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Célula: representa unidade estrutural e funcional de todos os seres vivos!

Células procarióticas vs células eucarióticas


 Maiores e mais complexas;
 Possuem membranas internas;
 Genoma maior e mecanismos mais elaborados;
 DNA encontra-se no núcleo;
 No citoplasma: mitocôndrias (especializadas na produção de energia) e
cloroplastos (especializados na fotossíntese; descendentes de organismos
procarióticos ancestrais que se estabeleceram como simbiontes de células
maiores, anaeróbicas);
 Presença de citoesqueleto no citoplasma que serve para apoio estrutural e
desempenha funções de trilhos e motores responsáveis pelos movimentos
celulares;
 Existem como organismos multicelulares ou unicelulares;
o Células anucleadas (não têm núcleo), logo a informação genética está contida
num organelo especializado (cromossoma que contém uma única
macromolécula de DNA - nucleóide);
o Representadas por bactérias (a sua mobilidade deve-se à existência de flagelos,
podendo deslocar-se em meios líquidos);
o Desprovidas de membranas que definem compartimentos intracelulares no
entanto algumas apresentam estruturas membranosas internas simples;
o Existência de uma parede celular mecanicamente resistente que rodeia e
protege o protoplasto. Confere-lhe estabilidade;
o Ribossomas constituídos por RNA e proteínas Ribonucleoproteína (função:
síntese proteica).

Membrana plasmática e parece celular: membrana capaz de isolar proteínas e ácidos


nucleicos do meio exterior. Esta necessidade de contenção e isolamento é assegurada,
em todas as células, por fosfolípidos (moléculas anfipáticas) [1].
Dupla camada de fosfolípidos é idêntica à das membranas biológicas e resulta da
orientação espontânea dos fosfolípidos dispostos com as cabeças hidrofílicas em
contacto com a água e as caudas hidrofóbicas no interior. Bicamadas frágeis e fáceis de
romper – para aumentar estabilidade, membranas possuem, no caso dos mamíferos,
colesterol, e para protecção, vários organismos revestem membrana plasmática por
uma “parede”.
[1]
Possuem simultaneamente “cabeças” fosfatadas solúveis em água (hidrofílicas) e “caudas” de ácidos
gordos insolúveis em água (hidrofóbicas).

Outra função: criam barreira impermeável a iões, e por essa razão estabelecem
gradientes electroquímicos no interior da célula e, assim, armazenar energia.

Membrana interna de eritrócitos: composta por dupla camada lipídica, com a qual
várias proteínas estão associadas. Essa estrutura permite que a célula mantenha
separado o fluido intracelular no líquido extracelular, para além de seleccionar
nutrientes, gases e iões, bem como permitir a excepcional deformabilidade do
eritrócito quando necessário.

Proteínas integradas na membrana:


 Receptores: proteínas específicas param certas moléculas; quando os
receptores têm contacto com estas moléculas, desencadeiam reacções
químicas no interior da célula que modificam o comportamento celular.
 Gap junctions (junções celulares): especializações químicas que impedem a
passagem de iões ou moléculas, observam-se entre células vizinhas – junções
intercelulares – podem ser:
 Junções impermeáveis ou apertadas: mantêm as células juntas;
impedem o movimento das proteínas de membrana integrais entre as
superfícies apical e basolateral, preservando assim a endocitose
mediada por receptores e a exocitose; evitam passagem de moléculas e
iões pelos espaços entre as células, tendo assim os materiais que entrar
na célula por difusão ou transporte activo.
 Junções de aderência: mantêm células cardíacas juntas quando coração
expande e contrai; mantem as células epiteliais juntas; medeiam a
adesão entre as células comunicando um sinal de presença de células
vizinhas e ancora-as ao citoesqueleto; responsáveis pela inibição de
contacto, em que envia sinais para parar a divisão celular quando
camadas celulares estão completas.
 Desmossomas pontuais: zonas de contacto intercelular que ligam as
células dos tecidos, abundantes sobretudo nos epitélios.
 Junções comunicantes: conjunto de pequenos canais que permitem
que pequenas moléculas entrem para o interior de células adjacentes.

Estas adesões interconectam o citoesqueleto de células adjacentes e conferem


aos tecidos elasticidade e resistência.

O núcleo: delimitado do citoplasma por sistema membranar denominado invólucro


nuclear. Encontra-se o património genético da célula (moléculas de DNA).
Na célula humana encontram-se cerca de 6 milhões de pares de bases de ADN,
medindo aproximadamente 2 metros de comprimento; 46 cromossomas (23 pares)
cada um constituído por milhares de genes.
Os genes são constituídos por filamentos entrelaçados de ADN e proteínas essenciais
que permitem um bom funcionamento da célula.

Ribossomas e síntese proteica: Proteínas sintetizadas no citoplasma permitem à célula


crescer, multiplicar-se, diferenciar-se e comunicar com as outras células. A sua
estrutura (função) é determinada pela sequência de pares de bases do respectivo
gene.
Cada gene que codifica uma proteína é inicialmente copiado no núcleo por mecanismo
denominado transcrição, dando origem a molécula de mRNA. Estas são transportadas
para o citoplasma e associadas a ribossomas. Com auxílio do tRNA, a sequência de
nucleótidos é traduzida numa sequência de aminoácidos (proteína).
Proteínas desempenham papel fundamental na compartimentação funcional das
células: enzimas que catalisam reacções específicas de cada organelo e as moléculas
que controlam transporte de componentes entre vários compartimentos.

Parte das proteínas é sintetizada por:


 Ribossomas localizados no espaço compreendido entre os organelos
citoplasmáticos (citosol);
 Ribossomas associados ao retículo endoplasmático.

Algumas proteínas são sintetizadas com um sinal que as conduz para retículo
endoplasmático; as restantes, são sintetizadas por ribossomas e polissomas [2] livres no
citosol.
Cada ribossoma é composto por duas subunidades, cada uma das quais é constituída
por moléculas de rRNA associadas a proteínas. A subunidade maior contém uma
molécula de rRNA maior.
[2]
Conjunto dos vários ribossomas, que num determinado momento, se encontram a traduzir a mesma
molécula de mRNA.
Retículo endoplasmático: sistema de membranas interligadas e arranjadas de maneira
a formar esqueleto de túbulos que liga o exterior da célula ao núcleo.
 RER – retículo endoplasmático rugoso: aspecto rugoso devido aos ribossomas
associados à superfície externa das membranas; responsável pela síntese de
todas as proteínas secretadas para o exterior da célula, bem como de todas as
proteínas transmembranares e das enzimas lisossómicas.
 REL – retículo endoplasmático liso: não se associa a ribossomas. Encontra-se
desenvolvido nas células do fígado, musculares e células produtoras de
hormonas esteróides.
Responsável pela síntese do componente lipídico das lipoproteínas e, por outro,
as enzimas que degradam drogas e outros componentes tóxicos. Contém
proteínas de transporte e sequestro de cálcio, e por isso, é muito abundante nas
células musculares.

Complexo de Golgi: localiza-se perto do núcleo e é constituído por uma série de


cisternas empilhadas, rodeadas por inúmeras vesículas. Comunica com o RER: possui
duas fases (cis – fase de entrada e trans – fase de saída).
o Fase cis – vesículas representam sistema de vaivém entre Golgi e o RER:
transporte de proteínas destinadas à via de secreção;
o Fase trans – destacam-se vesículas das cisternas do Golgi que retornam ao
retículo transportando proteínas que não entram na via de secreção.

Ao atravessar o Golgi as proteínas sofrem uma série de modificações que


incluem a remoção de alguns açúcares, a adição de outros.

As vias da secreção e da endocitose: Da fase trans, as vesículas acabam por se fundir


com a membrana plasmática – exocitose.
Algumas células especializadas possuem mecanismo de secreção regulada que permite
armazenamento das proteínas de secreção em vesículas ou grânulos de secreção, cuja
exocitose ocorre apenas em resposta a um sinal vindo do exterior.
Para compensar aumento de superfície decorrente da exocitose, a membrana sofre
invaginações que dão origem a vesículas de endocitose.

Lisossomas: são sacos intracelulares delimitados por uma membrana e cheios de


enzimas hidrolíticas:
1. Capazes de digerir todas as macromoléculas da célula através da endocitose;
2. Destroem componentes celulares obsoletos (autofagia);
3. Degradam microrganismos ou partículas nocivas à célula através de fagocitose.

Por exemplo: endocitose dos receptores de LDL


A endocitose de colesterol na maioria das células de mamíferos é um exemplo de
endocitose mediada por receptor. O colesterol insolúvel em água é sintetizado no
fígado e transportado na corrente sanguínea associado a uma proteína, formando uma
lipoproteína, a LDL. Esta liga-se a uma proteína receptora específica que desencadeia
nesta uma modificação que facilita a associação de várias moléculas de clatrina. Em
consequência, forma-se uma vesícula que se fundirá com um lisossoma já no interior
da célula. Como resultado da acidificação do meio interno, as LDL soltam-se dos
receptores. A digestão da LDL permitirá a utilização do colesterol resultante pela
célula.

Colesterol total abaixo de 200 mg/dL;


HDL acima de 40;
LDL abaixo de 160.

Mitocôndrias: capazes de converter energia solar em energia biológica (ATP) – a


energia é libertada a partir de moléculas de glicose e de outros alimentos,
possibilitando a realização das funções celulares.

Os hidratos de carbono provenientes dos nutrientes são progressivamente degradados


até . Em cada uma destas reacções ocorre transferência de electrões de um estado
de alta energia para um estado de baixa energia e, consequentemente, liberta-se
energia para o sistema. Esta energia é utilizada para bombear protões através das
membranas internas da mitocôndria, dando assim origem a gradiente eletroquímico
transmembranar (usado para armazenar e utilizar energia biológica). Quando protões
fazem sentido inverso, ativam a enzima ATP sintetase para sintetizar ATP.

Na matriz encontram-se tanto as enzimas que metabolizam o piruvato e os ácidos


gordos para produzir acetil-coenzima A, como as enzimas que a oxidam no ciclo cítrico.
Produtos finais: , NADH e . Electrões de alta energia transportados ao longo
da cadeia respiratória até serem combinados com oxigénio, passando para níveis de
energia mais baixos, enquanto a energia libertada é usada para bombear protões para
espaço intermembranar. O fluxo de protões do espaço intermembranar para a matriz é
usado para activar enzima da membrana interna que sintetiza ATP.

Passagem de substâncias através da membrana:


 Transporte passivo: não envolve gasto de energia, ocorre a favor do gradiente
de concentração no sentido de igualar as concentrações nas duas fases da
membrana.
- Osmose: deslocação da água através da membrana, do local de menor
concentração de soluto para o de maior concentração (pressão osmótica).
- Difusão simples: consiste na passagem das moléculas de soluto, do local de
maior para menor concentração.
- Difusão facilitada: a velocidade da difusão facilitada não é proporcional à
concentração da substância; meio mais concentrado para o menos
concentrado com a intervenção de proteínas transportadoras – as permeases;
a velocidade estabiliza-se quando todas as permeases ficam ocupadas.
 Transporte activo: existe gasto de energia, podendo ocorrer contra gradiente
de concentração; a molécula a ser transportada liga-se à molécula
transportadora. Por exemplo: Bomba de sódio e potássio.
 Endocitose e exocitose: mecanismo de transporte de moléculas de grandes
dimensões.
 Endocitose: transporte do meio extracelular para o intracelular através de
vesículas de endocitose.
 Exocitose: transporte de dentro para fora da célula.

ADN vs RNA:
 Formada por um açúcar (desoxirribose), grupo fosfato e sequência de quatro
bases nitrogenadas: citosina, guanina, adenina e timina;
 Molécula formada por duas cadeias na forma de dupla hélice (factor essencial
na replicação do DNA durante a divisão celular, onde cada hélice serve de
molde para outra nova);
 Responsável pela transmissão das características hereditárias de cada espécie;
 Sequências complementares (A-T, G-C) e antiparalelas (5’ 3’, 3’ 5’);
 Capacidade de se autoduplicar – replicação do ADN.
o Molécula formada por açúcar (ribose), um grupo fosfato e bases: no lugar da
timina encontra-se uracilo;
o Responsável pela síntese de proteínas da célula;
o Cadeia simples que pode ser dobrada;
o Quantidade é variável de célula para célula e com a actividade celular.
A transferência da informação contida em cada porção do ADN que constitui um gene
determinado é assim transcrita em RNA – sintetizada por “cópia” da sequência de DNA
molde – obedecendo ao principio da complementaridade.
Transcrição consiste na síntese das moléculas de RNA. Os mRNA, portadores da
informação ditada pelos genes, dirigem a síntese das proteínas cuja especificidade
resulta do encadeamento dos resíduos de aminoácidos das cadeias polipeptídicas. A
transferência da informação dos genes faz-se passando de uma linguagem
tetranucleotídica, comum ao DNA e ao RNA, para uma linguagem a vinte aminoácidos,
a das moléculas proteicas (tradução genética).

Embora o DNA seja, do ponto de vista da sua estrutura molecular, idêntico em toda a
escala dos seres vivos, apresenta-se nos procariotas unicelulares, como uma molécula
única, circular, que constitui o próprio genoma [3] da célula.

Cromatina e cromossomas: nas células eucarióticas a parte não nucleolar do núcleo é


formada por uma estrutura fibrosa, a cromatina. Esta é constituída por DNA associado
a uma quantidade igual de proteínas básicas, as histonas, e proteínas não histónicas.
Encontra-se dispersa irregularmente no nucleoplasma e é nesse estado que é possível
dar-se a síntese do mRNA.
Durante a mitose, a cromatina encontra-se estruturada nos cromossomas. Existem
dois tipos de cromatina no núcleo que se distinguem pelo grau de condensação e pela
actividade de transcrição do mRNA:
o Eucromatina: encontra-se descondensada; corresponde às regiões do genoma
que são capazes de transcrição e são sensíveis à DNase. Situa-se nos bordos do
interior do invólucro nuclear.
o Heterocromatina: mantém grau de condensação durante todo o ciclo celular; é
visível no núcleo sob forma de regiões densas e fortemente coradas, os
cromómeros. Localiza-se ao longo do interior do invólucro nuclear.
 Facultativa: estado de condensação varia em diferentes tipos de células
e estado de desenvolvimento. Activo em células germinativas e células
precoces.
 Construtiva: estrutura complexa e caracterizada por um estado
permanente de condensação e inactivação genética.

Funções da heterocromatina:
 Regulação do emparelhamento dos cromossomas;
 Protecção da eucromatina contra quebras e rearranjos;
 Contribuição para desenvolvimento e evolução dos cariótipos;
 Estabilização de certas regiões cromossómicas, como por exemplo o
centrómero e telómero;
 Estabelecimento de barreiras da fertilidade.

[3]
Totalidade da informação genética guardada nos cromossomas.
Nucleossomas: subunidades, com forma de esfera, formadas por cromatina. Cada
nucleossoma é composto por um núcleo central, constituído por um octâmero de
histonas, em torno do qual o DNA se enrola na entrada e saída do enrolamento em
cada nucleossoma. Estão ligados entre si por DNA de ligação.

Os cromossomas e o Cariótipo: A morfologia e o número de cromossomas variam nos


diferentes organismos. A sua organização em grupos, de acordo com normas de
classificação, constitui o cariótipo.
No homem, o cariótipo é constituído por 22 pares de autossomas e um par de
heterossomas.

Exemplo de alterações cromossómicas:


 Síndrome de Turner 45: afecta 1 em cada 3000 nascimentos de mulheres;
apenas um cromossoma X.
 Síndrome de Klinefelter 47: afecta 1,18 em cada 1000 nascimentos; destes,
80% têm o cariótipo 47, XXY, 10 % são mosaicos (46,XY/47,XXY) e restantes têm
múltiplos cromossomas X ou Y.

Genótipo: constituição de uma célula, organismo ou individuo. Deve-se à presença de


material hereditário herdado dos progenitores (características internas).
Fenótipo: são as características observáveis ou caracteres de um organismo ou
população (por exemplo, desenvolvimento, morfologia, propriedades bioquímicas ou
fisiológicas).

Cromossoma e gene: O gene é um segmento de um cromossoma a que corresponde


um código distinto, uma informação para produzir uma determinada proteína ou
controlar uma característica física. Um cromossoma contém vários genes que são
responsáveis por todas as características físicas do individuo.
Os cromossomas, com forma e estrutura idênticas, são designados por cromossomas
homólogos. Em cada par de cromossomas homólogos existem genes com informação
para o mesmo caracter, situados no mesmo locus no mesmo lugar – são designados
por genes alelos: um é herdado pela mãe e outro pelo pai. Cada um deles tem
informações ligeiramente diferentes.

Splicing: processo que remove intrões e junta os exões depois da transcrição do RNA.
Só ocorre em células eucarióticas, já que o DNA das células procarióticas não possui
intrões.
Consiste em retirar os intrões de um mRNA precursor, sendo um dos processos
necessários para formar um mRNA maduro funcional.

Estrutura do cromossoma:
Complexo cinetócoro : complexo proteico, em forma de disco, que se localiza ligado
ao centrómero e atua na movimentação cromossómica durante a divisão celular.

Ciclo celular: fenómeno biológico que permite a todas as células indiferenciadas


originar células filhas com as mesmas características genéticas e que, saindo co ciclo
celular, se diferenciam; tempo compreendido entre a mitose de uma célula e a mitose
seguinte de uma ou duas células filhas.

Duplicação do DNA na interfase

Segregação dos cromossomas durante a mitose

A capacidade de reprodução ou proliferação é uma característica fundamental das


células indiferenciadas. A proliferação celular normal é regulada para que a produção
de novas células compense a perda de células pelos tecidos.
Todas as células duplicam o seu ADN antes da divisão mitótica.
Fase S – ocorre a auto-replicação de moléculas de DNA; os cromossomas passam a
possuir dois cromatídeos ligados por um centrómero.
Fase G1 – intervalo entre fim da mitose e o início da fase de síntese; sintetizam-se
muitas proteínas, enzimas e RNA; verifica-se também a formação de organitos
celulares e consequentemente a célula cresce.
Fase G2 – intervalo entre fim da fase de síntese e o começo da mitose; dá-se a síntese
de moléculas necessárias à divisão celular (centríolos);
Na interfase os cromossomas não são visíveis. Esta inclui o tempo todo do ciclo celular
compreendido entre duas mitoses sucessivas (cerca de 90% do ciclo). Verifica-se
crescimento celular à custa da síntese de proteínas, ribossomas e retículo granular.

As células filhas podem:


1. Seguir processo que conduz à diferenciação e maturação;
2. Iniciarem nova fase de síntese após uma fase pós-mitótica de duração normal;
3. Entrarem numa fase pós-mitótica prolongada (fase G0), reentrando, mais
tarde, numa nova fase de síntese do ADN e cumprindo outro ou mais ciclos de
divisão Observa-se em células caracterizadas por um longo período de
vida, que raramente de dividem, mas após estímulos adequados, podem
efectuar vários ciclos.

Fase M (Mitose) – processo de divisão nuclear e citoplasmática. As duas células filhas


que se originam são geneticamente iguais à célula-mãe (número de cromossomas e
perpetuação do genoma celular inalteráveis).
Prometafase: inicio da desorganização e dissipação do invólucro nuclear; cromatídeos
distinguem-se facilmente; aparecem microtúbulos orientados para pólos do futuro fuso
acromático; cromossomas iniciam processo de orientação e deslocamento para plano
equatorial do fuso; centríolos deslocam-se para pólos opostos.

Regulação do ciclo celular: realizada por ciclinas e por quinases ciclino-dependentes.


Existem 3 momentos em que os mecanismos de regulação atuam:
 Na fase G1: no fim desta fase existem células que não iniciam um novo ciclo ou
que não estão em condições de o fazer, essas células permanecem num estádio
denominado G0. Como por exemplo células que não se dividem mais,
permanecendo neste estádio até à sua morte (neurónios e células das fibras
musculares); células que não obtiveram a quantidade de nutrientes necessária
ou que não atingiram o tamanho requerido.
 Na fase G2: antes de se iniciar a mitose, caso a replicação do DNA não tenha
ocorrido correctamente o ciclo pode ser interrompido e a célula volta a iniciar a
fase S.
 Na metáfase: responsável pela verificação da ligação do fuso acromático com
os cromossomas, de forma a que migre sempre um dos cromatídeos para os
pólos.
Complexo CDC/CDK: (moléculas reguladoras do ciclo)
 Ciclinas – proteínas cuja expressão varia de forma dependente da fase do ciclo
celular. Subunidades regulatórias de diferentes proteínas.
 CDC/Cdc – cinases de controlo da divisão celular.
 CDK (cinases dependentes de ciclina):
1. Proteínas cinase – capazes de transferir radicais fosfato para os seus
substratos;
2. CDKs são serina-treonina cinases;
3. Actividade de cinase das CDK depende de associação com as ciclinas;
4. Eventos pós-traducionais de fosforilação e defosforilaçao contribuem
para a activação plena das CDK.

Eventos como o desmantelamento da membrana nuclear, condensação da cromatina,


indução da replicação do DNA e montagem dos fusos mitóticos dependem das
fosforilações mediadas por diferentes CDKs.
Alterações cíclicas na actividade das CDKs depende da associação dessas cinases com
as ciclinas. Ao contrário das CDK, cuja expressão não varia muito, a expressão das
ciclinas muda dependendo da fase do ciclo.
Na fase G1:
 Expressão dos genes para ciclinas da fase G1, polimerases de RNA e de DNA,
helicase de DNA;
 Inactivação de factores transcripcionais – RB e (supressor de tumores), que
se associam na forma hipofosforilada de RB;
 Síntese de várias ciclinas, que regulam cinases do controlo da divisão celular
(factores promotores da mitose).

Progressão de G1 para S: regulada por , e em associação com ciclinas D


e E. A ciclina E é expressa durante o período G1 e os complexos /ciclina-E, têm
uma função importante na transição G1/S e no início da replicação do DNA meiótico.
Também têm função no início da síntese de DNA e na progressão pela fase S. A
transição de G2 para M é realizada por cada em associação com as ciclinas de tipo
B(

A actividade das cdk’s durante o ciclo meiótico é regulada pelos quatro níveis
moleculares seguintes:
1. O 1º nível envolve a associação de complexos cdk/ciclina específicos –
controlados pela síntese de ciclinas e pela sua degradação.
2. O 2º nível consiste na activação destes complexos, que requerem a
fosforilação de um resíduo de treonina cdk conservado por volta da
posição 160. Deste modo, a activação é catalisada por uma enzima
chamada CAK (constituída por complexo de
3. O 3º nível envolve inibição da fosforilação de resíduos de treonina-14 e
tirosina-15.
4. Finalmente, o 4º nível que está relacionado com família de cdk-
inibidores (CKI’s). Por exemplo: paragem do ciclo celular devido a danos
no ADN que é mediada pela proteína p53; esta proteína funciona no
sentido de estimular a expressão do inibidor de cdk, designado p21.
Este pode inibir directamente a replicação do DNA em células no
período S.

A meiose é regulada pelo MPF (complexo formado por uma cdk e por uma ciclina).
Este não atua só como regulador na transição de G2/M, fosforilando e activando
outras quinases, como também atua directamente, fosforilando proteínas envolvidas
durante os diferentes estado da prófase I.
Quando se entra na anáfase é necessário a descondensação dos cromossomas, por
isso a concentração de MPF diminui. Para isso ocorrer as CDK’s têm de ser inactivadas,
o que ocorre quando as ciclinas que estão associadas a elas são degradadas.
A acumulação de proteínas RB, P53, a ausência de factores de crescimento (por
exemplo FGF) e a ausência de transdução de sinais por inibição de contacto levam a
célula a entrar em G0.
Factores de crescimento que bloqueiam a síntese de ciclina A e que ativam cinases
envolvidas na fosforilação de RB e de P53 levam a célula a recomeçar o ciclo.

(*) Meiose: conjunto de duas divisões celulares consecutivas e complementares, com


uma única replicação de ADN, nas quais a 1ª divisão ou meiose I é reducional (reduz a
metade o número de cromossomas diplóide de cada célula – produz duas células
haplóides - e a 2ª divisão ou meiose II é equacional (separa cromatídeos-irmãos das
células haplóides).

Ciclo celular meiótico: Duas fases distintas: interfase pré-meiótica e a fase M (meiose).
 Interfase pré-meiótica: tempo que durante o qual ocorre, não só o
crescimento da célula germinal, como também a replicação semi-conservativa
do ADN, de uma forma ordenada e regulada, em preparação para a miose.
1. Período G1: intervalo entre fim da meiose e o inicio da replicação do
DNA;
2. Período S: dá-se a replicação do DNA;
3. Período G2: continua crescimento celular e proteínas são sintetizadas
em preparação para a meiose.
 Meiose (*)

Diferenças entre meiose e mitose [4]

Apoptose: uma das formas de resposta celular a diferentes tipos de estímulos,


exógenos e endógenos, consiste num processo de auto-eliminação através de uma
sucessão de alterações típicas. Processo fundamental na homeostasia.
As alterações típicas de apoptose incluem a condensação cromatídica e a degradação
internucleosómica do DNA, a destruição do citoesqueleto, modificações da membrana
citoplasmática, etc.

Fases da apoptose:
o Efetora - ocorre o aumento de intracelular o que faz activar
endonucleases e caspases e simultaneamente há alterações no citoesqueleto
que provocam variações de forma e tamanho;
o Degradativa – ocorre a degradação dos ácidos nucleicos e aumentam as trocas
através da membrana celular;
o Limpeza – em que os macrófagos eliminam todas as células apoptóticas, sem
que isto afecte o tecido envolvente.

[4]
Ver página 356 do Livro!
Célula Procariótica: reduzidas dimensões permitem elevadas taxas de crescimento, o
que confere uma vantagem biológica quando as bactérias competem em nutrientes
com outros microrganismos.
Relativamente à composição lipídica da membrana citoplasmática, os fosfolípidos
diferem do das células eucarióticas no que respeita ao tipo de ácidos gordos (baixo
grau de insaturação, excepto nas cianobactérias que frequentemente contêm ácidos
gordos insaturados).

Coloração Gram: esta técnica permite distinguir os dois principais grupos bacterianos
em microscopia óptica. De acordo com a coloração apresentada as bactérias dividem-
se em bactérias de Gram-positivo e de Gram-negativo.

Nas bactérias de Gram-negativo, a ponte interpeptídica ocorre, geralmente, por


ligação directa entre o grupo amino do ácido diaminopimélico de uma cadeia peptídica
e o grupo carboxilo da D-alanina terminal de uma cadeia peptídica adjacente. Por
exemplo: E.coli
Nas de Gram-positivo a ponte interpeptídica, estabelecida entre o grupo amino do 3º
aminoácido de uma cadeia peptídica e o grupo carboxilo do 4º aminoácido de uma
cadeia peptídica adjacente é geralmente feita por uma cadeia de aminoácidos.

A parede celular das bactérias de Gram-positivo quando observada em microscopia


apresenta-se como uma estrutura eletronodensa, rígida, homogénea e espessa.
Predominantemente constituída por peptidoglicano que nestas bactérias apresenta
elevado teor em dímeros peptídicos (30 a 70% do peso total da parede seca). Não
contém lípidos; podem ocorrer proteínas ligadas covalentemente ao peptidoglicano e
aos ácidos teicóicos.
A parede celular das bactérias de Gram-negativo é mais diferenciada e complexa.
Estrutura não homogénea, mas sim estratificada. A camada mais interna rígida,
eletronodensa, constituída por peptidoglicano (7 a 10 %). Camada mais externa
constituída por lipopolissacarídeos, fosfolípidos e proteínas.

Uma característica que distingue claramente a membrana das bactérias de Gram-


positivo, relativamente à das Gram-negativo, é a total ausência de polissacarídeos na
membrana dos Gram-negativos.

A região entre a membrana citoplasmática e a membrana exterior nas bactérias de


Gram-negativo é denominada periplasma nas bactérias de Gram-negativo. Esta
desempenha um papel importante durante o crescimento celular pois contém, para
além de enzimas hidrolíticas e quimiorreceptores, enzimas envolvidas no transporte de
aminoácidos e açúcares através da membrana citoplasmática.

Um aspecto característico do invólucro dos Gram-negativos é a existência de zonas de


adesão entre a membrana citoplasmática e a membrana exterior. Correspondem a
locais de crescimento, sendo através delas que lipopolissacarídeos, polissacarídeos
capsulares e proteínas recém-sintetizadas são transportados para a membrana
exterior.

Certas bactérias apresentam externamente à parede celular uma outra estrutura


protectora, de espessura e composição química variáveis, a cápsula. Esta camada é
geralmente constituída por polissacarídeos ou complexos glicoproteicos.
Desempenha papel importante na protecção das bactérias contra a dessecação
e perda de nutrientes.

Sob determinadas condições, os microrganismos procarióticos sintetizam e/ou


acumulam dentro das células compostos químicos que parecem funcionar
principalmente como fonte de energia e reserva de material – inclusões
citoplasmáticas.
Certas bactérias produzem no interior das suas células estruturas especiais –
endósporos. A sua formação ocorre quando as condições se tornam desfavoráveis
para o crescimento bacteriano. Têm capacidade de permanecerem durante longos
períodos em estado de latência e de germinarem quando as condições se tornam
apropriadas.
Vesículas gasosas estão presentes nalgumas bactérias fotossintéticas, cianobactérias e
arquebactérias. São estruturas rodeadas por uma membrana rígida, de natureza
proteica, impermeável à àgua mas permeável à maior parte dos gases presentes no
meio aquático, permitindo assim às bactérias flutuar para regiões onde a luminosidade
é mais intensa.
A diferença principal entre as bactérias e os micoplasmas é que as bactérias possuem
uma parede celular sólida, e por esse motivo uma forma definida (o que facilita a sua
identificação ao microscópio), ao passo que os micoplasmas possuem apenas uma
membrana flexível.
Glicocálice: é uma matriz extracelular, uma camada externa à membrana, presente
em células animais, formada por glicolipídios, esfingolipídios, glicoproteínas e
proteoglicanas. Protege a célula contra agressões físicas e químicas, retém nutrientes e
enzimas e participa do reconhecimento intercelular, uma vez que diferentes células
possuem diferentes glicocálices e diferentes glicídios. Pode actuar como protecção
contra certos tipos de vírus.
Possui dois tipos de constituintes:
 Variáveis: glicoproteínas e glicosaminoglicanas – são primeiramente secretadas
pela membrana plasmática e depois aderidas por ela;
 Constantes: porção glicídica de glicoproteínas e glicolipídeos.

Pili: são estruturas curtas e finas que muitas bactérias gram-negativas apresentam na
sua superfície, estão relacionadas com a capacidade de adesão.
Reprodução assexuada vs sexuada: A mais comum nas bactérias é a assexuada por
bipartição. Ocorre a duplicação do DNA bacteriano e uma posterior divisão em duas
células. As bactérias multiplicam-se por este processo muito rapidamente quando em
condições favoráveis.

 Um único cromossoma circular;


 Capacidade de produzir plasmídeos [5] e integrá-los no seu cromossoma.
Para as bactérias considera-se reprodução sexuada qualquer processo de
transferência de fragmentos de DNA de uma célula para outra. Depois de transferido,
o DNA da bactéria doadora se recombina com o da receptora, produzindo
cromossomas com novas misturas de genes. Esses cromossomas recombinados serão
transmitidos às células-filhas quando a bactéria se dividir.

[5]
São moléculas circulares duplas de DNA capazes de se reproduzir independentemente do DNA
cromossómico.
Características dos vectores:

Características dos plasmídeos “artificiais” – vectores: são reconhecidos por


diferentes enzimas de restrição.

É necessária a actuação das enzimas de restrição para ligar o DNA a ser clonado ao
DNA do vector, através da produção de extremidades coesivas complementares (ou
extremidades abruptas). Seguidamente, a molécula híbrida resultante é inserida numa
célula hospedeira, muitas vezes bactérias, por um processo
denominado transformação. O vector pode assim sofrer replicações e proceder à
consequente amplificação do número de cópias. Estas células são identificadas devido
a novas características concedidas pelo plasmídeo (por exemplo, sobreviver num meio
contendo um dado antibiótico para o qual o plasmídeo confere resistência).

A transferência de DNA de uma bactéria para outra pode ocorrer de três maneiras:
1. Transformação – a bactéria absorve moléculas de DNA dispersas no meio e são
incorporados à cromatina. Esse DNA pode ser proveniente, por exemplo, de
bactérias mortas.
2. Transdução – moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria a outra
usando vírus como vectores (bacteriófagos). Estes podem eventualmente
incluir pedaços de DNA da bactéria que lhes serviu de hospedeira. Ao infectar
outra bactéria, o vírus que leva o DNA bacteriano transfere-o junto com o seu.
Se a bactéria sobreviver à infecção viral, pode passar a incluir os genes de outra
bactéria no seu genoma.

3. Conjugação – pedaços de DNA passam directamente de uma bactéria doadora,


o “macho”, para uma receptora, a “fêmea”. Isso acontece através de
microscópicos tubos proteicos, chamados pili, que as bactérias “macho”
possuem na sua superfície. O fragmento de DNA transferido recombina-se com
o cromossoma da bactéria “femea”, produzindo novas misturas genéticas, que
serão transmitidas às células-filhas na próxima divisão celular.
Controlo do crescimento bacteriano [6]:
 Agentes físicos – esterilização pelo calor, por radiação ou filtração;
 Agentes químicos;
 Utilizados in vivo – fármacos antimicrobianos sintéticos, antibióticos, fármacos
antifúngicos e antivirais;

[6]
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Métodos de descontaminação:
 Esterilização – processo físico, químico ou gasoso utilizado para a destruição de
todos os microrganismos vivos, incluindo os poros bacterianos.
Antibióticos: têm capacidade de interagir com microorganismos unicelulares ou com
seres pluricelulares que causam infecções no organismo; interferem com os
microorganismos, matando-os ou inibindo seu metabolismo e/ou sua reprodução,
permitindo ao sistema imunológico combatê-los com maior eficácia.
Espectro de acção: é o percentual de espécies sensíveis.
Classificação quanto ao espectro:
o Predominantes contra Gram-positivo;
o Predominantes contra Gram-negativo;
o Amplo espectro;
o Predominante contra microbactérias;
o Predominante contra fungos;
o Antibióticos antineoplásticos;
o Antiamebianos.

Classificação quanto ao mecanismo de acção:


o Bactericidas – atuam unicamente frente às bactérias que se encontram em fase
de crescimento, provocando a sua morte ou dissolução. Inibem de maneira
irreversível reacções bioquímicas essenciais ou destroem estruturas celulares
vitais.
o Bacteriostáticos – bloqueiam de maneira reversível a síntese de ácidos
nucleicos ou das proteínas; uma vez interrompida a administração reinicia-se a
biossíntese interrompida com decorrente retorno da proliferação bacteriana.

RNA e DNA

DA
Mecanismos de defesa bacteriana e resistência a antibióticos: O aparecimento de
bactérias resistentes a antibióticos pode ser considerado como uma manifestação
natural regida pelo princípio evolutivo da adaptação genética de organismos a
mudanças no seu meio ambiente.
Como o tempo de duplicação das bactérias pode ser de apenas 20 minutos, existe a
possibilidade de serem produzidas muitas gerações em apenas algumas horas,
havendo, portanto inúmeras oportunidades para uma adaptação evolutiva.
Apesar da presença de poucos microrganismos geneticamente modificados não ser
suficiente para produzir resistência, se uma população bacteriana infecciosa contendo
alguns mutantes resistentes a determinado antibiótico for exposta a este fármaco, os
genotipicamente alterados terão maior vantagem selectiva.
 Permeabilidade reduzida (cromossomas);
 Inactivação do antibiótico (plasmídeos e cromossomas);
 Alteração da meta (plasmídeos e cromossomas);
 Desenvolvimento da resistência bioquímica (cromossomas);

Resistência bacteriana: bactéria capaz de crescer “in vitro” em presença da


concentração média que a droga atinge no sangue, durante o tratamento.
 Natural ou Intrínseca – bactéria está fora do espectro de acção da droga;
características inerentes das células impedem acção do antibiótico; expressa
por genes cromossomais;
 Adquirida ou infecciosa – estirpes resistentes emergem de populações
bacterianas previamente sensíveis, geralmente após exposição ao agente
quimioterapêutico; mutações dos genes cromossomais (microlesões –
transição, transversão e “frameshift”; macrolesões – deleções, duplicações,
inversões, inserções); aquisição de plasmídeos e transposões [7].

[7]
Sequência de DNA capaz de se movimentar de uma região para outra num genoma de uma
célula.

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