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DE SINAIS
Noções de Libras
Gabriel Pigozzo Tanus Cherp Martins
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A língua brasileira de sinais (Libras) vem ganhando notoriedade nas discussões
sobre educação inclusiva, principalmente sobre educação de surdos, desde
seu reconhecimento em 2002 com a Lei n° 10.436, de 24 de abril (BRASIL, 2002).
É verdade que entre o reconhecimento legal e o uso e/ou ensino nas escolas
comuns há um enorme abismo que se faz necessário transpor. Há uma disputa
por poderes linguísticos nestes espaços e até o presente momento a Libras está
em desvantagem. Faz-se mister que pesquisadores, docentes e a comunidade
surda se organizem para igualar essas forças dentro das instituições educacionais.
Neste capítulo, você vai conhecer as competências linguísticas, discursivas e
sociolinguísticas da Libras e seus recursos. Vai estudar conceitos de tradução e
interpretação da Libras e as diferenças entre essas duas atividades. Por fim, vai
conferir a importância do ensino da Libras nas escolas inclusivas.
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Figura 1. Três dos parâmetros da Libras: locação (L), movimento (M) e configuração de mão (CM).
Fonte: Quadros e Karnopp (2007, p. 51).
Aquisição da Libras
A cultura surda é definida como a forma de “o sujeito surdo entender o mundo
e modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com suas
percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas”
(STROBEL, 2009, p. 27). Prover o acesso à língua desde a mais tenra idade é
essencial para garantir um desenvolvimento pleno e integral do sujeito, além
de proporcionar sua percepção e interação com o mundo que o cerca.
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Tradutores Intérpretes
(Continua)
8 Noções de Libras
(Continuação)
Tradutores Intérpretes
Têm tempo para fazer pesquisas São muito limitados pelo tempo,
visando a buscar o sentido linguístico impossibilitando a busca pelo sentido
para a equivalência da mensagem. equivalente da mensagem. Isso os faz
deixar em segundo plano a escolha
linguística em favor do sentido.
Tradutor-intérprete educacional
Nos contextos em que não há oferta de escolas bilíngues para surdos (quando a
língua de instrução é a Libras, e a língua portuguesa é ofertada na modalidade
de leitura e escrita), os surdos percorrem sua trajetória escolar em instituições
de ensino cuja perspectiva é a inclusão. Os conteúdos, métodos, práticas,
avaliações, currículo, entre outras questões que envolvem a organização
escolar, são pensados por e para ouvintes. Muitas vezes, o aluno surdo é o
único entre todos os discentes de uma determinada instituição.
Para que a acessibilidade linguística, informacional e comunicacional se
realize nesses espaços, a escola comum inclusiva conta com a presença do
tradutor-intérprete de Libras-língua portuguesa (TILSP). Esse profissional é
responsável por interpretar os conteúdos ministrados em cada disciplina,
tornando-os acessíveis, além de incentivar os discentes surdos a participa-
rem das aulas questionando, refletindo e discursando sobre os assuntos
abordados. Cabe também ao TILSP educacional comunicar aos surdos as
regras e normas da instituição, bem como a dinâmica escolar. É uma área da
interpretação muito requisitada (ALBRES, 2015; QUADROS, 2004).
A formação para que o TILSP atue em contextos educacionais não pode
ser somente técnica e de domínio das línguas, mas também uma formação
que abarque conhecimentos pedagógicos sobre a pedagogia surda, sobre
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O adulto surdo faz toda a diferença no trato com a criança surda filha
de pais ouvintes. Ele será o referencial linguístico e cultural para
essas crianças. É uma maneira de elas projetarem uma perspectiva de futuro e
terem acesso à Libras e à cultura surda por meio de um nativo (BERNARDINO, 2014).
Referências
ALBRES, N. A. Intérprete educacional: políticas e práticas em sala de aula inclusiva.
São Paulo: Harmonia, 2015.
BERNARDINO, E. L. A. Aquisição de línguas de sinais por crianças surdas e sua relação
com o bilinguismo. Educação em Foco, v. 19, n. 2, p. 71-100, 2014.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Si-
nais - Libras e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2002.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso
em: 12 dez. 2022.
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Leituras recomendadas
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de
24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18
da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Brasília, DF: Presidência da República,
2005. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2005/decreto-5626-
-22-dezembro-2005-539842-publicacaooriginal-39399-pe.html. Acesso em: 12 dez. 2022.
BRASIL. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e
Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Brasília, DF: Presidência da República,
2010. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/
l12319.htm. Acesso em: 12 dez. 2022.
BRASIL. Lei nº 14.191, de 3 de agosto de 2021. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a moda-
lidade de educação bilíngue de surdos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/Lei/L14191.
htm. Acesso em: 12 dez. 2022.
SILVA, V. A política da diferença: educadores intelectuais surdos em perspectiva. Tese
(Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
SKLIAR, C. (org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. 8. ed. Porto Alegre: Mediação,
2015.
SKLIAR, C.; LUNARDI, M. L. Estudos surdos e estudos culturais em educação: um debate
entre professores ouvintes e surdos sobre o currículo escolar. In: LACERDA, C. B. F.; GOÉS,
M. C. R. (org.). Surdez: processos educativos e subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000.
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