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Resumo Aula 03 – Endomembranas/Compartimentos intracelular/Organelas

Natália Cunha Fernandes Guimarães

❖ Introdução:
• A célula possui subcompartimentos com características e proteínas próprias.
Essas proteínas podem servir como marcadores de membrana, a fim de
direcionar proteínas e lipídeos especificamente para determinada organela.
Eles também se comunicam transportando moléculas para dentro e fora de seus
limites.
• Como a bicamada lipídica das membranas celulares é impermeável a muitas
moléculas hidrofílicas, a membrana de uma organela deve conter proteínas de
transporte de membrana para a importação e a exportação de metabólitos
específicos.
• A abundância e a forma das organelas envoltas por membrana são reguladas
em função das necessidades da célula.
• É importante saber que o citoesqueleto (principalmente, os microtúbulos) é
responsável em posicionar as organelas em posições específicas e favoráveis as
suas funções, por exemplo, o complexo de golgi encontra-se próximo ao núcleo.
• A célula eucariótica tem uma razão muito menor de área de superfície da
membrana plasmática em relação ao volume. A presença das endomembranas
ameniza esse desequilíbrio.
• Existe a teoria que as organelas endomembranosas teriam surgido de
invaginações e dobramentos da membrana plasmática. Dessa forma, as
organelas delimitadas por membrana com um interior ou lúmen que é
topologicamente equivalente ao exterior de uma célula. Sugere-se, também,
que a célula eucariótica evoluiu de uma arqueia e não de uma bactéria.
• Os compartimentos intracelulares são divididos em:
O núcleo e o citosol, os quais se comunicam por meio dos complexos do poro
nuclear e são, assim, topologicamente contínuos (embora funcionalmente
distintos).
Todas as organelas envolvidas em vias secretoras e endocíticas – incluindo o RE,
o aparelho de Golgi, os endossomos, os lisossomos, as numerosas classes de
intermediários de transporte, como vesículas de transporte que se movem
entre elas, e os peroxissomos. Topologicamente equivalentes ao meio
extracelular.
As mitocôndrias.
Os plastídios (somente em plantas).
• O citosol é o principal sítio de síntese e degradação de proteínas. É onde
acontece o METABOLISMO INTERMEDIÁRIO, síntese e degradação de
biomoléculas.
• Lembre-se: o citosol é um ambiente extremamente redutor.
• Parece que as informações necessárias à construção de organelas não residem
exclusivamente no DNA que especifica as proteínas das organelas. A informação
na forma de, pelo menos, uma proteína distinta preexistente na membrana da
organela também é necessária, e essa informação é passada da célula parental
às células-filhas na forma da própria organela. Ou seja, as organelas
endomembranosas não são fabricadas do zero.
❖ Núcleo
• Comanda a síntese do DNA e RNA.
• É envolto, também, por uma dupla membrana, porém com alguns poros.
• As membranas interna e externa são contínuas uma com a outra e com a
membrana do retículo endoplasmático.
• O extenso tráfego de materiais entre o núcleo e o citosol ocorre através dos
complexos do poro nuclear (NPCs), os quais constituem uma passagem direta
pelo envelope nuclear. Pequenas moléculas se difundem passivamente através
dos NPCs, porém grandes macromoléculas são ativamente transportadas.
❖ Retículo endoplasmático rugoso:
• O retículo endoplasmático rugoso (ribossomas aderidos) realiza síntese proteica
para exportação, para outras organelas e para ficarem aderidas a membrana.
❖ Retículo endoplasmático liso:
• O retículo endoplasmático liso realiza a síntese de lipídios e serve de reserva de
ions Ca2+.
❖ Complexo de golgi: recebe lipídios e proteínas e os modifica e endereça. Muito
importante no processo de glicosilação, já que é um dos principais locais de síntese de
carboidratos. (as proteínas já sabem do RE com carboidratos, no entanto eles são
modificados no CG)
❖ Endereçamento celular:
• O destino das proteínas depende da sua sequência de aminoácidos, a qual pode
conter sinais de endereçamento que direcionam seu envio a locais fora do
citosol ou a superfícies de organelas. Esses sinais de endereçamento são
reconhecidos pelos receptores de endereçamento complementares (entregam
a proteína ao alvo). Se uma proteína não possui sinal de endereçamento ela fica
no citosol latentes.
• Os receptores funcionam cataliticamente: depois de completar uma rodada de
entrega de sua carga (molécula), eles retornam ao seu ponto de origem para
serem reutilizados. Muitos receptores de endereçamento reconhecem classes
de proteínas mais do que proteínas específicas.
• No transporte controlado por comportas: proteínas e Os compartimentos são tidos
moléculas de RNA se movimentam entre o citosol e o como topologicamente
núcleo através de complexos do poro nuclear no equivalentes se puderem
envelope nuclear. Os complexos do poro nuclear comunicar-se uns com os outros
funcionam como canais seletivos que auxiliam o no sentido de que as moléculas
transporte ativo de macromoléculas específicas e podem circular de um para outro
conjuntos macromoleculares entre núcleo e citosol, sem precisar atravessar a
embora também permitam a difusão livre de pequenas membrana. As moléculas são
moléculas. Esse é um transporte fechado. transportadas de um espaço para
• Na translocação de proteínas, translocadores de outro através de vesículas.
proteínas transmembrana transportam diretamente
proteínas específicas através da membrana, do citosol
para um espaço que é topologicamente diferente. A molécula de proteína
transportada em geral precisa desdobrar-se para passar pelo translocador, por
ser muito grande. O transporte de proteínas do citosol para o lúmen do RE ou
para a mitocôndria ocorre dessa forma. Proteínas integrais da membrana (que
estão associadas a outras proteínas)
costumam usar os mesmos translocadores
que deslocam apenas parcialmente essas
proteínas através da membrana, tornando-se
então incorporadas à bicamada lipídica.
• No transporte vesicular, vesículas
intermediárias levam proteínas de um
compartimento topologicamente equivalente
a outro.

•Um sinal de endereçamento pode direcionar tanto a retenção como a saída da


proteína um compartimento.
• Esses sinais de endereçamento são identificados em uma sequência de
aminoácidos normalmente na porção n-terminal (que contém a amina) da
proteína. Muitas vezes, enzimas chamadas de peptidases-sinal removem essa
sequência depois que a proteína está em seu destino.
• As sequências sinal também podem ser extensões internas de aminoácidos na
proteína e permanecem após o transporte (acontece no transporte nuclear).
Podem até formar um arranjo tridimensional, que passa a ser chamado de
região-sinal.
• Atenção: as sequências-sinal das proteínas que têm o mesmo destino são
funcionalmente intercambiáveis; propriedades físicas, como a hidrofobicidade,
em geral parecem ser mais importantes no processo de reconhecimento de
sinal do que a exata sequência de aminoácidos.
❖ TRANSPORTE NÚCLEO-CITOSOL
• Algumas proteínas, incluindo receptores de importação e exportação nuclear,
trafegam continuamente entre o citosol e o núcleo.
• O núcleo é envolvido por duas membranas, uma interna e uma externa:
✓ Membrana nuclear interna: contém proteínas que atuam como sítio de
ligação para cromossomos e para a lâmina nuclear (uma malha proteica
fibrosa que serve de suporte estrutural para o envelope nuclear). Essa
lâmina nuclear também serve de ancoragem para cromossomos e
proteínas do citoesqueleto citoplasmático que atravessam o envelope.
✓ Membrana nuclear externa: nessa membrana há ribossomos aderidos
e produzem proteínas e liberam no espaço perinuclear.
O lúmen do RE é contínuo com o espaço perinuclear (entre as
membranas interna e externa).
• A exportação de RNAs e a importação de proteínas de transcrição dependem da
comunicação do núcleo e do citosol.
• Os complexos do poro nuclear (NPC) perfuram o envelope nuclear das células
eucarióticas. Esse complexo é constituído por diversas proteínas ou
nucleoporinas. Essas proteínas possuem semelhança estrutural com as
proteínas de vesículas. Ainda existem as proteínas que transportam moléculas
grandes ativamente pelo envelope.
• O complexo possui proteínas de canais aquosos que permitem a difusão passiva
de moléculas solúveis em água.
• As proteínas que devem permanecem no núcleo possui sequências específicas
chamadas de sinais de
localização nuclear
(NLS). Em muitas
proteínas nucleares, os
sinais consistem em
uma ou duas sequências
curtas ricas em
aminoácidos carregados
positivamente, lisina e
arginina.
• Por não terem que
atravessar a bicamada
as proteínas
endereçadas ao núcleo
podem passar enoveladas. Para a maioria das outras organelas, é necessário
que a proteína passe sem estar enovelada.
• A imagem mostra o modelo de um NPC.
• As nucleoporinas podem ser classificadas em:
✓ Proteínas transmembrana do anel que atravessam o envelope nuclear
e ancoram o NPC ao envelope.(proteína verde)
✓ Nucleoporinas de suporte que formam arranjos em camadas de anéis.
Algumas nucleoporinas de suporte são proteínas de curvatura da
membrana que estabilizam a curvatura acentuada da membrana onde
o envelope nuclear é penetrado (a proteína vermelha da imagem).
✓ Nucleoporinas do canal que delimitam o poro central. Além dos
domínios dobrados que ancoram proteínas em locais específicos,
muitas nucleoporinas do canal contêm extensivas regiões não
estruturadas, onde as cadeias polipeptídicas são intrinsecamente
desordenadas. O poro central é preenchido com uma malha
emaranhada desses domínios desordenados (não estrututrados) que
bloqueiam a difusão passiva de macromoléculas grandes.
*As nucleoporinas possuem canais aquosos que permitem moléculas
pequenas e solúveis em água se difundirem passivamente.
• O poro nuclear é expansível, o que permite que proteínas, mesmo enoveladas, passem
por ele.
• Para que haja a importação nuclear os sinais presentes nas moléculas proteicas devem
ser reconhecidos por receptores de importação nuclear (importinas). Esses receptores
nem sempre se ligam ao sinal na proteína. Existem proteínas adaptadoras que podem
fazer o intermédio entre os sinais e o receptor de sinal/importinas. Os receptores de
sinal irão transportar ativamente grandes moléculas pelos NPCs.
Os receptores de importação, produzidos no citosol, se ancoram nas regiões não
estruturadas do poro e no sinal de localização presente na proteína (ou a proteína
adaptadora). Isso permite a passagem da proteína transportada pela região
desordenada do poro.
• A exportação também ocorre por NPC. O sistema se baseia nos sinais de exportação
nuclear e nos receptores de exportação nuclear (exportinas). Esses receptores se ligam
tanto ao sinal de exportação quanto as proteínas do NPC.
**Atenção, em proteínas com estrutura quaternária, caso uma das subunidades
contiver um sinal de importação, toda proteína será importada.
• As exportinas e importinas são chamadas, também, de carioferinas.
❖ GTPase Ran ou proteína Ran: responsável por fornecer energia e estabelecer a
direcionalidade no transporte através de NPC.
• A importação de proteínas nucleares
através dos NPCs concentra proteínas
específicas no núcleo, aumentando,
portanto, a ordem na célula. A célula
mantém esse processo de ordem pelo
aproveitamento da energia
armazenada em gradientes de
concentração na forma ligada ao GTP
da GTPase Ran monomérica, a qual é
necessária tanto para a importação
quanto para a exportação nuclear.
• A Ran pode assumir duas
conformações, que dependerá se ela está ligada ao GTP ou ao GDP. Existem duas
proteínas que regulam essa conformação: uma proteína citosólica ativadora de GTPase
(GAP) que hidrolisa o GTP, convertendo GTP Ran em GDP Ran; um fator nuclear de troca
de guanina (GEF) que converte GDP Ran em GTP Ran. Visto que o Ran-GAP está
localizado no citosol e o Ran-GEF está localizado no núcleo, ancorado à cromatina, o
citosol contém principalmente Ran-GDP, e o núcleo contém sobretudo Ran-GTP.
• Repare na figura como ocorre a entrada
e saída de Ran para gerar gradiente.
• A localização nuclear da Ran GTP cria a
direcionalidade do transporte de
importação, pois quando os receptores
de importação chegam no lado nuclear
do complexo do poro, a Ran GTP liga-se
a eles, e se chegarem carregados com
moléculas-carga, a ligação da Ran-GTP
faz os receptores de importação
liberarem sua carga. Depois de
descarregar sua carga no núcleo, o
receptor de importação vazio com Ran-
GTP ligado é transportado de volta ao
citosol através do complexo do poro. Lá,
Ran-GAP (enzima) estimula Ran-GTP a
hidrolisar seu GTP ligado, convertendo-
o, assim, a Ran-GDP, o qual dissocia-se do receptor. Com isso, o receptor está pronto,
então, para outro ciclo de importação
nuclear.
• A exportação nuclear ocorre por um
mecanismo similar, exceto pelo fato de
que Ran-GTP no núcleo promove a
ligação da carga ao receptor de
exportação, ao invés de promover a
dissociação da carga. Uma vez que o
receptor de exportação se movimenta
através do poro para o citosol, ele
encontra Ran-GAP que induz o receptor a
hidrolisar seu GTP a GDP. Como resultado,
o receptor de exportação libera sua carga
e Ran-GDP no citosol. Os receptores de
exportação livres retornam ao núcleo
para completar o ciclo. Esse mecanismo é
usado para a exportação de snRNAs (small
nuclears RNA), miRNAs (micro RNA) e tRNAs.
• É essa concentração diferente de Ran GTP no núcleo e Ran GDP no citosol, que impõe
a direcionalidade do transporte.
• A exportação dos mRNAs ocorre por um mecanismo diferente. Por serem transportados
em conjunto (complexos ribonucleoproteicos contendo mRNAs – mRNPs), o que resulta
em uma grande massa molecular, primeiro eles ligam-se ao lado nuclear do NPC, onde
são remodelados. Acredita-se que essa exportação dependa diretamente de ATP.
• Proteínas vaivém: são proteínas que contém tanto sinais de localização nuclear
quanto sinais de exportação, movimentando-se para dentro e para fora do núcleo.
• Existem também mecanismos de controle de transcrição de genes na célula. Alguns
deles são inibitórios, quando, por exemplo, reguladores nucleares (por exemplo,
reguladores de transcrição) estão ligados a proteínas citosólicas que os ancoram no
citosol por meio de interações com o citoesqueleto ou com organelas específicas,
impedindo a entrada no núcleo. Ou então, proteínas que mascaram seus sinais de
localização nuclear de modo que não conseguem interagir com os receptores de
importação nuclear.
❖ QUEBRA E MONTAGEM DO ENVELOPE NUCLEAR DURANTE A MITOSE:
❖ Mitocôndrias:
• A lâmina nuclear, localizada no lado nuclear da membrana interna do núcleo, é uma
malha de subunidades proteicas interconectadas chamadas de lâminas nucleares.
As lâminas são uma classe especial de proteínas filamentosas intermediárias. Ela
dá estabilidade ao envelope nuclear e está ancorada a membrana interna tanto por
proteínas transmembrana quanto por complexos poro nucleares (NPC). Além disso,
a lâmina pode estar ligada a cromatina e a proteínas transmembrana, promovendo
a interação do DNA com o envelope nuclear.
• Durante a mitose as NPCs e a lâmina se desagregam, pois são fosforiladas por
proteínas cinases dependentes de ciclina (Cdk), ativadas no início da mitose.
Durante esse processo, algumas proteínas NPCs encontram-se ligadas a
receptores de importação nuclear (que soltam suas cargas quando ligados a GTP),
os quais desempenham uma parte importante na montagem de NPCs no fim da
mitose. Como não se dissociam dos receptores de importação, são importadas
novamente para o núcleo ao final da divisão celular.
• Além do seu papel crucial no transporte nuclear, Ran-GTPase também atua como
um marcador de posição para a cromatina durante a divisão celular, a fim de
marcar onde será formada, posteriormente, a nova lâmina nuclear. Como a GEF
continua ligada a cromatina, as proteínas em torno da cromatina terão conformação
Ran-GTP. Essa nuvem de Ran-GTP em torno da cromatina também é importante
para montagem do eixo mitótico de células em divisão.
• Ran-GTP libera as proteínas
NPC de seus receptores de
importação nuclear nas
proximidade dos
cromossomos de
receptores de importação
nuclear (que irão sintetizar
receptores de importação
nuclear que medeiam a
passagem das proteínas
pelos NPC). Proteínas do
NPC livres anexam-se à
superfície cromossômica
onde são incorporadas em
novos NPCs sintetizados.
Ao mesmo tempo,
proteínas da membrana
nuclear interna e lâminas são desfosforiladas (quando desfosforiladas se agregam)
e ligam-se à cromatina. Além delas, membranas do Retículo Endoplasmático
envolvem grupos de cromossomos até que formem um firme envelope nuclear.
• Os NPCs iniciam ativamente a reimportação de proteínas que contêm sinais de
localização nuclear. Todas as outras proteínas são mantidas fora do núcleo.
•Como os sinais de localização nuclear não são removidos, as proteínas nucleares
podem ser rapidamente importadas, como é necessário toda vez que o núcleo se
reorganiza após a mitose.
❖ TRANSPORTE CITOSOL-MITOCÔNDRIAS E CITOSOL-CLOROPLASTOS:
• Essas organelas são delimitadas por dupla membrana. Portanto, as proteínas
precisam atravessar as membranas. Então, o processo é chamado de translocação
de proteínas (travessia na membrana por translocadores).
• A mitocôndria possui subcompartimentos e cada subcompartimento possui um
conjunto específico de proteínas.
• As proteínas translocadas para a mitocôndria primeiro são sintetizadas no citosol
como proteínas precursoras mitocondriais (desenoveladas por proteínas de
interação, como as chaperonas) e só depois da tradução são enviadas. Essas
proteínas possuem uma sequência-sinal que as direciona para os
subcompartimentos (matriz, EIM) da mitocôndria, proteínas específicas que iniciam
a translocação de proteínas reconhecem essas sequências. Normalmente essas
proteínas são translocadas usando-se a hidrólise de ATP. As proteínas precursoras
mitocondriais podem atravessar separadamente as membranas ou ambas as
membranas mitocondriais de uma só vez para entrar na matriz. A diferença é que
na mitocôndria as proteínas podem ser originadas dentro da própria matriz através
do seu material genético e ribossomos próprios, ou originária do citosol,
necessitando ser importadas para o compartimento de destino.
• Após a translocação, as sequências sinais permanecem ou são removidas, bem
como as proteínas de interação. A remoção das proteínas de interação requer
energia.
• Os principais translocadores mitocondriais são: SAM (maquinaria montagem e
endereçamento de proteínas na membrana externa, auxiliando no dobramento
dessas proteínas para se inserirem na membrana externa), OXA (atividade da
citocromo oxidase na membrana interna), TIM (translocador da membrana
mitocondrial interna) e TOM (translocador da membrana mitocondrial externa –
ajuda na inserção de proteínas transmembrana na membrana externa e transporta
sequências sinais para o EIM). – pág. 660 do Alberts.
• Esses complexos contêm componentes que atuam como receptores para as
proteínas e outros que formam canais de translocação.
*TIM22 medeia a inserção de ATPases na membrana interna.
*TIM23 transporta proteínas para a matriz e ajuda na inserção de proteínas
transmembrana da membrana interna.
• A maioria das proteínas que entram na mitocôndria não passam pela matriz, pois
na translocação mais comum apenas a sequência sinal passa, logo após há uma
sequência de parada (hidrofóbica) de transferência que bloqueia a passagem da
proteína para a matriz, limitando-a a membrana interna.
• Passagem mais comum de uma proteína pelos complexos mitocondriais: O
complexo TOM transporta o sinal de localização mitocondrial através da membrana
externa para o espaço intermembrana. Quando o sinal está no Espaço
InterMembrana (EIM), ele se liga ao complexo TIM, abrindo o canal no complexo. A
cadeia polipeptídica (desnovelada) é então translocada para o espaço da matriz ou
inserida na membrana interna.
• Energia para a translocação de proteínas: a importação de proteínas para a matriz
mitocondrial é feita pela hidrólise do ATP, em um sítio fora da mitocôndria e outro
na matriz. Ou ainda pela DDP na MI (criada pelo gradiente eletroquímico de H+).
Além disso, existem as proteínas hsp70 mitocondriais, que fazem parte do
complexo ATPase mitocondrial, que agem como um motor para puxar proteínas
precursoras mitocondriais para o espaço da matriz, que gasta ATP.
• Inserção de porinas (formato barril beta) na membrana mitocondrial: mecanismo
similar ao das bactérias. O complexo TOM
não é capaz de inserir essas proteínas na Hsp70 – funcionam como um
membrana externa (mas pode inserir motor para puxar proteínas e as
outras), então elas são mandadas primeiro desenovelam. Usa ATP
para o espaço intermembrana
Hsp60 – enovelam proteínas
desenoveladas. Essas proteínas, então, são
quando chegam a matriz. Usa ATP
ligadas a chaperonas que as mantém
desenoveladas. Posteriormente, as
chaperonas e a proteína se ligam ao complexo SAM que insere e enovela a proteína
na membrana externa.
• Mecanismo de inserção de proteína na membrana interna:
*Apenas a sequência sinal da proteína passa para matriz, e o restante permanece
estacionado na membrana interna devido a uma sequência de parada de
transferência. A sequência sinal então sinaliza que a proteína deve permanecer na
membrana interna, então a proteína é desligada de TIM23 e ancorada.
*Outra via insere completamente a proteína na matriz mitocondrial. Em seguida, a
sequência sinal é clivada e expõe a região hidrofóbica que identifica que a proteína
deve se ancorada a membrana. Então o complexo OXA irá inserir a proteína na
membrana interna.
* As proteínas sintetizadas dentro da matriz mitocondrial também são inseridas na
membrana interna através do complexo OXA.
*Há proteínas que devem se solubilizar no espaço intermembrana. No entanto, elas
podem permanecer ligadas a membrana interna e quando necessário serem
liberadas. Essa liberação é feita por peptidases que retiram a sequência hidrofóbica
da proteína que mantém ela ligada a membrana interna.
*Algumas proteínas para serem importadas do citosol para o espaço
intermembrana precisam ser oxidadas pela Mia40 (enzima presente no EIM), que
tira o hidrogênio de grupos tiol e forma uma ponte dissulfeto. A mudança da
proteína faz com que ela permaneça no EIM.
*Proteínas de passagem múltipla (ATPase, por exemplo) que devem ficar na
membrana interna da mitocôndria possui sequências sinal internas, quando vão
passar pelo complexo TOM precisam formar uma alça. Ao entrar no espaço
intermembrana se ligam a chaperonas para permanecerem desenoveladas. Depois
elas são guiadas para o complexo TIM22 e são inseridas na membrana interna da
mitocôndria.
❖ Cloroplastos:
• As proteínas da translocação em cloroplastos são diferentes das de translocação em
mitocôndrias. Além disso, os cloroplastos usam a energia de ATP e GTP para realizar
esses transportes, enquanto as mitocôndrias usam o gradiente eletroquímico de H+.
• Como o cloroplasto possui mais um compartimento membranoso, o tilacoide,
algumas proteínas possuem duas sequências sinais. Uma para atravessar a
membrana interna e chegar ao estroma e outra para atravessar a membrana do
tilacóide.
• Processo de entrada de proteínas nos tilacoides dos cloroplastos:
*Primeiro, a sequência sinal mais externa irá ser reconhecida pelo complexo TOC,
depois essa sequência é também reconhecida pelo complexo TIC, permitindo a
entrada da proteína no estroma. A sequência hidrofóbica de entrada no estroma é
clivada e expõe a sequência de entrada no tilacóide. A proteína madura pode então
entrar no tilacoide ou ficar na membrana dele. Normalmente necessitando de
energia.
❖ PEROXISSOMOS (Alberts pág. 668): contém enzima catalase e urato oxidase.
• Os peroxissomos realizam o metabolismo de oxigênio. Eles são conhecidos por esse
nome por produzir peróxido de hidrogênio na busca por eliminar radicais livres.
• A catalase converte o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água.
• Os peroxissomos também realizam a quebra de moléculas de ácidos graxos por beta
oxidação, o que produz a acetil coenzima A utilizada no ciclo do ácido cítrico.
• Os peroxissomos são capazes de produzir lipídeos importantes na formação da
bainha de mielina.
• As proteínas que devem ser importadas para os peroxissomos possuem uma
sequência sinal que é reconhecida por receptores solúveis do citosol os quais fazem
o intermédio do transporte dessas proteínas para o interior dos peroxisssmos e,
depois, retornam ao citosol. As peroxinas, inseridas na membrana do peroxissomo,
atuam então na importação de uma proteína. Uma particularidade é que as
proteínas podem passar pela membrana dos peroxissomos mesmo enoveladas.
• Até hoje se discute se os peroxissomos se originam do retículo endoplasmático
rugoso ou se originam de peroxissomos preexistentes.
❖ RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO:
• Funções: Síntese de proteínas transmembrana e para exportação, síntese de
lipídios, armazenamento de Ca2+...
• As proteínas que devem ficar no RE (proteínas residentes no lúmen do RE), possuem
uma importância sequência de aminoácidos chamada de sinal de retenção no RE.
Algumas dessas proteínas atuam cataliticamente no enovelamento e montagem de
outras proteínas que são transportadas para o lúmen do RE.
• O retículo endoplasmático rugoso possui ribossomos aderidos e a importação das
proteínas é, então, cotraducional.
• A região do retículo que forma vesículas contendo lipídios e proteínas é chamada
de retículo endoplasmático transicional (de transição).
• Importação de proteínas no retículo: o retículo pode importar dois tipos de
proteínas, as transmembranas que são parcialmente translocadas ficando
embutidas na membrana do RE e as proteínas solúveis em água, que são liberadas
no lúmen do retículo. As proteínas transmembranas podem ser destinadas a
membrana do retículo ou para a formar vesículas que as destinarão a membrana
plasmática ou de outra organela. As proteínas solúveis em água, também, podem
ser destinadas à exportação ou a residir no retículo. Tudo isso irá depender da
sequência sinal.
• É importante salientar que os ribossomos não ficam permanentemente aderidos a
membrana do retículo. Quando começam a sintetizar a proteína e emerge a
sequência sinal, os ribossomos são direcionados para a membrana do retículo.
• As proteínas entram no RE enquanto são sintetizadas.
• Dois tipos de proteínas são transferidos para o RE: proteínas hidrossolúveis que vão
para o lúmen são, normalmente, secretadas. As proteínas que ficam na membrana
do retículo, permanecem nelas ou são endereçadas para o envoltório de outras
organelas ou membrana plasmática.
• Uma partícula de reconhecimento de sinal (SRP) direciona a sequência sinal para
RE a um receptor específico na membrana do RE rugoso:
✓ Quando a proteína é sintetizada e emerge a sequência sinal ela é guiada
para a membrana do retículo endoplasmático por dois componentes: A
partícula de reconhecimento de sinal (SRP) que reconhece diversas
sequências sinais e um receptor de SRP na membrana do retículo.
✓ A SRP tem dois sítios de ligação com o ribossomo: um que reconhece a
sequência sinal assim que ela emerge do ribossomo, outra que pausa a
síntese proteica do ribossomo para dar tempo de ele se aderir a membrana
do retículo endoplasmático antes de completar a síntese. Ainda tem uma
região que se liga ao receptor de SRP na membrana do RE.
✓ A SRP é um complexo ribonucleoproteico, pois possui uma molécula de RNA
e 6 subunidades proteicas.
✓ Quando a sequência sinal se liga a SRP, esse complexo expõe um sítio de
ligação com o receptor de SRP presente na membrana do retículo
endoplasmático. A ligação de SRP ao seu receptor traz o complexo
ribossomo-SRP a um translocador proteico na membrana do RE. A SRP e seu
receptor então são liberados e o translocador (translócon Sec61) mantém o
ribossomo aderido para eliminar a proteína no lúmen do RE.

✓ Supõe-se que as mudanças conformacionais da SRP sejam causadas pela


hidrólise de GTP.
✓ Esses ribossomos aderidos a membrana do RE podem voltar ao citosol ao
finalizarem a síntese proteica para realizar outro ciclo.
• Quando vários ribossomos estão lendo um mesmo RNAm para formar uma cadeia
polipeptídica, chama-se de poliribossomos. Essa estrutura também pode estar ligada
ao RE.
• A cadeia polipeptídica atravessa um canal aquoso no translocador da membrana do
RE. Esse translocador é chamado de complexo Sec61, e permanece com seu canal
central fechado até uma cadeia polipeptídica atravessar a membrana. É importante
que esse canal seja dinâmico para impedir a saída de íons quando não estiver
passando cadeias polipeptídicas.
Sugere-se que esse transportador também posso abrir uma passagem lateral, que serve
para eliminar o peptídeo sinal e para integrar proteínas na bicamada do RE.
• Algumas enzimas se associam aos translocadores, como a peptidase sinal que retira a
sequência peptídeo-sinal. Ao conjunto dos transportadores unido a outras moléculas
dá-se o nome de translócon.
• A sequência-sinal de RE presente nas
O RE de algumas leveduras e a
cadeias polipeptídicas liga-se tanto a SRP e
membrana plasmática de
liga-se também ao poro da proteína
bactérias possuem um
transportadora disparando sua abertura.
mecanismo de translocação de
Quando a sequência sinal liga-se ao poro,
proteína pós traducional, que
ela funciona como um sinal de início de
conta com a ajude de proteínas
transferência (peptídeo de início de
acessórias (ex: ATPase SecA, BiP,
transferência). Esse duplo reconhecimento
SecY, Sec62...) que “empurram” a
(pelo SRP e pelo translocador) auxilia que
cadeia polipeptídica junto com
somente as proteínas específicas entrem
elas pelo transportador, em um
no lúmen do retículo.
mecanismo de catraca ou pistão.
• Além disso, depois que a proteína passa
Primeiro as proteínas são
pelo canal tanslocador, uma enzima
sintetizadas no citosol e se
luminal chamada de peptidase sinal
associam a chaperonas, para se
degrada a sequência sinal da proteina.
manterem desenoveladas,
• Mecanismo de inserção de proteínas
capazes de atravessar o poro.
transmembrana de passagem única na
membrana do retículo:
*A proteína irá possuir duas sequências sinais: uma N-terminal que irá abrir o
translocador, e outra interna que contém uma sequência hidrofóbica de parada.
Quando essa sequência de parada interage com o sítio de ligação do poro, o
translocador abre sua fenda lateral e descarrega a proteína lateralmente na membrana.
A sequência sinal de abertura é eliminada, mas a sequência sinal interna permanece
como uma ancora da proteína na bicamada lipídica. Observe:

*Outro mecanismo é quando a própria sequência de início de transferência, que abre o


poro do translocador, é interna. Assim, essa sequência quando reconhecida pelo
translocador irá orientar qual porção da proteína transmembrana ficará voltada para o
lúmen do RE ou para o citosol.
• Mecanismo de inserção de proteínas transmembrana de passagem múltipla na
membrana do retículo:
*Nesses casos, pode haver múltiplas O que irá definir uma sequência
sequências internas de início de transferência como de início de transferência
que reiniciarão o processo cada vez que uma ou parada será sua localização na
alça é ancorada e múltiplas sequência cadeia polipeptídica já que ela é
hidrofóbicas de parada que liberam o sintetizada de N-terminal para C-
polipeptídio na bicamada. Quando um terminal.
polipeptídeo contém múltiplos sinais
alternantes de início e de parada da
transferência, ele passará múltiplas vezes para trás e para a frente através da bicamada
como uma proteína transmembrana de passagem múltipla.

*Esse mecanismo de inserção que inicia pelo lado citosólico da membrana do RE, gera
uma assimetria na membrana do retículo, de modo que os domínios proteicos expostos
de um lado são diferentes do outro. Essa assimetria é mantida em processos de
brotamento e fusão que transportam as proteínas sintetizadas no RE a outras
membranas celulares. Então, a orientação que a proteína da membrana do RE é
inserida, determina a orientação dela, também, em outras membranas.
• Proteínas ancoradas pela cauda (região C-terminal) a membrana do RE: essas
proteínas possuem muitas subunidades proteicas SNARE que dirigem o tráfego
vesicular e não necessitam da SRP. Após saírem do ribossomo (mecanismo pós-
traducional), complexos de pré-endereçamento, ligam essa proteína a uma ATPase
que direciona a cadeia à membrana do retículo onde haverá a interação de um
receptor com a ATPase. A hidrólise de ATP, então, insere a cauda que ancora a
proteína na membrana do RE.
❖ Glicosilação e enovelamento de proteínas no RE:
• A proteína dissulfeto isomerase (PDI) tem um importante papel na formação de
ligações dissulfeto em aminoácidos cisteínas, o que estrutura o enovelamento de
proteínas. E grupos sulfidrilas livres são um sinal de desenovelamento de proteínas.
• A chaperona BiP dependente de ATP tem a capacidade de reconhecer proteínas que
não foram enoveladas corretamente ou, então, subunidades que estão desagregadas
de seus complexos oligoméricos finais. Por meio de um mecanismo dinâmico de alta
e baixa afinidade de ligação com as proteínas, quando ela identifica um erro, “segura”
as proteínas inadequadas no RE, impedindo que essa vá para a via secretora.
• A maioria das proteínas sintetizadas no RE rugoso é glicosilada pela adição de um
oligossacarídeo mais comum ligado ao NH2 da cadeia lateral do aminoácido
asparagina:
*A transferência de um oligossacarídeo precursor pré-formado (GLICOSE + MANOSE
+N-ACETILGLICOSAMINA) para a proteína é catalisada por uma enzima chamada
oligossacaril transferase que fica presa na membrana do RE com seu sítio ativo
voltado para o lúmen. Essa enzima irá incorporar o oligossacarídeo à proteína,
enquanto essa está sendo sintetizada na membrana do retículo.
Esse oligossacarídeo precursor já fica preso na membrana gosfolipídica do RE pelo lado
do lúmen, através de um lipídio de membrana chamado dolicol. No entanto, eles se
ligam, primeiro, ao lado citosólico do dolicol e atravessam para o lúmen através de
um mecanismo complexo de inversão do lipídio.
É interessante que uma cópia da enzima oligossacaril
Para muitas glicoproteínas,
transferase é associada a cada proteína
somente os açúcares centrais
translocadora a membrana do RE, permitindo a ela
sobrevivem ao extenso processo
glicosilar as cadeias polipeptídicas que entram de
de acabamento com
maneira rápida e eficiente, enquanto estão sendo
oligossacarídeos que ocorre no
sintetizadas.
aparelho de golgi. Os açucares
• Após serem glicosiladas durante a passagem na
centrais são a N-acetilglicosamina
membrana, as proteínas sofrem uma poda em seus
e uma porção da manose.
oligossacarídeos. No próprio retículo posem ser
retiradas glicoses e manoses. Esse processo de
poda também se dá no aparelho de golgi.
• Acredita-se que a glicosilação da proteína seja importante para o processo de
enovelamento. Os oligossacarídeos são utilizados como “rótulos” para marcar o
estado de enovelamento da proteína.
Existem duas proteínas, calnexina (presa a membrana) e calreticulina (solúvel), -
chaperonas de enovelamento - capazes de se ligarem a carboidratos, das proteínas que
não estão completamente enoveladas, e mantê-las presas no retículo. Essas duas

proteínas só reconhecem cadeia polipeptídicas que já perderam dois açucares de seu


oligossacarídeo precursor, portanto só possui um. Então, elas enovelam as a cadeias
polipeptídica que só são liberadas quando a glicosidase retira esse último açúcar, se a
proteína está enovelada corretamente, sairá do RE, se não irá completar seu
enovelamento. A proteína incorretamente enovelada é reconhecida pela glicosil
transferase que adiciona açúcar a cadeia e essa retorna a calnexina (para se enovelar
mais), depois é liberada e tem o açúcar clivado pela glicosidase, num ciclo contínuo de
retirada e adição de açúcar até completar seu enovelamento. -> ver página 685 do
Alberts.
Obs: a glicosil transferase só reconhece e adiciona carboidratos a proteínas que estão
enoveladas incorretamente.
• As proteínas enoveladas inadequadamente, por erros, são exportadas e degradadas
no citosol por proteassomos. Essa saída para o citosol é um processo chamado de
retrotranslocação:
*Proteínas mal enoveladas ou subunidades proteicas não montadas devem ser
degradadas, o recorte de um oligossacarídeo pela enzima manosidade que, muito
lentamente, cria uma estrutura nova de oligossacarídeos que o aparelho de
retranslocação reconhece.
*De alguns dos aparelhos de retrotranslocação participam a lectina, chaperonas e
proteínas dissulfeto isomerase que se associam a proteínas que devem ser degradadas
enquanto estão no RE luminal. No entanto, um ponto em comum entre os complexos
retrotranslocadores de proteínas (por onde elas irão passar para sair do RE) é a
presença da enzima E3 ubiquitina-ligase que anexa “etiquetas” de poliubiquitina nas
proteínas que emergem para o citosol, marcando-as para destruição.
*Alimentada pela energia derivada da hidrólise de ATP, uma ATPase da família de AAA-
ATPases puxa a proteína mal enovelada através do translocador para o citosol. Uma N-
glicanase remove as cadeias de oligossacarídeos em bloco. Guiado pela sua etiqueta de
ubiquitina, o polipeptídeo desglicosilado é rapidamente direcionado aos proteassomos,
onde é degradado:

*A célula reage as proteínas mal enoveladas. Quando existe um acúmulo de proteínas


mal enoveladas no citosol, a célula estimula a transcrição de genes que codificam
chaperonas citosolicas que auxiliam no reenovelamento das proteínas, em um
processo chamado resposta ao choque térmico. Já quando há um acúmulo de
proteínas mal enoveladas no RE, há o disparo de uma resposta à proteína
desenovelada, que aumenta a transcrição de genes que codificam proteínas envolvidas
na retrotranslocação e degradação de proteínas no citosol. Para haver a transcrição
desses genes é necessário que o RE sinalize ao núcleo o acúmulo de proteínas mal
enoveladas. Existem 3 vias:
✓ Uma proteína cinase transmembrana no RE, chamada de IRE1, é ativada por
proteínas mal enoveladas, que induzem a sua oligomerização e
autofosforilação. Esses eventos ativam um domínio ribonuclease na porção
citosólica da IRE1 que cliva uma molécula de RNAm citosólica em duas porções,
retirando um intron (exceção a regra, pois os introns sempre são clivados no
núcleo). Os éxons, que estão separados, são unidos por uma RNA-ligase
gerando um RNAm processado que é traduzido nos ribossomos para produzir
uma proteína reguladora de transcrição. Essa proteína é importada para o
núcleo e ativa a transcrição de genes de proteínas que irão mediar a resposta
a proteína desenovelada.
✓ Outra via é a que proteínas mal enoveladas ativam uma cinase transmembrana
chamada de PERK, que quando fosforilada inibe um fator de início de tradução
na célula, que reduz a síntese de novas proteínas na célula, consequentemente
são menos proteínas entrando no RE e menos proteínas necessitando ser
enoveladas no RE. No entanto, a redução nos fatores de início de tradução é
estímulo para a tradução de proteínas reguladores de transcrição (tradução
seletiva), sintetizadas quando esses fatores estão baixos. Essa proteína
reguladora de transcrição auxilia a ativação de genes que codificam as cadeias
polipeptídicas de reposta a proteína desenovelada, que normalmente são
chaperonas do RE que se ligam as proteínas desenoveladas para promover o
processo de retrotranslocação ou aumentam a capacidade de enovelamento
correto de proteínas no RE.
✓ O terceiro regulador transcricional é a proteína ATF6, localizada na membrana
do RE. Quando as proteínas mal enoveladas começam a se acumular no RE,
essa proteína é empacotada e enviada para o complexo de golgi, onde tem
seus domínios citosólicos clivadas, o que permite, dessa forma, a entrada no
núcleo para ativar a transcrição de genes envolvidos na resposta à proteína
desenovelada.
✓ O que há em comum nessas três vias é a proteína reguladora de transcrição
que faz a mediação entre o citosol e o núcleo.
❖ ÂNCORA DE GLICOSILFOSFATIDILINOSITOL (GPI) em proteínas do RE:
• A proteínas que irão se ligar a âncora GPi tem destino a membrana plasmática.
Imediatamente após a síntese da proteína, ela permanece ligada a membrana do RE
por uma porção hidrofóbica transmembrana depois da parte C-terminal. Uma enzima
do RE, então, separa essa proteína da região hidrofóbica, expondo sua porção C-
terminal. Essa enzima também adiciona um grupo amino e uma GPI intermediária
pré-sintetizada que promove a união covalente da proteína com a membrana
através do glicofosfatidilinositol.
As âncoras de GPI também são usadas para direcionar proteínas de membrana
plasmática para balsas lipídicas e, assim, segregar as proteínas de outras proteínas de
membrana.
❖ SÍNTESE DE LIPÍDIOS:
• A membrana do RE é o local de síntese de fosfolipídios e colesterol, necessários para
produção de novas membranas celulares. O principal fosfolipídio sintetizado é a
fosfatidilcolina (lecitina) que é formada a partir da colina, dois ácidos graxos e glicerol
fosfato (estrutura básica dos fosfolipídios). A síntese desse fosfolipídio é catalisada
por enzimas do RE que possuem o sítio ativo voltado para o citosol, assim a síntese
de lipídios ocorre exclusivamente no folheto citosólico da membrana do RE.
• Como os ácidos graxos, matéria prima para a formação dos fosfolipídios, são
hidrofóbicos, eles são conduzidos ao RE por proteínas de ligação. Depois de chegarem
na membrana do RE, são ativados com a coenzima A (CoA). Posteriormente,
aciltransferases retiram a coA e adicionam, a dois desses ácidos graxos, o glicerol
fosfato para produzir ácido fosfatídico. O ácido fosfatídico é hidrofóbico, portanto,
permanece na membrana do RE. A etapa posterior irá inserir a cabeça (comumente a
colina) no lipídeo recém-formado, para completar um fosfolipídeo.
• Os fosfolipídeos recém formados na parte
citosólica do RE, precisam ser transferidos Na membrana plasmática, por
para a face luminar da membrana, pois se conta da assimetria dos
não haveria mais fosfolipídeos na face fosfolipídeos no folheto externo e
externa do que na face interna. Como os interno da bicamada, as flipases,
fosfolipídeos na membrana do RE não transmutam ativamente
sofrem flip-flop, é necessária uma enzima fosfolipídeos do meio extracelular
misturadora chamada scramblase para o folheto citosólico. A
(embaralhadora), que realiza a distribuição enzima misturadora na
dos fosfolipídeos, equilibrando-os entre os membrana plasmática só é
dois folhetos da bicamada. Essa enzima fica ativada em situações de, por
constantemente ativada. exemplo, apoptose onde é
• O RE também produz a ceramida que é necessário transmutar toda
precursora da esfingomielina e dos fosfatidilserina para o folheto
glicoesfingolipídeos. Também produz externo.
colesterol.
• Acredita-se que os fosfolipídeos sejam
transferidos do RE para as mitocôndrias por proteínas que os carregam pelo citosol,
chamadas de proteínas de troca de fosfolipídeos ou proteínas de transferência de
fosfolipídeos.
• Importante: A assimetria da inserção da proteína e da glicosilação no RE estabelece a
assimetria das membranas de todas as outras organelas que o RE supre com as
proteínas de membrana.

Tráfego intracelular de vesículas


❖ As vesículas são utilizadas principalmente para comunicar compartimentos
endomembranosos no interior celular ou para o processo de (via endocítica) e exocitose
(via secretora). O conteúdo dessas vesículas será chamado de carga. A cada vesícula
formada, a membrana perde uma parte dela e suas proteínas, portanto, ainda existe a via
de recuperação que reconstituí a membrana e suas proteínas do compartimento de
origem. O local que a vesícula brota é chamado de compartimento doador e o local onde a
vesícula se funde é chamado de compartimento-alvo. Ainda existem as vias de
recuperação, quando uma vesícula contendo moléculas carga é devolvida para a região de
onde brotou.
A figura abaixo resume os transportes vesiculares:

• Como as vesículas se fundem somente ao compartimento alvo? Isso se deve a


existência de receptores, que são marcadores moleculares presentes na porção
citosólica das membranas que controlam o tráfego vesicular.
• A membrana de cada compartimento ou vesícula mantém sua orientação, de modo
que o lado citosólico sempre está voltado para o citosol, e o lado não citosólico, para o
lúmen do compartimento ou para o lado de fora da célula.
• A maioria das vesículas transportadora, quando brotam, são revestidas, mas antes de
elas se fusionarem com a membrana-alvo, elas perdem seu revestimento para permitir
a interação essa membrana. No entanto, o revestimento é importante, pois a camada
interna concentra proteínas específicas (que carregam as moléculas carga) que dão
origem a membrana da vesícula e a camada externa dá forma a vesícula. De acordo
com os revestimentos as vesículas podem ser: revestidas por clatrina, revestidas por
COP1, revestidas por COP2. Há vários tipos de vesículas revestidas por clatrina e serão
as mais estudadas. Esse revestimento ajuda para moldar a membrana, bem como
capturar moléculas para prosseguir o transporte.
✓ Clatrina: medeia o transporte a partir da membrana plasmática e complexo
golgi com os compartimentos endossômicos. As moléculas de clatrina se
associam em uma rede de forma esférica na superfície citosólica da
membrana. Isso dá o formato de vesícula.
✓ COP1: brotam do compartimento golgi para o RE ou dos compartimentos
tubulares para o RE. Os componentes de revestimento da camada interna e
externa formam um único complexo chamado de coatômero.
✓ COP2: brotam do RE para o complexo de golgi.
Ainda existem as proteínas adaptadoras que fazem a ligação da rede de clatrina aos
receptores da membrana da vesícula. Elas são chamadas de adaptinas (normalmente,
possuem associação com o fosfatidilinositol).
• Vesículas revestidas por clatrina: antes de tudo receptores de carga da membrana se
ligam a moléculas carga, que possuem sinais de transporte, presentes na região não
citosólica (extracelular). Então, de um lado estão ligados a moléculas carga e do outro
se ligarão as adaptinas. As adaptinas irão fazer o intermédio entre a membrana e as
clatrinas. As clatrinas vão provocando a invaginação da membrana até ser formado um
anel. A dinamina provoca a contração do anel, dependente de GTP, e a consequente
liberação da vesícula. Quando a vesícula já está formada, ela perde o revestimento de
adaptinas e clatrina, e para esse processo é necessário ATP. É necessário que sua
membrana interna ao revestimento esteja exposta para o compartimento alvo.
*Apenas as clatrinas e outras proteínas de revestimento não são suficientes para gerar
a curvatura da membrana. Algumas proteínas chamadas de domínios BAR contribuem
para esse processo.
Algumas proteínas controlam a montagem dos revestimentos. Elas são conhecidas
como GTPases recrutadoras de revestimento:
✓ Proteínas ARF: responsáveis pela montagem dos revestimentos de COPI e
clatrina na membrana do Golgi. Essas vesículas perdem seu revestimento
assim que se desligam da membrana.
Quando o revestimento COPI está se formando uma Quando são necessárias vesículas
ARF-GAP é recrutada. No entanto, quando a vesícula para moléculas grandes demais,
ganha forma ela é inativada e provoca a proteínas empacotadoras
desmontagem do revestimento. auxiliam na montagem dos
✓ Proteínas Sar1: Responsáveis pela montagem do revestimentos, dando a eles um
revestimento de COPII na membrana do RE. Essas formato não esférico e específico.
proteínas encontram-se inativas no citosol (forma Muitas vezes tubular.
ligada a GDP). Quando uma vesícula vai brotar, a GEF
libera o GDP e as liga ao GTP (GTP está presente em uma concentração maior
no citosol do que o GDP). Quando ligadas ao GTP, as Sar1 se inserem no
folheto citoplasmática da bicamada lipídica do RE. Ao se inserirem, recrutam
outras proteínas: SEC 23 e SEC24 (subunidades de proteínas de revestimento
adaptadoras).
No processo de desmontagem, o GTP da Sar1 é desfosforilado, isso faz com
que ela se solte da membrana. Ao mesmo tempo, o revestimento também é
fosforilado, se soltando.

• Como o compartimento alvo identifica as vesículas? Todas as vesículas de transporte


exibem marcadores de superfície que as identificam de acordo com sua origem e o seu
tipo de carga, e as membranas-alvo exibem receptores complementares que
reconhecem os marcadores apropriados. O processo de identificação depende de
GTPases denominadas de proteínas Rab presentes na membrana das vesículas. Essas
Rabs são específicas com as proteínas de conexão presentes nas membranas de cada
compartimento e direcionam as vesículas aos seus locais de destino. As Rabs quando
ligadas a GDP são inativas e ficam livres no citosol, quando ligadas a GTP (por Rabs GEF)
possuem atividade e estão ligadas a uma membrana ou vesícula.
Uma vez ligadas a membrana, as Rabs se ligam a proteínas efetoras de Rab que irão agir
no entrelaçamento e fusão de membranas, podem atuam em conjunto com as SNAREs.
As efetoras de RAB podem funcionar como “proteínas motoras” (transportam as
vesículas ao longo de filamentos de actina ou microtúbulos), “linhas de pesca” para
aproximar vesícula e membrana que estão afastadas; pode atuar em conjunto com
SNAREs.
As Rabs têm uma capacidade autoamplificadora para criar domínios. Isso é, Rabs
recrutam mais Rabs.
Cascata de Rab: as Rabs podem marcar a identidade de uma organela. Os endossomos
primários, por exemplo, são marcados por domínios de Rab5, enquanto os endossomos
tardios (contém a carga do endossomo primário que não foi reaproveitada) são
marcados por domínios de Rab7.
• Uma família de proteínas chamada de SNAREs fazem a ancoragem das vesículas com
seus compartimentos alvo. As v-SNARES estão presentes na membrana das vesículas, já
as t-SNARES estão presentes na membrana do compartimento-alvo. Essas SNAREs
também catalisam a fusão final das duas membranas. A fusão de membranas é um
processo difícil e desfavorável pois exige que as moléculas de água presentes entre uma
membrana e outra sejam expelidas. Depois de sua atividade, as proteínas SNAREs são
dissociadas e desativadas por outras proteínas chamadas NSF (fator sensível), esse
processo gasta ATP.
OBS: quando v-SNARE e t-SNARE estão entrelaçadas, dá-se o nome de complexo trans-
SNARE.

❖ TRANSPORTE DO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO AO COMPLEXO GOLGI:


• Transporte de proteínas do RE ao Golgi: proteínas
revestidas por COPII saem do RE para o Golgi através Fusão homotípica: entre as
de regiões chamadas de sítios de saída do RE. membranas de um mesmo
As proteínas que irão sair do RE possuem sinais de compartimento.
saídas que são reconhecidas por receptores de carga,
Fusão heterotípica: entre as
também com sinais de saída. Nesse processo, algumas
membranas de compartimentos
proteínas residentes do RE podem ser, sem querer,
diferentes.
incorporadas às vesículas, no entanto elas possuem
sinais de recuperação que atuam na via retrógrada. Centrossomo: local próximo ao
As proteínas solúveis residentes no RE possuem uma núcleo de onde partem os
sequência de aminoácidos KDEL que é um sinal para a microtúbulos.
via de recuperação, presente na porção C-terminal.
Acredita-se que, além do
Essa sequência de KDEL se liga a um receptor de KDEL
citoesqueleto, proteínas golginas
(que fica na membrana do RE – onde é produzido - e do
mantenham a arquitetura do CG.
CG – de onde saem as vesículas de recuperação), que
se liga ao revestimento de COPI. O interessante é que
o receptor de KDEL precisa ter baixa afinidade por KDEL no RE, e alta afinidade por KDEL
nos complexos tubulares e CG.
Um sistema de controle de chaperonas impede que proteínas mal enoveladas ou
montadas incorretamente cheguem ao CG.
**Agrupamento tubulares de vesículas: é quando várias vesículas originadas no RE para
o CG se fundem. Eles não contêm muitas das proteínas do RE, mas são capazes de
formarem suas próprias vesículas. Nesse caso elas são revestidas por COPI. Essas
vesículas revestidas por COPI atuam na via de recuperação, trazendo de volta proteínas
residentes no RE que tenham escapado, assim como proteínas como receptores de
carga e SNAREs que participaram no brotamento do RE e nas reações de fusão de
vesículas.
***As vias de recuperação são importantes, também, no caso de vesículas secretoras,
pois o retorno de proteínas residentes na organela de brotamento aumenta a
concentração de proteínas secretoras na vesícula.
• Aparelho de golgi: um complexo de pilhas amplamente compartimentalizado em região
cis, média e trans. Cada pilha de golgi possui uma face cis (de entrada) e uma face trans
(de saída). As faces cis estão voltadas a rede cis do Golgi (CGN – uma coleção de
agrupamentos tubulares e vesículas provenientes do RE) e as faces trans estão voltadas
a rede trans do Golgi (TGN- onde saem as vesículas com destino à membrana ou a outros
compartimentos). A maioria das proteínas do CG não estão solúveis, mas sim associadas
à sua membrana.
• No aparelho de Golgi um dos principais acontecimentos que ocorre é a glicosilação de
proteínas. Dois tipos de oligossacarídeos são os principais: oligossacarídeos complexos
e oligossacarídeos ricos em manose. Os oligossacarídeos complexos são gerados quando
o oligossacarídeo ligado ao N original adicionado no RE é aparado e açúcares
complementares são adicionados; ao contrário, os oligossacarídeos ricos em manose
são aparados, mas não recebem adição de novos açúcares no aparelho de Golgi. Após
passarem pelo CG, as glicoproteínas, são encaminhadas para lisossomos, vesículas
secretoras ou membrana plasmática. Veja:
*A nível de curiosidade além dos oligossacarídeos ligados ao N, há os oligossacarídeos
ligados ao O conferidos às mucinas (muco) e aos proteoglicanos.
A glicosilação tem papéis importantes: a glicosilação ligada ao N promove o enovelamento de
proteínas; a presença de carboidratos nas proteínas é capaz de evitar que outras moléculas se
agreguem a proteínas; os oligossacarídeos na superfície celular possuem a função de
revestimento, reconhecimento e proteção. Participam, também, de vias de sinalização.

Como ocorre a movimentação de proteínas e lipídeos no CG?

As proteínas e os lipídeos movem-se através da pilha de Golgi em uma direção cis-para-trans.


Esse movimento pode ocorrer por transporte vesicular, pela maturação progressiva das
cisternas cis à medida que migram de modo contínuo através das pilhas ou, mais provavelmente,
por uma combinação dos dois mecanismos.

• Modelo de maturação das cisternas: consideram as cisternas de Golgi como estruturas


dinâmicas que maturam de primárias a tardias (essa diferenciação é feita pela presença
de proteínas específicas para cada “fase”). As cisternas cis de formariam a partir dos
complexos tubulares do RE. As cisternas conforme vão maturando vão avançando de
cis para trans. Quando uma cisterna chega ao final e vai se incorporar na rede trans
(TGN), ela perde várias vesículas com seu conteúdo que são incorporadas a pilha logo
atrás.
• Modelo de transporte vesicular: acredita que as cisternas são duradouras. O conteúdo
das vesículas, no entanto, que transita entre as regiões de maneira progressiva ou
retrógrada. E modelo afirma que há um núcleo das cisternas duradouro e entrada
contínua de cisternas cis e saída contínua de cisternas trans.

❖ TRANSPORTE DO COMPLEXO GOLGI (TRANS) OS LISOSSOMOS:


• Estrutura dos lisossomos:
✓ Organela envolta por membrana preenchida por hidrolases ácidas, para digerir
macromoléculas. O pH dessa organela varia entre 4,5 e 5, mantido por uma H+
ATPase vacuolar (atpase do tipo v, que funciona como hélice de bombeamento).
As proteínas de membrana do lisossomo são altamente glicosiladas, para
proteger-se das proteases presentes no lúmen no caminho do CG ao lisossomo.
✓ Como as hidrolases precisam de um pH baixo para funcionar, em pH do citosol
(neutro) não serão prejudiciais pois sua atividade estará inativada.
✓ Os produtos da digestão dos lisossomos podem ser excretados ou liberados no
citosol para reutilização pela célula.
✓ Funções: a quebra de restos intra e extracelulares, a destruição de
microrganismos fagocitados e a produção de nutrientes para a célula (em
unicelulares).
✓ Atenção. Nas células vegetais quem faz o papel dos lisossomos é o vacúolo. A
célula vegetal possui diversos vacúolos com diversas funções, de
armazenamento, pressão osmótica e digestão. Alguns vacúolos esse possui
enzimas hidrolíticas, atuando semelhante aos lisossomos.
✓ Vias de degradação: endocitose, endocitose mediada por receptores,
fagocitose (para células fagocíticas), macropinocitose e autofagia.
Autofagia: a proteína ou organela indesejada é envolta por uma membrana
dupla chamada de autofagossomo. As etapas do processo são: sinalização
celular; nucleação e expansão de uma membrana que irá formar o
autofagossomo; fechamento da membrana ao redor da molécula alvo; fusão
do autofagossomo com o lisossomo catalisada por SNAREs; digestão da
membrana interna do autofagossomo e dos conteúdos de seu lúmen. A
autofagia pode ser seletiva (capta pouco citosol) ou não seletiva (capta
grandes quantidades de citosol).
• Transporte de hidrolases do complexo golgi (TGN) para o lisossomo:
As enzimas hidrolíticas produzidas no RE, empacotadas pelo CG, saem da região
TGN em vesículas e são entregues ao endossomos, antes de se moverem aos
lisossomos ou endolisossomos.
As enzimas hidrolases carregam um marcador único de manose-6-fosfato (M6P)
que são adicionados ao oligossacarídeo ligado a N das enzimas lisossômicas no
próprio complexo golgi. Na rede trans do CG há proteínas transmembrana
chamadas de receptores de M6P. Elas reconhecem os marcadores M6P e se ligam
as hidrolases lisossômicas. Em seguida, proteínas adaptadoras começam a montar
o revestimento de clatrina na face citosólica, para formar uma vesícula. Essas
vesículas são liberadas, então, no lúmen de endossomos primários em pH 6. O pH
baixo dos endossomos primários promove a dissociação dos receptores M6P das
partículas M6P. Depois de liberarem seu conteúdo, os receptores de M6P são
empacotados em vesículas do próprio lisossomo, revestida por um complexo
retrômero que irá devolvê-los para a região TGN do CG.
•Defeitos de GlcNAc:
✓ Doenças de depósito lisossômico: defeitos que resultam em um acúmulo
de substratos não digeridos nos lisossomos. Na maioria dos casos, há uma
mutação em um gene estrutural que codifica uma hidrolase lisossômica
específica. EX: doença de Huler; doença de inclusão celular (ausência de
quase todas as enzimas hidrolíticas); doença da célula I (mucolipidose II);
✓ Doença da célula I e GlcNAc: Na região cis a manose das enzimas
hidrolíticas precisam ser fosforiladas no carbono 6. Uma fosfotransferase
GlcNAc reconhece as hidrolases lisossômicas no aparelho de Golgi. A
enzima possui sítios catalíticos e de reconhecimento diferentes. O sítio
catalítico liga tanto os oligossacarídeos ligados ao N ricos em manose
quanto a UDP-GlcNAc. O sítio de reconhecimento liga-se a uma região-
sinal que está presente somente na superfície das hidrolases lisossômicas.
Uma segunda enzima corta fora a GlcNAc, deixando a manose-6-fosfato
exposta. Ou seja, o papel da GlcNAc é fosforilar.
*A nível de curiosidade, células do hepatócito possuem vias alternativas
não dependentes de M6P para o direcionamento de hidrolases
lisossômicas.
❖ TRANSPORTE DA MEMBRANA PLASMÁTICA PARA DENTRO DA CÉLULA: ENDOCITOSE
• A maioria das vesículas endocíticas, depois de formadas, se fundem com o
endossomo primário, onde a carga internalizada passa por uma seleção. As
moléculas que não são aproveitáveis são devolvidas a membrana, vão para um
endossomo de reciclagem ou são designadas para um caminho de degradação
através da transferência para um endossomo tardio.
** Os endossomos tardios se formam de uma porção vacuolar bulbosa dos
endossomos primários por um processo chamado de maturação de endossomos.
Tal processo de conversão muda a composição proteica da membrana do
endossomo, sendo que regiões da membrana se invaginam e adentram a organela
como vesículas intraluminais, enquanto o próprio endossomo se move da periferia
celular para uma localização próxima ao núcleo. À medida que um endossomo
amadurece, ele interrompe a reciclagem de material para a membrana plasmática
e envia irreversivelmente seus conteúdos remanescentes para degradação: os
endossomos tardios se fundem um com o outro e com os lisossomos para formar
endolisossomos. Maturação dos lisossomos:
Turnover: células que passam por
• Cavéolas: são outro tipo de revestimento de vesículas, constante renovação da
independente de clatrina ou COPs. As cavéolas são membrana pelo ciclo endocítico-
estruturas estáticas, mas podem ser induzidas a se exocítico.
destacarem com vesículas, conhece-se as capazes de
transportar moléculas entre as células do endotélio dos Transcitose: processo em que
vasos sanguíneos. As cavéolas são estruturadas por uma vesícula transita dentro da
caveolinas e estabilizadas por cavinas. célula de um lado da membrana
• Macropinocitose: os macropinossomos são formados para outro.
independente de clatrina, através de ondas ou protrusões Fossas revestidas por clatrina: são
de membrana pela reorganização das actinas. regiões especializadas da
• Endocitose mediada por receptores: as macromoléculas no membrana levemente encurvadas
exterior da célula ligam-se a proteínas receptoras que costumam formar as
transmembrana que se acumulam em fossa revestidas por vesículas.
clatrina. Essas macromoléculas acabam entrando na célula
por complexos receptor-macromolécula-vesículas Zimógenos: proenzimas que
revestidas por clatrina. Esse mecanismo é usado, por contém domínios inibitórios o que
exemplo, para a captação de colesterol. torna as enzimas inativas.
Endocitose do colesterol: a maior parte do colesterol no Ubiquitina: tem uma ação
sangue circula na forma de LDL (lipoproteínas de baixa importante de direcionar
densidade). Quando a célula necessita de colesterol, ela receptores para fossas revestidas
produz e insere na membrana proteínas receptoras de LDL. por clatrina. Ademais, ajudam
Esses receptores se difundem para fossas revestidas por também na marcação de
clatina. Um sinal se liga a esse receptor que promove sua proteínas que precisam ir para
ligação com adaptinas. As adptinas recrutam mais proteínas vesículas luminais.
clatrinas para a formação da vesícula. Então, as partículas
de LDL que estiverem ligadas ao receptor serão Corpos residuais: substâncias
endocitadas. A vesícula é então entregue ao endossomo indigestíveis que permanecem
primário. O baixo pH do endossomo primário provoca a nos lisossomos e depois são
dissociação de LDL dos seus receptores. O LDL vai para os jogadas para fora da célula por
endossomos tardios e depois para os lisossomos. Nos exocitose.
lisossomos, o LDL é hidrolisado e transformado em
Todas as organelas endocíticas e
colesterol livre, forma disponível para o uso. Quando a
exocíticas são acidificadas por
célula já está repleta de colesterol, ela para de produzir
uma ATPase do tipo V.
receptores de LDL para a membrana.
Tal via regulada para a captação de colesterol está
interrompida em indivíduos que herdam genes codificadores das proteínas
receptoras de LDL defeituosos. Os altos níveis de colesterol sanguíneo resultantes
predispõem esses indivíduos a desenvolver aterosclerose e hipercolesterolemia
prematuramente. Em alguns casos os receptores de LDL estão completamente
ausentes, em outros casos os receptores são defeituosos no sítio de ligação ao LDL
ou no sítio de ligação às adaptinas das fossas revestidas por clatrina (ou seja, eles
estão presentes mas não conseguem localizar as fossas). Embora a LDL se ligue à
superfície dessas células mutantes, ela não é internalizada, demonstrando
diretamente a importância das fossas revestidas por clatrina na endocitose de
colesterol mediada por receptores.
O receptor de LDL se dissocia de seu ligante e é reciclado de volta a membrana
plasmática para seu reuso. As vesículas de reciclagem brotam do endossomo
primário. As vesículas de reciclagem seguem, então, para a membrana plasmática.
OBS: alguns outros tipos de receptores, no entanto, podem ser degradados nos
lisossomos junto com seus ligantes, através de marcadores que guiam essa
degradação.
• Maturação dos endossomos:
*Endossomos primários: pequenos e patrulham o citoplasma subjacente à
membrana plasmática, capturando as vesículas que entram. Esses endossomos
possuem domínios tubulares e domínio vacuolar. O domínio vacuolar será retido e
transformado em endossomo tardio. O domínio tubular é perdido.
Os endossomos em maturação, também chamados de corpos multivesiculares
(pois regiões de sua membrana invaginam para o lúmen do endossomo e se
destacam formando vesículas intraluminais), migram ao longo dos microtúbulos
em direção ao interior celular, largando túbulos e vesículas de membranas que
reciclam material para a membrana plasmática e TGN, e recebem proteínas
lisossômicas recém-sintetizadas. À medida que eles se concentram em uma região
perinuclear na célula, os corpos multivesiculares se fundem uns com os outros e,
finalmente, com os endolisossomos e os lisossomos.
Ao longo desse processo diversas características dessa célula são alteradas, como
o domínio de Rabs, por exemplo. O aumento da acidez também ocorre junto a
maturação dos endossomos, tornando as hidrolases lisossômicas mais ativas. A
célula só pode reciclar proteínas do endossomo primário, por exemplo, porque
seu pH não é tão baixo. Se não, essas proteínas seriam desnaturadas.
**As vesículas luminais são importantes para interromper sinalizações, sobretudo,
de receptores de membrana associados a ligante. Quando vão para o endossomo
primário, esses receptores permanecem na membrana e podem continuar
sinalizando. A importância da vesícula luminal está em invaginar esses receptores
e interromper a sinalização. A formação dessas vesículas depende de complexos
ESCRT.
***Os endossomos de reciclagem podem servir também como um “estoque
temporário” de proteínas, armazenando proteínas de membrana e quando essas
são recrutadas liberando-as na membrana plasmática. Isso regula a captação de
moléculas por exemplo, de acordo com a disponibilidade de certas proteínas na
superfície da membrana.
❖ FAGOCITOSE
• Esse processo em protozoários é importante para a alimentação, já em animais é
importante para o processo de defesa.
*Fagócitos profissionais: células especializadas que usam a fagocitose. Como
exemplo temos os macrófagos e neutrófilos.
• Os anticorpos são importantes sinalizadores para a fagocitose.
• Os fagossomos normalmente são formados pela emissão de pseudópodes. Esses
pseudópodes são formados pela polimerização e despolimerização da actina.

OBS: uma das sinalizações mais conhecidas para fagocitose é a exposição da fosfatidilserina
em células que morreram por apoptose.

❖ EXOCITOSE – da rede trans de golgi para o exterior da célula


• Via secretora constitutiva (não-seletiva) ou padrão: quando proteínas e lipídios de
membrana são enviados do golgi para a membrana plasmática. É chamada de
padrão porque as vesículas tendenciosamente seguem para fora da MP.
• As proteínas enviadas para as vesículas secretoras são chamadas de proteínas
secretoras ou proteínas de secreção.
• Via secretora regulada: as vesículas secretoras (grânulos secretores de núcleo
denso) são enviadas a membrana por uma demanda. Essa via exige sinais
específicos. As proteínas dessa via são seletivamente empacotadas em TGN e
enviadas para locais determinados da membrana. Assim como os endossomos, as
vesículas secretoras passam por um processo de maturação e mudança de pH, o
que contribui para a maturação de inúmeras enzimas. Diferentemente da via
constitutiva, as vesículas dessa via quando estão próximas a membrana
plasmática, precisam aguardar um sinal para se fundirem com a bicamada.
• Exocitose de vesículas na membrana pré-sináptica:

✓ Quando um potencial de ação chega ao terminal nervoso, canais de


cálcio dependentes de voltagem são abertos. Isso aciona vesículas
sinápticas a se fundirem com a membrana do axônio. Quando a
vesícula se ancora na membrana, os feixes de SNARE se montam
parcialmente (pareados), tornando essa vesícula “preparada”.
Proteínas chamadas de complexinas mantém as SNAREs nesse
estágio de preparação. As sinaptotagminas, quando ligadas ao cálcio
que influi pela estímulo de voltagem, liberam essa estagnação
imposta pelas complexinas. Conforme os feixes de SNARE se monta
completamente, é aberto um poro de fusão para que a vesícula
libere de conteúdo. Esse processo de preparação da vesícula é
importante para que a sinapse seja rápida, pois já tendo vesículas
preparadas é só liberar o neurotransmissor na fenda.
Os neurotransmissores que foram liberados podem ser recaptados
por endocitose e ser utilizados na formação de outra vesícula
sináptica. Ou seja, as vesículas sinápticas, que são limitadas às
terminações nervosas e algumas células endócrinas, formam-se
tanto a partir de vesículas endocíticas provenientes do CG como de
endossomos.
✓ As v-SNAREs são chamadas de sinaptobrevinina e as t-SNAREs são
formadas por duas subunidades, SNAP25 e sintaxina.
✓ Porque a área de membrana do axônio pré-sináptico não aumenta?
Quando uma vesícula secretora se funde à membrana plasmática, o
seu conteúdo é descarregado da célula por exocitose, e a sua
membrana torna-se parte da membrana plasmática. Embora isso
devesse aumentar muito a área superficial da membrana plasmática,
tal fato ocorre apenas de forma transitória, porque os componentes
de membrana são removidos da superfície por endocitose quase tão
rápido quanto são adicionados pela exocitose.
• Exocitose para domínios específicos da membrana: sabemos que as membranas
possuem proteínas específicas em domínios diferentes, como apical e basolaterais.
Acredita-se que a rede TGN do Golgi é o local onde ocorre esse direcionamento.
Algumas pesquisas dizem que as ancoras GPI tem ampla influencia nesse processo, já
que proteínas ancoradas a GPI ficariam sobretudo no domínio apical (posto que essa
ancora é feita por oligossacarídeos ligados a N, que ficam voltados para a superfície
extracelular).

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