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Técnicas de

Expressão e
Comunicação
em Português
2020-2021
Linguagem
É a capacidade que temos de usar símbolos para representar o
mundo e, por esse processo, conseguir realizar uma série de
atividades: dar ordens ou conselhos, fazer perguntas, formular
pedidos, emitir opiniões ou sugestões, fazer advertências,
transmitir informações… A nossa capacidade de comunicação
resulta, portanto, em grande parte, da possibilidade de
acedermos à linguagem.
Azeredo. O., Pinto. M., & Lopes, M. (2014). Gramática Prática de Português: Da Comunicação À Expressão. Lisboa: Lisboa Editora.

• Linguagem é a capacidade humana de usar símbolos para


representar o mundo e, por esse processo, conseguir comunicar
com os outros.
Amorim, C. & Sousa, C. (2009). Gramática da Língua portuguesa. Porto: Areal Editores.

Azeredo. O., Pinto. M., & Lopes, M. (2014). Gramática Prática de Português: Da Comunicação À Expressão. Lisboa: Lisboa Editora.
Realidade material da linguagem
 Organização de sons, palavras, frases
 Expressão de emoções, ideias, propósitos
 É orientada pela visão de mundo, pelas
injunções da realidade social, histórica e
cultural do seu falante.
Breve história do estudo da
linguagem
 Remontam ao século IV a. C. os primeiros
estudos.
 Inicialmente razões religiosas – hindus
 Gregos – definir relações entre
conceito(significado) e palavra que o
designa
 Latinos – Varrão – gramática
 Idade Média – “a estrutura gramatical
das línguas é uma e universal”
Breve história do estudo da
linguagem
 Século XVI – tradução dos livros sagrados
em numerosas línguas, apesar de se
manter o prestígio do latim como língua
universal

 Surge o mais antigo dicionário poliglota –


do italiano Ambrosio Calepino
Breve história do estudo da
linguagem
 Séculos XVII e XVIII – 1660 a gramática de
Port Royal, de Lancelot e Arnaud,
demonstra que a linguagem se
fundamenta na razão, é a imagem do
pensamento e que, portanto, os
princípios de análise estabelecidos não se
prendem a uma língua particular, mas
serve a toda e qualquer língua.
Breve história do estudo da
linguagem
 O conhecimento de um número maior de
línguas provoca, no século XIX, o interesse
pelas línguas vivas, pelo estudo comparativo
dos falares (FALA)

 Surge o método histórico que possibilita as


gramáticas comparadas e da linguística
histórica (DIACRONIA)

 A língua é dinâmica, ou seja, “as línguas


transformam-se com o tempo,
independentemente da vontade dos
homens”
Breve história do estudo da
linguagem
 Franz Bopp (1816) – publica uma obra
sobre o sistema de conjugação do
sânscrito, comparado ao grego, ao
latim, ao persa e ao germânico –
considerada o marco do surgimento da
Linguística Histórica.

 Percebeu-se a relação de parentesco


entre estas línguas e as europeias - família
indo-europeia.
Breve história do estudo da
linguagem
 Mudanças, ao longo do tempo, na língua
falada implicaram na diferenciação das
línguas.

Exemplo: Latim deu origem ao português,


espanhol, italiano, francês.
Breve história do estudo da
linguagem
 Linguística moderna – embora também
se ocupe da expressão escrita, considera
a prioridade do estudo da língua falada,
como um de seus princípios
fundamentais.
Breve história do estudo da
linguagem
 Início do século XX, com a divulgação
dos trabalhos de Ferdinand de Saussurre –
a Linguística passa a ser reconhecida
como estudo científico.
 Estudos linguísticos estão centrados na
observação dos factos de linguagem.
 Observação dos factos anterior ao
estabelecimento de uma hipótese.
O que é a linguagem?
 Está implícito na formulação dessa
pergunta o reconhecimento de que as
línguas naturais, notadamente diversas,
são manifestações de algo mais geral, a
linguagem.
Língua
natural
Linguagem
O que é a linguagem?

 Propostas de Saussurre e Chomsky para


uma Teoria Geral da Linguagem e da
análise linguística
 Saussurre

A linguagem abrange vários domínios; é ao


mesmo tempo física, fisiológica e psíquica,
pertence ao domínio individual e social.

Saussurre separa uma parte do todo


linguagem, a língua – um objeto unificado
e suscetível de classificação.

A língua é um “sistema de signos”.


É a parte social da linguagem – exterior ao
indivíduo.
 Saussurre

Saussurre afirma ainda que o conjunto


linguagem-língua contém ainda um outro
elemento – a fala.

A fala é um ato individual que resulta das


combinações feitas pelo sujeito falante
utilizando o código da língua; expressos pelos
mecanismos psicofísicos.
 Saussurre
A língua é condição para se produzir a fala, mas não
há língua sem o exercício da fala.

Saussurre trabalha a linguística da língua, produto


social depositado no cérebro de cada um – um
sistema supra-individual que a sociedade impõe ao
falante.

Estruturalismo
 Chomsky
A linguagem é um conjunto de frases, cada uma finita em
comprimento e construída a partir de um conjunto finito de
elementos.

Todas as línguas naturais são linguagens, já que:


 Todas as línguas possuem um número finito desons;

 Cada frase só pode ser representada como uma


sequência finita desses sons.

A linguagem é uma capacidade inata e específica da


espécie, isto é, transmitida geneticamente e própria da
espécie humana.
 Chomsky
Teoria Generativista – tentativas de construção de
uma teoria geral da linguagem.

Distingue competência de desempenho.

Competência linguística – é a porção do conhecimento


do sistema linguístico do falante que lhe permite produzir o
conjunto de sentenças da sua língua – é, na verdade um
conjunto de regras que o falante construiu pela aplicação
da sua capacidade.
 Chomsky
Desempenho linguístico – corresponde ao
comportamento linguístico, que resulta não
somente da competência linguística do falante,
mas também de fatores não linguísticos de ordem
variada, como: convenções sociais, crenças,
atitudes emocionais do falante.

O desempenho pressupõe a competência, ao passo que


a competência não pressupõe o desempenho.
Existe linguagem animal?
 Comunicação das abelhas e linguagem
humana – diferenças consideráveis como:

➢ Na comunicação das abelhas a mensagem traduz-se


exclusivamente pela dança, sendo que não existe a
intervenção de um aparelho vocal – condição
essencial para a nossa linguagem;

➢ A mensagem da abelha não provoca resposta, ou


seja, não há diálogo;
Existe linguagem animal?
 Comunicação das abelhas e linguagem
humana – diferenças consideráveis
como:

➢ A abelha não constrói uma mensagem a partir de


outra mensagem;
➢ O conteúdo da mensagem da abelha é único, e
o conteúdo da linguagem humana é ilimitado;
➢ A mensagem das abelhas não se deixa analisar,
decompor em elementos menores.
Existe linguagem animal?
 Em síntese:

A comunicação das abelhas não é uma linguagem, é


um código de sinais, como se pode observar
pelas suas características:

➢ Conteúdo fixo;
➢ Mensagem invariável ;
➢ Relativa a uma só situação;
➢ Transmissão unilateral;
➢ Enunciado indecomponível.
O que é linguística?

➢ A linguística detém-se somente na investigação


científica da linguagem verbal humana.

➢ Todas as linguagens são sistemas de signos usados


para a comunicação.

Exemplo: uma pintura, uma dança, um gesto


podem expressar, mesmo que sob formas diversas,
um mesmo conteúdo básico, mas só a linguagem
verbal é capaz de traduzir com maior eficiência
qualquer um desses sistemas simbólicos.
O que é linguística?

➢ Ao observar a língua em uso o linguísta procura


descrever e explicar os factos: os padrões sonoros,
gramaticais e lexicais que estão a ser usados, sem
avaliar aquele uso em termos de outro padrão:
moral, estético ou crítico.

➢ A função do linguísta é estudar toda e qualquer


expressão linguística como um facto merecedor
de descrição e explicação dentro de um quadro
científico adequado.
O que é linguística?
➢ A linguística geral (teórica) oferece os conceitos e
modelos que fundamentarão a análise das
línguas;

➢ A linguística descritiva (empírica) fornece os


dados que confirmam ou refutam as teorias
formuladas pela linguística geral.
O que é linguística?
➢ Antes de Saussurre a linguística era histórica
(diacrónica).

➢ Saussurre introduziu um novo ponto de vista – o


sincrónico – no qual as línguas eram analisadas
sob a forma em que se encontravam
em determinado momento histórico, num
ponto do tempo.

➢ Relação das coisas coexistentes que constituiriam


o sistema linguístico.
O que é linguística?
➢ Em sincronia os fatos linguísticos são observados
quanto ao seu funcionamento, num determinado
momento.

➢ Em diacronia os fatos são analisados quanto às


suas transformações.

➢ A linguística sincrónica tem vindo a ser


denominada de teórica, já que está mais
preocupada com a construção de modelos
teóricos do que com a descrição de estados da
língua.
O que é linguística?
➢ Âmbitos interdisciplinares da linguística:

Etnolinguística – relação língua-cultura;

Sociolinguística – interação entre língua e


sociedade;

Psicolinguística – comportamento do indivíduo


como participante do processo de aquisição da
linguagem.
Gramática: o ponto de vista
normativo/descritivo?
➢ A norma da correção é prescrita por uma fonte
de autoridade, as demais variedades são
consideradas inferiores e incorretas.

➢ Por outro lado, nas sociedades contemporâneas,


expressar-se segundo a norma, falar certo,
continua a ser valorizado, porque a correção da
linguagem está associada às classes altas e
instruídas, é uma das marcas distintivas das classes
dominantes.
Gramática: o ponto de vista
normativo/descritivo?

➢ A tarefa do gramático desdobra-se em dizer o


que é a língua, descrevê-la, e ao privilegiar alguns
usos, dizer como deveser a língua.
Noções:
• Linguagem: é a capacidade humana de usar símbolos para representar o mundo
e, por esse processo, conseguir comunicar com os outros.

• Língua: é o conjunto, em abstrato, das palavras e das regras gramaticais que


regem a sua combinação. Constituindo uma espécie de herança ou bem coletivo
que vai sendo transmitido de geração em geração, a língua impõe-se ao próprio
indivíduo que deverá respeitar as suas leis se quiser comunicar verbalmente.

Obs: Contrariamente à língua, a fala situa-se no plano da concretização que a língua


oferece; corresponde a um ato individual.

•Falante: é o utilizador de uma língua e por isso faz parte de uma comunidade
linguística.

• Comunidade linguística: é um conjunto de falantes que utilizam a mesma língua


para comunicarem entre si.
Linguagem verbal e não verbal
Há dois grandes tipos de linguagem, a verbal e a não verbal:

• Linguagem verbal: é a faculdade exclusiva do ser humano, que se concretiza


no próprio ato de fala, através do recurso a um sistema de sinais convencionais
organizados gramaticalmente.

·Linguagem não verbal: é a linguagem atualizada sempre que a comunicação


não se processa através da linguagem verbal. Pode concretizar-se através
de sons (ex.: sirene dos bombeiros), gestos (ex.: piscar de olho), cores
(ex.: semáforos), etc.

Frequentemente, são utilizadas em simultâneo a linguagem verbal e a linguagem não


verbal, tal como se verifica nos cartazes publicitários ou na banda desenhada. Nestes
contextos, o tipo de linguagem utilizado é misto.

Amorim. C., & Sousa, C. (2014). Gramática da Língua Portuguesa. Porto: Areal Editores.
Linguagem verbal - a palavra

 Linguagem verbal – poder mágico de


criar
 Permite nomear/ criar/ transformar o
universo real
 Troca de experiências
 Descrição de ideais
 Matéria do pensamento
 Veículo de comunicação social
Elementos do Processo comunicativo

Emissor: aquele que codifica e envia a mensagem.


Recetor: aquele que recebe e descodifica a mensagem.
Mensagem: a informação transmitida pelo emissor para o recetor.
Canal: o meio físico pelo qual a mensagem é transmitida.
Código: conjunto de sinais ou signos arbitrários e convencionais que, depois
de codificados, permitem ao emissor transmitir a mensagem para o recetor,
que irá descodificá-la.
Contexto: a situação geral que envolve a comunicação.
Designações no âmbito da comunicação verbal
Locutor: participante da interação verbal que produz um enunciado (é o
sujeito da enunciação).

Interlocutor: participante da interação verbal a quem se dirige a enunciação,


interpretando o enunciado produzido pelo locutor.

Ouvinte: aquele que recebe e compreende o enunciado, sem participar


diretamente na interação verbal.

Universo de referência: conjunto de entidades e conceitos (dimensão


extralinguística)a que se faz referência num ato enunciativo, integrando o
contexto geral dessa enunciação.

Saber compartilhado: conjunto de saberes, conhecimentos, crenças, valores,


etc. que o locutor pressupõe partilhar com o interlocutor. São exemplos
de saber compartilhado as crenças religiosas ou ideológicas que o locutor
acredita partilhar com o seu interlocutor, criando, assim, determinadas
expectativas relativamente às interpretações do seu interlocutor.
Designações no âmbito da comunicação verbal

Contexto situacional: conjunto de circunstâncias extralinguísticas imediatas


que envolvem e determinam o ato enunciativo - o locutor (aquele que
fala), o interlocutor (aquele a quem se fala), o tempo e o espaço em que se
fala.

Contexto verbal: sequência ou unidade linguística que envolve um elemento


(palavra ou elemento fónico) dentro de um enunciado.

Meio (oral ou escrito): suporte através do qual se materializa a produção


verbal, podendo ser oral ou escrito.

O meio oral veicula produções linguísticas sonoras através do ar, enquanto


o meio escrito veicula material linguístico gráfico, tendo o papel como
principal suporte.
Língua oral e língua escrita

Língua oral: utilizada, normalmente, quando os interlocutores partilham


o mesmo tempo e o mesmo espaço. Contudo, hoje em dia, com as novas
tecnologias esses requisitos já não são necessários.

A comunicação é imediata, o falante tem de falar e pensar em simultâneo,


não tendo tempo para levar a cabo uma organização muito pormenorizada
do seu discurso - são frequentes as repetições, as frases incompletas, as
pausas e as hesitações, bem como o recurso a bordões linguísticos ("oh,
por favor!...“; “pá”; “tass”).
Língua oral e língua escrita

Língua escrita: é mais utilizada numa comunicação à distância, permitindo


maior reflexão e organização do discurso.

Obs: na língua escrita há a possibilidade de reformulação dos enunciados, já


na língua oral, o enunciado, uma vez produzido, é definitivo, ainda que o
locutor proceda posteriormente a correções ou reformulações.
Língua oral língua escrita
• por meio do som; • por meio da escrita;
• presença simultânea dos • não há a presença simultânea dos
interlocutores( pelo menos voz); interlocutores;
• adequação permanente do discurso; •impossibilidade de adequar, no
• maior liberdade na aplicação das próprio momento o discurso à reação
regras gramaticais; do interlocutor (leitor);
• vocabulário fundamental e pouco • maior rigor no cumprimento das
diversificado; regras gramaticais;
• frequência de repetições; • vocabulário mais cuidado e
• recurso a bordões linguísticos I diversificado, com recurso a sinónimos
palavras fáticas(pronto; ora bem); e perífrases;
• utilização de vocalizações; • inexistência de repetições
• predomínio de frases simples, desnecessárias;
frequentemente inacabadas; • ausência de vocalizações;
• ausência de recursos estilísticos; • predomínio de frases complexas;
• recurso à entoação, às pausas, ao • presença de recursos estilísticos;
ritmo e à linguagem não verbal • recurso aos sinais de pontuação e de
(mímica, gestos, movimentos dos olhos, acentuação para assinalar o ritmo e a
etc.). entoação.
Frase, enunciado, enunciação e discurso
Frase: designa uma unidade gramatical abstrata, constituída por uma sequência de
palavras organizadas segundo as regras lexicais e morfossintáticas da língua,
independentemente de qualquer contexto situacional.

Enunciado: caracteriza-se pela relação que estabelece com a situação de comunicação. Ou


seja, qualquer frase transforma-se num enunciado a partir do momento em que é
proferida por um locutor, que a dirige a um interlocutor, num determinado espaço e
momento, sob a influência de certas circunstâncias.

Um enunciado é uma unidade comunicativa de dimensões variáveis, podendo


corresponder a uma palavra apenas, a uma ou várias frases ou a um texto mais ou menos
longo.

Enquanto a frase tem um significado único, que se mantém independentemente


das suas ocorrências, o enunciado assume vários sentidos, consoante a situação em que é
atualizado. Exemplo: Sabe que horas são? – Pode ter o sentido de pedido de informação,
ou, se pronunciado por um professor a um aluno que chegou atrasado, pode ter o sentido
de repreensão.
Enunciação: representa o momento de atualização da língua em discurso, entendido,
neste sentido, como uma sequência de enunciados. Sendo assim, a enunciação implica
aquele que fala - um eu (o locutor) -,aquele a quem se fala- um tu (interlocutor)-, o
espaço em que a enunciação decorre - um aqui- e o próprio momento da sua realização-
o agora.

Eu poderei encontrar-te aqui amanhã.

-eu: aquele que fala/locutor;

-poderei e amanhã: tempo futuro em relação ao momento da enunciação;

- aqui: lugar da enunciação (onde se encontra o eu);

-te: aquele a quem o eu se dirige (interlocutor).


Discurso: é a produção verbal que resulta da interação comunicativa
estabelecida pelos participantes do ato enunciativo num determinado contexto
espácio-temporal.

O discurso configura-se através de duas dimensões:

-dimensão linguística: o discurso materializa-se através de uma sequência


de enunciados, que o locutor atualiza com uma determinada intenção comunicativa,
procurando alterar o conhecimento do interlocutor ou modificar os seus
comportamentos;

-dimensão extralinguística: qualquer discurso remete para a realidade


extralinguística, que abrange não só o contexto situacional, como também o
saber compartilhado e o universo de referência.
Dimensões da linguagem verbal
Sintaxe: dimensão formal da linguagem que incide nas relações existentes
entre os elementos da frase, excluindo-se o plano da significação. Cada
elemento frásico desempenha uma determinada função sintática, decorrente
da relação estabelecida com todos os outros.

Semântica: incide no plano do conteúdo, ou seja, no significado e no


sentido das expressões linguísticas.

Pragmática: incide na relação entre a língua e os falantes e a respetiva


situação comunicativa. Enquanto a sintaxe e a semântica se centram em aspetos
linguísticos, a pragmática engloba o contributo do contexto extralinguístico
(ex.: interlocutor, tempo, espaço, etc.) para a interpretação dos enunciados.
Língua e falante
O falante possui geralmente em relação à sua língua diferentes tipos e
graus de competência.

• Competência linguística: qualquer falante possui um conhecimento


interiorizado implícito da gramática da sua língua, o que lhe permite produzir
e compreender enunciados novos.

• Competência comunicativa: relaciona-se com o conjunto de regras sociais


e culturais que o falante possui e que lhe permitem utilizar a sua competência
linguística, adequando-a ao contexto comunicativo. Por exemplo, faz parte da
competência comunicativa de um falante saber como fazer um pedido, como
agradecer, como tratar um superior hierárquico, como falar num contexto
formal, etc.

• Competência metalinguística: designa a capacidade de tornar consciente


o conhecimento implícito da língua (ex.: quando alguém explica o
sentido que atribui a uma determinada palavra) .
Língua e comunidade
Sempre que uma língua (ou dialeto) é utilizada no seio de um grupo extenso de falantes
para comunicarem entre si, constitui-se uma comunidade linguística. A língua de uma
comunidade linguística pode assumir estatutos diferentes em função das circunstâncias
em que é atualizada.

• Língua nacional ou língua comum: língua principal dos habitantes de uma nação (ex.:
português, francês, alemão… ).

• Língua oficial: língua adotada no âmbito das atividades oficiais de um país.

• Língua materna (LI): primeira língua aprendida por uma criança. É frequente a
aprendizagem simultânea de duas (ou mais) línguas, sendo ambas consideradas línguas
maternas. Este caso representa uma situação de bilinguismo, que pressupõe igual
conhecimento de duas línguas.
• Língua segunda (L2): língua aprendida por falantes que já possuem uma língua
materna. Geralmente, por razões de multilinguismo ou de migração, os falantes
vêem-se obrigados a aprender uma segunda língua, de modo a poderem comunicar
dentro da comunidade em que se inserem.

• Língua minoritária: língua materna de uma comunidade linguística inserida


num território cuja língua oficial ou nacional é diferente. Em Portugal,
são minoritárias a língua gestual portuguesa (com caráter nacional) e o mirandês
(com caráter regional).

• Língua estrangeira: língua que, sendo utilizada num país, não é a língua
materna de nenhuma comunidade nem tem estatuto oficial (ex.: no Egipto, o
árabe é a língua oficial, mas o inglês é utilizado como língua estrangeira nos
centros turísticos).

• Língua viva / língua morta: quando uma língua deixa de ser utilizada
na comunicação quotidiana (língua viva) passa a designar-se língua morta.
A Língua como Instrumento de Comunicação

Fromkim, V., & Rodman, R. (1993). Introdução à linguagem. Coimbra:


Almedina. P. 17-30.

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