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Claude Bernard: Primeiro grande fisiologista. A investigação de qualquer órgão/célula pode começar por
partes, mas deve sempre posta em contexto, para que haja noção do papel da molécula no organismo.
Homeostasia: Capacidade de um sistema biológico aberto se autorregular de forma a manter estáveis as suas
condições internas, independentemente das condições e/ou alterações ambientais externas.
Organização hierárquica do corpo humano: única célula → células diferenciadas → Tecidos → órgãos →
sistemas de órgãos. Durante a diferenciação, as células dividem-se em 4 tipos de especialização: epiteliais
(tecido epitelial), conjuntivas (tecido conjuntivo),
nervosas (tecido nervoso) e células musculares (tecido
muscular). A maioria dos órgãos é constituída por
quase todos estes tipos de tecidos.
Membrana celular
50% são proteínas – envolvidas na sinalização celular,
estabilidade estrutural do tecido (ligação a outras
células ou elementos da matriz extracelular) ou no
transporte de substâncias através da membrana.
A maior parte dos compostos – água, iões e outros solutos - depende de mediadores proteicos para atravessar
a membrana, que estabelecem poros/canais ou sistemas de transporte na membrana assim como de outros
sistemas de transposição mais complexos como a endocitose e a exocitose.
Poros/Canais
Criam um poro hidrófilo na membrana, permitindo a difusão de substâncias polares, a favor do seu gradiente
de concentração. O fluxo é rápido e só depende do gradiente de concentração. Estes não são transportadores,
porque as substâncias que eles permitem entrar não se ligam diretamente ao canal, é um poro que permite a
difusão. No entanto, os canais iónicos são muito seletivos, pois só são permeáveis a um ou dois iões. A
abertura do canal pode ser mediada por alteração conformacional total, parcial ou remoção de partícula de
bloqueio, desencadeados por estímulos (elétricos, químicos e mecânicos).
Transporte transcelular: Através da travessia nas células - epitélio do intestino, pulmão e vasos sanguíneos -
locais onde as substâncias necessárias à vida entram no organismo ou passam do sangue para os tecidos.
Transporte intercelular: A células podem ter mecanismos de transporte diretos – junções - canais que ligam
uma célula a outra, regulando a passagem de substâncias.
Há ainda a endocitose (absortiva, fagocitose, transcitose) e exocitose. Todos estes processos são muito
específicos, pois há recetores, a célula tem de conhecer as substâncias, não há endocitose só por si.
Mecanismos de sinalização/comunicação
→ Todos estes mecanismos coexistem nos tecidos e exceto as junções, envolvem recetores.
Localização dos receptores: membranares ou intracelulares (citoplasma ou núcleo - ou acabam por ser
translocados para este, tendo ação na regulação da transcrição génica). A localização do recetor reflete a
natureza química do mensageiro e a sua função principal. Ex: Os mensageiros hidrófilos não conseguem passar
na membrana pelo que têm de ter um recetor lá, enquanto os hidrófobos passam a membrana, mas têm de
ter um recetor no citoplasma/núcleo.
→ A ligação de um mensageiro a um recetor na membrana celular pode implicar transdução de sinal e diversas
proteínas intracelulares sinalizadoras e pequenas moléculas (segundos mensageiros) que atuam em muitas
proteínas alvo intracelulares, alterando metabolismo e outras funções celulares.
Diversidade de mensageiros
Aminas Biogénicas
Hormonas esteroides – Produzidas no córtex adrenal, ovários, testículos e placenta. No sangue, precisam de
ser transportadas por albumina (não específica) ou globulinas de ligação às hormonas sexuais/ aos
corticoesteróides (específicas). Dividem-se em:
Mensageiros atípicos:
Fosfato de esfingosina - obtido por hidrolise de lípidos membranares e tem uma ação autócrina.
Oxido nítrico - obtido pela arginina – regulação parácrina – das células endoteliais para o músculo
próximo que envolve os vasos.
Teoria dos recetores: Ligação mensageiro – recetor
A maioria dos sistemas homeostáticos necessita de assegurar a comunicação celular por mensageiros de
natureza química. O primeiro passo da ação do mensageiro químico na célula alvo consiste, geralmente, na
sua ligação a proteínas específicas dessa célula, os recetores. Os recetores de membrana são mais comuns,
pois a grande maioria dos mensageiros não consegue atravessar a membrana plasmática. Os recetores
intracelulares são alvo de substâncias hidrófobas ou lipossolúveis, que podem atravessar a membrana, como
por exemplo das hormonas esteroides os glucocorticoides.
A ligação de um mensageiro(M) a um recetor(R) pode caracterizar-se pela sua afinidade para esse recetor e
vice-versa, i.e., a força da sua interação. Esta interação pode ser estudada avaliando a extensão da ligação
como o aumento da concentração de mensageiro (curvas de saturação).
KD - constante de dissociação (1/KA) – concentração de mensageiro necessária para ocupar 50% dos recetores;
reflete o estado de equilíbrio entre as formas livres do recetor e do mensageiro e o complexo MR.
Resposta fisiológica
Acoplamento: conjunto de fenómenos que ocorrem entre a ligação do mensageiro e a resposta celular.
Importante relação: vermelho: curvs de ligação do mensageiro; azul – resposta.
Outra característica importante é a eficácia intrínseca (atividade) com que um mensageiro desencadeia a
resposta fisiológica a que está acoplado, seja esta celular (Ex: produção de cAMP), do tecido (Ex: contração do
músculo liso) ou sistémica. Esta pode avaliar-se pelo efeito máximo, Emáx, que esse mensageiro pode
desencadear. A potência de um mensageiro pode avaliar-se determinando a concentração de mensageiro que
produz 50% da resposta máxima, EC50. Menor EC50, maior potência.
→ A célula pode regular como responde a um mensageiro diminuindo ou aumentando o número de recetores.
Nos sistemas biológicos há, frequentemente, mais que um mensageiro a ligar-se a determinado recetor,
podendo haver competição. As diferenças na disponibilidade do mensageiro e nas afinidades dos mensageiros
para o recetor determinam qual estará preferencialmente ligado. As diferenças de afinidade podem ser
comparadas através dos seus KD. Um recetor é seletivo para um determinado mensageiro/fármaco quando
se liga a um mensageiro com um KD pelo menos 100x inferior ao dos outros, ou seja, o equilíbrio está muito
deslocado para a formação de MR.
A competição é um fenómeno importante na toxicologia e também na terapêutica, pois na maioria das vezes
queremos prevenir a ação de um mensageiro endógeno ou substituir a sua ação pela de um químico
adicionado exogenamente. Assim, podemos definir 2 tipos de fármacos consoante a sua ligação ao recetor:
• Agonista – Induz uma resposta biológica semelhante à do mensageiro endógeno. Para ser agonista
total, i.e., desencadear uma resposta máxima igual à do mensageiro endógeno (índice de eficácia = 1)
ou agonista parcial (índice de eficácia < 1). Na ausência de um ligando, muitos recetores exibem
atividade constitutiva (desencadeiam resposta biológica na ausência de mensageiros): os fármacos
capazes de estabilizar estes recetores numa conformação inativa denominam-se agonistas inversos
(índice de eficácia < 0).
• Antagonista – Liga-se com afinidade ao recetor, mas não induz resposta biológica (índice de eficácia
= 0), prevenindo parcial ou totalmente a ligação do mensageiro e respostas biológicas desencadeadas.
Os antagonistas podem ser substâncias endógenas, normalmente envolvidas na regulação da
atividade do recetor, ou substâncias exógenas (fármacos ou venenos). O antagonismo geralmente
resulta da competição com um mensageiro/agonista para o mesmo local (antagonismo competitivo)
mas também pode ocorrer por interação com outros locais de ligação (antagonismo alostérico ou
alotópico). A ligação ao recetor pode ser reversível ou irreversível dependendo da estabilidade do
complexo ligando-recetor formado.
Os antagonistas competitivos ligam-se no mesmo local que o mensageiro endógeno, reduzindo o número de
locais disponíveis para o mesmo. Não afetam a ligação máxima do agonista, mas deslocam a curva de ligação
para a direita, diminuindo a afinidade do recetor para o mensageiro. A sua ligação pode normalmente ser
revertida (antagonismo reversível) aumentando a concentração do mensageiro endógeno, desde que a
interação entre o antagonista e o recetor não envolva ligações covalentes (antagonismo irreversível). Diminui
a potência (curva de efeito máximo para a direita), mas não altera a eficácia.
Os antagonistas não competitivos não afetam a afinidade do mensageiro para o recetor, mas reduzem a sua
capacidade de desencadear uma resposta máxima. Podem ligar-se ao receptor noutro local/domínio da
proteína, que pode ser um local de modulação alostérica (antagonismo alostérico ou alotópico) podendo
afetar a ligação do mensageiro ao recetor ou interferir com a eficácia da sua ligação a outras moléculas,
afetando o seu acoplamento a mecanismos efetores ou de transdução de sinal e a resposta máxima. São
também considerados antagonistas não competitivos as substâncias que se ligam no mesmo local que o
mensageiro endógeno de forma irreversível (antagonismo pseudo-irreversível). Dependendo da quantidade
de antagonista que se ligou aos recetores, podem reduzir parcial ou totalmente a atividade do recetor.
A ligação de substâncias a locais de modulação alostérica pode também resultar na potenciação da ligação
e/ou atividade dos mensageiros endógenos/agonistas.
Uma célula também pode ter diferentes tipos de recetores para um só mensageiro, muitas vezes com
afinidades diferentes ou acoplados a mecanismos de transdução diferentes. A combinação deste mensageiro
com um dos tipos de recetor. Assim, a resposta celular será diferente, dependendo do tipo de recetor na
mesma célula.
Os recetores são importantes alvos de mecanismos de regulação fisiológica locais ou sistémicos. O seu nº,
afinidade e a sua eficácia podem assim ser regulados positiva/negativamente por vários processos. Os níveis
de recetores podem ser alvo de regulação negativa (‘downregulation’) pela própria célula em resposta a uma
elevação da concentração do mensageiro mais longa que o habitual (mecanismo de retroação negativa local)
ou por resposta a sinalização remota (hormonal ou nervosa). Os mecanismos envolvidos neste processo
podem incluir a inibição da expressão do recetor pela célula ou a internalização de recetores de membrana
(degradados ou reservados intracelularmente). Quando se dá a regulação positiva (‘upregulation’) podem
observar-se mecanismos inversos aos descritos acima, i.e., aumento da expressão dos genes que codificam os
recetores e inserção de recetores de reserva na membrana celular.
Sinalização Celular
Recetores de membrana
→ 3 grandes tipos de recetores de membrana:
▪ A própria molécula é um canal iónico e quando se dá o sinal, dá-se a abertura de canal com a
passagem de iões;
▪ Recetores relacionados à atividade enzimática, pode ser desencadeada pelo próprio recetor ou
proteínas que a ele se associam, cujo produto gera o sinal intracelular;
▪ Recetores acoplados a proteínas: geração do sinal do meio intracelular pelas proteínas G.
Recetores: Canais iónicos
1. Recetores para neurotransmissores. Estes necessitam de um sinal rápido, que é causado logo que há
abertura do canal.
2. Sistema sensorial: recetores na boca para detetar substâncias ácidas; HCN (gosto).
3. Sistema sensorial: canais sensíveis à concentração de Na+ (gosto).
Exemplo: recetor AMPA para o glutamato – um domínio N-terminal, um intermédio onde se liga o glutamato,
3 domínios transmembranares, é um heterotetrâmero. Quando o glutamato se liga ao recetor, há uma
abertura do canal e entrada de Na+ - é um canal de sódio.
1 – De Guanilil Ciclase: O péptido natriurético auricular (ANP) libertado pelo miocárdio, que sinaliza do coração
para o rim, vasos, liga-se ao homodímero no domínio extracelular, ativando o domínio intracelular com
atividade de guanilato ciclase (gera cGMP a partir do GTP) que ativa canais iónicos, fosfodiesterases e cinases
de proteínas dependentes de cGMP.
2- Recetores com atividade de cinase em resíduos de tirosina: A ligação do NGF (nerve growth factor) ao
recetor TrkA provoca uma dimerização das subunidades que, sem ser ativadas existem como monómeros.
Depois, há fosforilação recíproca nos seus resíduos de tirosina e também de Shc que promove a ativação de
3 cascatas de sinalização –> ativação de múltiplos mecanismos intracelulares (cinases e IP3-Ca2+).
3 – Recetor do TGF-β (transforming growth factor - citocina pro-inflamatória): Quando TGF-β se liga aos
recetores de tipo I e II, promove a formação do tetraheterodímero com 2 subunidades do tipo II e 2 do tipo I,
seguido da fosforilação das I pelas II. Depois, a subunidade I fosforila fatores de transcrição (Smad) e enzimas.
4 – Recetor da Insulina: Tem 4 subunidades ligadas por pontes persulfureto. 2 são responsáveis pela ligação
de 2 moléculas de insulina (2 moléculas por recetor) e as duas β são subunidades integrais que têm atividade
de cinase em resíduos de tirosina. A ativação do recetor induz primeiro auto-fosforilação das subunidades β
que depois induz atividade de cinase de resíduos de tirosina noutros enzimas intracelulares, como a Akt (cinase
B de proteínas) que tem ações na síntese de glicogénio, glicólise e inserção de transportadores de glucose na
membrana das células.
5 – Recetor da Prolactina/Hormona do crescimento: Após a ligação da PRL ou GH, o recetor dimeriza e traduz
sinais dependendo da ativação pela JAK (Janus kinase), que começa a fosforilação da JAK pela JAK associada à
outra subunidade. Ativada, JAK fosforila e ativa fatores de transcrição da família STAT5, permitindo que estes
migrem para o núcleo, ou enzimas celulares (alterações metabólicas).
O maior e mais diverso grupo de recetores de membrana em eucariotas. Proteínas globulares monoméricas
transmembranares que têm 7 domínios em forma de hélice α. Os domínios extracelulares (incluindo o N-
terminal) formam o local de ligação dos mensageiros. Os domínios intracelulares (incluindo o C-terminal)
participam na interação do recetor com moléculas do citoesqueleto e com as proteínas G que têm a
capacidade de ligar GTP e GDP. Podem ser:
▪ Pequenas (Rab, Arf, Ras, Rho) – menos comuns, intracelulares necessitam de uma proteína adaptadora
e do fator de troca da guanina (GEF) (GTP --> GDP) e outra proteína auxiliar para hidrolisar o GTP (fracas).
▪ Maiores (proteínas heterotriméricas) – mais comuns, 3 subunidades diferentes: α, β e γ. Duas, α e γ,
ancoradas lipidicamente à membrana. A sub α liga-se ao GDP quando inativa ou ao GTP quando ativa: Na
forma inativa o heterotrímero está ligado a um recetor inativo. Quando o mensageiro se liga este é
ativado, alterando a sua conformação o que ativa o heterotrímero, α dissocia-se das β e γ que
permanecem ancoradas à membrana embora desligados do recetor, podendo interagir com outras
proteínas da membrana efetoras. α liga-se ao GTP e as pG ficam ativas enquanto isto acontecer. Quando
o GTP é hidrolisado, volta a formar-se o heterotrímero inativo que se associa a um recetor inativo.
Há várias subclasses de proteínas G (GS, Gq, Gi/o) que diferem na sua subunidade α e que, quando ativas,
ativam uma cascata de sinalização diferente:
Isto acontece por intermédio de 2ºs mensageiros. Há um número enorme de proteínas que são sensíveis e
ativadas pelo Ca2+ (um dos 2ºs mensageiros mais importantes). Em cada passo há um potencial de amplificar
o sinal que chegou quando uma hormona chegou ao recetor.
→ As cinases são famílias de imensas proteínas intracelulares com pequenas diferenças e expressão
diferenciada em diferentes tecidos. São todas sensíveis e ativadas por cAMP. 2 subunidades catalíticas e as
reguladoras ligadas entre si. Quando 4 moléculas de cAMP se ligam às reguladoras, as catalíticas soltam-se,
podendo fosforilar os seus substratos. Na proteína cinase c de proteínas os domínios reguladores afastam-se,
para o catalítico ficar mais acessível aos substratos.
Calmodulina: Com a ligação do Ca2+, esta sofre alterações conformacionais que expõe os seus domínios
hidrófobos permitindo que formem interações com outras proteínas, enzimas. O complexo Ca2+- calmodulina
ligase, depois, a cinases dependente de calmodulina.
→ Qualquer um dos recetores de membrana, embora não esteja especificamente vocacionado para isso, tem,
também, uma ação na regulação da transcrição através da ativação de proteínas intracelulares. Ex: O fator de
transcrição CREB (cAMP response elemento-binding protein).
Recetores intracelulares
Quando não ativados, estão fora do núcleo associados a uma chaperonina. Só são translocados para o núcleo
quando são ativados pela ligação de uma hormona, que os dissocia das chaperoninas. Ex: Quando os
estrogénios se ligam ao recetor, há uma chaperonina que é libertada, o recetor dimeriza e migra para o núcleo,
onde se associa a RNA polimerase e a outros enzimas, de modo a promover a regulação da transcrição génica.
Normalmente liga-se as zonas dos recetores que tem zinc fingers e que estão muito aptas a ligar-se ao DNA,
como no caso da superfamília dos recetores esteróides.
Canais Iónicos
Criam um poro seletivo e hidrófilo na membrana permitindo a difusão de substâncias, sempre a favor do
gradiente de concentração e com uma velocidade de difusão próxima à da passagem de um composto
hidrófobo na membrana.
São muito seletivos e a abertura pode ser mediada por mais que um tipo de mecanismo: alteração
conformacional local/total ou remoção de uma partícula de bloqueio e tem como origem diversos estímulos.
Voltage-gated channels
Canais sensíveis a flutuações no potencial de membrana. Todas as assimetrias que se geram com os
mecanismos de transporte fazem com que haja potencial de membrana (-70/-75). Cada vez que um canal abre
na membrana e os gradientes se desfazem, há variações no potencial de membrana que fazem com que estes
canais (Na, Ca, K e Cl) reajam.
Ex: Canais de sódio dependentes de voltagem: família de canais responsável pela geração do potencial de ação.
Uma subunidade única, mas complexa com 6 domínios transmembranares. Grandes loops formam um único
poro que, normalmente, funciona
sozinho. A subunidades α pode, ou
não, estar associada a uma ou duas
subunidades β com função
reguladora. Hélices (a vermelho) são
sensíveis à voltagem e quando há
depolarização, rodam, aproximam-
se da superfície e abre o canal (1ms).
Depois volta a ficar indisponível para
receber alterações no potencial de
membrana durante vários ms pois
possui um domínio de inativação. São muitos genes que codificam para este tipo de canal, distribuídos de
forma diferenciada no humano: estímulo igual, cinética de resposta diferente.
Ex: Canais de potássio dependentes de voltagem: 2 famílias diferentes - uma com 6 domínios
transmembranares a outra só com 2. No entanto, tanto numa como noutra se organizam em homotetrâmeros.
Não têm domínio de inativação. Noção: a diversidade de canais de K dependentes de voltagem é imensa.
Canais
ativados por ligandos/mensageiros
Ligand-gated channels
Extracelulares
Ex1: Recetor AMPA para o glutamato, homo ou heterotetrâmero. Os recetores para o glutamato têm 3 canais
diferentes, pois também permeiam Na+, K+ e dependendo da composição Ca2+. Poro pouco seletivo.
Ex2: Epitélio olfativo - reconhece as moléculas do ar. Retina - mecanismo semelhante ao anterior, canais
heterotetrâmeros.
Canais ativados por temperatura
Importantes para o sistema sensorial, alguns são ativados pelo frio, outros pelo calor. A diferença de
temperatura causa alterações conformacionais nos pequenos domínios, inseridos fora e dentro da membrana,
e na solvatação. Quando a hélice fica mais vertical, deixa passar os iões. Há ainda uma família destes canais
sensíveis a gamas de temperaturas.
Células osmorrecetoras do hipotálamo - Detetam o nosso grau de hidratação. São sensíveis à tensão do meio
extracelular sobre a membrana. Falta de água – meio extracelular hipertónico → célula “mirra” →
superfuncionamento dos canais → sensação de sede e libertação de vasopressina. Falta de sódio/sais – meio
extracelular hipotónico → célula incha → silenciamento do funcionamento dos canais.
Seletividade: a distância a que se estabelece a esfera de solvatação varia com a dimensão e densidade de
carga do ião. Para além dos iões Na+ serem mais pequenos, quando entram no canal, não conseguem
estabelecer interação com os grupos carbonilo do poro, voltando a sair.
Outros canais
Têm poros maiores e outras características diferentes:
Aquaporinas – Homotetrâmeros que permitem a passagem de H2O ou até algumas moléculas não polares,
pela membrana ou organelos intracelulares. São um conjunto de moléculas e não uma molécula. Envolvidas
na homeostase sistémica da água, metabolismo de adipócitos, edema cerebral, migração celular e secreção
de fluidos pelo epitélio.
Conexinas – Formam conexões (hemicanais de 6 subunidades de conexinas) que se ligam(1 em cada célula)
para constituir poros enormes. Estes formam as junções de hiato/comunicantes. As conexões podem ser
fechadas/abertas pela célula(rotação). Importantes na neurotransmissão elétrica, contração do músculo
cardíaco e liso, transporte epitelial de iões.
→ Guide to pharmacology – os canais de que falamos são os principais alvos farmacológicos, para qualquer
tipo de doenças.
Mecanismos de regulação homeostática
O sistema nervoso (com ênfase no SN Autónomo) e o sistema
endócrino complementam-se na coordenação dos processos
homeostáticos. A principal diferença entre estes é os tempos de
resposta. Este sistema integrador é controlado pelo cérebro.
→ Podemos ter mais do que um mecanismo efetor/de controlo na resposta a uma determinada perturbação
de um sistema fisiológico:
3 – Descida de Temperatura
✓ Controlador - CNS;
✓ Sensor – Termorrecetores (hipotálamo e periféricos);
✓ Valor de referência – Temperatura interna normal (37oC)
✓ Mecanismo de controlo - SNA (inervação, vasos, músculos piloerectores) e SNS (controlo involuntário
da musculatura).
✓ Sistemas efetores – vasos, músculo, pelo.
→ O centro integrador está em células do hipotálamo que vão alterar o funcionamento das células. Esta
resposta pode ser:
1- Constrição dos vasos periféricos (mais apertados, para menos sangue e menor perda de calor à
superfície do corpo)
2- O SNA recruta o SNSresposta do músculo esquelético com o tremor – gera calor.
3- Arrepiar cria uma camada de ar entre o pelo e a pele para o calor não escapar para o exterior (animais).
→ O valor de referência está sempre codificado na expressão de proteínas, num grupo de células.
→ As formas pelas quais o organismo controla o metabolismo têm de ter um sistema de STOP. A resposta não
pode continuamente surtir efeito quando já não é precisa! → Controlo de cascatas de ativação enzimática,
controlo de cascatas de ativação hormonal.
Retroação negativa
Secreção das hormonas na tiroide: 1º - O hipotálamo liberta a TRH (hormona
libertadora de tirotrofina) que estimula a produção e libertação de TSH
(tirotrofina), pela hipófise anterior, que por sua vez induz a libertação de hormonas
da tiroide. Quando há suficiente quantidade, estas hormonas inibem a libertação
das anteriores.
Autorreceptores: Regulam o funcionamento da célula em função da sua própria atividade. Ex: Quando o
neurotransmissor é libertado, liga-se a autorreceptores no terminal do próprio neurónio que inibem a
libertação de mais neurotransmissores, para não haver excesso – também é um sistema de retroação negativa
em que o neurotransmissor regula a sua própria libertação.
Retroação positiva
Controlo da contração uterina pela oxitocina: No nascimento, dá-se a quebra do ciclo de retroação positiva.
Controlo da coagulação sanguínea: Quando um vaso é danificado libertam-se das células endoteliais muitos
sinais que levam as plaquetas para a zona de reparação e estas libertam mais sinais para trazer mais plaquetas,
num processo que só acaba quando o vaso está sarado.
Mecanismos de controlo homeostático: ritmos biológicos, aclimatização e adaptação
Aclimatização: Resposta à exposição contínua a situações extremas como altitude ou ambientes muito frios.
É como se houvesse uma redefinição (‘reset’) dos valores de referência usados no controlo homeostático.
Adaptação: ocorre de forma mais lenta, pois é uma adaptação ao nível da espécie e permanente, ocorre
através dos genes. Ex: Proteção dos UV pela pele escura.
Ritmos circadianos: O corpo gere os recursos com alguma antecipação. Ainda antes de nos deitarmos, o corpo
antecipa que está a chegar a hora de dormir e baixa a temperatura corporal.
Junções oclusivas junto à face externa das células epiteliais formam uma
barreira à maior parte das substâncias (via paracelular).
• Conjuntivo
• Epitelial
• Nervoso
• Muscular
Tecido conjuntivo
Ao contrário de outros tecidos, não é constituído
maioritariamente por células, mas sim, por um conjunto
de moléculas que constituem todas elas a matriz
extracelular. É o tipo de tecido mais abundante e distribuído no organismo. É constituído por fibras e
substância fundamental (matriz extracelular) e células.
Fibras
Proteínas que se polimerizam formando estruturas alongadas. Principais: colagénio, reticulares ou elásticas.
Fibras de colagénio
Aminoácidos da cadeia α → hélice tripla (molécula em si) → fibrilhas de colagénios → fibras de colagénio.
→ A biossíntese do colagénio (no fibroblasto) é uma cascata com vários passos pós-traducionais, no RER
(preprocolagénio → hidroxilação da prolina e lisina, glicosilação → procolagénio). Depois da passagem pelo
complexo de Golgi, chega ao espaço extracelular onde continua o processamento (clivagem dos terminais do
procolagénio, formando-se tropocolagénio e, de seguida, formação de cross-linking → fibras).
Fibras Reticulares
São principalmente constituídas por colagénio tipo III e formam uma estrutura em rede. Encontram-se no
músculo liso (revestimento), fibras nervosas ou órgãos hematopoiéticos (baço, nódulos linfáticos, medula
óssea).
Fibras elásticas
São constituídas por elastina. Podem estar associadas a fibras oxitalânicas (constituídas por fibrilina) ou fibras
elaunínicas (resultam da deposição de elastina nas fibras oxitalânicas).
Funções das diferentes fibras:
▪ Colagénio – ligação entre tecidos e a forma dos tecidos. Flexíveis, mas resistentes.
▪ Reticulares - Mais próximas das células (membrana basal), também são flexíveis, mas resistentes.
▪ Elásticas – conferem elasticidade (esticam e encolhem).
Substância fundamental
Mistura de moléculas aniónicas (glicosaminoglicanos, tal
como o ácido hialurónico, e proteoglicanos) e
glicoproteínas. Tem grande capacidade de retenção de
líquidos, sendo altamente hidratada. Permite preencher os
espaços entre as células e fibras do tecido conjuntivo.
Matriz extracelular
Constituída por fibras (colagénio e elastina) e substância
fundamental
Lâmina basal
É um tipo particular de matriz extracelular, que faz a ponte
entre os tecidos epiteliais e o tecido conjuntivo, constituída
por glicoproteínas (colagénio, lamininas) e proteoglicanos.
Células
Existem vários tipos diferentes de células que variam consoante o tipo de tecido conjuntivo. Entre essas
células estão por exemplo fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos e adipócitos.
As células do tecido conjuntivo podem classificar-se em residentes (fixas no tecido conjuntivo) ou transitórias
(ou móveis), dependendo da estabilidade das mesmas no tecido conjuntivo. Células hematopoiéticas: dão
origem aos elementos figurados do sangue.
→ Os vários tecidos coexistem no mesmo espaço físico. Têm diferente origem embrionária.
https://www.youtube.com/watch?v=Jvtb0a2RXaY
Principais funções:
▪ Artrite reumatoide
▪ Esclerodermia
▪ Lupus Eritematoso Sistémico
▪ Esclerose sistémica
▪ Escorbuto – falta de vitamina C com consequências na síntese de colagénio
▪ Osteogénese imperfeita
Função e transporte de substâncias através das membranas celulares
Glicocálice: camada rica em hidratos de carbono que protege a célula de danos, reconhecendo ou não, um
organismo exterior ao nosso. Este, juntamente com outros componentes, faz a rejeição de órgãos.
Transporte
Passivo Ativo
a favor do graiente de [], contra o gradiente de [],
não requer energia requer energia
Exocitose: secreção de enzimas digestivas do pâncreas, hormonas libertadas pela célula na corrente
sanguínea.
Junções Celulares
Zonas especializadas da membrana plasmática que permitem a
aderência celular permanente. Não são apicais, estão laterais.
Desmossomas
Estruturas em disco/placa com proteínas transmembranares desmogleínas e desmocolinas (família das
caderinas) que unem as membranas vizinhas e que do lado citoplasmático se ligam a filamentos intermédios
de queratina através da desmoplaquina. Unem as membranas vizinhas, permanecendo um espaço
intercelular de 25nm. Abundantes em tecidos sujeitos a stress mecânico.
Pênfigo: Doença autoimune – o sistema imune produz anticorpos que atacam as zonas das ocludinas (junções
oclusivas) e também as desmogleínas, desfazendo os desmossomas.
Junções comunicantes
Gap junctions – são canais hidrofílicos formados por conexinas, proteínas transmembranares – 6 filamentos
de conexinas agregam-se para formar um poro, conexão, que permite a comunicação entre os citoplasmas de
duas células adjacentes. O poro é bastante estreito, limitando a passagem a substâncias <1kDa.
Interdigitações – invaginações da membrana plasmática a fim de aumentar o contacto e reforçar a adesão
entre células vizinhas, facilitando as trocas.
Hemidesmossomas
Localizam-se na base das células epiteliais e parecem a metade
de um desmossoma. Permitem a adesão da célula epitelial à
matriz extracelular (lâmina basal) através das integrinas,
proteínas transmembranares que se ligam à laminina e ao
colagénio IV. Conferem resistência ao stress mecânico.
• Pavimentoso – Glomérulo (rim) – filtra o sangue para produzir a urina; endotélio (capilares); alvéolos.
• Cúbico - Túbulo contorcido proximal/distal (rim); glândulas.
• Cilíndrico/prismático - Vesícula biliar; Intestino - o núcleo fica mais na parte basal.
▪ Intestino delgado: Microvilosidades do intestino delgado com função de absorção. Apesar de ser
cilíndrico tem células caliciformes - produzem muco com a função de hidratar o meio extracelular,
de modo a que haja um transito intestinal correto.
▪ Trompas de Falópio: Ciliado na parte apical – condição do óvulo até ao útero durante a ovulação.
Peseudoestratificado – É simples cilíndrico, porque cada célula está apoiada na membrana basal. Contudo, ao
microscópio vê-se algumas camadas de células, porque não é organizado morfologicamente como os outros
tecidos.
• Traqueia: dá-se a passagem de ar. Com cílios e células caliciformes. Nos fumadores, estes cílios não
existem. Os cílios distribuem o muco produzido pela caliciforme através da traqueia.
• Epidídimo: com estereocílios.
• Pavimentoso
▪ Vagina, língua: Não queratinizado. O tecido glandular produz saliva libertada na boca por
exocitose. Na parte basal são cúbicas, mas na parte mais apical (o que interessa) é pavimentoso.
▪ Pele: Queratinizado (tecido morto) – função protetora que gera pele grossa. (basal: cúbicas)
• Epitélio de transição – Bexiga: relaxada - sem urina, epitélio cúbico; bexiga distendida - pavimentoso
porque as células se distendem.
As células epiteliais são justapostas, poliédricas (várias faces), com muito citoplasma, citoesqueleto
desenvolvido e caracterizam-se ainda por serem polarizadas, isto é, por possuírem diferenças na estrutura e
função entre a membrana exposta, ou apical da célula, e membrana basal, mais próxima da dos tecidos.
Tecido nervoso
Sistema nervoso central: Encéfalo e medula espinal - integração de toda a informação, tomada de decisões e
transmissão pelo sistema nervoso periférico (nervos cranianos e espinais). Uma parte do SNP faz a regulação
interna, o autónomo, levando informação do CNS para órgãos. Outra regula as ações: somático/visceral. O
autónomo divide-se em Simpático - resposta imediata a uma necessidade emergente, e parassimpático -
situações de repouso. O somático pode dividir-se em motor (CNC → músculo) e sensorial (sentidos → CNC).
Os neurónios são células especializadas na transmissão rápida de informação, com diversa forma e função.
Também há células gliais que se dividem em astrócitos (recaptação de NT, Sinais Ca2+, reculação da BBB),
oligodendrócitos/Schwan (mielinização), microglia (Imunidade) e células ependimárias (revestem
ventrículos, regulação da composição da BBB).
Tipos de sinapses
Atividade elétrica – patch clamp permite medir correntes. O registo intracelular também permite medir.
→ Respostas passivas dependem de canais abertos em repouso e ativas de canais de Na+ dependentes de
voltagem.
Por ação de bombas e sistemas de transporte, o K+ e iões orgânicos estão em maior concentração dentro da
célula. O Cl- e o Na+ em maior concentração fora da célula.
Leak channels – estão abertos na membrana em repouso, sendo a sua permeabilidade constante. Os mais
importantes são de K+ (two pore domain) e de Cl-.
Em repouso, a bomba de Na+-K+ cria gradientes de concentração de Na+ e K+ que são eletrogénicos – ≠ carga.
Como os canais de K+ e Cl-estão sempre abertos, vai haver correntes de fuga que os deixam voltar para fora (o
Cl-- sai por gadiente de carga). No final há uma membrana em equilíbrio com diferença de potencial elétrico
devido às assimetrias iónicas formadas. Todos os iões que consigam permear a membrana nesse momento,
entram na equação de Goldman, que tem de contar com a constante de permeabilidade que pode ser
diferente dependendo do sentido do ião na membrana.
𝑅𝑇 [𝑋]
Equação de Nernst: potencial de Equilíbrio - 𝐸𝑋 = 𝑧𝐹
𝑙𝑛 [𝑋]𝑜𝑢𝑡
𝑖𝑛
Equação de Goldman-Hodkin-Katz – Potencial de membrana num meio só para os iões que permeia:
𝑅𝑇 𝑃 [𝐾]𝑜𝑢𝑡 +𝑃𝑁𝑎 [𝑁𝑎]𝑜𝑢𝑡 +𝑃𝐶𝑙 [𝐶𝑙]𝑜𝑢𝑡
𝑉𝑚 = 𝐹
𝑙𝑛 𝐾𝑃 [𝐾] , Px é o coef. De permeabilidade da membrana para o ião X.
𝐾 𝑖𝑛 +𝑃𝑁𝑎 [𝑁𝑎]𝑖𝑛 +𝑃𝐶𝑙 [𝐶𝑙]𝑖𝑛
Repouso: Se alterarmos as [K+] no meio extracelular, o potencial de membrana varia imenso. Se fizer um
estudo semelhante para o Na+, o potencial não varia, porqueos canais de Na+ (dependentes de voltagem )não
estão ativos. Os canais de K+ é que estão maioritariamente abertos e são muito mais que o resto, de modo
que o potencial de repouso tem um valor próximo do potencial de reversão para o K+ Vm ≈ EK+. Para Mg2+, Ca2+,
HPO42- e HCO3- não há quase canais ativos em repouso. A alteração da permeabilidade da membrana a
qualquer um destes iões altera o potencial de membrana, podendo ativar os canais dependentes de voltagem
e estes levarem às condições para gerar um potencial de ação. NOTA: Nas células musculares é o Cl-!!
Quando há uma flutuação suficientemente grande no potencial de membrana, atinge-se o limiar de disparo
dando-se a abertura dos canais de Na+ dependentes de voltagem. Abertos, [Na+]ext origina o potencial de ação
e revertem o potencial de membrana. Quantos mais canais de Na+ dependentes de voltagem são ativados,
mais canais vizinhos se ativam, sendo maior a propagação da despolarização aos canais vizinhos.
Um potencial de ação tem quase sempre a mesma amplitude (‘all or none’), por isso a intensidade que
diferencia os estímulos, ou seja, a quantidade de neurotransmissores recebidos, é traduzida de um neurónio
para o seguinte pelas diferenças cinéticas no potencial de ação.
Quanto maior o estímulo, mais canais de Na+ dependentes de voltagem são estimulados, em simultâneo, e
mais rápida é a propagação da despolarização aos canais vizinhos. Assim, com o aumento da rapidez de
gatilho, há a redução do período de latência (do ponto mais baixo, início do estímulo, ao pico) e uma cinética
mais rápida, estando mais canais novamente disponíveis, no tempo e no espaço, para responder a novos
estímulos. Se a estimulação for menor, a cinética é mais lenta e maior é o período de latência.
→ Se a despolarização for suficientemente prolongada, pode haver tempo para gerar mais que um potencial
de ação. Neste caso, a resposta pós-sináptica reflete a intensidade do estímulo também por codificação de
frequência de disparo (reflete uma redução do período refratário e do período de latência).
Sinapse elétrica
Zonas de contacto entre 2 neurónios ligadas por junções GAP (comunicantes), onde os conexões podem ser
fechados/abertos pela célula (rotação). O fluxo de informação é bidirecional e do mesmo tipo do neurónio
pré-sináptico. Se a atividade elétrica se inicia numa célula, é transmitida muito rapidamente à vizinha. Não é
necessário ocorrer um potencial de ação para haver transmissão. Coordenam grandes grupos de células:
• Geração de atividade sincronizada de tecidos: células musculares do coração que contraem juntas,
porque o potencial de ação se propaga rapidamente;
• Geração de atividade sincronizada entre diferentes zonas do cérebro: sinapses dendrodentríticas.
→ A neurotransmissão química é menos simples, mas tem múltiplos passos de regulação e a possibilidade de
haver amplificação de sinal (uma vesícula pode ativar muitos canais iónicos, pois contém milhares de NTs). Se
tivermos uma despolarização num neurónio, dependendo do neurotransmissor que este liberta e do recetor
no componente pós-sináptico, pode haver uma resposta excitatória (despolarização), ou inibitória
(hiperpolarização, forma de retroaçaõ negativa) no neurónio seguinte. Assim, há possibilidade de inverter o
sinal no fluxo de informação usando neurotransmissores inibitórios.
Sinapse Elétrica Química
Latência (desfasamento do sinal
Quase ausente Pelo menos 0.3ms
entre os neurónios pré e pós)
Continuidade citoplasmática sim não
Direção da transmissão bidirecional unidirecional
Vesículas pré-sinápticas, zona ativa,
Componentes estruturais Junções GAP (por onde iões fluem)
recetores pós-sinápticos, neurotransmissores
Passos:
1. Chegada de um potencial de ação, ativação de canais
de Ca2+ dependentes de voltagem e entrada de Ca2+.
2. Fusão das vesículas e libertação de NTs.
3. Ativação pós-sináptica de recetores ionotrópicos
(canais) ou…
4. Ativação pós-sináptica de recetores metabotrópicos
(acoplados a sistemas de transdução)
5. Ativação pré-sináptica de recetores que modulam
(geralmente inibindo) a libertação de mais NT.
6. Recaptação do transmissor pelo terminal ou…
7. Degradação enzimática do transmissor na sinapse ou…
8. Captação do transmissor pelas células gliais
9. Endocitose das porções de membrana que constituem
as vesículas
10. Vesículas densas contendo moduladores (péptidos) e…
11. Sua libertação de locais distintos dos das restantes vesículas sinápticas.
Para termos um sinal, temos de ter um sítio que estar sensível. Para estar sensível à chegada de um
neurotransmissor, a sinapse não pode ter lá outro. Logo, tem de haver recaptação do neurotransmissor,
remover o NT: vai novamente para a vesícula, ou há reciclagem/destruição na sinapse, ou as células gliais
captam o neurotransmissor, e dão-no ao neurónio para que sejam ressintetizados. Também tem de haver
algum tipo de reciclagem também para as vesículas, para que o terminal não cresça cada vez mais.
Exemplo do GABA: Síntese do gaba, introdução nas vesículas, normalmente, com a ajuda de um transportador
(VGAT). Este é um neurotransmissor inibitório. O GABA é captado quer por células da glia quer pelo terminal.
O succinato sai das células da glia e volta para o neurónio pré-sináptico para este voltar a sintetizar GABA. Os
recetores de GABA podem ser ionotrópicos ou metabotrópicos.
A libertação de um neurotransmissor deve ser dependente de Ca2+ e deve haver recetores específicos para
este no componente pós-sináptico. Caso contrário, a substância libertada é antes um modulador (regulação
da transmissão sináptica).
Mecanismos pré-sinápticos
Ciclo das vesículas sinápticas
No componente pré-sináptico há várias populações de vesiculas ancoradas em locais da membrana ricos em
canais de cálcio dependentes de voltagem: pool de reserva ligada ao citoesqueleto por sinapsinas. Estas ficam
mais disponíveis para ser libertadas quando há potencial de ação. Mas têm de estar pré-preparadas para o
potencial de ação, num passo de priming. Quando este chega, há fusão de vesículas. Depois, estas vesiculas
são recicladas por endocitose regulada por clatrina ou endocitose em massa. Proteínas envolvidas:
mobilização – sinapsinas libertas no citoesqueleto pela PKA e CAMKII; tráfego – hidrólise do GTP promove a
ancoragem e liberta a rab3A; transportador vesicular de NT…
Mecanismos pós-sinápticos
O ATP é também um neurotransmissor importante que sinaliza estados metabólicos nas células! O
neurotransmissor liga-se a recetores, originando:
➢ ‘Gating’ direto: O NT liga-se ao próprio canal iónico, recetor ionotrópicos, que se abre na membrana;
➢ ‘Gating’ indireto: O NT liga-se a recetores metabotrópicos que, por meio de um sistema de
transdução de sinal, vão afetar canais iónicos. Segundos mensageiros podem também atuar sobre
estes canais. A PKA, através de fosforilação de componentes da membrana, também consegue
desencadear potenciais por abertura de outros canais.
Glutamato: sinapse glutamatérgica. O acoplamento está todo centrado numa zona muito pequena do
neurónio pós-sináptico.
Integração sináptica
Como é que o neurónio gere os sinais que chegam e estão desfasados no espaço e no tempo?
Sinal inibitório – sentido contrário ao desenvolvimento de um potencial de ação. Ainda está em intenso
estudo, é complexo. A integração do sinal pelo neurónio como um todo depende não só da sua soma pontual
como da sua evolução no tempo (coincidência dos sinais, propriedades de resposta do neurónio).
Condução nervosa
Porque precisamos dos potenciais de ação?
Respostas passivas: dependem de canais abertos em repouso, quando se ativa um recetor de um
neurotransmissor sem se chegar ao limiar de disparo, o sinal é gerado, propaga-se (num sentido ou noutro),
mas rapidamente se atenua, pois há fuga de iões pelos canais abertos em repouso, desfazendo, a diferença
de potencial. Quando maior a distância a percorrida, maior a atenuação do sinal.
Durante o potencial de ação há canais especializados em reativar o sinal (de Na+ dependentes de voltagem),
que criam uma perturbação ampliada e fiável mesmo a grandes distâncias (respostas ativas). No entanto, há
algum atraso na transmissão do sinal, porque continua a haver perdas por fuga basal e alguns neurónios, como
os motores, são muito compridos. Recorrer à propagação do sinal por potenciais gerados continuamente
também é muito dispendioso. Logo, durante os potenciais de ação, por os canais de Na+ ficarem inativados
(período refratário), não permitem que haja corrente no sentido oposto, propagando-se o sinal apenas no
sentido “certo”. Depois, a passos regulares, tem de haver mais canais de Na para renovar o potencial de ação.
Mas há alguma limitação temporal na propagação do potencial de ação.
→ A condução axonal envolve sempre uma alternância entre condução ativa e condução passiva (entre os
nodos de Ranvier, por difusão iónica).
Mielinização – Limita a difusão de iões para fora da membrana isolante, aumentando a resistência
transmembranar e favorecendo a condução passiva (difusão ao longo do axónio). A condução ativa dá-se de
forma saltatória, entre os nodos de Ranvier, onde existem canais dependentes de voltagem que vão propagar
o sinal, ficando o processo mais rápido.
Aumento do diâmetro axonal - Reduz mais a resistência longitudinal da membrana, do que a resistência
transmembranar, diminuindo a atenuação da propagação longitudinal das respostas passivas. Se aumentar-
mos 2 vezes o comprimento do axónio, a resistência cai 4x, favorecendo-se o movimento neste sentido,
porque a resistência cai.
Produtores de mielina: oligodendrócitos (SNC, podem envolver vários neurónios) e células de Schwann (SNP,
um único axónio). Estes também dão suporte metabólico aos axónios (lactato). A membrana das bainhas vai
enrolando em várias camadas à volta do axónio. Nem todas as fibras/axónios são mielinizadas. Algumas
sensoriais que não têm mielina e, por isso, têm uma condução mais lenta, p.e., fibras C.
Especializações:
Acetilcolina
Sintetizada a partir da colina pela ação da acetiltransferase da colina. Inativada pela degradação de
acetilcolinesterase seguida de captação da colina para o terminal (gestão metabólica, para não estar sempre
a obter a partir da dieta). No SNC é muito importante nos processos cognitivos. É também o principal
neurotransmissor excitatório na junção neuromuscular (muscular + somático motor- SNS). Aí, liga-se a
recetores ionotrópicos, como o recetor nicotínico da acetilcolina, canal permeável a catiões não seletivo.
Também é importante no SNA na comunicação entre o SNC e os órgãos efetores, como acontece com o recetor
pré-glanglionar na divisão parassimpática do SNA. Também tem recetores metabotrópicos, como os
muscarínicos.
Glutamato
Sintetizado a partir da glutamina através da glutaminase. Inativado por recaptação (transporte) para o
terminal e células gliais. Principal neurotransmissor excitatório no cérebro e SNC associado a formação de
memórias, raciocínio, decisões... Os recetores do glutamato também podem ser ionotrópicos, como os que
não são do tipo NMDA (AMPA e Kainate) e deixam passar sódio e potássio ou os NMDA que também deixam
passar cálcio e outros, ou podem ser metabotrópicos. Estão associados a formação de memórias.
GABA
Gerado pela descarboxilação do glutamato. A inativação do seu sinal também é por transporte para o terminal
e células gliais. É o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Para além de estar presente em vias
GABAérgicas principais há também inúmeros interneurónios GABAérgicos. 50% das sinapses inibitórias no
cérebro são GABAérgicas.
GABAA – recetores ionotrópicos, p.e., canal de cloro cuja saída vai diminuir o potencial de membrana (ação
hiperpolarizante/inibitória.
GABAB – Recetores metabotrópicos associados a proteínas Gi. No componente pós-sináptico, estes canais
induzem uma hiperpolarização lenta, ativando canais de K+ (GIRK). No pré-sináptico inibem o canal de Ca2+
dependente de voltagem que é responsável pela libertação de Ca2+ (diminui a condutância), inibindo ainda
mais a libertação de GABA. A benzodiazepina liga-se a subunidade a, inibindo algumas ações excitatórias.
Glicina
Sintetizada a partir da serina pela transhidrorimetilase da serina e recaptada por transporte para o terminal
das células gliais. Também é um NT inibitório do SNC, fundamentalmente importante na espinal medula.
Catecolaminas
Tem todas a tirosina como precursor e são recaptados para o terminal nervoso pelos transportadores das
monoaminas. Dependendo do número de reações, formam diferentes NTs. A dopamina é sintetizada nos
neurónios dopaminérgicos, noradrenalina no noradrenérgicos e epinefrina na célula adrenérgica (células da
medula adrenal). Estes neurónios estão em sítios diferentes do cérebro e o nº de enzimas da via aumenta de
um NT para outro.
Dopamina
Sintetizada na substância negra cujas projeções normalmente degeneram na doença de Parkinson. As células
dopaminérgicas também se projetam para o córtex superfrontal - zona relacionada com as decisões e com a
motivação. Perturbações nas vias dopaminérgicas estão implicadas em doenças psicológicas e psiquiátricas.
Noradrenalina
Serotonina
Antidepressivos são inibidores da captação de serotonina. A falta de input serotonérgico está ligada à
depressão e a demasia ao stress pós-traumático (o contrário da depressão, reações exageradas e ultra
motivadas).
Histamina
Sintetizada pela histidina por um passo simples de descarboxilação, promove a atenção e o estado de vigília.
Tecido muscular
Tecido especializado na contração. Constituído por células alongadas que se caracterizam pela presença de
filamentos contráteis.Tipos:
Os 2 primeiros compõem tipo músculo estriado – estrias devidas a filamentos de actina e miosina (a nível do
citoesqueleto).
Esquelético
Célula base: multinucleada com os núcleos periféricos, à
superfície. Formam-se durante o desenvolvimento
embrionário – miogénese (também ocorre na regeneração).
A própria placa motora tem muitas pequenas ramificações que contactam através de junções
neuromusculares e que correspondem a sinapses químicas entre os neurónios motores e fibras musculares.
Transmissão de sinal no nervo: É geralmente feita por neurotransmissores, na sinapse. Esta pode ser de modo
gradual, através de potenciais conduzidos eletronicamente, ou de modo instantâneo, por potenciais de ação.
A membrana da fibra muscular é pós-sináptica. Na placa motora ocorre um tipo de transmissão química
rápida, mediada pela acetilcolina (ACh). As suas vesículas encontram-se na zona do nervo motor mais próxima
do músculo, a zona ativa. Na fibra muscular existem recetores para a ACh, que levam à abertura temporária
de canais de sódio e cálcio. Assim, os recetores para a ACh promovem a transmissão do sinal, enquanto a
acetilcolinesterase bloqueia a transmissão do sinal, o que permite haver controlo do sinal e relaxamento do
músculo (não pode haver sobre estimulação da contração).
Pode haver neurotoxinas (cianobactérias) que causam sobre estimulação das fibras musculares, o músculo
contrai constantemente. Toxina botulínica: bloqueia a libertação de acetilcolina – fica o músculo super
relaxado (parálise flácida). Toxina do tétano: inibe a inibição, promovendo uma contração constante (parálise
de espasmos incontrolável).
No caso de se gerar potencial de ação, este propaga-se ao longo do sarcolema e das suas invaginações, os
túbulos T, que aumentam a área que pode ser despolarizada e comunicar o potencial de ação e também
aumenta a proximidade ao retículo. Este desencadeia a libertação de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático, que
se liga à troponina, expondo os sítios de lidação à miosina. Dá-se, então, um ciclo de contração no qual depois
a tropomiosina bloqueia o sítio de ligação à miosina e a fibra relaxa.
É feito através de umas pontes cruzadas estabelecidas entre os filamentos de miosina e de actina, sendo que
a cabeça da miosina vai ligar-se aos filamentos de actina, formando a ponte.
Começa por haver ligação da cabeça da
miosina ao filamento de actina devido à
hidrólise de ATP a ADP e Pi, pois a cabeça
é uma ATPase. A ligação do Pi à miosina
torna-a fosforilada, alterando a sua
conformação e tornando-a propensa ao
movimento para a contração. Assim, dá-
se a libertação do fosfato que leva ao
deslizamento do filamento de miosina
sobre o de actina, e depois há também a
libertação de ADP, criando-se um espaço
para a ligação de uma nova molécula de
ATP. Recomeça o ciclo.
Ao longo dos túbulos T, há transportadores de cálcio dependentes de voltagem, que são os recetores de
dihidropiridina (DHP). À ligação do Ca2+, sofrem alteração de conformação e por ação mecânica, que levam à
abertura dos canais de libertação de cálcio do retículo (recetores de rianodina – RyR).
Mas, temos de ter um mecanismo que controle, para não haver excesso de
Ca2+ livre: há ATPases de Ca2+ que incorporam o excesso de Ca2+ livre de novo
no retículo sarcoplasmático, para não haver contração permanente.
→A contração cessa-se com a fadiga muscular ou cessação do estímulo. Quanro maior for a carga, mais força
tem de ser aplicada, e a velocidade para contrair vai ser menor, de modo que temos que fazer mais força para
contrair.Contrações isotónicas: encurtamento do músculo; contração isométrica: a força aplicada para a
contração é maior, menor encurtamento do músculo
Hipotonia: Incapacidade de manter a tensão base dos músculo, o nosso tónus muscular.
Fontes de energia para a contração: o ATP obtido através da fosforilação direta (fosfato de creatina em
cratina); glicólise ou glicogénio; também a partir da fosforilação oxidativa (ácidos gordos). Exercício ligeiros:
usamos ácidos gordos; mais intenso: glicogénio.
Há diferentes tipos de fibras musculares, que diferem entre si bioquímica, metabólica ou histoquimicamente
• Pericárdio – saco duplo que envolve o coração, contém os vasos e a cavidade pericárdica com o líquido
pericárdico que evita a fricção que se gera com a contração contínua do músculo cardíaco – longevidade.
• Miocárdio – tecido contrátil, músculo estriado cardíaco-
• Endocárdio – membrana endotelial que separa o sangue do tecido muscular.
Há 3 tipos de miócitos:
No nodo sinusal inicia-se a despolarização do músculo cardíaco, mais precisamente, as aurículas. Podem gerar
60-100 estímulos por minuto – contém as células ‘pacemaker’ (marca-passo), responsáveis pelo automatismo
(independência dos neurotransmissores), pois são capazes de se autodespolarizar. São especializadas na
condução e estão ligadas às outras via junções ‘GAP’. O potencial de ação ocorre durante a diástole. Este
propaga-se às células do miocárdio vizinhas através de junções ‘GAP’ e por sua vez a todas as células do
miocárdio nas aurículas, incluindo as células do nodo aurículo-
ventricular. Este é o único responsável pela passagem da despolarização
para os ventrículos (através do feixe de His e das fibras de Purkinje) pois
o septo horizontal separa física e eletricamente o miocáridio ventricular.
A fibras de Purkinje vão excitar primeiro os cardiomiócitos na pontinha
do coração, porque este vais espremer o sangue de baixo para cima.
Esta células do miocárdio, que tem potencial contráctil, têm um potencial de ação duradouro, porque para
além de ser ativados canais de sódio dependentes da voltagem, a seguir vão ser ativados canais de cálcio
dependentes de voltagem, prolongando a ação. Assim, o
coração mantém as células contraídas tempo suficiente para
esvaziar os ventrículos.
É induzido o mecanismo de libertação de Ca2+ induzida pelo Ca2+ que se liga à troponina e promove a contração
(resposta inotrópica). O músculo cardíaco, ao contrário do músculo esquelético, tem pouca capacidade de
fazer somação das contrações. Tem um período refratário absoluto longo que permite o relaxamento
necessário ao enchimento dos ventrículos.
Abertura do canal de cálcio ocorre depois do sódio. O potássio hiperpolariza negativamente as membranas.
Músculo Liso
Regulado fundamentalmente de forma involuntária pelo SNA, mas também por células pacemaker,
estiramento e por hormonas. Localiza-se na parede de órgãos ocos, como vasos sanguíneos, olhos, útero…
Cada célula tem 1 núcleo central. Proteínas: actina, miosina, caldesmon, calmodulina e MLKC (cinase).Placas
de adesão à superfície das células (ancoragem dos filamentos).Corpos densos no cruzamento dos filamentos
que estão organizados em rede, o que faz com que a contração ocorra em todas as direções. Não há aquele
aspeto estriado do músculo.
No músculo liso a cabeça da miosina tem 2 cadeias leves sendo que tem
de ser fosforilada num sítio específico para que esta consiga fazer as
ligações cruzadas. Tipos de músculo liso:
Estrutura do ouvido
O ouvido consiste numa estrutura óssea está ligada a um
sistema de membranas preenchidas com líquido linfático,
responsável pela propagação do som e sua transdução em
sinais nervosos. Este sistema de fluidos é também essencial à
perceção do equilíbrio. O sistema auditivo é composto pelo
ouvido externo, ouvido médio, ouvido interno e nervo
auditivo, localizando-se maioritariamente, no osso temporal
do crânio. A trompa de Eustáquio liga o ouvido à nasofaringe
permitindo equalizar a pressão de ambos os lados da
membrana timpânica.
Cóclea
Deteta a frequência, intensidade e timbre (depende da interferência de ondas sonoras) do som.
A cóclea é um tubo ósseo enrolado em espiral, no interior do qual há um sistema de canais (rampas/scala) em
espiral: rampa vestibular, que começa na janela vestibular/oval e vai até uma ponta (helicotrema) passando
a chamar-se rampa timpânica. Ambas as rampas têm perilinfa. Entre estas encontra-se a rampa média ou
canal coclear. Esta é contínua com o aparelho vestibular e não comunica com as outras duas rampas, estando
separada delas, respetivamente, pela membrana vestibular (membrana de Reissner) e a membrana basilar,
que são contínuas. Contém endolinfa e o órgão de Corti.
Alguns cílios estão unidos nas pontas por proteínas de ligação, ‘tip-links’ e possuem canais de K+. A endolinfa,
à volta dos cílios, tem elevada concentração de K+.
Equilíbrio
O sistema vestibular é responsável, em conjunto com outros órgãos, pelo equilíbrio postural (estático ou
dinâmico). Este equilíbrio é controlado por vários recetores sensoriais, localizados nos olhos, sistema
vestibular do ouvido interno e os propriocetores localizados nas articulações e nos músculos. Todos eles
desencadeiam ações reflexas no SNC com o objetivo de posicionar o corpo para voltar ao equilíbrio ou
reorientar a cabeça ou os olhos para a visão.
Propriorrecetores: funcionam em conjunto com o sistema vestibular, para responder e manter o corpo num
equilíbrio dinâmico.
Processamento reflexo
Reflexo – resposta involuntária, não premeditada e não aprendida a determinado estímulo (sensorial).
Arco reflexo – unidade básica funcional. Este é composto por um órgão sensorial, um neurónio aferente, uma
ou mais sinapses centrais integradoras, um neurónio eferente e um sistema efector. É o exemplo mais simples
de processamento central da informação. Os corpos celulares dos neurónios sensoriais estão nos gânglios,
junto à espinal medula.
Reflexo espinhal polissináptico – controlo motor. Ex: Reflexos de proteção (reflexo de defesa, reflexo
corneano, reflexo da tosse), reflexos nutricionais (reflexo da deglutição), reflexos locomotores e inúmeros
reflexos vegetativos (na circulação, respiração, estômago e intestino, função sexual e bexiga). A maior parte
destes exemplos envolve centros localizados no encéfalo.
A tensão no tendão ativa um neurónio sensorial que comunica com um interneurónios que vai inverter o sinal
da transmissão. Este interneurónios é uma célula inibitória que inibe o neurónio motor. Isto provoca uma
redução da tensão (não a eliminação completa), que serve para proteger o músculo. É um reflexo disináptico
(1 interneurónio).
Os reflexos espinhais ativados pelo corpo de Golgi e pelo fuso muscular funcionam em conjunto para regular
a tensão do músculo.
Controlo da postura e movimento
Controlo motor integrado:
Inervação recíproca de músculos antagonistas e resposta ao reflexo miotático do músculo extensor: Note-
se que, para além de ativarmos o neurónio motor para o músculo extenso contrair, vamos também, através
do circuito do neurónio inibir o músculo flexor, para eles poderem funcionar de maneira coordenada.
Dupla inervação recíproca: Para além de ter a coordenação do musculo extensor e flexor do mesmo pé,
podemos também ter uma resposta que regula o extensor e flexor do ‘outro pé’ (contralateral) para suportar
o peso que não pode ser suportado pelo outro pé que se levanta. Estes reflexos que permitem a coordenação
de músculos mais distantes são, por exemplo, reflexos espinhais.
Há sempre 2 tipos de controlo motor: voluntário e involuntário. O andar, engolir, mastigar, arranhar/coçar
são fundamentalmente involuntários em termos de coordenação motora, embora sejam sempre sujeitos a
controlo voluntário. A vontade de ir para um certo sítio já é voluntária (os passos que damos para chegar não).
Este controlo envolve pelo menos três áreas principais do encéfalo: córtex, cerebelo e gânglios de base em
conjunto com vários núcleos do tronco cerebral.
Nervos cranianos: São 12. A maior parte são mistos, i.e., têm fibras
sensoriais e motoras. 2 pares de nervos têm origem em neurónios
do cérebro anterior e 10 pares têm origem no mesencéfalo e tronco
cerebral.
Sistema nervoso autónomo (SNA)
Responsável pelo processamento automático (inconsciente) e relfexo de um enorme número de funções com
objetivo de manter a homeostase corporal. As repostas autonómicas funcionam conceptualmente como um
arco reflexo. Os núcleos do tronco cerebral e o hipotálamo também fazem parte do SNA.
Divisão central (núcleos do tronco cerebral, hipotálamo) – Integração da informação e geração da resposta
autonómica.
Divisão periférica (gânglios e nervos periféricos) – transmissão rápida de informação aos órgãos alvo.
SN Simpático – mobiliza rapidamente energia e respostas fisiológicas do organismo para respostas rápidas em
estados de necessidade imediata (estado de alerta, luta ou fuga, ...). Toda a atividade do SN Simpático
necessita de Energia, havendo mobilização de glucose. O SNS também acaba por ter uma ação forte na
motivação e no estado de alerta.
SN Entérico – restrito ao sistema gastrointestinal, pode funcionar de forma independente, mas normalmente
é regulado pelos dois anteriores. Responsável pelos movimentos gástricos e intestinais, secreções do sistema
digestivo e regula a atividade de glândulas exócrinas e endócrinas.
→ O simpático e o parassimpático têm sempre ações antagónicas (e por vezes complementares) nos seus
órgãos alvo. Exceções: Suprarrenal, músculos piloerectores, glândulas sudoríparas e a maioria dos vasos.
Os neurónios pós-ganglionares do SN simpático fazem sinapse com os seus órgãos-alvo, nas quais o
neurotransmissor é a noradrenalina (NA). A NA atua principalmente via recetores metabotrópico muscarínicos
alfa adrenérgicos (α1 e α2) e beta adrenérgicos β1. A diferença são os tecidos alvo:
Notas: Adrenalina – dilatação de vasos, bronquíolos. Em alguns casos, há gânglios secundários, que é
importante na regulação de algumas funções.
Controlo do SNA
O processamento central envolve zonas do cérebro fundamentais e importantíssimas no controlo neuronal
dos estamos emocionais, como são exemplos o hipotálamo (parte do diencéfalo) e o sistema límbico.
O sistema límbico consiste num grupo de núcleos, estruturas e feixes de fibras situadas na base do córtex que
formam um anel em torno do tronco cerebral e está envolvido em respostas comportamentais (agressão,
medo, motivação). O hipotálamo consiste num grupo de núcleos estruturas e feixes de fibras situados no
diencéfalo e está envolvido na regulação do SNA e da secreção hormonal pelo sistema endócrino (temperatura
corporal, sede, pressão arterial, reprodução).
O tronco cerebral corresponde a uma zona central do encéfalo que
está sobre a espinal medula e sob o Tálamo. Engloba a ponte e o
bulbo raquidiano que contêm os centros responsáveis pelos
reflexos respiratórios (pneumotáxico, apneustico e rítmico),
reflexos cardiovasculares (vasomotores e cardioinibidores) e
outros reflexos motores pelo SNA (deglutição, salivação). Engloba,
ainda o mesencéfalo. É o local de cruzamento de fibras sensoriais
e de origem de inúmeros nervos, como o vago.
Consiste numa estrutura em rede (plexo) de neurónios autonómicos que podem funcionar de forma
independente do controlo pelo cérebro e espinal medula, controlando diretamente a resposta reflexa a
acontecimentos locais como a distensão do tubo digestivo ou respostas hormonais locais (parácrina) à
chegada de alimentos. É enervado pelo nervo vago e pelos neurónios dos gânglios pré-vertebrais do SNA
permitindo a regulação da sua atividade pelo SNC. Existem 2 principais estruturas no SNE:
• Plexo submucoso (ou de Meissner) – mais próximo da mucosa, controla principalmente as secreções
e o fluxo sanguíneo local.
• Plexo mientérico (ou de Auerbach) – exterior ao músculo liso longitudinal, controla
fundamentalmente os movimentos peristálticos.
Fisiologia Respiratória
Função alveolar, transporte sanguíneo dos gases, trocas gasosas nos tecidos
O sistema respiratório é composto pela caixa torácica, os pulmões e as vias aéreas. A caixa torácica inclui a
grande costal, os músculos intercostais, o diafragma, a cavidade abdominal e os músculos abdominais
anteriores. Há uma zona condutora (nariz, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais)
e uma zona respiratória (bronquíolos respiratórios, condutos alveolares, sacos alveolares e alvéolos).
A mucosa das vias aéreas tem a função de barreira, sendo responsável pela proteção do organismo/pulmão
contra substâncias tóxicas e microorganismos. Está associada a 2 sistemas: o sistema mucociliar de remoção
e o sistema imune da mucosa respiratória.
Respiração
→A respiração celular dá-se ao nível dos mitocôndrios. A respiração interna dá-se a nível das trocas entre os
capilares e os diferentes tecidos. A respiração externa dá-se entre os alvéolos e o sangue.
Mecânica ventilatória
Ventilação – processo automático e rítmico que gera
movimentos de entrada de ar nas unidades respiratórias
terminais permitindo a entrada de O2 e remoção do CO2
do organismo. É regulado a nível central e depende da
contração e relaxamento dos vários músculos.
Os músculos respiratórios são principalmente inervados pelo nervo frénico e pelos nervos intercostais.
A pleura faz a ligação entre os movimentos da caixa torácica (folheto pleural parietal) e a tensão dos pulmões
(folheto pleural visceral). Esta permite o deslizamento dos pulmões sob a caixa torácica com atrito mínimo.
Função alveolar
Os alvéolos são evaginações em forma de bolsa das paredes dos bronquíolos
respiratórios, dos ductos alveolares e dos sacos alveolares. Têm a função de trocar O2 e
CO2 entre o ar no alvéolo e o sangue dos capilares pulmonares. A irrigação alveolar é feita
via circulação pulmonar.
As células alveolares podem ser pneumócitos tipo I ou II e estão rodeados por fibroblastos,
endotélio dos capilares pulmonares e macrófagos alveolares.
A água na superfície dos alvéolos faz com que estes funcionem como um balão cheio de
ar. Estes têm tendência a colapsar devido à elevada tensão superficial. A produção de
surfactante pelos pneumócitos do tipo II previne o colapso dos alvéolos mais
pequenos. O surfactante pulmonar é constituído por fosfatidilcolina, fosfatidilglicerol, proteínas plasmáticas
e apolipoproteínas. A principal substância redutora da tensão superficial é a dipalmitoilfosfatidilcolina.
Difusão de gases no pulmão e trocas gasosas alvéolo-capilares
As trocas gasosas alveolares ocorrem por difusão simples de acordo com a Lei de Fick. A força motriz para
esta difusão é dada pela diferença nas pressões parciais dos gases entre o espaço alveolar e os eritrócitos
no sangue dos capilares pulmonares.
→ Há medida que a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui e as pressões parciais de oxigénio
nos alvéolos e no sangue também.
Cerca de 20% liga-se à Hb, formando carbaminohemoglobina (3). Isto diminui a afinidade de Hb para o O2.
Cerca de 7% fica dissolvido no plasma.
Transporte de O2 no sangue
A hemoglobina é um tetrâmero com 4 locais de ligação para o O2 (um em cada cadeia peptídica). O O2 liga-se
ao grupo prostético Heme (protoporfirina IX, Fe2+). Pode estar sob a forma de desoxihemoglobina (sem ligação
ao O2) ou oxihemoglobina (todos os locais de ligação ao O2 ocupados).
→ Apenas 25% do O2 ligado à Hb sofre trocas em cada passagem circulatória pelos tecidos, o que permite
manter uma reserva que poderá ser usada numa emergência, quer por paragem circulatória, quer por
aumento da atividade tecidual.
Génese e regulação da respiração
Regulação central da respiração
Os neurónios motores que enervam os músculos respiratórios são controlados por 2 mecanismos centrais
fundamentais:
O controlo involuntário da respiração pelo SNA é regulado pelo retorno dos recetores sensoriais para a PCO2,
pH e PO2 na circulação arterial (quimiorrecetores arteriais). É também controlado pelo retorno de
mecanorreceptores pulmonares.
As fibras nervosas responsáveis pela expiração ativa convergem, principalmente, nos neurónios motores dos
músculos intercostais internos.
No centro respiratório ventral há neurónios expiratórios (E). Estes permanecem praticamente inativos
durante a respiração normal em repouso. São responsáveis pela génese e transmissão de impulsos nervosos
para os músculos expiratórios, durante a expiração ativa. Este centro contribui tanto para a inspiração como
para a expiração: a ativação de alguns neurónios reforça a inspiração (I) enquanto outros desencadeiam
expiração (E). Funciona como um mecanismo de potenciação dos sinais respiratórios (aumento da
profundidade e frequência da respiração), auxiliando o centro respiratório dorsal, quando são necessários
níveis mais elevados da ventilação pulmonar, especialmente durante o exercício. Envia projeções inibitórias
para o centro apneustico.
O centro pneumotáxico (promove a expiração inibindo o centro apneustico) e o centro apneustico (promove
a inspiração estimulando os neurónios inspiratórios do centro respiratório dorsal). Ambos pertencem à ponte
e têm função reguladora.
Os centros respiratórios cerebrais (ventral, dorsal, pneumotáxico e apneustico) não são sensíveis a alterações
químicas no sangue. Portanto, a regulação da ventilação é mediada pelos quimiorrecetores respiratórios,
sensíveis a alterações de pressão de CO2 e O2 e a alterações do pH, que enviam impulsos nervosos para os
centros respiratórios cerebrais induzindo uma adaptação do seu funcionamento. Um aumento da PaCO2 ou
da [H+] (acidose) ou uma diminuição da PaO2 levam a uma ativação do centro respiratórios dorsal promovendo
a ventilação. Há 2 tipos de quimiorrecetores no organismo: centrais e periféricos
Quimiorecetores periféricos
Respondem diretamente a alterações na circulação arterial. Nestes, incluem-se os corpos carotídeos, que
são os mais importantes no homem, e os corpos aórticos. Para ambos, a principal função é detetar alterações
na pO2, apesar de também serem sensíveis a alterações da pCO2 e da [H+]. Assim, respondem a diminuições
da pO2 e do pH sanguíneo e a aumentos da pCO2. Levam a informação aos centros respiratórios via fibras
sensoriais do nervo glossofaríngeo (carotídeos) ou vago (corpos aórticos).
As células glómicas tipo II são semelhantes a células gliais, e cada um rodeia quatro
a seis células tipo I. A sua função é, provavelmente, de sustentação.
→ Quando a pO2 diminui, este reflexo estimula a atividade dos neurónios do centro
respiratório dorsal, aumentando a ventilação.
Quimiorrecetores centrais
São neurónios que se localizam na superfície ventro-lateral
do bulbo raquidiano, entre as origens dos sétimo e décimo
nervos cranianos, perto dos centros respiratórios. São
responsáveis por ~75% da hiperventilação introduzida pelo
aumento da pCO2 (restantes 25% - quimiorrecetores
periféricos).
• Pela regulação do fluxo sanguíneo – regulação cardiovascular (quanto maios o fluxo, mais rápida a entrega
de oxigénio aos tecidos).
• Regulação pelo sangue
• Adaptação à altitude: o rim deteta alterações na PaO2 nº de eritrócitos no sangue e tem a capacidade de
segregar eritropoietina que vai induzir a produção de eritrócitos e a capacidade de aporte de O2 pelo
sangue.
Fisiologia Renal
Rins + bexiga.
Nefrónio
→ Unidade funcional do rim. No córtex renal estão as partes mais enroladas: vasos sanguíneos contornados
e túbulos contornados. Na medula renal estão os componentes mais lineares: vasos sanguíneos retos (vasa
recta) e túbulos retos. O cálice e a pelve renal dirigem a urina aos ureteres e depois esta segue para a bexiga.
Componentes:
O aparelho de filtração nos capilares glomerulares tem 3 camadas: endotélio dos capilares fenestrados
(espaços por onde as moléculas podem passar - as junções não são muito apertadas), membrana basal
glomerular e camada de podócitos. No sangue, permanecem células sanguíneas, muitas proteínas
plasmáticas, aniões grandes e minerais associados a proteínas, que não são filtrados.
Tubo renal
Entrando no espaço de Bowman, o filtrado é direcionado para o tubo renal, entrando no tubo contornado
proximal. Há um nefrónio justamedular (longo, vai até à medula) e cortical (componente curta). Os corticais
têm funções reguladoras e excretoras, enquanto que os justamedulares na regulam a diluição da urina. Após
vários processos de secreção e reabsorção, as substâncias filtradas percorrem o tubo coletor são drenadas
para as papilas renais e seguem para o cálice e ureteres para excreção.
É constituído por:
→ A taxa de filtração do rim depende da área de contacto dos capilares na zona do glomérulo, da
permeabilidade (número de poros e seu tamanho), e da pressão de filtração glomerular global (TFG) que
depende tanto da pressão arterial como da pressão do líquido na cápsula de Bowman e de forças osmóticas
que se opõem à passagem o líquido para o espaço de Bowman (proteínas de grandes dimensões a não
conseguir passar). O sangue vai nos vasos no sentido de favorecer a filtração glomerular. Diferentes
substâncias vão ter taxas de filtração, secreção e reabsorção tubulares diferentes. Para determinar a fração
de substância excretada, ou clearance canal, tem de se conhecer todos estes fatores:
𝑚𝑆 𝑒𝑥𝑐𝑟𝑒𝑡𝑎𝑑𝑎/𝑚𝑖𝑛
𝐶𝑆 =
[𝑆]𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎
A inulina é filtrada, não sendo nem segregada para o tubo nem reabsorvida. É possível, pela taxa de excreção,
determinar a taxa de filtração glomerular (TFG): taxa de excreção/[I]urina. Nos humanos, usa-se a creatinina
como medida da taxa de filtração glomerular. É um metabolito da degradação da creatina no músculo, pelo
que sabendo que ela não é segregada e reabsorvida, consegue-se ter a TFG.
Reabsorção tubular
Mecanismos:
• Difusão paracelular
• Difusão/transporte transcelular
• Osmose
• Ultrafiltração (‘Bulk flow’) – movimento de substâncias da passagem do interstício para o sangue,
acontece porque os capilares renais são fenestrados, permitindo a ultrafiltração – regulação frouxa da
adesão de células nos capilares que permite a passagem mais fácil das substâncias.
→ Perceber como primeira abordagem que a regulação da água no organismo está intimamente associada à
regulação do sódio e, por conseguinte, do cloro e HCO3-. Logo, são os principais iões que contribuem para o
conteúdo osmótico do fluído extracelular (plasma e fluido intersticial).
Como funciona:
Quase todos estes processos dependem do gradiente criado pela Na+-K+ ATPase presente na MEMBRANA
BASAL.
1. Tubo contornado proximal – O Na+ é reabsorvido com o HCO3- e com aniões orgânicos como a glucose e
os aminoácidos. Acoplado à excreção de H+.
2. Tubo proximal – O Na+ é reabsorvido com o K+ e o Cl- à custa da oxirredução do HCO3-.
3. Tubo distal reto ascendente (25%) – O Na+ reabsorvido com o K+ e 2Cl-. O co-transportador é alvo de
diuréticos. Não há reabsorção de H2O. sensível a tiazidas (diuréticos).
4. Tubo contornado distal - O Na+ é reabsorvido com Cl-. O co-transportador é sensível a tiazidas (diuréticos).
5. Tubo coletor – O Na+ é reabsorvido nas células principais por difusão passiva pelo canal de Na+ epitelial
(ENaC).
Reabsorção do H2O no tubo renal
A reabsorção de água ocorre sempre por osmose. Ocorre principalmente no tubo contornado proximal e na
porção descendente fina do tubo distal e no tubo coletor. Está intimamente associada à reabsorção de Na+,
que também cria um gradiente de carga transepitelial que leva ao estabelecimento de diferença de potencial
elétrico entre o lúmen do tubo renal e o interstício. A reabsorção de água no tubo proximal concentra no
lúmen do tubo renal todas as substâncias que não foram reabsorvidas. Isto cria um gradiente de carga e de []
favorável à sua absorção, quer pela via transcelular, quer pela via paracelular. A reabsorção de água leva
consigo outros iões/moléculas por um processo de arrastamento pelo solvente. Ex: ureia, K+, Ca2+, Mg2+ e Cl-.
A reabsorção no tubo coletor é fortemente regulada pela vasopressina (hormona hipotalâmica), pela inserção
de aquaporinas e pela regulação da osmolaridade e da pressão arterial. Está intimamente ligada à reabsorção
de Na+, juntamente com a aldosterona e o péptido natriurético auricular.
→ Muitas vezes, o Na+ e K+ estão muito ligados, e no tubo coletor, K+ acaba por ser excretado quando
queremos reabsorver mais Na+.
→ A principal via de entrado do Ca2+ e Mg2+ é difusão passiva por via paracelular, arrastamento pelo solvente.
Reabsorção de glucose e de aminoácidos
A reabsorção de glucose e aminoácidos (também lactato) ocorre
sempre associada à reabsorção do Na+. Ocorre principalmente no
tubo contornado proximal da ansa de Henle e envolve:
O pH do sangue e por consequência nos tecidos é regulado pela taxa metabólica, pela respiração, pela
excreção renal de iões hidrogenocarbonato e amónia, pela metabolização dos iões amónia no fígado e pela
produção de ácidos orgânicos no metabolismo de a.a. A ingestão de alimentos ácidos ou básicos também
controla o pH do sangue.
A ventilação é regulada pelo pCO2 do sangue (Quimiorreflexo central – resposta ao aumento da taxa
metabólica via CO2).
Veias: Conduzem sangue para o coração “vem”. Têm paredes mais finas que
as artérias, com válvulas para impedir que o sangue circule para trás.
Armazenam mais sangue que as artérias.
O sangue é um tecido líquido. Biópsia líquida: análise a nível molecular de constituintes do sangue, por
biomarcadores indicadores de neoplasia ou exossomas indicadores de uma doença neurodegenerativa.
60% do corpo é água, 2/3 no meio intracelular e 1/3 no extracelular (fluido intersticial e plasma). O fluído
intersticial é aquele que é drenado pelos vasos linfáticos. Na componente dos plasma faz-se as análises
bioquímicas. A análise aos valores de glicémia dá-nos os níveis de glicose do sangue no instante. Se
procurarmos pela hemoglobina glicada, temos o reporte de 120 dias (3 meses) – tempo de vida dos eritrócitos.
No plasma também se pode avaliar a função renal – concentrações de ureia e creatinina.
A análise à função hepática faz-se através da bilirrubina, molécula que resulta da degradação de eritrócitos
no final de vida. Esta é responsável por dar cor castanha às fezes.
1. Células do sangue
Hematopoiese
A formação dos elementos figurados do sangue, que ocorre
na medula óssea (ossos esterno, ilíaco) e tem como percursor
comum uma célula estaminal multipotente. A partir desta, há
as linhagens linfoide/linfocítica (linfócitos e NK) e
mieloide/mielocítica (resto). Este processo é regulado por
citocinas como as interleucinas, fatores de crescimento e a
eritropoietina.
- Agranulócitos
▪ Monócitos: Residem nos tecidos, onde se diferenciam em macrófagos, aparecendo a seguir aos
neutrófilos no sítio da inflamação e têm longo tempo de vida. São células apresentadores de antigénios.
▪ Linfócitos: núcleo muito grande relativamente ao citoplasma. Os B maturam na medula óssea e os T no
timo (está atrofiado nos adultos, logo, maturam nos gânglios linfáticos).
https://www.youtube.com/watch?v=PzunOgYHeyg
Eritrócitos
Células sem núcleo e biconcavas, associadas ao transporte de O2 através da hemoglobina que contém um
grupo heme (Fe). Têm 8 µm e um tempo de vida de 120 dias. Começam por ser reticulócitos (já sem núcleo),
pelo que atingem a forma final por ação da eritropoietina.
Hematócrito: % de sangue que é de eritrócitos. Valores abaixo do normal – hemorragias, sangue difícil de
estancar; acima – trombos.
→ No feto, as cadeias β da hemoglobina são substituídas pelas α, ficando com mais afinidade para o oxigénio
que a mãe.
Plaquetas
Fragmentos celulares sem núcleo com origem em megacariócitos e com um tempo de semivida de 10 dias.
Estas células participam no processo de hemóstase/coagulação e são eliminadas no baço.
Hemostase: processo de controlo hemorrágico com ação local composto por plaquetas, células endoteliais,
células com fator tecidular (TF) e fatores de coagulação. A solução para a hemorragia consiste na formação de
complexos de moléculas de fibrina e plaquetas que originam trombos.
Fatores de Coagulação: A maioria é produzida pelo fígado. Fator XII- plaquetas; fator VIII – células endoteliais.
Os fatores II, VII, IX e X dependem do enzima hepático γ-carboxylase que depende da vitamina K. O
anticoagulante oral varfarina inibe a atividade da vitamina K e é usado em caso de AVC ou trombose. As
proteínas S e C também são anticoagulantes que dependem da vitamina K.
→ A hemostase tem de ter controlos muito finos, porque a hemorragia tem de ser estancada, mas a passagem
de sangue não pode ser bloqueada (demasiada coagulação). A coagulação pode ser testada laboratorialmente
pelo Tempo de Prototrombina ou pelo Tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT).
Anemia ferropénica: Causada pelo aporte insuficiente de ferro (má dieta, má absorção), hemorragias
(menstruação, gravidez, úlceras…) ou por hemólise intravascular, eventos que geram falta de Ferro.
2. Coração – ECG
O coração encontra-se na região precordial, ligeiramente à esquerda.
1
O miocárdio do coração esquerdo é mais forte porque tem de bombear para o corpo todo. O miocárdio direito é mais
deformável, pois armazena mais sangue, estando preparado para receber quantidades variáveis de sangue venoso.
2
Se uma onda R terminar abruptamente ou for negativa, significa que o miocárdio esquerdo não está a conduzir bem, a
descendente anterior poderá estar ocluída.
O ciclo cardíaco pode ser dividido em duas partes:
▪ Sístole - Ocorre durante a contração dos ventrículos e corresponde a 2/3 do ciclo cardíaco. Inicia-se o
fecho das válvulas auriculoventriculares (mitral e tricúspide), que é causado pela pressão que o sangue,
que está nos ventrículos, exerce sobre estas. Esta pressão tem efeito contrário nas válvulas semilunares,
que abrem e permitem a saída do sangue.
▪ Diástole – ocorre quando o coração se encontra relaxado e com menos sangue que os vasos, o que leva
ao fecho das válvulas semilunares (pulmonar e aórtica). Por outro lado, a pressão exercida pelo sangue
que vem do exterior abra as válvulas auriculoventriculares havendo entrada de sangue para os ventrículos.
https://www.youtube.com/watch?v=jLTdgrhpDCg
A despolarização e a repolarização contínuas ocorrem a uma determinada frequência: 70-80 bpm. Abaixo dos
50, o coração encontra-se em bradicardia e acima dos 100 em taquicardia. Como determinar a frequência
cardíaca? – intervalo de tempo entre 2 ondas R seguidas (intervalo de R-R), que corresponde a um ciclo
cardíaco completo. Pode-se fazer a média de vários ciclos.
→ Os atletas têm hipertrofia (mais músculo cardíaco), o que faz com que o seu coração injete mais sangue,
precisando de bater menos vezes – frequência cardíaca menor. As crianças têm uma frequência cardíaca maior
que a dum adulto, por terem necessidades metabólicas mais exigentes, o que faz com que o início da onda P
e do complexo QRS sejam menores.
A frequência cardíaca pode ser medida pelo pulso radial (no seguimento do
polegar) ou o pulso carotídeo (pescoço). Na artéria carótida/primitiva, que
divide em carótida externa e interna, há um corpo carotídeo no local da
bifurcação. Este tem barorrecetores que, quando a pressão é elevada, enviam
um sinal para o tronco encefálico, que envia um sinal para o nodo sinoauricular
de que a pressão está elevada, o que resulta na diminuição da frequência
cardíaca. Assim, o sangue não é ejetado pelo ventrículo e a pessoa desmaia
(síncope), o que pode resultar num traumatismo craniano. A pressão neste local
(ex. lâmina de barbear) pode originar esta situação.
Para a irrigação dos órgãos, costumam existir uma ou duas veias, uma artéria e
um vaso linfático. Os vasos linfáticos também possuem válvulas cujo
movimento é por pressão e compressão muscular.
3. Vaso sanguíneos
Artérias vs. Veias
Tanto as veias como as artérias possuem uma camada externa, uma
camada média constituída por músculo liso (ajuda à circulação,
comprimindo ou dilatando consoante a pressão) e uma fina camada de
endotélio que delimita o lúmen (entre outros).
As artérias são mais flexíveis e elásticas e têm uma camada média mais
espessa que a da veia, pois suportam o sangue que vem do coração a
alta pressão. A camada média das veias já é menor, pois o sangue que
nelas flui tem menor pressão. Estas comprimem para o sangue voltar
para o coração e têm válvulas para este não voltar para trás.
Nota: as varizes ocorrem quando as válvulas não funcionam bem, o que causa a dilatação das veias, que se
tornam mais visíveis. Assim, o sangue fica mais parado, favorecendo a formação de trombos.
Nota: As artérias também são irrigadas por vasos (vasos dos vasos) – vasa vasorum.
Os capilares são tao grandes ou menores que os eritrócitos e têm apenas endotélio, para facilitar as trocas.
No caso da anemia falciforme, o eritrócito vai ter o citoesqueleto alterado (forma de foice). Assim, o eritrócito
não consegue passar o capilar, gerando isquemia (falta de fluxo sanguíneo). A administração de hidroxiureia
potencia a expressão de hemoglobina γ, para resolver o problema.
Menor volume/dimensão → Maior resistência à passagem do sangue (menor velocidade) → Maior pressão
Pressão arterial
Pressão que as moléculas do sangue exercem nas paredes interiores dos vasos (variação da velocidade das
moléculas por área de superfície). Divide-se em sistólica e diastólica, sendo a primeira geralmente maior que
a segunda (sístole – maior pressão). Quando os valores estão elevados, há hipertensão e trata-se com
fármacos inibidores do enzima conversor da angiotensina3 ou antagonistas dos recetores da angiotensina. A
hipertensão pode ser sensível/idiopática (não se sabe a causa) ou pode ser devida a alterações no sistema
angiotensina-renina, displasia renal ou a um feocromocitoma (tumor das suprarrenais que emite adrenalina a
mais).
3
Molécula responsável por fazer contrair as paredes das artérias, levando ao aumento da pressão arterial.
A hipertensão pode levar ao desenvolvimento de arteriolosclerose, ou seja, rigidez das arteríolas. Esta pode
ser hialina (formam-se fibras de hialina, que levam ao estreitamento do lúmen) ou hiperplástica.
De um caso de hipertensão cronica, pode gerar-se insuficiência renal ou insuficiência da retina – há spots de
algodão (mais visíveis numa retina diabética) e distensão muscular.
Numa situação de pressão arterial baixa, pode haver produção da hormona antidiurética (vasopressina) que
leva à contração do músculo liso, diminuindo o lúmen e aumentando a pressão arterial. A nível endotelial, a
trombina e as citocinas também potenciam a contração da musculatura lisa. A angiotensina I também é
convertida em angiotensina II no endotélio, que tem o mesmo efeito, diminuindo o lúmen vascular.
Nos capilares promove-se a troca de nutrientes, que ocorre devido a uma difusão passiva e outra uma difusão
osmótica. O gradiente osmótico é suficiente de modo a manter a água no vaso, mas queremos permitir que
outras substâncias possam passar para o meio extracelular, para as células. Diferenças de pressão nos vasos
explicam os movimentos das moléculas de e para os diferentes compartimentos, quer meios celulares quer
nos vasos linfáticos.
O rim mantém normalmente a autorregulação, mas os nervos do sistema nervoso simpático diminuem o fluxo
de sangue no rim, para quando há uma situação de fuga não termos de urinar. Assim, a glândula hipofisária
produz ADH que vai diminuir a taxa de filtração glomerular tentando manter o máximo volume possível.
A comunicação parassimpática via nervo vago é feita através de acetilcolina. Já o principal neurotransmissor
simpático é a noradrenalina, produzida pela suprarrenal.
• Ativação a nível do hipotálamo da sensação de sede, que leva a consumir água, levando ao aumento do
volume do plasma (sangue);
• Produção de ADH, que diminui a taxa de filtração
glomerular;
• Aumento da atividade simpática, que vai reduzir a
eliminação de sódio (logo, a eliminação de água) e vai
estimular a secreção de renina, que ativa a angiotensina
1, convertida em angiotensina 2 que vai diminuir da
natriurese e estimular a produção de aldosterona
(também diminui a natriurese).
Em situações de hipertensão, usam-se como fármacos, inibidores da angiotensina II para diminuir a pressão
arterial. A angiotensina 2 também atua a nível cerebral, para a produção de hormonas de antidiuréticas. A
nível suprarrenal, regula a aldosterona, que diminui a natriurese.
Sistema Gastrointestinal
Estrutura altamente especializada que permite o processamento
da comida de modo a poder ser utilizada como fonte energética
pelas células.
Funções:
Composição:
✓ Trato gastrointestinal
✓ Órgãos digestivos acessórios (glândulas salivares, língua, dentes, fígado, vesícula biliar e pâncreas).
Trato Gastrointestinal
O trato gastrointestinal, do esófago ao ânus, é revestido por 4 camadas/túnicas:
• Muscular: Contração a nível das camadas de músculo liso longitudinal e circular. O plexus de Auerbach
inerva estas duas camadas musculares.
Órgãos:
- O esófago é uma estrutura tubular que liga a faringe ao estômago.
- O estômago é um órgão com grande capacidade de distensão e com importantes funções ao nível do
armazenamento de alimentos, iniciação da digestão, eliminação de microrganismos (pH ácido),
movimentação dos alimentos para o intestino (o que ocorre na forma de uma mistura designada quimo) e
com um pequeno papel na absorção (álcool e alguns fármacos solúveis em líquidos). Tem:
1. Células mucosas do colo – mais próximas da superfície do epitélio, contêm muco que protege contra
o pH ácido.
2. Células parietais – produção de HCl e do fator intrínseco que permite a absorção de vitamina B12.
3. Células zimogénicas – Produzem pepsinogénio, pré-enzima quer vai ser clivado a pH ácido e
convertido a pepsina, relacionada com a degradação de proteínas. Também produzem lipase gástrica,
que está envolvida na digestão dos lípidos.
4. Células entero-endócrinas – vários subtipos que permitem a regulação da digestão a nível do
estômago:
- Enterocromafins (EC) – produção serotonina
- Tipo enterocromafins (ECL) – produção de histamina.
- Células G (gastrina)
- Células D (somastatina)
- Células P/D1 ou A (grelina)
→ Conjunto das secreções gástricas e a grande quantidade de água no estômago: suco gástrico.
O sistema nervoso entérico atua de forma independente do SNC, mas em contacto próximo com o
parassimpático e o simpático. É responsável pela motilidade, regulação das secreções exócrinas e endócrinas,
microcirculação do sistema gastrointestinal e regulação de processos imunológicos e inflamatórios.
A secreção de HCl é estimulada por acetilcolina, histamina e gastrina que atuam sobre a mesma célula
parietal:
As células D produzem somastatina que vai ter o efeito oposto, atuando diretamente nas células G e inibindo
a produção de gastrina. Um pH demasiado ácido também inibe a produção de HCl.
Fases da regulação:
1. Fase cefálica: estimulação do núcleo do nervo vago no cérebro após cheirar, ver ou saborear comida,
dando início ao processo digestivo de salivação e estimulação das células parietais.
2. Fase gástrica: A presença de comida (aminoácidos, peptidos) no estômago estimula o nervo vago
que, por sua vez, promove a secreção de ácido a nível do estômago.
3. Fase intestinal: Quando entra no duodeno, o quimo inibe as secreções gástricas, porque há a
sinalização de que a comida passou para um órgão diferente, logo não há necessidade de haver os
enzimas no estômago.
• Serotonina: As células EC produzem 5-HT, um precursor da serotonina, que regula ao nível da mucosa
para estimular a absorção e a secreção, ou dos neurónios que promovem movimentos peristálticos.
A regulação enteroendócrina existe não só no estomago, como também nos intestinos.
• Grelina: Quando acabamos de comer, ingerimos glucose, que entra no sangue. Mas, se estivermos
numa fase de jejum, a grelina atua como hormona sensora, indicando que não existem alimentos no
estômago ao SNC, que estimula a produção de glucose no fígado, para a concentração de glucose
sanguínea ser mantida.
- O Intestino delgado é especializado na digestão (completa o estômago) e absorção, o que é potenciado pela
presença de vilosidades e microvilosidades. Este tem a região do duodeno que comunica diretamente com o
estômago, a região do jejuno e a região do íleo que comunica com o intestino grosso. Há duas glândulas muito
importantes na digestão dos alimentos, que comunicam diretamente com o intestino delgado:
1. Células goblet ou caliciformes – produção de muco, que evita que as bactérias do nosso intestino entrem
em contacto diretamente com as células, o que poderia ser prejudicial.
2. Enterócitos – absorção e digestão. Possuem nas suas membranas (ao invés de serem secretados) enzimas
que degradam dissacáridos em monossacáridos (sucrase, maltase e lactase) permitindo a digestão final.
Também possuem peptidases e fosfatases.
3. Células entero-endócrinas – regulação hormonal.
4. Células de Paneth – importante ação antimicrobiana.
5. Células estaminais – reposição de células no intestino. As células do intestino são muito desgastadas,
então, no fundo das microvilosidades há células estaminais que regeneram o epitélio.
- Intestino grosso: Absorção de água, eletrólitos e algumas vitaminas. Também conduz o que não foi
digerido/absorvido para ser excretado. Células:
1. Células goblet ou calciformes – Produção de muco. Enquanto que no intestino delgado há apenas
uma camada de muco, no grosso há duas.
2. Colonócitos – absorção
3. Células entero-endócrinas – regulação hormonal
4. Células de Paneth – ação antimicrobiana
5. Células estaminais – reposição de células no intestino
O intestino grosso é alvo de grande atividade bacteriana que é essencial ao metabolismo de alguns compostos,
em particular glícidos. As bactérias comensais que residem no intestino, fazem parte de uma comunidade de
microrganismos que desempenham um papel fundamental na manutenção da homeostase (isto é a
manutenção de um ambiente interno estável), a microbiota intestinal.
No vértice de cada um dos lóbulos do fígado existe um conjunto com 3 vasos (tríade
portal): ramificação da veia porta, ramificação da artéria hepática e ducto biliar.
• Destoxificação do sangue - As células de Kupffer que fagocitam estes organismos invasores; Ação de
hepatócitos que convertem e fazem destoxificação de tóxicos; produção de ureia, ácido úrico e
moléculas menos tóxicas que os seus percursores; excreção de moléculas na bílis.
• Metabolismo de hidratos de carbono, lípidos e proteínas;
• Secreção de bílis, que sai através do ducto biliar comum e é armazenada na vesícula biliar até ser
libertada. Ajuda à digestão de lípidos através de seus sais e também a uma parte da sua excreção.
Os hepatócitos apresentam grande capacidade de divisão, têm funções chave no metabolismo; têm um papel
no sistema imune inato, na destoxificação e produzem bílis.
Os níveis de bilirrubina são bons indicadores para determinadas doenças. Na anemia falciforme há hemólise
excessiva: muitos glóbulos vermelhos, que têm de ser destruídos e que geram muita bilirrubina. Na síndrome
de Crigler-Najjar há mutações na enzima necessária à conjugação da bilirrubina. Quado há muita bilirrubina
no sangue, fica-se com um aspeto dos olhos e pele amarelo – Icterícia.
Outros compostos destoxificados a nível do fígado: A amónia (NH4+), muito tóxica, é convertida em ureia a
nível do fígado. Várias purinas tóxicas são convertidas em ácido úrico. Os produtos formados são, depois,
excretados nos rins.
• Glândulas salivares: produzem α-amílase, muito importante no início da digestão do amido. Na boca
conseguimos absorver logo parte de alguns compostos.
• Glândulas gástricas: HCl, pepsina (secretada como pepsinogénio - inativo) e também lipase gástrica.
• Duodeno: suco intestinal
• Vesícula biliar: parte exócrina do pâncreas (suco pancreático).
• Intestino: enzimas nas microvilosidades que permitem completar a digestão feita no intestino.
Regulação Neuronal e Endócrina
O sistema nervoso entérico (SNE) é característico do sistema
intestinal e atua de forma independente do sistema nervoso
central. Os neurónios que fazem parte do SNE têm o próprio
corpo celular ao longo do trato gastrointestinal e não apenas
na zona do SNC (medula ou cérebro). Responsável por
motilidade, regulação das secreções endócrinas e exócrinas,
microcirculação do sistema gastrointestinal e regulação de
processos imunológicos e inflamatórios. Mucosa, submucosa
onde há vários plexos (células nervosas, neurónios) há
neurónios motores, mas, também, neurónios sensores.
A nível do sistema nervoso entérico há controlo por algumas hormonas, que vêm da corrente sanguínea ou
por ação parácrina e regulam as secreções do sistema digestivo.
Nas camadas do trato intestinal, principalmente na submucosa e nas musculares há plexos nervosos (redes
de neurónios) importantes na contração do músculo liso para permitir movimentos peristálticos para o
movimento da comida. O seu corpo celular encontra-se a nível do próprio trato gastrointestinal.
A fase intestinal da regulação gástrica inicia-se logo que os alimentos chegam ao duodeno. Esta fase é
controlada por hormonas que levam ao reflexo enterogástrico, i.e., à inibição da função gástrica:
A regulação intestinal pode ser feita diretamente através do sistema nervoso entérico ou haver regulação
parácrina. Da regulação parácrina do intestino fazem parte:
• Células ECL - produzem a serotonina (5-HT) e a motilina que promove a contração do intestino e
consequente deslocação do quimo.
• As células da mucosa intestinal produzem guanilina que promove a regulação dos fluidos.
Diarreia: Ocorre quando a regulação não é a ideal. Os enterócitos regulam vários compostos e há as células
goblet cuja função é a produção de muco. A produção de guanilina por parte das células e existem patogénios
que têm toxinas cuja estrutura é semelhante à guanilina e que vao ligar-se a esses recetores. Quando estes
patogénios crescem, há muitas enterotoxinas que se vão ligar a este recetor e estimular a produção de muco
–> perda excessiva de fluídos durante a diarreia.
A guanilina regula a produção de muco. Quando se ligam aos recetores estimula a produção de muco, daí a
perda de fluidos aquando da diarreia.
A regulação intestinal pode ser feita diretamente através do sistema nervoso entérico ou haver regulação
parácrina.
A regulação da secreção pancreática é estimulada por três fatores: pela acetilcolina, a CCK (na presença de
lípidos e proteínas) e a secretina (quando o pH é inferior a 4.5 – entrada do quimo proveniente do estomago,
onde há um pH muito mais baixo).
Regulação vai via nervo vago e libertação de ACh que vai estimular a produção e secreção destes compostos
a nível de líquido e água e secretar enzimas. As células que produzem CCK são ativadas pela presença de lípidos
e proteínas e o pH baixa a libertação de secretina.
A secreção de bílis é estimulada pela presença de ácidos biliares no fígado e da ação da CCK. O aumento da
acidez pela secretina também atua de modo semelhante ao que acontece ao nível do pâncreas e também a
presença de lípidos e gordura. Os sais biliares também vão ser importantes para a emulsificação das gorduras.
Tabela sumário – tipo de tecido, efeitos fisiológicos necessários para a libertação das secreções e ação da CCK
nesta regulação.
Digestão
A digestão ocorre ao longo do trato gastrointestinal através da presença de sucos e enzimas especializados.
Absorção
Transferência de nutrientes para a corrente sanguínea de modo a chegarem a todas as células e tecidos. O
intestino delgado é um local muito importante na absorção das principais macromoléculas. A existência de
vilosidades permite o grande aumento da área de absorção.
São hidrolisados por ação de vários enzimas (amílase, sucrase, lactase e maltase) até serem gerados
monossacáridos. Depois, são absorvidos através da membrana apical dos enterócitos por difusão facilitada.
Outros polissacáridos que não o amido, são digeridos ao nível do intestino grosso e convertidos em acetato,
prorpionato e butirato, graças à ação da microbiota.
A sua digestão é iniciada no estômago por ação da pepsina, sendo que a maior parte ocorre no duodeno e
jejuno por ação da tripsina, quimiotripsina e elastase (endopeptidases) e carboxipeptidase (exopeptidase),
sendo finalizada por ação de enzimas localizadas na membrana apical ou no citoplasma dos enterócitos. Já na
forma de aminoácidos individuais, ou di- ou tripéptidos, são transportadas através de transportadores
especializados para o interior dos enterócitos.
Absorção de lípidos
Fígado
Após absorção, os nutrientes entram na corrente sanguínea onde podem chegar aos vários órgãos e tecidos.
Os capilares sanguíneos localizados no intestino conduzem os nutrientes principalmente através da veia porta
até ao fígado, órgão que desempenha uma função metabólica central no organismo, produzindo e
armazenando energia.
No fígado, a glucose é convertida em glucose-6-fosfato, a qual é depois utilizada em várias vias metabólicas,
tais como síntese de glicogénio (armazenamento) ou participar nas vias da glicólise ou das pentoses-fosfato
(biossíntese).
Por sua vez, os ácidos gordos não esterificados ou livres são os únicos libertados diretamente dos enterócitos
para a corrente sanguínea e podem ser transportados para o citoplasma dos hepatócitos, onde são
esterificados (em triacilglicerol e fosfolípidos) e posteriormente oxidados na mitocôndria ou são mantidos nas
células como reserva, os glicerolípidos.
Lípidos
No sangue os quilomicra associam-se a uma apolipoproteína, ApoE, permitindo que sejam depois
transportados para o interior de células no músculo e tecido adiposo através de um receptor para a ApoE.
A ação da lípase lipoproteíca permite a hidrólise dos triglicéridos dos quilomicra levando à libertação de ácidos
gordos e quilomicra remanescentes (contendo colesterol).
Colesterol e triglicéridos produzidos pelo fígado associam-se a um tipo de apolipoproteínas designado VLDL
(very-low-density lipoproteins), permitindo o seu transporte no sangue e distribuição por diferentes órgãos.
A remoção dos triglicéridos leva à conversão de VLDL em LDL (low density lipoproteins) que transportam
colesterol para vários órgãos. Excesso de colesterol é transportado dos órgãos alvo para o fígado associado a
HDL (high-density lipoproteins).
Nos LDL há a remoção dos triglicéridos – transporte maioritário de colesterol. HDL (high-density lipoproteins),
vesículas que vão capturar colesterol, ou excesso de colesterol que está em vários órgãos e transportá-lo de
volta para o fígado para ser excretado via bílis, para as fezes. Logo, é o colesterol bom, porque limpa o
organismo de colesterol.
Músculo
Um obeso tem uma taxa metabólica elevada e também uma quantidade de matéria gorda livre mais elevada.
Nutrientes provenientes da alimentação vão ser utilizadas ou pelas células ou por reservas energéticas, como
o glicogénio e os lípidos. As proteínas só são usadas em casos extremos.
A regulação do metabolismo energético envolve a comunicação entre tecidos e órgãos, que é mediada
principalmente por hormonas. Ao conjunto de glândulas endócrinas e suas secreções designa-se sistema
endócrino. As glândulas endócrinas produzem secreções que são libertadas na corrente sanguínea.
Glândula exócrina: os conteúdos são libertados no exterior do corpo → os ácinos pancreáticos secretam suco
pancreático para o duodeno.
As hormonas afetam outros compostos que não a própria hormona. Estão presentes em concentrações muito
baixas, sendo finamente reguladas: quando a ação termina deixa de ter a função. São produzidas num tecido
e têm efeito noutro. As hormonas metabólicas permitem a regulação entre a ingestão de alimentos e o
consumo energético.
Há dois grandes estímulos: a fome e a indicação de supressão (saciado). A regulação da sensação de fome ao
nível do cérebro é feita numa zona do hipotálamo designada de núcleo arqueado. A grelina, produzida pelo
estomago quando o estomago está vazio, sinaliza, pela corrente sanguínea ao SNC que é preciso alimentos,
logo, temos de ter fome. Insulina, leptina (produzida pelo sistema adiposo) → Supressão de apetite.
Ao nível dos tecidos, algumas hormonas associadas ao metabolismo vão promover o anabolismo (insulina) ou
o catabolismo (glucagina).
Vários órgãos contribuem para a regulação metabólica do organismo através da secreção de hormonas. Entre
estes órgãos encontram-se o tecido adiposo, o músculo esquelético, órgãos do sistema digestivo (estômago,
intestino, pâncreas), coração e rim.
Dentro dos ilhéus de Langerhans há diferentes subpopulações associadas à produção de diferentes hormonas:
Insulina
Hormona peptídica produzida por células β (60% das células dos ilhéus).
A sua secreção ocorre em resposta a glucose, mas também a presença de ácidos gordos que ajudam à secreção
de insulina. Também aminoácidos e corpos cetónicos.
Assim que a glucose entra nas células é convertida em glucose 6-fosfato de glucose. Entra em processo de
glicólise, que leva a que se acumule ATP. Nas células β há canais de potássio sensíveis a ATP que vão ser
fechados, depolarizando a membrana e permitindo a entrada de Ca2+. Com a entrada de Ca2+, dá-se a exocitose
das vesículas que contêm insulina. Depois, a insulina entra na corrente sanguínea.
Assim, a insulina promove o transporte de glucose para o interior das células alvo (em particular no fígado,
músculo esquelético e tecido adiposo) através do transportador GLUT4.
ASSIM, a glucose estimula mais a transcrição do gene da insulina. O principal transportador de glucose para
células β é o GLUT 2 (GLUTs 1 e 3 humanos).
Quando a insulina se liga aos recetores, ativa uma cascata de sinalização que permite a translocação de
transportadores para a membrana, permitindo a entrada de glucose. Orgãos alvo: fígado, …
Glucagon (glucagina)
A glucagina é uma hormona peptídica produzida pelas células α do pâncreas (25% dos ilhéus). A sua secreção
ocorre em resposta a glucose, mas também aminoácidos. Ao contrário das células β, nas células α, menor
concentração de ATP é necessária para a abertura dos canais de Ca2+ dependentes de voltagem. Elevadas
concentrações de glucose levam a uma excessiva despolarização e inativação dos canais de Na+ e Ca2+. A ação
do glucagon nas células alvo permite a mobilização de glucose a partir de reservas de glicogénio.
Quando a glucose está baixa, vai entrar na glicólise e produção de ATP. Mas os transportadores de potássio
são muito sensíveis e menores quantidades de ATP vão fazer com que haja uma despolarização excessiva da
membrana e uma inativação dos canais de Na e Ca.
Nos órgãos alvo também existe um recetor para glucagon que estimula, por exemplo, a formação de cAMP
numa cascata de fosforilação em que o objetivo final é que o glicogénio seja mobilizado para se obter glucose.
Tanto a ação do glucagon como de insulina vão promover ou inativar a transcrição de genes. A glucose-6-
fosfatase permite a desfosforilação de glucose, i.e., a sua mobilização.
→ Das hormonas acima, a insulina é a única que provoca a diminuição de glucose no sangue.
Há 2 grupos de hormonas produzidas e secretadas ao nível das glândulas adrenais. Os glucocorticoides, como
o cortisol, são secretados da zona do córtex adrenal. A adrenalina é secretada na zona da medula.
Conjuntamente com esta regulação hormonal, a regulação do metabolismo também é feita pelo sistema
nervoso autónomo (somático, simpático e parassimpático) que regula movimentos peristálticos, mobilização
ou armazenamento de nutrientes. O principal neurotransmissor é a acetilcolina, que quando libertada pelos
neurónios vai por ação direta, ou indireta, estimular os diferentes órgãos.
No fígado, a regulação do metabolismo da glucose é mediada
por hormonas, permitindo a mobilização ou armazenamento de
nutrientes. A glucagina promove a mobilização de glucose e a
insulina o seu armazenamento.
O músculo também é importante no metabolismo das gorduras. Assim, também a contração desempenha um
papel importante, permitindo a estimulação da glicogenólise, mesmo na ausência de estímulos hormonais.
A deslocação de glucose na corrente sanguínea é altamente regulada, permitindo que essa chegue aos vários
órgãos e tecidos quando necessário.
→ A própria contração estimulada por ATP também estimula a mobilização de glucose a partir de glicogénio
e a glicólise.
• A insulina vai promover a glicólise e também a degradação dos ácidos gordos. Particularidade: a
utilização ou não do glucogénio e glicose é controlada pelo tipo de contração.
• A adrenalina estimula a mobilização do glicogénio.
• A glucose sanguínea é controlada a nível hormonal. O fígado pode controlar a glucose sanguínea, pois
tem a capacidade de fazer tanto a glicólise como a gluconeogénese.
Glucose sanguínea: Concentração de glucose presente no sangue, indicadora do metabolismo de um
indivíduo:
▪ Hiperglicémia: níveis de glucose no sangue superiores aos normais. Ex: primeiras horas após refeição.
▪ Hipoglicémia: níveis de glucose no sangue abaixo dos normais. Ex: jejum/fastio.
O aumento dos níveis de insulina não só está associado ao aumento da glucose sanguínea como, também, ao
do lactato sanguíneo.
Diabetes mellitus
→ Concentração de glucose no sangue superior à normal.
Tipo 1
É pouco comum. Caracteriza-se por ser de evolução rápida e evidente, mesmo em crianças muito jovens.
O organismo produz anticorpos que levam à destruição das células β dos ilhéus de Langerhans do pâncreas.
Isto leva a uma diminuição na produção de insulina, o que faz com que não haja sinalização/deteção da glucose
existente no sangue. Logo, dá-se um aumento da glucogenolise e da gluconeogénese, potenciando-se as vias
que levam ao aumento da concentração de glucose sanguínea, para compensar a suposta falta de glicose
sanguínea, o que acaba por gerar hiperglicemia. A ausência de insulina também leva à formação de corpos
cetónicos, que quando em excesso, podem ser bastante tóxicos para o organismo. A esterificação de ácidos
gordos também diminui, não havendo reserva de nutrientes, mas sim mobilização, o que culmina em magreza.
Ausência total de insulina.
Tipo 2
É muito comum, desenvolvendo-se ao longo da vida. Uma das características é a insulina deixar de conseguir
exercer a sua função normal. Às vezes tem a ver com a sua produção, outras vezes tem a ver com os recetores
de insulina dos tecidos – resistência à insulina.
Note-se que também continua a haver problemas na regulação, com um aumento da glucose sanguínea.
Também continua a haver produção de insulina, muitas vezes superior ao normal.
Fase pré-diabético - glucose elevada, mas acaba por ser baixada pela produção de insulina. No entanto, esta
resposta da insulina é exacerbada, por perda de sensibilidade à ação da insulina.
Caso mais extremo - o nível basal de glucose é logo muito elevado e, após a ingestão de alimentos, permanece
elevado durante muito mais tempo. Ausência de resposta por parta da insulina.
→ À medida que a doença se torna mais severa, vai diminuindo a resposta da insulina. Ao contrário da diabetes
tipo 1, na diabetes tipo 2 há sempre alguns níveis de insulina do sangue, mesmo que baixos, o suficiente para
contrariar o aumentos de corpos cetónicos
Tratamentos
São ajustados de acordo com o tipo de diabetes. A insulina administrada é produzida pela técnica do DNA
recombinante.
▪ Tipo 1: A insulina tem de ser injetada. Se fosse injerida, iria ser metabolizada e degradada durante a
digestão. Nestes pacientes, tanto pode haver hiperglicemia como hipoglicémia. Mesmo as injeções e as
refeições têm de ser muito regradas.
▪ Tipo 2: controlo da obesidade (dieta e cirurgia).
Fármacos:
- Sulfonilureias - atuam nas células β e promovem a libertação de mais insulina, porque bloqueiam os
canais de potássio.
- Biguanidas – melhoram a sensibilidade dos tecidos à insulina.
Hipotálamo e hipófise
Hormonas esteroides
Aminas Biogénicas
▪ Iodotironinas - Hormonas da tiroide produzidas a partir de 2 moléculas de tirosina, transportadas no
sangue pela TBG (globulina de ligação às hormonas na tiroide).
▪ Catecolaminas - produzidas na medula adrenal a partir da tirosina. Incluem a adrenalina (epinefrina),
noradrenalina e dopamina. (2-OH’s)
Vasopressina
A sua libertação é regulada por ativação de osmorrecetores
no hipotálamo e pela diminuição da atividade de
barorreceptores periféricos. Atua no rim e no sistema
cardiovascular e promove mecanismos fisiológicos que
levam ao aumento da pressão arterial. Atua em dois
recetores distintos V1 e V2. No rim, promove a retenção de
água no organismo através da estimulação da reabsorção
de água, causa o aumento da expressão e translocação
para a membrana da aquaporina 2 e é mediado por
recetores V2 acoplados às pGs e AC-cAMP-PKA promovendo
o aumento do volume de sangue assim como a secreção de
renina.
Oxitocina
A sua secreção é estimulada pelo contacto e sucção na glândula mamária (amamentação) ou dilatação do colo
do útero (parto) e estímulo mecânico da parede vaginal (coito). São reflexos autonómicos hipotalâmicos com
manifestações na secreção endócrina. Estimula a ejeção do leite pelos ductos da glândula mamária.
Corticotrofina (ACTH)
Cadeia única peptídica segregada em resposta a vários tipos de stress. Atua no córtex da glândula suprarrenal
induzindo a secreção de cortisol, mas também mineralocorticoides, androgénios e estrogénios. A resposta
imediata ao stress consiste no aumento da taxa cardíaca, pressão arterial, dilatação dos bronquíolos, elevada
taxa metabólica. A resposta prolongada ao stress consiste na produção de mineralocorticoides e
glucocorticoides que, respetivamente, aumentam a retenção de Na+ e H2O pelos rins e o volume e pressão
sanguínea, e convertem proteínas e gorduras em glucose para obter energia, aumentam os níveis de açúcar
no sangue e causam imunossupressão. A regulação é por retroação negativa (hipotálamo e adenohipófise).