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Filamentos de actina
A actina é uma proteína muito conservada em eucariotos. A sequência de
aminoácidos de diferentes espécies possui similaridade na ordem de 90%. No caso de
vertebrados, a actina possui 3 isoformas (α, β e γ) que se diferem na sequência de alguns
aminoácidos e possuem funções distintas, devido à essa diferença, α -actinas por
exemplo estão presentes em células musculares, enquanto as outras isoformas se
encontram nas demais células.
Esses filamentos são formados quando cada subunidade se associa em um
agregado inicial, o qual será estabilizado por vários contatos entre as subunidades e em
seguida, sofrerá um crescimento rápido pela adição de novas subunidades. Esse
processo, chamado de nucleação do filamento, pode sofrer dificuldade es de se concluir
devido à instabilidade dos pequenos agregados iniciais, o que leva à um retardo na
formação de novos filamentos. No entanto, quando alguns agregados conseguem fazer a
transição para um estado mais estável ocorre o alongamento rápido do filamento e as
subunidades são adicionadas às extremidades dos filamentos nucleados. As subunidades
que formam os filamentos de actina são assimétricas e devido à sua orientação
uniforme, as extremidades de cada polímero são diferentes entre si, resultando em
diferentes taxas de crescimento em cada extremidade do filamento. Isso se torna
bastante útil, por exemplo, quando uma célula com capacidade de movimento consegue
empurrar sua membrana para uma direção orientando uma das extremidades de rápido
crescimento.
Cada subunidade de actina está ligada à uma molécula de ATP ou ADP. Logo
após a hidrólise do ATP, o fosfato é liberado da subunidade, contudo o ADP permanece
ligado na estrutura. Dessa forma, dois tipos de estruturas de filamentos podem existir,
uma sobre a forma T (ligada ao ATP) e outra sob a forma D (ligada ao ADP). Em
células vivas, a maioria das subunidades se encontra sob a forma T, uma vez que o ATP
está em maior concentração na célula que o ADP. O fenômeno do rolamento do
filamento de actina é possível devido à hidrólise da molécula de ATP: as subunidades
ligadas ao ATP sofrem polimerização em ambas as extremidades do filamento e em
seguida passam por hidrólise de nucleotídeos dentro do filamento. Conforme o
crescimento do mesmo, o alongamento é mais rápido que a hidrólise em uma das
extremidades, portanto, nesta, as subunidades estão sempre sobre forma T. No entanto,
na outra extremidade, o a hidrólise é mais rápida que o alongamento, de modo que as
subunidades terminais estão sempre sob a forma D. O filamento sofre então uma adição
de subunidades em uma extremidade, enquanto simultaneamente perde subunidades na
outra, levando-o a essa propriedade característica do filamento denominada rolamento.
Os filamentos de actina podem ter suas funções inibidas por compostos, que
podem tanto estabilizá-los, quanto desestabilizá-los. Substâncias como citocalasinas e
latrunculinas podem impedir a polimerização da actina, enquanto outras como
faloidinas podem evitar sua despolimerização. Todos esses compostos são tóxicos para
as células, uma vez que causam mudanças no funcionamento do citoesqueleto. Contudo,
a própria célula possui mecanismos próprios para a regulação do comportamento da
actina. Proteínas acessórias podem se ligar à actina, alterando a dinâmica e a
organização dos filamentos por meio do controle da polimerização, da nucleação, do
alongamento e da despolimerização.
As proteínas acessórias podem alterar a polimerização através do controle da
disponibilidade de monômeros para a montagem do filamento. A timosina, por exemplo
é uma proteína que se liga aos monômeros de actina, impossibilitando sua
polimerização. Já outra proteína, a profilina consegue se ligar ao monômero e bloquear
a lateral que se ligaria à uma extremidade, ao mesmo tempo que deixa a outra lateral
livre. Logo que o monômero se liga à uma extremidade do filamento, ele se solta da
profilina e o filamento se torna mais longo. Esse mecanismo possibilita a polimerização
localizada da actina, provocando a extensão de estruturas de locomoção em uma
direção.
O controle da nucleação pelas proteínas acessórias é também uma maneira de
influenciar na polimerização dos filamentos de actina. Isso acontece quando proteínas
ligadas a monômeros de actina medeiam os mecanismos de nucleação do filamento
através da aproximação de várias subunidades para formar um ponto de nucleação. A
nucleação pode ser controlada por dois tipos de fatores, o complexo Arp 2/3 ou pelas
forminas. O primeiro da origem a filamentos ramificados e as forminas foram o
crescimento de filamentos não ramificados.
Outro grupo de proteínas, as chamadas proteínas de ligação, também podem ter
influência na dinâmica dos filamentos de actina. Elas podem se ligar lateralmente à ao
filamento ou às extremidades do mesmo: a tropomiosina, por exemplo pode se ligar à
lateral do filamento, enrijecendo-o e impedindo o filamento de interagir com outras
proteínas. Já a tropomodulina, pode se ligar à extremidade do filamento, regulando seu
comprimento e estabilidade.
Um mecanismo que também pode atuar na regulação da despolimerização dos
filamentos, são aqueles promovidos pelas proteínas de clivagem, como por exemplo
proteínas da superfamília gelsolina e a cofilina. Elas são capazes de clivar um filamento
de actina em outros menores, criando uma grande quantidade de novas extremidades de
filamento. A clivagem pode gerar fragmentos que podem sofrer nucleação ou pode
também resultar na despolimerização do filamento.
Os diferentes arranjos dos filamentos de actina (redes dendríticas, feixes e teias)
dependem das proteínas acessórias e podem influenciar a forma como as células
executam suas funções mecânicas, por exemplo: feixes contráteis, que formam as fibras
de tração, exercem tensão. Já as chamadas redes dendríticas, que formam o córtex de
actina, permitem a protrusão da membrana e as projeções finas ou filopódios, formam
um feixe compacto, permitindo a célula, explorar seu ambiente.
O esqueleto de actina tem como característica fundamental sua associação com a
proteína motora miosina. Além de outras funções, esses arranjos de actina e miosina
desempenham papel importante na contração muscular. A miosina é composta com duas
cadeias pesadas (cada uma com um domínio globular, ou cabeça em sua extremidade N-
terminal que contém a maquinaria geradora de força) e duas cadeias leves (ligam-se ao
próximo domínio globular N-terminal). A cauda supertorcida formará feixes através da
ligação às caudas de outras moléculas de miosina. As interações são cauda-cauda. Cada
cabeça de miosina se liga a ATP e é capaz de hidrolisá-lo, usando a energia para se
deslocar pelo filamento de actina, contraindo o músculo. O mecanismo de contração
muscular se dá por um ciclo mecanoquímico no qual alterações conformacionais da
miosina se combinam com alterações na sua afinidade pela actina, permitindo que a
cabeça de miosina seja liberada do ponto de adesão à actina e a seguir, novamente
ligada em outro ponto. O ciclo completo envolve: ligação do nucleotídeo, hidrólise e
liberação do fosfato (provocando o movimento de um único passo).
Em células da musculatura, seu citoplasma é constituído por miofibrilas
(elementos contráteis), que consistem em uma longa cadeia de unidades contráteis
pequenas e repetitivas, chamadas de sarcômeros. Cada sarcômero é composto por um
arranjo em paralelo de filamentos delgados (actina e proteínas associadas) e filamentos
espessos (isoformas de miosina). O encurtamento do sarcômero é provocado pelo
deslizamento de miosina sobre os filamentos delgados de actina. Além do mecanismo
entre as duas proteínas, a contração muscular depende e, ocorre somente quando um
sinal é recebido pelo músculo proveniente do nervo que o estimula. O sinal do nervo
desencadeia um potencial de ação na membrana da célula muscular, que chega ao
retículo sarcoplasmático fazendo com que este libere Ca 2+ no citosol, dando início à
contração de cada miofibrila ao mesmo tempo. O Ca2+ é rapidamente bombeado de
volta ao retículo por uma bomba de Ca2+ dependente de ATP, permitindo o relaxamento
das miofibrilas. Além disso, proteínas acessórias cromo a troponina e a tropomiosina
podem ter controle sobre a contração muscular impedindo que os filamentos de actina e
miosina deslizem.
O mecanismo de contração descrito acima acontece em células da musculatura
esquelética. Para a musculatura lisa, os mecanismos podem se diferir em alguns
aspectos. Na musculatura lisa a contração também é provocada pelo influxo de íons
Ca2+, mas a regulação é feita pela calmodulina. Ela é capaz de se ligar ao Ca2+ ativando
a cinase da cadeia leve da miosina, induzindo a fosforilação de uma das duas cadeias
leves da mesma. Quando ela é fosforilada, a sua cabeça pode interagir com os
filamentos de actina provocando a contração.
Apesar de sua fundamental importância na contração muscular, a actina e a
miosina também desempenham funções em outros tipos de células. Essas células
possuem feixes de actina contráteis são regulados pela fosforilação da miosina e não
pela troponina. Esses feixes podem ter função de suporte mecânico para a conexão de
células à matriz extracelular e de células adjacentes. Também podem participar da
citocinese ao final da divisão celular e do movimento de migração das células. As
células não musculares também podem expressar outros tipos de miosina, que podem
atuar na organização intracelular, endocitose e como microvilosidades, também podem
participar dos processos de transporte de organelas ao longo dos filamentos de actina e
na formação de brotamentos.
Microtúbulos
Filamentos intermediários