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Uma célula eucariótica para operar eficientemente, precisa de segregar os A maioria dos organelos está na célula por ligação

ula por ligação ao citoesqueleto, em especial aos


diferentes processos intracelulares; isto porque, muitos dos processos e reações microtúbulos; os filamentos do citoesqueleto formam caminhos que permitem
químicas que ocorrem na célula são incompatíveis: umas reações fazem glicose, mover os organelos e direcionar as vesiculas entre um organelo e outro: movimentos
outras quebram-na; umas sintetizam ligações peptídicas, outras hidrolisam-nas. são impulsionados por proteínas motoras (usam energia da hidrólise ATP).
Desta forma, as células desenvolveram estratégias para isolar e organizar as suas
reações químicas. Uma estratégia usada por procariontes e eucariontes é agregar Em termos de área e massa, a membrana plasmática é uma membrana pequena na
diferentes enzimas usadas para catalisar determinadas reações em grandes maioria das células eucarióticas – área da membrana do RE é 20/30x maior. Foi
possível separar os organelos uns dos outros por centrifugação diferencial – com
complexos; uma 2ª estratégia, e a que vamos analisar neste capitulo, está mais
uma amostra purificada de um organelo é possível identificar as suas proteínas e,
desenvolvida nos eucariontes e implica confinar diferentes processos metabólicos
(e as proteínas para eles necessários) em compartimentos fechados por membranas submetê-lo a determinadas condições, permitiu estudar a sua função.
– a membrana célula forma uma barreira com permeabilidade seletiva. Enquanto Para entendermos a relação entre os diferentes compartimentos, é importante
uma célula procariótica consiste num só compartimento, fechado pela membrana considerarmos como eles evoluíram: nas células eucarióticas atuais, por causa do seu
plasmática, as células eucarióticas estão divididas por membranas internas – formam tamanho, não era possível manter todas as funções na membrana plasmática – sem
estruturas chamados (cada um dos quais o desenvolvimento de membranas internas, esta evolução não teria sido possível.
contém um conjunto único de moléculas e possui uma função especializada). Acredita-se que estes organelos desenvolveram-se em estadios: algumas
membranas originaram-se por invaginações da membrana plasmática – membrana
Os organelos são rodeados pelo citosol, que está circundado pela membrana
plasmática. O núcleo é, normalmente, o organelo mais proeminente nas células nuclear, do RE, do aparelho golgi, dos endossomas e lisossomas 
eucarióticas: é rodeado por uma dupla membrana – envelope nuclear – e comunica – o interior destes organelos permite-lhes comunicar intensamente
com o citosol através dos poros nucleares (que “furam” o envelope). A membrana uns com os outros. Já as mitocôndrias e os cloroplastos (têm o seu próprio genoma
nuclear externa é contínua com a membrana do reticulo endoplasmático – sistema e produzem algumas das suas proteínas), acredita-se que foram originados por uma
de sacos e tubos que se prolonga ao longo da célula; o RE é o sitio de maior síntese relação de simbiose de uma célula anaeróbia eucariótica com uma bactéria.
de novas membranas celulares; partes do RE têm ribossomas associados, na região Antes de uma célula eucariótica se dividir, ela aumenta de tamanho: o mesmo
citosólica – RE rugoso. Os ribossomas são proteínas com atividade sintética, inseridos acontece com os organelos, que crescem e são distribuídos pelas 2 células filhas. O
na membrana do RE ou enviados para o lúmen do RE. O RE liso não contém crescimento dos organelos implica um suprimento de lípidos (para formar
ribossomas; é escasso na maioria das células, mas desenvolvido para desempenhar membranas) e de proteínas (proteínas da membrana e as que vão ocupar o interior
funções específicas em outras: síntese de hormonas esteroides e libertação e do organelo). Mesmo em células que não se estão a dividir, a síntese proteica é
recaptação de Ca2+ (contração muscular). O aparelho de golgi, situado perto do contínua – depois precisam de ser enviadas ao organelo apropriado. Fazer chegar ao
núcleo, recebe proteínas e lípidos do RE, modifica-os e envia-os para os seus destinos organelo certo as proteínas que estão a ser formadas é necessário para a célula
na célula. Os lisossomas – sacos com enzimas digestivas – degradam organelos crescer, dividir e funcionar corretamente.
velhos e macromoléculas que entram na célula por endocitose. No caminho até aos
lisossomas, os materiais endocitados, passam por uma série de compartimentos – Em alguns organelos (mitocôndrias, cloroplastos e o interior do núcleo) as proteínas
endossomas- que separam as moléculas ingeridas e reciclam algumas de volta à são entregues de forma direta pelo citosol; outros (golgi, lisossomas, endossomas,
membrana. Os peroxissomas contêm enzimas que quebram lípidos e destroem m.nuclear interna) as proteínas e os lípidos são entregues indiretamente pelo RE.
moléculas toxicas, produzindo peróxido de hidrogénio. A mitocôndria e o Neste caso, as proteínas entram no RE pelo citosol: algumas ficam lá retidas, outras
cloroplasto têm uma membrana dupla e são os locais onde se dá a fosforilação são transportadas por vesiculas até ao golgi e depois até à membrana plasmática ou
oxidativa e fotossíntese, respetivamente – possuem membranas para produção ATP. outros organelos. Os peroxissomas fazem uso dos 2 caminhos – apesar de adquirirem
as proteínas da membrana através do RE, as suas enzimas digestivas vêm do citosol.
A síntese de quase todas as proteínas começa nos ribossomas, no citosol, à exceção reveste a face interna da membrana e fornece suporte estrutural ao envelope
das poucas proteínas sintetizadas nos ribossomas dentro da mitocôndria e nuclear); a composição da membrana externa é semelhante à do RE (que lhe é
cloroplasto. Inclusive, muitas das proteínas que as mitocôndrias e os cloroplastos contínua). O envelope é perfurado por poros nucleares – formam portões que
precisam são feitas no citosol e só depois importadas. O destino de cada proteína permitem a passagem de moléculas; um poro é uma estrutura grande composta por
sintetizada no citosol, depende da sua sequência de aminoácidos – possuem um sinal cerca de 30 proteínas diferentes, cada uma com várias cópias; muitas das proteínas
de triagem/classificação que direciona a proteína ao organelo requerido; proteínas que revestem o poro têm regiões não estruturadas, nas quais as cadeias
sem esse sinal, permanecem no citosol. Diferentes sinais direcionam as proteínas polipeptídicas estão desordenadas – essas regiões desordenadas formam uma
para diferentes organelos. Quando um organelo importa uma proteína, do citosol ou malha que preenche o centro do canal, impedindo a passagem de moléculas grandes
de outro organelo, surge um problema: a proteína tem de ser transportada através (mas permite a passagem livre de moléculas pequenas e solúveis).
da membrana (membrana essa normalmente impermeável a macromoléculas
hidrofílicas). A forma como o organelo lida com isso, depende do tipo de organelo: No entanto, moléculas maiores também precisam de passar pelos poros: RNA’s e
subunidades ribossomais precisam de ser exportadas para o citosol e, proteínas
1) : são transportadas através destinadas ao núcleo precisam de ser importadas do citosol  para que entrem por
dos poros nucleares – funcionam como portões que transportam ativamente um poro, essas moléculas grandes têm que exibir um sinal apropriado. A sequência
macromoléculas especificas, mas também permitem a passagem livre de algumas de sinal que direciona uma proteína citosol para o núcleo -
moléculas pequenas. : consiste em 1 ou 2 sequências curtas com várias lisinas ou argininas
carregadas positivamente. Esse sinal de localização nuclear, é reconhecido por
2) : são proteínas citosólica – ; esses recetores ajudam a
transportadas através da membrana do organelo por translocadores proteicos – direcionar a proteína recém-sintetizada para o poro nuclear, interagindo com as
diferente do transporte através dos poros, as proteínas a transportar devem fibrilas que se estendem da borda do poro, para o citosol. Quando o poro está vazio,
desdobrar-se para que o translocador as leve através do interior (hidrofóbico) da as sequências repetidas (dentro do emaranhado proteico, que preenche o centro do
membrana. As bactérias usam um mecanismo semelhante para exportar proteínas poro) ligam-se umas às outras e formam um gel; quando o recetor de importação
do citoplasma para o exterior da célula. penetra no poro, ele agarra-se a essas sequências repetidas, interrompe as
3) interações entre elas e abre uma passagem – fazem isto até entrarem no núcleo e
: são transportadas por vesiculas de transporte, que se separam da entregarem a sua carga. Depois disso, o recetor vazio regressa ao citosol, pelo poro,
membrana de um compartimento e se fundem com a membrana de um outro. para ser reutilizado.

Normalmente, o sinal de classificação de uma proteína é uma sequência de Esta importação de proteínas nucleares é alimentada pela hidrólise do GTP:
aminoácidos que, frequentemente (mas não sempre) é removida da proteína assim mediada por uma GTPase chamada Ran; tal como outras GTPases, a Ran existe em 2
que ela tenha sido classificada. Essas sequências de sinal são necessárias e suficiente conformações: uma com a molécula de GTP, outra com a de GDP. A Ran-GTP está
para direcionar uma proteína ao seu destino especifico: através de técnicas de em altas concentrações no núcleo, enquanto a Ran-GDP é produzida no citosol. No
engenharia genética observou-se que excluir a sequência de sinal de uma proteína núcleo, a Ran-GTP separa a proteína nuclear do seu recetor, permitindo que a
do RE, converte-a numa proteína citosólica; da mesma forma, a colocação de uma proteína importada seja libertada; o recetor de importação, agora ligado ao Ran-GTP,
sequência de sinal RE numa proteína citosólica, direciona-a para o RE. Sequências de retoma ao citosol, onde se dá a hidrólise do GTP em GDP  permite a dissociação
sinal que especificam o mesmo sítio, podem ser muito diferentes (a hidrofobicidade da Ran-GDP com o recetor, deixando o recetor livre para transportar outra proteína
ou aminoácidos carregados é, aparentemente, mais importante para a função do nuclear. A hidrólise do GTP conduz o transporte nuclear na direção apropriada.
sinal do que a sequência exata dos aminoácidos). Os recetores de exportação nuclear funcionam de forma semelhante, mas
O é formado por 2 membranas: a membrana interna contém direcionam o tráfego de proteínas e RNA do núcleo para o citosol. Estes recetores
algumas proteínas que atuam como sítios de ligação para os cromossomas, e outras reconhecem os sinais de exportação nuclear (diferentes dos que especificam a
que servem de ancoragem à lâmina nuclear (uma malha de filamentos proteicos que importação) e também usam a Ran para acoplar o transporte a uma fonte de energia.
O transporte de proteínas, através dos poros nucleares, é feito com as proteínas na O reticulo endoplasmático serve de ponto de entrada para várias proteínas
sua confirmação dobrada – característica que distingue o mecanismo de transporte destinadas a outros organelos, bem como ao próprio RE; proteínas destinadas ao
nuclear, dos outros mecanismos de transporte de proteínas nos outros organelos (na golgi, endossomas, lisossomas e membrana plasmática entram no RE (a partir do
maioria, as proteínas têm que se desdobrar para atravessar as membranas). citosol) e são transportadas por vesiculas de transporte de organelo em organelo
dentro do sistema endomembranar. Há 2 tipos de proteínas que são transferidas do
As mitocôndrias e os cloroplastos, apesar de conterem os seus próprios genomas e citosol para o RE: 1) proteínas solúveis em água, que são completamente
produzirem algumas das suas proteínas, a maioria das proteínas que necessitam têm
translocadas através da membrana do RE e são libertadas no lúmen do mesmo; e 2)
de ser importadas do citosol. Essas proteínas têm uma sequência de sinal, no
proteínas transmembranares que são apenas parcialmente translocadas através da
terminal N, que lhes permite entrar no organelo específico. As proteínas destinadas membrana do RE e ficam incorporadas nela. Proteínas hidrossolúveis destinam-se a
a qualquer organelo são translocadas, simultaneamente, através das membranas ser secretadas ou ficam no lúmen de um organelo do sistema endomembranar. As
interna e externa, em locais especializados onde há justaposição de ambas. À proteínas transmembranares destinam-se a residir na membrana de um desses
medida que é translocada, cada proteína é desdobrada e, a sua sequência de sinal é organelos ou na membrana plasmática.
removida após o processo de translocação estar completo. As proteínas chaperonas,
ajudam a puxar a proteína através das 2 membranas e depois a redobrá-la dentro. Todas as proteínas são primeiro direcionadas ao RE por uma sequência de sinal de
RE (8 aminoácidos hidrofóbicos); ao contrário do que acontece nos organelos que
No caso de ser necessário um transporte subsequente dentro do organelo para um vimos até agora, a maioria das proteínas que entram no RE começam a ser lá enfiadas
local especifico (membrana interna, externa, tilacoides…) isso requer mais sinais na antes que a cadeia polipeptídica tenha sido completamente sintetizada – isto implica
proteína – que geralmente só são expostos após a remoção da primeira sequência que o ribossoma que sintetiza a proteína, esteja ligado à membrana do RE (RE
de sinal. Além de proteínas, o crescimento e manutenção das mitocôndrias e Rugoso). Logo, há 2 tipos de ribossomas: os que estão ligados ao lado citosólico da
cloroplastos exige a importação de lípidos (incorporados nas membranas); a maioria membrana do RE (e membrana externa núcleo) que produzem proteínas que estão
dos fosfolípidos é importada do RE (principal local de síntese de lípidos). Os a ser translocadas para o RE; e os ribossomas livres, não ligados a nenhuma
fosfolípidos são transportados por proteínas transportadoras de lípidos que extraem membrana, estão a produzir todas as outras proteínas codificadas por DNA nuclear.
um fosfolípido de uma membrana e entrega-o noutra – este transporte geralmente Em termos de estrutura e funcionalmente, ambos os ribossomas são idênticos;
ocorre em junções especificas onde as membranas de diferentes organelos são
diferem apenas nas proteínas que produzem.
mantidas juntas; ao controlar quais lípidos são transportados, as membranas são
capazes de manter diferentes composições lipídicas. No caso de o ribossoma estar a produzir uma proteína com sequência de sinal de RE,
essa sequência direciona o ribossoma para a membrana do RE – proteínas são
Os peroxissomas contém enzimas que digerem toxinas e sintetizam certos translocadas à medida que são produzidas, sem gasto de energia adicional para os
fosfolípidos – incluindo os presentes na bainha de mielina; os peroxissomas eu transporte – o alongamento da cadeia polipeptídica fornece o impulso necessário
adquirem a maior parte das suas proteínas via transporte seletivo do citosol. Muitas para empurrar a cadeia em crescimento através da membrana do RE. Quando um
das proteínas peroxissomais contêm uma sequência de apenas 3 aminoácidos (sinal
mRNA é traduzido, ligam-se a ela vários ribossomas – polirribossoma; quando esse
de importação), que é reconhecido por recetores no citosol. Tal como acontece nas
mRNA dirige a síntese de uma proteína com sinal RE, o polirribossoma fica ancorado
mitocôndrias e cloroplastos, a membrana do peroxissoma contém um transladador
à membrana do RE.
que auxilia no transporte de proteínas; mas, ao contrário do que acontece nestes 2
organelos, as proteínas não precisam de se desdobrar para entrar no peroxissoma. Há 2 componentes que ajudam a guiar as sequências de sinal RE, para a membrana
Embora a maioria das proteínas peroxissomais venham do citosol, há algumas que do RE: 1) (SRP- signal recognition particule) que
chegam por vesicula que brotam do RE: podem-se fundir com peroxissomas pré- se liga ao ribossoma e à sequência de sinal do RE à medida que esta emerge do
existentes ou, através da importação de proteínas do citosol, formarem novos ribossoma; e 2) um , que está embutido na membrana do RE e reconhece
peroxissomas. A síndrome de Zellweger demonstra a importância crucial dos a SRP. A ligação de uma SRP a um ribossoma – que tem a sequência de sinal RE –
peroxissomas no funcionamento das células e na saúde dos organismos. atrasa a síntese proteica, até que a SRP interaja com um recetor SRP no RE. Uma vez
ligados (SRP + recetor SRP) a SRP é libertada, e o ribossoma passa do recetor para
um translocador proteico, na membrana do RE, e a síntese proteica recomeça  o Entrar no lúmen ou na membrana do RE, normalmente é apenas o primeiro passo
polipéptido é enfiado através da membrana do RE, através de um canal no para chegar noutro destino; pelo menos inicialmente, esse destino passa pelo golgi
translocador. No fundo, a SRP e o recetor SRP funcionam como casamenteiros, – proteínas são lá modificadas e classificadas para serem enviadas a outros locais. O
reunindo os ribossomas (que sintetizam proteínas com sequência sinal RE) e os transporte REGolgioutros organelos sistema endomembranar é feito por
translocadores de proteínas dentro da membrana do RE. . Esse transporte vesicular fornece rotas de comunicação
entre o interior e exterior célula. Uma via de secreção externa começa com a síntese
Além de direcionar as proteínas para o RE, as sequências de sinal (terminal N),
de proteínas na membrana RE lúmen RE  Golgi  superfície célula (através dos
funcionam para abrir o translocador de proteínas; esta sequência fica ligada ao
endossomas e lisossomas – exocitose); a via endocítica interna move materiais da
translocador, enquanto o resto do polipéptido é enfiado através da membrana como membrana, através dos endossomas até aos lisossomas (endocitose).
uma alça; a sequência de sinal é depois removida por uma peptidase de sinal e,
depois de clivada é libertada do translocador para a bicamada e rapidamente Cada vesicula deve levar consigo apenas as proteínas apropriadas ao destino e deve
degradada. Depois que o terminal C da proteína passou pelo translocador, a proteína apenas fundir-se com a membrana alvo apropriada. As vesiculas têm um
é libertada no lúmen do RE. revestimento proteico distinto na sua superfície citosólica- vesiculas revestidas;
depois de sair do organelo de origem, as vesiculas perdem esse revestimento,
Nem todas as proteínas produzidas pelos ribossomas ligados ao RE, vão ser
permitindo que a sua membrana interaja com a membrana à qual se vão fundir. O
libertadas no lúmen do RE – algumas vão permanecer embutidas na membrana do revestimento tem como função ajudar a moldar a membrana e ajuda a capturar
RE como . O processo de translocação destas é moléculas para um transporte posterior. Há vários tipos de vesiculas, com diferentes
diferente: partes da cadeia polipeptídica têm de ser completamente translocadas, revestimentos, mas as mais estudadas são as
outras têm de ficar fixas dentro da membrana. No caso da proteína transmembranar , que tanto saem do aparelho de golgi (via secretora) como da membrana
ter apenas 1 único segmento que atravessa a membrana, a sequência de sinal N- plasmática (via endocítica); na membrana plasmática, cada vesicula começa como
terminal inicia a translocação (como fazia no caso acima); mas o processo de um poço revestido de clatrina – as moléculas da clatrina agrupam-se em rede, tipo
transferência é interrompido por uma sequência adicional – sequência de paragem “cesta” na superfície citosólica da membrana, começando a moldá-la em vesicula.
de transferência – mais à frente na cadeia polipeptídica. Nesse ponto, o translocador Uma proteína de ligação ao GTP – dinamina – coloca-se ao redor dos poços
liberta lateralmente a cadeia polipeptídica em crescimento; a sequência N-terminal
invaginados de clatrina; juntamente com outras proteínas, a dinamina faz com esses
é clivada, e a sequência de paragem de transferência permanece na bicamada – onde
poços se contraiam, separando a vesicula da sua membrana original.
forma um segmento x-helicoidal com a membrana, ancorando a proteína na
membrana. Assim, a proteína termina como proteína transmembranar de passagem A clatrina não desempenha nenhum papel em escolher a carga que as vesiculas
única inserida na membrana e com orientação definida (terminal N no lado lúmen, transportam; essa é função de uma outra classe de proteínas de revestimento –
e o terminal C no lado citosólico). adaptinas – que fixam o revestimento de clatrina e ajudam a selecionar as moléculas
para transporte. As moléculas de transporte têm sinais específicos, reconhecidos por
Em algumas proteínas transmembranares, é usada uma sequência de sinal de início,
recetores no golgi ou na membrana; as adaptinas ajudam a capturar moléculas
em vez da N-terminal e, nestes casos essa sequência nunca é removida do
especificas, prendendo os recetores que as ligam – ficamos com um conjunto
polipéptido – isto acontece com proteínas transmembranares que atravessam a
selecionado de moléculas, ligadas aos seus recetores, são incorporadas no lúmen da
bicamada várias vezes. Nestes casos, acredita-se que as sequências de sinal vesícula revestida de clatrina. Há diferentes tipos de adaptinas: as que se ligam aos
funcionem em pares: uma sequência de sinal de início, serve para iniciar a recetores de carga no golgi não são as mesmas que se ligam aos recetores de carga
translocação, que continua até encontrar uma sequência de paragem – as duas na membrana  reflete as diferenças nas moléculas que vão ser transportadas por
sequências são libertadas na bicamada (onde formam x-hélices que atravessam a cada uma delas. Outra classe de vesiculas – , estão
membrana). Em proteínas com múltiplas passagens complexas, há muitas x-hélices envolvidas no transporte de moléculas entre REgolgi e dentro do próprio golgi.
que atravessam a bicamada, há pares adicionais de sequências de inicio e de
paragem (uma sequência reinicia a translocação mais abaixo na cadeia e a outra Depois disto, a vesícula tem de encontrar o caminho certo para chegar ao seu destino
interrompe a translocação e causa a libertação de polipéptidos, e por aí em diante). e entregar o conteúdo (transportada por proteínas motoras ao longo citoesqueleto).
Uma vez atingido o alvo, a vesícula deve reconhecer o organelo em questão para ajudam a estabilizar a estrutura das proteínas, que vão encontrar enzimas
que haja fusão com a membrana alvo. O transporte vesicular é impressionantemente degradativas e mudanças de pH fora da célula.
especifico, tanto é que cada tipo de vesicula apresenta marcadores moleculares na
sua superfície que identificam a vesicula de acordo com a sua origem e carga. Esses Muitas das proteínas que entram no lúmen ou na membrana do RE são convertidas
marcadores devem ser reconhecidos por recetores (que lhe são complementares) na em no RE, pela ligação covalente de cadeias laterais de
membrana alvo. Esse processo de identificação depende de uma família de GTPases oligossacarideos  glicosilação. Este processo é realizado por enzimas glicosilantes
presentes no RE, mas não no citosol (as poucas proteínas glicosiladas do citosol só
chamadas proteínas Rab. Essas proteínas Rab na superfície de cada vesicula, são
têm 1 açúcar a elas ligado). Os oligossacarideos ligados às proteínas exercem várias
reconhecidas por proteínas de ancoragem – que lhe são correspondentes na
superfície citosólica da membrana alvo. Cada organelo e cada vesicula carrega uma funções: protegem proteínas de degradação; mantém-nas no RE até que estejam
combinação única de proteínas Rab – servem de marcadores moleculares; o sistema devidamente dobradas; e servem de sinal de transporte, ajudando a guiar as
de correspondência entre proteínas Rab e as de ancoragem, ajuda a garantir que as proteínas até ao organelo apropriado. Quando os oligossacarideos são exibidos na
vesiculas se fundem apenas com a membrana certa. superfície da célula, eles fazem parte do glicocálice – ajuda no reconhecimento
célula-célula.
Um reconhecimento adicional é fornecido por uma família de proteínas
No RE, os açúcares não são adicionados um a um para formar a cadeia lateral de
transmembranares: SNAREs; uma vez que a proteína de ancoragem capte a vesicula
(com a proteína Rab), os SNAREs na vesicula – v-SNAREs – interagem com os SNARES oligossacarideos; em vez disso, um oligossacarideo pré-formado com 14 açúcares é
complementares na membrana alvo – t-SNAREs – ancorando a vesicula no sítio ligado em bloco a todas as proteínas que possuam um local apropriado para a
certo. Os SNAREs envolvidos nessa ancoragem, também têm um papel central em glicosilação. Esse oligossacarideo está, inicialmente, ligado a um lípido – dolicol – na
catalisar a fusão da membrana  essa fusão implica que a vesicula entregue o seu membrana do RE; assim que a cadeia lateral de uma asparagina (Asn) surja no lúmen
conteúdo solúvel e adicione a sua membrana à membrada do organelo. do RE, quando a proteína ainda está a ser translocada, o oligossacarideo é então
transferido para o grupo amina NH2 da cadeia lateral da asparagina. Essa adição dá-
O encaixe requer apenas que as 2 membranas se aproximem o suficiente para que se numa única etapa, catalisada por uma enzima que está ligada à membrana –
as SNAREs interajam; já a fusão da vesicula com a membrana alvo requer uma oligossacaril transferase – que tem o seu sitio ativo exposto apenas no lado luminal
aproximação muito maior (para que os lípidos das 2 camadas se misturem): essa da membrana do RE (explica porque as proteínas citosólicas não são glicosiladas
aproximação é conseguida pela força das SNAREs, que provoca uma deslocação da desta forma).
água que está entre as 2 membrana/espremem a água que está presa entre as 2
membranas (processo altamente desfavorável a nível energético). Quando a fusão é Uma sequência de 3 aminoácidos – (1 dos quais sempre a asparagina:
desencadeada, os v-SNAREs e t-SNAREs envolvem-se firmemente, atuando com um asparagina+X+serina ou asparagina+X+treonina, com X podendo ser quase qualquer
gancho que junta as 2 bicamadas. aminoácido) – é que define em que locais a proteína recebe o oligossacarideo. As
cadeias laterais dos oligossacarideos ligados a um grupo amina da asparagina, são
O tráfego vesicular não se limita ao interior da célula, mas estende-se para lá da chamadas N-ligadas (tipo mais comum de ligação encontrado em glicoproteínas). A
membrana plasmática; proteínas, lípidos vão desde o RE-Golgi-superfície célula, em ligação deste oligossacarideo de 14 açúcares é apenas o início de uma série de
vesiculas de transporte . Cada molécula que passa ao longo desta via modificações adicionais antes que a glicoproteína madura atinja a superfície celular;
secretora, passa por uma sequência fixa de organelos e, é monitorizada para verificar este processamento de oligossacarídeos começa no RE e continua no aparelho de
se foi adequadamente dobrada de forma a garantir que apenas moléculas com golgi.
qualidade chegam à superfície da célula.
Algumas proteínas, no entanto, são feitas para funcionar no RE e, como tal, são lá
A maioria das proteínas que entram no RE são quimicamente modificadas lá: as retidas porque possuem uma sequência C-terminal de 4 aminoácidos chamada sinal
ligações dissulfeto são formadas pela oxidação de pares das cadeias laterais da de retenção do RE. Esse sinal de retenção é reconhecido por um recetor que está
cisteína – reação catalisada por uma enzima que está no lúmen do RE; estas ligações ligado à membrana do RE e do golgi. Contudo, a maioria das proteínas são destinadas
não se formam no citosol porque o ambiente lá é reduzido. Estas ligações dissulfeto a outros locais que não o RE e, neste caso, são empacotadas em vesiculas que saem
do RE e se fundem com o golgi - esta saída do RE é altamente seletiva: proteínas
incorretamente dobradas ou complexos proteicos mal montados, são retidos no RE Todas as células eucarióticas têm um fluxo constante de vesiculas que saem da rede
pela ligação de proteínas chaperonas. As chaperonas mantêm essas proteínas no RE trans do golgi e se fundem com a membrana plasmática, pelo processo de exocitose;
até que se dobrem e montem de forma adequada; as chaperonas orientam as essa supre a membrana com lípidos e proteínas
proteínas no caminho certo, mas se mesmo assim não forem capazes de se dobrarem permitindo que esta se expanda antes da divisão celular e se renove. A via
corretamente, são exportadas para o citosol, onde são degradadas por um constitutiva também transporta proteínas para a superfície celular para serem
proteossoma. No caso dos anticorpos (molécula com 4 cadeias polipeptídicas) são libertadas para o exterior, num processo chamado secreção. Algumas dessas
montadas no RE, mas são lá retidos até que todas a 4 cadeias estejam montadas – se proteínas ficam na superfície da célula, outras são incorporadas na matriz
a montagem não é adequada, são degradados. Este mecanismo de controlo de extracelular e outras ainda difundem-se no liquido extracelular para nutrir ou
qualidade das proteínas que são exportadas para o golgi é bastante eficiente; sinalizar outras células. Esta entrada na via construtiva não requer uma sequência de
exemplo disso é a doença fibrose cística, em que os portadores produzem uma sinal – como aquela que direciona proteínas para endossomas ou para RE.
proteína ligeiramente mal dobrada, mas que poderia funcionar corretamente, mas é
retida no RE e depois degradada. Neste caso, a doença não ocorre porque uma Além da via de exocitose constitutiva (opera continuamente na célula), a
mutação inativa uma proteína importante, mas sim porque a proteína ativa é opera apenas em células especializadas em secreção: a célula
descartada pelas células, antes de ter oportunidade de funcionar. secretora produz grandes quantidades de um produto especifico – hormonas,
enzimas digestivas… - que são armazenadas em vesiculas para libertação posterior.
Embora as chaperonas ajudem as proteínas no RE a se dobrarem corretamente e Essas vesiculas brotam da rede trans do golgi, acumulam-se perto da membrana
retêm as que não o fazem, este sistema de controlo de qualidade pode ficar plasmática e lá aguardam por um sinal extracelular que os estimula a se fundirem
sobrecarregado; quando isso acontece, acumulam-se proteínas mal dobradas no RE. com a membrana, de forma a libertar o seu conteúdo para o exterior da célula por
Se esse acumulo for grande o suficiente, aciona um programa chamado resposta da exocitose ( glicose sangue, sinaliza as células produtoras de insulina a libertarem
proteína desdobrada (UPR) – estimula a célula a produzir mais RE e mais esta hormona).
chaperonas; o UPR permite que a célula ajuste o tamanho do RE para lidar com o
volume de proteínas que entram na via secretora. No entanto, algumas vezes, No caso de proteínas destinadas à secreção regulada são classificadas e empacotadas
mesmo um RE expandido não é o suficiente para acompanhar a demanda e, neste na rede trans do golgi: estas proteínas têm propriedades especiais na sua superfície
caso a UPR direciona a célula para apoptose. Na diabetes adulta, os tecidos tornam- que as fazem agregar-se uma às outras sob condições iónicas que prevalecem na
se resistentes à insulina; para compensar essa resistência, as células do pâncreas rede trans do golgi (pH ácido, alto nível Ca2+). Estas proteínas agregadas são
produzem cada vez mais insulina; chega a um ponto que o RE atinge a sua capacidade empacotadas em vesiculas, separam-se da rede trans e aguardam o sinal para se
máxima e a UPR desencadeia a morte celular; as células secretoras de insulina vão fundirem com a membrana plasmática. Já as proteínas secretadas pela via
ser eliminadas – diabetes. constitutiva não se agregam e são transportadas automaticamente para a
membrana pelas vesiculas. A agregação seletiva permite que as proteínas secretoras
O aparelho de golgi está localizado próximo ao núcleo e, nas células animais está sejam empacotadas em vesiculas em concentrações muito maiores do que as
próximo ao centrossoma; o golgi consiste numa coleção de sacos/cisternas concentrações das proteínas não agregadas, no lúmen do golgi  permite libertação
empilhados em formas de pilhas; cada pilha contém 3 a 20 cisternas e o nº de pilhas de grandes quantidades de uma proteína quando acionada esta necessidade.
depende muito do tipo de célula. Cada pilha tem 2 faces: uma face de entrada (cis)
e uma face de saída (trans). A cis é adjacente ao RE, enquanto a trans aponta para a Quando a vesicula se funde com a membrana, descarrega o seu conteúdo e a sua
membrana plasmática. As proteínas solúveis entram na zona cis através de vesiculas membrana passa a fazer parte da membrana plasmática – isto não aumenta muito a
de transporte vindas do RE e, percorrem as cisternas de 2 maneiras: por meio de área de superfície porque os componentes são removidos de outras regiões por
vesiculas que brotam de uma cisterna e se fundem com a próxima; e por um processo endocitose quase tao rápido quanto são adicionados por exocitose. Esta remoção
de maturação em que as próprias cisternas migram através das pilhas. Depois disso, leva lípidos e proteínas de volta ao golgi para serem usados novamente.
as proteínas saem da zona trans em vesiculas destinadas à superfície celular ou a As células eucarióticas estão constantemente a absorver fluido e moléculas (grandes
outro organelo. Muitas das cadeias de oligossacarídeos que são adicionados às e pequenas) pelo processo de endocitose; o material a ser ingerido é
proteínas do RE sofrem modificações adicionais no golgi. progressivamente envolto por uma pequena porção da membrana que se separa
para formar uma vesicula endocítica intracelular. Os materiais ingeridos são O processo de pinocitose pode ser mais seletivo (do que simplesmente capturar
entregues aos endossomas – que os podem reciclar para a membrana ou enviá-los quaisquer moléculas presentes no líquido extracelular); macromoléculas especificas
aos lisossomas para digestão. podem ser capturadas através destas vesículas revestidas de clatrina. As
macromoléculas ligam-se a recetores na superfície da celular e entram na célula
A endocitose, dependendo do conteúdo e do tamanho das vesiculas formadas pode como complexos recetor-macromolécula em vesiculas revestidas de clatrina 
ser: pinocitose: envolve ingestão de líquido e moléculas através de vesiculas . Este processo fornece um mecanismo de
pequenas (<150nm) ou fagocitose: envolve a ingestão de partículas grandes, como
concentração seletiva que aumenta a eficiência com que as macromoléculas
microrganismos e restos celulares, através de vesiculas grandes (fagossomas,
especificas são capturadas.
>250nm). Todas as células ingerem continuamente fluidos por pinocitose, mas só as
células fagocíticas especializadas ingerem partículas grandes por fagocitose. Exemplo disto é o colesterol, que precisa de ser capturado para fazer uma nova
membrana: o colesterol circula na corrente sanguínea ligado a proteínas, formando
A fagocitose é usada pelos protozoários como forma de alimentação: esses seres lipoproteínas LDL. Essas LDL ligam-se a recetores da superfície celular formando
ingerem partículas grandes e levam-nos para os fagossomas, que se fundem com os complexos recetor-LDL; esses complexos são ingeridos pela célula por endocitose
lisossomas onde as partículas de alimento são digeridas. Poucas células são capazes
mediada por recetor e entregue aos endossomas; o interior dos endossomas é mais
de ingerir partículas grandes de forma eficiente. Ainda assim, a fagocitose é
ácido e faz com que o LDL se dissocie do seu recetor – LDL é libertado nos lisossomas,
importante para outros fins que não só a nutrição: os macrófagos defendem-nos já sem o recetor (que vai ser devolvido à membrana para reutilização). Nos
contra infeções por ingestão de microrganismos invasores. Para serem absorvidas lisossomas, o LDL é decomposto por enzimas hidrolíticas e o colesterol escapa para
por macrófagos, as partículas devem primeiro ligar-se à superfície da célula fagocítica o citosol onde pode ser usado para sintetizar membranas. No caso de indivíduos com
e ativar um dos vários recetores de superfície. Alguns desses recetores reconhecem defeitos no gene que codifica o recetor de LDL, as células não são capazes de
anticorpos (proteínas que nos ajudam a proteger contra infeções) unindo-se à absorver LDL, logo o colesterol acumula-se no sangue.
superfície dos microrganismos. A ligação de bactérias, revestidas com anticorpos, a
esses recetores, induz a célula fagocítica a estender projeções – pseudópodes – que Também outros metabolitos como vit B12 e o ferro, são captados por endocitose
englobam a bactéria; esses pseudópodes fundem as suas pontas para formar um mediada por recetor; estas substâncias entram nas hemácias imaturas como parte
fagossoma, que se funde com um lisossoma onde a bactéria é destruída. Algumas de um complexo com os seus respetivos recetores. Infelizmente, a endocitose
bactérias desenvolveram mecanismos para contrariar este sistema: o agente mediada por recetor também é explorada por vírus como o da gripe e o HIV, que
responsável pela tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) impede a fusão da entram nas células desta maneira.
membrana que une o fagossoma ao lisossoma – em vez de destruído, o patogénio
sobrevive e multiplica-se dentro do macrófago. Além destas funções, as células Quando se marca com fluorescência o fluido extracelular com células vivas, é possível
fagocíticas também desempenham papel na eliminação de células mortas e observar em ação o compartimento endossomal – isto revelou que este
danificadas e detritos celulares. compartimento é composto por um conjunto conectado de tubos membranares a
vesiculas grandes. Há 2 tipos de endossomas que podemos distinguir: os
As células eucarióticas ingerem continuamente pequenos pedaços da membrana, endossomas iniciais (aparecem primeiro) e os endossomas tardios. No caso dos
juntamente com liquido extracelular, pelo processo de pinocitose. A taxa no qual a endossomas iniciais, eles amadurecem gradualmente até se transformarem em
membrana é capturada nestas vesículas varia entre os tipos celulares. No entanto, a tardios à medida que se fundem entre si ou com um endossoma tardio pré-existente.
área e o volume total da célula permanecem inalterados, a quantidade de membrana O interior do endossoma é mantido ácido (pH 5-6) através de uma bomba de H+
adicionada à superfície por exocitose é semelhante à removida por endocitose. A acionada por ATP na membrana do endossoma, que bombeia H+ para o seu lúmen a
pinocitose é realizada pelas vesículas revestidas de clatrina que, depois de se partir do citosol. O compartimento endossomal atua como estacão de triagem na via
soltarem da membrana plasmática, perdem o seu revestimento e fundem-se com endocítica interna, tal como na via secretora atuavam as redes do golgi; o ambiente
um endossoma. O conteúdo que estas vesículas carregam também contém fluido ácido do endossoma desempenha um papel importante na classificação porque faz
extracelular – essa ingestão de liquido pelas vesiculas pinociticas revestidas de com que alguns dos recetores libertem a carga a que estão ligados. O caminho que
clatrina é equilibrada pela perda de liquido durante a exocitose. os recetores fazem, depois de entrarem nos endossomas diferem de acordo com o
tipo de recetor: a maioria retoma ao domínio da membrana da qual vieram (como o
recetor LDL); outros vão até aos lisossomas onde são degradados; e outros
prosseguem para um domínio diferentes da membrana, transferindo as moléculas
de carga às quais estão ligadas, através do espaço extracelular até outro local pelo
processo de transcitose. A carga que continua ligada aos recetores, partilha o destino
dos próprios recetores; os que se dissociam serão destruídos nos lisossomas. Esta
digestão inicia-se logo no endossoma tardio que possui algumas enzimas
lisossómicas.
Muitas partículas e moléculas extracelulares acabam nos lisossomas, que contêm
enzimas hidrolíticas que realizam a digestão intracelular controlada. Enzimas essas
que estão ativas nas condições ácidas, como o pH 5 mantidos dentro dos lisossomas.
A membrana do lisossoma mantém essas enzimas destrutivas fora do citosol (que
tem um pH 7,2) mas como as enzimas precisam de um sítio ácido, o conteúdo do
citosol está protegido de danos, caso algumas destas enzimas escape dos lisossomas.
A membrana dos lisossomas contém transportadores que permitem que os
produtos da digestão – aminoácidos, açúcares, nucleótidos – sejam transferidos para
o citosol. A membrana possui uma bomba de H+ acionada por ATP, que bombeia H+
para o lisossoma, mantendo o seu interior com pH ácido (semelhante ao que
acontece nos endossomas). A maioria das proteínas da membrana do lisossoma são
glicosiladas – os açúcares cobrem grande parte da superfície das proteínas voltadas
para o lúmen do lisossoma, protegendo as proteínas da digestão pelas protéases
lisossomais.
Os materiais que chegam aos lisossomas podem vir de partículas extracelulares
absorvidas por fagossomas, que se fundem com os lisossomas e, o fluido extracelular
e as macromoléculas são absorvidos por vesiculas que entregam o seu conteúdo aos
endossomas que depois entregam aos lisossomas. No entanto, também uma outra
via fornece materiais aos lisossomas – autofagia: usada para degradar partes
obsoletas da célula. Neste caso, se for autofagia de mitocôndria velha, esse organelo
é fechado por uma membrana dupla, criando um autofagossoma, que se funde com
um lisossoma. A autofagia (muitas vezes de proteínas marcadas com ubiquitina) é
maior quando há fome ou necessidade de renovação extensa.

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