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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro Biomédico

Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes

Departamento de Biologia Celular

Disciplina: Biologia Celular

PAE - 2020-1

Coordenadora: Simone Vargas da Silva

Apostila:
Transporte através de membranas: íon e pequenas moléculas

Esta apostila foi formulada para auxiliar o ensino remoto de biologia celular para o curso
de nutrição, durante o período acadêmico emergencial (PAE), em função da pandemia do
novo Coronavírus. Trata-se de um material de apoio ao estudante e, como tal, não substitui
a bibliografia recomendada. Cabe ressaltar que essa apostila não tem fins lucrativos e,
portanto, não deve ser comercializada, sob nenhuma hipótese.

2020

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Transporte através de membranas: íons e pequenas moléculas

I. Introdução:

As células retiram do seu meio ambiente a matéria-prima para a biossíntese e para a


produção de energia e libera nesse ambiente os subprodutos do seu metabolismo. De
maneira geral, alguns compostos apolares são capazes de atravessar livremente a bicamada
lipídica porém, compostos polares ou carregados e íons necessitam de proteínas de
membrana para realizar esse transporte. Em alguns casos, a proteína de membrana
simplesmente facilita a difusão do soluto, à favor do gradiente de concentração, em outros
casos, o transporte ocorre contra o gradiente de concentração ou carga elétrica. Nesse caso,
os solutos devem ser "bombeados" em um processo que requer energia. Essa energia pode
vir diretamente da hidrólise de ATP ou pode ser fornecida pelo transporte de um soluto
que gera um gradiente eletroquímico com energia suficiente para carregar outro soluto. Os
íons também podem se mover através das membranas por canais iônicos (formados por
proteínas) ou por ionóforos, pequenas moléculas capazes de mascarar a carga dos íons,
permitindo que eles se difundam através da bicamada. Com poucas exceções, o transporte
de pequenas moléculas através da membrana plasmática é mediada por proteínas, como
canais transmembrana, transportadores ou bombas.

Tipos de transporte:

Difusão simples: Quando dois compartimentos aquosos, separados por uma membrana
permeável, apresentam concentrações diferentes de um composto solúvel ou íon, o soluto
se move por difusão simples da região de maior concentração, através da membrana, para a
região de menor concentração, até que os dois compartimentos tenham concentrações
iguais de soluto (Figura 1). Quando íons de cargas opostas são separadas por uma
membrana permeável, há um gradiente elétrico transmembrana, ou seja, um potencial de
membrana, Vm (expresso em volts ou milivolts). Este potencial de membrana produz uma
força oposta de movimentação dos íons que aumentam Vm, impulsionando o transporte
desse íon pela membrana, reduzindo a Vm (Figura 1). Assim, a direção em que um soluto
carregado tende a se mover espontaneamente através de uma membrana depende do
gradiente químico (a diferença na concentração de soluto) e do gradiente elétrico (Vm)
através da membrana. Esses dois fatores são chamados de gradiente eletroquímico ou
potencial eletroquímico. Este comportamento dos solutos está de acordo com a segunda lei
da termodinâmica: as moléculas tendem a espontaneamente assumir a distribuição de maior
aleatoriedade e menor energia.

Osmose - movimento da água entre meios com concentrações diferentes de soluto


separados por uma membrana semipermeável. A água passará de regiões de baixa
concentração de soluto para regiões de maior concentração de soluto.

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Figura 1: Movimento de solutos através de uma membrana permeável (difusão simples). À esquerda:
o movimento líquido de solutos eletricamente neutros é em direção ao lado de menor concentração
de soluto até que o equilíbrio seja alcançado. As concentrações de soluto nos lados esquerdo e
direito da membrana são designadas C1 e C2. A taxa de movimento transmembrana (indicada pelas
setas grandes) é proporcional ao gradiente de concentração, C1 / C2. À direita: O movimento
líquido de solutos carregados eletricamente é ditado por uma combinação do potencial elétrico
(Vm) e diferença da concentração química através da membrana; o movimento do íon continua até
este potencial eletroquímico chegue a zero. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M.,
NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).

O transporte de um soluto polar ou carregado através de uma bicamada lipídica requer uma
grande quantidade de energia, isto porque este soluto precisa deixar de interagir com as
moléculas de água em sua camada de hidratação. Essa energia desprendida é recuperada
após o soluto atravessar a membrana e chegar ao outro lado, onde é reidratado. Contudo, o
estagio intermediário de passagem transmembrana é um estado de alta energia, comparável
ao estado de transição em uma reação química catalisada por uma enzima. Essa energia de
ativação, necessária para a translocação de um soluto polar através de uma bicamada, é tão
grande que bicamadas lipídicas puras são virtualmente impermeáveis para espécies polares
e carregadas ao longo de processos como o crescimento e a divisão celular.

As proteínas da membrana reduzem a energia de ativação para o transporte de compostos


polares e íons, fornecendo um caminho alternativo através da bicamada para solutos
específicos. Proteínas que provocam essa difusão facilitada, ou transporte passivo, não
são enzimas no sentido usual; seus "substratos" são movidos de um compartimento para
outro, mas não são quimicamente alterados. Trata-se de proteínas de membrana que
aceleram o movimento de um soluto através de uma membrana por facilitar a difusão,
sendo denominadas de transportadores ou permeases. Como as enzimas, os
transportadores ligam seus substratos com especificidade estereoquímica por meio de
múltiplos interações não covalentes (fracas).

Os transportadores podem ser classificados em superfamílias, cujos membros


compartilham propriedades estruturais e funcionais (Figura 2). Existem duas categorias de
transportadores: carreadores e canais. Os carreadores se ligam a seus substratos com alta
estereoespecificidade, catalisando o transporte a taxas bem abaixo dos limites da difusão
livre e, assim como as enzimas são saturáveis. Os canais geralmente permitem o transporte
transmembrana a taxas dem maiores que a dos carreadores. Os canais normalmente são
menos estereoespecíficos que os carreadores e, geralmente, não são saturáveis. A maioria
dos canais são complexos oligoméricos de várias subunidades, frequentemente idênticas,
enquanto muitos transportadores funcionam como proteínas monoméricas. Alguns

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carreadores simplesmente facilitam a difusão em um gradiente de concentração, sendo
chamados de uniporte, outros (transportadores ativos) podem conduzir substratos através
da membrana contra um gradiente de concentração, usando energia fornecida diretamente
por uma reação química (transporte ativo primário) ou pelo acoplamento de um substrato
permitindo o transporte de outro (transporte ativo secundário).

Figura 2: Classificação dos transportadores. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M.,


NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).

Abaixo, seguem exemplos dos principais tipos de transporte:

Transporte passivo: A produção de energia nos eritrócitos é dependente do suprimento


constante de glicose plasmática. No sangue, a concentração de glicose é, em torno, de 5
mM, A glicose entra no eritrócito por difusão facilitada por meio de um transportador de
glicose específico (GLUT), nos eritrócitos, esse transportador é denominado de GLUT1.
Os GLUTs são proteínas de membrana integrais que facilitam o transporte de glicose para
o interior das células. O processo de transporte de glicose pode ser descrito por analogia
com uma reação enzimática em que o "substrato" é a glicose fora da célula (Sfora), o
“produto” é a glicose dentro (Sdentro), e a "enzima" é o transportador, T. Quando a taxa
de captação de glicose é medida em função da concentração externa de glicose (Figura 3), o
gráfico resultante é hiperbólico, pois em altas concentrações de glicose no lado externo, a
taxa de captação se aproxima da Vmax.

Figura 3: Cinética do transporte de glicose para os eritrócitos. A taxa inicial de entrada de glicose no
eritrócito, V0, depende da concentração inicial de glicose do lado de fora, [S] fora. (Extraído e
modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed).

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O eritrócito contém ainda outro sistema de difusão facilitada, que permite a troca de ânions
e é essencial para o transporte de CO2 dos tecidos para os pulmões. Os resíduos de CO2
liberados dos tecidos no sangue entram nos eritrócitos, onde são convertidos em
bicarbonato pela enzima anidrase carbônica. O bicarbonato então, passa novamente para o
sangue, onde circula até os pulmões. Como o bicarbonato é muito mais solúvel no plasma
que o CO2, esta rota aumenta a capacidade do sangue em transportar o dióxido de carbono
dos tecidos para os pulmões. Nos pulmões, o bicarbonato entra novamente no eritrócito e
é convertido em CO2, que é lançado no espaço pulmonar e exalado. Para ser eficiente,o
transporte de bicarbonato através da membrana do eritrócito precisa ser muito rápido. Por
isso, a proteína de troca aniônica (AE) aumenta a permeabilidade da membrana do
eritrócito ao bicarbonato mais de um milhão de vezes. Assim como o transportador de
glicose, a AE é uma proteína integral de membrana. Esta proteína permite o transporte
simultâneo de dois ânions: para cada íon bicarbonato que se move em uma direção, um íon
de Cloro se move na direção oposta. O acoplamento do transporte neste caso é
obrigatório, ou seja, na falta de cloreto, o transporte de bicarbonato para. Esse exemplo é
um exemplo típico de sistema de transporte chamado cotransporte, onde dois solutos
atravessam a membrana simultaneamente. Quando os dois substratos se movem em
direções opostas é denominado antiporte. No simporte, dois substratos são movido
simultaneamente na mesma direção. Como vimos anteriormente, transportadores que
carregam apenas um substrato, como o transportador de glicose dos eritrócitos são
denominados de uniporte. (Figura 4).

Figura 4: As três classes gerais de sistemas de transporte. Os transportadores diferem no número de


solutos (substratos) a serem transportados e na direção na qual cada um é transportado. Observe
que esta classificação não diz respeito a necessidade de energia (transporte ativo)ou processos
independentes de energia (transporte passivo). (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M.,
NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).

Se no transporte passivo, o soluto transportado obedece a um gradiente eletroquímico e


não é acumulado acima da concentração de equilíbrio, no transporte ativo é o contrário, ele
resulta no acúmulo de um soluto acima do ponto de equilíbrio. O transporte ativo é
termodinamicamente desfavorável (endergônico) e acontece apenas quando acoplado
(direta ou indiretamente) a um processo exergônico, como a absorção da luz solar, uma
reação de oxidação, a quebra de ATP, ou o fluxo concomitante a alguma outra espécie
química em seu gradiente eletroquímico. No transporte ativo primário, o acúmulo de soluto
é acoplado diretamente a uma reação química exergônica, como a conversão de ATP em
ADP+Pi (Figura 5). No transporte ativo secundário ocorre o transporte endergônico, onde

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o transporte de um soluto é acoplado ao fluxo exergônico de um soluto diferente, que foi
originalmente bombeado pelo transporte ativo primário (figura 5).

Figura 5: Os dois tipos de transporte ativo. À esquerda: no transporte ativo primário, a energia
liberada pela hidrólise de ATP impulsiona o movimento do soluto contra um gradiente
eletroquímico. À direita: no transporte ativo secundário, um gradiente de íon X (frequentemente Na)
foi estabelecido por transporte ativo primário. O movimento de X agora fornece a energia para
conduzir o co-transporte de um segundo soluto(S) contra seu gradiente eletroquímico. (Extraído e
modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed).

A maioria das células mantém diferenças nas concentrações de íons entre o meio
extracelular e o meio intracelular, portanto, para muitas células e tecidos o transporte ativo
é um importante processo consumidor de energia. Como dito anteriormente, o transporte
ativo primário ocorre acoplado a uma fonte de energia metabólica, como a hidrólise de
ATP. Aqui, descreveremos os principais tipos de transportadores ativos.

• A família de transportadores ativos chamados ATPases do tipo P (ou bombas do


tipoP) são transportadores de cátions controlados por ATP. Eles são
reversivelmente fosforilados por ATP como parte do ciclo de transporte. A
fosforilação força uma mudança conformacional que move o cátion através da
membrana. Cada transportador de ATPase tipo P é uma proteína integral de
membrana. Os transportadores do tipo P são amplamente distribuídos. Em tecidos
animais, a bomba de Na+ K+ ATPase (um antiporte para Na+ e K+) e a Ca2+
ATPase (um uniporte para Ca2+) são ATPases do tipo P que mantêm diferenças na
composição iônica do citosol e do meio extracelular. Nas células parietais do
estômago tem uma ATPase tipo P que bombeia H+ e K+ através da membrana
plasmática, acidificando assim o conteúdo do estômago. Em praticamente todos os
tipos de células animais, a concentração de Na+ é menor no interior da célula do
que no meio extracelular e a concentração de K+ é maior (Figura 6). Este
desequilíbrio é mantido por um sistema de transporte ativo primáriona membrana
plasmática. A enzima Na+ K+ ATPase hidrolisa o ATP em ADP e Pi e o
transportador move dois íons de K+ para dentro e três íon de Na+ para fora.

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Figura 6: Bomba de Na+ K+ ATPase. Em células animais, este tipo de transporte ativo é o principal
responsável por definir e manter as concentrações de Na+ e K+ e para gerar a potencial elétrico
transmembrana.. Ele faz isso movendo três Na+ para fora da célula para cada dois K+ que se move
para dentro. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M.
Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).

• Os transportadores ativos ATPase do tipo F (ou bombas do tipo F) desempenham


um papel central nas reações de conservação de energia nas mitocôndrias. Na
disciplina de bioquímica, o funcionamento dessas bombas será discutido em
detalhes. As ATPases do tipo F catalisam a passagem transmembrana de prótons,
impulsionado pela hidrólise de ATP.

• Os transportadores ABC constituem uma grande família de transportadores


dependentes de ATP que bombeiam aminoácidos, peptídeos, proteínas, íons
metálicos, vários lipídios, sais biliares e muitos compostos hidrofóbicos, incluindo
drogas, contra um gradiente de concentração. Em humanos, o transportador ABC
(MDR1 - transportador de multifármacos), é responsável pela resistência de certos
tumores a algumas drogas antitumorais. Ao bombear essas drogas para fora das
células, o transportador impede seu acúmulo dentro do tumor e, portanto, bloqueia
seu efeito terapêutico antitumoral. Apesar de muitos dos transportadores ABC
estarem na membrana plasmática, alguns tipos também são encontrados no retículo
endoplasmático, nas membranas das mitocôndrias e lisossomos.

Os gradientes de íons formados pelo transporte primário de Na pode, por sua vez, fornecer
a força motriz para o cotransporte de outros solutos. Nas células epiteliais intestinais,
aglicose e certos aminoácidos são transportados por simporte com Na+, à partir do
gradiente de Na+ estabelecido pelo Na+ K+ ATPase da membrana plasmática (Figura 7). A
superfície apical da célula epitelial intestinal é contém microvilosidades (projeções longas e
finas da membrana plasmática) que aumentam muito a área de superfície exposta ao
conteúdo intestinal). Simportadores de Na+ - glicose na membrana plasmática apical
absorve glicose do intestino em um processo conduzido pelo fluxo Na+. A energia
necessária para este processo vem de duas fontes: a maior concentração de Na+ do lado de
fora (o potencial químico) e o potencial transmembrana(o potencial elétrico), que é
negativo do lado de dentro e, portanto, atrai Na+ para dentro. Esse cotransporte pode

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bombear glicose para dentro da célula epitelial intestinal até que sua concentração seja de
cerca 9.000 vezes a do lúmen intestinal. Conforme a glicose é bombeada lumen intestinal
para a célula epitelial, é simultaneamente movida da célula para o sangue por transporte
passivo através de um transportador de glicose (GLUT2) na superfície basal (Figura 7). O
papel crucial do Na+ em sistemas de simporte e antiporte, como este, requer o
bombeamento contínuo para fora de Na+ para manter o gradiente de Na+ transmembrana.

Figura 7: Transporte de glicose nas células epiteliais intestinais. A glicose é co-transportada com
Na+ através da membrana plasmática apical da célula epitelial.. A glicose então se move para a
superfície basal a célula, onde passa para o sangue via GLUT2, Abomba de Na+ K+ ATPase
continua a bombear Na+ para fora para manter o gradiente de Na+ que impulsiona a captação de
glicose. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios
de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).

Canais iônicos: foram identificados pela primeira vez em neurônios, porém estão
amplamente distribuídos nas membranas plasmáticas de todas as células, bem como nas
membranas intracelulares de eucariotos, fornecendo um outro mecanismo para o
transporte de íons através das membranas. Os canais iônicos, assim como a bomba de Na+
K+ ATPase, determina a permeabilidade da membrana plasmática a íons específicos, regula
a concentração citosólica de íons e o potencial de membrana. Nos neurônios, mudanças
muito rápidas na atividade dos canais iônicos causam as mudanças no potencial de
membrana que carregam sinais de uma extremidade a outra do neurônio. Em miócitos, a
abertura rápida dos canais de Ca2+ no retículo sarcoplasmático libera o Ca2+ que
desencadeia a contração muscular. As funções de sinalização dos canais iônicos serão
discutidas na aula de comunicação celular. Os canais de iônicos são distintos dos
transportadores de íons de, pelo menos três maneiras. Primeiro, a taxa de fluxo dos canais
pode ser de muito maior que a de um transportador, uma vez que os canais não precisam
interagir com o substrato a ser transportado, eles funcionam como portões que se abrem
na membrana permitindo a passagem de íons. Segundo, os canais iônicos não sofrem
saturação e, terceiro, eles podem ser regulados (abrirem ou fecharem) em resposta a algum
evento celular.Nos canais iônicos controlados por ligante, a ligação de uma pequena
molécula num domínio extracelular ou intracelular força a abertura ou o fechamento do
canal. Nos canais iônicos dependentes de voltagem, uma mudança no potencial elétrico da
membrana (Vm) promove a abertura ou o fechamento do canal. Um canal normalmente
abre em uma fração de milissegundo e pode permanecer aberto por apenas milissegundos,

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tornando esses dispositivos moleculares eficazes para sinais muito rápidos, como a
transmissão no sistema nervoso.

• A membrana plasmática de neurônios, cardiomiócitos e de miócitos da musculatura


esquelética apresentam canais iônicos para o Na+ que percebem alterações no
gradiente elétrico através da membrana e respondem abrindo ou fechando. Esses
canais iônicos dependentes de voltagem são tipicamente muito seletivos para Na+
em relação a outros cátions monovalentes ou divalentes. Normalmente, no estado
de repouso encontram-se fechados e são abertos — ativados — por uma redução
no potencial elétrico da membrana, em seguida, sofrem inativação muito rápida.
Dentro de milissegundos após a abertura, o canal fecha e permanece inativo por
muitos milissegundos. A ativação seguida de inativação dos canais de Na+ são a
base para a sinalização pelos neurônios.

• Outro canal iônico muito bem estudado é o receptor nicotínico de acetilcolina,


essencial na passagem de um sinal elétrico de um neurônio motor para uma fibra
muscular na junção neuromuscular (sinalizando ao músculo para contarir). A
acetilcolina liberada pelo neurônio motor difunde-se alguns micrômetros para a
membrana plasmática de um miócito, onde se liga ao receptor de acetilcolina. Isso
força uma mudança conformacional no receptor, fazendo com que seu canal iônico
se abra. O resultado é o movimento de cargas positivas despolarizando a
membrana plasmática e desencadeando a contração. O receptor de acetilcolina
permite que Na+, Ca2+ e K+ atravessem com igual facilidade, porém outros cátions
e todos os ânions são incapazes de atravessar. Mais uma vez, o canal se abre (em
resposta à estimulação pela molécula sinalizadora (acetilcolina, nesse caso) e, após
uma fração de segundo se fecha. Assim, o sinal de acetilcolina é transiente - uma
característica essencial da condução de sinais elétricos.

Transporte de água através da membrana: Uma família de proteínas integrais de membrna,


as aquaporinas (AQPs), fornecem canais para o transporte das moléculas de água em todas
as membranas plasmáticas. Em humanos, já foram descritas dez aquaporinas, cada uma
com seu papel especializado. Em eritrócitos, as aquaporinas são responsáveis pelo aumento
ou diminuição do volume dessa célula, em resposta a mudanças na osmolaridade
extracelular. No néfron (a unidade funcional do rim), as membranas plasmáticas ddas
células do túbulo renal proximal têm cinco tipos diferentes de aquaporinas, pois essas
células reabsorvem água durante a formação da urina, um processo no qual o movimento
da água através das membranas é essencial.

Questões dirigidas:

1. Os carboidratos são absorvidos nas células epiteliais do intestino sob a forma de


monossacarídeos. O transporte das hexoses liberadas (glicose, galactose e frutose) é
executado por mecanismos específicos.

• A partir da imagem abaixo, identifique os tipos de transportes associados a este evento e


as características de cada um deles.

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• Qual seria o efeito decorrente da inibição da Na+K+ ATPase neste sistema?

2. De acordo com a figura abaixo, classifique o tipo de transporte e explique as principais


diferenças entre transporte mediado por carreadores e proteínas de canal.

3. De acordo com o gráfico abaixo, explique o tipo de transporte representado.

4. A concentração citosólica de Ca+2 livre é, geralmente, bem menor que a circulante. Ao


contrário, as concentrações de fosfatos inorgânicos (Pi e PPi) no citosol apresentam-se em
concentrações milimolares. Esta relação é fundamental, pois o íon fosfato se combina com
o cálcio formando fosfato de cálcio, que é relativamente insolúvel. Em condições onde há
o aumento dos níveis de cálcio intracelular, ocorre um mecanismo de transporte com o
intuito de manter a relação Ca: P. Explique o tipo de transporte envolvido nesta situação.

Links para ajudar:

https://youtu.be/f44m6EXlg7I https://youtu.be/RqIcG132A74

https://youtu.be/Dyc9JVtvFJs https://youtu.be/GVZJqcPOvPo

https://youtu.be/yg8-H4s71qw https://youtu.be/1EX7Tn8cdyo

https://youtu.be/LdKP_OmvlNA https://youtu.be/pPV1EgxMLxU

https://youtu.be/xlQekxRjjq4

https://youtu.be/7pXvVrYP5fs
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