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UNIDADE CURRICULAR 01:

TEXTO BASE

LÍNGUA E LINGUAGENS:
ASPECTOS LINGUÍSTICOS

PROFESSOR:
GLÁUCIO DE CASTRO JÚNIOR

S E C R E TA R I A D E
DIRETORIA DE
E D U C A Ç Ã O C O N T I N U A D A, MINISTÉRIO DA
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E EDUCAÇÃO
BILÍNGUE DE SURDOS
A D U LT O S , D I V E R S I D A D E E I N C L U S Ã O
Olá, caro (a) aluno (a)!

Bem-vindo(a) à unidade curricular: Língua e Linguagem: aspectos

linguísticos. É um prazer tê-lo (a) como aluno (a).

Através de uma metodologia voltada para a compreensão dos estudos da

Língua(gem), iremos aprender os fundamentos teóricos e práticos da Linguística

da Língua de Sinais em todas as suas especificidades didáticas, linguísticas e

culturais e, também, conhecer o sujeito Surdo e todas as particularidades que

envolvem a sua cultura na comunicação por meio da língua de sinais.

Para que o/a aluno (a) tenha um bom rendimento e consiga apreender os

conceitos da linguística da língua de sinais, é preciso exercitar e pesquisar por

meio das bibliografias e materiais diversos que estão disponibilizados para

estudo. Temos o Laboratório de Linguística de Língua de Sinais, um espaço para a

consolidação de pesquisas que visa oferecer situações e oportunidades para que

se possa exercitar e praticar constantemente os conteúdos da Linguística da

Língua de Sinais.

É importante uma constante interação e participação, o acesso aos

materiais da disciplina e a participação nos encontros presenciais e práticos da

disciplina complementarão de fato o entendimento adequado dos temas

abordados.

É imprescindível que toda consulta complementar seja feita através da

bibliografia disponibilizada pelo professor, pois muitos conceitos aqui

apresentados serão discutidos e avaliados no decorrer da disciplina.

Bons estudos!
1.1 Definição de Linguística

Temos diferentes abordagens que visa definir o que é a Linguística. Na

abordagem clássica são os estudos do latim culto e de literatura escrita em

detrimento da língua do cidadão comum. Na abordagem moderna é a

ciência que estuda a língua humana como um fenômeno natural e social.

A Linguística não é o estudo de uma língua propriamente dita.

Percebemos um avanço no estudo das línguas particulares que leva a um

melhor entendimento da língua como fenômeno humano. Deste modo, as

línguas podem ser estudadas sob diferentes pontos de vista. Portanto, o

campo total da Linguística pode ser dividido em diversos subcampos

segundo o ponto de vista adotado ou a ênfase especial dada a um conjunto

de fenômenos, ou premissas, ao invés de outro.

Assim, os campos são a Linguística geral e a Linguística descritiva. A

Linguística geral fornece conceitos e categorias em termos dos quais as

línguas serão analisadas. A Linguística descritiva, por sua vez, fornece

dados que confirmam ou refutam as proporções e teorias colocadas pela

linguística geral. Por exemplo, o linguista geral poderia formular a hipótese

de que todas as línguas possuem nomes e verbos. O linguista descritivo

poderia refutá-la com base em uma comprovação empírica de que

houvesse pelo menos uma língua cuja descrição tal distinção não se

verificasse. Porém, para refutar ou confirmar a hipótese, o linguista


descritivo deve operar com determinados conceitos como “nome” e

“verbo” que lhe foram fornecidos pela linguística geral.

Durante os séculos, os linguistas ocuparam-se muito da investigação

sobre os detalhes do desenvolvimento histórico de línguas específicas e

da formulação de hipóteses gerais sobre as mudanças das línguas. O ramo

da disciplina que trata destes assuntos é hoje conhecido como linguística

histórica.

É óbvio que na Linguística histórica, como na não-histórica, o interesse

pode estar na linguagem em geral ou nas línguas em particular. É

conveniente mencionar agora os termos “diacrônica” e “sincrônica”, mais

técnicos para o caso. Foram inicialmente usados por Saussure. Uma

descrição diacrônica de uma língua percorre o desenvolvimento histórico

da mesma e registra as mudanças que nela ocorreram entre pontos

sucessivos no tempo, ou seja, uma análise de ocorrências no século XVI e

XVII, portanto, é equivalente a “histórico”. A descrição sincrônica é não-

histórica: apresenta uma imagem da língua tal qual ela se encontra em

determinado ponto no tempo, ou seja, como era ocorreu a língua no século

XVII.

Ferdinand de Saussure Noam Chomsky


1.2 Por que a Linguística é uma ciência?

A Linguística é normalmente definida como ciência da linguagem, ou

alternativamente, como estudo científico da linguagem. A Linguística é

empírica, ao invés de especulativa e intuitiva: opera com dados

publicamente verificáveis por meio de observações e experiências. Ser

empírica, neste sentido, é para a maioria a própria marca registrada da

ciência. Estreitamente relacionada à propriedade de ser empiricamente

embasada está a da objetividade.

A língua é algo que normalmente não nos preocupa: algo familiar desde

a infância, de uma maneira prática e irrefletida. Tal familiaridade prática

com a língua tende a representar uma barreira para um exame objetivo. Há

diversos tipos de preconceitos sociais, culturais e nacionalistas

associados à visão leiga da linguagem e das línguas. Por exemplo, um

sotaque ou dialeto de determinada língua pode ser considerado

inerentemente mais puro que outro; ou, uma vez mais, certa língua pode

ser tida por mais primitiva que outra.

Deste modo, temos que considerar o papel da intuição e os problemas

metodológicos que surgem a este respeito. O termo “intuição” leva consigo

certas associações corriqueiras bastante desfavoráveis. Tudo o que se

quer dizer ao mencionar as intuições de um falante nativo sobre sua língua

são seus julgamentos espontâneos e naturais sobre a aceitabilidade ou

inaceitabilidade de enunciados, sobre sua equivalência ou não, e assim por

diante. Houve épocas em que os linguistas acreditaram que era em

princípio possível fugir à necessidade de pedir a falantes nativos que

fizessem julgamentos intuitivos sobre sua língua, simplesmente por


coletar-se um corpus suficientemente grande de dados naturalmente

produzidos, submetendo-os em seguida a uma análise exaustiva e

sistemática.

1.3 O que é Língua?

A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por

regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de

falantes/sinalizantes consiga produzir enunciados/frases que lhes

permitam comunicar-se e compreender-se.

A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de

pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada membro da comunidade

pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado, não é

possível criar uma língua particular e exigir que outros

falantes/sinalizantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode

usar de maneira particular a língua comunitária, originando a

fala/sinalização.

A fala/sinalização está sempre condicionada pelas regras socialmente

estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um

exercício criativo da comunicação.

Deste modo, podemos dizer que a língua é um sistema. Um sistema é um

conjunto organizado de elementos, que podem gramaticais e lexicais que

se define pelas características desses elementos, e no qual cada elemento

se define pelas diferenças que apresenta em relação a outro elemento, e

por sua relação com todo o conjunto.


1.4 O que é Linguagem?

É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as

pessoas. Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras

faladas/sinalizadas ou escritas, mas também é composta de gestos e ou

imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é

verdade?

Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia ao verbo.

Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que

é impossível se ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem

verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve.

A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não se utiliza

do vocábulo, das palavras para se comunicar. O objetivo, neste caso, não é

de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas

se utilizar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos,

objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.

A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como

nos casos das charges e anúncios publicitários. Observe alguns exemplos:

Cartão Vermelho:
denúncia de falta grave no futebol.
Placas de Trânsito
à frente “proibido andar de bicicleta”, atrás
“quebra-molas”.

Símbolo que se coloca na porta para indicar


“sanitário masculino”.

Imagem indicativa de “silêncio”.

Semáforo com sinal amarelo advertindo


“atenção”.

A linguagem é um sistema complexo. Ela reveste-se de um caráter

material, ou seja, uma cadeia de sons que se articulam, mas também é

representada por meio da escrita, dos gestos. Essa materialidade, ou seja,

a enunciação, a escrita e os gestos, produzem o pensamento. A figura a

seguir apresenta a diversidade de uso da linguagem:


De acordo com o prof. Luiz C. Travaglia, no seu livro Gramática e

Interação, admite-se para a linguagem três concepções:

Concepção 1: Linguagem como expressão do pensamento: Se a

linguagem é expressão do pensamento, quando as pessoas não se

expressam bem é porque não sabem elaborar o pensamento. Se o

enunciador expressa o que pensa, sua fala é resultado da sua maneira

própria de organizar as suas ideias. O texto, dessa forma, nada tem a ver

com o leitor ou com quem se fala, e sim, somente com o enunciador. Nessa

linha de pensamento encontra-se a gramática normativa ou tradicional.

Concepção 2: Linguagem como instrumento de comunicação: Neste

conceito a língua é vista como um código, que deve ser dominado pelos

falantes para que as comunicações sejam efetivadas. A comunicação, pois,

depende do grau de domínio que o falante tem da língua como sistema. O

falante utiliza-se dos conceitos estruturais que conhece para expressar o

pensamento; o ouvinte decodifica os sinais codificados por ele e


transforma-os em nova mensagem. Essa linha de pensamento pertence ao

estruturalismo e ao gerativismo.

Concepção 3: Linguagem como forma ou processo de interação:

Nesta concepção o falante realiza ações, age e interage com o outro (com

quem ele fala). Dessa forma, a linguagem toma uma dimensão mais ampla

e não uniforme, pois inserindo num contexto ideológico e sociocultural, ela

não tem direção preestabelecida – vai depender unicamente da interação

entre os dois sujeitos. Fazem parte dessa corrente a Teoria do Discurso,

Linguística Textual, Semântica Argumentativa, Análise do Discurso, Análise

da Conversação.

1.5 Língua de Sinais Brasileira: característica de modalidade de língua

As Línguas de Sinais são reconhecidas “cientificamente” como língua,

apresenta como qualquer língua os universais linguísticos e os aspectos

fonológicos, morfológicos, sintático e semântico-pragmático, mas

usualmente são atingidas pelo preconceito linguístico e estereótipo por

seus usuários serem principalmente pessoas consideradas deficientes.

Esse modo de investigação propiciou a verificação da construção de

uma comunidade utente de uma língua visual-espacial, recentemente

regulamentada pela Lei N°. 10.436 de 20/04/2002 dispõe que:


“Art. 1: é reconhecida como meio legal de comunicação e
expressão a Língua brasileira de sinais – Libras e outros recursos
de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se
como Língua brasileira de sinais – Libras a forma de comunicação
e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-
espacial, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema
linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades surdas do Brasil”.
(http://www.oabsp.org.br_noticias, 2002).
Após muita luta, os Surdos conquistaram o reconhecimento da língua

por meio da regulamentação da Língua de Sinais Brasileira. Contudo esse

reconhecimento não modifica de nenhuma maneira o posicionamento dos

familiares e educadores.

Temos observado uma movimentação, no sentido de divulgação da

Libras, como essencial para o desenvolvimento cognitivo linguístico e

psicossocial do sujeito Surdo, como o Programa Nacional de Educação de

Surdos que proporcionou a formação de professores/instrutores Surdos

para ministrarem cursos de “Libras em Contexto”. O programa tem como

objetivo maior a conscientização dos próprios Surdos quanto à Libras.

Assim no país, há um movimento de organização de educação bilíngue

que no caso da educação de Surdos é o ensino de Libras como primeira

língua - L1 e o ensino de português escrito como segunda língua - L2 para

pessoas Surdas, mas, para que esta se efetive se faz necessário uma

reestruturação na escola que ofereça uma efetiva educação para o Surdo,

que o sujeito Surdo seja educado em sua primeira língua, que é a Libras e

assim a língua cresce, pois precisa ampliar o léxico da Libras para atender

aos novos conceitos que os Surdos tomam consciência no processo de

escolarização.

1.6 A evolução da comunicação em Libras na Comunidade Surda

Cultura Surda, Comunidade Surda, Surdo-Mudo, Surdo1, surdo, Libras

ou LSB, Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais, o que são estes termos?

1
Destaco o termo Surdo “com S maiúsculo” em pontos estratégicos do texto como uma forma de empoderamento, mostrando minha
visão pessoal e enquanto profissional da saúde, de respeito e reconhecimento da identidade vivenciada pelos sujeitos Surdos, seus
Vamos esclarecer o que estes termos nos seus respectivos pontos de

vista.

A Cultura Surda não está definida somente pela conduta do grupo de

Surdos, mas sim pelo reconhecimento dos valores, da língua, da linguagem,

de todos os artefatos que representam a modalidade visual-espacial de

comunicação do sujeito Surdo com o mundo e a sociedade. Durante muitos

anos, a Cultura majoritária ignorou a presença da Cultura Surda, mas

felizmente esta última tem conquistado o seu espaço social com seus

artefatos: Língua de Sinais, Adequação Curricular, legendas, leis de

acessibilidade e outros serviços e recursos que favoreçam e contribuem na

comunicação com o Surdo.

A Comunidade Surda Brasileira é composta por diferentes grupos

de Surdos, alguns deles são: indígenas, oralizados, bilíngues, os que têm a

Libras como L1, os implantados e dentre outros.

O termo Surdo-Mudo resgata uma visão cultural-histórica dos primeiros

Surdos que iniciaram a luta e a mobilização pela aceitação do sujeito. E não

a conotação “errônea” de que Surdo-Mudo é o Surdo que não fala ou não

conseguem falar.

O termo Surdo com a letra “S” maiúscula apresenta todos os artefatos

da Cultura Surda que o sujeito tem a Libras como língua e o

reconhecimento deste como pessoa Surda em sua luta e manifestação.

valores linguísticos e sociais, e de todo processo histórico e cultural que os envolve. Vários outros autores também fazem uso dessa
mesma estratégia, como por exemplo, Sacks (1998, p. 16), Lane (2008. p. 284) e Castro Júnior (2011, p.12).
Já o termo surdo com a letra “s” minúscula representa uma visão clínica,

patológica de que a surdez é uma deformidade que deve ser tratada, impõe

cura para o surdo, isto é, conforme a “taxação”, em todos os sentidos, feita

pelo “audismo” com relação a comunidade Surda.

Quando a manifestação não-material engloba significados, os juízos

morais, as normas de comportamento, conhecimento passa para

manifestação material o termo “linguagem de sinais” adota “estrutura

gramatical”, ou seja, na linguística ela vai ser reconhecida como língua, não

era errado antigamente, afirmar sociologicamente, linguagem de sinais,

porque esta está diretamente relacionada com a realidade social que

procura representar.

Mas como a Comunidade Surda evoluiu não só na comunicação, mas

sim nas Leis, na Educação, no crescimento em número de membros

Surdos, a linguagem para se tornar um padrão de comunicação entre

Surdos, esta precisou de normas gramaticais e linguísticas, logo a Libras

ou LSB é a língua oficial da comunidade Surda e o tradutor e intérprete de

língua de sinais é o profissional que media e contribui em muitos sentidos

para a comunicação e merece ser reconhecido e valorizado e os TILS -

Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais só tendem a ganhar com uma

comunidade surda expressiva socialmente.


Figura 1 - Língua(gens) e as suas contribuições na Educação Bilíngue de Surdos

2.1 Língua(gens) e as suas contribuições na Educação Bilíngue de Surdos

A educação bilíngue de Surdos é um campo que valoriza a diversidade

linguística e cultural da Comunidade Surda, reconhecendo a importância de

proporcionar acesso à língua de sinais e à língua escrita (geralmente o

português) desde os primeiros anos de vida. Nesse contexto, o ensino de

Língua(gens) desempenha um papel fundamental e oferece contribuições

significativas para a educação de Surdos.

Sabemos que a educação é um processo em constante evolução, moldado

por fatores culturais, sociais e políticos ao longo dos séculos. Desde os

primórdios da humanidade até os sistemas educacionais modernos, vemos

uma evolução marcante nas práticas, teorias e abordagens pedagógicas.


Estas mudanças afetaram diretamente a educação de Surdos, influenciando

sua efetiva inclusão, acesso à informação e desenvolvimento da identidade

Surda. Buscamos, sobretudo entender a história da Educação de Surdos no

Brasil, pois a história da Educação de Surdos no Brasil é repleta de desafios e

conquistas. Ao examinarmos essa história, podemos identificar marcos

importantes, como a fundação das primeiras escolas para Surdos e as

políticas de inclusão. Compreender a evolução dessa história nos ajuda a

contextualizar os desafios atuais e a reconhecer as conquistas alcançadas

em prol da comunidade Surda.

O ensino de Língua(gens) refere-se ao reconhecimento necessário por

parte dos profissionais que atuam na Educação de Surdos, de que os Surdos

têm o direito de acessar e adquirir fluência em mais de uma língua, com foco

na língua de sinais e na língua escrita, e não apenas em uma delas. Aqui estão

algumas das contribuições essenciais que são necessárias na garantia e

oferta da educação bilíngue de Surdos:

i. Reconhecimento da Identidade Surda:

O ensino de Língua(gens) reconhece a identidade Surda como uma

identidade linguística e cultural valiosa. Ele afirma que a língua de sinais é uma

língua legítima, com sua própria gramática e cultura associada. Isso empodera

os Surdos, permitindo-lhes reconhecer e abraçar sua identidade surda,

enquanto valorizam a língua de sinais como parte integrante de sua

comunicação.

ii. Acesso a Informações e Comunicação:


Ao promover o acesso simultâneo à língua de sinais e à língua escrita, o

ensino de Língua(gens) garante que os Surdos tenham acesso pleno a

informações e comunicação em diversos contextos. Isso é essencial para a

participação efetiva na sociedade, na educação, no mercado de trabalho e em

outros aspectos da vida cotidiana.

iii. Desenvolvimento Cognitivo e Escolar:

A educação bilíngue de Surdos, baseada no ensino de Língua(gens),

reconhece que o desenvolvimento cognitivo e escolar dos Surdos é

enriquecido pela exposição a diferentes línguas. A língua de sinais é a língua

natural dos Surdos, permitindo uma comunicação eficaz, enquanto a língua

escrita facilita o acesso ao conhecimento escolar. Combinar essas duas

línguas fortalece a capacidade dos Surdos de aprender e se expressar de

maneira plena e desenvolver o bilinguismo.

iv. Promoção da Inclusão e Igualdade:

O ensino de Língua(gens) é um pilar da efetiva inclusão e igualdade na

educação de Surdos. Ele reconhece que cada estudante Surdo é único,

com necessidades individuais, e promove abordagens flexíveis para

atender a essas necessidades. Isso contribui para a criação de ambientes

educacionais mais inclusivos e equitativos.

v. Preparação para o Mundo Real:

Ao oferecer uma educação bilíngue sólida, os Surdos estão mais bem

preparados para enfrentar os desafios do mundo real. Eles têm as habilidades


de comunicação necessárias para interagir em uma sociedade diversificada e

multicultural, ao mesmo tempo em que estão equipados com as habilidades

acadêmicas para seguir carreiras e perseguir seus objetivos profissionais.

À medida que exploramos esses tópicos, é importante lembrar que a

educação de Surdos é um campo em constante evolução, e nosso

compromisso em compreender, melhorar e fortalecer esse sistema é

fundamental para garantir que todos os Surdos tenham a oportunidade de

atingir seu pleno potencial educacional e social. A língua de sinais e a língua

escrita desempenham funções essenciais no processo educacional,

facilitando a comunicação, a compreensão e o desenvolvimento cognitivo.

Ao analisar como as línguas são ensinadas e utilizadas na educação de

Surdos, podemos destacar a importância de abordagens bilíngues que

valorizem tanto a língua de sinais quanto a língua escrita. Isso reflete um

compromisso em oferecer uma educação inclusiva e de qualidade para a

comunidade Surda. Refletir sobre o papel do ensino de línguas nesse contexto

nos permite avaliar como as políticas e práticas educacionais podem promover

a igualdade, a identidade e o pleno desenvolvimento dos Surdos.

O ensino de Língua(gens) desempenha um papel crucial na promoção da

efetiva inclusão, da igualdade e do empoderamento da Comunidade Surda. Ao

reconhecer a importância das línguas de sinais e da língua escrita, ele

enriquece a educação de Surdos, capacitando-os a participar plenamente na

sociedade e a alcançar seu pleno potencial. Essa abordagem não apenas

melhora a qualidade da educação de Surdos, mas também contribui para uma

sociedade mais inclusiva e diversificada.


3.1 - O que é ser bilíngue na perspectiva do bilinguismo na Língua de Sinais

Com base na Lei Nº 10.436 e no Decreto Nº 5.626, é imperativo contribuir

para a efetiva inclusão social dos Surdos e garantir seus direitos como

cidadãos brasileiros. Contrariamente ao que muitos imaginam, a Língua de

Sinais não se limita a ser simples mímica, alfabeto manual ou gestos isolados

utilizados pelos Surdos para facilitar a comunicação; trata-se, na verdade, de

uma língua com uma estrutura gramatical própria que, dentro de um contexto,

é capaz de traduzir qualquer situação.

No entanto, é essencial que essas conquistas sejam transformadas em

ações que assegurem aos Surdos o acesso a uma educação bilíngue de

qualidade e sua efetiva participação na sociedade. Nesse sentido, é

necessário promover a disseminação da Língua de Sinais Brasileira, cabendo

às Instituições de Ensino Superior oferecer espaços alternativos e/ou

complementares para que seus alunos e outros profissionais possam

aprender essa língua. Isso proporciona a oportunidade de refletirem sobre as

especificidades culturais, linguísticas e identitárias dos sujeitos Surdos e

contribuírem para o ensino bilíngue, incluindo o ensino de Português escrito

para Surdos.

Quanto à mudança na realidade educacional, é importante questionar

por que a adoção de estratégias, recursos e serviços amplamente divulgados

por pesquisas que comprovam melhorias nos resultados e na qualidade da

aprendizagem no ensino bilíngue ainda encontra obstáculos. A educação


bilíngue é uma prática dinâmica, não pode ser considerada como algo estático.

A educação é um processo contínuo de atos educativos encadeados em

busca da formação do ser humano e do alcance de objetivos definidos.

No que diz respeito ao que significa ser bilíngue, várias respostas estão

associadas a essa questão. Pode envolver o crescimento com o uso de duas

línguas em ambientes onde ambas são faladas ou sinalizadas. Ser bilíngue

implica em possuir competências na fala/sinalização, compreensão

auditiva/compreensão visual-espacial, leitura e escrita em pelo menos uma ou

duas línguas. Portanto, se um indivíduo possui pelo menos uma ou duas

dessas habilidades (falar/sinalizar, falar/sinalizar e ler, ou ler e escrever), já

pode ser considerado bilíngue.

No contexto de crianças que crescem em contato com duas línguas

desde tenra idade, muitos pais podem se perguntar se devem aprender

simultaneamente as duas línguas e se isso é positivo ou negativo. De acordo

com alguns estudiosos, a exposição precoce a ambas as línguas em casa, por

um ou ambos os pais, é muito benéfica. Essas crianças desenvolverão a

segunda língua e a utilizarão como meio de comunicação, construção de

identidade e obtenção de conhecimento cultural, social e econômico

diferentes daqueles experimentados no ambiente familiar. Portanto, o

aprendizado simultâneo de duas línguas é geralmente considerado positivo.

O Bilinguismo, no contexto escrito, é uma

abordagem educacional adotada por escolas que buscam proporcionar às

crianças o acesso a duas línguas no ambiente escolar. Estudos têm apontado

que essa abordagem é particularmente adequada para o ensino de crianças

Surdas, pois reconhece a língua de sinais como uma língua natural e a

incorpora como parte integrante do ensino da língua escrita. No entanto, o


reconhecimento dos Surdos como indivíduos surdos e a valorização de sua

comunidade linguística fazem parte de um conceito mais amplo de

bilinguismo.

Esse conceito mais abrangente de bilinguismo é moldado pela situação

sociocultural da comunidade Surda como parte do processo educacional. A

inclusão de duas línguas, a Língua de Sinais Brasileira e a Língua Portuguesa,

no processo educacional dos Surdos é uma parte essencial desse processo. O

Bilinguismo para Surdos transcende as barreiras linguísticas e engloba o

desenvolvimento da pessoa Surda dentro e fora da escola, sob uma

perspectiva socioantropológica.

O bilinguismo, como o compreendemos, vai além do simples uso de duas

línguas. É uma filosofia educacional que demanda mudanças profundas em

todo o sistema educacional voltado para Surdos. A educação bilíngue começa

com a aquisição da língua de sinais, que é a língua materna dos Surdos.

Lacerda e Mantelatto (2000) argumentam que "o bilinguismo visa expor a

criança Surda à língua de sinais o mais cedo possível, pois essa aquisição

proporcionará ao Surdo um desenvolvimento linguístico completo,

enriquecido e, consequentemente, um desenvolvimento global". A

comunidade Surda existe dentro de uma sociedade de não-surdos que

geralmente se comunica por meio da linguagem oral e escrita.

A abordagem bilingue propõe que os Surdos se comuniquem

fluentemente em sua língua materna (a língua de sinais) e na língua oficial de

seu país, seja na modalidade oral ou escrita. Essa questão é frequentemente

objeto de debates entre os educadores de Surdos. No entanto, há consenso

de que o desenvolvimento cognitivo, emocional, sociocultural e acadêmico


das crianças Surdas não depende necessariamente da audição, mas sim do

desenvolvimento espontâneo de sua língua. A língua de sinais contribui para o

desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças Surdas, facilitando o

processo de aprendizagem e oferecendo suporte à leitura e compreensão.

De acordo com Souza (1998), "a partir do momento em que os Surdos

se reuniram em escolas e associações e formaram um grupo por meio de uma

língua, eles obtiveram a oportunidade de refletir sobre um universo de

discursos relacionados a eles mesmos, o que lhes permitiu conquistar um

espaço favorável para o desenvolvimento de sua identidade ideológica".

A plena integração da pessoa Surda exige a criação de um ambiente no qual

sua condição de Surdo não seja reprimida, permitindo-lhe expressar-se da

maneira que lhe seja mais satisfatória, promovendo experiências de

comunicação e aprendizado gratificantes. De acordo com Vygotsky (1989), "a

trajetória principal do desenvolvimento psicológico da criança é uma trajetória

de progressiva individualização, ou seja, é um processo que se origina nas

relações sociais, interpessoais e se transforma em individual, intrapessoal".

Nessa perspectiva de compreensão do bilinguismo na língua de sinais,

é importante notar que o mundo está passando por mudanças constantes, a

uma velocidade sem precedentes na história da humanidade. A globalização,

o avanço das tecnologias, como as telecomunicações e a informática, estão

contribuindo para transformações na Educação Bilíngue. A interação entre

professor e aluno tem se tornado mais dinâmica nos últimos anos.

Os professores não se limitam mais a serem meros transmissores de

conhecimento, mas atuam como orientadores e incentivadores de todos os


processos que levam os alunos a construir seus próprios conceitos, valores,

atitudes e habilidades, capacitando-os a crescer como indivíduos, cidadãos e

futuros trabalhadores de maneira construtiva.

A educação não deve se limitar a formar apenas trabalhadores para

atender às demandas do mercado de trabalho, mas sim cidadãos críticos

capazes de transformar um mercado baseado na exploração em um mercado

que valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento.

Nesse contexto, é essencial oferecer aos educandos uma compreensão

racional do mundo que os cerca, capacitando-os a adotar uma postura isenta

de preconceitos ou superstições e a participar de maneira mais adequada na

sociedade em que vivem.

Adaptar a metodologia e os recursos audiovisuais, videográficos e

tecnológicos de modo a estabelecer uma comunicação eficaz com os alunos

é fundamental para criar um ambiente propício à aprendizagem. Além disso, na

educação bilíngue, os professores precisam possuir competências humanas

que lhes permitam valorizar e estimular os alunos ao longo de todo o processo

de ensino-aprendizagem. A motivação desempenha um papel fundamental no

desenvolvimento dos indivíduos, uma vez que bons resultados de

aprendizagem só podem ser alcançados quando os professores criam um

ambiente de trabalho que estimula os alunos a criar, comparar, discutir, rever,

questionar e expandir ideias.

De acordo com Vygotsky, a linguagem desempenha um papel central na

mediação. É por meio da comunicação linguística que os indivíduos destacam

o que é importante em seu contexto social. O que é considerado importante

em uma sociedade é uma construção que evolui ao longo da história de uma


comunidade e pode não ter a mesma importância para outro grupo social. Os

indivíduos percebem e compreendem o que os cerca, mas o significado é

construído em um processo de significação social e compartilhada que

permite representar o real (as coisas) por meio de um sistema simbólico (como

as línguas orais e escritas). Portanto, a linguagem desempenha um papel

fundamental na formação de conceitos e significados na sociedade.

Em resumo, a educação bilíngue não se limita à mera transmissão de

conhecimento, mas busca promover o desenvolvimento integral dos alunos,

capacitando-os a enfrentar os desafios do mundo em constante evolução e a

contribuir de forma construtiva para a sociedade. A motivação, a comunicação

eficaz e a compreensão das complexidades linguísticas desempenham um

papel fundamental nesse processo.

3.2 - Tipos de bilinguismo e bilinguismo dos Surdos

Bilinguismo é a capacidade de o indivíduo utilizar regularmente duas

línguas e se comunicar por meio delas como resultado de contato linguístico

(Ferreira, 2008). A comunicação, dessa forma, pode se estabelecer pela

escrita ou pela fala que permita a interação por meio de duas línguas

diferentes.

O bilinguismo do Surdo, conforme Santana (2007, p.165), surgiu na década

de 1980 e apresenta como principal conceito o acesso do Surdo o mais cedo

possível à língua de sinais e à língua oral. O bilinguismo Libras-Língua

Portuguesa propõe que o surdo se comunique fluentemente na sua língua

primeira, que é a Libras, que é a L1, sendo a Língua Portuguesa a L2, língua

oficial do país.
Para Santana (2007, p. 166), prevalece por parte dos autores uma falta de

consenso com relação à aquisição da segunda língua. Alguns defendem que a

Libras deve ser ensinada antes do português e outros defendem a

simultaneidade no aprendizado das duas línguas. Há os que apregoam o

ensino do português para os Surdos apenas na sua forma escrita e aqueles

que acreditam no ensino do português na sua modalidade escrita e oral.

Prometi (2013, p. 21) destaca que a questão que se apresenta, no ensino

da Língua Portuguesa para os Surdos, é saber se deverá ser na modalidade

escrita ou oral. Esse assunto é discutido pela Linguística, principalmente pelos

estudiosos e pesquisadores que trabalham ou pesquisam a educação

linguística de Surdos.

Almeida (2000, p.8) destaca a respeito do bilinguismo de Surdos:


"Mais recentemente, uma outra corrente assume a língua de sinais
como a primeira língua da criança surda, que deve ser aprendida logo
após o diagnóstico da surdez, enquanto a língua do grupo social
majoritário será aprendida como uma segunda língua. Esta corrente
denomina-se bilinguismo. O bilinguismo busca um desenvolvimento
cognitivo linguístico paralelo ao da criança ouvinte, e a convivência
harmoniosa entre as comunidades ouvinte e surda. O bilinguismo,
sendo uma busca na educação do surdo, tem como definição o uso e
o conhecimento de duas línguas pela mesma pessoa".

A partir do Decreto Nº 5.626/05, que regulamentou a Lei de Libras, os

Surdos passaram a ter direito ao conhecimento da Libras como L1, e o

português é utilizado na modalidade escrita. Quadros (2000, p.54), ao falar de

bilinguismo, esclarece que: “Quando me refiro ao bilinguismo, não estou

estabelecendo uma dicotomia, mas sim reconhecendo as línguas envolvidas

no cotidiano dos Surdos, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais e o Português no

contexto mais comum do Brasil.


Quadros (1997, p.27) ainda informa que a proposta bilíngue no ambiente

escolar de ensino propõe tornar duas línguas acessíveis aos estudantes.

Dessa forma, o estudante poderá aprender e assimilar os conteúdos

escolares, utilizando os meios de escrita empregados na língua portuguesa.

Skliar, citado por Quadros (1997) diz que: “o reconhecimento dos surdos

enquanto pessoas surdas e da sua comunidade linguística assegura o

reconhecimento das línguas de sinais dentro de um conceito mais geral de

bilinguismo” (Skliar, apud Quadros, 1997, p.27). De acordo com a citação de

Skliar, Prometi (2013, p. 22) explica que o bilinguismo do Surdo deve ser

apresentada como um caminho para pensar, refletir e analisar como será o

processo da educação, com a Libras e a Língua Portuguesa, no processo

educacional, como na escola bilíngue para Surdo ou qualquer escola que

possui Surdos, que não deve ser pensada em termos de línguas, e sim como

um sistema educacional.

Prometi (2013, p. 22) destaca que no Brasil não há escolas bilíngues de

Surdos em todas as cidades, mas propostas diferenciadas para a educação de

Surdos.

Para Goldfeld (2002, p. 110), o conceito mais importante que a filosofia

bilíngue traz é que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua

próprias. Nesse sentido, a principal questão do Bilinguismo é entender o

sujeito Surdo, participante de uma comunidade surda, sua língua, sua cultura,

seus anseios, sua conduta, e não apenas os aspectos biológicos da surdez.

Para a autora:
O bilinguismo e o biculturalismo nem sempre ocorrem
simultaneamente no mesmo indivíduo. Por exemplo, filhos ou netos
de imigrantes que não aprendem a língua de seus pais ou avós, mas
que convivem com a cultura deles em casa, clubes ou igrejas, podem
ser considerados biculturais. Por outro lado, pessoas que aprendem
uma língua estrangeira em cursos podem ser bilíngues e não
biculturais, se não conviverem e internalizarem a cultura da
comunidade que utiliza essa língua. É o caso de brasileiros que fazem
cursinhos de inglês ou francês, mas não convivem com a cultura
americana, inglesa ou francesa.

E para Quadros (1997, p. 27):


O bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se
propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto
escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo
mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que
considera a língua de sinais como língua natural e parte desse
pressuposto para o ensino da língua escrita.

Para a autora Prometi (2013, p. 23), o bilinguismo indica o contato com a

comunidade surda o mais precocemente possível, para que esses indivíduos

adquiram a Língua de Sinais naturalmente e possam construir sua identidade

cultural. Assim, o Surdo, além de ser considerado bilíngue, deve ser visto

bicultural, porque ele convive com duas culturas diferentes e duas línguas,

como o português escrito e a Libras.

3.3 - O vocabulário bilíngue nas Línguas de Sinais

Vocabulário é o conjunto de vocábulos, empregados em um texto,

caracterizadores de uma atividade, de uma técnica, de uma pessoa, etc. De

acordo com a terminologia linguística, vocabulário é uma lista de ocorrências

lexicais que figuram em um corpus. (Faulstich, 2012, p. 41).

O termo vocabulário justifica-se plenamente em estudos sobre corpus

especializado: vocabulário do futebol, vocabulário da economia, vocabulário

da pesca. A unidade de vocabulário é o vocábulo que não deve ser confundido

com palavras. (Faulstich, 2012, p. 41).


No livro organizado por Salles, Faulstich, Carvalho e Ramos (2004, p. 94),

encontramos que “ampliar o vocabulário é acrescentar ao vocabulário

fundamental unidades lexicais do vocabulário comum e completá-los com

termos de áreas especializadas das ciências, da tecnologia, das artes e de

outros meios sociais.” Faulstich, (2012, p. 41) explica que:


Vocábulo é a unidade de língua efetivamente empregada em um ato
de comunicação; representa uma unidade particular, um significado,
usada na linguagem falada ou escrita. Unidade aqui não tem sentido
de um numérico, mas de um semântico: em Setor Habitacional
Individual Sul há quatro palavras, mas um vocabulário
semanticamente integrado e qualquer comutação alterará seu
significado.

Prometi (2013, p. 29) afirma que o vocabulário é um dos principais desafios

para os Surdos em programas de educação bilíngue, na educação dos Surdos.

Os Surdos têm que adquirir um léxico escrito que possa ser efetivamente

utilizado na leitura ou na escrita.

De acordo com as autoras Salles, Faulstich, Carvalho e Ramos, (2004, p.

90), “o que importa são as relações comunicativas que se estabelecem entre

usuários, e, nas relações comunicativas, o léxico tem papel fundamental,

porque nele está contido o vocabulário.” Faulstich (2012, p. 2) destaca que:

Ampliação de vocabulário é um processo lexical em que o falante


acrescenta ao seu vocabulário fundamental (vocabulário 1)
unidades lexicais do vocabulário comum (vocabulário 2) e os
complementa com termos de áreas especializadas das ciências, das
técnicas, das artes e de outros meios sociais (vocabulário 3).

Para explicar o que vêm a ser essa questão acima, a autora Prometi (2013,

p. 29) mostra que existem três tipos de vocabulários, o vocabulário 1 que é

aquele onde o falante da língua tem o seu léxico, ou seja o conjunto de palavras

que ele conhece na língua, ou seja, o vocabulário fundamental, o vocabulário

2 que é aquele que é o do dia-a-dia, de interação, de uso na mídia, nos meios


tecnológicos e outros meios, e este vocabulário é o comum, e o vocabulário 3

que é aquele mais técnico, que advém de áreas de especialidades, como na

música e em outras áreas que apresentam muitos termos técnicos e que

necessitam ser divulgados e urgentemente compartilhados com todos para

que uma efetiva política de língua seja implementada, assim como

complementados através de diferentes processos linguísticos.

Faulstich (2012, p.2) chama atenção para a importância do uso do

dicionário para a consulta de vocábulos:

O vocabulário é ampliado ou enriquecido à medida que o falante


aumenta sua convivência sociocultural, lê obras diversificadas e
procura indagar metodicamente o significado de palavras
desconhecidas. Nesse caso, o dicionário é um importante
documento de consulta, que auxilia o usuário a compreender os
significados das palavras e a aprender os significados de outras que
não fazem parte de seu vocabulário, para então usá-las com
propriedade.

Em uma pesquisa, Andrade e Góes apud Fernandes, 2008, p. 82:


Constataram que os surdos têm pouco contato com o material
escrito fora da escola e, quanto à leitura, além do pouco contato,
preferem ler revistas com fotos, que possibilitam a compreensão,
pois uma de suas maiores dificuldades é com o vocabulário.
(Andrade e Góes apud Fernandes, 2008, p. 82).

Prometi (2013, p. 30) demonstra que a falta de vocabulário em Libras

dificulta os Surdos adquirirem conceitos científicos ou técnicos, assim como

a compreensão do conteúdo abordado em sala de aula. O vocabulário é um dos

aspectos mais importantes na aprendizagem de uma língua, tanto na primeira

língua - L1 quanto na segunda língua - L2.


Deste modo, uma estratégia de compreender a produção bilíngue dos

Surdos e analisar alguns materiais disponível na educação de Surdos. A

história do Patinho Surdo é um exemplo. A seguir, apresentamos a imagem que

retrata a história:

Fonte: (Rosa, Karnopp, 2005)

Outra história são as seguintes:

Fonte: (Silveira, Rosa, Karnopp, 2005)


A história Cinderela Surda, é uma releitura do clássico “A Cinderela”, com

elementos da identidade e cultura surda. A Rapunzel Surda tematiza o uso da

língua de sinais e sua importância para a Comunidade surda. No caso dessa

história, ressalta-se ainda a questão da exclusão social da Rapunzel, uma vez

que a personagem era mantida pela Bruxa na torre.

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