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GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
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6.1 Modalidade linguísticas e variações .................................................................... 37
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 HISTÓRIA DO ESTUDO DA LINGUAGEM
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O conhecimento de um número maior de línguas vai provocar, no século XIX,
o interesse pelas línguas vivas, pelo estudo comparativo dos falares, em detrimento
de um raciocínio mais abstrato sobre a linguagem, observado no século anterior. É
nesse período que se desenvolve um método histórico, instrumento importante para
o crescimento das gramáticas comparadas e da Linguística Histórica (FIORIN,
2010).
O pensamento linguístico contemporâneo, formou-se a partir dos princípios
metodológicos elaborados naquela época e que preconizavam a análise dos fatos
observados. No estudo comparado das línguas, comprova-se que as línguas se
transformam com o tempo, independentemente da vontade dos homens, seguindo
uma necessidade própria e manifestando-se de forma regular.
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2.1 Linguística moderna
De acordo com Fiorin (2013), Saussure define a linguagem como sendo geral,
que pode estar presente em diferentes domínios e que é, simultaneamente,
individual e social, não se restringindo por uma unidade ou sistema. Saussure fez
distinções importantes, a primeira diz respeito à língua vs. fala. Para ele, a língua é
um sistema abstrato, um fato social, geral, virtual. A fala, ao contrário, é a realização
concreta da língua pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável.
Ele excluiu a fala do campo da linguística, relatando que ela depende do
indivíduo e não é sistemática. A outra distinção é a que separa a sincronia (o estado
atual do sistema da língua) e diacronia (sucessão, no tempo, de diferentes estados
da língua em evolução). Ele não considera a diacronia nos estudos da linguística,
pois segundo ele, é incompatível a noção de sistema e evolução. Reside aí a
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importância dos conceitos de língua, valor e diacronia. É com eles que Saussure
institui a base da linguística como ciência (FIORIN,2010).
Segundo Martelotta (2009), Saussure concebe significado da fala como sendo
um ato individual de vontade e inteligência, no qual convém distinguir as
combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de
exprimir seu pensamento pessoal, e um mecanismo psicofísico que lhe permite
exteriorizar essas combinações.
No século XX, quase que simultaneamente surgem distintas correntes de
estudo de semiótica. Nos Estados Unidos, numa tradição ligada ao empirismo, os
estudos foram propostos pelo filósofo e lógico Charles Sanders Peirce (1839-1914).
Além de filósofo, Peirce foi pedagogista, cientista, linguista e matemático, e deixou
sua contribuição para os avanços em diversas áreas do conhecimento. Seus
estudos foram essenciais para o progresso da semiótica e da filosofia.
A semiótica peirciana estuda os signos associados à lógica. Considera-se que
tudo no mundo é signo, como o ser humano, as suas ações, suas ideias e seus
objetos. Tudo isso por possuir uma visão pragmática, considerando válido somente o
conhecimento com aplicabilidade social.
Com viés racionalista, Saussure iniciou uma corrente pensando a partir das
estruturas da linguagem. Na União Soviética, os filólogos Potebnia (1835-1891) e
Viesselovski propuseram uma perspectiva mais culturalista. Essas são as matrizes
que desencadearam as principais vertentes de estudo contemporâneas (GREIMAS,
2016).
O russo Roman Jakobson (1896-1982) foi um importante estudioso da área,
considerado um dos maiores linguistas do século XX. Jakobson dedicou seus
estudos à comunicação e análise da estrutura da linguagem. Identificou seis funções
da linguagem correspondentes a cada um dos seis elementos: emotiva, poética,
fática, metalinguística, referencial e conativa. Em cada uma delas, predomina um
dos elementos da comunicação (WINCH, 2012).
Avram Noam Chomsky (1928), linguista, filósofo, sociólogo, cientista e ativista
político norte-americano, desenvolveu estudos sobre a cognição. Considerado o pai
da linguística moderna (Linguística e Gramatica Gerativa), seus estudos foram de
suma importância para o desenvolvimento da área da psicologia cognitiva. O modelo
de Chomsky foi reconhecido como dominante na época e, ainda hoje, tem respaldo
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entre os círculos de linguistas. Os estudos de Chomsky nos indicam que os seres
humanos apresentam uma predisposição genética que permite a aquisição da
linguagem. Assim, ele utiliza o termo “estado inicial” para caracterizar o que seria um
dispositivo de aquisição da língua.
Considerado um dos maiores defensores da linguagem como instinto
humano, Chomsky, em meados da década de 50, criou a Teoria Gerativa, que
afirma que a aquisição da língua é provinda de um órgão mental, como se fosse uma
faculdade psicológica presente em cada indivíduo. A faculdade de linguagem pode
ser razoavelmente considerada "um órgão linguístico" no mesmo sentido em que na
ciência se fala, como órgãos do corpo, em sistema visual ou sistema imunológico, ou
sistema circulatório. Compreendendo deste modo, que um órgão não é alguma coisa
que possa ser removida do corpo, deixando intacto o resto, um órgão é um
subsistema que é parte de uma estrutura mais complexa. Chomsky fala que a
"linguagem é um instinto humano instalado em nosso cérebro, ou seja, existe um
dispositivo ativado na mente quando a criança alcança certa idade, e por isso
lembramos apenas de certo momento de nossa infância" (apud PINKER, 2002).
Em sua teoria, Chomsky defende que todo ser humano possui uma
gramática internalizada. Com isso, ele quis dizer que em nossa mente possuímos
mecanismos que comportam estruturas de todas as línguas e os fonemas também,
cabendo ao indivíduo, ao adquirir a linguagem, selecionar o que será usado e excluir
o que não lhe servirá. Ou seja, para uma criança falar, ninguém precisa lhe ensinar,
pois ela já possui todas as estruturas essenciais para a aquisição da linguagem, e
ela consegue adquirir uma língua apenas observando algum falante dessa língua.
Portanto, quando uma criança observa a fala de um adulto, ela está observando as
regras que este utiliza na sua comunicação, logo, então, ela assimila e internaliza
esses dados e cria as próprias regras ao falar em repetição ao que foi observado.
Mas essa internalização simultânea só lhe é possível durante o seu período crítico,
ou seja, antes da puberdade, período em que nosso cérebro está propício para
aprender (PINKER, 2002).
3 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA
Fiorin (2010), discorre um pouco sobre a história da língua e como ela foi
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construída ao longo do tempo. Dos mitos às mais elaboradas especulações
filosóficas, Fiorin sempre ressaltou o problema da origem da linguagem, seu
surgimento, seus primeiros passos. As crenças e as religiões atribuem para essa
fonte poderes divinos, animais e criaturas místicas imitadas pelo homem. Lendas,
mitos, canções e até antigos rituais atestam para esse interesse.
No que diz respeito à linguística comparativa, podemos reconstruir o passado
distante das línguas e derivar leis linguísticas específicas que nos permitem traçar a
vida das palavras, seus movimentos e transformações em diferentes línguas. Além
dessas investigações, a decifração do material arqueológico também revelou as
seguintes descobertas: inscrições em línguas passadas, nomes de deuses, nomes
de lugares, grupos étnicos, etc. (WHITNNEY, 2010).
Com contribuições significativas de arqueólogos e paleontólogos, a linguística
procura determinar como as línguas surgiram e desde quando os humanos falam.
Poderemos considerar que a linguagem teve um tempo de desenvolvimento com
progressão lenta e laboriosa, se transformando no sistema complexo de significação
e de comunicação que é hoje.
Ainda na antiguidade, os hindus eram conhecidos pela sua agudeza no
tratamento da linguagem verbal. Com a redescoberta do sânscrito (língua sagrada
da Índia antiga), no século XIX, apareceram os sofisticados estudos de linguagem
que os hindus tinham feito em épocas remotas. Os motivos pelos quais eles se
interessavam pela linguagem eram de caráter religioso, e estabeleceram pela
palavra uma relação íntima com as divindades, mas nem por isso seus estudos eram
menos rigorosos (PETTER, 2002).
Na Grécia antiga, os pensadores debateram por muito tempo se as palavras
imitavam as coisas ou se os nomes eram dados apenas por convenção. Estes
pensadores tinham discussões acaloradas sobre a própria organização da
linguagem. Perguntavam se as palavras se organizavam conforme a ordem
existente no mundo, seguindo princípios que têm como referência as semelhanças
ou as diferenças (FIORIN, 2013).
Conforme Fiorin (2013), em Roma, a preservação dos textos religiosos no
judaísmo, a difusão das novas religiões para os elitistas - como o cristianismo e o
islamismo - e o estabelecimento de tradições literárias vernáculas nos Estados-
nações da Europa renascentista, são exemplos do contexto em que a língua, a
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princípio, era uma ferramenta e que, a partir disso, tornou-se um objeto de estudo.
Os reflexos linguísticos medievais buscavam desenvolver uma teoria geral da
linguagem, baseada na autonomia da gramática sobre a lógica. Consideraram,
então, três modalidades (modus) manifestados pela linguagem natural: o modus
essendi (de ser), o intellingendi (de pensar) e o significandi (de significar).
Portanto, há uma enorme quantidade de evidências de que pessoas de
diferentes faixas etárias sempre prestaram atenção à linguagem. Mas foi somente
após a criação da linguística que esse surgimento da curiosidade humana tomou a
forma de uma ciência com seus próprios assuntos e métodos.
Na história da constituição da Linguística, há dois momentos chave: o século
XVII, sendo o século das gramáticas gerais, e o século XIX, com suas gramáticas
comparadas. No século XVII, os estudos da linguagem são fortemente marcados
pelo racionalismo. Os pensadores desta época concentram-se em estudar a
linguagem enquanto representação do pensamento e procuram mostrar que as
línguas obedecem a princípios racionais e lógicos.
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destaque entre os sistemas sígnicos pois possuem propriedades de flexibilidade e
adaptabilidade, que permitem expressar conteúdos bastante diversificados, como
emoções, sentimentos, ordens, perguntas, afirmações, e também possibilitam falar
do presente, do passado ou do futuro (PETTER, 2012).
Não confunda linguística com aprender muitos idiomas. Um linguista deve ser
capaz de “falar” uma ou mais línguas, saber como funcionam as línguas, suas
semelhanças e diferenças. A linguística é incomparável com os estudos gramaticais
tradicionais. Ao observar a linguagem em uso, os linguistas tentam descrever e
explicar os fatos, os padrões fonéticos, padrões gramaticais e vocabulários usados.
Não se avalia esse uso em relação a outros padrões, como o moral, estético ou
crítico. Esses julgamentos não são considerados pelo linguista, pois sua função é
estudar toda e qualquer expressão linguística como um fato merecedor de descrição
e explicação em um quadro científico adequado (MARTELLOTA, 2008).
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chamado gerundismo, por que se usa o pronome ‘lhe’ em função de objeto direto em
lugar dos pronomes que serviriam para expressar essa função sintática: o, a, os, as.
3.3 Linguagem
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obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade,
(FIORIN, 2010).
3.4 A Fala
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permitir determinar as propriedades estruturais que distinguem a língua natural de
outras linguagens. Chomsky acredita que tais propriedades são tão abstratas,
complexas e específicas que não poderiam ser aprendidas a partir do nada por uma
criança em fase de aquisição da linguagem. Essas propriedades já devem ser
"conhecidas" da criança antes de seu contato com qualquer língua natural e devem
ser acionadas durante o processo de aquisição da linguagem. Para Chomsky,
portanto, a linguagem é uma capacidade inata e específica da espécie, isto é,
transmitida geneticamente e própria da espécie humana (PETTER, 2002). Assim, a
linguagem tem propriedades universais e, para construir uma teoria geral da
linguagem baseada nesses princípios, esses pesquisadores se propuseram a
encontrar essas propriedades. Essa teoria é conhecida como generativismo.
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através de frases e textos, têm a intenção de informar a mensagem de maneira clara
e coerente para que o interlocutor compreenda. Assim, o sistema de sinais ‘alfabeto’
é o recurso principal da linguagem escrita no Ocidente, a partir dos fonemas,
representados pelos sons da fala (AGUAIR, 2004).
Para utilizarmos a linguagem verbal e necessário conhecer os vocábulos,
considerando ser um meio de comunicação em sociedade. A exemplo disso, um
bebê, antes de apreender a falar, vai se apropriando do código verbal a partir de
sons interpretados pelos adultos em um arremedo de fala infantil. É dessa forma que
surge, nesse caso, um sentimento de naturalidade da linguagem infantil.
Conforme Aguiar (2004), a linguagem verbal tem influência também no
aspecto psicoemocional do ser humano, pois afeta o estado de ânimo e as
emoções. Por exemplo, quando recebemos um elogio ou dizemos algo que valoriza
o outro, isso mexe com a autoestima e com o estado de espírito para um lado
positivo, alegre. Ao contrário, se criticamos ou discutirmos, ficamos tristes,
aborrecidos. Essas situações mostram o quanto a área intelectual e a afetiva estão
relacionadas. No entanto, são duas as linguagens que estão conectadas: a verbal e
não verbal.
A linguagem não verbal pode ser definida como sendo a linguagem “[...] das
imagens, das metáforas e dos símbolos, expressa sempre em totalidades que não
se decompõem analiticamente” (AGUIAR, 2004, p. 28). Na linguagem não verbal
não há presença de palavras, por isso ela segue outro tipo de código. Apesar da
ausência da palavra, existe uma linguagem que constrói a mensagem que se
pretende passar. Utiliza-se para isso outros instrumentos, como imagens, gestos e
sinais. Considera-se, também, como linguagem não verbal, a manifestação da
pessoa que recebe a mensagem, pois essa geralmente expressa corporalmente
diversas reações, como de atenção, agrado ou desagrado. Tanto o emissor quanto o
receptor da mensagem passada através de linguagem não verbal apresentam os
indícios de significados que devem ser compartilhados por quem passa ou recebe a
mensagem.
Cada tipo de linguagem não verbal tem sua própria forma de expressão, seus
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códigos e suas finalidades, como o exemplo da Libras, que é normativa como a
escrita. As tecnologias digitais são um novo gênero de linguagem verbal e não
verbal, como o e-mail, os chats (bate-papo), os fóruns on-line (espaços de opinião e
debate), as redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, WhatsApp...) e os
elementos comunicativos utilizados nessas tecnologias, como, por exemplo, os
emojis (ícones representados com carinhas que tem nome, ou significado oficial e é
utilizado em aplicativos e sistemas diferentes, principalmente no Facebook e no
WhatsApp), os links de hipertexto, entre outros (CASTRO, 2013).
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• Modern English (de 1500 até agora) — padronização da língua inglesa.
Não devemos esquecer que o Cristianismo foi trazido para as Ilhas Britânicas
pela invasão romana, e São Patrício foi o missionário responsável pela conversão
dos celtas à religião cristã. Claro que esse processo deixou sua marca na língua
inglesa, nas línguas latina, romana e cristã, provocando a repetição do vocabulário
religioso e dos textos bíblicos.
Durante o período do inglês antigo, os conquistadores vikings também
influenciaram a língua inglesa, pois sua presença no território da Grã-Bretanha durou
mais de 200 anos. Como a língua viking era de origem germânica, essa influência
estava presente no inglês. Para os falantes de hoje, o inglês antigo é irreconhecível
na pronúncia e na escrita em comparação com o inglês moderno. No entanto, sua
pronúncia era próxima da grafia, que era diferente do inglês atual. Gramaticalmente,
os substantivos também eram masculinos e femininos – influenciados por línguas
como o latim, que tinha substantivos neutros, o inglês antigo também usava
substantivos neutros. Mesmo os verbos são conjugados e flexionados, o que o
inglês moderno não faz. Hoje, o inglês é conjugado no presente e no passado, e
outros tempos são formados com modais ou verbos auxiliares (CELCE-MURCIA;
LARSEN-FREEMAN, 1999).
A influência da língua inglesa não parou por aí. Após mil anos de invasão e
turbulência, os normandos franceses invadiram a Inglaterra e lá se estabeleceram
por mais de 200 anos. Mais uma vez, depois de muitas batalhas sangrentas e
mortes tanto do lado inglês quanto do francês, os normandos assumiram o controle
da Inglaterra. Por causa dessa conquista e de outras batalhas que venceu,
Guilherme, duque da Normandia, que liderou o massacre na famosa Batalha de
Hastings em 1066, ficou conhecido como Guilherme, o Conquistador.
Os acontecimentos levaram ao fortalecimento do cristianismo na região e à
adoção da língua dos conquistadores. Naquela época, a língua valorizada pelas
famílias reais inglesas era o francês, porque os próprios conquistadores e
seguidores não falavam inglês na época. O resultado foi aprender francês em busca
de ascensão social. Com a presença e o fortalecimento da língua francesa, teve
início o Middle English. No entanto, como aconteceu na época romana, os franceses
também perderam o poder após quase três séculos de domínio. O nacionalismo
inglês dominou e, por volta do século 15, quando o vocabulário se tornou mais rico,
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o inglês se tornou a língua dominante e mais influente da região. Também
concorreram documentos escritos em inglês, deixando para trás o latim e o francês,
colaborando com o surgimento da literatura e lançando conceitos nas esferas
administrativa, política e social da organização inglesa (MOREIRA; GOMES;
RESGALA, 2015)
O inglês agora retém palavras de origem latina e as usa de maneira mais
formal. No entanto, devido à influência do francês, o inglês médio perdeu suas
inflexões mencionadas no inglês antigo. A pronúncia das vogais inglesas também
ocorreu nos séculos XV e XVI, o que mudou significativamente foi a pronúncia
dessas vogais e ditongos.
The Great Vowel Shift refere-se à mudança vocálica mais importante da
época, que causou a atual falta de correlação entre palavras escritas e faladas em
inglês, observada principalmente nas vogais. Por exemplo, nas palavras fine, mine e
shine, a vogal /i/ é pronunciada como /ai/, então o som /i/ representa um som ditongo
nesses casos. As palavras fit, istuda e rippida têm uma pronúncia curta de /I/, o que
difere das palavras carno, grade e meri, que, embora escritas com duas vogais, não
pronunciam o ditongo. Esta combinação sonora / ea / é pronunciada mais longa / i: /,
cuja duração é indicada foneticamente por dois pontos (:). O período do inglês
moderno foi uma época de padronização e unificação da língua inglesa, possibilitada
pela imprensa, o sistema postal, por volta de 1500, a concentração do centro
administrativo, político, social e econômico da Inglaterra e a educação média de
notas altas e distribuição ortográfica padronizada. Por exemplo, os verbos auxiliares
em inglês foram indubitavelmente introduzidos nos séculos XVI e XVII e ainda são
usados em negativas e perguntas em inglês. No século XVIII, outra desordem afetou
o inglês: a dupla negação, como a frase portuguesa “Eu não conheço ninguém aqui”,
em inglês "I don't know nobody here", foi considerada gramaticalmente incorreta
(MOREIRA; GOMES; RESGALA, 2015).
Quando chegou o século XIX, o colonialismo britânico começou a se firmar.
Desde então, os povos das Ilhas Britânicas deixaram seus territórios e continuaram
a conquistar outros territórios. Assim, eles retomaram não só sua cultura, mas
também sua língua, que passou a influenciar cada vez mais o mundo (MOREIRA;
GOMES; RESGALA, 2015). Não podemos negar que houve diversidade ao longo de
seus dois mil anos de história, o que pode tê-la tornado menos regular do que, por
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exemplo, as línguas latinas. De qualquer forma, a posição do inglês como língua
global cresceria ainda mais com a ascensão dos Estados Unidos no século XX. Os
laços entre a Inglaterra e os Estados Unidos, que perduram até hoje, estendem-se
aos negócios e à política, mantendo até mesmo o idioma entre as duas nações
próximo ao entendimento, embora sotaques diferentes tenham dado aos seus
falantes nativos uma identidade distinta (CRYSTAL, 2003).
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Saussure optou por não se debruçar sobre essas questões, mas considerou
suas possibilidades ao distinguir entre linguagem e fala, isto é, uso coletivo e uso
individual; entre sincronia e diacronia. Em síntese, ao propor a dicotomia, Saussure
não negava a possibilidade de trabalhar com as coisas que deixou, tanto quanto
propunha a criação de um campo de estudo denominado semiologia que analisaria
diversos tipos de coisas não linguísticas.
Os formalistas sempre tentam se opor a esse pressuposto saussuriano (de
que para lidar com as relações internas de um sistema abstrato - a linguagem - é
preciso distanciar-se de tudo que lhe é próprio). Principalmente, Saussure tentou
evitar um retorno ao conceito de linguagem como referência, o que reduziria a
complexidade do sistema à ideia de que as palavras existem para representar
objetos da realidade, ou seja, relacionar-se com eles, o que também requer
percepção de que as palavras têm um significado predefinido. Então devemos
entender que a inovação de Saussure foi tratar a língua como um sistema abstrato a
ser estudado segundo suas estruturas internas, de modo que a fonologia, a
morfologia e a sintaxe avançaram muito a partir da análise.
Além de Saussure, o linguista Roman Jakobson também deixou importantes
obras da fonologia à gramática, da aquisição da linguagem aos estudos das afasias.
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aquisição da linguagem, na capacidade humana de produzir linguagem, focando
seus estudos na competência natural do falante, e não subestimar a importância do
uso da linguagem desse orador ideal.
Como esta teoria olha para a linguagem do ponto de vista biológico, sua
aquisição é uma questão de amadurecimento e desenvolvimento do "órgão" mental
e não de aprendizagem. Portanto, cada falante teria em sua mente um conjunto de
princípios inerentes, que seriam uma gramática universal, e por meio dos quais ele
poderia desenvolver o mecanismo da linguagem. Definindo melhor o conceito de
gramática universal, descobrimos que ela é a soma dos princípios linguísticos
característicos da espécie humana. O objetivo central da pesquisa generativa é
conhecer a natureza exata e as propriedades dessa gramática.
Segundo essas ideias, o ensino da língua materna baseado em regras fora da
gramática interna do falante seria desnecessário e prejudicial ao aprendizado
natural. Como a criança já conhece a estrutura da língua quando a usa, não seria
necessário introduzi-la na gramática.
Chomsky observa o problema com o modelo de dados primários (gramática
geral) e gramática final (adulto), dizendo que esse modelo é idealista porque ignora
a lacuna quantitativa e qualitativa que existe entre os dados primários e o sistema
final: o conhecimento de um adulto, sua gramática embutida. Assim, o curso do
processo de maturação dos órgãos da linguagem não é idêntico para todas as
pessoas, ainda mais porque depende de aspectos que não são apenas mentais.
Podemos pensar que o autor está pensando em externalizar o desenvolvimento da
linguagem.
No entanto, isso não é verdade, pois Chomsky também defende a
independência dos princípios formais da gramática, semântica e pragmática
internalizada. A questão importante aqui é a possibilidade de criar significado sem
considerar aspectos fora da estrutura mental da linguagem. Outro aspecto
importante dos estudos formalísticos de Chomsky é sua aplicação ao estudo da
inteligência artificial, possibilitada pelos avanços científicos que permitiram que os
estudos da aquisição da linguagem humana fossem utilizados para desenvolver
outras formas de linguagem.
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4.1.3 Funcionalismo: língua e função
5 PRINCÍPIOS FONÉTICOS
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a gramática tradicional. Um professor em busca de um processo de alfabetização
entende que o aluno ainda não conhece todo o sistema gráfico e está atento aos
diversos contextos que fazem a criança escrever de acordo com seu dialeto regional
e social. Isso significa que o processo de alfabetização considera os textos
espontâneos dos alunos e observa as conexões que eles fazem entre a realidade
fonética e o uso ortográfico. É assim que se considera o esforço da criança em
combinar ortografia e fonologia, ou seja, letra e fonema. Como nem sempre há uma
conexão direta entre o som e a ortografia, a conexão não é totalmente previsível - no
entanto, não é aleatória. Conforme as palavras de Magda Soares (2003, p. 18
documento on-line):
[...] escrever é registrar sons e não coisas. Então, a criança vai viver um
processo de descoberta: escrevemos em nossa língua portuguesa e em
outras línguas de alfabeto fonético, registrando o som das palavras, e não
aquilo a que as palavras se referem. A partir daí a criança vai passar a
escrever abstratamente, colocando no papel as letras que ela conhece,
numa tentativa de, realmente, escrever “casa”, sem o recurso de utilizar
desenhos para dizer aquilo que quer. Então, depois que a criança passa
pela fase silábica para registrar o som (o som que ela percebe primeiro é a
sílaba), ela vai perceber o som do fonema e chega o momento em que ela
se torna alfabética.
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língua portuguesa.
Segundo Cagliari (1997), tudo o que é ensinado na escola está diretamente
relacionado à leitura. Portanto, é essencial para o desenvolvimento e manutenção
da aprendizagem, e assim o aluno deve estar pronto para ler o mundo. Nesse
sentido, a ortografia deve ser tratada pela leitura e a pronúncia correta não deve ser
uma prioridade - embora o ensino também seja importante.
Faraco e Moura (2006) defendem que o sistema gráfico português é
constituído por letras que representam maioritariamente unidades fonéticas, mas
não são o único critério para reconhecer a grafia de uma palavra. Afinal, a história
etimológica pode determinar a ortografia. No entanto, o maior obstáculo para
combinar ortografia e fonemas é a pronúncia diferente das palavras, que surge em
função de mudanças de tempo, regiões, faixa etária do falante, etc. Nesse sentido,
esse panorama complexo afeta o processo de alfabetização da criança.
Como a mudança da língua é contínua e dinâmica, sua regularidade é
aleatória, o que afeta o processo de aprender a soletrar conforme o chamado padrão
civilizado. A linguagem falada é muito mais utilizada, oferece acesso mais fácil e
rápido e atinge as mais diversas situações; linguagem escrita requer algum tipo de
ensino. Portanto, as duas variedades linguísticas que mais se chocam no processo
de alfabetização são a chamada língua vernácula e a língua cultural. A linguagem
cultural tem prestígio social e segue as regras estabelecidas pela gramática
tradicional, e a linguagem popular é usada em situações informais e não segue as
normas comuns.
Um aluno que passa pelo processo de alfabetização aprende a reconhecer
essas diferenças e passa a considerá-las como aspectos definidores na
interpretação do texto, do discurso, da informação. Além disso, ele pode se
comunicar em diferentes contextos e entender diferentes referências de mensagens.
Sendo assim, é possível trabalhar com o conceito de letramento porque a gramática
normativa organiza diretrizes para a representação escrita da língua. Essa opção
tem prestígio social e, cabe à escola garantir o acesso a esse conhecimento. Dessa
forma, é possível criar uma base para os alunos que os farão desfrutar dos
benefícios da educação formal.
Mas ensinar a variedade padrão não é apenas isso. Uma razão para tal é a
importância do mito do declínio da língua, porque o conceito de fracasso escolar
28
anda de mãos dadas com o conceito de proficiência linguística. Nesse sentido, a
escola deve considerar a língua principal como segunda opção e como parâmetro de
comparação com outras. Portanto, não reforça as diferenças criadas socialmente e
oferece igualdade de condições a todos os alunos de acordo com suas dificuldades
individuais. É claro que todas as crianças que passam pelo processo de
alfabetização terão dificuldades inerentes àquelas que ingressam no sistema escrito
da língua. No entanto, sabe-se que uma criança que ouve e pronuncia as palavras
de maneira diferente da pronúncia normal pode soletrar as palavras corretamente.
É por isso que a alfabetização é determinada pela proximidade da fala e da
escrita: um aluno que interage em uma comunidade que fala uma língua escrita tem
maiores chances de sucesso na aplicação das regras ortográficas. Basicamente,
pode ser difícil para todos os usuários de português saber com quais letras a palavra
‘exceção’ é escrita já que o fonema /s/ é representado por grafias diferentes. No
entanto, todos os falantes pronunciam esta palavra da mesma forma. No entanto,
alguns falantes pronunciam palavras com mudança fonêmica, e tal diversidade cria
dificuldades em identificar um padrão de escrita para o idioma. Observe alguns
exemplos:
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significados (pensamentos, sentimentos, emoções) por meio dos sons da fala e se
comunicam socialmente sem compreender sua organização interna, o sistema que a
constitui.
Cada língua determina de uma maneira sistemática os sons, tornando-se
objeto de estudo da fonologia. Contudo, na fonética, o objeto de estudo é a realidade
física dos sons produzidos pelos falantes de uma língua. A fonética e a fonologia
são, portanto, os ramos da linguística responsáveis pelo estudo dos sons da fala.
Por compartilharem o mesmo fenômeno que seus objetos de estudo, são
consideradas ciências relacionadas. No entanto, esse mesmo objeto é visto de
diferentes perspectivas (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012).
A fonética como ciência trabalha com os próprios sons, como eles são
produzidos, percebidos e quais aspectos físicos estão envolvidos em sua realização.
A fonologia, por outro lado, lida com a função e a organização desses sons em
sistemas. Em geral, a fonética analisa a formação de sons como "s", "m" e "r" de
acordo com suas correlações articulatórias, acústicas e perceptivas, enquanto a
fonologia se concentra em analisar as possibilidades de combinação desses sons. A
estrutura interna da língua impede combinações (SOUZA; SANTOS, 2016).
Assim, enquanto a fonética como ciência é principalmente de natureza
descritiva, a fonologia é uma ciência explicativa e interpretativa orientada para a
análise da função linguística dos sons nos sistemas (MASSINI-CLAGLIARI;
CAGLIARI, 2012). Por constituírem duas abordagens diferentes de um mesmo
objeto de pesquisa (os sons da fala), a forma de ver, analisar e transcrever os fatos
linguísticos do foneticista difere da do fonólogo. É por isso que a transcrição fonética
dos segmentos é apresentada entre colchetes [ ] e a transcrição fonológica
(fonêmica) com barras simples // (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). Em vista
disso, podemos classificar em dois níveis de reprodução sonora: nível fonético e
nível fonológico.
Ainda que os sons estejam presentes no curso da fala, eles são abordados
como entidades separadas para fins de análise. Isso porque, ao reconhecer as
mensagens, os falantes as interpretam como entidades que operam com base em
um sistema fonológico. Como os sons são meios de transmitir significado, os
falantes de uma língua não os utilizam ou percebem com base em todas as suas
sonoridades, mas com base na função que cumprem na língua.
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A fonética compreende os sons produzidos pelos falantes de línguas em toda
a sua diferença, enquanto a fonologia desconsidera essa diferença para perceber o
sistema característico da língua. A fonética pode auxiliar a fonologia referindo-se aos
sons como uma realidade perceptível.
5.2 Fonética
✓ Fonética articulatória;
✓ Fonética auditiva;
✓ Fonética acústica;
✓ Fonética instrumental.
Como a fonética articulatória é o campo de estudo mais antigo e, portanto, o
mais firmemente enraizado na tradição da fonética linguística enraizada na pesquisa
clássica (MASSINI-CLAGLIARI E CAGLIARI, 2012), a maioria dos livros existentes é
dedicada a uma descrição detalhada deste subcampo em detrimento de outros. Aqui
descrevemos todos os aspectos desta ciência em geral.
Inclui o estudo das características físicas dos sons da fala e sua transmissão
do falante ao ouvinte (SILVA, 2003). A acústica da fala é difícil de entender, apesar
da fisiologia e das observações. O completo entendimento da acústica da fala requer
que os parâmetros acústicos sejam relacionados a modelos fisiológicos
(mecanismos envolvidos na produção do trato vocal de vogais e consoantes) e
julgamentos perceptivos baseados no sinal acústico (KENT; READ, 2015).
32
sido amplamente utilizados para estudar as funções oscilatórias das cordas vocais
durante a produção da fala.
5.4 Fonologia
5.2.5 Fonema
34
que ele não é, ou seja, de quais outros elementos ele é e de quais ele difere
(SOUZA; SANTOS, 2016).
Em conclusão, pode-se dizer que toda língua tem um número limitado de
sons cuja tarefa é distinguir o significado de uma palavra em relação a outra. Os
sons que desempenham esse papel são chamados de fonemas e ocorrem em séries
sintagmáticas que se combinam de acordo com as regras fonológicas de cada língua
(MORI, 2012).
35
comporta como um ser biológico, obedecendo a um determinismo linguístico (o meio
determinaria a mudança); a hipótese crioulista, que fundamenta o contato entre a
língua do colonizador (português) e as línguas dos colonizados (africanos e
ameríndios) como criador de certas particularidades da nossa língua; e a internalista
(mais difundida que as outras), que propõe uma explicação interna ao sistema da
língua para as mudanças ocorridas (CECATO, 2017).
Cecato (2017), afirma que os estudiosos desses aspectos da língua
costumam dividir as mudanças em dois grupos: mudança linguística e mudança
gramatical ou lexical. O importante, nesse caso, é estar atento ao fato de que,
dependendo do estágio dos estudos linguísticos, uma ou outra explicação receberá
maior crédito. Também é interessante compreender que as leis que explicam as
mudanças sonoras são um resumo do que aconteceu em determinada área e em
determinado grupo de falantes, assim como a explicação com base em analogia e
empréstimo recobre apenas determinado conjunto de mudanças.
Outro conceito importante a ser abordado em relação às mudanças na língua
é a variação linguística, condicionada por: mudança gramatical ou lexical. Essa
mudança se dá quando um item lexical (palavra) ganha ou perde valor de uso na
própria língua. Afirma-se, por exemplo, que ele passa por processos de
gramaticalização quando assume outras funções que não desempenhava antes,
elementos como momento histórico e espaço geográfico. Podemos dividir os
estudos relacionados à variação linguística entre duas disciplinas essenciais: a
dialetologia e a sociolinguística. Os dialetólogos selecionam um recorte geográfico,
aplicam métodos de estudo para levantamento de características e, com base nos
resultados obtidos, são responsáveis por elaborar os atlas linguísticos, que contém o
mapeamento de sotaques e dialetos de determinado local. No Brasil, temos o Atlas
Linguístico do Brasil (Alib).
Enquanto a sociolinguística faz um recorte um pouco diferente da comunidade
de falantes a ser pesquisada: a extensão territorial abarcada é bem menor do que
aquela utilizada para compor um atlas. Além disso, há o emprego de outros métodos
de pesquisa, os quais procuram descrever se os falantes mudam o registro utilizado
conforme o gênero, a faixa etária, o nível sociocultural e o grau de formalidade. A
partir dos resultados obtidos, costuma-se fazer análises descrevendo regras que
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promovem a variação do sistema, considerando fatores linguísticos e
extralinguísticos.
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• cantá (cantar);
• enxovar (enxoval);
• oncotô (onde estou);
• pertim (pertinho);
• vambora (vamos embora).
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• Você é um chato de galocha!
• Ele é maior barbeiro
• Vai catar coquinho
• Este quindim está supimpa!
• Acho que tem uma marmota aì...
• Ele deu uns tabefes no primo.
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níveis. Dentro da mesma lógica, também sabemos que existem variações na língua
para que ela se adéque a determinados contextos e que essas variações são de
diferentes classes. As variáveis a respeito da forma de produção linguística e as
apresentadas pela língua constituem os níveis de linguagem. Alguns linguistas
consideram níveis de linguagem apenas a diferença que se dá entre a forma
material que a língua é produzida (de forma oral ou escrita); outros, contudo,
caracterizam como níveis de linguagem as diferentes variações linguísticas numa
mesma língua. Nesta seção, portanto, consideraremos como níveis de linguagem as
duas acepções, de forma que compreenda as concordâncias entre emissor e
receptor para que uma mensagem seja compreendida, considerando tanto o meio
de produção linguística como as variações dela (CORTINA, 2018).
É o tipo de linguagem mais natural e espontâneo, uma vez que não há,
necessariamente, uma preocupação em seguir uma norma culta da língua. Esse
nível de linguagem é utilizado quando a função da linguagem é mais importante do
que sua forma, de modo que a estruturação e as escolhas lexicais não seguem, à
risca, normas de formação. Exemplo desse nível são as conversas informais entre
amigos e qualquer outro tipo de linguagem utilizada de forma espontânea.
Geralmente, o nível coloquial de linguagem que também é conhecido como
popular (ou informal) é de apropriação de todos os falantes de uma língua, o que
não ocorre no nível formal (do qual somente alguns falantes se apropriam).
Como exemplo do nível coloquial, temos as gírias, expressões utilizadas por
determinados grupos sociais, em um certo recorte de tempo, mas não são aceitas
pelo nível da linguagem formal.
41
6.3.2 Linguagem Formal
43
este campo não prescreve ou dita regras de correção linguística, mas se interessa
em explicar a linguagem humana falada (ORLANDI, 2009) e "[...] tudo o que faz
parte de uma língua é de interesse da linguística". Este “todos” referem-se à
linguagem escrita e principalmente falada.
Em Orlandi (2009), há outra compreensão do que são consideradas as
tarefas básicas da natureza da linguagem. Esta função refere-se a um modelo de
comunicação onde existe um remetente que transmite uma mensagem a um
destinatário utilizando um canal para enviar essa mensagem.
Essa mensagem, por sua vez, é transmitida com códigos. Veja um esquema
simplificado na Figura 1.
Fonte: bit.ly/2G0C20q
44
Figura 2 - Funções da Linguagem
Fonte: bit.ly/3xloYQG
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linguagem pode ser visto face aos dados linguísticos a que a criança tem
acesso. Este processo decorre num breve espaço de tempo e envolve uma
grande complexidade de operações (MATEUS; VILLALVA, 2006).
46
Nesse sentido, olhar para os desafios linguísticos e pensar sobre a estrutura
da sociedade é um esforço para mitigar preconceitos e desigualdades, pois um
determinado tipo de linguagem é construído por meio da interação social e de
aspectos geográficos e culturais. Cuidar do sujeito em seu contexto sócio-histórico é
estar atento aos desafios da educação, que priorizam a cultura e o ambiente social
da residência do aluno para unir os grupos sociais e fortalecer a existência e a
importância da educação em idiomas diferentes. De acordo com Cipriano (2018,
p. 112):
A abordagem de que há uma “língua mãe” sugere a existência das “línguas
filhotes”, das “irmãs bastardas” e ainda da “língua madrasta”. Tal
configuração atua com poder letal contra as línguas quando, por exemplo,
um indivíduo tem vergonha da sua própria língua, por esta não ser a “ideal”
para o mundo. Se existe o ódio para com as línguas mistas, isto é a versão
disfarçada do ódio à mistura das raças e das miscigenações (CIPRIANO,
2018).
O inglês ocorre nas línguas faladas pelos povos germânicos que ocuparam a
área da atual Inglaterra desde o século V, com destaque para os anglos e saxões.
Desde então, o idioma que começou a aparecer nas Ilhas Britânicas foi
originalmente chamado de "Old English", "Anglo-Saxon" ou mesmo "English", que
significa "língua dos ângulos".
Sem precedentes, a língua inglesa conquistou cada vez mais espaço em
diversas áreas do conhecimento. Além disso, não há registro histórico de nenhuma
outra língua ter atingido o nível desta língua, e atualmente ela possui mais falantes
estrangeiros do que falantes nativos. Ao longo dos séculos, o inglês ocupou vários
50
papéis, desde um idioma falado pela sociedade inglesa desfavorecida no século XIX
até um idioma global (LE BRETON, 2005), ou inglês como língua franca
(RAJAGOPALAN, 2005), no século XXI.
O vocabulário da língua se desenvolve pouco a pouco e, com a introdução do
cristianismo, as palavras latinas e gregas são as primeiras a influenciar. Os últimos
conquistadores escandinavos, que falavam nórdico (nórdico antigo, que
provavelmente se assemelhava ao dialeto falado pelos povos anglo-saxões),
também influenciaram a língua inglesa. O inglês antigo é um idioma, que foi
preservado em várias fontes, como livros de runas, traduções complexas da Bíblia e
vários fragmentos.
Alguns eventos históricos foram decisivos para o "crescimento" da língua
inglesa, e esse "crescimento" pode ser explicado tanto pelo viés estatístico quanto
pela geopolítica. Naturalmente, a população humana cresceu e o idioma que eles
falavam também - o que tornou o idioma mais representativo e diplomático
internacionalmente.
Do berço da língua inglesa à Inglaterra, começamos nossa discussão com a
Batalha de Hastings em 1066. Foi, sem dúvida, um dos eventos históricos políticos
mais importantes, tanto em termos da constituição do Reino da Inglaterra quanto de
sua futura introdução. A Batalha de Hastings foi travada em 1 de outubro de 1066,
perto de Hastings, Inglaterra, entre os exércitos inglês e normando. O resultado foi
uma vitória devastadora para os normandos e a morte do governador militar inglês,
encerrando quase duzentos (200) anos de domínio normando no reino inglês
(BLOCK, 2006).
O próximo estágio da língua, o inglês médio, provavelmente começa com a
Batalha de Hastings, onde o rei Guilherme, o Conquistador, estabeleceu suas
próprias leis, sistema de governo e idioma francês. Dessa forma, novas palavras são
incorporadas à linguagem falada das pessoas comuns, ou seja, servos e escravos.
Mais tarde, muitas das novas expressões foram usadas na corte e no militarismo,
alcançando um alto status social. Para Block (2006), aquela batalha representou não
só uma grande reorganização política como também mudou os rumos da língua
inglesa, pois foi a última invasão “linguística”, neste caso de origem normanda, que a
região presenciou.
A principal diferença entre o inglês antigo e o inglês médio está na gramática,
51
especialmente nas áreas sintática e analítica. O inglês moderno, conhecido através
das obras de William Shakespeare, geralmente data de 1550, quando a Grã-
Bretanha se tornou um império colonial que se espalhou por todos os continentes.
Em geral, a diferença entre o inglês antigo e o inglês moderno é a forma
escrita, a pronúncia, o vocabulário e a gramática. Comparado ao inglês moderno, o
inglês antigo é quase irreconhecível em termos de pronúncia, vocabulário e
gramática. Para um falante nativo de inglês moderno, menos de 15% das 54
palavras do Pai Nosso são reconhecíveis por escrito e provavelmente nenhuma
seria reconhecível quando falada. Em outro exemplo, a palavra "stan" corresponde a
"stone" no inglês moderno.
Essa diferença entre a forma original do inglês e sua forma atual é explicada
por 1.500 anos de desenvolvimento durante os quais o inglês foi influenciado por
outras línguas, incluindo celta, latim e francês. Sem falar no vocabulário acumulado
das mais diversas línguas pelo mundo com a expansão do Império Britânico no
século XIX e a posterior expansão dos Estados Unidos.
A língua inglesa começa a tomar novos rumos no século XVI - quando
fracassaram as primeiras tentativas de colonizar o continente norte-americano. Os
ingleses que vieram para o "Novo Mundo" não eram um grupo homogêneo, mas
pertenciam a diferentes grupos sociais, principalmente de classes sociais mais
baixas ou mesmo pessoas indesejáveis à coroa inglesa.
A própria London Company declarou em 1625 que seu objetivo era "remover
o fardo dos pobres, materiais ou combustível para rebeliões perigosas e, assim,
deixar mais recursos para o sustento daqueles que permanecem no país". [...]
(BLOCK, 2006). Quando esses imigrantes se estabeleceram em diferentes áreas da
Costa Leste dos Estados Unidos, eles trouxeram consigo uma cultura própria, uma
cultura que se misturou à cultura nativa e se adaptou à nova realidade que esses
imigrantes encontraram na nova área. Isso dá origem a uma nova variante linguística
do inglês - a primeira de muitas que surgiram ao longo dos séculos. Isso mostra
como o inglês, embora inicialmente "negado" pelos governantes normandos, se
destacou até atingir o status de língua oficial da nação. Isso por si só fala da
supremacia que o idioma terá no futuro. Mas, para Le Breton (2005, p. 1 -15), o fato
de o inglês ocupar um lugar importante em relação a outras línguas se deve a
algumas peculiaridades, tais como:
52
De modo semelhante à maioria das línguas modernas, talvez até mais que
as outras, o inglês é uma língua compósita, que reúne contribuições celtas,
latinas, francesas, germânicas, para falar exclusivamente das principais [...]
A língua inglesa, que era uma língua nacional nos séculos XVI e XVII,
tornou-se língua imperial nos séculos XVIII e XIX e, por fim, língua mundial
durante a segunda metade do século XIX (LE BRETON, 2005, p. 14-15).
53
também espanhol, francês, etc. A história conta como e por que alguns povos foram
colonizadores e outros, mas o fato é que a língua foi determinante nesse jogo de
poder (FIORIN, 2019).
E, quantas línguas existem no mundo? É difícil definir, mas existem milhares
de idiomas. Desde o surgimento da linguagem humana, muitas línguas nasceram e
morreram, e essa dinâmica dificulta o cálculo do número de línguas faladas no
mundo (CRYSTAL, 2012). Sabemos que o inglês é uma língua global e também é a
língua nativa ou nativa de britânicos, norte-americanos, australianos, etc. e é
também a segunda língua de muitas nações que escolheu aprender e estudar inglês
para se comunicar com outras nacionalidades (CRYSTAL, 2003). São esses
diferentes povos e culturas que usam o inglês para se comunicar entre si que o
tornam um idioma verdadeiramente global, não um monte de matérias-primas.
Portanto, não devemos esperar que um idioma se torne global devido ao
número de falantes, porque, se isso acontecesse, o mandarim seria o idioma global
hoje porque tem 1,1 bilhão de falantes nativos, sendo considerado a versão
linguística dominante da maioria dos idiomas, o país mais populoso do planeta
(ETHNOLOGUE, 2020). No entanto, quando pensamos em uma língua global, não
estamos lidando apenas com fatores numéricos, mas também com o papel
específico da língua em diferentes países.
Segundo Crystal (2003), uma língua global também apresenta riscos em
termos de poder linguístico, pois, um falante nativo de inglês sempre tem mais
vantagens em relação a um estrangeiro aprendendo inglês como segunda língua
que dificilmente é tão fluente quanto um falante nativo, principalmente na academia.
Na opinião do autor, a única chance de um falante de língua estrangeira superar
essa desvantagem linguística é conseguir ler inglês desde cedo na escola.
Outro risco que Crystal (2003) menciona está relacionado à complacência
linguística: devido à importância do inglês hoje, há adultos que podem perder a
motivação para aprender uma segunda língua, por acharem que basta saber inglês.
E, o pior é que esse fenômeno acontece tanto com falantes nativos quanto com não
nativos. Isso é contrário à história recente da humanidade porque apenas algumas
décadas atrás, a pessoa média estatisticamente falava mais de três idiomas
(DIAMOND, 2014).
Uma última ameaça mencionada por Crystal (2003) é a morte da língua, pois
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uma língua soberana pode fazer desaparecer as línguas minoritárias. Por causa de
as línguas serem inerentemente dinâmicas e adquirem características que as
afetam, esta minoria de falantes absorve os efeitos da língua global, moldando e
diluindo a sua língua materna até esta desaparecer.
São questões em aberto que ainda merecem muita discussão. Não podemos
afirmar que o poder linguístico, a satisfação linguística e a morte linguística afetam
totalmente as línguas que não são consideradas globais. Sabemos que cada pessoa
tem sua própria identidade, e essa identidade deriva de características expressas
em sua cultura, expressas por meio da linguagem (ANTUNES, 2009).
Como vimos até agora, uma língua global tem muitos motivos. Aproveitando a
influência dessa linguagem global, é preciso entender seus riscos. Por exemplo, os
países europeus valorizam sua cultura e identidade, e mesmo que tenham
consciência de aprender inglês e de sua importância como língua global, não deixam
que isso lhes tire a identidade: francês na França, alemão na Alemanha, italiano na
Itália, e assim por diante.
55
previsão, mas a ordem natural da história. Isso não significa que os dias da língua
inglesa estão contados; no entanto, o futuro desta linguagem deve ser visto
objetivamente.
Crystal (2003) levanta a questão do status do inglês como língua global e seu
futuro. Como já foi dito, não podemos prever com precisão a ascensão e queda de
um idioma porque está relacionado à cultura e à identidade de um povo.
Mencionamos anteriormente que o latim influenciou o inglês e todos nós
aprendemos sobre a ascensão e queda de Roma na escola. Isso significa que a
história está repleta de ascendentes, colonizadores e colonizadores, influenciadores
e influenciadores. Cada era da história marca a vitória e a derrota dependendo das
diferentes circunstâncias das nações conquistadoras e das outras nações
conquistadas.
Analisando as condições da língua inglesa, entretanto, ela não parece perder
sua posição como língua global, pois ainda ocupa uma posição favorável. Uma
suposição é a existência da língua inglesa em diferentes partes do mundo,
influenciada pela cultura de cada local. Como argumenta Crystal (2003), o latim era
considerado uma língua estável porque seu mundo era a Europa, de modo que
poderia permanecer linguisticamente fixo. Em nossa experiência, não podemos dizer
o mesmo em inglês, não é?
E pode-se dizer que a difusão do inglês enfraqueceria a estabilidade da
língua. Acabamos de ver que existem diferenças entre o inglês britânico e o
americano. Sabemos também que o inglês é falado e tem estatuto de língua oficial
nos países do continente africano. Será que os falantes de inglês nesses países
africanos seguem as regras gramaticais e usam o vocabulário, exatamente como os
ingleses? A resposta é não.
Em geral, o inglês muda em cada campo em que entra, mudando para cada
pessoa que o fala e se moldando conforme as necessidades de cada lugar. Isso é
natural, porque como a língua é falada por tantas pessoas em tantas partes
diferentes do mundo, a mudança é inevitável. Falantes de inglês como segunda
língua (L2) desenvolvem seu inglês porque querem falar sobre sua cultura, história e
experiências. Ao contrário dos falantes nativos de inglês que não conhecem o outro
lado da língua falada por estrangeiros, os falantes de segunda língua modificam o
inglês à sua maneira. No entanto, continuamos a aprender inglês padrão enquanto
56
frequentamos uma escola de idiomas.
De qualquer forma, como mostra Crystal (2205), a experiência de na África do
Sul, alguns países, como os do continente africano, adotaram o inglês como língua
oficial e passaram a utilizá-lo conforme suas necessidades, modificando-o em um
novo inglês. Nas palavras do autor:
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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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58
Contexto, 2010.
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SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 34. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
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59
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BLOCK, R. Howard. A needle in the right hand of God: the Norman conquest of
1066 and the making and meaning of the Bayeux tapestry. New York: Random
House, 2006.
62