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PROCESSOS
EDUCACIONAIS NÃO
ESCOLARES
Introdução
O Brasil, seguindo as tendências mundiais, tem procurado discutir e fo-
mentar, a partir das suas políticas públicas, a construção de uma sociedade
inclusiva. Isso significa que todos, sem exceção, deveriam ser capazes de
viver em sociedade, com igualdade de condições e direitos, equidade de
oportunidades e sem sofrer preconceitos ou discriminações. Dentro do
universo daqueles que devem ser incluídos, encontram-se as pessoas que
têm algum tipo de deficiência, que são o público-alvo da educação especial.
Dentro da educação formal, também existe hoje uma educação inclusiva,
que é implementada na rede regular de ensino e busca inserir os sujeitos da
educação especial. Estes, devido às particularidades das suas deficiências,
aprendem de forma diferenciada, com ritmos diversos e a partir de outros
tipos de suportes pedagógicos. Assim, mesmo as ações da escola precisam
ser complementadas com os espaços da educação não formal. É na educação
não formal que a educação especial se efetiva, preparando crianças, jovens
e adultos para a vida social, capacitando-os e potencializando-os com o
que necessitam para viver. Esse é um espaço que oportuniza ao pedagogo
excelentes oportunidades de trabalho e realização profissional.
2 Educação especial no contexto da educação não formal
Neste capítulo, você vai conhecer a educação especial que ocorre nos
espaços de educação não formal, direcionados para esses públicos. Além disso,
verá as características das ações educativas realizadas na educação especial e
conhecerá exemplos e organizações que atuam nessa área tão importante.
Assim, conforme afirma Trilla (1985, p. 24), “Os meios educacionais não
formais podem cobrir uma ampla gama de funções relacionadas com a edu-
cação permanente e com outras dimensões do processo educacional global,
marginalizadas ou deficientemente assumidas pela instituição escolar [...]”.
Este é justamente o interesse de estudo deste capítulo: perceber como as ações
educativas não formais complementam a educação escolar e ampliam as
possibilidades de aprendizagem de crianças, jovens e adultos com deficiência.
Para isso, primeiramente você precisará entender quais são as necessidades
de aprendizagem associadas ao público-alvo da educação especial:
integração social;
apoio especializado;
recursos didáticos;
adaptações;
otimização de potencialidades;
educação para valores;
adequação ao meio.
A integração social é uma conquista recente no nosso país, uma vez que os
discursos em torno de uma política pública educacional inclusiva se iniciaram
com a Constituição Federal de 1988 e foram impulsionados nos anos 1990, so-
bretudo a partir da Declaração de Salamanca (em 1994). Esse documento propôs
a criação de uma estrutura educacional que contemplasse todas as crianças,
independentemente das suas deficiências. Conforme essa Declaração, produzida
pela Unesco (1994, documento on-line), “[...] o termo ‘necessidades educacio-
nais especiais’ refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades
educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades
de aprendizagem [...]”. Dessa forma, ao pensarmos também nas dificuldades
de aprendizagem que os estudantes costumam apresentar na educação formal,
ampliamos ainda mais o espectro das possíveis ações da educação não formal.
Cerqueira e Ferreira (1996) ainda dividem os recursos didáticos nos seguintes tipos:
pleno do seu potencial. Assim, por exemplo, nas deficiências físicas, elas
contemplam próteses, cadeiras de rodas, dispositivos que se adaptam para a
escrita, dispositivos que ampliam a visão ou a capacidade auditiva, entre tantas
outras possibilidades. Essas adaptações permitem que o indivíduo frequente
ambientes diversos e melhore a sua autonomia perante situações do cotidiano.
Uma das grandes contribuições da educação não formal está na otimização de po-
tencialidades das pessoas da educação especial. Quando tratamos de estimulação
precoce na infância, ou mesmo de atendimentos individualizados que visam a mapear
potencialidades e ampliar estratégias de aprendizagem com esses sujeitos, percebemos
que essas ações são feitas fora da escola. Assim, crianças com autismo, por exemplo,
costumam frequentar, paralelamente à escola, clínicas multidisciplinares que vão
trabalhar com outras questões necessárias a esse público, muitas vezes apontando
para a escola os potenciais e as habilidades a serem desenvolvidos.
No campo discursivo que envolve a educação especial, é preciso atentar para algumas
terminologias utilizadas, que são diferentes na área da saúde e na da educação. Assim,
por exemplo, uma pessoa que tenha deficiência intelectual — termo correto atual-
mente utilizado na educação — ainda é denominada, na psicologia e nas demais áreas
da saúde, de pessoa com retardo mental ou deficiente mental. É importante que
você conheça essas terminologias e as suas aderências aos campos discursivos a que
pertencem, de forma a não cometer imprecisões terminológicas ao atuar nessas áreas.
acolhimento;
vínculo;
ritmo;
especificidades;
erro;
cultura e identidade;
experiência;
habilidades;
processo;
acompanhamento;
envolvimento familiar.
[...] se diferenciam por seus ritmos de aprendizagem, sejam mais lentos ou mais
acelerados. Apresentam dificuldades de aprendizagem, que nenhum médico,
psicólogo ou fonoaudiólogo conseguiu identificar qualquer causa orgânica ou
8 Educação especial no contexto da educação não formal
Para compreender o real sentido que costuma estar presente nas organizações que
atuam com a educação especial, que é a busca pela inclusão de todos na sociedade,
assista ao vídeo institucional da Federação Nacional das Apaes, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/ioooU
Conheça mais sobre o trabalho desenvolvido pela AMA, pela Apae e pela AACD
acessando os sites das entidades nos links a seguir.
www.ama.org.br
www.apae.com.br
www.aacd.org.br
consolidar com esses sujeitos. É importante destacar ainda que, para atuar na área
da educação especial, o pedagogo deve procurar especializar-se em cursos que se
voltem para a educação especial, como os de psicopedagogia, neuropsicopedagogia,
ou especializações mais específicas sobre alguma síndrome ou transtorno sobre
o qual se deseja adquirir maior formação e competência profissional.
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