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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

PPG em Ciências Biológicas (Biologia Celular e Molecular)

MEMBRANA CELULAR
BOMBAS, CANAIS E TRANSPORTE

Maria Gabriela Franco de Lima

Disciplina: Biologia Celular


INTRODUÇÃO

Membrana plasmática: interior hidrofóbico

Barreira à passagem de moléculas polares


Diferença de concentrações de solutos: citosol / líquido extracelular

SOLUÇÃO

 Transferência de moléculas hidrossolúveis e íons


 Receber nutrientes essenciais
 Excretar nutrientes metabólicos
 Regular concentrações intracelulares de íons

Proteínas de
membrana
PRINCÍPIOS DO TRANSPORTE DE MEMBRANA

As bicamadas lipídicas são impermeáveis a íons

A taxa de difusão depende do tamanho da molécula e da polaridade

 Moléculas apolares (O2 e CO2)

 Moléculas polares sem carga

 Íons
PRINCÍPIOS DO TRANSPORTE DE MEMBRANA

Proteínas de transporte

São responsáveis pelas transferência de solutos através das membranas

 Proteínas transportadoras: Ligam-se ao soluto específico e sofrem alterações na sua conformação


para transferir o soluto de um lado da membrana para o outro.

 Proteínas de canal: Formam poros contínuos que atravessam a bicamada lipídica. O transporte
ocorre de maneira muito mais rápida.
PRINCÍPIOS DO TRANSPORTE DE MEMBRANA

Proteínas de transporte e tipos de transporte

Diferentes formas de transporte através da membrana


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE PASSIVO

Difusão mediada por transportador

Cada proteína tem um ou mais sítios de ligação específicos para o seu soluto
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE PASSIVO

Difusão mediada por transportador x difusão simples

A velocidade atinge seu valor máximo quando a proteína transportadora está saturada
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

As células realizam transporte ativo de três formas

 Transportadores acoplados: Acoplam o


transporte de um soluto na direção do seu
gradiente ao transporte de outro soluto no
sentido contrário (Transporte secundário).

 Bombas dirigidas por ATP: Acoplam o


transporte contra o gradiente à hidrólise de
ATP (Transporte primário).

 Bombas dirigidas por luz ou reações redox:


Acoplam o transporte no sentido do gradiente
à energia obtida da luz ou de uma reação
redox.
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Tipos de movimentos mediados por transportadores

 Uniportes: Transportam um único soluto de um lado a outro da membrana

 Simportes: Transferência simultânea de um segundo soluto na mesma direção

 Antiportes: Transferência de um segundo soluto na direção oposta do primeiro


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Transporte acoplado

A forte associação entre o transporte de dois solutos permite a esses transportadores acoplados
captar energia armazenada no gradiente eletroquímico do soluto, geralmente um íon inorgânico, para
transportar outro.
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Transporte acoplado

Transportador de glicose dirigido por um gradiente de Na+


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Transporte acoplado

As proteínas transportadoras regulam o pH citosólico

A maioria das células possui antiportes dirigidos por Na+ que auxiliam na manutenção do pH
citoplasmático em torno de 7,2. Essas proteínas bombeiam o excesso de H+ para fora da célula.

 H+ transportado diretamente para fora da célula: permutador de H+ - Na+

 HCO3- é internalizado para neutralizar o H+ no citosol: HCO3- + H+ → H2O + CO2


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Transporte acoplado

Transporte de solutos em células epiteliais

 Proteínas transportadoras: distribuição


não-uniforme.

 Transporte transcelular: os solutos são


transportados pela camada de células
epiteliais para o líquido extracelular, a
partir de onde passarão para a corrente
sanguínea.
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Classes de bombas dirigidas por ATP


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Bombas tipo P

 Proteínas transmembrana de múltiplas passagens

 Autofosforilação: Se autofosforilam durante o ciclo de


bombeamento

 Responsáveis por: estabelecimento e manutenção


dos gradientes de Na+, K+, Ca2+ e H+.
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Bombas tipo P: bomba de Ca2+

 Concentração de Ca2+: baixa no citosol

 Contração muscular: despolarização da membrana e


liberação de Ca2+ no citosol

 ATPase de Ca2+: bombeia o Ca2+ ativamente de volta


para o retículo sarcoplasmático
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Bombas tipo P: bomba de Na+ -K+

 Concentração de K+: alta no citosol

 ATPase de Na+-K+: bombeia o Na+ para fora da célula


e K+ para dentro

 Gradiente de Na+: controle o transporte de nutrientes e


regula o pH
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Transportadores ABC

 Maior família de proteínas de transporte

 Distinguem-se estruturalmente das ATPases tipo P:


possuem dois sítios de ligação ao ATP

 Bombeiam moléculas pequenas através da membrana


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Transportadores ABC: bactérias x eucariontes

 Múltiplos domínios: 2 hidrofóbicos, 2 ATPase

 Bactérias: são encontrados transportadores de


importação e exportação

 Eucariontes: a maioria dos transportadores


exportam substâncias
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Transportadores ABC: proteína de resistência a múltiplas drogas (MDR) ou glocoproteína P

 Presença em células cancerosas humanas: torna as células resistentes a uma variedade de


fármacos (bombeiam para fora da célula)

 Consequências: sobrevivência seletiva e crescimento exacerbado das células, que expressam MDR

 Resistência ao efeito tóxico dos fármacos

 Também ocorre em Plasmodium falciparum: resistência ao antimalárico cloroquina


PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS E O TRANSPORTE ATIVO

Bombas dirigidas por ATP

Bombas tipo V

 Máquinas proteicas: turbinas construídas a partir de


múltiplas subunidades diferentes

 Transferência de H+: a bomba transfere H+ para o interior


das células como lisossomos, vesículas sinápticas e
vacúolos

 ATPases tipo F: atuam de modo reverso, em vez de


usarem hidrólise de ATP para o transporte de H+, usa, o
gradiente de H+ para síntese de ATP (mitocôndrias e
cloroplastos)
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

As proteínas de canal formam poros que atravessam a membrana

Proteínas envolvidas no transporte de íons inorgânicos (canais iônicos)

 Vantagens sobre proteínas transportadoras: podem transportar até 100 milhões de íons a cada
segundo

 O transporte é sempre passivo: permite a difusão rápida de íons inorgânicos específicos (Na+, K+,
Ca+ ou C-).
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Os canais iônicos são íons-seletivos e alternam entre os estados aberto e fechado

 Propriedades: (1) possuem seletividade à íons, que por sua vez, devem perder as moléculas de
água para passar pelo “filtro de seletividade”; (2) não estão abertos o tempo todo

 Principais estímulos: voltagem, mecânicos, adesão à um ligante (extra ou intracelular)


PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Canais de K+ e o potencial de membrana

 Origem: quando existe uma diferença na carga elétrica entre os dois lados de uma membrana,
podendo resultar tanto em um bombeamento ativo, quando passivo (maior parte)
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Canais de K+ e o potencial de membrana

Canais de escape e manutenção do potencial da membrana

 Estado de repouso: cargas negativas neutralizadas


por K+ dentro da célula, que está presente em grande
quantidade devido à bomba de Na+ -K+

 Canais de escape: oscilam entre os estados aberto e


fechado independentemente das condições presentes
na célula. Quando abertos, permitem que o K+ se
mova livremente .

 Manutenção do potencial: O K+ tende a sair da


célula pelos canais de escape , criando um potencial
de membrana que irá se opor à essa saída.
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Canais de K+

Estrutura e funcionamento do canal

 Estrutura: 4 subunidades idênticas (formam um poro),


cada uma com duas α-hélices.

 Filtro de seletividade: formado pela alça que conecta


as α-hélices. É estreito, curto e rígido, revestido por
átomos de oxigênio carbonila.

 Funcionamento: o K+ deve perder todas as moléculas


de água para que penetre no filtro, onde deverá
interagir com os oxigênios carbonila. Os oxigênios
estão rigidamente espaçados a uma distância exata
para acomodar um íon de potássio.
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Aquaporinas

Canais de água inseridos nas membranas com o intuito de permitir um fluxo fácil de água

 Encontradas em: células que devem transportar água


sob taxas altas (rins e exócrinas).

 Função: permitir a passagem de água e impedir a


passagem de íons.

 Seletividade: poro estreito que permite a passagem


das moléculas em fila única, seguindo o caminho dos
oxigênios carbonila.
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Canais catiônicos controlados por voltagem

Presentes em células eletricamente excitáveis: neurônios, musculares, endócrinas e óvulos

 Potencial de ação: alteração do potencial da


membrana, provocando a abertura de canais e
permitindo a entrada de cátions.

 Consequências: contração muscular, excitação de


neurônios, liberação de hormônios e
neurotransmissores.
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Canais mecanossensíveis

Proteínas capazes de perceber e responder a forças mecânicas do ambiente externo

 Extremamente raros: células ciliadas auditivas da


cóclea, em pequena quantidade.

 Bactérias: em presença de ambiente hipotônico, ela se


incha devido à pressão osmótica. Contudo, se a
pressão alcança níveis perigosamente elevados, a
célula abre canais mecanossensíveis que permitem a
saída de pequenas moléculas
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Canais catiônicos controlados por transmissores

Presentes em células eletricamente excitáveis: neurônios, junção neuromuscular

 Função: convertem sinais químicos em sinais


elétricos nas sinapses químicas.

 Tipos:

Neurotransmissores excitatórios: abrem canais


catiônicos, despolarizando a membrana plasmática
e, consequentemente desencadeando um potencial
de ação.

Neurotransmissores inibitórios: abrem canais de


K+ ou Cl- e suprimem os pulsos, mantendo a
membrana polarizada.
PROTEÍNAS DE CANAL E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS

Tipos de canais iônicos e suas funções


REFERÊNCIAS

Alberts, B., Johnson, A., Lewis, J., Morgan, D., Raff, M., Roberts, K., ... & Hunt, T. (2010). Biologia
molecular da célula. Artmed Editora.

Alberts, B., Johnson, A., Lewis, J., Morgan, D., Raff, M., Roberts, K., ... & Hunt, T. (2017). Biologia
molecular da célula. Artmed Editora.

Alberts, B., Bray, D., Hopkin, K., Johnson, A., Lewis, J., Raff, M., ... & Walter, P. (2002). Fundamentos da
biologia celular. Artmed Editora.
OBRIGADA!

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