metrossístoles, o feto é propelido através do canal do parto, franqueia o colo dilatado e passa a
distender lenta e progressivamente a parede inferior do diafragma vulvoperineal, depois de palmilhar a vagina.

Ao comprimir as paredes vaginais, o reto e a bexiga, o polo inferior do feto provoca, por via reflexa, o aparecimento
das contrações voluntárias da prensa abdominal. Assim, origina-se a “vontade de espremer”, os puxos, movimentos
enérgicos da parede do ventre, semelhantes aos suscitados pela evacuação ou micção penosas.

Para maior eficiência do período expulsivo, é necessário que dois fatores estejam presentes e somados: sístole
involuntária do útero e contração voluntária da prensa abdominal.

DURAÇÃO NORMAL DO TRABALHO DE PARTO

Na primíparas, a fase latente dura, em média, 20 h; nas multíparas, 14 h. O parto propriamente dito (fase ativa) tem
o período de dilatação completo em torno de 12 h, nas primíparas, e de 7 h nas multíparas; a expulsão leva,
respectivamente, 50 e 20 min. Contudo, com a assistência ativa à parturição, a maioria dos partos normais ocorre
dentro de 6 h.

TERCEIRO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – FASE DE DEQUITAÇÃO- SECUNDAMENTO

Período também denominado de secundamento, delivramento ou decedura. Corresponde ao período do


nascimento do feto até a expulsão da placenta e membranas. A descida da placenta provoca contrações uterinas
pouco dolorosas e novamente sensação de puxos maternos à medida que a placenta vai se aproximando do canal
vaginal.

O fundo uterino passa a se localizar abaixo do nível da cicatriz umbilical e, com essa diminuição, diminuirá a área de
implantação da placenta e forçará que ela seja expulsa do útero, o que é facilitado pela estrutura frouxa da decídua
esponjosa.

Descolamento.

A placenta se descola como se destacaria um selo colado a uma superfície elástica, previamente distendida, quando
essa se retraísse.

Decorre, essencialmente, da retração do músculo uterino, após o parto fetal, e em consequência de suas contrações.
Assim, reduz-se de maneira acentuada a superfície interna do útero, pregueando-se a zona de inserção da placenta,
o que vai ocasionar o seu descolamento

Existem dois tipos de mecanismo de dequitação, conforme o local do útero em que a placenta está inserida:

• Baudelocque-Schultze (BS): mecanismo central de decedura, em que a placenta se encontra inserida


posteriormente no fundo do útero: no momento do descolamento, ocorrerá primeiro a exteriorização pela
face fetal da placenta, para então haver a eliminação do coágulo (hematoma retroplacentário). Acontece em
85% dos casos;
• Baudelocque-Duncan (BD): mecanismo periférico, menos comum, de secundamento, a placenta se encontra
inserida na parede lateral do útero: no momento do descolamento pela face materna, ocorre primeiro o
sangramento e logo em seguida a exteriorização da placenta.
Everaldo Leite 8

Nesse processo de dequitação, independentemente do mecanismo, ocorre perda de sangue de aproximadamente


300 a 500 mL, que normalmente é bem tolerada pela paciente sem comorbidades. O sangramento, em condições
fisiológicas normais, cessará após a expulsão da placenta.

Descida.

As contrações uterinas, que não cessam, e a possível ação da gravidade condicionam a migração da placenta, que se
cumpre de acordo com a modalidade do descolamento, a locação placentária e a maior ou menor facilidade com
que se desprendem as membranas. Do corpo uterino, a placenta passa ao segmento inferior, que então se distende;
percorre a cérvice e cai na vagina.

Expulsão ou desprendimento.

No canal vaginal, a placenta provoca nova sensação de puxo, determinando esforços abdominais semelhantes aos
do 2º período do parto, responsáveis pela expulsão do órgão para o exterior.

No antigo local de inserção da placenta, forma-se ferida viva, com os seus vasos abertos, dando saída a certa
quantidade de sangue, até que se obliterem, pelo mecanismo descrito por Pinard (ligaduras vivas), subsecutivo à
retração uterina.

QUARTO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – PRIMEIRA HORA PÓS-PARTO

Denominado de quarto período de Greenberg, corresponde à primeira hora após a dequitação. Nesse período, após
o desprendimento da placenta, ocorre a retração uterina com a formação de coágulos fisiológicos. É necessário
salientar-se a importância da boa compreensão do mecanismo da retração uterina e de formação normal de
coágulos na superfície interna da matriz, que ficou aberta e sangrante após a expulsão da placenta. Esse período é
caracterizado por mecanismos que atuarão na prevenção fisiológica do sangramento do leito uteroplacentário

A seguir, estão listadas as fases típicas que caracterizam o 4 o período:

Miotamponagem

O primeiro mecanismo é a contração do útero, pós-dequitação, provocando obliteração dos vasos miometriais pela
contração muscular, o miotamponamento, descrito por Pinard e denominado de ligaduras vivas de Pinard.

Trombotamponamento

Provocando um tamponamento devido à formação de trombos intravasculares que obliteram os grandes vasos
uteroplacentários e de coágulos que preenchem a cavidade uterina, fase conhecida como segunda fase de proteção
contra a hemorragia, o trombotamponamento.
Everaldo Leite 9

Contração uterina fixa

Após 1 hora do parto, o útero evoluirá com a fase de contração uterina fixa, por adquirir maior tônus, mantendo a
hemostasia.

PARTOGRAMA

Partograma é a representação gráfica do trabalho de parto. É um instrumento fácil de ser utilizado, prático e barato
que permite documentar sua evolução, diagnosticar alterações e indicar intervenções apropriadas para s correção
desses desvios ou distocias, evitando, assim, que se adotem condutas desnecessárias na assistência à parturiente.

Como possibilita o registro da evolução do trabalho de parto, o partograma detecta quando ele não está
progredindo normalmente e, se adequadamente interpretado, indica quando há necessidade de estímulo desse
trabalho de parto ou se há desproporção cefalopélvica.

Parte 1: progressão do trabalho de parto

Essa seção é destinada à avaliação da progressão do trabalho de parto e compreende o preenchimento do


cervicograma e a avaliação das contrações uterinas maternas. No cervicograma se faz o registro da dilatação
cervical e altura da apresentação, em função do tempo.

FASE DE DILATAÇÃO

Friedman demonstrou que a relação entre a progressão da dilatação cervical e o tempo, (na primeira fase clínica do
parto ou de dilatação) é representada por uma curva sigmoide.

Além disso, essa fase foi dividida em latente e ativa, a depender da velocidade com que a dilatação ocorre. A fase
latente se inicia com o diagnóstico de trabalho de parto, ou seja, com a associação de pelo menos duas contrações
rítmicas em 10 minutos e dilatação cervical de 2 a 3 cm, e se estende até 4 cm de dilatação. É a fase mais longa,
com duração média de 8 horas, mas podendo ter até 20 horas.

Na fase ativa, que se inicia com 4 cm e termina com a dilatação completa do colo, a velocidade da dilatação cervical
aumenta significativamente e é de 1 cm por hora, em média. Nessa fase é possível estabelecer os diagnósticos de
distocias.

Sendo assim, é importante salientar que, para análise da progressão do trabalho de parto, a fase de interesse para
aplicação do partograma é a fase ativa da dilatação. Portanto, o partograma deve ser iniciado no momento em que
a parturiente apresenta dilatação cervical de 4 cm.

A abertura do partograma na fase latente implicaria intervenções desnecessárias.

Em sua forma mais comum, o cervicograma é documentado em papel quadriculado. Na abscissa (eixo X), coloca-se o
tempo, sendo cada divisória correspondente a 1 hora.
Everaldo Leite 10

Nas ordenadas (eixo Y) a dilatação é representada à esquerda e a descida da apresentação à direita. Cada divisória
das ordenadas corresponde a 1 cm.

Na representação da descida fetal, considera-se como plano zero de DeLee aquele das espinhas ciáticas, no estreito
médio da pelve materna. Acima desse ponto estão os valores negativos e abaixo, os positivos de DeLee.

Linha de alerta e ação (com a de alerto espaçada 4h).

Na construção do partograma, existem duas linhas paralelas denominadas linhas de alerta e de ação. Quando a
dilatação atinge ou cruza a linha de alerta, isso significa a necessidade de melhor observação clínica; a intervenção
médica torna-se necessária somente quando a curva de dilatação cervical atinge a linha de ação, o que não significa
conduta cirúrgica

Vale enfatizar que, no cervicograma do partograma do MS (Brasil, 2001), a dilatação cervical é representada por um
triângulo colocado na linha que representa quantos centímetros a paciente apresenta no momento de sua
avaliação, imediatamente à esquerda da linha de alerta. A apresentação fetal é representada por um desenho que
demonstra a variedade de posição.

O intervalo em que a paciente é submetida a toques vaginais para seu preenchimento varia de 2 a 4 horas, a
depender da parturiente e evolução de seu trabalho de parto.

FASE EXPULSIVA

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) (2014) sugere manter a tentativa de parto vaginal por
pelo menos 2 horas em gestantes multíparas e 3 horas em primigestas, se as condições maternas e fetais assim o
permitirem.

Observações referentes às contrações são realizadas a cada hora. Considerando um período de avaliação de 10
minutos, devem ser anotadas quantas contrações ocorrem (cada quadrado representa uma contração) e qual é a
intensidade dessas contrações. Contrações fortes são representadas por quadrados totalmente preenchidos,
contrações moderadas por quadrados preenchidos pela metade (Brasil, 2001) ou hachurados (Dalal e Purandare,
2018) e contrações fracas por quadrados vazios (Brasil, 2001) ou preenchidos por fino pontilhado

Parte 2: condições fetais

Essa seção é utilizada para documentar condições fetais evolutivas importantes durante o trabalho de parto. É
possível avaliar a vitalidade fetal por meio da ausculta fetal eletrônica intermitente, a integridade das membranas
corioamnióticas e, quando rotas, as características do líquido amniótico e fenômenos plásticos do polo cefálico.

Ausculta fetal

Os valores de linha de base considerados normais são 110 a 160 bpm.

No patograma há espaço para anotações para avaliação horária.

Características do líquido amniótico

No local destinado a documentar esse parâmetro, deve-se colocar: letra I para membranas íntegras. Caso haja
rotura, as letras serão as seguintes: C para líquido claro, M para mecônio, S para líquido tinto de sangue e A para
ausência de líquido.

Parte 3: condições maternas

No partograma da OMS (2000) há espaços destinados à documentação, além das contrações uterinas, de sinais vitais
e de intervenções maternas importantes na condução do trabalho de parto, tais como: temperatura, pressão
Everaldo Leite 11

arterial, frequência cardíaca e tipos e posologias de fluidos e/ou drogas que porventura estejam sendo
administrados.

Para a construção do partograma, algumas observações são necessárias:

• No partograma, cada divisória corresponde a 1 h na abscissa (eixo X) e 1 cm de dilatação cervical e de


descida da apresentação na ordenada (eixo Y)
• Inicia-se o registro gráfico quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto (2 a 3 contrações
generalizadas em 10 min, dilatação cervical mínima de 3 a 4 cm)
• Os toques vaginais são realizados a cada 2 h. Em cada toque, deve-se anotar a dilatação cervical, a altura da
apresentação, a variedade de posição e as condições da bolsa das águas e do líquido amniótico; quando a
bolsa estiver rompida, por convenção, registra-se a dilatação cervical com um triângulo e a apresentação e a
respectiva variedade de posição são representadas por uma circunferência
• O padrão das contrações uterinas e dos bcf, a infusão de líquidos, fármacos e o uso de analgesia devem ser
devidamente registrados
• A dilatação cervical inicial é marcada no ponto correspondente do gráfico, traçando-se na hora
imediatamente seguinte a linha de alerta e, em paralelo, 4 h após, sinala-se a linha de ação, desde que a
parturiente esteja na fase ativa de parto (no mínimo, 1 cm/h de dilatação).
Everaldo Leite 12
Everaldo Leite 13

DIAGNÓSTICO DE DISTOCIAS NO PARTOGRAMA

A curva de Friedman ainda é utilizada na assistência à parturiente para avaliar a normalidade de um trabalho de
parto e ditar quando intervenções devem ser instituídas para correção de distocias. De acordo com os conceitos de
Friedman, podem ser diagnosticadas, com o uso correto do partograma, distocias de dilatação (fase ativa) e de
descida (período expulsivo).

DISTOCIAS DE DILATAÇÃO

Essas distocias são diagnosticadas antes da dilatação completa do colo uterino e independem da altura da
apresentação fetal.

a) Fase ativa prolongada

Essa distocia é diagnosticada quando a dilatação cervical é progressiva, em toques sucessivos, porém se dá em
velocidade inferior a 1 cm por hora. No partograma, a curva de dilatação cervical cruza a linha de alerta.

A principal causa dessa anormalidade é a presença de contrações em número ou qualidade insuficiente para
promover a dilatação do colo uterino. Portanto, sua correção é feita, em um primeiro momento, pelo emprego de
movimentação da parturiente priorizando posturas verticalizadas e por alívio de dor. Caso não se obtenha o
resultado desejado, administração de ocitocina ou rotura artificial das membranas são outras opções para correção
do quadro.

Fase ativa prolongada representada no cervicograma do Ministério da Saúde do Brasil:

b) Parada secundária da dilatação

Nesse caso, a distocia é definida como ausência de progressão da dilatação em dois exames cervicais sucessivos,
com intervalo maior de 2 horas, na presença de contrações uterinas adequadas.

A causa dessa distocia é a desproporção cefalopélvica, que na maioria dos casos, é relativa e secundária a
apresentações fetais defletidas ou em variedades de posição transversas ou posteriores. Logo, para sua correção,
devem-se utilizar estratégias que auxiliem o mecanismo de parto, tais como priorização de posturas verticalizadas,
alívio importante da dor (incluindo analgesia farmacológica) e rotura artificial das membranas (Brasil, 2001). Vale
destacar que, nessa condição, as contrações uterinas geralmente são em número e intensidade adequados, assim a
prescrição de ocitocina não deve ser vista como intervenção.

Parada secundária da dilatação representada no cervicograma:


Everaldo Leite 14

c) Parto taquitócico ou precipitado

Distocia diagnosticada, frequentemente de maneira retrospectiva, quando o período que se estende do início da
fase ativa da dilatação e a expulsão do feto é de 4 horas ou menos.

O padrão de contrações é de taquissistolia e a principal causa dessa intercorrência é o uso iatrogênico de ocitocina.
Nesse caso, a parada de infusão de ocitocina é mandatória. No partograma, a curva de dilatação se distancia da linha
de alerta para a esquerda.

DISTOCIAS DE DESCIDA

Essas distocias são diagnosticadas após dilatação completa do colo uterino e estão relacionadas à velocidade de
progressão do feto pelo trajeto, durante o período expulsivo.

a) Período expulsivo prolongado

Essa distocia é diagnosticada no partograma quando a descida da apresentação é progressiva, porém ocorre em
velocidade inferior à esperada para a paridade e condições clínicas da paciente.

A expulsão fetal não se dá no tempo máximo de período expulsivo estabelecido, ou seja, em 2 horas para nulíparas e
em 1 hora para multíparas. Em 2003, o ACOG recomendou o acréscimo de mais 1 hora ao período expulsivo caso a
parturiente esteja sob efeito de analgesia farmacológica. Essa distocia está frequentemente associada a contrações
deficientes. Intervenções voltadas para sua correção são: posturas de parto verticalizadas, administração de
ocitocina, rotura de membranas.
Everaldo Leite 15

Período expulsivo prolongado representado no cervicograma:

b) Parada secundária da descida

Nesse caso, a distocia é definida como ausência de progressão da descida em dois exames cervicais sucessivos, com
intervalo de 1 hora ou mais.

Como o principal motivo dessa intercorrência é a desproporção cefalopélvica, sua • • • • correção deve ser rápida e
por meio de intervenções que promovam o mecanismo de parto, especialmente as rotações. Logo, a verticalização
da parturiente, rotura de bolsa e rotação manual do polo cefálico podem auxiliar na sua correção.

Parada secundária da descida representada no cervicograma:

EXPLICAR OS CRITERIOS PARA INDUCAO DE PARTO CORRELACIONADO COM O PARTOGRAMA (OCITIOCINA 310 E
MISU)

➢ Assistência à dilatação

Ocitocina.

Embora acelere o trabalho de parto, aumentando a intensidade e a frequência das contrações uterinas, seu uso deve
ser limitado aos casos em que está hipoativa a dinâmica da matriz.

A resposta do útero à ocitocina, no período de dilatação, é quase imediata. Nunca será irrelevante insistir sobre a
necessidade imprescindível de observação atenta da perfusão, repetindo-se periodicamente a contagem do gotejo, a
variar constantemente; é fundamental averiguar, repetidamente, a frequência das contrações e sua duração, bem
como auscultar, cuidadosamente, os bcf. A sensibilidade da matriz varia muito, individualmente.

Caso não seja possível registrar a pressão amniótica, pode-se inferir da contratilidade, anotando o número e a
duração das contrações. Sua frequência possibilita avaliar a eficácia da perfusão venosa de ocitocina; impedindo-se
elevação superior a 4/10 min faz-se, contemporaneamente, a profilaxia do sofrimento do concepto. Pela duração da
metrossístole, avalia-se, indiretamente, a intensidade contratural (normal: 50 a 60 s).
Everaldo Leite 16

Deambulação

A parturiente poderá locomover-se durante o período de dilatação, até a ruptura das membranas, e desde que não
esteja sob analgotocia. Depois, será mais prudente permanecer no leito, em decúbito lateral, para melhoria das
contrações uterinas e da oxigenação fetal.

➢ Assistência à expulsão

Episiotomia

Proteção ao períneo. A passagem do feto pelo anel vulvoperineal será raramente possível sem lesionar a integridade
dos tecidos maternos, com lacerações e rupturas das mais variadas, a condicionarem frouxidão do assoalho pélvico.

Manobra de Kristeller

Por vezes, a expressão do fundo do útero poderá ser efetuada por ajudante qualificado. Esta técnica é denominada
manobra de Kristeller. Não é o procedimento inofensivo. Desarranja a contratilidade uterina, produz hipertonia,
repercutindo ominosamente na vitabilidade fetal; pode culminar inclusive com descolamento prematuro de placenta
e embolia amniótica.

Fórceps de alívio.

Havendo o menor impedimento à progressão da cabeça, é aconselhável terminar o parto a fórceps, uma intervenção
profilática.

MECANISMO DO PARTO

No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede
abdominal, o feto é compelido a executar certo número de movimentos, denominados mecanismo do parto. São
movimentos puramente passivos, e procuram adaptar o feto às exiguidades e às diferenças de forma do canal. Com
esses movimentos, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos.

O mecanismo do parto tem características gerais constantes, que variam em seus pormenores de acordo com o tipo
de apresentação e a morfologia da pelve. Em 95 a 96% dos casos, o parto processa-se com o feto em apresentação
cefálica fletida (ATITUDE) – apresentação de vértice. De todas as apresentações, esta é a menos sujeita a
perturbações do mecanismo. Será estudado aqui apenas o mecanismo do parto fisiológico: apresentação cefálica
fletida em bacia ginecoide.

TEMPOS DO MECANISMO DO PARTO

O trajeto, ou canal da parturição, estende-se do útero à fenda vulvar (Figura 13.2). Constituído por formações de
diversas naturezas, partes moles do canal do parto (segmento inferior, cérvice, vagina, região vulvoperineal), o canal
da parturição é sustentado por cintura óssea, também chamada de pequena pelve, pequena bacia ou escavação.

No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede
abdominal, o feto é compelido a executar certo número de movimentos, denominados mecanismo do parto. São
movimentos puramente passivos, e procuram adaptar o feto às exiguidades e às diferenças de forma do canal. Com
esses movimentos, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos.

O mecanismo do parto tem características gerais constantes, que variam em seus pormenores de acordo com o tipo
de apresentação e a morfologia da pelve. Em 95 a 96% dos casos, o parto processa-se com o feto em apresentação
cefálica fletida – apresentação de vértice. De todas as apresentações, esta é a menos sujeita a perturbações do
mecanismo. Será estudado aqui apenas o mecanismo do parto fisiológico: apresentação cefálica fletida em bacia
ginecoide.
Everaldo Leite 17

➢ Insinuação, descida e desprendimento.

INSINUAÇÃO

A insinuação (ou encaixamento) é a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito
superior. Nessas condições está o ponto mais baixo da apresentação à altura das espinhas ciáticas (plano “O” de
DeLee). Tem como tempo preliminar a redução dos diâmetros, o que, nas apresentações cefálicas, é conseguido pela
flexão (apresentação de vértice), ou deflexão (apresentação de face).

Para que se processe a insinuação, é necessário haver redução dos diâmetros da cabeça, o que será obtido pela
orientação de diâmetros e por flexão (Figura 13.4).

No início dessa fase, a cabeça fetal encontra-se acima do estreito superior da bacia, em flexão moderada, com a
sutura sagital orientada no sentido do diâmetro oblíquo esquerdo ou do transverso e com a pequena fontanela
(fontanela lambdoide) voltada para esquerda (Figura 13.5). Os autores franceses, no que têm sido seguidos pelos
demais latinos, consideram a variedade de posição mais frequente (60%) a occípito-esquerda-anterior (OEA), que
designam de primeira posição.

Na realidade, o encaixamento depende, essencialmente, da morfologia da pelve. Nas de tipo ginecoide, ele se dá,
preferencialmente, pelo diâmetro transverso.

De qualquer maneira, o aproveitamento dos diâmetros oblíquos ou transversos (os mais amplos do estreito
superior) é indispensável para a passagem do diâmetro anteropostorior, o maior da circunferência de encaixamento.

A atitude de moderada flexão (atitude indiferente), em que se encontra a cabeça no início do mecanismo do parto,
apresenta ao estreito superior da bacia o diâmetro occipitofrontal, maior do que o suboccipitobregmático, que
mede 9,5 cm. Para apresentar esse último diâmetro, mais favorável, a cabeça sofre um 1 o movimento de flexão.

DESCIDA:

Passagem da apresentação do estreito superior para o estreito inferior. Ocorre concomitante a insinuação.
Everaldo Leite 18

Até aí mantém a mesma atitude e conserva o mesmo sentido, apenas exagerando um pouco a flexão. O ápice do
ovoide cefálico atinge o assoalho pélvico, e a circunferência máxima encontra-se na altura do estreito médio da
bacia.

Durante esse mecanismo do parto, o movimento da cabeça é turbinal: à medida que o polo cefálico roda, vai
progredindo no seu trajeto descendente. É a penetração rotativa.

• ROTAÇÃO INTERNA DA CABEÇA:

O objetivo é coincidir o maior diâmetro da apresentação com o maior diâmetro da pelve materna. Será compelido a
sofrer movimento de rotação, capaz de dirigir o seu facilimum de flexão de modo que o occipital entre em contato
com a sínfise pubiana.

DESPRENDIMENTO CEFÁLICO:

Deflexão fetal com auxílio da retro pulsão do cóccix. Terminado o movimento de rotação, o suboccipital coloca-se
sob a arcada púbica; a sutura sagital orienta-se em sentido anteroposterior

EXPLICAR OS TIPOS DE PELVE NA GRAVIDA

Morfologia da pelve

Há quatro tipos fundamentais de bacia (Figura 1.4): ginecoide, antropoide, androide e platipeloide. O elemento
dominante na determinação do tipo de bacia é fornecido pela porção posterior do estreito superior, limitada pelo
diâmetro transverso máximo, enquanto a região anterior tem importância secundária.
Everaldo Leite 19

Planos e eixos da bacia

São imaginários, traçados na entrada, na saída e em várias alturas da escavação pélvica. Merecem referência os
planos paralelos de Hodge: o primeiro plano paralelo passa pela borda superior do púbis e pelo promontório; o
segundo corresponde à borda inferior do púbis; o terceiro é traçado nas espinhas ciáticas; e o quarto parte da ponta
do cóccix e mistura-se com o assoalho pélvico.

Exame da bacia

A semiologia da pelve é fundamental. Em seu aspecto mecânico, o prognóstico do parto pode ser razoavelmente
percebido, sendo concluído por meio da utilização correta dos métodos habituais de exame da bacia.

O estudo da capacidade da bacia é realizado por meio da pelvimetria, que procura estimar os diâmetros, ora
medindo-os externamente (pelvimetria externa), ora internamente (pelvimetria interna).

Pelvimetria interna.

Na prática obstétrica atual, a avaliação das mensurações internas da bacia é superficial. Pelo fato de o estreito
superior ser inacessível, procura-se medir a chamada conjugata oblíqua ou diagonalis, cujo valor é deduzido em 1,5
cm, a fim de se obter a conjugata vera obstétrica.
Everaldo Leite 20

Ao introduzir o dedo, procura-se aplicar seu extremo (do índice, no toque unidigital, e do médio, no bidigital) sobre a
saliência do promontório, e duas hipóteses podem ocorrer: ou ele é inatingível ou está acessível. Com o dedo
explorador sobre o promontório, a borda radial do índice posiciona-se sob o ligamento arcuatum e, com o índice da
outra mão, marca-se o ponto de encontro da face anterior do púbis com a mão que toca. A seguir, mede-se a
distância entre esse ponto e a polpa digital do dedo que se aplicou no promontório, obtendo-se o valor da conjugata
diagonalis.

Nos casos de promontório inatingível, conclui-se que o diâmetro anteroposterior é amplo. No entanto, para
considerar a bacia normal ou espaçosa, não basta que esse diâmetro tenha grandes proporções, pois o vício pélvico
pode se localizar em outros pontos. Se percebermos não ser a conjugata diagonalis que desejamos avaliar, mas a
conjugata vera obstétrica, e que a diferença entre ambas não é constante como se supunha (1,5 cm), podendo variar
de 0 a 3 cm.

Estreito Superior: Osso púbico, sacro e promontório

CO 1,5 cm < CD

Estreito Médio: Sínfise púbica, ísquio, ílio, sacro (Diâmetro transversoOu Bi ciático: 10,5cm)

Estreito Inferior: Tuberosidades isquiáticas, púbis, cóccix

CONJUGATA EXITUS: Distancia da borda inferior do púbis até a ponta do cóccix Diâmetro 9,5cm que com a retro
pulsão provada pelo feto pode ultrapassar 11,5cm
Everaldo Leite 21

DESCREVER AS PRINCIPAIS CAUSAS DE SANGRAMENTO DO TERCEIRO TRIMESTRE

Hemorragias da segunda metade da gestação

As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em obstetrícia. São uma
das principais causas de internação de gestantes no período anteparto, com importante aumento da
morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios.

Várias são as possíveis causas de sangramento. Entre as CAUSAS OBSTÉTRICAS, as mais importantes são o
descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos diagnósticos. Não
podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes causas obstétricas.

Entre as CAUSAS NÃO OBSTÉTRICAS, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do útero durante a
dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de útero e trauma vaginal.

PLACENTA PRÉVIA

A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre.

Placenta prévia é denida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero. Ela
pode ser classicada de três maneiras, de acordo com sua posição em relação ao colo do útero:

• Baixa: está localizada próxima ao colo do útero, sem atingi-lo


• Marginal: atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo
• Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero

Um achado ultrassonográco frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação Contudo, até 90%
desses achados normalizarão até o termo, devido à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre devido o
crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem vascularizado.

O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior, e entre elas a principal é a cesariana
anterior. Entre outras causas estão as intervenções uterinas prévias como a miomectomia e curetagem.
Multiparidade, idade materna avançada, tabagismo e gemelaridade também são fatores associados.
Everaldo Leite 22

A chance de ter uma placenta prévia numa gravidez futura aumenta signicativamente para aquelas mulheres que
possuem uma cicatriz uterina.

Com uma cesariana anterior, o risco de placenta prévia pode ser de 4,5 vezes maior; com duas cesáreas pode ser 7,4
vezes; com três 6,5 vezes e com quatro ou mais chega a 45 vezes maior.

Diagnóstico Clínico

O sangramento na placenta prévia caracteriza-se por ser indolor, no segundo ou terceiro trimestre. Geralmente
ocorre em pequena quantidade e é autolimitado, não levando a uma espoliação materna signicativa.

Nas placentas prévias marginais, muitas vezes o sangramento não se apresenta até o momento do parto. Algumas
gestantes, principalmente, as com placenta prévia centro-totais, podem apresentar um sangramento entre a 26ª e
28ª semana de gestação, chamado de sangramento sentinela. Nestas, o sangramento é intermitente e abundante,
de coloração vermelho vivo, com necessidade de internações e transfusões frequentes.

Exame físico na suspeita de placenta prévia

Propedêutica auxiliar

O melhor, mais seguro e mais simples método para realização do diagnóstico de placenta previa é a ultrassonograa
abdominal. Ela irá nos mostrar exatamente a localização placentária e a sua posição em relação ao orifício interno do
colo do útero.

Exames laboratoriais
Everaldo Leite 23

Os exames laboratoriais que devem ser solicitados na vigência do sangramento são:

• Hematócrito e hemoglobina;
• Tipagem sanguínea ABO Rh;
• Coagulograma

Conduta

No pré-natal: recomenda-se que a gestante com placenta prévia seja encaminhada a um centro de referência.

O uso de suplementação de ferro no pré-natal é indicado para evitar anemia, com constante monitoração dos níveis
de hematócrito e hemoglobina. Em gestantes Rh-negativo, deve ser feita a prescrição de imunoglobulina anti-D
quando ela apresentar sangramento.

A conduta nos casos de placenta prévia vai depender de alguns aspectos:

• Quantidade do sangramento e condição hemodinâmica materna.


• Idade gestacional.

DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA

O descolamento prematuro de placenta (DPP) é denido como a separação da placenta da parede uterina antes do
parto. Essa separação pode ser parcial ou total e é classicada em três graus, levando em conta os achados clínicos e
laboratoriais.

Grau 1: Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina signicativa. Vitalidade fetal preservada. Sem
repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós-parto com a identicação do coágulo
retroplacentário.

Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e alterações da
pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais
presentes, porém com sinais de comprometimento de vitalidade.

Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito fetal.

• Grau 3A : Sem coagulopatia instalada.


• Grau 3B: Com coagulopatia instalada.

Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade hemodinâmica pode ocorrer
mesmo sem a exteriorização do sangramento.

O DPP ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas, com aumento
muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, de anemias, coagulopatias,
hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte materna; podem ocorrer ainda complicações perinatais, como
prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal e óbito perinatal. O DPP é
descrito como a principal causa de óbito perinatal.
Everaldo Leite 24

A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos. Tanto a pré-eclâmpsia quanto a
hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para o DPP.

O acidente automobilístico é a maior causa de DPP relacionada ao trauma. O descolamento pode ocorrer pela
desaceleração ou por trauma direto ao abdome. Esse diagnóstico muitas vezes é subestimado devido ao não uso de
monitoração fetal em gestantes vítimas de traumas. A monitoração fetal rotineira nessas gestantes diminuiria o
número de perdas fetais decorrentes de trauma automobilístico.

Quadro clínico

O quadro clínico característico do DPP é a dor abdominal, associada ou não a sangramento vaginal. A dor varia de
leve desconforto até dor intensa, associada a aumento do tônus uterino, que pode se manifestar em graus variados,
desde uma taquihiperssistolia até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor é lombar.

Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo retroplacentário e infiltração sanguínea
intramiometrial. Esse sangramento é responsável pela apoplexia útero-placentária ou “útero de Couvelaire” que
ocasiona décit contrátil, sendo importante causa de hemorragia pós-parto.

O diagnóstico de DPP é clínico.

Exames laboratoriais

Os exames que devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de DPP são: • Hemograma com contagem de
plaquetas; • Tipagem sanguínea ABO Rh; • Coagulograma; • Exames de rotina para doença hipertensiva se
apropriado.

ROTURA UTERINA

A rotura uterina, ou ruptura uterina, é uma complicação obstétrica grave em que há rompimento da musculatura do
útero.
Everaldo Leite 25

É uma complicação muito grave em obstetrícia sendo uma importante causa de morbimortalidade materna.

A rotura uterina é classicada em:

– Completa: há a total rotura da parede uterina. É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida tanto da mãe
quanto do feto.

– Incompleta: o peritôneo parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo permanecer
assintomática após um parto vaginal.

O maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o principal delas.
Outras causas possíveis são antecedentes de: curetagem uterina com perfuração, miomectomia, acretismo
placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso inapropriado de ocitocina.

Quadro clínico

VASA PRÉVIA

A vasa prévia é definida como sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas
passando pelo orifício interno do colo. Vasa prévia é uma condição rara em que vasos fetais correm desprotegidos
pelas membranas ovulares, interpostos entre o orifício interno do colo e a apresentação fetal.

A perda sanguínea é de origem fetal, fato este que mostra a urgência do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade
fetal são altas, ao redor de 50%.
Everaldo Leite 26

DESCEVER O CEM FRENTE AO CASO (LEI; ARTIGO; CONCEITO; PREVENCAO E ERRO MEDICO).

Art. 54. Deixar de fornecer a outro médico informações sobre o quadro clínico de paciente, desde que autorizado
por este ou por seu representante legal.

Art. 57. Deixar de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à comissão de ética da instituição em que
exerce seu trabalho profissional e, se necessário, ao Conselho Regional de Medicina.
APG22
Everaldo Leite 1

Infecções na Gestante (TORCH) abortamento; caso seja pequeno, ocorre o


fenômeno da compensação. A maioria das
células não afetadas protege o embrião, que
-TORCH: segue o seu curso, sem malformação.
• Período embrionário: É o período mais
• Toxoplasma vulnerável (a drogas e infecções). Embora os
• Outros: HIV, HBV e Sífilis ... agentes infecciosos possam ser letais, na
• Rubéola maioria das vezes, produzem anomalias
• Citomegalovírus (CMV) congênitas. Cada órgão tem seu período
• Herpes crítico.
- A categoria “outros” vem se expandindo rapidamente • Período fetal: Caso a infecção seja muito
à medida que se descrevem outros agentes infecciosos grave, há morte fetal com a consequente
capazes de acarretar doença neonatal. interrupção da gravidez; nesta fase, ocorrem
as anomalias congênitas menores e os
-Infecções congênitas: defeitos funcionais, especialmente do SNC.
-Infecções congênitas podem ocorrer durante a -Rubéola:
gestação (pré-natais) ou durante o parto (paranatais).
-Causada por um vírus.
-Do ponto de vista epidemiológico, as infecções
congênitas são chamadas de transmissão vertical -Manifestações clinicas:
(maternofetal), em oposição às infecções da vida • Linfadenopatia pós-auricular (precede 5 dias o
extrauterina, denominadas de transmissão horizontal. exantema)
-Infecção pré-natal: • Exantema maculopapular (inicia no tórax
superior logo estende para todo o corpo)
As relações entre o feto e a mãe são necessariamente • Febrícula
feitas pelas membranas placentária e amniótica. • Complicação (adulto): Artralgia, neurite
Assim, as vias de penetração dos germes são divididas
em dois grupos: -Diagnostico (Laboratorial gravidez):

• Infecção transplacentária: Microrganismo no -Sorologia não é mais rotina no pré-natal, salvo sinais
sangue materno cruza a placenta até atingir o clínicos e áreas epidemiológicas.
feto -20 a 50% das pessoas não apresentam exantema,
• Infecção transamniotica: Os germes da vagina quando diagnostico é feito pelo método ELISA, deve
e do colo acometem a cavidade amniótica e o considerar duas situações:
feto. A via transamniótica é ascendente,
geralmente após a ruptura das membranas. • Gravida com exantema (os seguintes
resultados indicam infecção):
-Infecção paranatal: ➢ Soroconversão: Paciente já feito outro
teste
- É adquirida por contato direto com as secreções
➢ Aumento IgG 4x em 2 exames com
maternas, no momento da passagem do feto pelo
intervalo 3sem
canal do parto; o mesmo ocorre com relação à infecção
➢ IgM Positivo
pelo herpes simples genital, hepatite B, estreptococo
• Nas grávidas que tiveram contato com a
do grupo B (GBS) – condicionam infecção neonatal.
rubéola aplicam-se os mesmos critérios,
-Consequência dessas infecções: apenas o intervalo dos exames pareados será
de 4 a 5 semanas
-As consequências das infecções estão relacionadas
com o período da gestação, pode ser destacado 3 -Diagnostico da infecção fetal:
períodos:
-Realiza PCR amniótico.
• Pré-implantação: Aplica-se aqui a lei do “tudo
-Para reduzir falso-negativo necessário esperar 6-8
ou nada”. Se o número de células afetadas
semanas após infecção materna e a partir da 21
pela infecção for grande, ocorrerá o
Everaldo Leite 2

semana de gestação, quando se tem maior excreção -Manifestações da SRC:


urinaria.
-A tríade da SRC está representada por:

➢ surdez, catarata e defeito


cardíaco (especialmente a
persistência do canal arterial) e
ocorre em cerca de 50% das
crianças acometidas.

Outras manifestações: CIR, púrpura,


icterícia, hepatoesplenomegalia,
microcefalia e retardamento mental,
meningoencefalite e doença óssea
radiolucente.

-Vacina:

-A vacinação é recomendada para mulheres em idade


-Síndrome da rubéola congênita: fértil e no pós-parto, e está proibida na gravidez.
Mulheres vacinadas deverão aguardar 1 mês para
-Na gravidez, a infecção nas primeiras 16 semanas, em
engravidar
especial nas 12 iniciais, determina abortamento,
natimortalidade e defeitos congênitos que constituem -Tratamento (febrasgo):
a síndrome da rubéola congênita (SRC).
-O tratamento fetal eficaz durante a gestação não
existe no presente.

-Gestante acometida pelo vírus deve fazer


acompanhamento especial.

-Em países onde o abortamento é permitido, via de


regra é oferecido à gestante com diagnóstico da
doença até 8 semanas de gestação, devido à alta
probabilidade de comprometimento fetal.

-Diante de feto com infecção aguda, especialmente


quando da presença da sepsis fetal, deve ser
ponderada a relação risco e benefício da manutenção
da gestação ou interrupção da gestação para
tratamento em UTI neonatal. Caso seja optado por
manutenção da gestação, vigilância atenta da
vitalidade fetal deve ser estabelecida, por meio dos
métodos de avaliação de vitalidade ultrassonográficos
e não ultrassonográficos.

Atenção especial deve ser dada nos casos de


cardiopatia fetal constatada, devido ao suporte
-Risco de SRC de acordo com as semanas: especial perinatal que pode ser necessário,
➢ Primeiro trimestre, o risco da SRC está dependendo da natureza da patologia cardíaca.
estimado em > 90%;
➢ Entre 16 e 20 semanas, o risco é muito
pequeno (< 1%) e quase sempre associado à
surdez;
➢ após 20 semanas, é praticamente inexistente.
Everaldo Leite 3

-Hepatite B: causados por ele apareçam como sintomas visíveis;


quando a enfermidade surge, caracteriza a AIDS
-Hepatite B é de grande importância obstétrica pelas
doença.
elevadas taxas de transmissão vertical, gravidade da
infecção neonatal e possibilidade de prevenção. -A AIDS tem o seu aspecto principal na
imunossupressão da resposta imune mediada pelos
-Diagnostico laboratorial:
linfócitos T-CD4, que o vírus ataca, parasita e inutiliza,
-É realizado teste de rotina prá-natal: HBsAg diretamente.

-Pode solicitar outras sorológicas como: Anti-HBs, -A doença:


HBeAG, Anti-HBc para analisar histórico dessa doença.
-O vírus causa desarme no sistema imunológico
-Transmissão: deixando o individuo cada vez mais suscetível a outras
infecções. Essas infestações oportunistas ocorrem
-A via de transmissão ao recém-nascido é o parto principalmente na pele, nos pulmões, no sistema
(paranatal). Se a mãe for HBsAg e HBeAg positiva, a digestivo, nos nervos e no cérebro.
taxa de transmissão ao bebê é de 90%; se for positiva
apenas para o HBsAg, a taxa cai para 15%. -Contaminação:

-Caso Bebe se infecte, tem 70 a 90% de chances de -A principal fonte de contágio do HIV é feita pelas
desenvolver infecção crônica e evoluir para cirrose e células infectadas por ele – transmissão por
adenocarcinoma hepático. celularidade. Os linfócitos CD4 geralmente são
parasitados pelo HIV existente no sangue e no
-Profilaxia: esperma, sendo os elementos contaminantes:
-Embora a infecção seja paranatal, não há indicação de ➢ transfusão de sangue
cesárea. ➢ compartilhamento de seringas por usuários de
-Vacina mãe: É obrigatória para evitar infecção no RN drogas ilícitas
(avaliar calendário na primeira consulta). ➢ relações sexuais (especialmente o coito anal).

-Vacina Bebe: 0,1,6

➢ 1ºD <12H do parto


➢ 2ºD após 30 dias da primeira
➢ 3ºD após 6 meses da primeira

-Diagnostico:

-Exames:
-Tratamento:
➢ ELISA (mais utilizado)
-Aqueles com mãe HBsAg-positiva receberão, nas ➢ Western blot (confima o elisa positivo- É o
primeiras 12 h, além da vacina, uma dose (0,5 mℓ IM) melhor)
de imunoglobulina hiperimune anti-hepatite. ➢ Teste rápido (pronto em 30min)

-AIDS: -AIDS e Gravidez:

-É a doença causada pelo vírus HIV (vírus da -É exame de rotina na primeira consulta pré-natal
imunodeficiência humana), retrovírus RNA,
-As vias de transmissão na gravidez são:
linfotrópico, que pode permanecer por um longo
período no corpo (fase assintomática) antes que danos ➢ Transplacentária
Everaldo Leite 4

➢ Paranatal
➢ Amamentação.

-A transmissão vertical da AIDS está estimada em 25%


caso nenhuma medida preventiva seja tomada.

➢ Desse total, 20% da transmissão ocorrem antes


de 36 semanas;
➢ 50% entre 36 semanas e o parto;
➢ 30%, durante o parto.

-O risco de transmissão do aleitamento natural pode


ser tão elevado quanto 15%, quando continuado por 2
anos.

-Totalizando a gravidez e a amamentação, o risco de


transmissão vertical da AIDS é de 40%.

-Com o uso da terapia antirretroviral na gestação, a


prática da cesárea e a proibição da amamentação, a
-No parto vaginal, o AZT será venoso até a ligadura do
transmissão vertical do HIV ficou reduzida a < 2%.
cordão e não será interrompida a medicação oral;

-Na cesárea indicada, o AZT IV será iniciado 3 h antes.

O bebê receberá o AZT por solução oral nas primeiras


8 h após o nascimento, permanecendo o tratamento
por 6 semanas; também estão recomendadas três
-Exame de laboratório especifico: doses de nevirapina na primeira semana.

-Na gestante infectada: É indicado na primeira consulta -Via de parto:


a carga do CD4 e carga viral, repete o exame 4 a 6
-Cesárea eletiva (já marcada) com 38 semanas de
semanas após início do tratamento. Deposi com 34
gravidez se a carga viral for ≥ 1.000 cópias/mℓ ou
semanas é feito a ultima determinação para escolha da
desconhecida, estando a gestação com 34 semanas na
via de parto.
época da aferição.
-Tratamento:
-A cesárea somente terá indicação se não houver
-Uso terapia antirretroviral na gestação: Utiliza o TARV ruptura das membranas e a dilatação for inferior a 3 a
combinado 4 cm.

➢ Zidovudina (AZT) -Parto vaginal: Carga vital <1000 e paciente tratado


➢ Lamivudina com TARV.
➢ lopinavir/ritonavir
-Aleitamento natural:
-Para evitar a transmissão vertical, as grávidas
-Não será permitido, pois trata-se de via de
assintomáticas, mesmo aquelas com CD4 ≥ 500
transmissão do HIV.
células/mm3, que fora da gravidez não necessitariam
de tratamento, serão obrigatoriamente tratadas, não -Toxoplasmose:
sem antes fazer um teste de genotipagem para
verificar possível resistência a medicamentos; após o -Ciclo Toxoplasma Gondii:
parto mantém-se a TARV indefinidamente (MS, 2013), -O T. gondii é protozoário intracelular obrigatório,
o que não é consenso na literatura. distribuído em quase todas as partes do mundo, e
capaz de infectar diversas células do hospedeiro. O
toxoplasma se apresenta de diversas maneiras, a
depender do hospedeiro: oocisto, taquizoíto e cisto.

-Hospedeiro intermediário: proco, ovelha, homem


Everaldo Leite 5

-Hospedeiros definitivos: Felinos -Desses RN sintomáticos 15% morrem da doença e os


que sobrevivem sofrem progressivo retardo mental.
-As três principais formas de transmissão da
toxoplasmose são a ingesta de carne crua ou -Caso a transmissão ocorrer mais tarde na gravidez,
malcozida, a exposição a fezes de gatos contaminadas especialmente após 20 semanas, ela é muito menos
com oocistos e a transmissão vertical. grave. A maioria das crianças infectadas (85 a 90%) não
apresenta sintomas ao nascimento – infecção
subclínica ou assintomática – e somente serão
diagnosticadas por exames laboratoriais (sorologia
IgM). Os sintomas podem surgir na 2 a 3º década de
vida (convulsões, coriorretinite e retardo mental) .

Estima-se que cerca de 1/3 das crianças infectadas na


gravidez desenvolvem coriorretinite ao longo da vida.

-Transmissão congênita:

-Infecção adquirida antes da gravidez não afeta o


concepto, salvo em casos de imunossupressão.

-É indicado que após infecção a mulher espere 6 meses


para engravidar.

-Infecção primaria adquirida na gestação pode ser


transferida para o concepto por via transplacentária.
Devido invasão da placenta pelo Taquizoito.

-A toxoplasmose congênita pode determinar


abortamento e malformação fetal, com graves
repercussões no recémnascido, inclusive levando ao
óbito. -Diagnostico da infecção na mãe:

-É realizado exames de sorologia (IgM e IgG) na


-Cerca de 90% das grávidas infectadas não apresentam
sintomas e aquelas porventura sintomáticas exibem primeira consulta de pre-natal.
quadro clínico inespecífico. -A soroconversão para IgG e IgM preenche os
-Obs. Risco e transmissão para o feto aumenta com o requisitos para o diagnóstico. Mulheres soronegativas
passar da gravidez e sua gravidade diminui. serão examinadas mensalmente, e não
trimestralmente, por motivos que serão explicitados
-Cerca de 10% das infecções resultam em mais adiante.
abortamento.
-Baixos níveis de IgM podem permanecer por anos.
-15% dos RN apresentam sintomas clínicos da Exames pareados, com intervalo de 2 a 3 semanas, com
toxoplasmose. aumento do título de IgG de pelo menos 4 vezes,
indicam infecção aguda.
-Os sinais clássicos da tríade toxoplasmósica são:
-Assim, passa a ser fundamental identificar quais
• coriorretinite
dessas mulheres com IgM positivo foram infectadas
• calcificações intracerebrais
antes ou durante a gravidez. Nesses casos faz o teste
• hidrocefalia
de avidez.
Outros recém-nascidos exibem variedade de sintomas
-O teste de avidez IgG é muito útil para esse propósito,
da infecção aguda – convulsões, esplenomegalia,
e separa a infecção antiga da recente.
febre, anemia, icterícia e linfadenopatia.
Everaldo Leite 6

• A alta avidez (> 60%) no primeiro trimestre • Espiramicina


significa infecção há > 3 a 4 meses; portanto,
-Tratamento deva ser iniciado dentro de 3 semanas da
antes da gravidez.
soroconversão (janela da espiramicina), motivo pelo
• baixa avidez (< 30%) indica infecção recente (<
qual a sorologia nas mulheres negativas será mensal, e
3 meses);
não trimestral como aconselha o Ministério da Saúde.
• resultado intermediário (30 a 60%) é
inconclusivo. -Caso seja confirmada a infecção fetal por PCR-LA ou
ultrassonografia, é iniciado o tratamento com:
-O valor preditivo positivo do teste de avidez é muito
superior ao valor preditivo negativo, ou seja, a baixa • pirimetamina/sulfadiazina
avidez não assegura a infecção fetal e a alta avidez
praticamente a afasta. -Obs: A pirimetamina/sulfadiazina está contraindicada
no primeiro trimestre da gravidez, período no qual será
-Por fim, se houver titulação IgG positiva e IgM mantida apenas a espiramicina.
negativa, a infecção é considerada antiga e o feto,
A espiramicina, mesmo se a PCR-LA for negativa, não
protegido.
será interrompida, mas mantida durante toda a
-Diagnostico da infecção fetal: gestação.
-PCR do liquido amniótico. Utilizado após 18 semana de -O tratamento dos recém-nascidos infectados
gestação e após 4 semanas da infecção materna. assintomáticos é muito recomendado para reduzir a
gravidade das sequelas.
Eventualmente, o diagnóstico pode ser feito por
ultrassonografia, que mostra calcificações -Esse tratamento na gravides não tem impacto na
intracerebrais, ventriculomegalia, hidrocefalia, coriorretinite.
microcefalia, ascite, hepatoesplenomegalia, CIR
acentuado e placentomegalia. -Prevenção primaria:

-Para a prevenção primária da infecção em mulheres


soronegativas, aconselha-se:

• Mãos de pessoas que lidam com carne devam


ser lavadas com água e sabão antes de
assumirem outras tarefas (Tabela 39.1).
• Todo o material de corte em contato com
carne crua deve também ser lavado com água
e sabão.
• O toxoplasma na carne (cistos) é morto na
exposição ao calor e ao frio extremos.

-A grávida deve evitar:

• contato com gatos ou qualquer objeto


contaminado com as suas fezes (caixas de
areia)
• é obrigatória a prática de jardinagem com
luvas.
-Diagnostico no RN: • Os vegetais e as frutas devem ser bem lavados
-É feito por meio da dosagem do IgM que não atravessa antes de ingeridos, pois podem estar
a placenta. contaminados por fezes de gato.

-Tratamento:

-tratamento da mãe é realizado imediatamente após


diagnostico para prevenir infecção vertical (profilaxia
secundaria)
Everaldo Leite 7

-Sífilis: ▪ Infecção cronica dos ossos


(nariz, em sela, fronte
Doença infectocontagiosa, de evolução sistêmica
olímpia), dentes e SNC
(crônica), que ocorre por transmissão sexual e por
outros contatos íntimos (sífilis adquirida). Pode ser -Tratamento:
transmitida da mãe para o feto (intraútero), ou pelo
-Penicilina G benzatina IM. Esquema depende da fase
contato da criança com as lesões maternas durante o
da doença
parto (sífilis congênita).
-Trata o parceiro
-É uma bactéria que não cora em Gram nem cultivado
em meio de cultura Considera-se a sífilis inadequadamente tratada na
gravidez se:
-É a doença com maior taxa de transmissão durante a
gestação. ➢ O tratamento foi feito de maneira incompleta
➢ O tratamento foi feito com fármaco diferente
-Na primeira consulta realiza o teste rapido para
da penicilina
rastreio da doença. Repetindo o teste na 28º semana.
➢ A mãe completar o tratamento a menos de 30
-Notificação compulsória. dias do parto
➢ O parceiro sexual não foi tratado ou não
-Transmissão transplacentária a qualquer idade da
houver documentação do tratamento e
gestação.
ocorrer queda dos títulos após a terapia.
➢ Pessoas tratadas com outros fármacos não são
considerados curados da sífilis.

-Pacientes alérgicas a penicilina deve ser


dessensibilizada.

-Tratar sintomáticos.

-Assintomáticos são pacientes de risco caso mãe seja


positiva.

-Se o tratamento materno foi adequado e finalizado


-Taxa de transmissão: mais de 1 mês antes do parto, a sorologia positiva do
• Até 100% em mulheres (primaria, secundaria bebê é passiva e ele não necessita de tratamento. Deve
e latente inicial) acompanhar o VDLR até sua negativação.
• 30% em mulheres (fase tardia)

-A infecção in utero pode determinar abortamento,


natimortalidade, hidropisia fetal não imune (HFNI),
placentomegalia e parto pré-termo; aproximadamente
50% dos fetos escapam da infecção.

-Obs. Quando mais tarde a infecção mais risco para o


feto.
-Ministério da saúde recomenda 2 doses de 2400
-50% dos RN infectados apresentam:
(1200 em cada glúteo) no intervalo de 7 dias em
• sífilis congênita precoce, os primeiros gestantes com sífilis recente.
sintomas surgem em até 2 anos de vida:
-O teste rápido é treponêmico, por isso não negativa
Surgem geralmente 3 a 7 semanas de vida
após o tratamento, sendo a gestante acompanhada
▪ Hepatoespleno megalia pelo VDRL (não treponemico) mensal.
▪ Exantema
• sífilis congênita tardia tem seus sintomas -Caso positivo realiza teste treponemico (FTA-ABs).
aparentes após 2 anos de vida. VDLR (titulação).
Everaldo Leite 8

-Atenção: Diferença entre VDLR e FTA-ABss: paciente -Manifestações clinicas:


chega com lesões características, pede uma coleta
• Surdez neurossensorial
dessas lesões e avalia presença da bactéria. Caso
• Retardo mental
paciente apresente sem lesão de pele, tem que pedir
exames sorológicos, os quais temos o treponemico e -A infecção primária por CMV no primeiro e no
não treponemico (Treponema é o nume da bactéria segundo trimestres da gravidez é responsável por 5 a
da Sifilis). 10% de recém-nascidos infectados sintomáticos e,
desses, 30% morrem; dos que sobrevivem, 90%
-Não treponemicos: Podem dar positivos na sífilis, apresentam sequelas definitivas (perda da audição e
tuberculose, lepra e malária. Seria o teste de titulação comprometimento neurológico).
(VDLR), Titilações <1:8 quer dizer que o sujeito não
tenha sífilis ou doença em estágio inicial (primaria) ou -Infecção no terceiro trimestre traz riscos mínimos para
evoluindo para cura, esse exame pode ser feito no o bebe.
líquor. >1:8 indica positividade. Normalmente após
fazer um teste não treponemico é indicado fazer o
treponemico. Esse exame serve para acompanhar
tratamento (baixas na titulação)

-Treponemico: FTA-ABs, é um teste especifico para


Sífilis, quando positivo indica sífilis ativa ou cicatriz
imunológica. Não serve para controle de cura e casos
de reinfecções. Lúpus e artrite podem positivar com
esse exame. Vai dosar IgG e IgM (Aqui não serve para
dizer se é ativa ou curada-tem que juntar com caso
clinico). Fica positivo por toda vida.

Curiosidades: VDLR (-) FTA-ABs (+): Sífilis inicial,


Cicatriz imunológica. VDLR (-) FTA-ABs (-):Paciente
sem sífilis. VDLR (+) FTA-ABs(+): Está com sífilis. VDLR
(+) FTA-ABs(-): Não tem sífilis.

-Citomegalovírus: -Diagnostico infecção materna:

-O citomegalovírus (CMV) é um herpes-vírus. Este -Não é realizado na rotina do pré-natal


grupo inclui os vírus herpes simples (HSV) dos tipos 1 e -O diagnóstico laboratorial na gravidez somente está
2, o vírus varicela-zóster (VZV) e o vírus Epstein-Barr indicado quando a gestante apresentar sintomatologia
(EBV). semelhante à da mononucleose ou à da influenza, ou
-Para a maioria das pessoas que adquirem a infecção sinais ultrassonográficos sugestivos de infecção fetal
pelo CMV após o nascimento, a sintomatologia é pelo CMV.
pobre, síndrome mononucleose-símile: • Diagnostico de infecção materna primaria:
• Febre prolongada Gestante sabidamente soronegativa apresenta
• Hepatite leve reação positiva IgG (soroconversão). A
detecção materna primaria baseia na presença
-Infecção congênita: de anticorpos IgM específicos (IgM pode ser
encontrado em infecções secundarias e
-Para a grávida, as duas vias mais comuns de exposição
aparece positivo por alguns meses). Utiliza o
ao CMV são o contato sexual (sêmen) e o contato com
teste avidez IgG para separar infecção recente
a saliva e a urina de bebês infectados.
de uma tardia (Avidez baixo = recente).
-Casa na infância morte e sequelas definitivas. Em suma, o diagnóstico da infecção materna
primária recente é feito pela soroconversão ou
-Cerca de 80% das crianças com infecção congênita
pelo aparecimento do anticorpo IgM
nunca apresentam sequelas. Apenas 20% das crianças
específico associado à baixa avidez IgG.
com CMV tem sequelas.
Everaldo Leite 9

• Diagnostico de infecção materna antiga: igM 2 semanas para a detecção de anormalidades; neste
positivo primeiro trimestre e alta avidez IgG cenário, 25% dos fetos apresentarão anomalia.
• Diagnostico sorológico de rotina: Um trabalho
-A interrupção da gravidez foi indicada somente nos
francês aconselha sorologia na rotina do pré-
casos anormais à ultrassonografia.
natal
-Um trabalho recente francês mostrou que a
-Diagnostico de infecção fetal:
amniocentese e a ultrassonografia diagnosticaram
-Maior risco em infecções primarias de transmitir para todos os bebês sintomáticos.
o feto.
-Diagnostico de infecção no recém-nascido:
-Os achados ultrassonográficos são importantes, mas
-A infecção congênita pelo CMV pode ser diagnosticada
não diagnósticos, pois são comuns a outras doenças
se o recém-nascido apresentar o vírus na urina, na
fetais. Além disso, as alterações sonográficas somente
saliva, no sangue ou em qualquer outro tecido até 2 a
são observadas em não mais de 25% dos fetos
3 semanas após o nascimento.
infectados (SOGC, 2010). As mais frequentes incluem
crescimento intrauterino restrito (CIR) (cerca de 10%), -Caso teste seja realizado após esse período não tem
ventriculomegalia, calcificações intracerebrais como diferenciar se é CMV congênito ou adquirido.
periventriculares e hepáticas, microcefalia, intestino
-Como metade das grávidas apresenta anticorpos IgG
hiperecogênico (Figura 39.20) e ascite.
específicos para o CMV, e eles atravessam a placenta,
-Contudo, o teste usual para o diagnóstico da infecção o achado deles no recém-nascido reflete apenas
fetal pelo CMV é a PCR no líquido amniótico (PCR-LA). imunidade passiva.
Para conseguir boa sensibilidade, a amniocentese deve
-Não testa rotineiramente RN saldável, salvo se a mãe
ser realizada 6 semanas após o início da infecção
for positiva primaria.
materna e depois de 21 semanas da gravidez.
-Em geral, bebês com infecção pelo CMV adquirida
após o parto não apresentam problemas, a não ser
quando extremamente pré-termo ou de muito baixo
peso.

-Tratamento:

-Não é indicado tratar pessoal saldáveis

-Tratamento antivirotico prescrito para


imunossuprimidos

-Todas as crianças infectadas congenitamente pelo


CMV devem ser submetidas regularmente a testes
auditivos e visuais

-Estudos recentes, ainda inconclusivos, sugerem que a


administração da globulina hiperimune-CMV a
mulheres com infecção primária talvez reduza o risco
de infecção congênita.

-Profilaxia infecção congênita:

-Grávidas podem tomar medidas simples para evitar o


contato com a saliva e a urina de crianças e, assim,
reduzir o risco de exposição ao CMV e,
consequentemente, de transmissão congênita:

• Lavar as mãos frequentemente com água e


-Após o diagnóstico da infecção fetal pela sabão por 20 s, especialmente após:
amniocentese, a ultrassonografia está indicada a cada
Everaldo Leite 10

Troca de fraldas -Tem maior chances de infecção no momento do parto,


pequena parte adquire intraútero e no pós-parto (da
Alimentação e limpeza de nariz de bebês
mãe).
Contato com brinquedos infantis
-Manifestações da infecção intraútero:
• Não compartilhar comida, líquidos ou
• microcefalia
utensílios de alimentação com bebês
• Hepatoesplenomegalia
pequenos
• CIR
• Não colocar chupetas na boca
• Natimortalidade
• Não compartilhar escova de dentes com
crianças -Tem maior chance de se infectar (o RN) nos casos em
• Evitar contato com saliva ao beijar uma criança que a mãe apresenta infecção primaria com eliminação
• Limpar brinquedos, qualquer utensílio ou do vírus no momento do parto, em relação as com
superfície que ficar em contato com urina ou infecções recorrentes mesmo eliminando o vírus no
saliva do bebê. parto.

-Por fim, atendendo à viremia da infecção pelo CMV, -Tipos clínicos:


aconselha-se que, após a ocorrência de infecção
-Pode ser feito diagnostico de herpes neonatal através
primária, a mulher evite a gravidez por pelo menos 6
dos sinais clínicos e/ou cultura, presentes 48 horas
meses.
após o parto.
-Herpes simples:
-Infecção adquirida intraparto ou pós-parto apresenta
-O herpes simples é uma doença infecciosa 3 formas:
determinada pelo herpes simplex virus (HSV) com dois
• Disseminada: Múltiplos órgãos (pulmão,
tipos sorologicamente distintos: tipo 1 (HSV-1) e tipo 2
fígado, pele, olho, cérebro). Mortalidade 30%
(HSV-2).
• Herpes SNC: 30%
-HSV 1 Está relacionado com infecção não genital • Localizada (sem) 45%: Pelo olho, boca
(lábio, face, córnea, mucosa oral), já o HSV 2 está
associado a infecção genital (pênis, uretra, vulta, pelo -Em geral, aproximadamente 50% de todos os bebês
coxas e nadegas). com HSV neonatal têm envolvimento do SNC, e cerca
de 70% mostram lesões vesiculares características na
-Após a primo-infecção pode ocorrer episódios pele.
recorrentes sem mesmo outro contado com o vírus.

-HSV materno:

-Mais comum a genital (HSV 2).

-A infecção genital HSV pode ser clinicamente aparente


(p. ex., lesões genitais) ou inaparente (assintomática ou
subclínica), localizando-se o vírus na cérvice uterina.
-Prevenção:
-2/3 das mulheres que adquirem HSV durante a
gestação não apresenta sinais clínicos. -Mulheres com lesões ativas tem que adotar cesárea
para prevenir infecção para o RN.
-Tratamento:
-Para as mulheres com diagnóstico prévio de herpes
-Gestantes com herpes genital usam Aciclovir. genital (infecção recorrente), a cesárea para evitar a
-Infecção neonatal: infecção neonatal pelo HSV somente estará indicada
se houver lesão genital no momento do parto.
-A infecção HSV do recém-nascido pode ser adquirida
de três maneiras: Na ausência de lesões, pode adotar parto normal caso
mulher faça uso oral de Aciclovir, a partir da 36º
• intrauterina, intraparto (paranatal) ou pós- semana , por pelo menos 4 semanas.
natal.
Everaldo Leite 11

• Provocado: Seria através de intervenção


externa

-A idade materna e o número de abortamento


anteriores são os dois fatores de risco mais
importantes para um novo abortamento. Com o
avançar da idade, há declínio no número e na
qualidade dos ovócitos, principalmente depois dos 35
anos.

-Seguro e inseguro:

• Seguro: Realizado por médicos e ambiente


adequado
• Inseguro: Realizado por pessoas sem
experiencia e ambiente inadequado

-Formas clinicas do aborto:

-O abortamento não se apresenta com roupagem


clínica única. Pode-se diagnosticá-lo por meio de sinais
e sintomas diversos que, agrupados aqui e acolá,
caracterizam várias formas clínicas do abortamento:

• Abortamento evitável ou ameaça de


-Tratamento RN: abortamento;
• Abortamento inevitável;
-O tratamento do recém-nascido de risco • Abortamento completo;
assintomático e do sintomático é feito com aciclovir em • Abortamento incompleto;
esquemas que dependem da gravidade do caso. A • Abortamento retido;
mortalidade no tipo disseminado sem tratamento é de • Abortamento infectado;
85%, caindo para cerca de 30% com o uso de aciclovir; • Abortamento habitual e abortamento previsto
na forma neurológica, essas taxas são, em lei.
respectivamente, de 50% e 6%.
-Ameaça de aborto:
Tipos de aborto - Aborto legal
-Há chances de evitar a evolução desse aborto.
-O abortamento é uma síndrome hemorrágica da
primeira metade da gravidez, definida pela -Sintomas:
Organização Mundial de Saúde (OMS) como a
• Sangramento: pequena monta
interrupção da gravidez antes de 22 semanas ou com
• Dor: Cólicas leves
um feto até 500g ou de 16,5 cm, ou seja, antes de
atingida a viabilidade. -Ao avaliar mulher com ameaça de aborto deve excluir:
Gravidez ectópica e aborto inevitável.
-Classificação dos abortos:
-A conduta é expectante, não existindo indicação de
-Precoce ou tardio:
internação hospitalar, mesmo na presença de
• Precoce: <12º semanas (80% dos abortos) hematoma retroplacentário.
• Tardio: 13º-20º semanas -Aborto inevitável:
-Espontâneo ou provocado: -É o abortamento não mais compatível com o
• Espontâneo: Sem influência externa, pode ser prosseguimento da gestação.
causado por doenças na mãe ou -Sintomas:
anormalidades no feto. Grande maioria ocorre
no 1º trimestre • Dilatação cérvice
Everaldo Leite 12

• Sangramento profuso: Compromete clínico ou proceder ao esvaziamento uterino mecânica


hemodinamicamente a paciente (AMIU ou curetagem) ou farmacologicamente
(misoprostol). Deve-se explicar à paciente
-Mulheres >12 semanas:
detalhadamente as vantagens e desvantagens de cada
• Aplica misoprostol para esvaziamento uterino método, seus efeitos colaterais, complicações, custos e
• devem ser submetidas a curetagem após implicações futuras.
aborto inevitável. -Aborto infectado:
-Mulheres <12 semanas: -A etiologia quase sempre resulta da tentativa de
• Esvaziamento uterino mecânico por aspiração esvaziar o útero por meio do uso de técnicas
inadequadas e inseguras (introdução de sondas,
-Aborto incompleto: agulhas, laminárias e soluções variadas).
-Aqui se expulsa o concepto e permanece a placenta ou -Sintomas:
restos placentários. O ovo é eliminado parcialmente.
• Sangramento (pouco), sangue aguado, escuro
-Sintomas: ‘’tipo lavado de carne’’ e fétido
• Dor • No início (acometendo útero e miométrio):
• Cérvice dilatada Febre, dor media tipo cólica intermitente, dor
moderada a mobilização do colo
• Sangramento
• Fase tardia (atingiu peritônio pélvico): Febre
• Comum >8 semanas
alta, dor intensa, taquicardia, mucosa
-Abortamento completo: descorada, defesa peritoneal , colo aberto com
saída de exsudato
-Diz-se do abortamento em que há eliminação integral
• Se a sepse se instala, a gravidade aumenta e o
do ovo. É uma forma clínica que segue a anterior, que
estado geral é fortemente deteriorado, com
não experimenta intervenção.
sinais tóxicos evidentes, altas temperaturas
-Sintomas: refratárias à medicação, calafrios, cianose,
desidratação, hipotensão, taquicardia, pulso
• Após expulsão ovo, cessa o sangramento e dor
filiforme com distensão abdominal e vômitos.
-Abortamento retido:
-O tratamento resume-se em administrar o antibiótico
-O conceito clássico é aquele concepto que permanece adequado e remover o foco infeccioso. Nas formas
na cavidade uterina sem vitalidade. iniciais, opta-se pela clindamicina associada à
gentamicina ou amicacina.
-Sintomas:
-Nos casos mais graves, associa-se a penicilina G ou a
• Diagnostico confirmado com ecografia ampicilina. Ainda como parte do tratamento clínico,
• Parada BCF deve-se equilibrar o estado geral da paciente com a
• Diminuição AFU administração de solutos e até mesmo sangue, se
• Desaparece turgência mamaria necessário.
-Quando o abroto retido é tardio (>12 sem), a -O tratamento definitivo é o cirúrgico.
intervenção, com o uso de misoprostol ou curetagem
uterina ou vácuo-aspiração, é o procedimento mais -Abortamento previsto em lei:
adotado. Então, realiza promoção da expulsão do feto -No artigo 128 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de
com uso de misoprostol, para em seguida completar o Dezembro de 1940 está claro que aborto é considerado
esvaziamento uterino, quase invariavelmente, por legal quando:
meio da curetagem uterina.
• A gravidez é resultado de abuso sexual
-Para o abortamento retido em gestação no primeiro • A gravidez põe em risco a saúde da mulher.
trimestre (precoce), poderemos aguardar • Quando feto é anencéfalo, ou seja, não possui
naturalmente o início do trabalho de abortamento (até cérebro
3 semanas da morte do embrião/feto) com controle
Everaldo Leite 13

-Não há idade gestacional máxima para a realização do


aborto nos casos de risco à vida da mulher.

-Nos casos de violência sexual, o aborto é permitido até


a 20ª semana de gestação, podendo ser estendido até
22 semanas, desde que o feto tenha menos de 500
gramas.

-Nos casos de anencefalia fetal não há idade


gestacional máxima para realizar o procedimento.
Contudo, após 20 ou 22 semanas de gestação, ou peso
fetal maior do que 500 gramas, esse procedimento
deve ser realizado em hospital que possua estrutura de
maternidade.

Os profissionais da área de saúde podem se recusar à


realização do abortamento? Sim. É garantido ao
médico ou médica alegar a objeção de consciência, que
consiste no direito de recusa em realizar o aborto. Em
casos de urgência o medico deve fazer o aborto,
quando não tem outro profissional para fazer.

Referências

-Artigo (aborto legal):


http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/docume
ntacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_p
rodutos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivr
os/Aborto_Legal.pdf

-Livro (aborto): Febrasgo

-Livro (TORCH): Rezende filho


APG23
Everaldo Leite 1

Doenças da mama

-Nas mulheres, as doenças mamárias englobam um


espectro de distúrbios benignos e malignos, que quase
sempre se apresentam como:

• Dor na mama
• Descarga de papilas
• Tumor palpável

-As causas específicas desses sintomas variam de


acordo com a idade da paciente.

-Doenças benignas predominam em mulheres jovens,


já as malignas aumentam a taxa com o -Lóbulo são vários lobos que são drenados por um
envelhecimento. Ducto lactífero. Acido é cada uma das 3 estruturas
-A avaliação das mamas envolve: formadoras dos lobos, esses ácinos contem células
epiteliais (alvéolos) que promovem a lactação.
• Anamnese
• Exame físico -Desenvolvimento das mamas:
• Exame imagem -A diferenciação final da mama é mediada pela
• Biopsia* (se indicado) progesterona e pela prolactina, não sendo concluída
-Anatomia das mamas: até a primeira gravidez completa.

-Sistema ductal: - As células epiteliais mamárias proliferam durante a


fase lútea do ciclo menstrual, quando os níveis de
-Porção glandular das mamas é composta por um estrogênio e progesterona estão aumentados e
sistema de 12 a 15 ductos independentes, cada um também na fase da morte celular programada ao final
drena aproximadamente 40 lóbulos. da fase lútea, quando os níveis desses hormônios
declinam (Anderson, 1982; Soderqvist, 1997). Esse
-Cada lóbulo é formado por 10 a 100 ácinos que
efeito é mediado pela sinalização parácrina, induzida
produtores de leite que drenam para pequenos ductos
pela ativação do receptor de estrogênio e está
terminais. Esses ductos convergem entre si formando
associado ao aumento no conteúdo de água da matriz
ductos de maior calibre, esse de maior calibre alarga
extracelular (Stoeckelhuber, 2002). Em regra, isso é
próximo ao mamilo formando o seio lactífero.
percebido como maior volume e sensibilidade da
-6 a 8 papilas são visíveis na superfície do mamilo, essas mama na semana anterior à menstruação.
papilas drenam os sistemas dos canais dominantes ,
-Na menopausa, quando a produção de estrogênio
que são responsáveis por 80% do volume glandular da
ovariano cessa, os lóbulos mamários atrofiam, e o
mama.
estroma colágenoé substituído por gordura. Em razão
-Os ductos menores terminam exatamente abaixo da de a expressão do receptor de estrogênio ser
superfície do mamilo ou se abrem na aréola perto da negativamente regulada pelo estrogênio, observa-se
base do mamilo. aumento na expressão desse receptor após a
menopausa (Khan, 1997). Apesar do declínio na
-Aréola contem várias glândulas sebáceas lubrificantes produção de estrogênio ovariano, as mulheres na pós-
(Montgomery), podem ser visualizados como
menopausa continuam a produzi-lo por ação da enzima
proeminências.
aromatase, que converte androgênios suprarrenais em
-Além das estruturas epiteliais, a mama é composta de estrogênio (Bulun, 1994). A aromatase é encontrada na
estroma colágeno e gordura em proporções variadas. gordura, nos músculos e no tecido mamário.
A distribuição e a concentração desses componentes -Drenagem linfática:
estromais são responsáveis pela consistência da mama
quando palpada e por suas características externas. -A drenagem linfática aferente da mama é realizada
pelos sistemas dérmico, subdérmico, interlobar e pré-
peitoral.
Everaldo Leite 2

-Cada um deles pode ser visto como uma treliça de -Avaliação de massas palpáveis:
canais destituídos de valvas que se interconectam e
-É impossível distinguir a massa mamária entre benigna
drenam para um ou dois linfonodos axilares
e maligna, ou cística e sólida pelo exame clínico.
(linfonodos sentinelas). Esses são mais envolvidos nas
Entretanto, os achados do exame, interpretados em
metástases mamarias.
conjunto com a imagem e o exame patológico (teste
-No entanto, também existem vias alternativas de triplo), contribuem significativamente para as decisões
drenagem que não parecem estar interconectadas com sobre o tratamento.
outras redes e que drenam diretamente nas bacias
-Exame físico:
internas de linfonodos mamários, subclávios, axilares
contralaterais ou abdominais. -O exame físico começa com a inspeção (Ver estática e
dinâmica - Movimento dos braços):

• Ondulação
• Retração
• Nódulos
• Pele
• Simetria
• Secreção
• Formato
• Tamanho

-A localização de uma massa deve ser especificamente


documentada de acordo com sua posição no
quadrante, e a distância desde seu centro até o centro
do mamilo

deve ser aferida com o uso de régua ou compasso.

-1ºTamanho massa.
2º Quadrante. 3º
Horas. 4º distância
até mamilo.
Everaldo Leite 3

-Embora exame físico não classifique em maligna ou -Opções de biopsia:


benigna, algumas características são sugestivas de
• Punção aspirativa com agulha fina (PAAF)
benigna:
• Agulha grossa *+usada
• Consistência: macia
-A PAAF tem algumas características:
• Forma: Arredondado
• Mobilidade: model • Risco e amostra insuficiente
• Extrai grupo de células epiteliais que podem
-Obs: O exame físico das mamas é necessário avaliar a
ser diferenciadas entre maligna e benigna
Axila, região supre e infraclavicular.
• Não diferencia com certeza lesão proliferativa
-Diagnostico por imagem: benigna e neoplasia fibroepitelial
• Não diferencia carcinoma ductal in sito do
-O mais utilizado seria a mamografia: inclui
invasivo
magnificação, compressão extra ou visões extras, além
das habituais incidências mediolaterais oblíquas e -Teste triplo:
craniocaudais que costumam ser usadas para
rastreamento. -A combinação de exame clínico, de imagem e biópsia
por agulha é denominada teste triplo.
-Obs: Diferentemente da mamografia de
rastreamento, a mamografia diagnóstica pode ser -Para ser considerado concordante, os três testes têm
adequada para mulheres de qualquer idade. que sugerir a mesma coisa (maligno ou benigno). Caso
concordados em benigno, a avaliação de um nódulo
-A USG pode determinar se a massa é cística ou solida, pode prosseguir com exame clinico a cada 6 meses.
é um exame muito utilizado.
-Obs: Caso um dos três testes sugerir malignidade
-Algumas características de massas solidas sugerem (independente dos outros sugerirem benignidade)
malignidade: deve optar por retirar o nódulo.
• Margem irregular -A paciente tem a escolha de retirar o nódulo mesmo
• Ecos internos benigno, pois pode causar ansiedade na mesma.
• Proporção largura e altura <1,7
-Cisto:
-Sistema de banco de dados e de relatórios das
imagens das mamas (Bi-RADS): -Maioria dos cistos formam-se a partir de metaplasia
apócrina de ácinos lobular, são revestidos por única
-O resultado da imagem (mamografia) deve ser camada epitelial.
convertido no Bi-RADS.
-Maior incidência em mulheres entre 40 e 50 anos.

-Esses cistos são diagnosticados e classificados por


exame USG, existem três tipos de cistos:

• Simples
• Complicado
• Complexo

-Simples:

• São sonoluscente (permite passagem de som)


-Biopsia das mamas:
• Margem definida
-Avaliação final de uma massa solida é feita pela • Reforço acústico posterior
biopsia por agulha. • Não tem tratamento ou monitoramento
especial
-Essa biopsia deve ser realizada após exame de imagem • Podem ser aspirados se dolorosos
ou no mínimo 2 semanas antes de realizar exame de
imagem., devido trauma do procedimento interfere no -Complicado:
resultado da imagem.
• Ecos internos (devido conteúdo proteico)
Everaldo Leite 4

• As vezes não distingue de massa solida na USG • Benignos


• Todos devem ser aspirados • Intermediário
• Material aspirado deve ser submetido a cultura • Maligno
(se for purulento), ou a Citologia (Se
-Essa classificação é baseada com grau de atipia das
características clinicas e imagem preocupar)
células estromais, número de mitoses, característica
• Se após aspiração a USG apresentar alteração
das margens, e abundância de células estromais.
deve realizar biopsia (Agulha grossa)
-Mais comum por volta dos 40 anos, responsáveis por
-Complexos:
1% dos tumores malignos de mama.
• Apresentam massas internas na USG
-Os malignos podem formar metástase, principalmente
• Geralmente essa massa é um papiloma
para o pulmão. RX tórax e TC fazem parte do
• Alguns carcinomas medulares, carcinomas
estadiamento desses tumores malignos. É raro esses
• papilares e alguns carcinomas ductais tumores fazer metástase para linfonodos axilares.
infiltrantes podem se apresentar como cistos
complexos -Tratamento seria excisão com margem, pode ser
• Submeter a biopsia (se identificar papiloma considerado a mastectomia.
deve remover)
• Recomentado excisão de todo cisto complexo

-Fibroadenoma:

-É uma anormalidade focal no desenvolvimento de um


lóbulo mamário.

-Histologia: Constituído por glândulas, cel. Epiteliais


císticas envolvidas por estroma.

-São responsáveis por até 13% das consultas ao


mastologista.

-Em geral, os fibroadenomas surgem na adolescência,


são identificados frequentemente na pré-menopausa e
costumam sofrer involução espontânea após a
menopausa. Imagem USG.

-Os fibroadenomas classificados como benigno no -Descarga papilar:


teste tripo concordante podem se acompanhado com -É possível obter liquido por expressão dos ductos
segurança sem excisão. mamilares em até 44% das mulheres na pré-
-Obs. Devido alguns fibroadenomas crescerem menopausa, 75% nas que tenham amamentado nos
bastantes e os tumores benignos filoides últimos 2 anos.
frequentemente serem indistinguível dos -Em geral, o líquido tem origem em mais de um ducto
fibroadenomas por imagem ou biopsia, deve fazer e sua coloração pode variar de branca leitosa a verde-
excisão de fibroadenomas crescentes. escura ou marrom.
-Tumor filoides: -A cor esverdeada está relacionada à presença de
-Histologicamente, os tumores filoides são similares diepóxido de colesterol, não sendo sugestiva de
infecção ou de malignidade subjacente.
aos fibroadenomas uma vez que os espaços revestidos
por epitélio também estão envoltos por estroma -A descarga multiductais por pressão manual é
celular. fisiológica e não exige avaliação complementar.
-No entanto, nos tumores filoides, as células estromais -Obs. Descarga espontâneo devem ser investigadas,
são monoclonais e neoplásicas. devem ser consideradas patológicas. Uma descarga
-Classificação:
Everaldo Leite 5

multiductal leitosa ou hemorrágica é comum numa


gravidez.

-Obs: Descarga espontâneo leitosa pode ser chamada


de galactorreia.

-Define-se a descarga papilar como patológica quando


é:

• Uniductal
• Espontânea
• Serosa ou hemorrágica.

-Atenção: Descarga Fisiológica x Patológica.

Fisiológica: Multiductal, por pressão manual,


branca/verde/marrom

Patológica: Uniductal, espontânea,


serosa/hemorrágica

-A maioria das descargas patológicas do mamilo é


causada por papilomas intraductais benignos, que são
pólipos simples nos ductos lactíferos,

-Esses papilomas surgem no geral até 2 cm dos


mamilos, contem epitélio papilar aveludado sobre uma
base fibrovascular central.

-Avaliação de uma descarga patológica:

• 1º Exame das mamas


• 2º Teste sangue oculto e microscópico da
descarga
• 3º Mamografia diagnostica: Geralmente
negativa, positiva em casos de carcinoma
ductal in situ.
• 4º USG mamaria ou ductografia ou
ductoscopia: Avaliar ductos

-Ductografia requer punção do ducto afetado, injeção


de radiocontranste, e logo a seguir, mamografia.
-Infecções mamarias (Mastites):
-Ductoscopia: envolve dilatação e punção do ducto
mamário com descarga, seguidas da passagem de -As infecções mamarias são divididas em:
endoscópio medindo apenas 0,6 a 1,2 mm de • Puerperais (Gravidez e lactação)
diâmetro. • Não puerperal
-A avaliação dos ductos subareolares, como descrito, é -Infecções puerperais (mastite):
necessária para localizar lesão intraductal para excisão
subsequente. Entretanto, a descarga patológica do -Essas infecções são caracterizadas por:
mamilo é diagnosticada e tratada definitivamente com
• Eritema difuso
a excisão do ducto subareolar, procedimento também
• Sinsibilidade
conhecido como microductectomia.
• Mama quente
• Sintomas sistêmicos de infecções

-Pode ser tratada com ATB.


Everaldo Leite 6

-O exame ultrassonográfico é altamente sensível para • Todos esses abcessos são drenados e tratados
identificação de abscessos subjacentes, se a mastite com ATB.
não melhorar rapidamente com os antibióticos.
-Subareolares:
-Mulheres lactantes com mastite devem continuar
aleitamento, podem retirar o leite por bombas caso • Origina de ductos lactíferos obstruídos por
prefira, durante o tratamento, para evitar estase do tampão de queratina imediatamente atas dos
leite e piorar infecção. mamilos.
• A drenagem simples está associada a uma taxa
-Mamilos rachados ou escoriados podem ser fontes de de recorrência próxima de 40% e, assim, o
entrada de bactérias, devendo ser tratados com loções tratamento para ser efetivo requer excisão do
ou unguentos à base de lanolina. ducto subareolar e remoção total do complexo
ductal subareolar.
-Os antibióticos adequados para o tratamento de
mastite puerperal são aqueles que cobrem espécies de -A excisão desses abcessos não puerperal deve ser
estafilococos, embora estreptococos dos grupos A e B, seguida de biopsia de parede do abcesso, devido CA de
Corynebacterium, espécies de Bacteroides e mama se apresentar na forma de abcesso.
Escherichia coli também sejam isolados com
frequência.

-Indicado cefalexina por 7 dias. Ou amoxicilina com


clavulanato. Alergia a penicilina utilizar a eritromicina.

-Mais comum seria o S. Aureus. Esse se tornou


resistente, em caso de resistência adota o
Sulfametoxazol + Trimetoprima

-A mastite focal pode ser resultante de galactocele


infectada. Geralmente palpa-se uma massa de
consistência amolecida no sítio do eritema cutâneo. FIGURA 12-7 Imagem de descarga patológica de mamilo.
Em geral fazem-se necessárias aspiração da galactocele A. Ductografia revelando ductos dilatados e falha de
enchimento (seta). B. Ultrassonografia periareolar com
com agulha e antibioticoterapia, mas recorrência ou massa intraductal, encontrada dentro do círculo amarelo.
progressão podem determinar a indicação de
-Mastalgia (Dor na mama):
drenagem cirúrgica.
-Dor nas mamas é comum, prevalência aumenta nas
-Infecções não puerperal (mastite):
mulheres próximos da menopausa.
-Celulite:
-Não tem etiologia bem definida, é provável que esteja
-A celulite não complicada em uma mama não relacionado com alterações no conteúdo aquoso
irradiada em um quadro puerperal é rara. Caso ocorra intersticial e, consequentemente, na pressão
deve ser feito exames de imagem e biopsia intersticial, mediado por estrogênio e progesterona.
imediatamente para excluir câncer mama inflamatório.
-Classificação:
-Abcesso:
• Cíclica
-Abcesso não puerperal de mama são classificados: • Acíclica

• Periféricos -Acíclica:
• Subareolares
• É focal e não demostra relação com ciclo
-Periféricos: menstrual. A mastalgia focal frequentemente
está relacionado a cistos simples, o câncer de
• Os abcessos periféricos costumam ser mama pode apresentar na forma de mastalgia
infecções cutâneas, como foliculite ou focal na mama.
infecções de cisto de inclusão epidérmica, ou
de glândula de Montgomery.
Everaldo Leite 7

-Portanto, essa queixa deve ser investigada com? • Não proliferativa

• exame físico cuidadoso, -Hiperplasia ductal e lobular:


• exame de imagem focado e
-Maioria das vezes as atividades proliferativas
• biópsia por agulha de qualquer anormalidade
acometem os ductos terminais e ácinos dos lóbulos.
palpável ou presente no exame de imagem
-Revestimento dos ductos e ácinos:
-Cíclica:
• Interna/luminal: Células epiteliais cuboides
• Geralmente bilateral
• Externas: Mioepiteliais
• Difusa
• Mais intensa no final fase lútea do ciclo -A proliferação das células epiteliais luminais resulta
menstrual em ductos terminais ou em ácinos com várias camadas
• Remissão no inicio menstruação de células, o que é referido como hiperplasia ductal ou
• Não requer investigação clinica lobular (quanto atinge ácinos), respectivamente.
• Tratada sintomatologia (AINEs)
-Com progressão desse processo proliferativo, os
ductos/ácinos são envoltos por células com atipias,
essa condição é referida como:

• Hiperplasia ductal atípica (HDA)


• Hiperplasia lobular atípica (HLA)

-Obs. Lobular = Ácinos

-Cada vez mais os ductos terminais ou os ácinos ficam


envolvidos, e essa condição é reconhecida como:

• carcinoma ductal in situ (CDIS)


• carcinoma lobular in situ (CLIS)
-Doença mamaria proliferativa benigna: -Risco de desenvolver câncer de mama:
-Alterações fibrocísticas: • Hiperplasia típica: 1,5
• Hiperplasia atípica: 4,5
-Componentes teciduais primário da mama, são:
-Essa designação histológica está alterando de nome,
• Gordura
por um índice padronizado. Com base nas células de
• Estroma fibroso
origem, extensão e grau, as categorias são:
• Estrutura epitelial
• Neoplasia intraepitelial ductal (NID) de baixo
-O componente hormônio-responsivo é o epitélio, mas
risco 1,2,3.
há comunicação parácrina entre epitélio e estroma.
• Neoplasia intraepitelial lobular (NIL) 1,2,3
-O estímulo hormonal pode resultar em um ácino
lobular dilatado repleto de fluido, interpretado como
microcisto nos cortes histológicos e com frequência
acompanhado de relativa abundância de estroma. Esse
quadro seria uma alteração fibrocistica.

-Dependendo do padrão particular das estruturas


epiteliais e do estroma associado, a mama pode ter
aspecto denso na mamografia, ser percebida como
nodular à palpação, ou ambas. -Carcinoma lobular in situ (CLIS):
-Essas alterações fibrocisticas podem ser classificadas, -O carcinoma lobular in situ não está associado a
em: de acordo com características epiteliais quaisquer características mamográficas ou palpáveis
• Proliferativa
Everaldo Leite 8

específicas, por isso só é diagnosticado


incidentalmente.
-CDIS:
-O CLIS clássico tradicionalmente não é visto como Calcificação
precursor direto do câncer de mama e sim como um pleomorfica
marcador de risco aumentado. Isto porque os cânceres ramificada
de mama subsequentes desenvolvem-se com
frequência quase igual em ambas as mamas.

-O carcinoma lobular in situ:


-O carcinoma ductal in situ é classificado em função de:
• Tende a ser multifocal e bilateral
• A excisão local com margens cirúrgicas livres • tipo morfológico
de doença quase sempre é impossível e • presença ou ausência de comedonecrose
desnecessária. • graduação nuclear
• Consequentemente, as opções de tratamento
incluem acompanhamento com reforço na -Tipo morfológico:
vigilância, quimioprevenção ou mastectomia • Cribriforme
profilática bilateral • Comedo
-Acompanhamento deve incluir: 2x/ano • Solido
• Micropapilar
• Exame clinico
• Mamografica
• RM: Câncer de mama lobular infiltrativo não
aparece na mamografia

-Utilização de tamoxifeno durante 5 anos reduz as


chances de desenvolver CA de mama em 56% em
pacientes com CLIS.

A maioria das pacientes com CLIS rejeita a mastectomia


profilática bilateral. No entanto, para aquelas com
CLISe história familiar de câncer de mama, ou para
aquelas que continuam necessitando de múltiplas
biópsias, a opção por mastectomia frequentemente é
bem-vinda.
-A comedonecrose aparece como um núcleo necrótico
-CLIS não é câncer e sim um potente precursor?
eosinofílico abaixo do centro de um ducto envolto com
-Carcinoma ductal in situ (CDIS): células cancerígenas.

-No carcinoma ductal in situ as células cancerosas -Grau nuclear é a mais preditiva para câncer invasivo
preenchem porções de um sistema ductal mamário associado, extensão da doença e recorrência após o
sem invadir sítios além da membrana basal do ducto. tratamento.

-As células do CDIS possuem varias alterações no DNA -CDIS sem tratamento completo tem grande chance de
comuns ao carcinoma invasivo, contido não tem recidiva, e a metade das recorrências estão associados
alterações decisivas para permitir a invasão. a câncer invasivos.

-CDIS é classificado como câncer de mama estagio 0. -Tratamento:

-Na maioria das vezes é diagnosticado pela mamografia -O tratamento principal do CDIS é excisão ampla com
de rastreamento e frequentemente está associado: margem negativa. Para tanto, talvez haja necessidade
de mastectomia se o CDIS for extenso ou se houver
• calcificações pleomórficas, lineares ou outras contraindicações à conservação da mama.
ramificadas
-Estadiamento axilar quase não é feito nos CDIS.
Everaldo Leite 9

-Recomendam-se cinco anos de administração de -Ciclo ovultório:


tamoxifeno para os casos de CDIS positivo para
-Os ciclos menstruais ovulatórios produzem estresse
receptor de estrogênio, tratados com conservação da
sobre o epitélio mamário ao induzir sua proliferação no
mama.
final da fase lútea.
-Doença de paget nos mamilos:
-Menarca precoce aumenta os riscos devido inicio dos
-Esse tipo de CDIS apresenta-se como rash eczematoso ciclos mais cedo.
focal do mamilo.
-Menopausa precoce reduz risco de câncer de mama.

-A gravidez gera níveis muito altos de estradiol


circulante, o que está associado a aumento transitório
no risco em curto prazo.

-Obs: Gravidez reduz risco de câncer de mama, devido


interromper os ciclos menstruais.
-Células do carcinoma ductal, em resposta a
substâncias quimioatrativas secretadas por células da -Gravidez:
derme, migram para a superfície do mamilo -A mama é peculiar na medida em que é o único órgão
provocando rachadura na pele. que permanece em estágio inicial por uma década ou
-Diagnostico histológico por biopsia do mamilo. mais, antes de entrar em estado altamente
proliferativo na menarca e, ainda assim, não
-A avaliação inclui um exame clinico cuidadoso, 60% amadurecer por completo até o nascimento do
dos casos se identifica massa palpável. Pacientes sem primeiro filho (só amadurece após primeiro filho).
anormalidades palpáveis a mamografia avaliara
densidades ou calcificações suspeitas. -Epitélio mamário prematura é mais susceptível a
carcinógenos do que o pós-lactacional.
-Identifica-se CDIS subjacente em cerca de dois terços
dos casos e câncer invasivo em aproximadamente um -Consequentemente, quanto mais tarde for a vinda do
terço. primeiro filho, maior o risco de câncer de mama.

-Tratamento: -As mulheres que tiveram o primeiro filho nativivo em


idade jovem assim como aquelas com grande número
-Excisão ampla com margem negativa de filhos nascidos vivos têm risco reduzido de câncer
-A conservação da mama, que requer ressecção central de mama.
mamária incluindo o complexo mamilo-aréola e toda a -Paridade reduz risco de CA de mama.
área subjacente identificável como comprometida pela
doença, é seguida por radioterapia pós-operatória na -Doença mamaria proliferativa e histórico familiar:
mama (Bijker, 2001).
-Conforme discutido anteriormente, a doença
-O estadiamento axilar por biópsia do LNS não é mamária proliferativa benigna é um marcador para
necessário, exceto se um componente invasivo for risco de câncer de mama, sendo que os riscos relativos
identificado ou tiver sido realizada mastectomia total. variam de 1,5 a 4,5 dependendo de as células epiteliais
serem ou não atípicas.
-Fatores de risco para o câncer de mama:
-História familiar, em especial parentes do primeiro
-Principais fatores de risco:
grau, histórico familiar de câncer em parentes de idade
• Maior fator de risco seria o gênero feminino. jovem e bilateral.
• Idade avançada -Outros fatores:
• Histórico familiar
• Doenças mamarias proliferativas benignas -O aumento na densidade mamográfica está surgindo
• Fatores reprodutivos: Ciclo menstrual como fator de risco importante para câncer de mama.
• Menarca precoce

-Fatores reprodutivos:
Everaldo Leite 10

• Câncer mama bilateral


• Câncer mama masculino
• Vários familiares com câncer em uma geração

-Síndrome do câncer de mama/ovário hereditário:

-Responsável por até 7% dos CA de mama.

-Aproximadamente 45% dos indivíduos com essa


síndrome tem mutação no gene BRCA1 e 35% BRCA2.

-Atenção: Decorar BRCA1 e BRCA2.


-Outros fatores: -Existem outros genes que ainda não foram
identificados relacionados com essa síndrome.
• Álcool
• Aumento massa corpórea pós-menopausa -Marca característica de portadores de mutação
(Aromatase) BRCA1:
• Terapia hormonal combinada (Só estrógeno
• Idade jovem no diagnostico (cerca de 44 anos)
não parece ter relação)
• Câncer de mama alto grau
-Modelo de Gail: • Negativo para receptores de estrogênio e
progesterona
-Fatores de risco listados por Gail:
• Câncer de ovário associado
• Idade • O risco ao longo de toda a vida para câncer de
• Idade menarca mama varia de 35 a 80% e para câncer de
• Idade primeiro filho ovário, de 16 a 57%
• Número de biopsias na mama -Pacientes com câncer de mama e ovário tem 86% de
• Histórico familiar chances de terem mutação no BRCA.
• Densidade mamografica
-Marca característica de portadores da mutação
-O modelo de Gail é uma ferramenta matemática para BRCA2:
cálculo do risco de câncer de mama com base nesses
fatores e tem sido validado de forma independente. • Mesma faixa etária das mulheres com CA
esporádico
-No entanto, o modelo falha pela incapacidade de • Não tem muita relação com idade do
prever quais mulheres em um grupo grande realmente diagnostico
desenvolverão o câncer de mama, por não considerar
• Menor frequência com associação ao câncer
outros fatores de risco (como CLIS) e por não tratar de
de ovário
forma adequada os fatores do histórico familiar.
• Homens portadores dessa mutação tem
-Genética no câncer de mama: mesmas chances de mulheres sem mutação

-Cerca de 30% dos câncer de mama tem fatores -A ooforectomia (Retirar ovário) bilateral precoce
familiares. antes da menopausa reduz significativamente a
incidência de câncer de mama e de ovário nas
-Cerca de 10% dos cânceres de mama estão associados mulheres com a síndrome do câncer de mama/ovário
com mutações herdadas em genes. Esses genes atuam hereditária.
de forma autossômica dominante e estão envolvidos
na correção do DNA ou no controle do ciclo celular, a -Tratamento:
fim de que o DNA possa ser reparado antes da divisão Tratamento é o mesmo para as que tem o câncer não
celular. relacionado a essa sindrome.
-Os históricos familiares que sugerem suscetibilidade -Muitas das mulheres vivendo nessa situação
hereditária incluem: específica optam por mastectomia bilateral, já que o
• Câncer precoce <50 anos risco de um segundo câncer de mama primário
ipsilateral em mama preservada é de de 3 a 4% por ano,
Everaldo Leite 11

e o risco de câncer de mama contralateral é -Em mulheres jovens tem maior sensibilidade se
semelhante (Haffty, 2002; Seynaevea, 2004). comparado a mulheres mais velha que podem adotar a
mamografia para melhor rastreio.
-A conservação da mama é, entretanto, uma opção
aceitável para paciente bem-informada e altamente -É recomendado o ECM (exame clinico das mamas)
motivada. durante o exame ginecológico em todas as pacientes
com >19 anos.
-Rastreamento câncer de mama:
-Recomendado que as mulheres façam Autoexame de
-Mamografia de rastreamento:
mama (AEM).
-Esse método radiológico é o mais usado e mais valido
para rastreamento do CA de mama.
-Câncer de mama invasivo:
-Mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a mamografia
de rastreamento reduz a mortalidade por câncer de - Nos Estados Unidos, o câncer de mama é o mais
mama. comum nas mulheres e a segunda causa de morte
relacionada com câncer (a primeira é o câncer de
-Recomenda iniciar anualmente mamografia em pulmão).
mulheres com 40 anos.
- No Brasil, o câncer de mama é o mais incidente e o
- É importante reconhecer que a maioria das mulheres mais frequente entre as mulheres.
com anormalidades detectadas por rastreamento
(~95%) não são portadoras de câncer de mama, -Características do tumor:
embora a taxa real positiva aumente com o avanço da
-Dos cânceres que afetam as mamas, 97% representam
idade.
malignidades primárias, ao passo que 3% são
-Até 25% das mulheres com CA de mama podem ter metástases de outros sítios.
mamografia normal nos 12 a 24 meses precedentes.
-Mai comuns, em origem:
-USG de rastreamento:
• 1ºContralateral
-Tem precisão dependente do operador. • 2º Linfoma
• 3ºPulmão
-Detecta até 1% dos CA não identificados na
• 4ºMelanoma
mamografia.
-Os cânceres de mama de origem epitelial são a maioria
-RM de rastreamento:
dos canceres primários (Origem nas mamas).
-Mais indicado para rastreio em mulheres com idade
-Incidência de tumores malignos invasivos na mama:
entre 25 e 50 anos, período em que a sensibilidade da
mamografia é reduzida pela densidade do tecido • Carcinoma Ductal Invasivo (CDI): 80%
mamário. • Carcinoma lobular invasivo (CLI) :15%.
• Filoides, sarcoma, linfoma
- Em geral, a RM mostra-se mais sensível e específica
do que a mamografia, mas o teste tem sido criticado -Sem considerar o estádio, as características do tumor
por seu alto custo e alta taxa de resultados falso- primário que mais influenciam o prognóstico e as
positivos. decisões de tratamento são:
-Pode usar contraste intravenoso. • status de receptor hormonal
• grau nuclear
-Outras ferramentas de diagnostico:
• expressão Her-2/neu
-Outras modalidades de rastreamento em
-2/3 dos cânceres de mama são positivos para
desenvolvimento são tomossíntese da mama,
receptores de estrogênio e progesterona. Sendo isso
rastreamento com sestamibi, rastreamento por
um bom prognostico com mais opções de tratamentos.
impedância elétrica e termografia.
-Her-2/neu é uma membrana com atividade
-Exame físico de rastreamento:
tirosinoquinase que coopera com outros receptores da
Everaldo Leite 12

família Her para gerar sinalização de proliferação e de de forma sistêmica, tem que adotar a Quimioterapia ou
sobrevivência nas células cancerosas de mama. Quase tratamento hormonal.
25% dos cânceres de mama apresentam expressão
-Quimioterapia:
aumentada de Her-2/neu, esses canceres costumam
ser sensíveis a anticorpos monoclonal humanizado, -A quimioterapia neoadjuvante é administrada antes
trastuzumabe, que é o primeiro medicamento de uma da cirurgia definitiva e está ganhando popularidade.
nova classe de terapias focadas. Ela permite a avaliação da sensibilidade de um
determinado tumor a agentes selecionados e a
-Prevê-se que no futuro os tratamentos individuais
redução do tumor, sendo que os resultados costumam
serão selecionados com base no padrão dos receptores
possibilitar uma cirurgia menos agressiva.
nucleares e do fator de crescimento que estejam ativos
em cada tumor. -Terapia hormonal e terapia direcionada:
-Estadiamento do câncer de mama: -A terapia hormonal adjuvante é empregada para
tumores positivos para receptor de estrogênio.
-É essencial fazer estadiamento para previsão de
resultado, planejamento do tratamento e comparação - Nas pacientes antes ou após a menopausa, uma
dos efeitos dos tratamentos. opção é o modulador seletivo do receptor de
estrogênio, tamoxifeno.
-Existem 3 tipos de estadiamento:
-Efeitos colaterais mais importantes do tamoxifeno são
• Clinico
sintomas de menopausa, risco aumentado de eventos
• Patológico tromboembólicos e aumento nas taxas de pólipos
• Cirúrgico endometriais e de câncer de endométrio.
- Cada paciente é classificada em um estádio clínico e - Nas mulheres pós-menopáusicas, pode-se utilizar um
em um estádio patológico. inibidor da aromatase, tendo sido aprovados pela FDA
-Estádio clinico: Tem como base achados de imagem e os agentes anastrozol, letrozol e examestano.
exame clinico. - Diferentemente do tamoxifeno, os inibidores da
-Estádio patológico: tem como base as medidas reais aromatase estão associados a taxas elevadas de perda
do tumor e as avaliações patológicas dos linfonodos óssea e fraturas. Por este motivo, recomenda-se a
após a cirurgia primária. realização de densitometria óssea nas pacientes
tratadas com esses medicamentos. Mulheres com
-Estadiamento cirúrgico: Tem como base a classificação perda óssea elevada esta indicado uso de
TNM (Tamanho, Linfonodos atingidos, metástase). T1- Biofosfonatos (Alendronato e Rizendronato).
4, N0-3 e M0-1
- Terapias com alvo em vias biológicas específicas estão
-O sítio de metástase mais comum no câncer de mama sendo disponibilizadas. O trastuzumabe é um
é o osso, e a prática varia em relação ao rastreamento anticorpo monoclonal humanizado muito efetivo
para doença metastática. No entanto, as modalidades contra os tumores com sobre expressão de Her-2/neu.
de rastreamento comuns incluem TCs do tórax, do
abdome e da pelve combinadas com cintilografia óssea -Acompanhamento:
ou com tomografia por emissão de pósitrons (PET, de
- O acompanhamento em longo prazo das pacientes
positron emission tomography) de todo o corpo e TC
com câncer de mama após o tratamento deve incluir
(PET/TC).
anamnese e exame físico periódicos, tanto gerais
-Tratamento do câncer de mama: quanto direcionados para a detecção de sinais ou
sintomas de recorrência.
- O câncer de mama é mais bem tratado em um
ambiente multidisciplinar com cirurgiões, oncologistas - Exames laboratoriais e de imagem são realizados para
clínicos e oncologistas radioterapeutas. investigação complementar de sinais ou sintomas
específicos. Não se recomenda o uso de outros testes
-Cirurgia e radioterapia usadas para tumores locais, de rastreamento, diferentes da mamografia, para
pacientes com células cancerosas no sangue, ou seja, identificar recorrências assintomáticas.
Everaldo Leite 13

-Câncer de mama inflamatório: ou pós-menopáusicas, com 35 anos ou mais, que


tenham risco em cinco anos $ 1,7% no modelo de Gail.
- O câncer de mama inflamatório é responsável por 1 a
5% dos cânceres de mama (Chang, 1998; Dawood, - O uso de tamoxifeno por cinco anos está associado à
2010). redução de 49% na incidência de câncer de mama,
incluindo câncer de mama invasivo e CDIS.
-Esse câncer apresenta-se com alterações na pele que
podem variar desde um rosado claro até um rash - Entretanto, o tamoxifeno está associado a aumento
vermelho vivo associado a edema de pele (alteração na incidência de câncer endometrial em mulheres pós-
em casca de laranja). menopáusicas e a aumento no risco de doença
tromboembólica, inclusive trombose venosa profunda,
-Tem instalação e evolução rápida, em poucas embolia pulmonar e acidente vascular encefálico.
semanas.
- A cirurgia profilática costuma ser reservada para as
- Embora a mastite ou mesmo a insuficiência cardíaca mulheres com risco muito elevado de câncer de mama.
congestiva possam produzir um quadro clínico similar, Nesse grupo estão as mulheres com mutações
a possibilidade de câncer de mama inflamatório deve hereditárias nos genes de predisposição ao câncer de
ser excluída definitivamente. mama e algumas com CLIS, em especial se for extenso
ou estiver associado à história familiar de câncer de
mama.

-Ooforectomia bilateral profilática, realizada em


mulheres na pré-menopausa com mutações no gene
BRCA, reduz o risco de câncer de mama em 50% e o
risco de câncer de ovário em mais de 90%.

-Pode induzir menopausa cirurgicamente precoce.


-Atenção: Mamas com aspectos de casca de laranja
tem forte indícios de malignidade. -Mastectomia bilateral profilática em geral é realizada
com preservação de pele e reconstrução imediata. O
- A investigação deve sempre incluir mamografia
procedimento reduz o risco de câncer de mama em
diagnóstica e biópsia por punção da pele.
mais de 90%, mas ainda não está claro se produz
-Prevenção do câncer de mama: aumento na taxa de sobrevivência geral ou específica
para câncer de mama.
- Obesidade e vida sedentária são dois fatores de risco
modificáveis que devem ser abordados com mulheres
com alto e baixo risco.
-Referência:
-Atividade física reduz os riscos.
Ginecologia de Williams, 2. ed. – Dados eletrônicos. –
- As mulheres com alto risco para câncer de mama Porto Alegre: AMGH, 2014.
têm três opções principais:

• Acompanhamento assíduo
• Quimioprevenção
• Cirurgia profilática

-Em regra, o acompanhamento assíduo consiste em


exame clínico a cada seis meses, alternando
mamografia com RM da mama ou ultrassonografia de
rastreamento.

-Esse acompanhamento pode iniciar-se 10 anos antes


da menor idade de diagnóstico de câncer de mama na
família.

-A FDA aprovou o uso de tamoxifeno para


quimioprevenção do câncer de mama em mulheres pré
APG24
Everaldo Leite 1

Climatério e insuficiência ovariana primária ou para aquelas


submetidas a procedimentos cirúrgicos capazes de
-Conceitos:
alterar o ciclo menstrual sem determinar o
-Climatério: O é a fase de transição entre o período esgotamento total dos hormônios ovarianos (ablação
reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, endometrial, ooforectomia unilateral ou
caracterizado por uma gama de modificações histerectomia), o diagnóstico e a classificação devem
endócrinas, biológicas e clínicas, compreendendo ser realizados baseando-se nos critérios de suporte e
parte da menacme até a menopausa. sintomatologia, já que mudanças no ciclo menstrual
podem ser explicadas pela patologia de base.
-Menopausa: É definida como o último período
menstrual, identificado retrospectivamente após 12
meses de amenorreia. Quando a mulher passa 1 anos
sem menstruar é caracterizado menopausa.

-Perimenopausa: O intervalo, do início dos sintomas de


irregularidade menstrual até o final do primeiro ano
após a menopausa.

-A menopausa é um evento fisiológico normal, causado


devido envelhecimento ovarianos com receptiva perda
de sua função. Ocorre geralmente no final da 4º década
de vida e início da 5º década.

-Alguns fatores podem interferir na idade que a mulher


entraria na menopausa:
-Patogenia
• Etnia
-A menopausa apesar de poder sofrer influência do
• Região ambiental
eixo HHG, é um evento ovariano secundário a atresia
• Tabagismo fisiológica dos folículos primordiais.
• Comportamentais
-A produção desses folículos primordiais acontecem
-Idade média geral da menopausa no mundo foi durante a fase embrionária, a mulher já nasce com uma
descrita como 48,78 anos, variando entre 46 e 52 anos. certa quantidade de folículos, que pela ação de
Na américa latina essa média baixa um pouco. hormonais completa seu ciclo meiótico e diferenciam
-Menopausa precoce: Ocorre <40 anos de forma em ovócitos no momento da ovulação.
espontâneo ou artificial. -Até que seu número se esgote na pós-menopausa, os
-Essas e outras etapas da vida reprodutiva feminina são folículos crescem e sofrem atresia de forma contínua.
regidas pela função ovariana e sua respectiva produção Esse processo é irrecuperável e ininterrupto,
hormonal. Classificação das etapas reprodutivas: independentemente de situações como gravidez ou de
períodos de anovulação. Dos milhões de folículos
• Reprodutiva (Menacme) formados na vida intraútero, apenas 400 terão seu
• Transição menopausa crescimento resultando em ovulação durante o
• Pós-menopausa menacme; o restante é perdido pelo processo de
atresia (O FSH recruta vários folíolos, porém, o comum
-A base para diagnóstico e classificação nos estágios
é apenas um completar ovulação, por ciclo).
reprodutivos são as mudanças observadas no ciclo
menstrual. -Esse declínio em quantidade e qualidade contribuem
para diminuição da fertilidade. O consumo do pool
-Os sintomas apresentados e critérios de apoio
folicular com o passar dos anos determina alterações
descritos (contagem de folículos antrais, dosagem de
hormonais importantes, responsáveis pelas alterações
hormônio antimülleriano (AMH), inibina B e hormônio
fisiológicas características do período peri e pós-
folículo-estimulante – FSH) não são utilizados como
menopáusico.
critérios diagnósticos para mulheres saudáveis. Já para
aquelas portadoras de síndrome de ovários policísticos
Everaldo Leite 2

-A transição para menopausa é caracterizada pela de Testosterona e Androstenediona. No geral a síntese


irregularidade menstrual, devido variabilidade de esteroides androgênicos está diminuída, porém a
hormonal e ovulação inconsistente. produção remanescente é suficiente para manter
ovários ativos. Esse Androstenediona pode sofrer
-A queda no número de folículos resulta em diminuição
aromatização periférica.
da inibina B (Essa causa um feedback negativo no eixo
HHG), com sua diminuição, desativa o feedback
negativo sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH
na tentativa de aumentar o recrutamento folicular.
Esse FSH aumentado causa recrutamento de mais
folículos contribuindo para sua depleção até o
esgotamento.

-A mulher pós-menopáusica não é totalmente


desprovida de estrogênio, que segue sendo sintetizado
em níveis muito menores. No ovário, a produção de
estradiol é quase nula.

-O estrogênio presente na pós-menopausa é devido


conversão periférica.

-Não existe mais produção de progesterona.

-O diagnóstico do climatério é clínico, não havendo


necessidade de dosagens hormonais para confirmá-lo
-Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação quando há irregularidade menstrual ou amenorreia e
ainda é mantida e os níveis de estradiol permanecerão quadro clínico compatível.
dentro da normalidade.
-Porém, níveis de FSH acima de 40 mUI/mL e estradiol
-Redução folicular ocasiona redução dos níveis de (E2) menores do que 20 pg/mL são característicos do
estradiol que não são mais suficientes para estimular período pós-menopáusico.
pico de LH (O estradiol atinge uma certa elevação que
-Consequências do hipoestrogenismo:
ao atingir certo ponto estimula pico de LH para
ovulação), encerrando assim os ciclos ovulatórios. -Existem receptores de estrogênio em diferentes
-Na pós-menopausa, na tentativa de aumentar quantidades por vários locais do corpo, como:
produção de estradiol pelos ovários, a hipófise é • Pele, osso, vasos, coração, cérebro, mama
ativada por picos de GnRH, liberando grande • Útero, Vagina, Uretra e bexiga
quantidade de gonadotrofina (FSF/LH), levando a
mulher a um quadro de hipogonadismo
hipergonadotrofico (Alto FSH/LH e baixo hormônios
gonodais - E e P).

-Devido à redução da resposta ovariana às


gonadotrofinas, os níveis de FSH e LH são
marcadamente elevados nos primeiros anos após a
menopausa, decrescendo com o envelhecimento.

-Na pós-menopausa o AMH (marcador do número de


folículos ovarianos em crescimento), reduz para níveis
indetectáveis na pós-menopausa. AMH é um ótimo
preditor ovariano.
-A redução nos níveis de estrogênio circulante gera
-Devido redução massa folicular, ocorre aumento do
efeitos diferentes para cada mulher.
estroma no ovário, porção responsável pela produção
Everaldo Leite 3

-Cerca de 15% não apresentam sintomas no climatério. -Está relacionado à maior duração dos sintomas:

-Alterações no ciclo menstrual: • índice de massa corporal (IMC) elevado,


tabagismo
-As queixas mais frequentes na transição menopausa,
• grau de sensibilidade aos sintomas,
são:
• ansiedade
• Irregularidade menstrual • percepção de estresse
• Alteração na intensidade do fluxo • sintomas depressivos
• Alteração na duração ou frequência da
-Alterações do sono:
menstruação
-Distúrbios do sono, incluindo:
-Ciclos anovulatórios cada vez mais comum e por
consequência ocorre alteração no padrão de secreção • menor duração
de estrogênio e progesterona com encurtamento dos • aumento nos episódios de despertar noturno
ciclos e progredir para períodos de amenorreia cada • menor eficácia do sono
vez mais longos até a parada total.
-Esses sintomas estão presentes em até metade das
-A amenorreia prolongada é característica da mulheres na pós-menopausa, com ênfase ao período
deficiência de estrogênio. perimenopáusico, devido às flutuações hormonais.
-O padrão de fluxo menstrual também pode variar, -Fogacho pode interferir no sono.
sendo comum ocorrer sangramento aumentado.
-A menor duração do sono é responsável por sequelas
-Nesse período aumenta chances de desenvolver orgânicas como aumento da prevalência de
algumas patológicas: Pólipos e miomas. hipertensão e diabetes mellitus.
-Sintomas vasomotores: -Alterações do humor:
-Compreende os episódios de fogachos e suores -Os sintomas depressivos são relatados por 65% a 89%
noturnos, resultando no sintoma mais comum da das mulheres que buscam atendimento no período do
transição menopausal e pós-menopausa inicial, sendo climatério.
referido por mais de 80% dessas mulheres.
-Variação dos níveis séricos de estrogênio parece estar
-O fogacho é uma sensação de calor intenso que se mais associada com efeitos depressivos do que com a
inicia na face, pescoço, parte superior do tórax e se própria concentração hormonal absoluta.
generaliza. É seguido de endurecimento da pele e
subsequente sudorese profusa. Observa-se aumento -Perda capacidade reprodutiva e o envelhecimento
do fluxo sanguíneo cutâneo, taquicardia, aumento da influencia nesses sintomas psicológicos.
temperatura da pele devido à vasodilatação e, -Alterações cognitivas:
eventualmente, palpitações
-Durante transição menopausa, há queixas de
-A redução dos níveis séricos estrogênicos provoca alterações cognitivas, memória e atenção.
alterações em neurotransmissores cerebrais causando
instabilidade no centro termorregulador hipotalâmico, -Na Perimenopausa 44% apresentam queixas de
tornando-o mais sensível a pequenos aumentos da esquecimento.
temperatura corporal relacionados a alterações -Também há queixas de piora na perda de memória
intrínsecas e ambientais. Ocorre aumento da verbal, processamento rápido das informações e
serotonina e norepinefrina. demência.
-Cada episódio dura em media 2-4 minutos e ocorre -Contudo, o envelhecimento de forma isolada não
várias vezes ao dia. Comum a noite. explica as alterações percebidas no período peri e pós-
-A duração média dos sintomas vasomotores a partir menopáusico de forma completa. Sabe-se que o
da transição menopausal é de 7,4 anos, e 4,5 anos estrogênio tem papel modulatório nos sistemas
desse total são vivenciados no período pós- neurotransmissores, influenciando o desempenho nas
menopáusico. tarefas de aprendizagem e memória. Sua ação no
hipocampo e lobo temporal também já é conhecida.
Everaldo Leite 4

-A vase de oscilação na concentração de estrogênio é a -O epitélio vaginal torna-se fino, e a lubrificação


mais sintomática, devido piores sintomas cognitivos resultante de estímulo sexual está prejudicada em
serem na Perimenopausa. decorrência da diminuição da secreção glandular.
Torna-se friável, com sangramento ao toque.
-Parece que o efeito da deficiência estrogênica na
memória e outras funções cognitivas não são -O pH vaginal está alcalino, reduzindo o número de
permanentes nas mulheres após menopausa natural. lactobacilos na flora, propiciando infecções e vaginite
atrófica. A uretra é hiperemiada e proeminente
-Alterações pele e fâneros:
-Essas alterações anatômicas resultam em sintomas:
-O ganho de peso costuma ser erroneamente
associado à menopausa, enquanto as mudanças • Genitais: Ressecamento, ardência e irritação
hormonais estão, na verdade, relacionadas ao • Sexuais: Menor lubrificação e dispareunia
aumento da circunferência e da gordura abdominal e • Urinários: Urgência, disuria, ITU
total, mesmo em mulheres magras.
-Complicação: Alterações ósseas e articulares:
-O padrão de distribuição da gordura passa de
ginecoide para androide, propiciando o acúmulo na -O equilíbrio entre formação e reabsorção óssea está
região abdominal. Circunferência abdominal está afetado, resultando em perda de massa óssea de forma
relacionado com risco DCV. acelerada. O hipoestrogenismo tem papel importante
nesse mecanismo. Podendo levar o paciente a
-Aumenta gordura visceral. Osteoporose e fraturas.
-Pele altera devido baixa no estrogênio: -Aos 50 anos, 1/3 das mulheres terão uma fratura. Sua
• Declínio colágeno e espessura da pele prevalência e incidência aumentam de forma
exponencial com a idade. Fraturas mais comuns: Radio
• Aumento flacidez
distal, vertebras e fêmur.
• Diminuição elasticidade
-Além das alterações ósseas, as alterações articulares
-Pele seca é condicionado ao envelhecimento.
fazem parte das queixas comuns das mulheres de
-Alterações no cabelo: meia-idade. Cerca de 50% a 60% das mulheres nesse
período referem dor ou rigidez articular, porém parece
• Mais fino
que os sintomas são relacionados ao status
• Aumenta queda menopausal.
-Alteração ocular: -Evidências sugerem que o estrogênio exerce efeitos
• Síndrome olho seco: Secura, pressão, sensação positivos sobre o metabolismo dos ossos, dos músculos
de corpo estranho, aspereza e queimação, e da sinóvia, que, em conjunto, melhoram a saúde das
assim como fotofobia articulações.

-Alterações atróficas: -Complicação: Alterações cardiovasculares e


metabólicas:
-Síndrome geniturinária da menopausa (SGM),
conhecida como atrofia vulvovaginal (AVV): Seria -Doenças cardiovasculares (DCV), especialmente o
alterações histológicas, e físicas da vulva, vagina e trato infarto do miocárdio (IM), são as principais causas de
urinário baixo devido a deficiência de estrogênio. morte em mulheres com mais de 50 anos no Brasil e no
mundo.
-Acomete metade das mulheres na menopausa e tem
caráter progressivo se não tratado. -Principais fatores de risco para DCV:

-A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a • Presença de aterosclerose grandes vasos
pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. • História familiar
• HAS
-Os pequenos lábios perdem tecido e pigmentação.
• Tabagismo
-Vagina passa a ser mais curta e estreita. • Diabetes
• Síndrome metabólica
• Obesidade central
Everaldo Leite 5

• Resistencia a insulina -Pode ser eficaz para tratar outros sintomas:


• Dislipidemia
• Sintomas geniturinário
-No período pós-menopáusico, devido ao • Distúrbio função sexual
hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres • Redução DCV
passa a ser androgênico e a prevalência da SM • Redução diabetes
aumenta, o que pode explicar de forma parcial o • Qualidade de vida
aumento da incidência de DCV após a menopausa.
-Contudo, esses sintomas não são considerados
-Devido ao novo perfil hormonal, perde-se a atividade consagrados, portanto, apenas por esses motivos não
protetora do estrogênio para eventos endoteliais e há é indicado a TH.
o desenvolvimento de componentes da SM.
-Sintomas vasomotores:
-Observa-se na mulher:
-Frequentes na peri e pós-menopausa, acometem até
• Adiposidade central 80% das mulheres.
• Mudança perfil lipídico
-O padrão-ouro para esses sintomas seria a TH.
• Aumento colesterol total (As custas do LDL e
TG) -Medicamentos:
• Redução HDL
• Estrogenoterapia
• Aumento glicemia e insulina
• Estradiol E2 (Transdérmico)
-A transição menopáusica por si só é fator de risco para • Estrogênios conjugados
a síndrome, independentemente de idade, hábitos de
vida e composição corporal. -Atualmente, recomenda-se a menor dose efetiva e
pelo menor período de tempo necessário.
Tratamento Climatério
-Usa a TH em mulheres sintomáticas abaixo dos 60
anos e com menos de 10 anos de menopausa.
-Tratamento hormonal: -Atrofia vulvovaginal:
-O tratamento hormonal envolve vários hormônios, -Sintomas são: Dispareunia, falta de lubrificação.
vias de administração e esquemas diversos. Atinge até 50% das mulheres na pós-menopausa.
-O TH é considerado eficaz para sintomas vasomotores, -Terapia:
os efeitos benéficos superam os riscos para mulheres
<60 anos ou até 10 anos da pós-menopausa. • Sintomas leves: Hidratar com lubrificante a
vagina
-TH em mulheres >10 anos pós-menopausa tem • Sintomas moderados-severos: Estrogênio
relação com aumento do risco de doenças tópico vaginal (em baixas doses)
cardiovasculares (DCV). Entretanto, se iniciar a TH na
peri ou pós-menopausa inicial, a TH apresenta efeito -A terapêutica estrogênica promove o crescimento
protetor de DCV. celular vaginal, a maturação celular e a recolonização
com lactobacilos, aumenta o fluxo sanguíneo vaginal,
-A prescrição da TH exige a existência da clara indicação diminui o pH vaginal (+ Acido) para os valores da
e a ausência de contraindicações. menacme, melhora a espessura e a elasticidade vaginal
-Benefícios da terapia hormonal: e a resposta sexual, com repercussões positivas para a
saúde vaginal e sexual.
-Pode ser eficaz para tratar sintomas:
-Perda massa óssea:
• Vasomotores
A TH é eficaz na prevenção de perda óssea e fraturas
• Atrofia vulvovaginal
relacionado a menopausa. A TH pode ser usado para
• Prevenção osteoporose e fraturas
prevenção e tratamento da osteoporose.
osteoporótica
-TH tem efeito na densidade massa óssea (DMO),
-Esses 3 são considerados indicações consagradas.
mantendo ou até aumentando sua densidade.
Everaldo Leite 6

-Terapia: -Obs. Um estudo com A TH combinada foi interrompido


após 5anos, por aumentar risco de TEV, Doença
• TH Isolado
coronariana (DCC) e AVC, mesmo prevenindo CA colón
• TH combinado e fraturas ósseas.
-Esse efeito protetor da TH sobre a DMO reduz -TH empregada em mulheres com menos de 10 anos
rapidamente com a descontinuação do tratamento, após o início da menopausa diminuiu a DCC e reduziu a
embora possa permanecer algum grau de proteção mortalidade geral por todas as causas, mas aumentou
contra fraturas. o risco de TEV.
-TH pode ser indicada (Primeira linha) para prevenir e -Mulheres <60 anos e com
tratar a osteoporose em mulheres de elevado risco <10 anos da pós-menopausa a TH reduziu os riscos de
antes dos 60 anos de idade ou dentro dos primeiros DCV, porém, apresenta um aumento risco para TEV.
anos de pós-menopausa.
-Diabetes:
-Sintomas geniturinários:
-Uso de TH reduz risco de DM tipo 2, pela redução da
-A TH pode ser eficaz para melhoras os seguintes resistência à insulina não relacionada ao índice de
sintomas: massa corpórea (IMC).
• Urgência -TH não é indicado para prevenção primaria da
• Bexiga hiperativa diabetes.
• Risco ITU recorrente

-Terapia:

• TH combinada
• Estrogênio tópico (ITU) -Qualidade de vida:

-Função sexual: -Em mulheres na pós-menopausa, a presença de


sintomas climatéricos está fortemente associada à
-TH sistêmica e tópica, são eficazes pois causam diminuição da qualidade de vida quando se utilizam
instrumentos específicos de avaliação.
• Aumento lubrificação vaginal
• Aumento fluxo sanguíneo vaginal -Riscos da terapia hormonal:
• Aumento sensibilidade vaginal
• Melhora dispareunia -A TH combinada usada por 3 a 5 anos aumenta risco
de CA de mama,
-A questão de desejo sexual não tem relação com esses
hormônios. -TH isolada teria maior período de uso com segurança.

-TH não é recomendada como tratamento isolado da -Estudos indicam o uso por pelo menos cinco anos em
disfunção sexual. mulheres saudáveis que iniciaram a TH na “janela de
oportunidade” e que a continuidade além desse
-Sistema cardiovascular: período pode ser realizada baseada no perfil de risco
individual de cada mulher.
-As doenças cardiovasculares na mulher pós-
menopausa, são: IAM, AVC. -Câncer de mama:
-O TH tem potencial para melhorar o risco -O efeito da TH sobre o risco de câncer de mama pode
cardiovascular por meio dos seus efeitos benéficos depender do tipo de TH, da dose, duração do uso,
sobre a função vascular, os níveis lipídicos e o regime, via de administração, exposição prévia e
metabolismo da glicose. características individuais.
-Terapia: -Existe diferença de risco em relação a TH isolada e
combinada.
• TH isolado (estrogênio) ou combinado
-Tromboembolismo venoso:
-Beneficio supera os riscos para mulheres na peri e pós-
menopausa inicial.
Everaldo Leite 7

-Embora raro em mulheres até 60 anos de idade, o -Tratamento não hormonal:


risco relacionado à TH para eventos tromboembólicos
-Os sintomas vasomotores e geniturinário são
venosos graves aumenta com a idade e está associado
consequência da deprivação do estrogênio na
positivamente com obesidade e trombofilias.
menopausa.
-Riscos:
-Tratamento sintomas vasomotores:
• TH combinado: Maior do que TH isolado
-Principais sintomas: Fogacho, ondas de calor e
-Para as mulheres que iniciaram TH com idade inferior sudorese noturna. Apresentados na transição
a 60 anos, o risco absoluto de TEV foi raro, mas menopausa e pós-menopausa.
aumentava significativamente com a idade.
-Reduções na concentração de estrogênio levem a
-A terapia estrogênica transdérmica deve ser a diminuição da concentração de endorfina no
primeira escolha em mulheres obesas com sintomas hipotálamo, redução endorfina causa aumento da
climatéricos. liberação de serotonina e norepinefrina em todo
cérebro, incluindo áreas do hipotálamo relacionado a
-Estrogênio tópico vaginal não causa risco de TEV.
controle da temperatura, podendo causar uma queda
-Doença da vesícula biliar: no ponto de ajuste do centro termorregulador no
hipotálamo e provocar, assim, perda de calor
-O uso da TH por via oral aumenta o risco de doenças
inadequada. Essa perda de calor é por meio da
da vesícula biliar.
vasodilatação e sudorese. temperatura abaixa de 0,1 a
-A colelitíase, a colecistite e a colecistectomia ocorrem 0,9 C° e, após 5 a 9 minutos da onda de calor, a mulher
mais frequentemente em mulheres que usam poderá sentir frio.
estrogenioterapia por via oral, presumivelmente pelo
-Media para inicio desses sintomas é 51 anos. Essas
efeito hepático da primeira passagem após a ingestão
ondas de calor duram em média 7 anos.
oral.
-As opções de tratamento não hormonais para os
-Os estrogênios aumentam a secreção e a saturação do
sintomas, incluem:
colesterol biliar, promovem a precipitação do
colesterol na bile e reduzem a motilidade da vesícula • Técnica comportamental
biliar, com aumento da cristalização biliar. • Técnica psicocorporais
• Controle dêitico
-Uso transdérmico tem menos risco.
• Suplementação
-Regime terapêutico: • Prescrição medicamentosa

-Dividido em 2 categorias: -Técnica comportamental:

• Estrogênio Isolado • Atividade física


• Combinado • ioga
• perda de peso
A terapia estrogênica isolada é empregada em
mulheres histerectomizadas. -Técnicas psicocorporais:

-A adição do progestagênio para pacientes com útero • Controle da mente


é necessária para proteção endometrial, • respiração compassada
contrabalançando os efeitos proliferativos do • estratégias cognitivas e comportamentais
estrogênio e diminuindo, dessa forma, os riscos de • Acupuntura
hiperplasia e câncer endometrial.
-Alimentos e fitomedicamentos:
-São empregados 3 tipos de estrogênios (ECs, E2 e 17-
B). -Isoflavonas (fitoterápicos): se liga a receptores de
estrogênio, podem ter efeitos antagonistas e
-Os progestagênios empregados na TH são agentes que agonistas.
induzem a modificações secretoras no endométrio
previamente estimulado pelo estrogênio. -Soja pode ter efeito, pois contem isoflavonas.
Everaldo Leite 8

-Terapia farmacológica não hormonal:

• Inibidores seletivos da recaptação de


serotonina e/ou norepinefrina: São os
antidepressivos, essas medicações parecem
atuar na origem das ondas de calor relacionada
à queda dos níveis estrogênicos da
menopausa.
-Metanálises recentes indicam que paroxetina,
citalopram, escitalopram, venlafaxina e
desvenlafaxina são os mais efetivos, reduzindo
em 65% a frequência e a severidade das ondas
de calor
• Clonidina: A clonidina, um agonista alfa-
adrenérgico com ação antihipertensiva,
diminui as ondas de calor por meio da redução
da reatividade vascular central e periférica.
• Gabapentina: O mecanismo de ação para
tratamento das ondas de calor parece estar
relacionado a um efeito direto no centro
termorregulador do hipotálamo.

-Tratamento não hormonal da síndrome


geniturinária:

-A SGU da menopausa é o conjunto de sinais e sintomas


secundários aos efeitos da deprivação do estrogênio na
mulher climatérica, caracterizados por:

• Ressecamento genital
• Prurido,
• Dor durante a relação
• Corrimento
• Perda de urina dor ao urinar

-Os tratamentos sem prescrição incluem lubrificantes


vaginais, hidratantes (efeito mais longo que
lubrificante), dilatadores e laser vaginal.

-Referência:

-Livro- Febrasgo
APG25
Everaldo Leite 1

Ulceras genitais, infecções vaginais e cervicites • Gestação


• Uso de contraceptivos
-Introdução trato genital:
• Usa de duchas
-Formado por varias cavidades que se comunica com o • Frequência de intercurso sexual
meio externo através da fenda vulvar, sendo uma • ATB
grande porta de entrada para agentes infecciosos.
-As interações entre o microbioma vaginal, os
-Diferentes formas de atividade sexual, toque não mecanismos de defesa locais e os agentes
sexual, contaminação do reto, higienização e exposição potencialmente patogênicos podem resultar nos
ao vestuário e ao ambiente são fatores que resultam estados de saúde vaginal ou em processos infecciosos
na deposição de microrganismos na região e/ou inflamatórios, que tantos problemas causam às
vulvovaginal. pacientes.

-Microbiota vaginal contem:

• Bacilos (Lactobacillus)
• Microrganismos Anaeróbicos
• Microrganismos Aeróbicos
• Gardnerella

-Durante o ciclo menstrual mostrou significativas


alterações qualitativas e quantitativas nas
concentrações de microrganismos aeróbios e
anaeróbios, sugerindo ser a flora vaginal um
ecossistema dinâmico.
-Infecções vaginais:
-Ácido lático e pH vaginal:
-Vaginose bacteriana:
-pH vaginal depende do estado hormonal da mulher. O
estrogênio induz deposito de glicogênio nas células -É o desequilíbrio da flora vaginal caracterizado pela
epiteliais vaginais, que posteriormente é degradado substituição da flora microbiana saudável (dominada
em glicose + ácido lático por ação dos Lactobacillus. O por Lactobacillus) por microbiota variável, composta
aumento de ácido lático diminui o pH vaginal (+Acido). por mistura de bactérias anaeróbias e facultativas
-As próprias células intermediarias da mucosa vaginal (Principalmente Gardnerella, clostridium e
também podem produzir acido lático, em mulheres na mycoplasma).
menacme. -VB não é uma infecção, cursa com pH alcalino.
-Esse acido lático produzido é secretado no lúmen -Seria a afecção do trato genital mais frequente,
vaginal. O ácido lático é difundido para fora das células principalmente nas mulheres inférteis. No Brasil,
e acumulado no lúmen vaginal. Tal produção é dependendo da população estudada, a afecção é
estrogênio-dependente e explica, ao lado da responsável por até 40% dos casos de queixas vaginais
diminuição da população de Lactobacillus, a elevação
do pH em mulheres na pós-menopausa que não -VB pode facilitar a transmissão/aquisição de outros
estejam recebendo terapia hormonal agentes de transmissão sexual como C. trachomatis e
N. gonorrhoeae.
-Lactobacillus toleram o pH ácido, assim como a
Cândida albanas e Streptococcus sp. Aeróbico. -Fatores de risco para VB:
Portanto, a presença de ácido lático gera um meio
• Raça negra
acido que protege a mulher contra outros patógenos
• Ducha vaginal
que não conseguem se proliferar no meio ácido.
• Tabagismo
-Fatores que afetam a composição da microbiota • Menstruação
vaginal: • Sexo frequente

• Fases do ciclo menstrual -Quadro clinico:


Everaldo Leite 2

• Corrimento -O tratamento da VB visa eliminar os sintomas e


• Odor (Peixe) reestabelecer o equilíbrio da flora vaginal fisiológica,
• Paciente pode apresentar só o odor principalmente pela redução dos anaeróbios.
• Odor (Piora com ato sexual e menstruação)
• Metronidazol (Oral ou gel)
-O odor fétido piora com o intercurso sexual • Clindamicina creme
desprotegido e durante a menstruação, devido à
-Não precisa tratar o parceiro.
volatização de aminas aromáticas (putrescina,
cadaverina, dimetilamina) resultantes do metabolismo -Candidíase vulvovaginal:
das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do sêmen ou
do sangue menstrual. - No trato genital feminino, a Candida sp. pode ser
encontrada em aproximadamente 20% das mulheres
saudáveis assintomáticas. Candida é uma Levedura
(Fungo).
-Exame ginecológico:
-Até 75% das mulheres apresentarão um episodio de
• Conteúdo vaginal homogêneo
candidíase durante a vida.
• Corrimento (Esbranquiçado, branco-cinza ou
amarelo) -Candida albicans é a espécie mais prevalente,
• pH vaginal alcalino responsável por 85% a 95% dos casos.

-VB isolado não causa dispareunia e disuria. - A colonização vaginal por fungos parece ser
hormôniodependente, já que é rara na infância e pós-
-Diagnostico (Critérios de Amsel): Pelo menos 3 dos 4
menopausa e frequente na idade reprodutiva ou em
critérios.
mulheres em uso de terapia hormonal. Ocorre
• Corrimento branco-acinzentado homogêneo principalmente durante menacme.
aderido parede vaginal
-Fatores de risco:
• pH >4,5
• Teste aminas (Winff test) positivo • Gravidez
• Clue Cells • Contraceptivos
• ATB
-Apresenta ausência de leucócitos por não ser ima
infecção. -Condições que alterem a quantidade de hormônio
favorecem a candidíase.
-Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja,
desprendimento de odor fétido após a adição de KOH -Um dos fatores do hospedeiro que impedem
10% a uma gota de conteúdo vaginal. proliferação da condida seria aproteina lectina ligadora
de manose, presente nos fluidos corporais e na
-Clue cells: São células epiteliais recobertas por
secreção vaginal, essa lectina liga a cândida. Tal ligação
cocobacilos Gram variáveis na bacterioscopia.
desencadeia a cascata do sistema complemento,
levando à lise celular e à fagocitose.

-Quadro clinico:

• Prurido
• Corrimento esbranquiçado (Leito talhado)
• Dor, dispareunia e disuria

-Exame ginecológico:

• Hiperemia vulvar
• Edema
• Fissura
• Parede com aspecto de flocular: Conteúdo
-Tratamento:
esbranquiçado aderido ou não a parede.
• pH <4,5
Everaldo Leite 3

• Teste das aminas negativo (Whiff test)

-Classificação candidíase vulvovaginal:

• Não complicada: Causada pela C. Albicans,


intensidade dele a moderada
• Complicada: candidíase recorrente ou severa
ou por espécies não albicans ou em mulheres
com diabetes, condições que comprometam o
sistema imune (por exemplo, infecção por
HIV).

- -Vaginites por Trichomonas vaginalis:


-Diagnostico: -Tricomoníase é a infecção sexualmente transmissível
- O diagnóstico clínico deve sempre ser confirmado não viral mais comum no mundo.
pela presença de fungos, que pode ser realizada por -Fatores de risco:
meio de: exame a fresco.
• Atividade sexual desprotegida
-Exames: • Idade
• A fresco: Aparece hinfas e esporos -Infecta também homens.
• Bacterioscopia: Colora com Gram +
• Cultura -O parasita (Protozoario) Trichomonas vaginalis possui
quatro flagelos e uma membrana ondulante,
- Nos casos esporádicos, a positividade do exame a responsável por sua grande mobilidade.
fresco dispensa a continuidade na investigação.
Entretanto, se tal exame for negativo e houver -Ao penetrar na vagina, o parasita cobre-se com as
sintomas, está indicada a continuação do processo proteínas do hospedeiro, o que permite a evasão dos
diagnóstico, com a bacterioscopia pelo Gram e cultura, mecanismos de defesa locais; além disso, possui a
particularmente nos casos recorrentes. capacidade de sobreviver no meio vaginal ácido, hostil,
durante longos períodos de tempo, permanecendo
-Tratamento: firmemente ligado às células da mucosa vaginal.
-Primeiro prevenir os fatores predisponentes: -Infecção não induz resposta imune duradoura, sendo
Tabagismo, diabetes descompensada, higiene. comum casos de recorrência.
-Não complicada: Pode usar um tratamento local ou -Manifestações clinicas:
sistêmico.
• Corrimento profuso (Amarelo, Amarelo-
• Fentinidazol Tópico esverdeado)
• Fluconazol ou cetoconazol • Ardor genital
- O tratamento do parceiro sexual não é recomendado • Disuria e dispareunia
nos episódios simples. • Queimação
• Sintomas pioram pós-menstruarão
-Candidíase complicada: requer a confirmação
diagnóstica para a identificação de eventuais cepas não -Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual
albicans. devido à elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro
da hemoglobina pelo parasita, o que aumenta sua
virulência.

-Exame ginecológico:

• Hiperemia extragenital
• Corrimento espesso (purulento)
• Corrimento exterioriza pela vulva
Everaldo Leite 4

• Parede vaginal com conteúdo amarelo- • Treponema pallidum (Sifilis- Cancro duro)
esverdeado • Haemophilus ducreyi (Cancro mole)
• Colo aspecto de morango (pequenas • Clammydia trachomatis L1 a L3
hemorragias) (Linfogranuloma venero LGV)
• pH >4,5 • Klebsiella granulomatis (granuloma inguinal
• Teste aminas (whiff test) pode ser positivo ou donovanose).

-pH >4,5 e Whiff test positivo pode ocorrer devido -UGs não relacionado a IST:
associação com VB.
• vasculites autoimunes
-Diagnostico: • traumática,
• vascular
• Bacterioscopia a fresco (+usado): Observa o
• neoplásica
parasita movimentando-se
• Bacterioscopis Gram: Pode ser usado -Complicações: facilitador para a aquisição de outros
• Cultura agentes relacionados às DSTs, em especial o vírus da
imunodeficiência humana (HIV).
-Tratamento:
-Diagnostico:
• Metronidazol ou tinidazol
• Metronidazol Gel: Para VB associada -Em mais de 50% dos casos, não se consegue fechar o
diagnóstico etiológico.
-Trata o parceiro sexual por se tratar de uma IST.
- Há, portanto, uma tendência a se fazer o diagnóstico
sindrômico, e não o etiológico. Tanto o Ministério da
Saúde Brasileiro como a Organização das Nações
Unidas (ONU) sugere o tratamento sindrômico das
UGs, para não correr o risco de deixar passar uma DST
sem tratamento.

-O procedimento básico de investigação da causa das


UGs consiste em identificar com detalhes:
-Fluxograma de corrimento vaginal:
• Tempo e forma de evolução da UG;
• Localização precisa, dividindo
preferencialmente a vulva em terços;
• Aspecto: tamanho, profundidade, grau de
inflamação;
• Presença de linfadenomegalia regional e/ou a
distância;
• Aparecimento concomitante de outras lesões
no corpo e na boca;
• Presença de fator desencadeante: trauma, uso
de medicamentos, outras pessoas com o
mesmo quadro;
-Úlceras genitais:
• Presença de doenças sistêmicas
- Úlceras genitais (UGs OU Cancro) são lesões
-O tratamento deve ser iniciado imediatamente,
localizadas na vulva, vagina ou colo uterino com perda
mesmo sem ter os resultados da investigação
de tecido, envolvendo a epiderme e a derme ou apenas
diagnóstica.
a epiderme.

-Classificação (UGs relacionado ou não a IST):

-UGs relacionado a IST:

• Herpes simples
Everaldo Leite 5

-Principais causas de UGs relacionado a IST: • Tercfiaria: Lesões cutâneas, neurológicas,


cardiovasculares, articulares (3 a 12 anos após
-Herpes genital:
infecção)
- O herpes simples vírus (HSV) pode provocar lesões na -Primaria/recente:
pele e nas mucosas dos órgãos genitais masculinos e
femininos. • Cancro duro (Lesão única)
• Borda endurecida
-Classificação da lesão por HG:
• Adenopatia bilateral, indolor e não
• Prurido, ardor, formigamento e adenomegalia inflamatório
(precede erupções cutâneas) • Cancro regride em até 30 dias
• Logo aparece hiperemia que evoluem para
-Diagnostico:
vesículas
• Pequenas vesículas agrupadas (Podem atingir • Treponêmico: FTS-ABs
meato ureteral) • Não treponêmico: VDLR
• Podem regredir espontaneamente
-Tratamento:
• Podem se romper e formar ulceras que logo
cicatrizam • Primaria, secundaria e latente recente:
Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI IM (1,2
- O vírus migra pela raiz nervosa até alojar-se num
cada nadega) 1x. Ceftriaxona em gestantes
gânglio neural, onde permanece quiescente até a
• Sifilis latente tardia ou terciaria: Mesmo
recidiva seguinte.
tratamento só que por 3x, 1 vez por semana.
-Diagnostico:
- Critério de cura: VDRL 3, 6 e 12 meses após o
• PCR tratamento. Deverá haver queda de quatro títulos da
• Teste rápido HSV-2 sorologia ou sua negativação em seis meses a um ano.

-Tratamento:

• É incurável. O tratamento tem por objetivo


diminuir as manifestações da doença ou
aumentar o intervalo entre as crises.
• Aciclovir.

- Haemophilus ducreyi (Cancro mole):

- O cancro mole é uma doença infecciosa aguda de


transmissão sexual e ulcerativa, localizada nos genitais,
pouco frequente em nosso meio.
-Sifilis (Cancro duro): -Característica da lesão:
-É uma doença de evolução sistêmica. Sua principal • Pápulas dolorosas (se rompem, formando
forma de transmissão é por contato sexual. Treponema ulceras)
pallidum pode transmitir verticalmente intraútero. • Ulceras rasas (Borda irregular)
-Manifestações depende do estagio da doença. • Bubão (Linfonodos inguinais se aderem,
Evolução da sífilis: aumenta de tamanho, formando esse abcesso
de flutuação – Bubão).
• Primaria/Recente (menos de 1 anos), onde • Bubão é doloroso
predomina as lesões genitais
• Secundaria: Lesões por todo corpo -Diagnostico:
• Latente: Ausência sinais clínicos • Bacterioscopia após limpeza da lesão com soro
fisiológico
Everaldo Leite 6

-Tratamento: -Diagnostico:

• Azitromicina. • Exames histopatológicos e citopatológicos


podem identificar os corpúsculos de Donovan,
confirmando o diagnóstico.

-Tratamento:

• Dixiciclina.

-Linfogranuloma venéreo (LGV):

-Também conhecido por linfogranuloma inguinal e


bubão.

-Causado pela bactéria chlamydia trachomatis L1 a L3.

-Característica da lesão: -Fluxograma de atendimento a ulceras genitais:


• Ulcera genital ou papula (Curta duração)
• Localiza preferencialmente na genitália
externa

-Diagnostico:

• É considerado de exclusão

-Tratamento:

• Doxicilcina ou Azitromicina

-Danovanose:

-Causada pela bactéria Klebsiella granulomatis.


-Cervicites:
- É uma DST crônica ulcerativa também conhecida
como granuloma venéreo, granuloma tropical ou - O colo do útero é revestido por dois tipos de epitélios:
úlcera venérea crônica. escamoso e colunar, respectivamente, na ectocérvice
e na endocérvice. A ectopia é um processo fisiológico
-Característica lesão: frequente na fase reprodutiva da mulher, caraterizado
pela presença de epitélio glandular na ectocérvice,
• Nódulos em números variados (Evolui para
expondo o frágil epitélio colunar ao meio vaginal, o que
ulcera)
favorece o acesso aos vasos sanguíneos e linfáticos,
• Ulceras (Não dolorosa, sangra fácil)
diminuindo as barreiras contra infecções e
-Outras apresentações: lesões vegetantes, vegetantes favorecendo a aquisição de doenças sexualmente
e ulcerosas, elefantiásicas e, eventualmente, pode transmissíveis (DSTs).
haver manifestações sistêmicas.
Everaldo Leite 7

-Apresenta prevalência muito menor que a Chlamydia,


porém atinge cerca de 1% a 2% da população feminina,
A Neisseria gonorrhoeae (NG), agente etiológico da
gonorreia de transmissão sexual, é uma bactéria
diplococos Gram-negativa, não flagelada, não
formadora de esporos, encapsulada, e anaeróbia
facultativa. A gonorreia é uma DST.
- A cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa -Manifestações clinicas:
endocervical (epitélio colunar do colo uterino),
geralmente de causa infeciosa (gonocócicas e ou não • Exsudato purulento endocervical
gonocócicas). • Sangramento endocervical facilmente
induzido pela passagem do cotonete
-Complicação: DIP • Colo edemaciado
-Etiologia: • Corrimento e/ou sangramento em períodos
não menstruais e pós-coito
• Chlamydia trachomatis • Fluxo vaginal anormal ou disúria
• Neisseria gonorrhoeae • Bartholinite;
-Chlamydia trachomatis (CT): • Doença inflamatória pélvica

-É uma bactéria Gram-negativa, intracelular -Tratamento:


obrigatória. • Ciprofloxacino
-É a IST mais comum causada por bactéria no mundo. • Ceftriaxona (Gestantes)
superando a infecção gonocócica e a sífilis -Obs: Considerando-se a possibilidade da associação da
-Manifestações clinicas: N. gonorrhoeae e C. trachomatis e a dificuldade prática
do diagnóstico, recomenda se o tratamento de ambas:
• Colo edemaciado
• Colo hiperemiado Ciprofloxacino + Azitromocina
• Colo friável
• Colo com mucorreia (purulento)
• Acentuação ectópio (JEC)
• Dispareunia
• Dor a mobilização do colo

-Tratamento:

• Azitromicina (pode usar na gestante)


• Doxiciclina

-Diagnostico das cervicites:

- As cervicites são frequentemente assintomáticas, em


torno de 70% a 80%.

-Principais sintomas:

• Corrimento vaginal
• Sangramento intermenstrual
• Dispareunia e disúria
- Neisseria gonorrhoeae:
-Achados do exame físico:
Everaldo Leite 8

• Dor a mobilização do colo Material -Manifestações clinicas:


mucopurulento (Orifício do colo)
- Dependendo da forma em que o vírus interaja com a
• Sangramento ao troque
célula e com o tipo celular, podem aparecer, ou não,
-Métodos laboratoriais: lesões morfológicas diagnosticadas clinicamente ou
por citologia ou biópsia.
• Bacterioscopia de secreção endocervical
(+usado) -Maioria não tem lesão identificável, nesses casos se
• PCR identifica por métodos de detecção do DNA.
• Cultura - Algumas infecções podem causar lesões identificadas
por métodos de magnificação (colposcopia ou
citologia) (Figuras 26.2 e 26.3), não sendo visíveis a
-Lesões vegetantes: olho nu.
- Papilomavírus humano (HPV) é considerado o agente
da infecção viral sexualmente transmissível mais
prevalente em todo o mundo.

-Papiloma vírus humano - DNA-vírus de cadeia dupla,


não encapsulado e membro da família Papovaviridae

-Transmissão: sexual e no parto

-Pode ser de BAIXO ou de ALTO risco oncogênico (16 e


-A infecção pode se manifestar clinicamente, ou seja,
18)
com lesão visível a olho nu (Figura 26.4). A maioria
-Fisiopatologia: O Vírus precisa de áreas de ruptura desses casos é de lesões verrucosas genitais e
(lesões) para ter acesso às células basais imaturas do associadas a HPV de baixo risco.
epitélio escamoso e células metaplásicas (tem
maquinaria de proliferação necessária), a área de
metaplasia seria a ectoscopia (JEC). Se integra ao
genoma, causa instabilidade = perda do repressor viral
E2 e supressão de oncoproteínas E6 e E7 (atuam de
forma complementar): -E6: se liga a P53 e promove sua
degradação pelo proteossomo e estimula a expressão
de TERT (subunidade catalítica da telomerase - que
quebra o telômero), fazendo com que os telômeros
fiquem íntegros = imortalidade da célula, que não tem
mais o guardião de seu genoma - E7: se liga a forma
hipofosforilada ou ativa da pRB e promove sua
degradação pelo proteossomos, além de inibir as CDKIs
p21 e p27 = aumenta a progressão do ciclo celular e
atrapalha sua pausa e reparo

- OBS: a infecção por um tipo viral não impede a


infecção por outros tipos de HPV, podendo ocorrer -Diagnostico:
infecção múltipla.
-Tecnica de biologia molecular: É importante entender
que as técnicas de detecção do DNA-HPV diagnosticam
a infecção, mas não a lesão. É um recurso que tem um
custo, por isso deve ser usado apenas em situações
com evidência de benefício para a paciente.

-Citopatologia: é um método de estudo morfológico de


alterações celulares, em esfregaços, que, no caso do
epitélio escamoso, podem ser classificadas conforme
Everaldo Leite 9

o tipo de lesãocausada pelo HPV, como lesão


intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) e lesão
intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL).

-Colposcopia: É utilizado para identificar o sitio para


coleta de biopsia.

-Histopatologico: O exame histopatológico é


considerado o padrão-ouro no diagnóstico das lesões
induzidas pelo HPV, mas não do HPV. O padrão-ouro
para diagnóstico da infecção é a biologia molecular,
pesquisa do DNA do vírus.

-Tratamento:

- Doença é autolimitada: não há cura para o vírus e as


verrugas podem desaparecer por conta própria

- Realizar aconselhamento centrado na pessoa e suas


práticas sexuais para minimizar risco de infecção por
IST

-Oferecer vacinação para hepatite A e hepatite B e para


HPV quando indicado.

-Referência:

Livro – febrasgo
APG26
Everaldo Leite 1

HIV e AIDS hospedeiro. Logo, essa ligação do HIV induz


alteração conformacional da gp41 que se
insere na membrana viral, permitindo que a
-A AIDS é a doença causada pela infecção com HIV e membrana viral se funda com a membrana do
caracteriza-se por uma profunda imunossupressão hospedeiro.
com infecções oportunistas e tumores malignos
-Após o vírus completar o seu ciclo de vida na célula
associados, emaciação e degeneração do SNC.
infectada (descrito mais adiante), as partículas virais
-Característica microbiológica: livres são liberadas da célula infectada e se ligam a uma
célula não infectada, propagando assim a infecção.
-HIV é um retrovírus. Existem 2 tipos de HIV:
-Obs: Célula infectada apresenta na sua membrana
• HIV 1: Mais comum gp120 e gp41, permitindo uma infecção célula-célula,
• HIV 2: Causa AIDS de progressão lenta por meio da ligação com cd4 e correceptores de outra
célula não infectada.
-Constituição de uma partícula viral infecciosa (Virion):
2 fitas idênticas de RNA empacotadas dentro de um -Receptores de quimosina: CXCR4 e o CCR5
núcleo de proteínas virais circundados por uma
membrana bicamada fosfolipídica derivada de células
dos hospedeiros e proteínas virais.

-Genes retrovirais:

• Gag: Codifica proteínas estruturais do núcleo


• Env: Codifica glicoproteínas gp120 e gp41 do
envelope, e são necessários para infectar as
células
• Pol: Codifica enzimas virais transcriptase
reversa, integrasse e protease. Ambos
importantes para replicação viral.

-Cepas do HVI:

• M-Tropica: Tropismo por macrófagos. gp120 –


CCR5.
• T-Tropicas: Tropismo por Células T. gp120 –
CCR4.
• Duplo-tropico: Infecta as duas

-Ligação do viário em uma célula do hospedeiro: Ao


-Ciclo viral fundir a membrana do virion com a do hospedeiro, o
centro da nucleoproteína viral se rompe liberando a
-A infecção do vírus HIV a uma célula se da pela ligação
dupla fita de RNA que no citoplasma do hospedeiro
das proteínas gp120 a duas proteínas das células do
sofre transcriptase reversa, tornando-se dupla fita de
hospedeiro, são elas: CD4 e receptor de quimosina.
DNA que entra no núcleo do hospedeiro. O DNA
-Passos: integrado (HIV + Hospedeiro) é chamado de provirus.
Os provírus podem permanecer transcricionalmente
• Gp120 liga a CD4 (hospedeiro), gerando uma inativos durante meses ou anos, com pouca ou
alteração conformacional promovendo ligação nenhuma produção de novas proteínas virais ou
secundaria de outra gp120 um receptor de vírions, e desse modo a infecção de uma célula
quimosina, que atua como correceptor viral do individual pelo HIV pode permanecer latente.
Everaldo Leite 2

-Infecção aguda (inicial):

-Caracteriza pela infecção dos CD4+ ativados nos


tecidos linfoides das mucosas e pela morte de células
-Transcrição genica: As células infectadas sofrem
infectadas.
estímulos e com isso o HIV se replica no seu interior.
São exemplos de alguns estimuladores da expressão -Após 2 semanas de infecção uma grande quantidade
genica: de CD4+ são destruídas.

• Células: IL-2 e TNF -Transição aguda para crônica:


• Macrófagos: IL1,3,6 e TNF e INF-Y
-É acompanhada pela disseminação do vírus, viremia e
-Esse fenômeno é significativo para a patogênese da o desenvolvimento de respostas imunes adaptativas
AIDS, porque a resposta normal de uma célula T pelo hospedeiro.
infectada de forma latente a um microrganismo pode
-Na mucosa, DC captura o HIV e leva para os
ser a maneira pela qual a latência do HIV é encerrada e
linfonodos, essas DC podem transmitir o HIV para os
a produção de vírus iniciada. Assim, as múltiplas
CD4+ por contato direto. Após alguns dias da
infecções que os pacientes com AIDS adquirem,
contaminação, pode identificar replicação viral em
estimulam a produção do HIV e a infecção de células
linfonodos. Essa replicação provoca viremia, onde
adicionais.
grande numero de virions de HIV estão presentes no
-Patogêneses da infecção pelo HIV: sangue e o paciente apresenta uma síndrome aguda do
HIV, com sintomas virais inespecíficos.
-A doença causada pelo HIV começa com uma infecção
aguda, que é apenas parcialmente controlada pela -Com essa viremia tem a infecção de T auxiliares,
resposta imune do hospedeiro, e evolui para uma macrófagos e DC periféricos.
infecção crônica progressiva de tecidos linfoides -A medica que a infecção se espalha, o sistema imune
periféricos. A história natural da infecção por HIV, é: monta uma resposta adaptativa humoral aos antígenos
• Infecção aguda virais. Controlando parcialmente a infecção e produção
• Fase latente viral.
• AIDS -Essas respostas imunes controlam parcialmente a
infecção e a produção viral, e esse controle reflete-se
em uma queda da viremia para níveis baixos, mas
detectáveis, por aproximadamente 12 semanas após a
exposição primária.

-Fase Latente:

-Os linfonodos e o baço constituem locais de replicação


contínua do HIV e de destruição celular.

-Durante essa fase da doença, o sistema imune


permanece competente para lidar com a maioria das
infecções por microrganismos oportunistas, e pouca ou
nenhuma manifestação clínica da infecção pelo HIV
está presente.

-Nessa fase a maioria das células T no sangue periférico


não estão infectadas, embora a destruição das células
CD4+ nos tecidos linfoides progridam com isso cai
progressivamente seu numero no sangue.

-Mais de 90% (1012) células T do organismo são


normalmente encontradas em tecidos linfoides
periféricos (Baço, linfonodos) e das mucosas, e estima-
se que o HIV destrua cerca de 1-2 x 109 por dia.
Everaldo Leite 3

-No início do curso da doença, o indivíduo pode 2. Destruição das CD4+ infectada por Linfócitos
continuar produzindo novas células T CD4+ e, portanto, citotóxicos
essas células podem ser substituídas quase tão 3. Ativação de inflamassomos e eliminação
rapidamente quanto são destruídas. células infectadas por piroptose.

-Nessa fase até 10% das CD4+ nos órgãos linfoides -Defeitos funcionais do sistema imune em indivíduos
podem estar infectadas, mas o número de células T infectados pelo HIV agravam a imunodeficiência
CD4+ circulantes infectadas a qualquer momento pode causada pela depleção das células T CD4+. Esses
ser inferior a 0,1% do total de células T CD4+ em um defeitos incluem:
indivíduo.
• Redução resposta células T
-Eventualmente, ao longo de um período de anos, o • Fraca resposta humoral
ciclo contínuo de infecção pelo vírus, morte de células
T e nova infecção leva a uma perda inexorável das -Células infectadas liberam gp120 que se ligam a CD4.
células T CD4+ dos tecidos linfoides e da circulação. O CD4 que se ligou à gp120 pode não estar disponível
para interagir com as moléculas do MHC de classe II nas
APCs, e, dessa forma, as respostas das células T aos
antígenos seriam inibidas.

-Baixa resposta humoral devido declínio CD4+ axuliar.

-Os macrófagos e DC podem ser infectadas ou lesadas


pelo HIV. Causando algumas consequências para
imunodeficiência:

• Macrófago infectado: Declínio na função se


secretar citocinas e apresentar antígenos.
• DC infectam as células T naives por apresentar
antígeno

-Os macrófagos tem uma resistência contra o efeito


citopático do vírus, não sendo destruído pelo mesmo.
Tornando-se um reservatório viral. Assim como
macrófagos, as DC também não são destruídas pelo
HIV.
-Quando a contagem de células T CD4+ cai abaixo de -Reservatório do HIV:
um nível crítico (aproximadamente 200/mm3), o risco
de infecção e outras características clínicas da AIDS é -Os vírus detectados no sangue dos pacientes são
alto. produzidos principalmente pelas células T CD4+
infectadas de vida curta e, em menores quantidades,
-Aproximadamente 12 semanas após a infecção, a por outras células infectadas.
concentração de vírus no sangue (viremia plasmática)
é reduzida para níveis muito baixos. • 90% dos vírus plasmáticos são produzidos por
células de vida curta (Aproximadamente 1
-Mecanismos da AIDS: dias) que são as CD4+.
• 5% pelos macrófagos (meia-vida de 2
-A infecção pelo HIV resulta em comprometimento
semanas).
funcional dos sistemas imunes adaptativo e inato
(Macrófagos). • 1% presente em células T de memoria
infectadas em uma forma latente, tem uma
-O defeito mais proeminente seria nas células CD4+. meia vida de muito tempo, podendo levar
décadas para esse reservatório ser eliminado.
-Existem 3 mecanismos para destruição das células
CD4+: -Caracteristicas clinicas (AIDS):
1. Efeito citopático viral -Transmissão: As partículas virais que iniciam a
infecção estão geralmente presentes no:
Everaldo Leite 4

• Sangue tornam suscetíveis a muitos tipos de infecções


• Sêmen diferentes.
• fluidos corporais de um indivíduo

-São introduzidas em outro indivíduo pelo:

• contato sexual
• picada por agulha
• passagem transplacentária

-Progressão da doença:

-O curso da doença causada pelo HIV pode ser -Leucoplasia Pilosa Oral (Sintoma do paciente): é um
acompanhado por meio da avaliação da quantidade de espessamento epitelial benigno causado
vírus no plasma do paciente e pela contagem de células provavelmente pelo vírus Epstein-Barr, que
T CD4+ no sangue. clinicamente apresenta-se como lesões brancas que
→Fase aguda: variam em tamanho e aparência, podendo ser planas
ou em forma de pregas, vilosidades ou projeções.
• Fase sindrômica inespecífica
-Diagnostico:
• Desenvolve-se em 50% a 70% dos indivíduos
• Geralmente entre 3 a 6 semanas após infecção -Paciente chega na unidade para fazer teste rápido de
• Intensa replicação viral e diminuição CD4+ HIV.
→Fase crônica de latência: • Resultado teste rápido negativo: não confronta
o resultado do teste, salvo pacientes que
• Pode duras alguns anos
tiveram exposição ao vírus <30 dias, indicado
• Redução da replicação viral, devido resposta
repetir o teste rápido 30 após o resultado do
imunológica
primeiro teste rápido.
• Soroconversão: Desenvolvimento de
anticorpos - Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem
• O vírus fica contido nos tecidos linfoides, ser divididos basicamente em quatro grupos:
ocorre destruição e reconstituição das cd4+
• detecção de anticorpos; +usado
• Entre 2-6 semanas a concentração viral
• detecção de antígenos;
plasmática baixa.
• cultura viral;
• Conforme a doença progride, os pacientes
tornam-se suscetíveis a outras infecções e as • amplificação do genoma do vírus.
respostas imunes a estas infecções podem -As técnicas com identificação viral são usadas para:
estimular a produção do HIV e acelerar a exames sorológicos indeterminados ou duvidosos
destruição dos tecidos linfoides
• Carga viral reduzida • Acompanhamento laboratorial de pacientes
• Mensuração da carga viral para controle de
→AIDS: tratamento
• Contagem CD4+ no sangue <200 células/mm3 -Anticorpos: ELISA, WESTERN-BLOT
• Intensa replicação viral
• Infecções oportunistas -Antígeno viral: Pesquisa de Antígeno p24: este teste
• Neoplasias quantifica a concentração da proteína viral p24
presente no plasma ou no sobrenadante de cultura de
• Caquexia (Emagrecimento)
tecido.
• Nefropatia
• Degradação SNC -Amplificação do genoma do vírus: Analise
quantitativa direta da carga viral, através do PCR.
-Como as células T CD4+ auxiliares são essenciais para
Avaliar de 1 a 2 meses de tratamento.
as respostas imunes mediada por células e humoral
para vários microrganismos, a perda desses linfócitos é • <10.000 cópias de RNA por ml: Baixo risco de
a principal razão pela qual os pacientes com AIDS se progressão ou piora da doença
Everaldo Leite 5

• 10.000 e 100.000: Risco moderado de -Amplificação do genoma do vírus: Analise


progressão e piora. quantitativa direta da carga viral, através do PCR.
• >100.000: Alto risco de progressão e piora. Avaliar de 1 a 2 meses de tratamento.

• <10.000 cópias de RNA por ml: Baixo risco de


progressão ou piora da doença
-Tratamentos:
• 10.000 e 100.000: Risco moderado de
• PREP progressão e piora.
• PEP • >100.000: Alto risco de progressão e piora.
• TARV (pacientes que vivem com HIV) -Uma pessoa vivendo com HIV e com carga viral
-TARV: É usado para pacientes positivos para HIV, indetectável não transmite o HIV sexualmente. Carga
componentes (lamivudina, tenofovir e dolutegravir). O indetectável: <40 copias por ml.
objetivo do tratamento da TARV é que o paciente fique -Contagem de CD4+: Contagem no sangue periférico
indetectável (em relação a carga viral, não ao CD4+), ou tem implicação de prognostico.
seja, é indetectável quando menor de 40 copias.
Paciente já consegue ficar indetectável após 30 dias de • >500 células/mm3: Baixo risco de doença.
tratamento, devido ao Dolutegravir. Pacientes • 200 – 500: Surgem sinais e sintomas. Risco
indetectável não transmite HIV por via sexual. moderado de doenças oportunistas.
• 50 a 200: Alta probabilidade de doenças
-PEP: É indicado para pacientes negativos para HIV que oportunistas.
tiveram exposição ao vírus (seja por relação sexual,
• <50: Grave comprometimento sistema imune.
contaminação com seringa), tem os mesmos
componentes medicamentosos do TARV. O tempo -Quando não há disponibilidade de quantificação da
máximo para início da pep é de até 72 horas após a carga viral, pode-se basear na contagem de células T
exposição. O uso desses medicamentos é por 30 dias. CD4+ para iniciar ou alterar terapêutica anti-retroviral.

-Paciente chega na UBS se queixando que fez


relação sexual há menos de 72 horas, com Alberto
-Referências:
Tostes e ele pode ter HIV: O primeiro
procedimento é realizar o teste rápido de HIV ABBAS, Abul K. Imunologia Celular e Molecular.
nessa paciente. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2019. E-
book. ISBN 9788595150355. Disponível em:
• teste rápido negativo: inicia tratamento
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/book
com PEP durante 30 dias.
s/9788595150355/. Acesso em: 19 nov. 2022.
• teste rápido positivo: indica que o paciente
já tem HIV, então o procedimento é indicar Artigo:
o uso da TARV, o tratamento com TARV é https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Aid
a vida toda. s_etiologia_clinica_diagnostico_tratamento.pdf

-Obs.: passou de 72 horas da exposição, o LORETO, Sónia; AZEVEDO-PEREIRA, José M. A


infecção por HIV–importância das fases iniciais e do
procedimento é encaminhar o paciente para centro
diagnóstico precoce. Acta Farmacêutica Portuguesa,
mais especializado, aguardar a testagem positiva para v. 1, n. 2, p. 5-17, 2012.
iniciar tratamento com TARV.

-PREP: É usado para pessoas que tem exposição de


risco para o HIV (comportamento de risco. ex: as
profissionais do sexo e HSH. O comprimido utilizado é
o Truvada, tem dois medicamentos no comprimido
(entricitabina, tenofovir).

-Exames para acompanhamento do tratamento e


prognóstico do paciente:
APG27
Everaldo Leite 1

DESCREVER AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS PROSTATICAS (HPB E CA DE PROSTATA)

- São muito comuns, a partir da meia-idade e, em especial, após os 60 anos, os processos inflamatórios, congestivos e
neoplásicos da próstata, trazendo assim sinais e sintomas, principalmente, ligados a distúrbios da micção. Por essa
razão, os homens apenas percebem a existência da próstata a partir do momento em que tais distúrbios se
manifestam. No adulto jovem e na meia-idade, predominam os casos de prostatite. A partir dos 60 anos de idade, são
prevalentes a hiperplasia prostática benigna (HPB) e o carcinoma.

HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um dos processos mórbidos mais comuns que afetam o homem idoso.

Há relatos de estimativas de que, em homens com 80 anos de idade ou mais, 90% deles apresentam evidências
histológicas dessa condição, 81% têm sinais ou sintomas relacionados com a HPB e 10% desenvolvem retenção urinária
aguda.

Devido à íntima relação anatômica entre próstata, uretra e colo vesical, qualquer aumento da próstata, permanente
ou não, trará graus variáveis de obstrução ao fluxo urinário.

Na dependência da intensidade desse fenômeno, sua duração, bem como reações de adaptação encontradas nos
músculos detrusores da bexiga, o paciente poderá manter-se desde assintomático até apresentar situações de
desconforto e gravidade variados, tais como: sintomas do sistema urinário baixo (LUTS), antigamente denominado
genericamente prostatismo

São também comuns sinais como hematúria, litíase vesical, incontinência urinária, infecções locais e insuficiência
renal.

-Prevalência e incidência:

Ao fim da puberdade, a próstata apresenta de 20 a 26 g, mantendo esse peso até que se iniciem os fenômenos
histopatológicos da HPB, presentes em aproximadamente 8% dos homens na quarta década de vida. Essa
porcentagem se eleva para 50% entre 51 e 60 anos e 90% a partir dos 80 anos de vida.

Mediante todas essas considerações, estima-se que homens entre 40 e 50 anos de vida têm de 20 a 30% de
probabilidade de requerer prostatectomia ao longo de suas vidas para solucionarem sinais e sintomas limitantes de
HPB.

Etiologia:

A idade e os hormônios androgênios atuantes são os maiores fatores de risco para o desenvolvimento da HPB.
Vários estudos epidemiológicos têm mostrado não haver relação estatisticamente significativa entre maior
Everaldo Leite 2

prevalência de HPB e outras variáveis como raça, fumo, obesidade, estados de hiperestrogenismo relativo, como na
cirrose hepática, vasectomia e atividade sexual.

O desenvolvimento da HBP resulta, provavelmente, de vários mecanismos interativos, entre os quais se destacam a
ação da diidrotestosterona (DHT). A testosterona penetra na célula epitelial prostática e por ação de uma enzima, a
5α-redutase, é transformada em DHT. Esse intermediário liga-se a receptores androgênicos nucleares, formando um
complexo que atua sobre genes específicos, iniciando-se um processo de transcrição e de síntese das proteínas que
modulam a proliferação das células epiteliais. A DHT, além de atuar diretamente no contingente celular, representa
um potente estimulador das células do estroma prostático, levando-as a secretar, junto com o estradiol, fatores de
crescimento que também promovem a proliferação das glândulas prostáticas.

-Fisiopatologia:

A fisiopatologia da HPB não é de todo bem compreendida. Não há nenhuma relação diretamente proporcional entre
o tamanho da próstata e a intensidade dos sinais e sintomas. A HPB origina-se na zona de transição da próstata. Essa
zona rodeia a uretra prostática entre o colo vesical e o veru montanum.

- No desencadeamento da HPB, o aumento da zona de transição é observado pela cistoscopia como uma hipertrofia
dos lobos lateral ou medial. Essa hiperplasia do estroma e dos elementos glandulares se expande em direção ao lúmen
uretral, favorecendo sintomas obstrutivos locais.

Esses sintomas têm três componentes diferentes: estáticos ou mecânicos, dinâmicos e disfunção vesical ou
detrusora.

O COMPONENTE ESTÁTICO diz respeito ao efeito de massa exercido pela próstata crescida, composta de nódulos
adenomatosos. Os andrógenos, principalmente testosterona e dihidrotestosterona, possuem papel fundamental
nesse processo, por estimularem o crescimento acinar e do estroma fibromuscular da próstata.

Essa ação se dá tanto pelo estímulo trófico exercido pela dihidrotestosterona nos ácinos e estroma de próstatas
normais ou hiperplásicas como pela supressão dos mecanismos de autorregulação celular, ao reduzir a morte
celular programada.

Esses padrões anormais de crescimento hiperplásico são mediados por anormalidades presentes, no
envelhecimento, nos fatores de crescimento locais e nos seus receptores. Os mais estudados e correlacionados com
a gênese dos fenômenos hiperplásicos são: (EGF), (TGFalfa), (FGF), (KGF) e os (IGF I e IGF II).

O COMPONENTE DINÂMICO está diretamente relacionado com o tônus dos músculos lisos da cápsula prostática e
do colo vesical. Essas regiões são ricas em receptores adrenérgicos alfa1, e um aumento no tônus muscular local
pode justificar alguns dos sintomas de caráter obstrutivo vistos nos homens com HPB.

O TERCEIRO COMPONENTE SINTOMÁTICO diz respeito às reações de adaptação da bexiga frente aos dois
componentes anteriores, que, mediante processos de irritabilidade e/ou instabilidade detrusora, poderão responder
por sintomas chamados irritativos. Inicialmente, as reações vesicais tendem ao surgimento de instabilidade ou à
redução da complacência vesical, frequentemente associada a sintomas de urgência e frequência. Posteriormente,
Everaldo Leite 3

ocorrem perda da capacidade contrátil do detrusor e deterioração da capacidade de esvaziamento vesical, surgindo,
pois, hesitação, intermitência e aumento do volume urinário residual.

-Manifestações clinicas:

Os pacientes com HBP apresentam manifestações referidas como “prostatismo”, que podem ser divididas em
obstrutivas (esforço miccional, hesitância, jato fraco e interrompido, esvaziamento incompleto da bexiga) e
irritativas (urgência, polaciúria, nictúria, capacidade vesical reduzida, incontinência de urgência).

Pacientes com HBP podem evoluir com complicações como retenção urinária, litíase vesical, infecção urinária,
insuficiência renal e hematúria macroscópica.

-Diagnostico:

-Anamnese:

- É de fundamental relevância a coleta de uma história clínica detalhada, focalizando o sistema urinário, o
estado geral de saúde, cirurgias prévias e o uso de medicamentos com potencial influência na dinâmica
urinária, como, por exemplo, substâncias de ação anticolinérgica e substâncias de ação alfassimpaticomimética.

-Dentro da avaliação de sinais e sintomas referidos como obstrutivos e/ou irritativos, a AUA validou a
padronização de sistemas de pontuações de sintomas visando facilitar o dimensionamento desses sinais e
sintomas para o paciente, e também facilitando regras para a padronização de pesquisas médicas sobre o
assunto. A mais difundida internacionalmente é a pontuação internacional de sintomas prostáticos (IPSS), que
apresentamos no Quadro 66.3.

- A avaliação inicial de um indivíduo com STUI e provável etiologia por HPB, sem doença neurológica
concomitante consiste de:
➢ História clínica
➢ Questionário de sintomas I-PSS
➢ Exame físico incluindo Toque retal
➢ Exame de urina
➢ Dosagem de creatinina plasmática
➢ Dosagem do antígeno prostático específico (PSA)

-História clínica
Deve abordar a condição global da saúde, a duração e natureza dos STUI, antecedentes de cirurgias, doenças
neurológicas e metabólicas que possam afetar o trato urinário e uso de medicamentos. Antecedentes familiares
de câncer de próstata, HPB e litíase.
Everaldo Leite 4

-Exame físico
São imprescindíveis o exame digital da próstata por toque retal e um exame urológico acurado. O toque retal se
apresenta de grande valia na avaliação não só da HPB, mas, principalmente, na detecção precoce de nódulos ou
endurações que sugiram a presença de carcinoma prostático.

-Exame de urina
A análise dos elementos do sedimento (urina tipo 1) pode demonstrar hematúria, piúria, glicosúria, proteinúria
e outras anormalidades que implicarão em necessidade de investigações complementares.

-Dosagem sérica de creatinina


Deverá ser realizada rotineiramente em todos os pacientes com sintomas urinários baixos para avaliar o
possível acometimento da função de filtração renal por obstrução ao fluxo urinário (insuficiência renal pós-
renal).

-Urinálise
A urinálise (EAS) deverá ser avaliada para afastar infecção do sistema urinário e hematúria, que, se presentes,
sugerem outras causas para os sintomas urinários que não HPB.

-Antígeno prostáticoespecífico
Deverá ser rotina na avaliação laboratorial de todos os pacientes portadores de HPB, tanto para dimensionar
prospectivamente a evolução desses pacientes para tratamentos mais intervencionistas como para se rastrear
o carcinoma da próstata.
-Tratamento:

- O objetivo do tratamento é a melhoria dos STUI e da qualidade de vida do paciente, bem como prevenir
complicações relacionadas com a evolução da HPB.

-Vigilância ativa

-Uma proporção significativa de homens com HPB não necessitam de tratamento. A observação não
implica necessariamente ausência de tratamento. Podemos obter melhora nos STUI adotando algumas
medidas não farmacológicas, como a redução da ingestão hídrica noturna, a redução do consumo de
cafeína e seus derivados e de bebida alcoólica, evitando o uso descongestionantes e antihistamínicos.

-A despeito do conceito clássico, ainda vigente, de que a prostatectomia aberta, a ressecção transuretral da próstata
(RTUP) e a incisão transuretral da próstata (ITUP) são os tratamentos de escolha para a cura dessa morbidade, com o
surgimento de novos fármacos, em especial os alfabloqueadores de última geração, os inibidores da 5alfarredutase,
como a finasterida e dutasterida, verifica-se no mundo uma redução significativa do número de cirurgias realizadas
para HPB.

-Tratamento medicamentoso

-Alfabloqueadores

-Os antagonistas dos receptores alfaadrenérgicos (alfabloqueadores) relaxam a musculatura lisa da


próstata pelo bloqueio dos alfarreceptores simpáticos. A base racional para seu uso deriva do fato de
bloquearem, assim, a ação adrenérgica vigente na fisiopatologia da HPB que cursa com aumento do tônus
muscular local por estimulação simpática, restringindo o fluxo urinário, contribuindo em até 40% para os
fatores obstrutivos já descritos.

➢ Alfusozina. Dose de 2,5 mg 3 vezes/dia mostrou eficácia estatisticamente significativa em


aumentar o fluxo urinário (2, 6 mℓ/segundo) e reduzir a pontuação de sintomas (IPSS).
Everaldo Leite 5

➢ Terazosina. Dose de 5 a 10 mg/dia 1 vez/dia; é um alfabloqueador altamente seletivo com


meiavida longa (12 h), permitindo dosagem única diária, originalmente utilizado como
antihipertensivo.

-Inibidores da 5 alfarredutase (finasterida).

-Dose de 5 mg/dia. A 5alfarredutase age convertendo testosterona em dihidrotestosterona, que, por sua
vez, atua no trofismo glandular e participa, como já mencionado, na fisiopatologia do componente
mecânico ou estático da HPB.

-Anti-muscarínicos

-Estes medicamentos tem a propriedade de inibir a ação da acetilcolina e consequentemente reduzem a


contratilidade do músculo detrusor.

-As drogas disponíveis atualmente no Brasil são: - oxibutinina

-Tratamento cirúrgico

-A exérese do tecido prostático, reduzindo o volume do adenoma, diminuindo assim o componente mecânico
ou estático da obstrução, é o principal objetivo de metodologias cirúrgicas tais como a ressecção transuretral
da próstata (RTUP), a prostatectomia aberta e a maioria das terapias à base de laser. Reduzir o componente
obstrutivo dinâmico é o principal objetivo, por exemplo, da incisão transuretral da próstata (ITUP).
De forma geral, as indicações para o tratamento cirúrgico da HPB associada a sintomas do sistema urinário
baixo podem ser divididas didaticamente em absolutas e relativas.

➢ As indicações absolutas estão relacionadas com complicações mórbidas da HPB e são, principalmente,
retenção urinária aguda, infecção urinária recorrente, hematúria macroscópica recorrente, litíase
vesical, incontinência urinária por hiperfluxo (overflow), insuficiência renal pós-renal e hidronefrose.
➢ As indicações relativas restringem-se aos sintomas do sistema urinário baixo (LUTS), em especial com
pontuação de moderada a grave (IPSS acima de 7), principalmente na falha do tratamento
medicamentoso.

-Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP):

-A RTUP é adequada e eficaz para o tratamento cirúrgico primário em homens com sintomas urinários do trato
inferior moderados ou intensos. Este procedimento é considerado padrão para próstata entre 30 e 80 mL.
As vantagens da RTUP sobre a cirurgia aberta são ainda seu maior conforto, ausência de incisão cutânea, rápida
recuperação e menor tempo de hospitalização. Suas desvantagens relativas são: técnica mais complexa, limites
quanto ao peso da próstata, maior índice de reoperações e aparente maior mortalidade tardia.

-Prostatectomia aberta:

-Está indicada para pacientes com próstatas maiores que 80g, ou na presença de grandes divertículos ou
cálculos de bexiga. As complicações perioperatórias são maiores quando comparadas a RTUP. A prostatectomia
aberta é o procedimento mais invasivo, porém o mais eficaz e duradouro para o tratamento dos STUI
decorrente da HPB.

-Incisão transuretral da próstata:

-Está indicada apenas para pacientes com próstatas menores, idealmente ao redor de 30 g, com hiperplasia de
estroma, colo vesical fechado, lábio posterior do colo vesical proeminente e aumento discreto ou ausência de
lobos laterais.
Everaldo Leite 6

ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA

-A importância do adenocarcinoma de próstata reside tanto em sua alta incidência e prevalência em nosso
meio e no mundo todo quanto na sua potencialidade em ser precocemente diagnosticado e tratado de forma
curativa.

-Incidência:

- O câncer de próstata é tipicamente uma doença de homens com mais de 50 anos de idade, faixa etária em
quem é bastante comum. Com base nos estudos de autópsia, sua incidência aumenta de 20% em homens na
faixa dos 50 anos, para aproximadamente 70% em homens entre 70 e 80 anos de idade.

-Etiologia:

-O crescimento do câncer da próstata depende assim da perda do equilíbrio entre a proliferação e a morte
celular programada geneticamente. O surgimento de lesões precursoras do câncer, como lesões intraepiteliais
(PIN), envolve aumento nos ritmos de proliferação e de morte celular, abrindo caminho para mutações
genéticas, redução posterior da morte celular programada e consequente elevação da replicação celular
displásica.
-Aproximadamente 9% de todos os cânceres prostáticos e 45% dos casos diagnosticados abaixo dos 55 anos de
idade podem ser atribuídos à suscetibilidade genética, caracterizada pela presença de um alelo autossômico
dominante.

-Um número expressivo de homens carrega, pois, uma mensagem genética, os protooncogenes, que levam ao
surgimento de células autônomas na sua replicação neoplásica. A presença de genes protetores, os
oncossupressores, evita a ocorrência indiscriminada dessas transformações cancerígenas. Essa proteção é dada
principalmente pelos genes p21, p53 e Rb, que, durante o envelhecimento, tendem a perder sua eficácia
funcional, favorecendo o predomínio da replicação celular desordenada, disfunções na metilação do DNA
celular, inativação da glutationa S-transferase, com posterior elevação do aumento da oxidação intranuclear,
culminando com o surgimento do câncer.

-Aparentemente, os andrógenos não são agentes oncogenéticos em relação à próstata. Eles apenas aceleram o
crescimento tumoral, caso ele já exista, assim como estimulam e promovem, também, a manutenção trófica do
tecido prostático normal.

-Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das hiperplasias surge
na zona de transição, enquanto a maioria dos carcinomas é originada na zona periférica.

-Fatores de risco:

-Idade:

-A prevalência do câncer da próstata aumenta com a idade. Após os 50 anos, tanto a incidência como a
mortalidade se elevam exponencialmente. A probabilidade de se desenvolver o câncer de próstata abaixo dos
39 anos de idade é menor do que 1 em 10.000, de 1 em 103 entre 40 e 59 anos de idade, e de 1 em 8 para
homens entre 60 e 79 anos de idade.

-Histórico familiar:

-O risco de um homem desenvolver câncer de próstata liga-se à idade de início do câncer, bem como ao número
de parentes portadores dessa neoplasia. Os pacientes portadores do câncer prostático podem ser divididos em
grupos hereditários (5 a 10%), familiares (15 a 25%) e esporádicos. Os casos hereditários apresentam cerca de
Everaldo Leite 7

três casos em parentes de primeiro grau ou em gerações prévias sequenciais. O familiar é definido pela presença
de dois casos diagnosticados em família. Nos casos de história familiar definida, recomenda-se a busca precoce
de sinais de malignidade pelos exames de toque retal e dosagem sérica do PSA a partir dos 40 anos de idade.

-Raça:

-A incidência na raça negra é 1,5 vezes superior à raça branca, sendo também naquele grupo maiores as taxas
de metástases e de mortalidade.

-Dieta:

-Fatores ambientais parecem influenciar o aumento da incidência do câncer prostático, em especial o aumento na
ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas. Opostamente, estudos nutricionais têm sugerido uma ação
protetora significativa das vitaminas D e E e do selênio, assim como também dos isoflavonoides presentes na soja.

-Patologia:

- Os adenocarcinomas estão localizados principalmente na zona periférica (75%), a postergar o surgimento de


sintomas, ficando a zona de transição com 25% e a zona central com 5% dos casos.

-Os tumores são assim classificados:


• grau 1 – tumor que consiste em glândulas pequenas, uniformes, com alterações nucleares discretas;
• grau 2 – tumor com ácinos de tamanho médio, separados por estroma, arranjados mais proximamente;
• grau 3 – tumor com grande variação no tamanho e organização glandular, infiltrando o estroma e os tecidos
vizinhos;
• grau 4 – tumor que mostra grande atipia celular e extensa infiltração;
• grau 5 – tumor caracterizado por camadas de células indiferenciadas.

-Estadiamento:

-Como a evolução dos pacientes portadores de adenocarcinoma de próstata relaciona-se à extensão da neoplasia,
bem como à definição da melhor estratégia de tratamento, buscando relações de custos e riscos/benefícios
satisfatórias, procurase, pois, estadiar o tumor com base, principalmente, pelo sistema TNM.

-Quadro clinico:

- Na maioria dos pacientes, portanto, a doença é assintomática. Na neoplasia regional ou localmente avançada, 90%
dos pacientes apresentam queixas miccionais relacionadas com a obstrução vesical, bem como hematúria
relacionada com a invasão do trígono vesical. Nas fases mais avançadas, dependendo dos órgãos acometidos, os
pacientes poderão apresentar sinais e sintomas, tais como: ostealgia, emagrecimento, anemia, linfedema, trombose
venosa de membros inferiores, hidronefrose e uremia, hemospermia, linfadenopatias, dispneia por metástases
pulmonares e síndromes colestáticas por metástases hepáticas.

-Diagnostico:

-É fundamental o diagnóstico precoce, sendo, pois, importantes os programas de detecção do câncer prostático em
populações gerais, em especial indivíduos de maior risco, como familiares de portadores do câncer e negros.
- A detecção do câncer depende, assim, de exame digital, dosagem sérica do PSA e ultrassonografia transretal.
-Toque retal:

-Tendo sido no passado a modalidade básica de busca de endurações prostáticas a sugerirem a presença do câncer,
o toque retal persiste hoje como importante método propedêutico, por sua simplicidade, baixo custo e ausência de
complicações.
Everaldo Leite 8

-Estudos recentes avaliando mais de 6.000 pacientes em programas de rastreamento concluíram ser o toque retal
capaz de detectar o câncer de próstata em apenas 55% dos casos (USPSTF 2008). Outra limitação do toque retal é a
alta incidência de lesões falsopositivas, em torno de 33%, referentes a nódulos de hiperplasia prostática benigna,
calcificações prostáticas, prostatites, bem como áreas de fibrose e infarto prostático.

-Antígeno prostático específico (PSA):

-O antígeno prostático específico (PSA) é uma proteína órgão-específica, e não câncer específica. Dessa forma, a
presença de outras patologias prostáticas que não o câncer, tais como as prostatites e a hiperplasia prostática benigna,
poderá justificar elevações séricas consideráveis do PSA.

-O médico atento deverá lembrar-se ainda de situações importantes que modificam a dosagem do PSA, conforme já
salientado, tais como: ejaculação recente, inflamações e infecções prostáticas, trauma perineal frequente (ciclistas),
toque retal vigoroso ou massagem prostática, biopsia de próstata recente, uso de produtos para reduzir o volume
prostático (finasterida/dutasterida), entre outros.

-Níveis de PSA acima de 10 ng/mℓ indicam alta probabilidade de câncer prostático, enquanto níveis abaixo de 2,5
ng/mℓ reduzem em muito tal possibilidade (< 10%).

-PSA total x Livre: O PSA livre não é ligado a proteínas plasmáticas. O PSA total seria a somatória do livre e dos ligados
as proteínas plasmáticas. Importante saber o valor de ambos para avaliar risco de CA. Livre/Total: >20% é indicativo
de HPB ou prostatite. Livre/Total: <20% é indicativo de CA próstata. Logo, médico deve solicitar biopsia.

- Ultrassonografia transretal de próstata:

-Sua principal utilidade está em propiciar a realização de biopsias prostáticas, orientadas para áreas de maior
sensibilidade em detectar o câncer local. A biopsia da próstata está indicada em todos os pacientes com áreas de
maior consistência na glândula e/ou com elevações anormais ou suspeitas de PSA. Essas alterações associadas
traduzem a presença de neoplasia maligna em 50 a 95% dos casos.
-Tratamento:

- Para definir o melhor tratamento do câncer de próstata, é necessário individualizar os casos. Os fatores a serem
analisados são a extensão da doença, o estado geral do paciente e sua perspectiva de sobrevida por outras
comorbidades, bem como o grau histológico do tumor.

-Câncer localizado:

-A despeito de inúmeras controvérsias quanto ao melhor recurso terapêutico nesses estágios, se cirurgia extirpativa
ou radioterapia, estudos multicêntricos sugerem ser a prostatectomia radical, realizada com técnica precisa, por
cirurgião experiente, de melhores resultados do que a radioterapia. O índice de cura, após 10 anos de
acompanhamento, mostrouse entre 89 e 93% para os pacientes submetidos à cirurgia radical e de 60 e 86% para
aqueles submetidos à radioterapia isolada.
- Câncer localmente avançado :

-Define-se por câncer localmente avançado aquelas neoplasias que apresentam, ao toque ou por estudos de imagem,
extensão da doença para os tecidos periprostáticos, mas sem metástases aparentes. De acordo com dados recentes
da literatura15, esses pacientes são melhor controlados com o emprego de hormonioterapia anti-androgênica por
três anos, associado à radioterapia externa iniciada no 3º ou 4º mês de tratamento.
Everaldo Leite 9

Disfunção erétil

-Nas últimas décadas tem havido um crescente reconhecimento, por parte da comunidade médica, da importância
dos problemas relacionados com a sexualidade humana. Embora haja diminuição da atividade sexual com o
envelhecimento, o interesse por ela muitas vezes é mantido entre os idosos. Por causa da sua alta prevalência e das
consequências sobre a qualidade de vida, a disfunção erétil (DE) é possivelmente o mais importante problema da
sexualidade masculina. Ela é definida como a persistente incapacidade de manter uma ereção suficiente para uma
relação sexual satisfatória.

-Critérios diagnósticos para transtorno erétil:

-1) Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões
(aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em
todos os contextos): Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual Dificuldade acentuada em
manter uma ereção até o fim da atividade sexual Diminuição acentuada na rigidez erétil

-2) Os sintomas do critério A persistem por um período mínimo de 6 meses

-3) Os sintomas do critério A causam sofrimento clinicamente significativo

-4) A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma
perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de uma
substância/medicamento, ou de uma condição médica geral.

-Mudanças no comportamento sexual com a idade:

-As alterações relacionadas com o envelhecimento que ocorrem no ciclo sexual masculino são retardo da ereção
durante a fase de excitação; redução da congestão vascular e da tensão muscular do saco escrotal; prolongamento da
fase de plateau; e diminuição do volume de secreção pré ejaculatória; o orgasmo pode ser mais curto, as contrações
prostáticas e uretrais mais fracas, e a força do jato ejaculatório diminuída. A fase de resolução é mais curta, com perda
mais rápida da ereção e descida mais precoce do testículo.

-O estudo epidemiológico de Pfeiffer et al. determinou que, na faixa de 46 a 50 anos, mais de 90% dos homens tinham
relações sexuais pelo menos 1 vez/semana, enquanto na faixa dos 66 a 71 anos somente 28% tinham relações
semanais. Essa tendência de queda da atividade sexual é corroborada por diversos outros estudos. No entanto, a
capacidade de ter prazer sexual permanece mesmo entre homens com mais de 70 anos, como foi constatado em
pesquisas que utilizam questionários de autoavaliação da qualidade de vida. Vale ressaltar que, apesar da alta
prevalência de distúrbios relacionados com a ereção entre homens mais velhos, o interesse pela atividade sexual é
mantido em muitos deles; a disfunção erétil é considerada anormal, não fazendo parte do chamado envelhecimento
saudável. Outrossim, a função sexual masculina normal não se limita à capacidade de ter ereção, mas é também uma
função da interação de fatores culturais, sociais e psicológicos.

-Fisiopatologia:

-Os corpos cavernosos contêm os chamados espaços lacunares onde o sangue se acumula após o relaxamento da sua
musculatura lisa. O fluxo sanguíneo para os corpos cavernosos é trazido pelas artérias peniana e cavernosa. A própria
tumescência peniana comprime as vias de drenagem venosa, o que impede o escoamento do sangue e ajuda na
manutenção da ereção. A inervação parassimpática, que vem dos plexos sacrais, é responsável pelo processo de
ereção, enquanto os nervos da cadeia simpática, ao liberarem norepinefrina, levam à vasoconstrição e à perda da
ereção.

O relaxamento da musculatura lisa é regulado pelo aumento da concentração intracelular de GMP cíclico (GMPc). A
produção desse mensageiro químico, por sua vez, é estimulada pelo óxido nítrico (NO), que é liberado principalmente
pelas terminações nervosas parassimpáticas. O GMPc é metabolizado e inativado pela fosfodiesterase tipo 5 (PDE5),
que o transforma em GMP. Com isso as células musculares lisas dos corpos cavernosos se contraem e o fluxo de sangue
é reduzido, o que leva à perda da ereção. Recentemente o papel do cálcio, cujo aumento de concentração intracelular
Everaldo Leite 10

dispara a reação da miosina com a actina, causando a contração do músculo liso, tem sido muito estudado, assim
como os papéis dos canais da membrana celular que regulam os fluxos de entrada e saída desse íon e de vias
enzimáticas (RhoA, Rho quinase) que potencializam seus efeitos sobre a contração celular. O potássio, por sua vez, é
um importante regulador dos níveis de cálcio intracelular. A compreensão desses processos já nos possibilita antever
novas alternativas terapêuticas para a DE.

Todo esse mecanismo depende do funcionamento adequado da inervação peniana, das artérias e veias, e de uma
anatomia peniana intacta. Danos a qualquer uma dessas estruturas podem causar DE. Os nervos podem ser afetados
por trauma (p. ex., na prática de ciclismo), ou irradiação (tratamento de tumores na região pélvica), ou patologia
sistêmica (diabetes melito). Uma obstrução do fluxo arterial por doença aterosclerótica pode impedir a ereção.
Anormalidades anatômicas e estruturais do pênis e dos corpos cavernosos, por patologias como a doença de Peyronie,
ou como consequência de traumas físicos, também podem interferir nesse mecanismo. Modificações estruturais das
moléculas de colágeno relacionadas com o processo de envelhecimento podem aumentar a vulnerabilidade da
anatomia peniana a essas doenças.

-Fatores de risco:

-A DE é causada, 80% das vezes, por patologia orgânica, sendo que a etiologia mais comum é vascular. Em um estudo
multinacional envolvendo 27.500 homens entre 20 e 75 anos de idade, fatores de risco para doença vascular
(hipertensão, tabagismo, dislipidemia) eram mais comuns naqueles com DE. O inverso também é verdadeiro, ou seja,
a prevalência de DE é mais alta entre homens com esses mesmos fatores de risco, mesmo que eles não tenham sinais
clínicos de doença vascular. Além disso, parece que a DE é um marcador de patologia cardiovascular nos seus estágios
iniciais, muitas vezes antecedendo por vários anos eventos catastróficos como acidente vascular encefálico (AVE) ou
infarto agudo do miocárdio e também ocorrendo provavelmente antes que haja doença vascular obstrutiva peniana
importante. A explicação fisiopatológica para isso seria a associação que existe entre DE e disfunção endotelial. O
endotélio vascular é um tecido dinâmico que, quando normofuncionante, libera NO em resposta a certos estímulos,
como, por exemplo, aumento do fluxo sanguíneo, e a liberação de NO resulta em vasodilatação. Na disfunção
endotelial essa liberação é deficiente, e a consequente resposta vasodilatadora arterial é insuficiente. Esse fenômeno
afeta toda a árvore arterial, incluindo a circulação coronariana.

-Outro ponto importante é que, em pacientes que têm sinais clínicos de doença vascular obstrutiva, a DE é um
marcador de gravidade. Um estudo sobre a ocorrência de DE em pacientes que foram submetidos a cintigrafia
miocárdica para avaliação de doença arterial coronariana revelou que a DE está associada a marcadores de doença
mais grave e de pior prognóstico; isso indica que, em pacientes com cardiopatia isquêmica, a ocorrência de DE deve
ser ativamente pesquisada. A disfunção venosa, mesmo sem patologia arterial concomitante, ao provocar o
escoamento de sangue pelas vênulas subtúnicas, pode impedir o desenvolvimento de pressões suficientemente altas
nos corpos cavernosos, impossibilitando assim a manutenção de uma ereção rígida. Essa disfunção venosa pode ser
consequência de trauma, da formação de fístula arteriovenosa, ou da doença de Peyronie.

-As doenças endócrinas mais comumente associadas à DE são o hipogonadismo, as doenças da tireoide (hipo ou hiper),
a hiperprolactinemia e o diabetes melito. As insuficiências renal e hepática são patologias sistêmicas metabólicas que
causam DE. A hipertrofia prostática benigna também está associada a dificuldades com ereção. Não podemos deixar
de lado a ansiedade, especialmente aquela ligada à pressão de desempenho, e a depressão, que parece ser uma causa
mais importante em pacientes mais jovens. Doenças neurológicas são comumente associadas à DE entre idosos. As
mais importantes são a neuropatia relacionada com o diabetes melito, sequelas de AVE e o mal de Parkinson. A
prostatectomia radical, assim como outros procedimentos cirúrgicos menos extensos envolvendo órgãos da região
pélvica masculina, pode causar dano neurológico e DE.

-A associação de medicações com DE merece um comentário à parte; essa é uma questão especialmente importante
na população geriátrica. Mais de 100 medicações têm sido ligadas à DE, mas existem poucos estudos realmente
confiáveis a respeito. As mais fortemente associadas ao problema são: antihipertensivos, especialmente diuréticos e
agentes de ação central; digoxina, provavelmente pelos seus efeitos antiandrogênicos; bloqueadores do receptor H2,
principalmente a cimetidina, mas também a ranitidina; existem relatos da DE relacionada com omeprazol;
metoclopramida, certamente porque causa hiperprolactinemia, está ligada à disfunção sexual; analgésicos opioides. -
Everaldo Leite 11

Quanto às medicações psicotrópicas, existem alguns dados surpreendentes: os antidepressivos tricíclicos na realidade
têm pouca associação com DE, enquanto os inibidores da recaptação de serotonina estão mais ligados a disfunção
ejaculatória; já os neurolépticos têm associação clara com a DE. Os relatos de disfunção com benzodiazepínicos são,
na verdade, bastante infrequentes. O álcool e, principalmente o alcoolismo, têm uma forte ligação com problemas
sexuais.

-A DE é muitas vezes de origem multifatorial, mesmo entre aqueles com menos de 60 anos. De maneira geral, podemos
afirmar que patologias vasculares e hipogonadismo são as causas mais comuns no grupo com mais do que 60 anos,
enquanto depressão e problemas conjugais são mais importantes no grupo com menos do que 60 anos.

-Abordagem paciente:

-Infelizmente, muitos homens não procuram ajuda médica para seus problemas na esfera sexual. Além disso, durante
a consulta, é comum esse tema não ser abordado pelo profissional de saúde. No entanto, uma pesquisa revelou que
pelo menos 70% dos pacientes adultos de ambos os sexos consideravam que é adequado para um generalista abordar
ativamente problemas sexuais durante a consulta. É importante que, no nível do atendimento primário, sejam feitas
perguntas de triagem a respeito de possíveis problemas sexuais para todos os pacientes que possam ter vida sexual
ativa. É particularmente importante que os pacientes que têm evidências de doença vascular, ou fatores de risco,
também sejam interrogados sobre sua função erétil. Eles devem ser assegurados da natureza confidencial do que está
sendo discutido, e as perguntas devem ser neutras. Exemplos de perguntas que podem ser feitas são: “A sua vida
sexual é satisfatória? ”, ou “Muitos dos meus pacientes masculinos na sua faixa etária notam uma mudança na sua
função sexual. Como está o senhor em relação a isso? ” Existem também questionários escritos que podem servir
como instrumentos de avaliação para detecção da DE.

-Uma vez determinada a presença da DE, é importante ter em mente que ela não é um diagnóstico em si, e sim a
consequência de outras patologias. O passo seguinte, portanto, consiste na determinação de todos os fatores que
podem estar contribuindo para DE no paciente em questão. A anamnese deve avaliar, além dos dados diretamente
relacionados com a disfunção, as histórias sexual e médica do idoso. Um dos objetivos é determinar se o problema é
essencialmente disfunção erétil, ou se existe um componente de perda de libido. A ocorrência de depressão pode ser
pesquisada aplicando-se instrumentos como a Escala de Depressão Geriátrica (EDG), por exemplo. O exame físico deve
buscar evidências de patologia cardiovascular, depressão, ou evidências sugestivas de hipogonadismo, como atrofia
dos testículos ou rarefação de pelos pubianos. O pênis deve ser examinado, buscando evidências da doença de
Peyronie; um exame neurológico focal, que inclua a pesquisa dos reflexos cremasteriano e bulbo cavernoso, também
é importante. No caso do hipogonadismo, a aplicação de instrumentos de avaliação padronizados, como o
questionário ADAM, pode auxiliar na sua detecção. Uma listagem das medicações em uso é fundamental. A avaliação
laboratorial deve incluir no mínimo um hemograma e um painel bioquímico para detecção de diabetes, dislipidemias,
nefropatia, hepatopatia e tireoidopatia. Nos casos em que há suspeita de hipogonadismo, os níveis de testosterona
livre ou biodisponível devem ser medidos, já que a dosagem da testosterona total não é confiável nesses casos; quando
há suspeita de patologia da hipófise, os níveis séricos de hormônio luteinizante (LH) e prolactina devem ser
determinados. EcoDoppler das artérias penianas pode revelar a existência de vasculopatia obstrutiva. Quando
possível, a parceira sexual deve ser entrevistada. Os problemas relacionados com a ereção costumam ter um impacto
na relação do casal, mesmo entre idosos. Além disso, tratamentos que incluem a parceira têm maior chance de êxito.

-Tratamento:

-SILDENAFIL:

-O Viagra (citrato de sildenafil) representou um grande avanço no tratamento da disfunção erétil, podendo beneficiar,
entre muitos outros, os portadores de doença cardiovascular ou com seus fatores de risco.

-Mecanismo de ação: Sildenafil pertence classe de agentes inibidores das fosfodiesterases. A ação erétil do sildenafil
combina o aumento do influxo arterial com a redução do efluxo venoso do corpo cavernoso. O sildenafil leva ao
relaxamento da musculatura lisa das artérias penianas e das trabéculas que circundam os espaços sinusoidais,
acarretando maior ingurgitamento do corpo cavernoso. As trabéculas dos espaços sinusoidais ingurgitados
comprimem, por sua vez, as vênulas penianas contra a túnica albugínea, reduzindo o efluxo venoso, contribuindo para
Everaldo Leite 12

a manutenção do ingurgitamento do corpo cavernoso. O relaxamento dessa musculatura lisa resulta da diminuição do
cálcio intracelular mediada pelo acúmulo do segundo mensageiro, o monofosfato cíclico de guanosina (GMPc), cuja
produção decorre da ativação da guanil-ciclase pelo óxido nítrico produzido pelo estímulo das células endoteliais,
gerado pelo desejo sexual. O fator limitante deste processo é a degradação do GMPc pela enzima fosfodiesterase 5
(PDE5), presente em altas concentrações nessas estruturas penianas. O sildenafil facilita a ereção por sua elevada
especificidade e potência como inibidor dessa fosfodiesterase. Atuando na fase final do ciclo bioquímico da ereção, a
ação do sildenafil depende do desejo sexual, não sendo, portanto, um afrodisíaco.

-Farmacodinâmica:

• × Efeito na tumescência peniana- O sildenafil é eficaz na disfunção erétil de causas várias, como vascular
(diabete), neurorreflexogênica (lesão medular) e psicogênica, o que foi constatado em 21 estudos
multicêntricos randomizados, duplo-cegos, controlados com placebo.
• × Efeitos cardiovasculares – 1)O sildenafil não altera a contratilidade miocárdica em voluntários sadios. Não
existem, contudo, estudos em paciente com insuficiência cardíaca; 2) induz a leve e transitória queda da
pressão arterial sistólica (8 a 10mmHg) e diastólica (4 a 6mmHg), com pico uma hora após a dose oral, em
jejum, e retorno ao nível basal em 4h. Este efeito é consequência da sua ação vasodilatadora periférica, arterial
e venosa, independe da dose (25 a 100mg) e da idade, e raramente provoca hipotensão ortostática; 3) não
tem efeito significativo sobre a frequência cardíaca.
• × Efeito sobre as plaquetas -Não foram observados episódios de sangramento e aumento dos tempos de
sangramento e de protrombina, mesmo em pacientes em uso de ácido acetilsalicílico ou warfarina. Contudo,
não existe avaliação com o uso simultâneo de outros antiagregantes plaquetários (ticlopidina, clopidogrel e
dipiridamol), ou em pacientes com discrasias sanguíneas, recomendando-se precaução, nessas circunstâncias.
• × Efeitos sobre a visão -Podem ocorrer aumento da sensibilidade à luz e visão azul-esverdeada ou turva devido
ação inibidora do sildenafil sobre a fosfodiesterase 6, presente nos fotorreceptores da retina. Pacientes nos
quais estes distúrbios visuais possam dificultar o exercício de alguma de suas atividades, como condução de
veículos automotores e pilotagem de aeronaves, devem ser especialmente alertados quanto aos mesmos.
Recomenda-se cautela no uso do sildenafil em presença de retinite pigmentosa.

-Efeitos adversos:

• Vasodilatadores: cefaléia (16%), rubor (10%) e rinite (4%). Tontura (2%), hipotensão comum e hipotensão
postural (2% cada) ocorreram com frequência idêntica nos grupos sildenafil e placebo;
• Gastrointestinais: dispepsia por refluxo (7%);
• Visuais: aumento da sensibilidade à luz ou visão azul-esverdeada ou turva (3%), principalmente com doses de
100mg;
• Músculoesqueléticos: mialgias, principalmente com múltiplas doses, sem alterações na concentração da
creatinofosfoquinase e no eletromiograma; 5. priapismo: têm sido descritos relatos ocasionais.

-Contraindicações:

-O uso do Viagra (citrato de sildenafila) está contra-indicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida ao fármaco
ou a qualquer componente da fórmula. Foi demonstrado que Viagra® potencializa o efeito hipotensor dos nitratos de
uso agudo ou crônico, estando, portanto, contra-indicada a administração a pacientes usuários de qualquer forma
doadora de óxido nítrico, nitratos orgânicos ou nitritos orgânicos; tanto os de uso frequente quanto os de uso
intermitente.

• Sildenafil é absolutamente contra-indicado para pacientes em uso de nitratos de longa e curta duração, devido
à possibilidade de desenvolverem hipotensão grave, potencialmente fatal.
• Em pacientes com doença arterial coronariana estável, tratados com nitratos de ação prolongada, a
possibilidade de suspensão do nitrato pode ser considerada, de comum acordo com o paciente, para que o
sildenafil possa ser usado.
• Pacientes que não usam nitratos de ação prolongada, mas requerem nitratos de curta duração para o
tratamento de crises de angina, devem ser informados da impossibilidade do uso do sildenafil, a não ser que
o nitrato possa ser substituído por medicação alternativa, sem interação de risco com sildenafil.
Everaldo Leite 13

• O uso eventual de qualquer tipo de nitrato está contra-indicado nas 24h que se seguem ao uso do sildenafil.
Também está contra-indicado o uso do sildenafil se um nitrato tiver sido usado nas 24h precedentes.
• Pacientes de alto risco cardiovascular, incluindo portadores de doença aterosclerótica, cardiopatas nas classes
funcionais II e III da NYHA, indivíduos acima de 65 anos, hipertensos, diabéticos, fumantes, portadores de
dislipidemia moderada a grave e obesos, mesmo que não tenham solicitado o uso do sildenafil, devem ser
informados do sério risco potencial da interação sildenafil-nitratos. Isto porque, eventualmente, podem obter
o sildenafil por outros meios, sem as necessárias recomendações para o seu uso

-The end: Ótima prova e boas férias!!!

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