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Centro Biomédico
PAE - 2020-1
Apostila:
Transporte através de membranas: íon e pequenas moléculas
Esta apostila foi formulada para auxiliar o ensino remoto de biologia celular para o curso
de nutrição, durante o período acadêmico emergencial (PAE), em função da pandemia do
novo Coronavírus. Trata-se de um material de apoio ao estudante e, como tal, não substitui
a bibliografia recomendada. Cabe ressaltar que essa apostila não tem fins lucrativos e,
portanto, não deve ser comercializada, sob nenhuma hipótese.
2020
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Transporte através de membranas: íons e pequenas moléculas
I. Introdução:
Tipos de transporte:
Difusão simples: Quando dois compartimentos aquosos, separados por uma membrana
permeável, apresentam concentrações diferentes de um composto solúvel ou íon, o soluto
se move por difusão simples da região de maior concentração, através da membrana, para a
região de menor concentração, até que os dois compartimentos tenham concentrações
iguais de soluto (Figura 1). Quando íons de cargas opostas são separadas por uma
membrana permeável, há um gradiente elétrico transmembrana, ou seja, um potencial de
membrana, Vm (expresso em volts ou milivolts). Este potencial de membrana produz uma
força oposta de movimentação dos íons que aumentam Vm, impulsionando o transporte
desse íon pela membrana, reduzindo a Vm (Figura 1). Assim, a direção em que um soluto
carregado tende a se mover espontaneamente através de uma membrana depende do
gradiente químico (a diferença na concentração de soluto) e do gradiente elétrico (Vm)
através da membrana. Esses dois fatores são chamados de gradiente eletroquímico ou
potencial eletroquímico. Este comportamento dos solutos está de acordo com a segunda lei
da termodinâmica: as moléculas tendem a espontaneamente assumir a distribuição de maior
aleatoriedade e menor energia.
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Figura 1: Movimento de solutos através de uma membrana permeável (difusão simples). À esquerda:
o movimento líquido de solutos eletricamente neutros é em direção ao lado de menor concentração
de soluto até que o equilíbrio seja alcançado. As concentrações de soluto nos lados esquerdo e
direito da membrana são designadas C1 e C2. A taxa de movimento transmembrana (indicada pelas
setas grandes) é proporcional ao gradiente de concentração, C1 / C2. À direita: O movimento
líquido de solutos carregados eletricamente é ditado por uma combinação do potencial elétrico
(Vm) e diferença da concentração química através da membrana; o movimento do íon continua até
este potencial eletroquímico chegue a zero. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M.,
NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).
O transporte de um soluto polar ou carregado através de uma bicamada lipídica requer uma
grande quantidade de energia, isto porque este soluto precisa deixar de interagir com as
moléculas de água em sua camada de hidratação. Essa energia desprendida é recuperada
após o soluto atravessar a membrana e chegar ao outro lado, onde é reidratado. Contudo, o
estagio intermediário de passagem transmembrana é um estado de alta energia, comparável
ao estado de transição em uma reação química catalisada por uma enzima. Essa energia de
ativação, necessária para a translocação de um soluto polar através de uma bicamada, é tão
grande que bicamadas lipídicas puras são virtualmente impermeáveis para espécies polares
e carregadas ao longo de processos como o crescimento e a divisão celular.
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carreadores simplesmente facilitam a difusão em um gradiente de concentração, sendo
chamados de uniporte, outros (transportadores ativos) podem conduzir substratos através
da membrana contra um gradiente de concentração, usando energia fornecida diretamente
por uma reação química (transporte ativo primário) ou pelo acoplamento de um substrato
permitindo o transporte de outro (transporte ativo secundário).
Figura 3: Cinética do transporte de glicose para os eritrócitos. A taxa inicial de entrada de glicose no
eritrócito, V0, depende da concentração inicial de glicose do lado de fora, [S] fora. (Extraído e
modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed).
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O eritrócito contém ainda outro sistema de difusão facilitada, que permite a troca de ânions
e é essencial para o transporte de CO2 dos tecidos para os pulmões. Os resíduos de CO2
liberados dos tecidos no sangue entram nos eritrócitos, onde são convertidos em
bicarbonato pela enzima anidrase carbônica. O bicarbonato então, passa novamente para o
sangue, onde circula até os pulmões. Como o bicarbonato é muito mais solúvel no plasma
que o CO2, esta rota aumenta a capacidade do sangue em transportar o dióxido de carbono
dos tecidos para os pulmões. Nos pulmões, o bicarbonato entra novamente no eritrócito e
é convertido em CO2, que é lançado no espaço pulmonar e exalado. Para ser eficiente,o
transporte de bicarbonato através da membrana do eritrócito precisa ser muito rápido. Por
isso, a proteína de troca aniônica (AE) aumenta a permeabilidade da membrana do
eritrócito ao bicarbonato mais de um milhão de vezes. Assim como o transportador de
glicose, a AE é uma proteína integral de membrana. Esta proteína permite o transporte
simultâneo de dois ânions: para cada íon bicarbonato que se move em uma direção, um íon
de Cloro se move na direção oposta. O acoplamento do transporte neste caso é
obrigatório, ou seja, na falta de cloreto, o transporte de bicarbonato para. Esse exemplo é
um exemplo típico de sistema de transporte chamado cotransporte, onde dois solutos
atravessam a membrana simultaneamente. Quando os dois substratos se movem em
direções opostas é denominado antiporte. No simporte, dois substratos são movido
simultaneamente na mesma direção. Como vimos anteriormente, transportadores que
carregam apenas um substrato, como o transportador de glicose dos eritrócitos são
denominados de uniporte. (Figura 4).
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o transporte de um soluto é acoplado ao fluxo exergônico de um soluto diferente, que foi
originalmente bombeado pelo transporte ativo primário (figura 5).
Figura 5: Os dois tipos de transporte ativo. À esquerda: no transporte ativo primário, a energia
liberada pela hidrólise de ATP impulsiona o movimento do soluto contra um gradiente
eletroquímico. À direita: no transporte ativo secundário, um gradiente de íon X (frequentemente Na)
foi estabelecido por transporte ativo primário. O movimento de X agora fornece a energia para
conduzir o co-transporte de um segundo soluto(S) contra seu gradiente eletroquímico. (Extraído e
modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed).
A maioria das células mantém diferenças nas concentrações de íons entre o meio
extracelular e o meio intracelular, portanto, para muitas células e tecidos o transporte ativo
é um importante processo consumidor de energia. Como dito anteriormente, o transporte
ativo primário ocorre acoplado a uma fonte de energia metabólica, como a hidrólise de
ATP. Aqui, descreveremos os principais tipos de transportadores ativos.
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Figura 6: Bomba de Na+ K+ ATPase. Em células animais, este tipo de transporte ativo é o principal
responsável por definir e manter as concentrações de Na+ e K+ e para gerar a potencial elétrico
transmembrana.. Ele faz isso movendo três Na+ para fora da célula para cada dois K+ que se move
para dentro. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M.
Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).
Os gradientes de íons formados pelo transporte primário de Na pode, por sua vez, fornecer
a força motriz para o cotransporte de outros solutos. Nas células epiteliais intestinais,
aglicose e certos aminoácidos são transportados por simporte com Na+, à partir do
gradiente de Na+ estabelecido pelo Na+ K+ ATPase da membrana plasmática (Figura 7). A
superfície apical da célula epitelial intestinal é contém microvilosidades (projeções longas e
finas da membrana plasmática) que aumentam muito a área de superfície exposta ao
conteúdo intestinal). Simportadores de Na+ - glicose na membrana plasmática apical
absorve glicose do intestino em um processo conduzido pelo fluxo Na+. A energia
necessária para este processo vem de duas fontes: a maior concentração de Na+ do lado de
fora (o potencial químico) e o potencial transmembrana(o potencial elétrico), que é
negativo do lado de dentro e, portanto, atrai Na+ para dentro. Esse cotransporte pode
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bombear glicose para dentro da célula epitelial intestinal até que sua concentração seja de
cerca 9.000 vezes a do lúmen intestinal. Conforme a glicose é bombeada lumen intestinal
para a célula epitelial, é simultaneamente movida da célula para o sangue por transporte
passivo através de um transportador de glicose (GLUT2) na superfície basal (Figura 7). O
papel crucial do Na+ em sistemas de simporte e antiporte, como este, requer o
bombeamento contínuo para fora de Na+ para manter o gradiente de Na+ transmembrana.
Figura 7: Transporte de glicose nas células epiteliais intestinais. A glicose é co-transportada com
Na+ através da membrana plasmática apical da célula epitelial.. A glicose então se move para a
superfície basal a célula, onde passa para o sangue via GLUT2, Abomba de Na+ K+ ATPase
continua a bombear Na+ para fora para manter o gradiente de Na+ que impulsiona a captação de
glicose. (Extraído e modificado: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios
de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed).
Canais iônicos: foram identificados pela primeira vez em neurônios, porém estão
amplamente distribuídos nas membranas plasmáticas de todas as células, bem como nas
membranas intracelulares de eucariotos, fornecendo um outro mecanismo para o
transporte de íons através das membranas. Os canais iônicos, assim como a bomba de Na+
K+ ATPase, determina a permeabilidade da membrana plasmática a íons específicos, regula
a concentração citosólica de íons e o potencial de membrana. Nos neurônios, mudanças
muito rápidas na atividade dos canais iônicos causam as mudanças no potencial de
membrana que carregam sinais de uma extremidade a outra do neurônio. Em miócitos, a
abertura rápida dos canais de Ca2+ no retículo sarcoplasmático libera o Ca2+ que
desencadeia a contração muscular. As funções de sinalização dos canais iônicos serão
discutidas na aula de comunicação celular. Os canais de iônicos são distintos dos
transportadores de íons de, pelo menos três maneiras. Primeiro, a taxa de fluxo dos canais
pode ser de muito maior que a de um transportador, uma vez que os canais não precisam
interagir com o substrato a ser transportado, eles funcionam como portões que se abrem
na membrana permitindo a passagem de íons. Segundo, os canais iônicos não sofrem
saturação e, terceiro, eles podem ser regulados (abrirem ou fecharem) em resposta a algum
evento celular.Nos canais iônicos controlados por ligante, a ligação de uma pequena
molécula num domínio extracelular ou intracelular força a abertura ou o fechamento do
canal. Nos canais iônicos dependentes de voltagem, uma mudança no potencial elétrico da
membrana (Vm) promove a abertura ou o fechamento do canal. Um canal normalmente
abre em uma fração de milissegundo e pode permanecer aberto por apenas milissegundos,
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tornando esses dispositivos moleculares eficazes para sinais muito rápidos, como a
transmissão no sistema nervoso.
Questões dirigidas:
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• Qual seria o efeito decorrente da inibição da Na+K+ ATPase neste sistema?
https://youtu.be/f44m6EXlg7I https://youtu.be/RqIcG132A74
https://youtu.be/Dyc9JVtvFJs https://youtu.be/GVZJqcPOvPo
https://youtu.be/yg8-H4s71qw https://youtu.be/1EX7Tn8cdyo
https://youtu.be/LdKP_OmvlNA https://youtu.be/pPV1EgxMLxU
https://youtu.be/xlQekxRjjq4
https://youtu.be/7pXvVrYP5fs
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